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Psicologia Social II Revisão para AV2 Positivismo O positivismo é uma corrente filosófica, sociológica e política, criada por Auguste Comte, que valoriza a ciência como forma mais adequada do conhecimento. A ciência do século XIX é positivista, ou seja, enfatiza prioritariamente a razão. Materialismo histórico e dialético Concepção filosófica que postula que o organismo, os fenômenos físicos e o ambiente são mutualmente modeladores da sociedade e da cultura, isto é, existe uma relação dialética entre a matéria, o psicológico e o social. Individualismo Apregoa a supremacia do indivíduo, negando, por conseguinte, sua dimensão histórica e cultural. O homem moderno nega toda ligação de subordinação com as instituições sociais, abdicando assim as crenças, regras e valores impostas por elas, guiando-se na sua visão pessoal. Psicologia social de tradição positivista A Psicologia social norte-americana esteve atrelada a uma tradição positivista, preocupada com a experimentação e comprovação dos fatos. Trata os fenômenos sociais como se fossem naturais; utiliza métodos experimentais; possui explicações centradas no indivíduo. Psicologia Social O indivíduo se constitui na relação com o outro e em funções de várias experiências e papéis sociais, participando e vários mundos. O indivíduo não é um, mas muitos. A Psicologia social estuda a influência do contexto histórico-social e cultural no comportamento e na subjetividade, assim como na relação entre pessoas. Abordagem sócio-histórica A Psicologia social de Wundt é elaborada em sua obra Psicologia das Massas em que desenvolve estudos sobre temas como pensamento, linguagem, cultura, mitos, religião, costumes, entre outros fenômenos. Segundo ele, esses fenômenos são coletivos e não poderiam ser explicados somente pela consciência individual. Vygotsky declara sua crítica a posições científicas que considerava reducionistas, porque não se aprofundavam nas questões sociais do ser humano. A sua psicologia sócio- histórica é imbuída de uma intenção crítica fundamentada por sua origem na teoria marxista e o filosófico materialismo histórico e dialético. Quanto à Psicologia, Vygotsky concebe o homem como produto histórico e social de seu tempo, e a sociedade é o resultado da produção histórica do homem por meio do trabalho, que constrói a vida material e as ideias. Psicologia Social crítica A Psicologia crítica é o “olhar” da ciência para si mesma, a problematização das questões que envolvem o campo de saber da psicologia. Alvo das críticas: • Teorias psicológicas sustentadas por concepções subjetivistas, as quais analisam os fenômenos psicológicos como produtos internos do indivíduo; • Teorias psicológicas objetivistas, que compreendem os fenômenos psicológicos como resultados de influências exteriores, reduzindo todos os problemas ao conhecimento e à crítica das relações sociais; • Teorias que descontextualizam e fragmentam o indivíduo; • A psicologização do social, a naturalização dos fenômenos humanos e a desconsideração pelas desigualdades sociais. • Teorias e técnicas dirigidas principalmente à adaptação social dos indivíduos. Representações sociais O conceito de representações sociais teve sua origem na sociologia de Émile Durkheim, que sob influência do positivismo, dedicou sua produção acadêmica a uma sociologia que investigava os fatos sociais, conceituando-os como pressão coercitiva exercida sobre os indivíduos que transformam comportamentos singulares em comportamentos sociais, coletivos. A teoria das representações sociais de Moscovici indica um conjunto de conhecimentos, crenças e valores comuns entre indivíduos que interagem e constroem uma realidade, cuja experiência, permite posicionamentos individuais, embora seja fruto de um conhecimento compartilhado pelo grupo. Segundo Moscovici, as representações sociais produzem e determinam os comportamentos e tem como função a comunicação entre indivíduos. Embora Moscovici tenha feito um resgate do tema em Durkheim, ele difere de seu ponto de vista quando concebe a interdependência nas relações entre sociedade e cultura e suas contradições, em função de este movimento ser dinâmico e não estático como afirmava Durkheim. As representações sociais são teorias produzidas pelo senso comum, uma forma de conhecimento prático, comum a maioria das pessoas adquirida a partir das experiências, observações e vivência transmitidas culturalmente. “Um dos objetivos primordiais das representações sociais é tornar familiar algo até então desconhecido, possibilitando a classificação, categorização e nomeação de ideias e acontecimentos inéditos, com os quais não havíamos ainda nos deparado. Tal processo permite a compreensão, manipulação e interiorização do novo, juntando-o a valores, ideias e teorias já assimiladas, preexistentes e aceitas pela sociedade.”. (MOSCOVICI) Para demonstrar como são geradas as representações sociais e como elas participam da conduta humana, Moscovici fala sobre a ancoragem e objetivação: • Ancoragem: processo de transformar algo estranho e perturbador em algo comum, familiar, classificado por nossa cognição. Por meio da ancoragem, classificamos e nomeamos objetos, de forma que a nossa cognição os localiza sem estranhamento. • Objetivação: processo que visa transformar a ideia abstrata em visível, real, concretizável, concreta. A objetivação é a capacidade de dar materialidade à ideia abstrata. Identidade • Identidade pessoal: atributos específicos do indivíduo; • Identidade social: atributos que assinalam a pertença a grupos e categorias; • Identidade cultural: o indivíduo se reconhece pelos valores que compartilha com a sua comunidade. Sob o ponto de vista sócio-histórico, a identidade é a singularidade do indivíduo que é construída a partir das condições fornecidas pelo contexto social por meio da interação com as pessoas. Isto é, características biológicas inatas não garantem a humanidade do sujeito e a percepção do humano é construída na relação com outro ser humano, os homens se humanizam mutuamente. A identidade é construída a partir de vivências do sujeito, é um processo gradativo que tornar-se-á a referência da autoimagem e da autoconsciência, e forma-se por meio dos vários papéis sociais que são vivenciados. Quanto ao contexto histórico e cultural, ao longo do percurso de nossas vidas, o homem passa por transformações sociais, em que novas concepção vão agregando novos valores, posicionamentos pessoais, novas ideias e convicções, fazendo com que o indivíduo sob a influência do tempo tenha que se reinventar continuamente. Ideologia Conjunto de ideias, convicções e princípios filosóficos, sociais, políticas que caracterizam o pensamento de um indivíduo, grupo, movimento, época, sociedade. Para o marxismo, é a totalidade das formas de consciência social, o que abrange o sistema de ideias que legitima o poder econômico da classe dominante e que expressa os interesses revolucionários da classe dominada. • Aparelhos Ideológicos do Estado: certo número de realidades que se apresentam ao observador imediato sob a forma de instituições distintas e especializadas. As instituições que integram os aparelhos ideológicos são: família, escolas, empresas, igrejas, justiça, política, sindicatos, cultura e meios de comunicação. Os aparelhos ideológicos do Estado agem por meio da ideologia, são mecanismos a serviço da manutenção da realidade, e das relações de produção. • Aparelhos Repressivos do Estado: funcionam por meio da violência como ideologia e são constituídos pelo governo, pela administração, pelo exército, pela polícia, pelos tribunais, pelas prisões, etc. Funcionam predominantemente pela repressão e secundariamente pela ideologia, tanto para garantir sua própria coesão e reprodução, como para divulgar osvalores por eles propostos. Em linhas gerais, ideologia é a forma pela qual orientamos nossas ações, tendo por base as crenças constituídas segundo os interesses sociais. Ela pode apresentar-se de diferentes formas doutrinárias filosóficas, religiosas, políticas e posicionamentos pessoais; mas é importante salientar que a ideologia é fruto da elaboração do contexto sociopolítico e econômico que vivemos. O marxismo a contextualiza como um princípio que leva à alienação que se revela para o trabalhador quando o produto do seu trabalho não o pertence mais, ao vender sua força de trabalho perde o poder de decisão sobre sua produção e aliena-se de si próprio. Essa é uma característica da divisão da sociedade em classes sociais, em que prevalece a divisão do trabalho entre intelectual e braçal. Ideologia no sentido positivo é entendida como sendo uma cosmovisão, isto é, um conjunto de valores, ideias, ideais, filosofias de uma pessoa ou grupo. Nesse sentido, todas as pessoas ou grupos sociais, possuem uma ideologia, pois é impossível alguém não ter suas ideias ou valores próprios. Já a ideologia no sentido negativo, seria constituída pelas ideias distorcidas, enganadoras, mistificadoras, algo que ajuda a obscurecer a realidade e a enganar as pessoas. Família O termo família foi criado na Roma Antiga, este conceito inicial abrigava em sua composição um grupo de pessoas de comum convivência, com laços consanguíneos ou não que compartilhavam seu cotidiano, esta família era numerosa e composta por pais, filhos, avós, tios, etc. Esta comunidade familiar é marcada por dois momentos importantes: as relações de poder estabelecidas pela linhagem, herança por parentesco; e por hierarquia, reproduzindo o modelo social. Esse modelo relacional de poder construiu-se de forma patriarcal, em que o pai, superior hierárquico da família, é o detentor do poder de proteger, controlar corrigir. No início do século XVIII, a afeição tornou-se necessária entre os cônjuges, e entre os pais e os filhos. A família afastou-se, assim, cada vez mais a linhagem, prevalecendo a “reunião incomparável dos pais e filhos”, firmando o modelo nuclear. No vínculo do casamento, na relação ente os cônjuges, até o século XVII, não havia a preocupação afetiva, o casamento tinha base em “contratos arranjados”. A partir do século XVIII os jovens começam a considerar a possibilidade de escolha afetiva de seu par; e no século XIX, com a consolidação do legado da Revolução Industrial e suas transformações econômicas, o patrimônio financeiro familiar não era mais ameaçado, conquista do capitalismo com a ascensão da burguesia, a herança patrimonial era a cultural, e a juventude sai em defesa do casamento por amor. Os modelos de família passaram por mudanças no percurso da história em diferentes classes sociais, e na contemporaneidade os diferentes modelos de família são concebidos em todas as classes sociais. • Família extensa (consanguínea): é a família nuclear que inclui os pais e os filhos; • Família monoparental: mãe ou pai, solteiros, viúvos, separados, etc., que moram com seu(s) filho(s); • Família anaparental: unida por algum parentesco, sem a presença dos pais. • Família homoafetiva: formada por casais do mesmo sexo; • Família comunitária: formada por pessoas unidas por laços afetivos, em que os membros adultos são responsáveis pelas crianças, sem necessariamente possuir laços consanguíneos; • Família adotiva: formada por laços afetivos, com filhos não consanguíneos, reconhecidos legalmente; • Família social: formada por casais, gerenciados pelo estado, responsáveis pela adoção de crianças cujos pais biológicos, por algum tipo de impedimento, não podem cumprir o dever de educá-las. Gênero Quando se discute a situação da mulher nos diferentes cenários sociais, a palavra de ordem é empoderamento, mas o processo histórico brasileiro pontua este percurso gradual com os seguintes fatos: a conquista do direito ao voto em 1932; o Estatuto da Mulher Casada em 1962; a lei do divórcio em 1977; o reconhecimento que homens e mulheres são iguais em direitos e deveres nos termos da CF em 1998; e a Lei Maria da Penha em 2006. • Primeira onda do feminismo: a partir do século XX, o feminismo gemina como um movimento liberal de luta das mulheres por direitos civis e políticos. • Segunda onda do feminismo: nas décadas de 60 e 70, o feminismo renasce na França com a reivindicação da valorização das diferenças entre homens e mulheres, e nos EUA com a denúncia da opressão masculina e a busca de igualdade. O objetivo era sinalizar que as subjetividades masculinas e femininas são diferentes, mas os direitos deveriam ser iguais. • Terceira onda do feminismo: na década de 80, a ideia central é a análise das diferenças, da alteridade, da diversidade e da produção discursiva da subjetividade, e ocorre então, uma transferência de estudos sobre as mulheres e sobre os sexos para o estudo das relações de gênero. O termo “gênero” torna-se uma forma de indicar construções sociais, a criação inteiramente social de ideias sobre os papéis adequados aos homens e mulheres. Trata-se de uma forma de referir às origens exclusivamente sociais das identidades subjetivas de homens e mulheres. As diversas articulações das discussões sobre gênero permitiram o surgimento de novos debates, e a desvinculação do conceito de gênero, da divisão biológica dos sexos binário. Sexo é determinado biologicamente pela constituição fisiológica das genitálias do indivíduo. Gênero é um conceito construído a partir da subjetividade masculina ou feminina de cada pessoa. As discussões contemporâneas avançaram para muito além do conceito de gênero, as atribuições femininas e masculinas antes delimitadas pela classificação dos papéis, hoje passam por transformações em seus atributos, como por exemplo no vestuário, nas profissões, etc. O que tornaram emergente a revisão do conceito e a limitação do mesmo a masculina e feminino. Outro conceito importante é o de identidade de gênero, este está relacionado ao campo psíquico, como as pessoas, independentemente do sexo biológico, se autopercebem. • Cisgênero: a pessoa que se identifica com o sexo biológico que nasceu. • Transgênero/Transsexual: a pessoa que nasceu com um determinado sexo biológico, mas não se identifica com seu corpo. Já a orientação sexual é uma inclinação da pessoa no sentido de atração sexual e vínculos amorosos. • Heterossexual: indivíduo que sente atração pelo gênero oposto. • Homossexual: indivíduo que sente atração pelo mesmo gênero. • Bissexual: indivíduo que sente atração pelo gênero feminino e masculino. • Panssexual: indivíduo que sente atração por pessoas, independente do gênero ou sexo. (ex: homens, mulheres, não binários, queer.) • Assexual: indivíduo que não sente atração sexual.
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