Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
35 M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Capítulo 3 Análise ambiental I A tarefa de gerir uma organização traz consigo uma série de desa‑ fios. Parte deles é oriunda do ambiente de marketing. Este é um tema vasto e, por essa razão, será apresentado nos próximos três capítulos. Começaremos a estudar neste capítulo o microambiente, assim como os agentes que o constituem: empresa, fornecedores, interme‑ diários de marketing, clientes, concorrentes e públicos. Antes disso fare‑ mos uma explanação geral sobre a análise ambiental e sua importância para o marketing como função organizacional. Como já se vê nesta explicação inicial sobre o todo – o ambiente de marketing –, apesar de estarem sendo abordados em capítulos 36 Gestão mercadológica Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .distintos, os assuntos dos próximos capítulos estão interligados e fa‑ zem parte de um todo na geração de informação para o planejamento de marketing e a tomada de decisão na organização. 1 O ambiente de marketing Para compreender a importância desta análise, faz-se necessário primeiramente entender o que vem a ser o ambiente de marketing. Podemos encontrar a resposta para tal pergunta pela identificação dos seus componentes. O ambiente de marketing é constituído por atores (agentes), entre eles a própria organização, e forças (fatores) externas que podem, direta ou indiretamente, influenciar a entrada e a saída de recursos da organização (PRIDE; FERRELL, 2015). Além disso, tanto os agentes como as forças “[…] afetam a capacidade da administração de desenvolver bons relacionamentos com seus consumidores” (KOTLER; ARMSTRONG, 1998, p. 46). O ambiente de marketing pode também, para facilitar a análise, ser organizado em dois ambientes: o macroambiente e o microambiente. O macroambiente é composto pelas forças ambientais e refere-se à aná‑ lise das forças de ordem econômica, política, social, econômica, natural e tecnológica. O microambiente é formado pelos agentes – no próximo tópico abordaremos o assunto com mais profundidade. 2 A importância da análise A análise per se implica busca, processamento e geração de in‑ formações relevantes por meio de observação minuciosa e crítica. Segundo o dicionário Michaelis (2017), análise é o “[…] exame porme‑ norizado de cada elemento componente de um todo, com o objetivo de investigar sua natureza, suas causas, funções, proporções etc.”. Logo, a análise ambiental pode ser definida “[…] como um processo contínuo de 37Análise ambiental I M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. investigação das condições que determinam a localização, a natureza, o tamanho, a direção e a intensidade das forças vigentes no mercado que podem, ou devem, afetar as vendas futuras da empresa” (RICHERS, 2000, p. 167). De maneira mais sucinta, “[…] é a prática de ras trear as mudanças que podem afetar uma organização e seus mercados” (CHURCHILL JUNIOR; PETER, 2003, p. 26). Em linhas gerais, o produto da análise ambiental é um tipo de infor‑ mação que contribui para diminuir as incertezas e os riscos de tomada de decisão no âmbito organizacional. Não é uma informação qualquer, pois trata da interação da empresa com o seu ambiente. Essa informa‑ ção permite identificar oportunidades e ameaças futuras, assim como localizar a empresa dentro do cenário competitivo, ao reconhecer os seus pontos fortes e fracos. A maioria dos gestores ignoram, se não totalmente, pelo menos em parte, a dinâmica dos agentes e das forças ambientais em suas deci‑ sões. Atentos ou não, todos os gestores deveriam saber que “[…] o desti‑ no de qualquer empresa, independentemente do seu tamanho, depende bastante da evolução do meio ambiente” (RICHERS, 2000, p. 167). As informações geradas na análise do ambiente de marketing, no entan‑ to, devem ser consideradas fundamentais nas decisões de marketing, assim como na elaboração e implantação de uma estratégia na área. A seguir, você verá um exemplo de como as informações do ambiente de marketing influenciaram as decisões de um empresário na criação de uma rede de fast-food. Apesar de ser um caso escrito para relatar uma história de empreen‑ dedorismo, é possível observar como as forças e os atores sociais in‑ fluenciaram o mercado e, neste exemplo, o negócio de Robinson Shiba, fundador da maior rede de fast-food chinesa do Brasil. A sua história é bem conhecida. O que talvez tenha passado despercebido para muitos é como a compreensão do ambiente de marketing – mesmo que intuiti‑ vamente – influenciou a decisão e o sucesso do empreendedor. 38 Gestão mercadológica Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .Em entrevista para o portal UOL, ele relatou sua trajetória, de como começou lavando pratos e entregando pizza nos EUA e chegou, em 2012, a ter mais de 150 lojas em todo o Brasil (veja a caixa “Na prática” a seguir). NA PRÁTICA A visão do negócio de Shiba, que foi para o exterior com o objetivo de estudar, surgiu no trabalho em restaurantes, onde ele “[…] percebeu uma tendência que logo chegaria ao Brasil: o consumo de comida pronta” (FERREIRA, 2012). Identificar essa tendência, uma força do macroam- biente, foi essencial para entender a oportunidade que o mercado lhe oferecia. Percebeu ainda que essa tendência fazia parte de uma trama maior de forças. Neste caso, a oportunidade que surgia estava ligada a outra força ambiental: o fato de que “[…] as mulheres norte-americanas já estavam muito integradas no mercado de trabalho, algo que começa- va a acontecer no Brasil”. Ele ainda relata: “Fiz uma pesquisa informal com mulheres do meu círculo de amizades e notei que nenhuma delas queria ficar em casa e fazer serviços domésticos”. Empolgado com o sucesso que “[…] as redes de fast-food com entrega em domicílio faziam nos Estados Unidos, o empresário decidiu repetir o modelo por aqui”. Observou os processos e idealizou melhorá-los para obter sucesso no Brasil. E, para tal, mesmo que informalmente, fez uma análise dos agentes próximos à empresa que afetariam a sua capacidade de atender o mercado, e constatou: “Não havia delivery de comida chinesa no Brasil. Além disso, ela tem boa aceitação entre os brasileiros”. Depois do seu retorno ao Brasil, em 1988, o empresário investiu ainda mais quatro anos “[…] estudando e pesquisando a melhor forma de im- plantar o seu modelo de negócio”. Fato este que o levou a abrir a sua pri- meira loja no bairro de Moema, zona sul de São Paulo. “Escolhi a região por ser um bairro vertical. Como faria entregas em domicílio, tinha de atingir o maior número de pessoas no menor espaço.” Esse caso retrata uma série de mudanças (forças ambientais) que apontavam para o aumento do consumo de comida pronta no Brasil. As mulheres brasileiras, assim como as norte-americanas, estavam cada vez mais integradas ao mercado de trabalho e, por consequência, au‑ mentava a busca por serviços que otimizassem oueliminassem certos afazeres domésticos – neste caso, o delivery de comida. Além disso, as 39Análise ambiental I M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. empresas que prestavam esse tipo de serviço – os concorrentes – não vendiam comida chinesa. As informações do ambiente, segundo relato do caso, foram fundamentais para o sucesso do empreendimento. 3 Fatores do microambiente O microambiente consiste em “[…] forças próximas à empresa que afetam sua capacidade de servir seus clientes” (KOTLER; ARMSTRONG, 1998, p. 47); ou seja, é formado pelos agentes que interagem com a empresa e influenciam as decisões de marketing e, por sua vez, são também influenciados por elas. Eles são conhecidos como variáveis controláveis justamente pelo fato de não só afetarem as decisões de marketing mas também poderem ser influenciados por elas. Os princi‑ pais agentes analisados no microambiente são: empresa, fornecedores, intermediários de marketing, clientes, concorrentes e públicos. Figura 1 – Agentes do microambiente da empresa Marketing Públicos Intermediários de marketing Clientes Empresa Concorrentes Fornecedores Fonte: adaptado de Kotler e Armstrong (1998). 40 Gestão mercadológica Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .Vamos analisar a seguir cada um desses agentes, explicando suas características e apresentando alguns exemplos. 3.1 Empresa Durante a elaboração do plano de marketing, as pessoas envolvidas no processo têm de levar em consideração a própria empresa. Isso é importante para que se possa conhecer suas capacidades e recursos disponíveis. Independentemente de esses pontos mostrarem forças ou fraquezas, essa “autoavaliação” tem de ser a mais fidedigna possível. O marketing é uma função entre outras na organização, assim como alta administração, finanças, P&D (pesquisa e desenvolvimento), com‑ pras, produção e contabilidade. Todos esses grupos, incluindo o marke‑ ting, é claro, fazem parte do ambiente interno da empresa e são objeto de análise, como podemos acompanhar na figura 2. Figura 2 – O ambiente interno da empresa Marketing P&D Finanças Alta administração Compras Produção Contabilidade Fonte: adaptado de Kotler e Armstrong (1998). A alta administração, por exemplo, determina as diretrizes aos demais gestores da empresa, além de estabelecer as metas e a estratégia geral da organização, cujo papel norteador é determinante nas decisões dos 41Análise ambiental I M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. administradores de marketing. E, além disso, o plano de marketing tem ainda de ser aprovado pela alta administração antes de ser implemen‑ tado. Outros departamentos, como o de finanças, administram recursos financeiros utilizados no plano de marketing. Já o de P&D foca o desen‑ volvimento e projeto de produtos que superem as expectativas dos clien‑ tes. O departamento de compras tem a incumbência de adquirir maté‑ rias-primas, suprimentos e componentes, enquanto a produção zela pela quantidade e qualidade fabricada de produtos. O departamento de conta‑ bilidade calcula os custos e a receita a fim de permitir que o departamen‑ to de marketing verifique se os seus resultados estão sendo alcançados. Enfim, todos esses departamentos juntos têm influência sobre planos e ações do departamento de marketing, e é preciso inventariar e conside‑ rar todos os ativos de marketing que transitam entre eles nas tomadas de decisões na área (KOTLER; ARMSTRONG, 1998; OLIVEIRA, 2012). 3.2 Fornecedores Os fornecedores são um elo importante no sistema de “[…] oferta de valor” ao cliente. Em muitos casos, parte importante dos custos é decorrente dos insumos e impacta diretamente a formação dos preços dos produtos. Por consequência, impacta os mercados mais sensíveis às alterações de preço na quantidade vendida pela empresa (KOTLER; ARMSTRONG, 1998). Os fornecedores, em muitos mercados, atendem não somente uma empresa, mas também os concorrentes dela. Eles, portanto, podem ser fontes preciosas de informação. Além do mais, podem ser deter‑ minantes no desenvolvimento de novos produtos ou na melhoria dos produtos existentes e na manutenção de uma vantagem competitiva (OLIVEIRA, 2012). 42 Gestão mercadológica Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . 3.3 Intermediários de marketing Assim como os fornecedores, os intermediários são parceiros im‑ portantes, que podem vir a somar esforços ou atrapalhá-los na busca dos objetivos da empresa. Eles contribuem na promoção, venda e dis‑ tribuição dos produtos aos consumidores. Esses parceiros são reven‑ dedores, firmas de distribuição físicas, agências de marketing e inter‑ mediários financeiros. Os revendedores são os canais de distribuição por onde escoam os produtos da empresa até o cliente final. É por meio deles que a empresa consegue ampliar a ramificação de entrega das suas ofertas. Os revendedores podem ser atacadistas ou varejistas e, em alguns casos, detêm o acesso aos clientes e consumidores finais. As firmas de distribuição auxiliam na armazenagem e no transporte das mercadorias dos fabricantes até os seus destinos. As agências de serviços de marke‑ ting são empresas de pesquisas de mercado, agências de propaganda, veículos de comunicação, consultorias de marketing, enfim, aqueles que colaboram na definição e promoção dos produtos no mercado. Os parceiros financeiros são os bancos, as financeiras, seguradoras e outros intermediários que contribuem (em muitos casos, de forma imprescindível) nas questões financeiras para que a transação ocorra (KOTLER; ARMSTRONG, 1998; OLIVEIRA, 2012). Em suma, os interme‑ diários têm um papel preponderante na criação, comunicação, entrega e troca de uma oferta de valor, e o bom relacionamento com eles é um fator inerente do sucesso. 3.4 Clientes O cliente ocupa uma posição central no contexto das decisões de marketing. É, portanto, necessário conhecer muito bem o mercado, em todas as suas nuances. Possíveis segmentações de um mercado, 43Análise ambiental I M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. assim como interesses, necessidades e desejos dos respectivos seg‑ mentos, tornam-se informações básicas a serem perseguidas na aná‑ lise desta variável. Figura 3 – Tipos de mercado Empresa Mercados revendedores Mercados industriais Mercados consumidores Mercados governamentais Mercados internacionais Fonte: adaptado de Kotler e Armstrong (1998). Os mercados, como ilustrado na figura 3, e de acordo com Kotler e Armstrong (1998), podem ser de cinco tipos diferentes: • Mercados consumidores: são os mais próximos do nosso dia a dia. São aqueles de nossas compras cotidianas para o consumo pessoal, seja de bens (chocolate, eletrodomésticos, vestuário,etc.) ou de serviços (lavanderia, estacionamento, cinema, etc.). Dessa forma, no papel de consumidores, somos participantes deste mercado. • Mercados industriais: são constituídos por fabricantes que com‑ pram bens e serviços para usá-los em seu processo fabril ou para processá-los (frigoríficos, empresa de móveis, montadora de veículos, etc.). • Mercados revendedores: compram mercadorias e serviços com o intuito simplesmente de revendê-los e auferir lucro ao final da 44 Gestão mercadológica Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .operação (concessionárias, lojas de eletroeletrônicos, home cen- ters, etc.). • Mercados governamentais: são constituídos por órgãos públi‑ cos (como hospitais públicos, polícias militares, secretarias e de‑ partamentos de limpeza pública) que adquirem bens (remédios, armas de fogo, vassouras) e serviços (limpeza hospitalar, manu‑ tenção de frota de veículos, coleta de lixo) para prestarem algum tipo de serviço público (serviço de saúde, segurança, limpeza) ou para transferi-los à população (uniformes escolares, preservati‑ vos, remédios). • Mercados internacionais: podem ser de qualquer um dos qua‑ tro tipos mencionados anteriormente (consumidor, industrial, revendedor ou governamental), desde que estejam situados em uma localidade de nacionalidade diferente daquela à qual o ven‑ dedor pertença. Uma única empresa que atua no mercado reprográfico, por exemplo, vendendo impressoras e multifuncionais, pode ter estes cinco tipos de cliente: consumidor final (canal direto de venda pela internet), indústria (gráficas rápidas), revendedor (varejista de informática), órgão gover‑ namental (secretarias de uma prefeitura) e clientes internacionais (ex‑ portação para qualquer um dos outros tipos de clientes). Neste caso, é importante entender que as particularidades de cada mercado exigem a devida atenção por parte do vendedor. 3.5 Concorrentes A concorrência é uma das principais referências para as decisões de marketing. Parte-se do princípio de que a organização deve ter melhor desempenho do que seus concorrentes. Afinal, o fato de ser concorren‑ te implica diretamente a disputa pelos mesmos consumidores no mer‑ cado; ou seja, as organizações devem lançar mão de estratégias que 45Análise ambiental I M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. lhes permitam obter vantagens competitivas ao posicionarem as suas ofertas com seus clientes. E, para tal, ao analisarem os concorrentes, devem monitorar seus objetivos e estratégias, assim como os pontos fortes e fracos deles. Além dos concorrentes atuais, deve-se ficar atento aos concorrentes em potencial e aos produtos que podem ser substitu‑ tos (OLIVEIRA, 2012). Outro ponto importante que deve ser lembrado é que as estratégias e ações utilizadas pelos concorrentes afetam as expectativas e percep‑ ções de valor dos consumidores. Logo, o plano de marketing da orga‑ nização deve ser elaborado para contemplar ações que promovam ao menos uma condição de competitividade que se aproxime da proposta da concorrência. Isso não quer dizer que se deva copiar a forma como o concorrente atua no mercado, pois cada companhia deve considerar suas competências e recursos ao elaborar sua estratégia competitiva de marketing (KOTLER; ARMSTRONG, 1998). 3.6 Públicos Finalmente, a última variável que abordaremos é o público. O pú‑ blico é “[…] qualquer grupo que tenha interesse real ou potencial ou que cause impacto na capacidade da empresa de atingir seus objeti‑ vos” (KOTLER; ARMSTRONG, 1998, p. 48). Ele pode ser de vários tipos, como vemos a seguir: • Públicos financeiros: refere-se aos agentes financeiros, como bancos, empresas de investimentos e acionistas, que podem impactar a eficiência da empresa para conseguir recursos financeiros. • Públicos de mídia: são caracterizados por suas competências em apresentar novidades, noticiar e opinar em editorias. A título de exemplo, enquadram-se nessa categoria jornais, rádios, por‑ tais de notícias e blogueiros. 46 Gestão mercadológica Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . • Públicos governamentais: são responsáveis por fazer cumprir as leis relacionadas a padrões de qualidade e de segurança dos pro‑ dutos, além de regularem o mercado publicitário, e, por essa razão, devem ser monitorados. É importante nessa análise a busca de auxílio jurídico sobre questões legais que podem afetar de alguma forma o plano de marketing. Para exemplificar, podemos citar o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). • Grupos de interesse: referem‑se a entidades de natureza pri‑ vada sem fins lucrativos, organizações de consumidores, gru‑ pos de ambientalistas e de representantes de minorias que po‑ dem questionar as decisões de marketing da organização. O Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar), o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) e o Instituto Socioambiental (ISA) são representantes desses grupos. • Públicos locais: são organizações comunitárias e os vizinhos próximos à empresa ou às localidades de atuação da empresa. Empresas grandes geralmente têm um representante destacado para cuidar da interação dela com a comunidade local. • Público geral: a empresa deve se preocupar com a imagem pú‑ blica com o público geral. Ela afeta a atitude do público geral ante seus produtos e, por consequência, impacta as vendas. • Públicos internos: são os funcionários, gerentes e diretores da empresa. O contentamento do público interno contribui direta‑ mente para uma atitude positiva, a qual influencia os demais públicos da organização. 47Análise ambiental I M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Figura 4 – Tipos de público Empresa Órgãos de defesa dos consumidores Mídia Comunidade financeira Público geral Público interno Governo Comunidade local Fonte: adaptado de Kotler e Armstrong (1998). NA PRÁTICA Em uma matéria publicada no portal UOL (CAMPANHA…, 2017) intitula- da “Campanha da Zara não entende conceito de ‘curvas’ e deixa muita gente brava”, observam-se os efeitos negativos que uma campanha publicitária pode alcançar. Diz a matéria: “[…] duas modelos magras de calça jeans. Até aí nada novo. A não ser pelo anúncio que acompanha a foto: ‘Love your curves’ (‘Ame suas curvas’, em tradução para o portu- guês)”. As manifestações contrárias ocorreram inicialmente em Londres (Inglaterra) e Dublin (Irlanda) e revoltaram muitas outras pessoas, com comentários nas redes sociais como: “@Zara gostaria de falar com seu departamento de publicidade... curvas... onde?”. Para o público geral, “a imagem reforça padrões distorcidos e enfatiza a magreza como única possibilidade de beleza não só no mundo da moda, como fora dele”. Acabamos de discutir a relação das empresas com os seus mais diferentes públicos. Parece ser notória apreocupação de construir uma boa imagem com o público da empresa e de tomar cuidados para não se expor a críticas e repreensão de grupos que possam manchar essa imagem. O exemplo da campanha da Zara nos ajuda a refletir sobre 48 Gestão mercadológica Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .a importância de considerarmos todos os públicos ao elaborarmos o plano de marketing da empresa. Aproveite este caso para pensar em situações em que a ação ou o posicionamento público de alguma em‑ presa, mesmo que você não seja consumidor dos produtos dela, tenha lhe causado algum tipo de desconforto ou irritação. Considerações finais Com a leitura deste capítulo você compreendeu do que se trata o ambiente de marketing, como ele é constituído e sua relevância para as tomadas de decisão de marketing na organização. É fundamental que tenha ficado claro que a análise desse ambiente é um processo que deve ser realizado continuamente, pois ele é dinâmico, e as mudanças apresentam a bel-prazer novas ameaças e oportunidades. Abordamos o tema microambiente e suas inúmeras variáveis. Relações interdepartamentais, fornecedores, intermediários de marke‑ ting, clientes, concorrentes e até públicos da empresa foram descritos como variáveis controláveis que podem influenciar o ambiente compe‑ titivo e, por essa razão, enfatizamos a necessidade de serem monitora‑ dos e considerados em uma análise detalhada do microambiente. Ter uma compreensão do status quo do ambiente de marketing e dis‑ cernir as ameaças e oportunidades decorrentes das mudanças identifica‑ das na análise ambiental ajuda os gestores, e não só os de marketing, a embasar e elaborar o planejamento estratégico da organização e outras decisões gerenciais. Isso posto, para avançarmos no assunto, no próxi‑ mo capítulo abordaremos o tema do macroambiente e suas forças. Referências ANÁLISE. In: MICHAELIS dicionário brasileiro da língua portuguesa. São Paulo: Melhoramentos, 2017. Disponível em: <http://michaelis.uol.com.br/ http://michaelis.uol.com.br/ 49Análise ambiental I M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/an%C3%A1lise/>. Acesso em: 28 jan. 2017. CHURCHILL JUNIOR, Gilbert A.; PETER, J. Paul. Marketing: criando valor para os clientes. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2003. FERREIRA, Afonso. Dono de China in Box aprendeu dicas do negócio lavando pratos. UOL, São Paulo, 13 mar. 2012. Economia. Disponível em <http://eco‑ nomia.uol.com.br/ultimas-noticias/redacao/2012/03/12/ex-lavador-de-pratos‑ -constroi-a-maior-rede-de-comida-chinesa-do-pais.jhtm>. Acesso em: 12 mar. 2012. KOTLER, Philip; ARMSTRONG, Gary. Fundamentos de marketing. 7. ed. Rio de Janeiro: Prentice Hall, 1998. OLIVEIRA, Braulio (Org.). Gestão de marketing. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2012. PRIDE, W. M.; FERRELL, O. C. Fundamentos de marketing. 6. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2015. RICHERS, Raimar. Marketing: uma visão brasileira. São Paulo: Negócio Editora, 2000. CAMPANHA da Zara não entende conceito de “curvas” e deixa muita gente bra‑ va. UOL, São Paulo, 2 mar. 2017. Universa Moda. Disponível em: <https://estilo. uol.com.br/moda/noticias/redacao/2017/03/02/campanha-da-zara-nao-en‑ tende-conceito-de-curvas-e-deixa-muita-gente-brava.htm>. Acesso em: 2 mar. 2016. http://eco/ https://estilo/
Compartilhar