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16/02/2020 1 2.0 DEFLEXÃO EM VIGAS O objetivo deste capítulo é de determinar a taxa de deflexão de vigas prismáticas submetidas a um dado carregamento, visto que, geralmente, as especificações de projeto de uma viga incluem um valor máximo admissível para esta deflexão. Sabemos que em uma viga prismática, sujeita à flexão pura, se encurva tomando a forma de um arco de circunferência e que, dentro do regime elástico, a curvatura da superfície neutra pode ser expressa por: 2.0 DEFLEXÃO EM VIGAS Quando uma viga está sujeita a um carregamento transversal, a Equação (2.1) ainda permanece válida para qualquer seção transversal, dentro das condições de aplicação do princípio de Saint-Venant. No entanto, o momento fletor e a curvatura superfície neutra variam de seção para seção. Denotando por x a distância da extremidade esquerda da viga, até a seção considerada, escrevemos: 2.0 DEFLEXÃO EM VIGAS Para estabelecer a declividade e a deflexão de vigas em um determinado ponto deduzimos a equação diferencial da linha elástica, a qual rege a curva ou linha elástica, que caracteriza a forma da viga deformada. 2.0 DEFLEXÃO EM VIGAS O produto EI é chamado de rigidez flexional e representa sempre uma quantidade positiva. Se o momento fletor pode ser representado, para todos os valores de x, por uma simples função M(x), como nos casos das vigas com os carregamentos mostrados na figura 2.1, a declividade 𝜃 = 𝑑𝑦/𝑑𝑥 e a deflexão y, em qualquer ponto da viga, podem ser obtidos através de duas integrações sucessivas. As duas constantes de integração são determinadas pelas condições de contorno indicadas na figura 2.1. O correspondente valor de y para que a deflexão seja máxima, pode ser obtido pela determinação do valor de x, que corresponde a declividade nula. 48 49 50 51 16/02/2020 2 3.0 DEFLEXÃO EM VIGAS Na figura 2.1(a) temos no ponto A que a deflexão e a declividade são nulas (devido a condição de apoio) e a distância x vale zero. Na figura 2.1(b) temos nos pontos A e B deflexão nula (devido a condição de apoio) e a distância x em relação ao ponto A vale zero e no ponto B a distância x é o valor desde a extremidade esquerda da viga. 2.0 DEFLEXÃO EM VIGAS Como são necessárias funções analíticas diferentes para representar o momento fletor nas variais porções da viga, então diferentes equações diferenciais também serão necessárias, definindo a linha elástica nas varias porções da viga. No caso da viga e carregamento da figura 2.2, duas equações diferenciais são necessárias, uma para a porção AD da viga e outra para a porção DB. A primeira equação produz as funções 𝜃𝑙 𝑒 𝑦l, e a segunda as funções 𝜃 e 𝑦 . No total, as quatro constantes de integração devem ser determinadas; duas serão obtidas escrevendo-se que a deflexão é zero em A e B, e as outras duas, expressando que as porções da viga AD e DB têm a mesma declividade e a mesma deflexão em D. 2.0 DEFLEXÃO EM VIGAS No caso de uma viga suportar uma carga distribuída W(x), a linha elástica pode ser obtida diretamente de W(x), através de quatro interações sucessivas. As contastes serão determinadas partir dos valores de contorno de V, M, y e 𝜃. 2.1 Deformação de uma viga sujeita a um carregamento transversal Consideremos, por exemplo, uma viga AB em balanço, de vão L, submetida à força P aplicada na sua extremidade livre A (Figura 2.3a). 52 53 54 55 16/02/2020 3 2.1 Deformação de uma viga sujeita a um carregamento transversal A equação obtida mostra que a curvatura da superfície neutra tem variação de forma linear, de zero no ponto A, onde o próprio 𝜌 é infinito, até – PL/EI. Agora, a viga está bi apoiada com balanço AD da figura 2.4a, que suporta duas cargas concentradas. Do diagrama de corpo livre da viga, vemos que as reações dos apoios são RA = 1 kN e RC = 5 kN, respectivamente. Fazendo o diagrama de momentos fletores da viga, que mostra que M e, portanto, a curvatura da viga é igual a zero nas extremidades A e D e no ponto E, situado em X = 4 m. Vemos que o maior valor de curvatura ocorre no ponto C, onde |M| é máximo. 2.1 Deformação de uma viga sujeita a um carregamento transversal Viga biapoiada com um balanço; Reações em A e C; Diagrama de momento fletor; Curvatura é zero nos pontos onde o momento fletor é zero, ou seja, em cada extremidade e em E. A viga é côncava para cima, onde o momento fletor é positivo e côncava para baixo, onde o momento é negativo. Curvatura máxima ocorre quando a magnitude do momento é máxima. Uma equação é necessária para determinar a deflexão máxima e inclinação da viga para relacionar sua forma ou linha elástica. 2.1 Deformação de uma viga sujeita a um carregamento transversal Temos uma visão aproximada da forma da viga deformada, por informações da sua curvatura. No entanto, a determinação de uma viga normalmente requer dados mais precisos sobre a deformação e a declividade da viga em pontos diversos. A deformação transversal da viga em um ponto é chamada de flecha (ou ainda afundamento). A declividade (ou rotação da elástica) é o ângulo que a tangente a curva forma com a horizontal. O conhecimento da deformação máxima da viga é de muita importância no dimensionamento. Vamos usar a Equação 2.2 para determinarmos uma relação entre a deformação y medida em um certo ponto Q do eixo da viga e a distância x desse ponto a alguma origem prefixada (Figura 2.6). A relação obtida é a Equação da Linha Elástica, ou seja, a equação da curva em que se transforma o eixo da viga ao se deformar pela ação do carregamento (Figura 2.6b). 2.2 Equação da linha elástica Expressando a curvatura 1/𝜌 em termos das derivadas da função y(x) e substituindo na equação 2.2, obtemos a seguinte equação diferencial linear de segunda ordem, que rege o comportamento da linha elástica: 2 2 232 2 2 1 1 dx yd dx dy dx yd 56 57 58 59 16/02/2020 4 2.2 Equação da linha elástica Como vimos, o produto EI é chamado de rigidez flexional. Se a rigidez flexional varia ao longo da viga, como é o caso de vigas de seção variável, devemos exprimi-la como uma função de x antes de proceder à integração da Equação 2.3. No caso de vigas prismáticas, que é o caso considerado aqui, a rigidez flexional é constante. Integrando esta equação duas vezes, obtemos as seguintes expressões que definem a declividade de 𝜃 𝑥 = 𝑑𝑦/𝑑𝑥 e a deflexão y(x), respectivamente: Onde C1 e C2 são duas constantes de integração, que podem ser determinadas pelas condições de contorno imposta a viga pelos apoios. 2.2 Equação da linha elástica Chamamos de 𝜃 𝑥 o ângulo, medido em radianos, que a tangente à curva elástica no ponto Q na forma com a horizontal. O correspondente valor de y para que a deflexão seja máxima, pode ser obtido pela determinação do valor de x, que corresponde a declividade nula. 2.2 Equação da linha elástica A Figura 2.8 apresenta várias condições de contorno possíveis utilizadas frequentemente para resolver problemas de deflexão em uma viga. “Por exemplo, se a viga estiver apoiada sobre um rolete ou um pino (1, 2, 3, 4) o deslocamento será nulo nesses pontos. Se esses pontos estiverem na extremidade da viga (1, 2), o momento fletor interno na viga também será nulo. No caso de apoio fixo (5), a inclinação e o deslocamento são ambos nulos, enquanto que a viga de extremidades livres (6) tem momento e cisalhamento nulos. No caso (7) se dois elementos estiverem ligados por um pino ou articulação interna o momento nesse ponto deve ser nulo.” (HIBBELER, 2010, pág. 425). 2.2 Equação da linha elástica 60 61 62 63 16/02/2020 5 2.3 Linha elástica definida por diferentes funções. Nos dois exemplos vistos até agora, foi necessário apenas um diagrama de corpo livre para determinarmos a expressão do momento fletor da viga. Consequentemente, o momento fletor M, ao longo de toda a viga, foi representado por uma única função de x. Porém não é o caso mais comum. 2.3 Linha elástica definida por diferentes funções.A ocorrência de cargas concentradas, cargas distribuídas descontinuas e reações de apoios exigem que a viga seja divida em várias partes para que se represente o momento fletor como uma função M(x) diferente para cada trecho da viga. Cada uma das funções M(x) vai levar à expressões diferentes para a declividade 𝜃 𝑥 ou y’(x) e para a flecha y(x). Agora, cada expressão obtida para o cálculo da deformação vai ter duas constantes de modo que um grande número de constantes de integração terá de ser determinado. 2.3 Linha elástica definida por diferentes funções. A ocorrência de cargas concentradas, cargas distribuídas descontinuas e reações de apoios exigem que a viga seja divida em várias partes para que se represente o momento fletor como uma função M(x) diferente para cada trecho da viga. Cada uma das funções M(x) vai levar à expressões diferentes para a declividade 𝜃 𝑥 ou y’(x) e para a flecha y(x). Agora, cada expressão obtida para o cálculo da deformação vai ter duas constantes de modo que um grande número de constantes de integração terá de ser determinado. 2.4 Utilização das funções singulares O exemplo aqui visto era de uma viga com dois trechos, que resultou em seis equações e quatro constantes de integração, assim constatamos que quando houver mais de um carregamento, serão necessárias diferentes funções analíticas para representar o momento fletor em cada trecho da viga. Imagine uma viga com três trechos... serão necessárias nove equações e seis constantes de integrações... Mas existe um outro método para minimizar o trabalho da resolução desse tipo de problema de viga com vários trechos. Veremos na próxima aula o método das funções singulares que simplifica muito esses cálculos. 64 65 66 67 16/02/2020 6 2.4 Utilização das funções singulares O método da integração fornece um meio eficaz para a determinação da declividade e da deflexão, em qualquer ponto de uma viga prismática, desde que o momento fletor possa ser representado por uma única função analítica simples M(x). Entretanto, quando várias funções são necessárias para representar o momento M ao longo da viga, esse método pode se tornar bastante trabalhoso. O uso de funções singulares simplifica a determinação da declividade e deflexão, em qualquer ponto da viga, visto que as constantes de integração podem ser calculadas usando-se somente as condições de contorno, enquanto que as condições de compatibilidade são automaticamente satisfeitas. 2.4 Utilização das funções singulares Segundo HIBBELER (2010), para expressar a carga sobre a viga ou o momento interno dentro dela utilizando uma única expressão, utilizaremos dois tipos de operadores matemáticos conhecidos como funções de descontinuidade ou funções singulares: Para cargas distribuídas tem-se a seguinte função de descontinuidade: 2.4 Utilização das funções singulares Nessa expressão x representa a coordenada da posição de um ponto ao longo da viga, e a é o local da viga onde ocorre descontinuidade, ou seja, o ponto onde uma carga distribuída começa. Para forças concentradas temos a seguinte função de singularidade: Para momentos conjugado tem-se a seguinte função de singularidade: 2.4 Utilização das funções singulares 68 69 70 71 16/02/2020 7 Exercícios 1) (Adaptado de BEER, 2006) A viga em balanço AB tem seção transversal uniforme e suporta a força P na sua extremidade livre A. Determinar a equação da linha elástica, a flecha e a declividade no ponto A. Exercícios 2) (Adaptado de BEER, 2006) A viga prismática simplesmente apoiada AB suporta uma carga uniformemente distribuída w por unidade de comprimento. Determinar a equação da linha elástica e a flecha máxima da viga. Exercícios 3) Determinar, para a viga prismática com o carregamento, a flecha e a declividade no ponto D. 4) Resolva a questão anterior utilização funções singulares. Exercícios 5) Para a viga de madeira carregada como mostrado, dado E=12GPa, determine: a) a rotação da elástica em A; b) a flecha da seção média C. 72 73 74 75 16/02/2020 8 Exercícios 6) (Adaptado de BEER, 2006) Para a viga e o carregamento mostrado, considerando E = 200 GPa e I = 1,024.10-6m4 e usando as funções singulares: a) Achar a deflexão e a declividade como função da distância x da extremidade A; b) Determinar a deflexão no ponto médio D. Exercícios 7) (BEER, 2006) Para a viga e o carregamento mostrado, determine: a) a equação da linha elástica; b) deflexão na extremidade livre. Exercícios 8) (HIBBELER, 2010) Determine (a) a equação da curva linha elástica para a viga AB, (b) o afundamento no extremo livre e (c) a rotação elástica no extremo livre. Exercícios 9) Para a parte AB da viga biapoiada com balanço, (a) determine a equação da linha elástica, (b) determinar a deflexão máxima e (c) avaliar ymax. m 2,1m4,5kN220 GPa200mm10302101360 46 aLP EIW 76 77 78 79 16/02/2020 9 Exercícios 10) Para a viga e o carregamento mostrado, determinar a inclinação e a deflexão no ponto B. Exercícios 11) Para a viga e o carregamento mostrado, (a) a equação da curva linha elástica para a viga AB, (b) o afundamento no extremo livre e (c) a rotação elástica no extremo livre. Utilize o método da integração direta. Exercícios 12) Para a viga AB é construída em aço com um perfil S 150x18,6 e que P = 35 kN, L = 2,2m e E = 200 GPa, determine: (a) a equação da curva linha elástica para a viga AB, (b) o afundamento em C e (c) a rotação elástica em A. Utilize o método da integração direta. Exercícios 13) Para a viga AB, determine a flecha em C. Utilize Método da integração direita 14) Sabendo que a viga AE é construída com uma barra maciça de diâmetro de 30 mm e que w = 10 kN/m, a = 0,6m e E = 200 GPa. Determine o afundamento na seção C. 80 81 82 83 16/02/2020 10 Exercícios 15) Para a viga AB, determine a equação da linha elástica, a rotação da elástica em A e a flecha em C. 16) Para a viga AD. Determine a rotação da elástica em A, a flecha em B e a flecha no extremo D. 84
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