Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
79 INTRODUÇÃO À NUTRIÇÃO Unidade II 5 AS ÁREAS DE ATUAÇÃO DO NUTRICIONISTA 5.1 A Resolução no 600, de 2018, do Conselho Federal de Nutricionistas (CFN) Em maio de 2018, o CFN publicou a Resolução no 600, que atualiza a definição das áreas de atuação do nutricionista e as suas atribuições. Entende-se como área de atuação o âmbito de aplicação do conhecimento da ciência da nutrição e da prática das atividades profissionais do nutricionista definidas pela lei que regulamenta a profissão ou decorrente da expansão ou aprofundamento de conhecimentos e dos procedimentos técnicos, ou ainda, por demanda epidemiológica, social ou legal (CFN, 2018c). Paralelo à definição de “área de atuação”, é importante chamar a atenção para o fato de que é a aplicação do conhecimento da ciência da Nutrição que é entendida como a atuação propriamente dita. Um nutricionista não pode atuar ou propagar informação que não esteja contemplada no conhecimento científico. Esse documento é um marco importante para o nutricionista, pois foi elaborado com contribuição de todo o sistema CFN/CRN considerando vários pontos importantes nesta atualização, a saber: • Lei Federal nº 8.234/1991, que afirma que compete ao nutricionista, enquanto profissional de saúde, zelar pela preservação, pela promoção e pela recuperação da saúde (BRASIL, 1991). • Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, que estabelece a alimentação como direito social (BRASIL, 1988). Saiba mais A Lei nº 8.234/1991 regulamenta a profissão do nutricionista. E a Lei orgânica na Constituição do Brasil garante o direito à alimentação, assim como o direito à saúde. Para mais informações, acesse: BRASIL. Lei nº 8.234, de 17 de setembro de 1991. Regulamenta a profissão de nutricionista e determina outras providências. Brasília, 1991. Disponível em: <http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1991/lei-8234-17-setembro- 1991-363145-publicacaooriginal-1-pl.html>. Acesso em: 3 abr. 2019. 80 Unidade II BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, 1988. Disponível em: <http://www2.camara.leg.br/legin/fed/consti/1988/ constituicao-1988-5-outubro-1988-322142-publicacaooriginal-1-pl. html>. Acesso em: 3 abr. 2019. • Lei Federal nº 11.346/2006, que afirma o direito humano à alimentação adequada e da segurança alimentar e nutricional (BRASIL, 2006). Saiba mais Leia na íntegra a Lei nº 11.346/2006: BRASIL. Lei nº 11.346, de 15 de setembro de 2006. Cria o Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional – Sisan com vistas em assegurar o direito humano à alimentação adequada e dá outras providências. Brasília, 2006. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004- 2006/2006/Lei/L11346.htm>. Acesso em: 3 abr. 2019. • Decreto nº 8.553/2015, que institui o Pacto Nacional para Alimentação Saudável (BRASIL, 2015a). Saiba mais O Pacto Nacional para Alimentação Saudável teve a finalidade de ampliar condições de oferta, disponibilidade e consumo de alimentos saudáveis e combater doenças decorrentes da má alimentação da população brasileira. Leia o decreto na íntegra em: BRASIL. Decreto nº 8.553, de 3 de novembro de 2015. Institui o Pacto Nacional para Alimentação Saudável. Brasília, 2015a. Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Decreto/D8553.htm>. Acesso em: 8 abr. 2019. • As ações de Alimentação e Nutrição na Atenção Básica em Saúde. • Marco de Referência de Educação Alimentar e Nutricional para as Políticas Públicas que estabelece a responsabilidade do nutricionista na aplicação das ações enquanto recurso terapêutico em indivíduos ou grupos sadios ou com algum agravo ou doença. 81 INTRODUÇÃO À NUTRIÇÃO Saiba mais Acesse o Marco de Referência de Educação Alimentar e Nutricional para as Políticas Públicas, disponível em: BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS). Marco de referência de educação alimentar e nutricional para as políticas públicas. Brasília: MDS, 2012. Disponível em: <http://www.cfn.org.br/wp- content/uploads/2017/03/marco_EAN.pdf>. Acesso em: 3 abr. 2019. • Guia Alimentar para a População Brasileira, de 2014. Saiba mais O Guia Alimentar trouxe ao brasileiro uma nova forma de se relacionar com o alimento e é mundialmente citado e premiado. O guia é material indispensável para todo nutricionista. Leia: BRASIL. Ministério da Saúde. Guia alimentar para a população brasileira. Brasília: Ministério da Saúde, 2014. Disponível em: <http://bvsms.saude. gov.br/bvs/publicacoes/guia_alimentar_populacao_brasileira_2ed.pdf>. Acesso em: 3 abr. 2019. • A Política Nacional de Alimentação e Nutrição (Pnan). Saiba mais Acesse e leia a Política Nacional de Alimentação e Nutrição: BRASIL. ___. Ministério da Saúde. Política Nacional de Alimentação e Nutrição (Pnam). Brasília: Ministério da Saúde, 2013b. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_ alimentacao_nutricao.pdf>. Acesso em: 3 abr. 2019 • O Plano Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (PNSAN). 82 Unidade II Saiba mais Acesse e leia o Plano Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional: BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário (MDSA). Câmara Interministeral de Segurança Alimentar e Nutricional (Caisan). Plano nacional de segurança alimentar e nutricional. Brasília: MDSA; Caisan, 2017. Disponível em: <https://www.mds.gov.br/webarquivos/arquivo/seguranca_ alimentar/caisan/plansan_2016_19.pdf>. Acesso em: 3 abr. 2019 • O Código de Ética e de Conduta do Nutricionista. Saiba mais Acesse e leia o código na íntegra: CONSELHO FEDERAL DE NUTRICIONISTAS (CFN). Código de ética e de conduta do nutricionista. Brasília: CFN, 2018a. Disponível em: <http://www.cfn.org.br/wp- content/uploads/2018/04/codigo-de-etica.pdf>. Acesso em: 3 abr. 2019. A partir de discussão ampla, a resolução estabelece o compromisso profissional e legal do nutricionista no exercício das suas atividades. Dessa forma, a Resolução no 600/2018 (CFN, 2018c) estabelece as seguintes áreas de atuação: • Nutrição em Alimentação Coletiva. • Nutrição Clínica. • Nutrição em Esportes e Exercício Físico. • Nutrição em Saúde Coletiva. • Nutrição na Cadeia de Produção, na Indústria e no Comércio de Alimentos. • Nutrição no Ensino, na Pesquisa e na Extensão. É interessante notar que o CFN não restringe a área da Nutrição a esses seis eixos. Ele afirma, na resolução, que áreas de atuação não previstas serão objeto de estudo e avaliação pelo CFN e que deve estar em conformidade com a Lei Federal nº 8.234/1991 (BRASIL, 1991) e respeitando os preceitos 83 INTRODUÇÃO À NUTRIÇÃO éticos da profissão. Essa posição é muito importante frente às novas possibilidades que se abrem na atualidade para o exercício da profissão, mas vale estar ciente de que em qualquer outra área, nutricionista é nutricionista e deve seguir a ciência da Nutrição e zelar pela saúde dos cidadãos. Ou seja, não é considerada regular, mesmo com o diploma e o título de nutricionista, a atuação em áreas e com objetos cuja comprovação de que não prejudicam a saúde não seja validada cientificamente. O CFN publicou dados de pesquisa do perfil dos nutricionistas brasileiros no 2o semestre de 2018 e os apresentou, a seguir, mostrando as áreas de atuação com maior concentração de nutricionistas. A área de Alimentação Coletiva é a que abarca a maior quantidade de nutricionistas (30,8%). 40 30 20 10 0 Ali me nta ção Nu tri ção cl íni ca Sa úd e c ole tiv a Do cên cia Ou tro s Ind úst ria Nu tri ção es po rti va Ma rke tin g 30,8% 30,4% 17,7% 11,4% 3,3% 2,6% 2,5% 1,3% Figura 9 – Distribuição dos nutricionistas brasileiros segundo área de atuação, Brasil, 2018 É importante explicar a organização das áreas de atuação do nutricionista, conforme a Resolução 600/2018 do CFN (2018c). Elas estão organizadas nas grandes áreas, mas existe uma subdivisão interna de cada uma especificando locais ou segmentos, da seguinte forma:• Área de atuação. • Subárea de atuação. • Segmento. • Subsegmento. Dessa forma, a resolução pretende mostrar o grande leque de alternativas referentes a cada grande área de atuação, mas é importante entender essa hierarquia, pois cada grande área compreende uma série de competências, habilidades e responsabilidades. 84 Unidade II Para o CFN, segmento de atuação é cada local ou setor de uma subárea de atuação no qual se verificam atividades distintas ou ainda divisão de ações diferenciadas do nutricionista, dentro de uma mesma subárea de atuação. 5.2 Nutrição em Alimentação Coletiva – áreas de atuação e atribuições No que tange às áreas de atuação do nutricionista, quando se fala em Nutrição em Alimentação Coletiva, se está citando a área da Nutrição que trabalha com a gestão de Unidades de Alimentação e Nutrição (UAN). Segundo o Glossário da Resolução CFN nº 600/2018, Alimentação Coletiva é área de atuação do nutricionista que abrange o atendimento alimentar e nutricional de coletividade ocasional ou definida, sadia ou enferma, em sistema de produção por gestão própria (autogestão) ou sob a forma de concessão (gestão terceirizada) (CFN, 2018c). Ou seja, essa área trabalha com a produção e o fornecimento alimentar e nutricional de população fixa ou ocasional e, por isso, engloba as UANs institucionais e os restaurantes comerciais. E entende-se por UAN: A unidade gerencial onde são desenvolvidas todas as atividades técnico-administrativas necessárias para a produção de refeições, até a sua distribuição para coletividades sadias e enfermas, tendo como objetivo contribuir para manter, melhorar ou recuperar a saúde da clientela atendida. (CFN 2018c). Essa definição do glossário da Resolução CFN nº 600/2018 (2018c) é importante para se ter a dimensão do trabalho do nutricionista nesse local, ao mesmo tempo, de sua responsabilidade na produção e distribuição adequadas dos alimentos. Ele deve considerar a manutenção, melhora ou recuperação da saúde das pessoas que este local atende. A gestão das UANs se torna então complexa e de extrema importância para o nutricionista. Por outro lado, dados da Associação Brasileira das Empresas de Refeições Coletivas (Aberc) de 2018 mostram a dimensão dessa área no Brasil. Eles mostram a quantidade de refeições servidas por ano na modalidade de empresas de refeições coletivas, conforme tabelas a seguir e estimam que, em 2018, existiam, no Brasil, 210 mil colaboradores empregados no setor de refeições coletivas. 85 INTRODUÇÃO À NUTRIÇÃO Tabela 9 – Produção de refeições no Brasil por empresas de refeições coletivas prestadoras de serviços (em milhões de refeições/dia) Áreas 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 Autogestão (administrada pela própria empresa) 0,19 0,15 0,11 0,10 0,08 0,07 0,06 0,05 0,05 Refeições coletivas (prestadoras de serviços) 9,4 10,5 10,9 11,7 12,2 11,7 11,0 12,0 13,0 Refeições convênio (tíquetes/cupons para restaurantes comerciais) 5,3 6,0 6,4 7,0 7,4 7,0 6,8 6,9 7,4 Fonte: Aberc (2018). Em 2018, estima-se que o faturamento aproximado de refeições foi de R$ 50,78 bilhões de reais (ABERC, 2018). Esses números mostram as dimensões dessa área e por que ela é uma das que mais emprega nutricionistas no Brasil. A Gestão em Unidades de Alimentação e Nutrição é composta por uma subárea, de gestão em Unidades de Alimentação e Nutrição (UAN) e quatro segmentos: • Unidade de Alimentação e Nutrição Institucional (pública e privada). • Alimentação e Nutrição no Ambiente Escolar. • Programa de Alimentação do Trabalhador. • Serviço Comercial de Alimentação. (CRN-7, 2018) Segundo a Resolução CFN nº 380/2005 (CFN, 2005), compete ao nutricionista na área de Alimentação Coletiva, planejar, organizar, dirigir, supervisionar e avaliar os serviços de alimentação e nutrição, assim como realizar assistência e educação alimentar e nutricional à coletividade ou a indivíduos sadios ou enfermos em instituições públicas ou privadas. Vale ressaltar que, segundo Garcia (2009), a mudança de autogestão para terceirização do serviço é vista com frequência já na primeira década dos anos 2000, como forma de diminuição de custos, uma melhor eficiência, produtividade e competitividade na prestação de serviços. Tendo isso em vista, é uma tendência que grande parte desses locais que antes eram de autogestão passem a ter serviços terceirizados. 86 Unidade II 5.2.1 Unidade de Alimentação e Nutrição Institucional (pública e privada) O segmento de Unidade de Alimentação e Nutrição Institucional é área de atuação do nutricionista de serviços de alimentação coletiva (autogestão e concessão) nos seguintes locais: • Empresas e instituições. • Hotéis. • Hotelaria marítima. • Comissarias. • Unidades prisionais. • Hospital. • Clínicas em geral. • Hospital-dia. • Unidades de pronto atendimento. • Spas clínicos. • Serviços de terapia renal substitutiva. • Institucional de longa permanência para idosos. (CFN, 2018c). A título de esclarecimento, para o CFN, spa clínico é o local destinado ao atendimento de clientes/usuários sadios ou portadores de doenças e de distúrbios associados à nutrição Definindo então os segmentos e áreas de atuação, segue o resumo das atribuições do nutricionista nessa subárea e nos respectivos segmentos. A título de organização das informações, as atribuições aqui destacadas não seguem a mesma ordem do anexo III da Resolução CFN nº 600 de 2018 (2018c). Observação Atribuições são o conjunto de atividades ou ações inerentes ao cumprimento das prerrogativas do nutricionista. Em relação aos cardápios/preparações servidas nos estabelecimentos, o nutricionista deverá desenvolver as seguintes atividades obrigatórias, conforme figura a seguir: 87 INTRODUÇÃO À NUTRIÇÃO Elaboração de acordo com as necessidades nutricionais Cardápio específico para clientes com doenças ou deficiências nutricionais Elaborar informação nutricional de cardápio Promover educação alimentar e nutricional dos clientes/usuários Cardápios Figura 10 – Relação das atividades obrigatórias do nutricionista nas UANs, referente à elaboração dos cardápios/preparações servidas Considerando a elaboração dos cardápios e preparações, é importante ressaltar que essa elaboração deve considerar tanto o diagnóstico nutricional da clientela quanto os hábitos alimentares regionais, culturais e étnicos. Além de garantir qualidade nutricional para diferentes públicos, é importante considerar a cultura alimentar para otimizar a aceitação da alimentação por parte dos clientes. Em relação às informações nutricionais dos cardápios, é necessário que se divulgue o valor energético, os ingredientes, os nutrientes e aditivos que possam causar alergia ou intolerância alimentar. Assim, sinais de atenção e aviso devem ser utilizados para chamar a atenção dos clientes. Em relação à produção de alimentos que serão servidos nesses estabelecimentos, o nutricionista deverá desenvolver as seguintes atividades obrigatórias, conforme figura a seguir: Elaborar e implantar os Procedimentos Operacionais Padronizados (POP) Elaborar e implantar Manual de Boas Práticas Elaborar relatórios técnicos de não conformidade e ações corretivas Elaborar e implantar atividades de pré-preparo, preparo, distribuição e transporte de refeições Promover redução das sobras, restos e desperdício Recebimento e armazenamento de alimentos, material de higiene e descartáveis Monitorar atividades de seleção de fornecedores e procedência dos alimentos Produção de refeições Figura 11 – Esquema das atribuições do nutricionista em Alimentação Coletiva referente à produção de refeições 88 Unidade II Na produção de refeições, as atribuições do nutricionista devem estar bem organizadas e descritas, pois são características avaliadas nas auditorias da Vigilância Sanitária. Além das referidas na figura, vale lembrar a necessidade da manutenção dos manuais e procedimentos operacionais padrão(POP) atualizados, deixar registrado o encaminhamento para superior hierárquico e às autoridades competentes, os relatórios técnicos de não conformidades, assim como as ações corretivas, impeditivas da boa prática profissional, para prevenir que a saúde humana seja colocada em risco - Resolução CFN nº 600/2018 (2018c). Acrescentando a essas atribuições, o nutricionista deve promover periodicamente o aperfeiçoamento e a atualização de funcionários por meio de cursos, palestras e ações afins. A Resolução nº 600 de 2018 (CFN, 2018c) acrescenta ainda as atividades complementares do nutricionista, como promover a sensibilização de gestores e representantes de instituições da área quanto à responsabilidade destes pela saúde da população, bem como a importância do nutricionista nesse processo. Em muitas das áreas de atuação, a sensibilização dos gestores é parte importante da valorização do serviço. Sem o respaldo dos gestores hierarquicamente superiores, as atividades do nutricionista ficam restritas. Além disso, a resolução acrescenta que o nutricionista deve participar das atividades de gestão de custos de produção, do planejamento e da supervisão das atividades de compras de alimentos, materiais de higiene, descartáveis e outros, e do planejamento e da supervisão da implantação ou adequação de instalações físicas, equipamentos e utensílios da Unidade de Alimentação e Nutrição. Deve também participar da elaboração dos critérios técnicos que subsidiam a celebração de contratos na área de prestação de serviços de fornecimento de refeições para a coletividade. Em relação às preparações servidas nos estabelecimentos, o nutricionista deve realizar teste de aceitabilidade dessas preparações/refeições e análise sensorial das preparações, por meio de testes de degustação. Esse procedimento de análise sensorial deve ser feito preferencialmente antes do consumo dos alimentos. Quadro 5 – Curiosidades sobre degustação Análise sensorial Teste de degustação Ciência que utiliza os sentidos humanos para avaliar as características de um produto. Avaliação da qualidade sensorial das preparações e alimentos. Sentidos: visão, olfato, paladar, e audição. Análise e apreciação de todas as nuances de cor, textura, sabor e aroma, em pequenas amostras. Adaptado de: CFN (2018c). Em relação ao conhecimento técnico científico, o nutricionista deve realizar e divulgar estudos e pesquisas relacionados à sua área de atuação, promovendo o intercâmbio de informações, assim como participar do planejamento e da supervisão de estágios para estudantes de graduação em Nutrição e de curso técnico em Nutrição e Dietética. 89 INTRODUÇÃO À NUTRIÇÃO 5.2.2 Alimentação e Nutrição no Ambiente Escolar No segmento relativo à Alimentação e Nutrição no Ambiente Escolar, é área de atuação do nutricionista nos seguintes setores: Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) Alimentação e nutrição no ambiente escolar – rede privada de ensino Figura 12 – Subsegmentos relativos à alimentação e nutrição no ambiente escolar Lembrete O Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) é o programa executado pelos estados, Distrito Federal e municípios e pelas entidades federais. Considerando a área de Alimentação Coletiva no Ambiente Escolar, no que se refere ao Pnae na rede pública de ensino, ele deve seguir as atribuições especificadas em resolução do CFN próprio. Porém, na rede privada de ensino, deve seguir os preceitos e atribuições do nutricionista da área de alimentação coletiva, segundo a elaboração de cardápios, produção de refeições; porém, as necessidades devem ser adaptadas ao público que se atende, nesse caso, especificamente, as crianças e adolescentes. Dessa forma, é a necessidade nutricional desses indivíduos que devem ser levadas em consideração, assim como as especificidades de avaliação e diagnóstico nutricional para oferecimento adequado de alimentos para públicos com necessidades específicas. Observação Alimentação e Nutrição no Ambiente Escolar é todo alimento oferecido no ambiente escolar além de estratégias de promoção de saúde e de hábitos alimentares saudáveis na escola. Nesses casos, a atribuição de educação nutricional persiste, pois a escola é sabidamente local muito interessante para promover hábitos alimentares saudáveis. As atividades complementares do nutricionista nessa área seguem as atividades complementares descritas na área de Nutrição em Alimentação Coletiva – UAN institucional. 5.2.3 Programa de Alimentação do Trabalhador No segmento sobre o Programa de Alimentação do Trabalhador, é área de atuação do nutricionista nos seguintes subsegmentos, relativos às empresas fornecedoras de alimentação coletiva: • Produção de refeições (autogestão e concessão). 90 Unidade II • Refeição-convênio. • Cestas de alimento. No subsegmento de Produção de Refeições (autogestão e concessão), as atribuições obrigatórias e complementares do nutricionista seguem as atividades descritas na área de Nutrição em Alimentação Coletiva – UAN Institucional. No subsegmento de refeições-convênios, é atividade obrigatória do nutricionista coordenar as equipes de informação ao usuário final, integrar equipes de controle de qualidade em estabelecimentos comerciais credenciados e integrar a equipe responsável pelo cadastro de empresas contratantes. Em relação às atividades complementares no subsegmento de refeições-convênios, é atribuição do nutricionista, além das atribuições complementares da área de Nutrição em Alimentação Coletiva – UAN Institucional – realizar visitas técnicas, recomendando, quando necessário, o descredenciamento dos estabelecimentos que estiverem em condições higiênico-sanitárias inadequadas ou que descumprem as recomendações nutricionais do Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT). No subsegmento de Cestas de Alimentos, as atividades obrigatórias estão apresentadas no quadro abaixo: Quadro 6 – Lista de atribuições do nutricionista no PAT, na modalidade de Cestas de Alimentos • Atender a legislação do Programa de Alimentos do Trabalhador nos itens relativos à educação nutricional e aos referenciais de valores nutricionais. • Coordenar a equipe na composição da cesta de alimentos, adequando-a às necessidades nutricionais da clientela. • Planejar e supervisionar as atividades de recebimento e armazenamento dos gêneros alimentícios. • Implantar e supervisionar o POP e métodos de controle de qualidade de alimentos. • Elaborar e implantar o manual de boas práticas. • Realizar atividades de informação aos clientes quanto ao valor nutritivo das cestas. • Promover ações de educação alimentar e nutricional dos clientes. • Coordenar, supervisionar ou executar treinamento dos colaboradores • Elaborar relatórios técnicos de não conformidades. Adaptado de: CFN (2018c). Além dessas atividades obrigatórias, a resolução pressupõe as atividades complementares, como a participação de seleção de fornecedores, análise sensorial dos produtos, participar da avaliação dos colaboradores, realizar e divulgar pesquisa na área de atuação, assim como supervisionar estágio para estudantes de graduação em Nutrição. 91 INTRODUÇÃO À NUTRIÇÃO 5.2.4 Serviço Comercial de Alimentação No segmento relativo ao Serviço Comercial de Alimentação, é área de atuação do nutricionista nos seguintes subsegmentos: • Restaurantes comerciais e similares. • Bufês de eventos. • Serviços ambulantes de alimentação. Observação Bufês de eventos são os serviços de alimentação para eventos e recepções diversos. Nos Serviços Comerciais de Alimentação, se espelha nas atribuições das UANs institucionais, com algumas adaptações, visto que os clientes não são necessariamente permanentes, ao contrário, são eventuais do serviço. Apesar disso, a necessidade de se oferecer um alimento adequado é tão importante quanto em qualquer outro serviço da área de Alimentação Coletiva. Saiba mais As atribuições do nutricionista de Serviços Comerciais de Alimentação está descritacom detalhes no anexo II, no segmento específico da Resolução nº 600/2018. Acesse: CONSELHO FEDERAL DE NUTRICIONISTAS (CFN). Resolução CFN nº 600, de 25 de fevereiro de 2018. Dispõe sobre a definição das áreas de atuação do nutricionista e suas atribuições, indica parâmetros numéricos mínimos de referência, por área de atuação, para a efetividade dos serviços prestados à sociedade e dá outras providências. Brasília, 2018c. Disponível em: <http:// www.cfn.org.br/wp-content/uploads/resolucoes/Res_600_2018.htm>. Acesso em: 4 abr. 2019. Em relação às competências gerenciais do nutricionista nesse setor, alguns autores vêm estudando o assunto e contribuindo para o desenvolvimento e a formação profissional. Nóbrega et al. (2012) afirmam que o nutricionista, ao migrar da histórica área de profissional liberal (na área da saúde) para um profissional organizacional, necessita de conhecimentos específicos da área de gestão, devendo possuir uma série de competências tanto do ponto de vista pessoal quanto do ponto de vista gerencial. Essas competências são reconhecidas pela Resolução no 600/2018 (CFN, 2018c), mas podem ser evidenciadas a partir da literatura da área. 92 Unidade II Nóbrega et al. (2012) afirmam que a qualificação do trabalhador não pode ser considerada somente a efetivação prática das competências individuais, uma vez que o exercício da competência não existe sem a profundidade dos conhecimentos que poderão ser mobilizados na situação (p. 50). Essa afirmação é muito importante e muito valorizada na Nutrição, pois a profissão habilita a pessoa a trabalhar em diversas áreas, das mais distintas, relacionadas à saúde e alimentação. Mas nenhuma será efetiva se não existir a profundidade dos conhecimentos necessários. O autor ainda segue: Os conhecimentos não se limitam ao nível de sua aplicabilidade, pois dependem de um exercício reflexivo e pressupõe-se que o sujeito mobilize suas aprendizagens em favor das situações. (p. 40) Neste sentido, ele evidencia que conhecimento, habilidade e a atitude são pilares para as áreas administrativas e gerenciais, que é o caso das Unidades de Alimentação e Nutrição. Nesse contexto, Nóbrega et al. (2012) evidencia algumas características importantes: Visão sistêmica e estratégica Capacidade de aprender, liderar e educar Domínio pessoal, comportamento ético Capacidade de inovação Capacidade de trabalhar em equipe Criatividade, flexibilidade Habilidades humanas e interculturais Figura 13 – Lista de conhecimentos, habilidades e atitudes que constituem um perfil gerencial atual A partir da teoria de competências desenvolvidas por Quinn et al. (2003, apud NÓBREGA et al. 2012), existem oito papéis dos líderes no ambiente de trabalho, relativo a valores competitivos. O autor avaliou, a partir da percepção de nutricionistas da área de Nutrição em Alimentação Coletiva, esses papéis e competências e em que nível são efetivamente utilizadas, conforme tabela a seguir: 93 INTRODUÇÃO À NUTRIÇÃO Tabela 10 – Lista de competências gerenciais, segundo papel de liderança, na percepção do nutricionista Papel Competências Efetivas Média competências Média papel Coordenador Gerencia projetos da organização 4,42 4,97Planeja o trabalho da organização 5,17 Gerencia a organização de forma multidisciplinar 5,33 Diretor Planeja e organiza as ações da empresa 5,83 5,31Estabelece metas e objetivos para a empresa 4,67 Desenvolve e comunica a visão da empresa 5,42 Facilitador Adota um processo decisório participativo 5,33 5,61Estimula a constituição de equipes 6,25 Desenvolve gerenciamento de conflitos 5,25 Inovador Convive frequentemente com as mudanças 6,42 6,03Possui e desenvolve pensamento criativo 5,75 Trabalha no gerenciamento das mudanças 5,92 Mentor Possui compreensão de si próprio e dos outros 5,92 6,06 Estimula o desenvolvimento dos empregados 6,00 Desenvolve comunicação eficaz 6,25 Monitor Analisa as informações com pensamento crítico 5,58 5,81 Gerencia o desempenho e processos coletivos 6,08 Monitora o desenvolvimento individual do empregado 5,75 Negociador Trabalha negociando acordos e compromissos 5,75 5,14Apresenta ideias frequentemente 5,33 Busca manter uma base de poder 4,33 94 Unidade II Produtor Estimula o desenvolvimento de um ambiente de trabalho produtivo 6,58 Trabalha focado na produtividade do trabalho 6,50 6,28 Trabalha no gerenciamento de tempo e de estresse 5,75 Fonte: Nóbrega et al. (2012, p. 55). Nesse caso, o papel “coordenador” foi menos evidente, e o papel “produtor” foi o mais evidente na prática diária do nutricionista. Nesse sentido, para os nutricionistas, as competências relacionadas ao estímulo do desenvolvimento de um ambiente de trabalho produtivo, trabalho focado na produtividade e gerenciamento de tempo e de estresse são as mais necessárias nessa área de atuação. De outro lado, Rocha et al. (2017) estudaram as atividades desenvolvidas por nutricionistas em UANs e constataram que a atividade mais frequente é a de controle de custos/de estoque e compras, seguido por administração de recursos humanos, e a atividade menos frequente é a de educação nutricional, conforme a imagem a seguir. O controle de custos/de estoque e compras pode mostrar a preocupação das empresas em cumprir as metas de custos. Educação nutricional Manutenção de equipamentos Eventos (coffee break) Qualidade/Meio ambiente Segurança do trabalho Atendimento ao cliente/Marketing Treinamento de funcionários Controle de processo produtivo Qualidade/Segurança alimentar Planejamento de cardápio Recursos humanos Controle de custos/de estoques e compras 0 2 4 6 8 10 % 12 14 16 18 Figura 14 – Distribuição em porcentagem das principais atividades desenvolvidas em UANS citadas pelos nutricionistas, Brasil, 2012 5.3 Nutrição clínica – áreas de atuação e atribuições A área de nutrição clínica, voltada para a Assistência Nutricional e Dietoterápica Hospitalar, Ambulatorial, em nível de consultórios e em domicílio envolve nove subáreas, conforme o quadro a seguir: 95 INTRODUÇÃO À NUTRIÇÃO Quadro 7 – Lista das subáreas englobadas pela nutrição clínica 1 Assistência nutricional e dietoterápica em hospitais, clínicas em geral, hospital-dia, unidades de pronto atendimento e spa clínicos 2 Assistência nutricional e dietoterápica em serviços e terapia renal substitutiva 3 Assistência nutricional e dietoterápica em instituições de longa permanência para idosos (ILPI) 4 Assistência nutricional e dietoterápica em ambulatórios e consultórios 5 Assistência nutricional e dietoterápica em bancos de leite humano (BLH) e postos de coleta 6 Assistência nutricional e dietoterápica em lactários 7 Assistência nutricional e dietoterápica em centrais de terapia nutricional 8 Assistência nutricional domiciliar (pública e privada) 9 Assistência nutricional e dietoterápica personalizada (personal diet) Adaptado de: CFN (2018c). É importante ressaltar que o glossário da resolução aqui estudada afirma que Assistência Nutricional e Dietoterápica é: Acompanhamento nutricional e dietoterápico prestado por nutricionista com vista à promoção, preservação e recuperação da saúde do indivíduo ou da coletividade que compreende as fases de avaliação, diagnóstico, intervenção, monitoramento/aferição dos resultados e reavaliação. (CFN, 2018c) Nessa definição, dá-se ênfase à avaliação, ao diagnóstico, à intervenção, à aferição dos resultados como etapas da assistência que devem ser feitas de forma pessoal com o paciente/cliente. Segundo o CFN (2018c), compete ao nutricionista na área de Nutrição Clínica: Prestar assistência nutricional e dietoterápica; promover educação nutricional; prestar auditoria, consultoria e assessoria em nutrição e dietética; planejar, coordenar, supervisionar e avaliar estudos dietéticos; prescrever suplementos nutricionais; solicitar exames laboratoriais; prestar assistência e treinamento especializado em alimentação e nutriçãoa coletividades e indivíduos, sadios e enfermos, em instituições públicas e privadas, em consultório de nutrição e dietética e em domicílio (CFN, 2018c). 96 Unidade II 5.3.1 Assistência nutricional e dietoterápica em hospitais, clínicas em geral, hospital‑dia, unidades de pronto atendimento e spas clínicos As atividades obrigatórias desse segmento podem ser divididas, a título de estudo, em duas áreas: as relacionadas com o estabelecimento e as relacionadas com os pacientes/clientes atendidos, conforme o quadro a seguir: Quadro 8 – Atividades obrigatórias do nutricionista em nutrição clínica, em Assistência Nutricional e Dietoterápica em hospital e afins, relacionadas ao estabelecimento/ instituição/clínica e ao atendimento ao cliente/paciente Ao estabelecimento Ao cliente/paciente Estabelecer e executar protocolos técnicos do serviço, segundo níveis de assistência nutricional. Elaborar diagnóstico de nutrição. Orientar e supervisionar a distribuição de dietas orais e enterais, verificando o percentual de aceitação, infusão e intolerância da dieta. Elaborar a prescrição dietética, com base nas diretrizes do diagnóstico de nutrição. Interagir com nutricionistas responsáveis pela produção de refeições, definindo procedimentos em parceria. Registrar em prontuário dos clientes/pacientes a prescrição dietética e a evolução nutricional. Elaborar relatórios técnicos de não conformidades, impeditivas da boa prática profissional e que coloquem em risco à saúde humana. Realizar orientação nutricional de alta dos clientes/ pacientes, estendendo-a aos cuidadores, familiares ou responsáveis. Adaptado de: CFN (2018c). Por prescrição dietética, o CFN (2018c) entende: Atividade privativa do nutricionista que compõe a assistência prestada aos clientes/pacientes/usuários em ambiente hospitalar, ambulatorial, consultório ou em domicílio que envolve o plano alimentar, devendo ser elaborada com base nas diretrizes estabelecidas no diagnóstico de nutrição, devendo conter data, Valor Energético Total (VET), consistência, macro e micronutrientes, fracionamento, assinatura seguida de carimbo, número e região da inscrição no Conselho Regional de Nutricionistas (CRN) do nutricionista responsável pela prescrição. Dessa forma, coloca-se com evidência e importância que a prescrição dietética é atividade privativa do nutricionista. É exercício ilegal da profissão e passível de punições legais indivíduos sem a graduação completa e o título de nutricionista que fizerem algum tipo de prescrição dietética. Neste segmento, o CFN também estabelece as atividades complementares na atuação do nutricionista. 97 INTRODUÇÃO À NUTRIÇÃO Quadro 9 – Atividades complementares do nutricionista em nutrição clínica, em Assistência Nutricional e Dietoterápica em hospitais e afins, relacionadas ao estabelecimento e ao atendimento ao paciente Ao estabelecimento Ao cliente/paciente Integrar equipe multiprofissional de terapia nutricional, quando houver. Solicitar exames laboratoriais necessários ao acompanhamento dietoterápico, de acordo com os protocolos. Participar do processo de acreditação hospitalar e de avaliação da qualidade em serviços de nutrição clínica. Interagir com a equipe multiprofissional, definindo os procedimentos complementares à prescrição dietética. Prescrever suplementos nutricionais, bem como alimentos para fins especiais e fitoterápicos, em conformidade com a legislação.Realizar e divulgar estudos e pesquisas relacionar à sua área de atuação. Participar do planejamento e supervisão de estágios para estudantes de graduação em Nutrição e de curso técnico em Nutrição. Promover ações de educação alimentar e nutricional para clientes/pacientes/usuários, cuidadores, familiares ou responsáveis. Adaptado de: CFN (2018c). 5.3.2 Assistência nutricional e dietoterápica em serviços de terapia renal substitutiva Nessa subárea de atuação do nutricionista, as atribuições são análogas às do item anterior, adaptando a necessidade ao paciente atendido pela clínica. Acrescenta-se apenas à lista de atividades obrigatórias a triagem de risco nutricional quando da admissão do paciente para tratamento no local. Observação Triagem do risco nutricional é o processo de identificação das características associadas ao risco nutricional, por meio de protocolos específicos, determinando as prioridades de assistência. 5.3.3 Assistência nutricional e dietoterápica em Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI) A atuação do nutricionista nessa subárea é análoga à atuação em hospitais e clínicas, porém o atendimento é voltado para os idosos institucionalizados. Acrescenta-se à lista de atividades obrigatórias a triagem de risco nutricional quando da admissão do idoso, promoção, por meio da alimentação, dos princípios da tecnologia assistiva para favorecer a autonomia e a independência do paciente. Em relação às atividades complementares, elas são as mesmas do item anterior, sobre os serviços de terapia renal substitutiva. 98 Unidade II Lembrete Risco nutricional é a condição do estado nutricional que se caracteriza pela vulnerabilidade de desenvolvimento de doenças associadas à nutrição. 5.3.4 Assistência nutricional e dietoterápica em ambulatórios e consultórios A assistência ambulatorial ou em consultório é o atendimento e acompanhamento básico da saúde e estado nutricional do paciente, não envolvendo procedimentos de alta complexidade. Essa área pressupõe o atendimento individualizado (a prescrição deve ser individualizada) e presencial. Fazem parte das atividades obrigatórias dessa subárea: • Elaborar o diagnóstico de nutrição, com base na avaliação nutricional. • Elaborar a prescrição dietética, com base nas diretrizes do diagnóstico de nutrição, doenças associadas e considerando as interações drogas/nutrientes e nutriente/nutriente. • Registar, em prontuário dos clientes/pacientes/usuários, a prescrição dietética e a evolução nutricional. • Promover a educação alimentar e nutricional para clientes/pacientes/usuários, familiares ou responsáveis. • Elaborar receituário de prescrição dietética individualizada para distribuição aos clientes/ pacientes/usuários. • Elaborar relatórios técnicos de não conformidades e respectivas ações corretivas. Além dessas atividades, o CFN apresenta as atividades complementares dessa subárea, que são semelhantes às atividades da subárea anterior, fazendo a adaptação para a realidade do atendimento ambulatorial e de consultório. 5.3.5 Assistência nutricional e dietoterápica em bancos de leite humano e postos de coleta A assistência nutricional e dietoterápica em bancos de leite humano e postos de coleta é organizada de modo a atender a demanda tanto da gestante, puérpera e nutriz, como na gestão do banco de leite. Dessa forma, as atribuições podem ser divididas, a título de estudo, nessas duas esferas, conforme o quadro a seguir. 99 INTRODUÇÃO À NUTRIÇÃO Quadro 10 – Atribuições do nutricionista na assistência nutricional em bancos de leite humano e postos de coleta Ao estabelecimento À(ao) paciente Elaborar e implantar o manual de boas práticas, supervisionando sua execução. Incentivar e promover o aleitamento materno, observando as diretrizes da NBCAL.Coordenar as etapas de processamento do leite humano para garantir a qualidade microbiológica desde a coleta até a distribuição. Supervisionar o quantitativo do leite humano coletado, processado e distribuído. Prestar assistência à gestante, puérpera, nutriz e lactente na prática do aleitamento materno.Supervisionar e monitorar a coleta de dados gerados no banco de leite humano. Promover aperfeiçoamento e atualização de funcionários. Orientar as mães afastadas dos filhos, bem como aquelas que apresentam dificuldade na amamentação, quanto à importância da manutenção e estímulo à lactação.Elaborar relatórios técnicos de não conformidades e respectivas ações corretivas. Adaptado de: CFN (2018c). Em relação às atividadescomplementares, além das atividades das subáreas de assistência nutricional e dietoterápica, o nutricionista deve: • Participar do planejamento e da supervisão da implantação ou adequação de instalações físicas, equipamentos e utensílios. • Participar de fóruns e comitês relacionados ao aleitamento materno. • Prestar atendimento nutricional às nutrizes de recém-nascidos internados. Observação Assistência nutricional e dietoterápica é o acompanhamento prestado por nutricionista com vista à promoção, preservação e recuperação da saúde compreendendo as fases de avaliação, diagnóstico, intervenção, monitoramento/aferição dos resultados e reavaliação. 5.3.6 Assistência nutricional e dietoterápica em lactários Os lactários são locais nos hospitais ou clínicas que elaboram alimentos que são entregues aos pacientes internados. Nesses locais, é atividade obrigatória do nutricionista: 100 Unidade II • Estabelecer e supervisionar a execução de protocolos técnicos do serviço. • Planejar, implantar, coordenar e supervisionar as atividades de preparo, acondicionamento, esterilização, armazenamento, rotulagem, transporte e distribuição de fórmulas. • Elaborar e implantar Manual de Boas Práticas e Procedimentos Operacionais Padronizados (POP), mantendo-os atualizados. • Realizar orientação nutricional com vistas à alta hospitalar. • Estabelecer a composição qualitativa, quantitativa, o fracionamento e a identificação das fórmulas dietéticas para distribuição. • Estabelecer as especificações no descritivo de aquisição de insumos (fórmulas, equipamentos, utensílios, material de consumo, de embalagem e suplementos). • Interagir com os demais nutricionistas que compõem o quadro técnico da instituição, definindo os procedimentos complementares na assistência aos clientes/pacientes/usuários. • Promover periodicamente o aperfeiçoamento e atualização de funcionários por meio de cursos, palestras e ações afins. • Elaborar relatórios técnicos de não conformidades e respectivas ações corretivas, impeditivas da boa prática profissional e que coloquem em risco a saúde humana, encaminhando-os ao superior hierárquico e às autoridades competentes, quando couber. Em relação às atividades complementares, seguem as das subáreas de assistência nutricional e dietoterápica anteriores, levando em consideração as singularidades do lactário. 5.3.7 Assistência nutricional e dietoterápica em centrais de terapia nutricional O CFN (2018c) define terapia nutricional como “o conjunto de procedimentos terapêuticos para manutenção ou recuperação do estado nutricional do paciente por meio da nutrição parenteral ou enteral”. Dessa forma, as atividades obrigatórias também podem ser divididas entre aquelas de atenção ao paciente/cliente/usuário e o de gestão das atividades da Central de Terapia Nutricional, conforme o quadro a seguir: 101 INTRODUÇÃO À NUTRIÇÃO Quadro 11 – Listas de atribuições obrigatórias do nutricionista da subárea de assistência nutricional e dietoterápica em centrais de terapia nutricional Ge st ão d a ce nt ra l d e te ra pi a nu tr ic io na l Elaborar e implantar a execução de protocolos técnicos do serviço, obedecendo à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Elaborar e implantar o manual de boas práticas e o POP. Elaborar e implantar fichas técnicas das preparações não moduladas. Formular a nutrição enteral, estabelecendo sua composição nutricional, fracionamento e formas de apresentação. Estabelecer as especificações no descritivo de aquisição dos insumos. Participar do planejamento e da supervisão da implantação ou adequação de instalações físicas, equipamentos e utensílios. Interagir com os demais nutricionistas que compõem o quadro técnico da instituição. Definir os procedimentos complementares com a equipe multiprofissional da terapia nutricional. Promover periodicamente o aperfeiçoamento dos funcionários e elaborar técnicos de não conformidades. At en çã o ao p ac ie nt e/ cl ie nt e Elaborar o diagnóstico nutricional, com base na avaliação nutricional. Elaborar a prescrição dietética, com base nas diretrizes do diagnóstico de nutrição. Acompanhar a evolução nutricional dos clientes/pacientes/usuários. Registrar em prontuário dos clientes/pacientes/usuários a prescrição dietética e a evolução nutricional, de acordo com protocolos preestabelecidos. Realizar orientação nutricional na alta dos clientes/pacientes/usuários, estendendo-a aos cuidadores, familiares ou responsáveis. Adaptado de: CFN (2018c). Nessa área de atuação, é importante salientar que a assistência nutricional é feita de forma individualizada, uma vez que o CFN (2018c) define diagnóstico nutricional como “a identificação e determinação do estado nutricional do cliente/paciente/usuário, elaborado com base na avaliação do estado nutricional e durante o acompanhamento individualizado”. As atividades complementares nessa subárea seguem as atividades das subáreas anteriores, considerando as especificidades das centrais de terapia nutricional. A assistência é individualizada em relação ao paciente, mas o nutricionista deve compor a Equipe Multiprofissional de Terapia Nutricional (EMTN), que segundo o CRN-3 (2017b), é: O grupo formal e obrigatoriamente constituído de pelo menos um profissional de canal categoria, a saber: médico, nutricionista, enfermeiro e farmacêutico, podendo ainda incluir profissional de outras categorias, habilitados e com treinamento específico para a prática da Terapia Nutricional. 102 Unidade II O CRN-3 elaborou material informativo sobre a atuação do nutricionista nessa equipe, como segue: Terapia nutricional: 1) O hospital deve garantir atenção nutricional por meio de uma terapia nutricional individualizada. 2) Terapia nutricional é um conjunto de procedimentos que visa manter ou recuperar a saúde de pacientes em risco nutricional ou desnutridos. 3) A terapia nutricional é composta por alimentos (na forma isolada ou combinada) administrados por via oral ou enteral (nutrição enteral) ou composta por nutrientes administrados por via endovenosa (nutrição parenteral). 4) O hospital deve ter uma Equipe Multidisciplinar de Terapia Nutricional (EMTN) composta por médico, nutricionista, enfermeiro e farmacêutico, que devem atuar em conjunto. 5) O nutricionista é responsável pela prescrição dietética, ou seja, decisão da composição e a determinação dos nutrientes necessários ao paciente, considerando suas necessidades, condição clínica e estado nutricional. 6) Após a identificação do risco nutricional pela triagem, o nutricionista é responsável pela realização da avaliação, diagnóstico e monitoramento nutricional por meio de antropometria, exames laboratoriais e evolução do paciente. 7) O nutricionista é responsável por avaliar o consumo alimentar do paciente e também por avaliar o tipo, a quantidade e a concentração da dieta enteral. 8) O nutricionista garante que a dieta enteral seja preparada e distribuída em adequadas condições higiênico-sanitárias. 9) O nutricionista deve acompanhar e orientar o paciente e familiares após a alta hospitalar, se a terapia nutricional for necessária. 10) Com a terapia nutricional adequada, o paciente tem melhores condições de se recuperar e permanecer menos tempo hospitalizado (CRN-3, 2017b). 5.3.8 Assistência nutricional domiciliar (pública e privada) Nessa subárea da nutrição clínica, o nutricionista faz o acompanhamento nutricional do paciente em nível domiciliar de forma individualizada. Nessa modalidade, não está incluso o acompanhamento familiar, apesar da orientação aos familiares e cuidadores estar englobado na área de atuação. 103 INTRODUÇÃO À NUTRIÇÃO O CFN estabelece as seguintes atividades obrigatórias no atendimento domiciliar: • Sistematizar o atendimento em nutrição, definindo protocolos de procedimentos relativos à dietoterapia. • Elaborar o diagnóstico de nutrição, com base na avaliação nutricional. • Elaborar a prescriçãodietética, com base nas diretrizes do diagnóstico de nutrição. • Manter registros da prescrição dietética e da evolução nutricional, conforme protocolos preestabelecidos. • Promover educação alimentar e nutricional para os clientes/pacientes/usuários, cuidadores e familiares ou responsáveis. • Orientar os cuidadores, familiares ou responsáveis para a correta manipulação e administração de dietas. • Avaliar se os objetivos da assistência nutricional foram alcançados para viabilizar a alta da terapia nutricional especializada. • Definir os procedimentos complementares na assistência aos clientes/pacientes/usuários com a equipe multiprofissional. • Elaborar relatórios técnicos de não conformidades e respectivas ações corretivas, impeditivas da boa prática profissional e que coloquem em risco a saúde humana, encaminhando-os ao superior hierárquico e às autoridades competentes, quando couber. Em relação às atividades complementares, o CFN estabelece as seguintes: • Solicitar exames laboratoriais necessários à avaliação nutricional, à prescrição dietética e à evolução nutricional dos clientes/pacientes/usuários. • Prescrever suplementos nutricionais, bem como alimentos para fins especiais e fitoterápicos, em conformidade com a legislação vigente, quando necessários. • Realizar e divulgar estudos e pesquisas relacionados à sua área de atuação. • Participar do planejamento e supervisão de estágios para estudantes de graduação em Nutrição e de curso técnico em Nutrição e Dietética e programas de aperfeiçoamento para profissionais de saúde, desde que sejam preservadas as atribuições privativas do nutricionista. 5.3.9 Assistência nutricional e dietoterápica personalizada (personal diet) Nessa modalidade, o nutricionista faz o acompanhamento nutricional de forma personalizada, normalmente em nível domiciliar e que pode englobar ou não toda a família. É uma subárea análoga à anterior, mas o que difere é que na anterior o paciente não pode/não tem condições de sair de casa 104 Unidade II e por isso o atendimento é domiciliar do tipo home care; no personal diet, o atendimento domiciliar é uma opção de local. Almeida-Bittencourt, Ribeiro e Naves explicam (2009) explica que os consultórios particulares de nutrição atendem à demanda de pacientes não hospitalizados, mas que necessitam de uma intervenção nutricional. Para os autores, a educação nutricional de apenas orientar sobre uma alimentação balanceada e equilibrada não garante a mudança de hábitos alimentares e o alcance de resultados duradouros. Fatores diversos dificultam a adesão à dieta, como: • enorme oferta de alimentos industrializados; • pouca disponibilidade de alimentos saudáveis em casa; • falta de envolvimento; • falta de orientação dos familiares; • falta de motivação e tempo; • vida social ativa, entre outros. Segundo Almeida-Bittencourt, Ribeiro e Naves (2009), o atendimento nutricional diferenciado surge, neste contexto, como uma necessidade de adaptação do nutricionista aos padrões de exigência da sociedade atual e para garantir maior eficácia em sua prática profissional. E, assim, a assistência nutricional e dietoterápica personalizada, conhecida também por personal diet (ou personal dieter) compreende: Em consulta domiciliar que oferece um plano alimentar completo, envolvendo todas as etapas do processo alimentar, desde a aquisição do alimento até seu consumo, e que contemplam um programa de mudanças gradativas na rotina da família, no sentido da adoção de uma alimentação saudável. (ALMEIDA-BITTENCOURT; RIBEIRO; NAVES, 2009, p. 921) Ainda segundo Almeida-Bittencourt et al. (2009), o envolvimento da família no processo de mudança de hábito alimentar é um dos pilares desse tipo de intervenção e constitui uma estratégia que pode contribuir significativamente para a adesão dos pacientes/clientes ao processo e ao alcance dos resultados esperados. 5.4 Nutrição em esportes e exercício físico: áreas de atuação e atribuições A área de nutrição em esportes e exercício físico é voltada para a assistência nutricional e dietoterápica para atletas e desportistas. Apesar de se tratar de uma área de assistência nutricional e dietoterápica, e por compartilhar muito conhecimento, competência e habilidades da área de nutrição clínica, ela trata exclusivamente de esportistas e atletas. 105 INTRODUÇÃO À NUTRIÇÃO O CFN (2018c) estabelece as seguintes atividades obrigatórias no atendimento ao esportista e/ou atleta: • Avaliar e acompanhar o perfil antropométrico, bioquímico e a composição corporal do atleta ou do desportista, conforme as fases do treinamento, e considerando a perda de peso antes de competições, o aumento de massa muscular e a melhora no desempenho. • Identificar o gasto energético do indivíduo. • Elaborar o plano alimentar do indivíduo, adequando-o à modalidade esportiva ou ao exercício físico desenvolvido, considerando as diversas fases (manutenção, competição e recuperação). • Manter registro evolutivo individualizado de avaliações nutricionais, composição corporal e prescrições dietéticas e outras condutas pertinentes. • Promover a educação e orientação nutricional do indivíduo e, quando pertinente, dos familiares ou responsáveis. • Estabelecer estratégias de reposição hídrica e energética antes, durante e após a prática de exercícios e participação em eventos competitivos. • Orientar quanto à execução do plano alimentar para atletas em viagem para competição. • Elaborar relatórios técnicos de não conformidades e respectivas ações corretivas, impeditivas da boa prática profissional e que coloquem em risco a saúde humana, encaminhando-os ao superior hierárquico e às autoridades competentes, quando couber. Em relação às atividades complementares, o CFN (2018c) estabelece as seguintes: • Solicitar exames complementares à avaliação nutricional, prescrição dietética e evolução nutricional dos clientes, quando necessário. • Prescrever suplementos nutricionais, bem como alimentos para fins especiais, em conformidade com a legislação vigente, quando necessário. • Acompanhar e prestar atendimento nutricional aos atletas e desportistas em treinamentos e competições individuais ou coletivas. • Desenvolver material educativo para orientação de clientes, treinadores e colaboradores. • Promover periodicamente o aperfeiçoamento e atualização de funcionários por meio de cursos, palestras e ações afins, quando pertinente. • Interagir com a equipe multiprofissional responsável pelo treinamento/acompanhamento do atleta e desportista. • Realizar e divulgar estudos e pesquisas relacionados à sua área de atuação, promovendo o intercâmbio técnico-científico. 106 Unidade II • Participar do planejamento e supervisão de estágios para estudantes de graduação em Nutrição e de curso técnico em Nutrição e Dietética e programas de aperfeiçoamento para profissionais de saúde, desde que sejam preservadas as atribuições privativas do nutricionista. Nas últimas décadas, pessoas de todas as idades vêm aderindo à prática de várias modalidades de exercícios físicos com objetivos variados, desde a melhoria do condicionamento físico como a busca pela forma física. Oliveira, Torres e Vieira (2008) levantaram os principais motivos que levam as pessoas a praticarem atividade física. São eles: • qualidade de vida; • recuperação e/ou manutenção da saúde; • prática regular de exercícios físicos; • estética; • ganho e definição de massa muscular; • perda de peso • relações interpessoais; • treinamento para competições (amadoras e profissionais). Nabholz (2007) salienta que a nutrição é o alicerce para o desempenho físico, uma vez que proporciona o combustível para o trabalho biológico e as substâncias químicas para extrair e utilizar a energia potencial dos alimentos. A nutrição esportiva tem como objetivo, entre outros, dar suporte nutricional necessário para que praticantes de atividade física e atletas desempenhem o máximo do seu potencial tanto emtreinamentos como em competições, de forma a amenizar os efeitos negativos do excesso de exercício físico sobre o organismo humano. Alguns estudos têm mostrado que no ambiente de academia e entre esportistas (e não entre os atletas), o consumo de suplementos sem orientação de nutricionista é frequente (OLIVEIRA; TORRES; VIEIRA, 2008; HALLAK; FABRINI; PELUZIO, 2007). Considerando tanto a importância da adequada alimentação e nutrição e o papel do nutricionista nessa área de atuação, entende-se esta com potencial grande de trabalho para o nutricionista. 5.5 Nutrição em saúde coletiva: áreas de atuação e atribuições A área de nutrição em saúde coletiva é voltada para a assistência e educação nutricional individual e coletiva. Segundo o CFN (2018c), compete ao nutricionista nesta área organizar, coordenar, supervisionar e avaliar os serviços de nutrição,; prestar assistência dietoterápica e promover a educação alimentar e nutricional a 107 INTRODUÇÃO À NUTRIÇÃO coletividades ou indivíduos, sadios ou enfermos, em instituições públicas ou privadas, e em consultório de nutrição e dietética,; atuar no controle de qualidade de gêneros e produtos alimentícios,; participar de inspeções sanitárias. Ela engloba três subáreas e seus respectivos segmentos, conforme quadro a seguir: Quadro 12 – Lista das subáreas e respectivos segmentos, da área de nutrição em saúde coletiva Políticas e programas institucionais Gestão de políticas e programas Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (PNSAN) Rede socioassistencial Alimentação e nutrição no ambiente escolar Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT) Atenção básica em saúde Gestão das ações de alimentação e nutrição Cuidado nutricional Vigilância em saúde Gestão da vigilância em saúde Vigilância sanitária Vigilância epidemiológica Fiscalização do exercício profissional Adaptado de: CFN (2018c). Três dos segmentos dessa área apresentam subsegmentos, detalhando a área de atuação, conforme quadros a seguir: Quadro 13 – Lista de subsegmentos da Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (PNSAN) • Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Sisan): Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), Bolsa-Família, entre outros. • Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Sisan): Banco de Alimentos (públicos, privados e fudacionais). • Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Sisan): Restaurantes Populares, Cozinhas Comunitárias e outros equipamentos de segurança alimentar. • Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Sisan): Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável de Povos e Comunidades Tradicionais, entre outros. • Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Sisan): Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade no Sistema Prisional (PNAISP) no âmbito do SUS. 108 Unidade II Quadro 14 – Lista de subsegmentos das áreas de alimentação e nutrição no ambiente escolar e Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT) Alimentação e Nutrição no Ambiente Escolar • Política Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) • Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT) • Empresas fornecedoras de alimentação coletiva: produção de refeições (autogestão ou concessão). • Empresas prestadoras de serviços de alimentação coletiva: refeição-convênio. • Empresas fornecedoras de alimentação coletiva: cestas de alimentos. Adaptado de: CFN (2018c). Trabalharemos a seguir as atividades/atribuições do nutricionista nos principais segmentos, segundo a Resolução nº 600/2018 (2018c). 5.6 Políticas e programas institucionais A atuação nessa área de competência do nutricionista é muito importante, pois muitas das diretrizes de atuação são elaboradas por políticas públicas. Essas políticas são elaboradas no que diz respeito a governo, seja municipal, estadual ou federal. A atuação nessas esferas é importante, pois é o nutricionista que deve estar à frente das diretrizes das políticas de alimentação e nutrição, e não outro profissional. No segmento de Gestão de Políticas Públicas, podemos ver a atuação do nutricionista diretamente com a população, na seguinte atribuição: • Desenvolver ações de alimentação e nutrição, conforme diretrizes das políticas e programas institucionais públicas e privadas e normas e legislações vigentes. Mas quando se trata de políticas e programas, o nutricionista está envolvido no desenvolvimento delas, desde • propor, implantar e coordenar as atividades relacionas à gestão de políticas e programas de alimentação e nutrição; até: • coordenar a elaboração, revisão, adaptação e padronização de procedimentos, processos e protocolos relativos à área de alimentação e nutrição, em consonância com as normas e diretrizes nacionais. Considerando a abrangência de uma política pública, o nutricionista deve: Dimensionar a estrutura de recursos para atender às metas de alimentação e nutrição estabelecidas assim como estabelecer parâmetros e procedimentos técnicos que orientem uniformemente e integrem as atividades de 109 INTRODUÇÃO À NUTRIÇÃO planejamento local, gestão, execução, avaliação e monitoramento das ações de alimentação e nutrição (CFN, 2018c). Ainda na questão da gestão de políticas, o nutricionista deve: Identificar situações em desacordo com os padrões estabelecidos em normas e legislação específica de atenção à saúde e segurança alimentar e nutricional, proporcionando ações orientadoras e corretivas, promovendo melhoria dos processos e redução de custos (CFN, 2018c). Considerando a questão política envolvida na elaboração de projetos ou diretrizes, o nutricionista deve “participar de fóruns de controle social, garantindo a agenda de interesse da entidade que representa, promovendo articulações, propondo estratégias e parcerias intersetoriais e interinstitucionais”, assim como “participando do fortalecimento dos meios de interlocução com o cidadão”, pois é o interesse do cidadão, em relação à saúde, alimentação e à nutrição, que guiam a atuação nessa área. Além dessas atribuições específicas, está previsto, conforme em áreas anteriores, a orientação e supervisão de estágio, realização de pesquisa e divulgação de resultados. 5.6.1 Políticas Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (PNSAN) Esse segmento surge nessa resolução de 2018. Na Resolução nº 380 de 2005, também sobre as áreas de atuação do nutricionista, ainda não estava descrito essa área de atuação, que ganhou força com a Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional (Lei nº 11.346) sancionada em 2006, após a data da publicação da resolução anterior. Apesar de a lei ser de 2006, o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea) existia no Brasil desde a década de 1990 e é uma discussão contínua e um avanço para a nutrição ter essa área de atuação na sua resolução para a atividade do nutricionista. Não é uma área de atuação exclusiva do nutricionista, pela sua complexidade e característica social, mas por se tratar de segurança alimentar e nutricional, não poderia deixar de ser uma atribuição desse profissional. Em se tratando do Sisan e da Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional (Losan), é importante entender o que é a Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) e sua abrangência. Segurança alimentar e nutricional consiste na realização do direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares promotoras de saúde que respeitem a diversidade cultural e que sejam ambiental, cultural, econômica e socialmente sustentáveis. (BRASIL, 2006) Fazem parte da abrangência de SAN: • a ampliação das condições de acesso aos alimentos por meio da produção, em especial da agricultura tradicional e familiar, do processamento, da industrialização, da comercialização, 110Unidade II incluindo os acordos internacionais, do abastecimento e da distribuição dos alimentos, abrangendo a água, bem como gerando emprego e redistribuição da renda; • a conservação da biodiversidade e a utilização sustentável dos recursos; • a promoção da saúde, da nutrição e da alimentação da população, incluindo-se grupos populacionais específicos e populações em situação de vulnerabilidade social; • a garantia da qualidade biológica, sanitária, nutricional e tecnológica dos alimentos, bem como seu aproveitamento, estimulando práticas alimentares e estilos de vida saudáveis que respeitem a diversidade étnica e racial e cultural da população; • a produção de conhecimento e o acesso à informação; • a implementação de políticas públicas e estratégias sustentáveis e participativas de produção, comercialização e consumo de alimentos, respeitando-se as múltiplas características culturais do país. O Sisan engloba a alguns programas de garantia de acesso à alimentação adequada, respondendo ao direito humano à alimentação adequada e saudável. Entre os programas em andamento, destacam-se o Programa de Aquisição de Alimentos e o Bolsa-Família. O nutricionista deve compor equipes multiprofissionais, intersetoriais e interdisciplinares de: • políticas; • programas; • cursos nos diversos níveis; • pesquisas; • eventos de qualquer natureza relacionados direta ou indiretamente com alimentação e nutrição. Nessas áreas, a atribuição do nutricionista segue o esquema representado pela figura a seguir. Supervisionar Implantar Coordenar Executar Planejar Avaliar PNSAN/ SISAN Figura 15 – Esquema das atribuições do nutricionista no âmbito da Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (PNSAN) e do Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Sisan) 111 INTRODUÇÃO À NUTRIÇÃO Também faz parte das atividades do nutricionista desenvolver ações de alimentação e de nutrição e implantar ações de educação alimentar e nutricional. Vale ressaltar que uma das principais características do Sisan é a intersetorialidade, pois engloba outros profissionais além do nutricionista. Mas essa intersetorialidade não se dá espontaneamente, por isso ela é uma das metas e diretrizes do PNSAN e, por isso, existe uma atividade descrita na Resolução nº 600, de 2018 (2018c), sobre essa questão: Promover articulação no âmbito intrassetorial, intersetorial e interinstitucional, visando à implantação da Pnan, políticas de Segurança Alimentar e Nutricional (SAN), de agroecologia e de outras políticas relacionadas à alimentação e nutrição. Algumas atividades obrigatórias ou complementares são comuns a várias áreas, subáreas e segmentos de atuação e também estão presentes nesse segmento, são elas: Quadro 15 Atividades obrigatórias ou complementares comuns a várias áreas, subáreas e segmentos de atuação do nutricionista • Elaborar relatórios técnicos de não conformidades e respectivas ações corretivas, impeditivas da boa prática profissional e que coloquem em risco a saúde humana, encaminhando-os ao superior hierárquico e às autoridades competentes, quando couber. • Participar de fóruns de controle social, garantindo agenda de interesse da entidade que representa, promovendo articulações e propondo estratégias e parcerias intersetoriais e interinstitucionais. • Contribuir no planejamento, implantação e análise de inquéritos e estudos epidemiológicos. • Participar e divulgar estudos e pesquisas na sua área de atuação, promovendo o intercâmbio técnico-científico. • Participar do planejamento e supervisão de estágios de graduação em Nutrição e de Nutrição e Dietética. • Participar da elaboração e revisão da legislação e códigos próprios da área. • Participar da elaboração do plano de trabalho anual visando ao planejamento orçamentário institucional. Fonte: CFN (2018c). 5.6.2 Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Sisan) – banco de alimentos (públicos, privados e fundacionais) Este subsegmento dá andamento às atividades do nutricionista no âmbito do Sisan. O banco de alimentos é um equipamento (público, privado ou fundacional) de abastecimento e Segurança Alimentar e Nutricional, que visa combater a fome e a insegurança alimentar por meio de arrecadação de doações de gêneros alimentícios que seriam desperdiçados ao longo da cadeia 112 Unidade II produtiva. Desta forma, tem como objetivo adquirir alimentos da agricultura familiar, arrecadar alimentos provenientes das indústrias alimentícias, redes varejistas e atacadistas que estão fora dos padrões de comercialização, mas sem restrições de caráter sanitário para o consumo. Esses alimentos são doados às entidades assistenciais, previamente cadastradas no programa, contribuindo assim no combate à fome e ao desperdício de alimentos (BRASIL, 2015). Dessa forma, as atividades do nutricionista nesse segmento, além das do quadro anterior, estão relacionadas à gestão do equipamento e dos alimentos recebidos: • coordenar as atividades de recebimento, seleção e armazenamento dos alimentos visando ao controle de qualidade; • supervisionar a destinação e a distribuição dos alimentos, conforme as especificidades das instituições; • promover ações de controle de desperdícios de insumos e ações de consumo sustentável; • elaborar e supervisionar a implantação do Manual de Boas Práticas e Procedimentos Operacionais Padronizados (POP); • realizar visitas técnicas às instituições assistidas; • avaliar a quantidade e a qualidade dos alimentos doados, visando atender à demanda das pessoas atendidas pelas instituições; • participar da seleção e do credenciamento das instituições assistenciais de destino dos alimentos; • orientar sobre técnicas de preparo dos alimentos; • orientar sobre educação alimentar e nutricional. A atuação do nutricionista está envolvida tanto na administração/gestão do banco de alimentos quanto no atendimento à população assistida pelo banco. Dessa forma, o acompanhamento dessas pessoas e a intervenção nutricional de orientação de preparação de alimentos e educação alimentar são fundamentais para atingir o objetivo de melhorar o estado nutricional das pessoas assistidas. Segundo o CFN, Educação Alimentar e Nutricional (EAN) é: Um campo de conhecimento e de prática contínua e permanente, transdisciplinar, intersetorial e multiprofissional que visa promover a prática autônoma e voluntária de hábitos alimentares saudáveis. No contexto que envolva indivíduos ou grupos com alguma doença ou agravo, as ações de EAN são responsabilidade de profissionais com conhecimento técnico e habilitados em EAN (CFN, 2018c). 113 INTRODUÇÃO À NUTRIÇÃO 5.6.3 Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Sisan) – Restaurantes populares e cozinhas comunitárias Os restaurantes populares são estruturas físicas com espaço adequado para produção e oferta de refeição, em municípios com mais de 100 mil habitantes, com capacidade de atendimento de mais de 1.000 indivíduos diariamente (BRASIL, [s.d.]a). Como integrante da estrutura operacional do Sisan, os restaurantes populares compõem o conjunto de equipamentos públicos de segurança alimentar e nutricional, que têm como princípio norteador a promoção do direito humano à alimentação adequada (BRASIL, [s.d.]a). Nesse segmento, por se tratar de produção e distribuição de alimentos, a atividade do nutricionista deve seguir as atividades descritas na área de Nutrição em Alimentação coletiva. 5.6.4 Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Sisan) – Política nacional de desenvolvimento sustentável de povos e comunidades tradicionais Neste subsegmento, as atividades do nutricionista são análogas às atividades em Gestão de Políticas Públicas, adequando-se à especificidade do segmento. 5.6.5 Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Sisan) – Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade no Sistema Prisional (PNAISP) no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS)Neste subsegmento, as atividades obrigatórias do nutricionista devem seguir as atividades da área de Nutrição e Alimentação Coletiva. 5.7 Rede Socioassistencial Nesse segmento, o nutricionista deve: • compor as equipes multiprofissionais no trabalho de acolhimento humanizado aos usuários; • planejar e executar ações de educação alimentar e nutricional para atender aos usuários; • prestar assistência nutricional aos usuários e familiares em risco de insegurança alimentar e nutricional. 6 ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO NO AMBIENTE ESCOLAR Nesse segmento, o nutricionista deve realizar as atividades descritas na resolução do CFN específica desse tema e vigente no momento. O PNAE é um dos programas de alimentação e nutrição mais antigos em território nacional e, segundo Chaves et al. (2013), com mais de 60 anos de existência. Só depois de quatro décadas da sua 114 Unidade II criação, o nutricionista foi apontado como o profissional responsável pela elaboração dos cardápios dos programas de alimentação escolar. De acordo com a Lei no 11.947/2009, o objetivo do PNAE é contribuir para o crescimento e o desenvolvimento biopsicossocial, a aprendizagem, o rendimento escolar e a formação de hábitos alimentares saudáveis dos alunos de toda a educação básica pública, por meio de ações de educação alimentar e nutricional e da oferta de refeições que cubram as suas necessidades nutricionais durante o período letivo. (BRASIL, 2009c) Para realizar todos esses objetivos do PNAE, Chaves et al. (2013) elencaram as atribuições obrigatórias do nutricionista, como segue: Quadro 16 – Atribuições obrigatórias do nutricionista no âmbito do PNAE, conforme Resolução nº 465, de 2010, do CFN I – Realizar o diagnóstico e o acompanhamento do estado nutricional dos escolares, calculando os parâmetros nutricionais para atendimento deles II – Estimular a identificação de indivíduos com necessidades nutricionais específicas III – Planejar, elaborar, acompanhar e avaliar o cardápio da alimentação escolar IV – Propor e realizar ações de educação alimentar e nutricional para a comunidade escolar V – Elaborar fichas técnicas das preparações que compõem o cardápio VI – Planejar, orientar e supervisionar as atividades de seleção, compra, armazenamento, produção e distribuição dos alimentos VII – Planejar, coordenar e supervisionar a aplicação de testes de aceitabilidade junto aos escolares VIII – Interagir com os agricultores familiares e empreendedores familiares rurais e suas organizações IX – Participar do processo de licitação e da compra direta da agricultura familiar para aquisição de gêneros alimentícios X – Orientar e supervisionar as atividades de higienização de ambientes, armazenamento de alimentos, veículos de transporte de alimentos, equipamentos e utensílios da instituição XI – Elaborar e implantar o manual de boas práticas para serviços de alimentação XII – Elaborar o plano anual de trabalho do PNAE XIII – Assessorar o CAE no que diz respeito à execução técnica do PNAE Fonte: Chaves et al. (2013). 6.1 Programa de Alimentação do Trabalhador/refeição‑convênio/cestas de alimentos Nesse subsegmento, o nutricionista deverá realizar as atividades descritas na área de Nutrição e Alimentação Coletiva, levando em consideração que a UAN institucional deve objetivar responder às demandas da política pública. 115 INTRODUÇÃO À NUTRIÇÃO 6.2 Atenção básica em saúde A subárea de Atenção básica em saúde, na atuação do nutricionista, é dividida nos segmentos de gestão das ações de alimentação e nutrição e no cuidado nutricional. No âmbito da Gestão das ações de alimentação e nutrição, as atividades são extensas e englobam as responsabilidades do SUS. Entre as atividades obrigatórias temos: • Planejar e coordenar as ações de alimentação e nutrição no âmbito do SUS. • Participar da elaboração da Programação Anual de Saúde (PAS), do monitoramento, avaliação e divulgação dos resultados. • Estabelecer parâmetros e procedimentos técnicos que orientem uniformemente e integrem as atividades de planejamento local, gestão, execução, avaliação e monitoramento das ações de alimentação e nutrição. • Coordenar e avaliar a implantação do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan). Entre as atividades complementares, temos: • Participar da revisão e execução da política nacional de alimentação e nutrição nos entes federados, quando couber. • Monitorar e avaliar o alcance das metas e indicadores de alimentação e nutrição. • Definir mecanismos para melhor acolhimento dos usuários e para humanização do cuidado nutricional. No caso do segmento de cuidado nutricional, as atividades obrigatórias e complementares seguem basicamente as atividades de nutrição clínica, levando em consideração que o atendimento do usuário do SUS se dá dentro dos equipamentos do SUS e, dessa forma, deve responder aos protocolos estabelecidos pela Política Nacional de Alimentação e Nutrição e Política Nacional de Saúde. Segundo Cervato-Mancuso et al. (2012), um dos objetivos da criação do SUS foi modificar a assistência desigual à saúde da população. Sua criação torna obrigatório o atendimento público e gratuito a qualquer cidadão e requer estratégias para implantação de ações na área da saúde. É oportuno salientar que na Lei nº 8.080/1990 (BRASIL, 1990), que estabelece o SUS, a alimentação é colocada como o primeiro de outros determinantes e condicionantes da saúde. Dessa forma, o papel do nutricionista já é colocado como fundamental no cuidado da saúde das pessoas. 116 Unidade II Saiba mais Leia integralmente a Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Brasília, 1990. Disponível em: <http://conselho.saude.gov.br/legislacao/lei8080_190990. htm>. Acesso em: 3 abr. 2019. Dessa forma, a atenção básica no SUS, no que tange o atendimento à população, é um dos pilares mais importantes do sistema, inclusive porque é a porta de entrada do cidadão para o cuidado de sua saúde. Cervato-Mancuso et al. (2012) considera que a atenção básica pode, por meio de suas ações, resolver grande parte dos problemas e necessidades de saúde da população. A Estratégia Saúde da Família (ESF), que pertence à atenção básica, é o local de desenvolvimento de ações de promoção e proteção do indivíduo, da família e da comunidade, na unidade de saúde. Considerando então a importância da alimentação no cuidado à saúde, e a atenção básica como o atendimento primeiro de prevenção e promoção de saúde, entende-se a necessidade de o nutricionista compor as equipes de saúde, pois sem esse profissional pode acontecer uma execução superficial das ações relacionadas à alimentação e à nutrição, área que é fundamental para a promoção de saúde. Segundo Coutinho, Gentil e Toral (2008), promoção da alimentação saudável implica o desenvolvimento de mecanismos que apoiem os sujeitos a adotar modos de vida saudável, revendo hábitos alimentares considerados pouco saudáveis, num contexto em que a globalização e a urbanização caracterizam-se como movimentos incessantes e contínuos, altamente dificultadores do estabelecimento de práticas alimentares saudáveis, e que impactam interesses econômicos contrários à saúde pública. O estudo de Cervato-Mancuso et al. (2012) comparou a atividade do nutricionista em atenção básica, no Núcleo de Apoio à Saúde da Família (Nasf) e em Unidade Básica de Saúde (UBS) na cidade de São Paulo e identificou as atividades descritas nas imagens a seguir: Antropometria e elaboração de dietas Visita domiciliar Atividades administrativas Reuniões Atividades de orientação Grupos Atendimento individual 4,2% 1,2% 12,6% 0,2% 3,7% 14,7% 63,3% Figura 16 – Relação das atividades desenvolvidas pelos nutricionistas entrevistados das
Compartilhar