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AVALIAÇÃO DE PSICOLOGIA JURÍDICA
RESENHA DO FILME “O DRAGÃO VERMELHO”
APRESENTAÇÃO
O filme “Dragão Vermelho” é uma produção cinematográfica norte americana lançada em 2002. Faz parte de uma sequência de filmes composta por “O silêncio dos inocentes” (1991), “Hannibal” (2001), e “Hannibal – A origem do mal” (2007), os quais contam a história de um médico psiquiatra (Dr. Hannibal Lecter), que assassinava suas vítimas e usava partes dos corpos de suas vítimas para fazer receitas de culinária. São temas abordados no filme a psicopatia, crime e transtorno mental (a esquizofrenia paranóide que, como se demonstrará adiante, aflige o personagem central, analisado).
1. SINOPSE
No filme escolhido para análise, Will Graham (Edward Norton) é um agente do FBI que por pouco não foi morto por Hannibal Lecter (Anthony Hopkins) quando tentava capturá-lo. Com Lecter já preso, Graham é obrigado a usar o psicopata como consultor para obter maiores informações sobre Francis Dolarhyde (Ralph Fiennes), um serial killer que tem deixado a cidade em pânico. Mas o que Graham não sabe é que ao mesmo tempo em que Lecter o auxilia em sua investigação também repassa ao próprio Dolarhyde informações sobre a família do policial que o persegue.
2. BREVE ELABORAÇÃO TEÓRICA DOS TEMAS ABORDADOS NO FILME
Conforme exposto no tópico referente à apresentação do filme, na produção são abordados temas como a psicopatia, o crime e transtorno mental. 
Para o douto pesquisador, pioneiro no campo da psicopatia, Dr. Clerkley, 1988 apud Henriques, 2009, pág. 289, a psicopatia é uma forma de doença mental, porém, sem os típicos sintomas das psicoses, o que conferiria ao psicopata uma aparência de normalidade; seria definida como um déficit na compreensão dos sentimentos humanos em profundidade, embora no nível comportamental o indivíduo aparentasse compreendê-los. Ou seja, o ilustre autor define a psicopatia (em sentido estrito) como um transtorno mental no qual o indivíduo, embora externamente demonstre sentimentos, não os sente verdadeiramente. 
Segundo o autor, são 16 (dezesseis) as características que nos permitem identificar se um paciente é ou não psicopata. São eles: 
1. Aparência sedutora e boa inteligência; 2. Ausência de delírios e de outras alterações patológicas do pensamento; 3. Ausência de “nervosidade” ou manifestações psiconeuróticas; 4. Não confiabilidade; 5. Desprezo para com a verdade e insinceridade; 6. Falta de remorso ou culpa 7. Conduta antissocial não motivada pelas contingências; 8. Julgamento pobre e falha em aprender através da experiência; 9. Egocentrismo patológico e incapacidade para amar; 10. Pobreza geral na maioria das reações afetivas; 11. Perda específica de insight (compreensão interna); 12. Não reatividade afetiva nas relações interpessoais em geral; 13. Comportamento extravagante e inconveniente, algumas vezes sob a ação de bebidas, outras não; 14. Suicídio raramente praticado; 15. Vida sexual impessoal, trivial e mal integrada; 16. Falha em seguir qualquer plano de vida.
O desprezo dos sentimentos humanos, por parte do portador da psicopatia, por vezes o conduz a comportamentos violentos tipificados como crimes nas legislações. Para entender se determinada ação perpetrada por um indivíduo (em sua generalidade, e não somente se referindo aos portadores de transtornos psíquicos), deve-se observar o conceito, para o Direito, do termo crime. Também é importante seu balizamento neste trabalho, posto que é tema recorrente no filme.
O Crime, na legislação brasileira, segundo o Dec. Lei nº 3914/41, possui a seguinte definição: 
“Art. 1º: Considera-se crime a infração penal que a lei comina pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa; contravenção, a infração penal a que a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas. alternativa ou cumulativamente.” 
A lei de introdução limitou-se a destacar apenas as características que distinguem as infrações penais consideradas crimes daquelas que constituem contravenções penais, as quais, como se percebe, restringem-se à natureza da pena de prisão aplicável. É na doutrina que encontramos os elementos estruturais do conceito analítico de crime, quais sejam, segundo o eminente doutrinador Cezar Roberto Bittencourt (2009): a tipicidade, a antijuridicidade e a culpabilidade.
Sobre tipicidade, é relevante comentar: é típico o caso concreto que amolda-se perfeitamente à conduta tida como proibida pelo ordenamento jurídico. Uma conduta é tida como antijurídica quando viola por completo preceito legal, não havendo qualquer exceção prevista na Lei. Por fim é culpável a conduta que, voluntariamente praticada, é reprovável moralmente. 
Por fim, temos de destacar o distúrbio mental da esquizofrenia, tema também discutido no filme, como veremos oportunamente. O conceito de Esquizofrenia não se encontra delimitado. Entretanto, para efeitos deste trabalho, colacionamos o conceito de Schneider, e seus “sintomas de 1ª ordem” (SPO). Schneider, 1948 apud Elkis, 2000, pág. 24, traz como sintomas da Esquizofrenia: ouvir os próprios pensamentos soando alto (sonorização do pensamento); escutar vozes sob a forma de argumento e contra-argumento; escutar, com comentários, vozes que acompanham as próprias atividades; ter vivências de influência corporal; ter roubo do pensamento e outras formas de influência do pensamento; sentir tudo como sendo feito ou influenciado pelos outros no campo dos sentimentos, pulsões e vontade; e ter percepção delirante. 
O eminente doutor Helio Elkis, no seu artigo: “A evolução do conceito de esquizofrenia neste século”, vai além, pois cita estudo realizado na década de 70, no qual se constatou que os psicanalistas estadunidenses diagnosticavam a esquizofrenia de um forma mais ampla, incluindo em seu conceito sintomas como transtorno de personalidade e de humor.
Feita esta rápida explanação conceitual, partiremos para a análise do filme em si, empregado o exposto neste tópico.
 
3. ANÁLISE CRÍTICA
Nesta resenha, analisaremos o personagem Francis Dolarhyde, o suposto serial killer perseguido pelo FBI. O filme, em primeiro olhar, nos induz a pensar o personagem analisado como um indivíduo com fortes evidências de psicopatia, semelhante ao Dr. Hannibal Lecter, o qual é exaltado e admirado por aquele.
Durante o filme, o personagem comete 04 (quatro) assassinatos: os dois primeiros possuem características semelhantes, tendo como vítimas duas famílias aparentemente estáveis e felizes, o que denotaria um padrão; contudo, o modo e os motivos que o leva a praticar os dois assassinatos subsequentes demonstram a impossibilidade de se considerá-lo enquanto portador de psicopatia, e sim esquizofrênico.
De acordo com os conceitos de psicopatia e esquizofrenia já expostos, resta cristalino que o personagem aqui analisado possui todos os elementos necessários para a configuração de um quadro de esquizofrenia senão vejamos: 
Dolarhyde auto se-intitula como o “Dragão Vermelho”; esta alegoria seria sua segunda personalidade, bem como o guia de suas ações. Na Teoria Psicanalística, seria o “Dragão Vermelho” a materialização do id do personagem. Percebe-se, ao longo do filme, um temor, aliado à admiração ante o poder exercido pela alegoria, posto que esta representa a vazão dos desejos reprimidos desde a infância do analisado. É o fenômeno da projeção. Neste processo, também se constata o fenômeno da introjeção de suas características nas vítimas, uma vez que estas representam o padrão que o assassino queria para si. 
O quadro de esquizofrenia fica ainda mais evidente quando se constata que “Dragão Vermelho” por vezes “conversava” com Dolarhyde, bem como a percepção delirante de uma suposta evolução; este também tinha episódios de alucinação frequentes, nas quais se recordava do passado, em especial da forma como fora inferiorizado por sua avó. 
Diferente do Dr. Hannibal Lecter, o qual agia friamente, calculadamente e sem remorso (ou seja, sendo um caso evidente de psicopatia), Dolarhyde demonstrouser capaz de sentir emoções, e não meramente compreendê-las ao se apaixonar por uma colega de trabalho deficiente visual. A partir do envolvimento com a referida personagem, Dolarhyde viu-se em conflito com o “Dragão Vermelho”, o que o fez inclusive enfrentá-lo, momento em que se vislumbra a existência da capacidade de possuir sentimentos humanos e agir em conformidade com estes, capacidade ausente em um portador de psicopatia.
Por todo o exposto, entendemos durante a análise do filme, que este trata não apenas da psicopatia, mas também da esquizofrenia.
 
4-CONSIDERAÇÕES FINAIS
A analise deste filme, pautada nos conceitos definidos pela psicologia, nos permitiu diagnosticar como se manifestam dois transtornos mentais, bem como suas características de identificação. Tanto a psicopatia quanto a esquizofrenia estão presentes no Direito, sobretudo no âmbito penal, pois não raro agentes de condutas delituosas possuem quadros destes distúrbios. Sendo o Direito uma ferramenta para aplicação da justiça, frequentemente seus operadores são postos diante de situações cuja solução exige conhecimentos além do que é ofertado pelas Academias de Direito. Nem sempre se resolverão as lides simplesmente através da ciência pura do Direito, mas do estudo interdisciplinar daqueles que compõem a demanda. Neste sentido, é salutar que o profissional do Direito domine conhecimentos que o permitam analisar casos envolvendo portadores de distúrbios mentais levando-se em consideração esta característica especial.
Incidentalmente, esta resenha nos mostra que, atualmente, o sistema jurídico brasileiro não possui estrutura para acolher esta demanda, a qual necessita de atenção e tratamento diferenciado, tanto por parte do Estado quanto por parte dos juristas. 
5-BIBLIOGRAFIA
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal. Vol.1. São Paulo: Saraiva, 2009.
ELKIS, HÉLIO. A evolução do conceito de esquizofrenia neste século. Revista Brasileira de Psiquiatria, São Paulo, 22 (Supl I), p. 23-26, 2000. Em : http://www.scielo.br/pdf/rbp/v22s1/a09v22s1.pdf acesso em 27 de junho de 2012 . 
HENRIQUES, ROGÉRIO PAES. De H. Cleckley ao DSM-IV-TR: a evolução do conceito de psicopatia rumo à medicalização da delinquência. Revista Latinoamericana de Psicopatia Fundamental, São Paulo, v. 12, n. 2, p. 285-302, 2009. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rlpf/v12n2/v12n2a04.pdf acessado dia 27 de junho de 2012.

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