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No que tange às concepções de organização e gestão escolar


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No que tange às concepções de organização e gestão escolar, o texto apresenta duas visões distintas entre si: uma de cunho científico-racional e outra de cunho sócio-político. Este concebe a organização escolar como um processo formado por pessoas para pessoas. É um processo de vivência social que dentro da pedagogia da afetividade une os corações dos pais aos filhos, dos filhos aos pais, da comunidade a escola e da escola a comunidade. Já aquele é racionalista, tecnocrata, voltado para a neutralidade como se a escola não fosse feita de pessoas com histórias de vida próprias construídas em contextos diferenciados. Nesse processo não há espaço para educar as emoções, apenas a intelectualidade basta.
O autor reuniu diversos fragmentos dos estudos já desenvolvidos no Brasil que abordam a temática em epigrafe para traduzir as três concepções de organização e gestão: a técnico-cientifica (ou funcinonalista), a autogestionária e a democrático-participativa.
A primeira preocupa-se apenas com questões hierárquicas por objetivar a racionalizar a operação. Seu foco maior está na eficácia e eficiência da atividade e utiliza na escola os mesmos métodos e princípios da administração em outras empresas. Esta é uma visão que não respeita as pessoas envolvidas no processo.
É uma concepção típica do fordismo, onde o importante é sempre a produção, nunca as pessoas que produzem. A visão é antidemocrática visto que não oportuniza o diálogo de ideias, a diversidade de opiniões, a pluralidade de conceitos. As decisões são verticalizadas e centralizadas em uma única pessoa. O diretor é quem manda e os demais obedecem alienadamente.
A segunda, autogestionária, como o próprio nome já sinaliza, é uma concepção onde todos são lideres de si mesmos. Cada um promove a sua auto-gestão. Tudo é responsabilidade de todos. Não há uma figura que centraliza o poder e a tomada de decisões. Todos participam igualmente de todo o processo. A hierarquização não tem espaço dentro da concepção autogestionária.
O texto aponta que a autogestão mantem o foco nas relações interpessoas e não na realização das tarefas. Além disso, busca fortalecer os vínculos entre as pessoas afim de promover uma auto-organização. Entende-se nessa concepção que se as parte forem se auto-organizando e promovendo reflexão-ação-reflexão o todo (a escola) sai ganhando visto que haverá recusa de sistemas controladores e valorização da responsabilidade coletiva.
A última concepção apresentada no texto é a democrática-participativa. Esta maneira de organizar o trabalho pedagógico não nega a hierarquia nem deixa tudo na responsabilidade de todos. Seu objetivo está em criar e manter relações orgânicas dentro do processo. Construir ecossistemas comunicativos entre a gestão escolar e os demais sujeitos. Defende a coletividade e a gestão compartilhada. Todos se unem em torno de um só propósito. Todos possuem saberes e competências necessários ao exercício da função, mas nada acontece de maneira individualizada.
Avançando em sua discussão, o autor mostra qual é a estrutura organizacional, que pode variar de acordo com o regimento escolar de cada unidade e/ou de acordo com as legislação especifica de cada município, de uma escola. Ao utilizar o esquema de organograma, ele mostra que a escola basicamente é formada por um setor técnico administrativo (secretaria escolar, serviços de limpeza, vigilância, zeladoria, biblioteca, laboratório videoteca etc); Conselho de Escola (com funções deliberativas, consultivas e fiscais); Direção (que envolve assistente de direção ou coordenação pedagógica); Professores e Alunos; Associação de Pais e Comunidade e Setor Pedagógico, que envolve Conselho de classe e coordenação.
Para garantir o bom funcionamento dessa estrutura organizacional é preciso prezar pelos elementos constitutivos do sistema . Entre eles estão Planejamento (explicitação dos objetivos e antecipação das decisões); Organização (racionalização dos recursos); Direção/Coordenação (esforço coletivo de todo o pessoal); Formação continuada (aperfeiçoamento permanente) e Avaliação (comprovação do funcionamento do projeto).
Apesar de toda essa lucidez trazida por Libâneo, o que se observa na prática cotidiana da estrutura organizacional burocratizada o sistema está moldado dentro de uma concepção de participação gerencial, neoliberal que não permite uma participação efetiva dos sujeitos da comunidade escolar. Por isso, o pedagogo deve ter um olhar crítico dos processos e mecanismos de participação, para que nossa prática não sirva apenas para legitimar uma participação liberal, a serviço do fortalecimento dos princípios neoliberais. É preciso promover um ambiente participativo que propicie a análise crítica coletiva da situação educacional escolar, bem como dos programas e projetos propostos por governos.