Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Elza Lima de Souza Mansano Elza Lim a d e So u za M an san o Gestão de Recursos Escolares G estão de R ecursos de E scolares Supervisão, Inspeção e O rientação Educacional Gestão de Recursos Escolares Elza Lima de Souza Mansano Editora 1ª Ed. / Setembro / 2012 Impressão em São Paulo - SP Gestão de Recursos Escolares Projeto Gráfico e Capa Jacqueline Cruz Diagramação Priscila Wu Temer Direção de Criação Leandro Lousada Revisão Ortográfica Vanessa Almeida Coordenadora Pedagógica de Cursos EaD Profª. Me. Maria Rita Trombini Garcia Coordenação Geral Nelson Boni Professora Responsável Elza Lima de Souza Mansano 1º Edição: Setembro de 2012 Impressão em São Paulo/SP Copyright © EaD Know How 2012 Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição. M286g Mansano, Elza Lima de Souza. Gestão de recursos escolares. / Elza Lima de Souza Mansano. – São Paulo : Know How, 2010. 16 p. : 21 cm. : il. Inclui bibliografia 1. Educação. 2. Gestão escolar. 3. Estratégias de gestão escolar. 4. Gestão escolar no Brasil. I. Título. CDD – 371.2 Catalogação elaborada por Glaucy dos Santos Silva - CRB8/6353 Sumário Cronograma De Estudos Carta Do Professor UNIDADE 01 - Breve Panorama da Gestão Democrática da Escola no Brasil UNIDADE 02 - A escola eficaz UNIDADE 03 - Estratégias de articu- lação na escola: gestão pedagógica UNIDADE 04 - Estratégias de articu- lação na escola: gestão de pessoas UNIDADE 05 - Estratégias de articu- lação na escola: gestão administrativa 11 12 13 43 79 107 127 UNIDADE 06 - Estratégias de articu- lação na escola: gestão financeira 143 REFERÊNCIAS 163 Apresentação 9 Apresentação 9 “Aprender é descobrir aquilo que já se sabe. Fazer é demonstrar que você o sabe. Ensinar é lembrar aos outros que eles sabem tanto quanto você. Somos todos aprendizes, fazedores, professores. Você ensina melhor o que mais precisa aprender.” (Richard Bach) Parabéns! É uma grande satisfação poder disponibilizar o livro-texto da disciplina GESTÃO DE RECURSOS ESCOLARES, constru- ído especialmente para este curso, baseado no seu perfil e nas neces- sidades da sua formação. A finalidade deste material é disponibilizar aos alunos da EAD conceitos, fundamentos, reflexões e exercícios referentes aos principais temas referentes à Educação. Você terá a oportunidade de apropriar-se do conhecimento referente às questões ligadas à GESTÃO DE RECURSOS ESCO- LARES, onde serão abordadas as seguintes Unidades de Ensino: Breve Panorama da Gestão Democrática da Escola no Brasil; A es- cola eficaz; Estratégias de articulação na escola: gestão pedagógica; Estratégias de articulação na escola: gestão de pessoas; Estratégias de articulação na escola: gestão administrativa e Estratégias de arti- culação na escola: gestão financeira. Adotou-se uma abordagem pautada na contribuição teórica de diversos estudiosos da área, sem, contudo deixar de fazer uma ar- ticulação com a realidade prática. Uma vez que a teoria se constrói mediante a explicação de uma prática existente. A cada Unidade, o desafio, enquanto estratégia de ensino eficaz estará presente. Serão realizadas atividades que terão o pro- pósito de aproximarem a teoria abordada às situações do dia a dia da instituição escolar. ApresentAção 10 Estamos constantemente atualizando e aperfeiçoando este material, e você pode nos auxiliar, encaminhando sugestões e apon- tando melhorias, via monitor, tutor ou professor. Desde já, agrade- cemos a sua colaboração. Torna-se necessário lembrar que a sua passagem por esta disciplina será também acompanhada pelo Sistema de Ensino EaD Know How, seja por correio postal, fax, telefone, e-mail ou Am- biente Virtual de Aprendizagem. Recomenda-se que entre sempre em contato conosco quan- do surgir alguma dúvida ou dificuldade. Participe dos bate-papos (chats) marcados e envie suas dúvidas pelo Tira-Dúvidas. Toda equipe estará à sua disposição para atendê-lo (a). Seu desen- volvimento intelectual e profissional passará a ser o nosso maior objetivo e ideal a ser alcançado. Acredite no seu sucesso, assuma uma postura de dedicação e empenho, seja persistente na busca pelo seu aperfeiçoamento pes- soal e profissional e tenha bons momentos de estudo! Equipe EaD Know How 11 CArtA Do professor Caro(a) Aluno(a), Foi com imensa alegria que, ao elaborar este material, es- tabeleci uma série de reflexões, as quais foram decorrentes e in- fluenciadas pela minha trajetória profissional construída ao longo de mais de três décadas dedicadas à educação. Desde o momento do levantamento bibliográfico, necessá- rio à construção de toda obra nos mostra quão é importante a tarefa de educar, de instrumentalizar os profissionais que se entregam à educação, até a finalização da mesma, as reflexões acompanharam- me, servindo de balizamento aos conhecimentos teóricos aqui apre- sentados. Considerando que a meta de todo o esforço empenhado é a aprendizagem, gostaríamos que a motivação e a sensação de se sentir desafiado (a) a construir novos conhecimentos e a solidificar os já existentes estivessem, diuturnamente, presentes em sua vida, como resposta decorrente. Os conhecimentos acumulados social e culturalmente es- tão organizados de forma didática, a fim de favorecer a construção do conhecimento. Pautaram-se em trabalhos, pesquisas e estudos de autores que se destacaram na área de Gestão Escolar, num enfoque democrático-participativo. A caminhada será prazerosa. Um forte abraço. Breve Panorama da Gestão Democrática da Educação no Brasil 1 15 Caro (a) Aluno(a), Nesta Unidade, estudaremos um breve panorama da Gestão Democrática da Escola no Brasil. Você poderá compreender como se deu a trajetória da Gestão Democrática na Escola em nosso país, o que a legislação educacional previu sobre o assunto e quais os atribu- tos básicos necessários à adoção deste emergente paradigma. Bom Estudo! 16 Ao final desta unidade, você deverá ser capaz de: Identificar a trajetória da gestão democrática da escola no Brasil; Conceituar gestão democrática; Identificar os atributos que levam a gestão democrática no país a avançar, rumo ao novo paradigma. objetivos DA UniDADe ConteúDos DA UniDADe A gestão democrática da escola no Brasil; Atributos que levam a gestão democrática no país a avançar, rumo ao novo paradigma. Desenvolvimento DA UniDADe 1.1 sonDAGem A fim de iniciarmos os estudos referentes à Disciplina GESTÃO DE RECURSOS ESCOLARES, necessário se faz escla- recermos qual a concepção de gestão que estaremos nos referindo daqui para frente. Uma vez que há uma série de concepções acerca deste tema, torna-se producente conhecermos qual a concepção de gestão escolar aceita por você, aluno (a). Reflita sobre isto e escre- va-a neste espaço: 17 1.2. refleXÕes preliminAres Aluno (a), ao ler os questionamentos a seguir, registre em seu caderno as suas respostas. Ao ler ou ouvir a palavra gestão, quais ideias lhe vêm à mente? ● Ato ou efeito de administrar? ● Implica na liderança do processo de planejamento, exe- cução e avaliação, visando à eficácia da organização? ● Comando que exerce a autoridade máxima no interior da instituição? Ao ler ou ouvir a palavra gestão democrática da escola, quais ideias lhe vêm à mente? 18 ● Sistema hierárquico que pretensamente coloca todo o poder nas mãos do diretor escolar, onde algumas vezes se permite consultar a comunidade escolar para tomar deci- sões menos relevantes? ● Conjunto de intervenções, mudanças e processos com certo grau de intencionalidade e sistematização com vistasa modificar políticas, atitudes, ideias, culturas, conteúdos e modelos organizacionais? ● Forma de gerir a escola, tendo como referenciais máxi- mos: a autonomia, a democratização das decisões e a par- ticipação, enquanto fundamento da concepção democráti- co-participativa de gestão escolar, razão de ser do projeto pedagógico? Torna-se importante considerarmos tais reflexões básicas para que se possa chegar às aproximações aos termos antes de dis- cuti-los à luz da perspectiva adotada na Disciplina GESTÃO DE RECURSOS ESCOLARES, haja vista que elas trazem em seu bojo componentes edificados culturalmente, resultantes do senso comum e componentes resultantes de teorias antes estudadas, decorrentes do conhecimento científico. 1.3. trAjetÓriA pelA DemoCrAtiZAção DA Gestão esCo- lAr e pelA eDUCAção públiCA De QUAliDADe Somente a partir da última década do século XX, fortale- ceu-se a tendência mundial que dava ênfase à formulação de pro- postas para o desenvolvimento da gestão educacional, em especial, no âmbito da educação básica.1 Apelos recorrentes que cobravam eficiência e eficácia do sis- tema educacional e, em particular, da escola tornam-se lugar-comum. 1 . Engloba a educação infantil, ensino fundamental e médio, conforme prescreve o inciso I do Art. 21 da LDB. 19 As instituições escolares oficiais foram forçadas a se organi- zarem na linha de ‘autogestão’. Novos caminhos organizacionais pas- saram a ser imperiosos nessa empreitada. Ampliam-se as propostas de avaliação de desempenho escolar, dentre outras demandas. Conforme preceituam OLIVEIRA et alii (2004, p.21), “esta nova visão sinaliza o estabelecimento de uma nova cultura escolar ancorada pelo tripé composto por estratégias de descentrali- zação, autonomia e liderança no âmbito escolar. Portanto, entende- se que a gestão seja a estratégia mais genuína para a garantia das mudanças anunciadas.” Ainda transitando pela história, destaca-se que as jornadas em defesa da escola pública de qualidade no nosso país foram in- tensificadas. Pode-se constatar que nos últimos cinquenta anos os setores progressistas da sociedade assumiram diferentes conotações no processo de democratização da escola. SOARES (s/d) destaca quatro grandes momentos desse processo: [...] O primeiro corresponde ao período anterior ao Estado Novo (1930-1937), tendo como centro o debate entre in- telectuais neoliberais e católicos; o segundo, no período democrático-populista (1945-1964), quando ressurge o con- flito entre neoliberais e católicos. O terceiro ocorre durante a Ditadura Militar, quando os privatistas e os publicistas se polarizaram. O quarto momento registra-se a partir da déca- da de 1990, durante a restauração democrática, com a reto- mada do debate sobre a universalização da escola. Os traços predominantes do autoritarismo, seja em épocas coloniais, em regime escravocrata, na fragilidade da República dos Marechais, no populismo ou na ditadura militar, forjaram heranças 20 muito fortes na democracia conquistada a duras penas pela socie- dade brasileira. O aperfeiçoamento de relações de poder democrati- zadas e com respeito à cidadania do povo disputa espaço dia a dia, com as conservadoras políticas de fisiologismo e coronelismo ainda existentes no Brasil (MELLO, 2004, p.243). Resquícios da cultura do autoritarismo se embrenham na prática de se exercer, com certa plenitude (pelo menos relativa) a gestão democrática da educação escolar. Por este e outros motivos, somente por volta dos anos setenta (final) e oitenta (início), foi incorporada a gestão democrática da escola à pauta em defesa da escola pública, que abarcasse os critérios: ser de qualidade e gratuita. Cabe ressaltar que o movimento em prol da escola pública de qualidade não se limitou ao Brasil, pelo contrário, extrapolou o espaço territorial do nosso país, avançando com propriedade e certa rapidez. Digna de nota foi a participação do Brasil, nessa mesma dé- cada, no mês de março, em Jomtien, na Tailândia, na Conferência de Educação para Todos, que culminou com a assinatura da Declaração Mundial sobre Educação para Todos (1990) e a Declaração de Salamanca (1994), os quais passaram a influenciar a formulação das políticas públicas, agora com o matiz numa perspectiva da educação inclusiva, uma vez que o Brasil fora signatário de tais eventos. Em con- sequência de tais adesões, o país passou a assumir responsabilidades para se moldar às exigências dos termos das Declarações citadas. A Conferência de Educação para Todos que teve como co- patrocinadores: UNESCO, UNICEF e o Banco Mundial, inaugurou a política, patrocinada por esse banco, de priorização sistemática de ensino fundamental, em detrimento dos demais níveis de ensino, e em defesa da relativização do dever do Estado com a educação, tendo por base o postulado de que a tarefa de assegurar a educação é de todos os setores da sociedade.(...) Esta Declaração estabelecia como meta 21 principal a universalização, nos países signatários, do acesso à edu- cação básica a todas as crianças, jovens e adultos, assegurando-se a equidade na distribuição dos recursos e um padrão mínimo de qualidade (Brasil, 1994). O desdobramento desse processo previa a elaboração, pe- los mesmos países, de Planos Decenais de Educação. O Brasil rea- lizou em Brasília, de 10 a 14 de maio de 1993 a “Semana Nacional de Educação para Todos”, que resultou o “Compromisso Nacional de Educação Para Todos”, com o objetivo de orientar a elaboração do “Plano Decenal de Educação para Todos” (Brasil, 1994, p.87). Dando sequência à luta, foi realizada em 2000, no Sene- gal (África), a Conferência de Dacar, que contou com a participa- ção de mais de 160 países, que se reuniram, a fim de discutir sobre os destinos da educação e definir objetivos/metas, em seis grandes áreas, com o intuito de melhorar a situação educacional em todos os países. Os representantes das nações partícipes, especialmente os chamados doadores – os países desenvolvidos – assumiram, na oportunidade, o compromisso de suprir a necessidade de recursos financeiros para o cumprimento das metas de Educação para Todos até o ano de 2015. Eis alguns dos objetivos/metas: “Melhorar todos os aspectos da qualidade da educação e assegurar a excelência de todos, de forma a que resultados de apren- dizagem reconhecidos e mensuráveis sejam alcançados por todos, especialmente em alfabetização linguística e matemática e na capa- citação essencial para a vida.” “Alcançar uma melhoria de 50% nos níveis de alfabetização de adultos, especialmente no que se refere às mulheres, bem como acesso equitativo à educação básica e contínua para todos os adultos.” “Ampliar e aperfeiçoar os cuidados e a educação para a primeira infância, especialmente no caso das crianças mais vulnerá- veis e em situação de maior carência.” 22 Uma das Metas do Milênio mais difundidas da Organiza- ção das Nações Unidas (ONU) é... “cuidar para que, no ano de 2015, todas as crianças particularmente as meninas, vivendo em circuns- tâncias difíceis e as pertencentes a minorias étnicas, tenham acesso ao ensino primário gratuito, obrigatório e de boa qualidade, e assim, possam terminar um ciclo completo do ensino primário” que no Bra- sil corresponde a 1ª etapa do Ensino Fundamental do 1° ao 5° ano. Por conseguinte, a soma de esforços e as adesões aos acordos internacionais foram traduzidas em uma das mais impor- tantes metas do Plano Nacional de Educação, aprovado pela Lei n. 10.172/2001, que foi “universalizar o acesso ao Ensino Fundamen- tal e garantir a permanência de todas as crianças de 7 a 14 anos na escola”. A fim de ilustração, foram transcritas as palavras do Sr. Alberto Silion, Ministro de Educação da Argentina, utilizadas no evento que agregou diversos países com a finalidade de traçar as Metas Educativas para 2021 – A Educação que queremos para a ge- ração dos bicentenários – “Lutem separados eseremos vencedores em conjunto”. Caminhando na mesma rota, a UNESCO (Abu-Dahou, 2002) liderou e patrocinou um estudo que demonstrou que um nú- mero significativo de países aderiu ao modelo de Gestão Autônoma das Escolas (GAE), a qual poderia ser denominada por diversos ter- mos, de acordo com o país de origem. Nos Estados Unidos eram chamadas de “charter schools”; na Austrália, “escolas do futuro”; na região britânica, “gestão local de escolas”, dentre outros países que também se empenharam nas reformas, que se localizavam na América Latina, Europa Ocidental e Leste Europeu. Como corolário, a cultura descentralizante toma corpo e ganha espaço de significância nos textos legais brasileiros. 23 Ainda, como marco, houve a promulgação da Carta Cons- titucional de 1988, onde o sistema educacional brasileiro passou por um processo de reestruturação, que culminou com a sanção da atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB – Lei n. 9.394/96, de 20 de dezembro de 1996, que se constituiu na expres- são magna de lutas efetivadas entre as diferentes forças da socie- dade civil organizada, vindo a se tornar balizador para as políticas públicas educacionais no país, e, por conseguinte, para as políticas de democratização da escola e da gestão escolar. Avanços conside- rados salutares para o fortalecimento da instituição escolar. Uma leve retrospectiva no que concerne ao espaço destina- do à educação nas Cartas Constitucionais, nos remete à constatação que estas foram incorporando, ao longo do tempo, conquistas tê- nues. Entretanto, na Constituição de 1988, a educação ocupou lugar de alta relevância, onde o País como um todo despertou para esta causa convergente. O dever do Estado para com a Educação passou a ter como propósito o de assegurar o exercício de uma série de direitos sociais e individuais, além de garantias. Vale ressaltar que, em momento anterior à promulgação da atual Constituição, a Lei 5.692/71 foi omissa em relação à gestão democrática do ensino público. Entretanto, o Art. 14 da nova LDB determina o espaço dos sistemas de ensino, no que se concerne à gestão das escolas oficiais, os quais “definirão as normas da gestão democrática do ensino público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios: I - participação dos profissionais da educação na elabora- ção do projeto pedagógico da escola; II - participação das comunidades escolar e local em con- selhos escolares ou equivalentes. 24 Encerra a ideia com a garantia prevista no Art. 15: “Os sistemas de ensino assegurarão às unidades escolares públicas de educação básica que os integram progressivos graus de autonomia pedagógica e administrativa e de gestão financeira, observadas as normas gerais de direito financeiro público.” Tais princípios definidores da gestão democrática do en- sino público ratificam o que prescreve o Inciso VI do Art. 206 da Constituição da República Federativa do Brasil. Destaque ao espaço em que se garante como princípios do ensino: a igualdade de condi- ções para o acesso e permanência na escola e a garantia de padrão de qualidade. O Art. 53 constante no Capítulo IV - Do Direito à Educa- ção, à Cultura, ao Esporte e ao Lazer - da Lei n. 8.069/90, o Estatuto da Criança e do Adolescente, reforça os dispositivos legais supra- citados, ao determinar que: "A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, pre- paro para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, assegurando-se-lhes: I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II - direito de ser respeitado por seus educadores; III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo re- correr às instâncias escolares superiores; IV - direito de organização e participação em entidades estudantis; V - acesso à escola pública e gratuita próxima de sua re- sidência. Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis ter ci- ência do processo pedagógico, bem como participar da definição das propostas educacionais”. 25 Torna-se imperiosa constar neste texto a reflexão efetuada por Benevides (1994, p.15) acerca da participação popular nas ques- tões relevantes de interesse coletivo: [...] a institucionalização de práticas de participação popular tem o apreciável mérito de corrigir essa involução do regime democrático, permitindo que o povo passe a se interessar diretamente pelos assuntos que lhe dizem respeito e, sobretudo, que se mantenha informado sobre os acontecimentos de interesse nacional”. Todos os incisos constantes neste artigo, bem como o seu parágrafo único são exemplos concretos da influência positiva dos esforços em defesa da escola pública de qualidade no nosso país, haja vista que só poderão frutificar em solo fértil, enquanto espaço democrático, onde a participação, o respeito à pluralidade e descen- tralização das decisões se fizerem presentes. O Plano Nacional de Educação, aprovado pela Lei nº 10.172, de 9 de janeiro de 2001, que teve a vontade política da Na- ção nele sistematizado, onde a liderança de sua elaboração coube ao Ministério da Educação, com a participação das unidades federadas: uma conquista considerável no amadurecimento do processo parti- cipativo, “determina, como pilar da gestão democrática, a autono- mia escolar, por intermédio da descentralização do financiamento da educação e administração e controle dos recursos financeiros”, conforme ressalta OLIVEIRA et alii (2004, p.22). Os autores afirmam que: “Assim, para o exercício da auto- nomia, cada sistema de ensino deverá implantar a chamada ‘gestão democrática’. A descentralização, de acordo com o Plano (Brasil. Senado Federal, 2001), traz em si exigências de co-responsabilidade dos diferentes níveis administrativos (união, estados e municípios), demandando o regime de colaboração entre fóruns nacionais, locais de planejamento e conselhos de educação em diferentes níveis, além da participação da comunidade educacional e da família em deci- sões afetas à escola.” OLIVEIRA et alii (2004, p.22). 26 Segundo argumenta CARNEIRO (1998, p.71), “a par- ticipação dos professores e especialistas na elaboração o projeto pedagógico da escola e o congraçamento participativo em colegia- dos diretivos escolares funcionam como balizamento desta ‘utopia concreta’ da gestão democrática escolar no âmbito das instituições públicas”. Por conseguinte, decisões centralizadoras dos Diretores Escolares vão cedendo lugar a iniciativas planificadas, e por isso mesmo, com a firme intencionalidade de mudar o status quo e a condução dos trabalhos de liderança dos destinos da escola, onde a descentralização começa a fazer parte da rotina escolar. Torna-se necessário o resgate da efetiva função social da escola, mediante um trabalho de construção coletiva que envolva os agentes escolares, os quais então inclusos 100% dos recursos humanos e, destes, com a comunidade envolvente. Ainda, os objetivos e a filosofia pedagógica da escola não serão mais desconhecidos, uma vez que será objeto de um processo que implicará em refletir, discutir e construir participativamente. A prática de o professor atuar em sala de aula desconhecendo tais ali- cerces de seu trabalho educacional passará a ser lembrança de uma história remota. Tal horizonte, onde a participação se faz presente, estimula a consciência crítica dos profissionais da educação: os professores, que ministram o ensino e os demais que apoiam todo o processo ensino-aprendizagem (diretores escolares, planejadores da educa- ção, inspetores de ensino, supervisores escolares, orientadores edu- cacionais e coordenadores pedagógicos, também conhecidos como especialistas em educação), bem como os demais trabalhadores que atuam na escola e os usuários. GADOTTI (1997) salienta que apesar da gestão democrá- tica ser recomendada pelo Poder Público, uma vez que é enfatizada 27 pela Constituição Federal brasileira de1988 e consolidada na Lei 9.394/96 – LDB – esta determinação legal, por si só, não garan- te um escola de qualidade e democrática. Reforça que devem ser empreendidos esforços para a construção de uma escola realmente democrática. Considera que a escola está a serviço da comunidade e ao perseguir a gestão democrática, essa instituição está prestando um serviço também à comunidade que a mantém. Adota-se a conclusão evidenciada por CARNEIRO (1998, p.71):...“o trabalho participativo não apenas descentraliza as deci- sões, mas também sacode o mofo da rotina e recria o sonho das pessoas a cada dia”. 1.4. ConCeito De Gestão DemoCrÁtiCA e AtribUtos QUe levAm A Gestão DemoCrÁtiCA A AvAnçAr, rUmo Ao novo pArADiGmA Vários estudiosos e autores debruçaram-se para exprimir qual seria o conceito a ser acolhido neste novo paradigma2 de edu- cação escolar. Destaca-se a contribuição de OLIVEIRA et alii (2004, p.22), que concebe a gestão como um conjunto de intervenções, mudanças e processos com certo grau de intencionalidade e sistematização com vistas a modificar políticas, atitudes, ideias, culturas, conteúdos e modelos organizacionais. Os autores acreditam que é preciso atentar para o fato de que o tema vem estimulando a concepção de propos- tas referenciadas por diferentes, senão antagônicas, matrizes teóricas. Isto, sem dúvida, conduz a diferentes concepções e práticas de gestão escolar, que dependendo da opção a ser adotada, poderá significar retrocessos ou avanços para a escola pública. 2 Representa uma visão de mundo, uma filosofia social, um sistema de ideias con- struído e adotado por determinado grupo social (Bordignon & Gracindo, 2004, p.148). 28 Adotou-se o conceito de democracia de Vitor Paro (2001, p.10), uma vez que se adequou plenamente ao contexto e veio con- vergir com o objetivo do texto de melhor informar, quando explicou: [...] Também a democracia, apesar de sua origem remota, transformou-se enormemente em seu percurso histórico, enriquecendo-se de novos significados, à luz dos quais precisa ser compreendida. Assim, ela já não deve ser vis- ta apenas em sua conotação etimológica de “governo do povo” ou em sua versão formal de “vontade da maioria”, mas sim em seu significado mais amplo e atual de me- diação para a construção da liberdade e da conveniência social, que inclui todos os meios e esforços que se utilizam para concretizar o entendimento entre grupos e pessoas, a partir de valores construídos historicamente. Da fusão dos dois conceitos ora apresentados, pode-se começar a se estruturar no campo das ideias, qual a concepção de gestão democrática da educação escolar que os dispositivos legais tentaram imprimir às escolas públicas do país. MELLO (1985, p. 30) contribui sobremaneira nesta dis- cussão, assim conceituando a gestão democrática da educação: [...] aquela que se preocupa igualmente com o investi- mento e o custo, que tem sempre presente a necessidade de investir nos aspectos que afetam o cotidiano, a rotina do trabalho escolar; que busca atuar sobre as práticas já consolidadas tornando-as como ponto de partida, sem fa- zer desabar pacotes prontos que presunçosamente negam tudo o que o professor já fez e propõem ‘começar tudo 29 de novo’; é a gestão que se dá conta de que não adianta construir escolas nem adotar as belas teorias pedagógicas ou sofisticadas tecnologias de ensino, se o salário do pro- fessor está aviltado e sua dignidade profissional degradada pelo clientelismo, irmão bastardo do autoritarismo; ou en- tão não basta investir no professor e dar-lhe apoio técnico, se a escola está caindo aos pedaços, e desprovida de infra- estrutura operacional e administrativa. A autora complementa suas ideias, afirmando que consi- dera de fundamental importância pautar-se na coexistência de três eixos de ação, a fim de se alcançar o êxito desejado no processo de se adotar uma linha de gestão democrática da educação escolar: ● a compreensão do papel do professor na melhoria da qualidade do ensino; ● a democratização das relações internas da escola e a par- ticipação dos professores no destino da educação e ● as escolhas teóricas que nortearão o organização curricu- lar e as ações de apoio técnico-pedagógico. O FUNDESCOLA/MEC – Fundo de Fortalecimento da Escola – (2002, p.11) que atende às Regiões Norte, Nordeste e Centro-oeste do Brasil, defende a ideia de que a gestão escolar tem “o objetivo de elevar o desempenho dos alunos e da escola a partir da melhoria de sua organização e funcionamento.” Acrescenta que: “sem a melhoria na maneira como a escola é administrada, nos pro- cessos que desenvolve, na sua cultura, nas relações entre a equipe escolar, os pais e a comunidade não há como melhorar a qualidade do ensino.” Com o objetivo de aprofundar tais conceitos, passa-se a te- cer comentários, sobre as condições e os atributos essenciais para a 30 concretização desta opção política. Discutir conceitos e potencialida- des da participação, descentralização, democratização e autonomia da escola se tornam não apenas importantes, mas imprescindíveis. Inicialmente, pode-se afirmar que não é possível tratar de gestão democrática sem discutir a participação, ingrediente sine qua non se viabiliza esta vontade política. Gadotti e Romão (1997, p.16), com competência, salientam que a participação influi na de- mocratização da gestão e na melhoria da qualidade do ensino. [...] Todos os segmentos da comunidade podem compreen- der melhor o funcionamento da escola, conhecer com mais profundidade os que nela estudam e trabalham, intensificar seu envolvimento com ela e, assim, acompanhar melhor a educação ali oferecida. Gutiérrez & Catani (2006, p.61) compreendem a participa- ção como “[...] a disposição pessoal para engajar-se no processo” e, em consequência, só poderá ser concretizada mediante a adoção de uma gestão escolar que possa tornar possível e estimule a autoges- tão do coletivo e colabora, decisivamente, para o estabelecimento da consciência social de que todos podem contribuir valorativamen- te para a aprendizagem na escola. Participação esta que implica envolver os partícipes, todos eles, sem exceção, nos processos decisórios, tendo como pano de fundo um clima favorável e um ambiente conspirador e coletivo a favor do exercício da autonomia do pensamento social. Dentre as formas mais conhecidas de participação estão os Conselhos de Classe, Conselhos de Escola, Comissões ou Co- legiados Escolares, que surgiram na década de 1980, estando em funcionamento em várias Unidades da Federação até o momento. 31 Neste contexto, Libâneo (2004, p.139) entende participa- ção como atuação dos profissionais da educação e dos usuários (pais e alunos) na gestão da escola. Usuários e profissionais de educação da escola compartilham, institucionalmente, certos processos de de- cisão. A participação se faz como meio de conquista da autonomia escolar. Assim, a autonomia prelecionada por Castoríadis (1991, p.130) consiste em desejá-la a todos e sua realização só pode conce- ber-se como empreitada coletiva. BARROSO (2006, p.16) compreende autonomia como: [...] um conceito relacional (somos sempre autônomos de alguém ou de alguma coisa) pelo que a sua ação se exerce sempre num contex- to de interdependências e num sistema de relações. A autonomia é também um conceito que exprime certo grau de relatividade: somos mais, ou menos, autônomos em relação a umas coisas e não o ser em relação a outras. A autonomia é, por isso, uma maneira de gerir, orientar, as diversas dependências em que os indivíduos e os grupos se encontram no seu meio biológico ou social, de acordo com suas próprias leis. Parente e Lück concebem autonomia como (1999, p. 26 e 27): [...] um processo coletivo e participativo de compartilha- mento de responsabilidades, emergentes do estabeleci- mento conjunto de decisões. Não se trata, na efetivaçãodesse processo, de a escola ser autônoma para alguém, para algum grupo, mas de ser autônoma com todos, em nome da sociedade, desse modo caracterizando-se como gestão democrática, isto é, uma gestão compartilhada e participativa. 32 Em decorrência, a autonomia não pode ser entendida como algo adquirido ou herdado ou fruto de um dispositivo legal, como um decreto municipal ou estadual, mas resultante de processos in- ter-relacionais que darão à escola arcabouços para a construção de sua própria identidade. O decreto poderá vir como regulamentação da autonomia conquistada, mas nunca como instrumento provocador, de “cima para baixo”, como um pacote que cai de instâncias superiores da Adminis- tração Pública, ferindo contundentemente a legitimidade do processo. A autonomia precisa ser construída no cotidiano escolar. Destaca-se que a autonomia será objeto de reflexão e apro- fundamento em unidade posterior, uma vez que implica em gestão democrática e é ingrediente básico e pilar para a construção da cons- ciência cidadã e o exercício dessa cidadania. Libâneo (2004, p. 141) ressalta que:...“a gestão escolar re- quer o conhecimento e a adoção de alguns princípios básicos, cuja aplicação deve estar subordinada às condições concretas de cada es- cola. São propostos os seguintes princípios com base na concepção de gestão democrático-participativa: ● autonomia da escola e da comunidade educativa; relação orgânica entre a direção e a participação dos mem- bros da equipe escolar; ● envolvimento da comunidade no processo escolar; ● planejamento das tarefas; ● formação continuada para o desenvolvimento pessoal e ● profissional dos integrantes da comunidade escolar; ● utilização de informações concretas e análise de cada problema em seus múltiplos aspectos, com ampla demo- cratização das informações; ● avaliação compartilhada; ● relações humanas produtivas e criativas assentadas na busca de objetivos comuns. 33 Também não é possível tratar de gestão democrática sem discutir sobre a descentralização, outro alicerce viabilizador desta opção de trabalho de caráter coletivo, que implica numa mudança de paradigma que vem marcada por uma forte tendência à adoção de concepções e práticas interativas, participativas e democráticas, caracterizadas por movimentos dinâmicos e globais, com os quais, para determinar as características de produtos e serviços, interagem dirigentes, funcionários e usuários, estabelecendo alianças, redes e parcerias, na busca de soluções de problemas e alargamento de ho- rizontes. (Lück , 1999, p. 12) Assim como Libâneo defende a gestão democrático-parti- cipativa no âmbito escolar, Lück aponta (1999, p. 17) que o movi- mento de descentralização em educação é internacional (Bullock, Thomas, 1997; Fiske, 1996a, 1996b). Advertem que o movimento de descentralização em educação está relacionado com o entendi- mento de que apenas só é possível promover a gestão da escola e do processo educacional pelo qual é responsável, localmente. Complementam que a escola, por ser uma organização so- cial e o processo educacional que promove ter como característi- ca marcante o dinamismo, todo e qualquer esforço centralizado e distante, compulsoriamente estaria direcionado ao fracasso. Enfim, nota-se que o reconhecimento da força dos movimentos democrá- ticos, como condição de transformação e desenvolvimento social vem contribuir para uma mudança de paradigma. Paradigma que é marcado, sobretudo, por uma mudança de consciência a respeito da realidade e da relação das pessoas na mesma - se assim não fosse, seria apenas uma mudança de modelos. Essa mudança de consciên- cia está associada à substituição do enfoque de administração, pelo de gestão. Busca-se, assim, deixar notório o que caracteriza este pro- cesso de substituição de enfoque supracitado, numa linha democráti- co-participativa, e ao mesmo tempo explicitar o consequente conceito 34 de gestão escolar, ultrapassa o de administração escolar, por abran- ger uma série de concepções não abarcadas por este outro, podendo- se citar a democratização do processo de construção social da escola e realização de seu trabalho, mediante a organização de seu projeto político-pedagógico, o compartilhamento do poder realizado pela tomada de decisões de forma coletiva, a compreensão da questão dinâmica e conflitiva e contraditória das relações interpessoais da organização, o entendimento dessa organização como uma entidade viva e dinâmica, demandando uma atuação especial de liderança e articulação, a compreensão de que a mudança de processos educa- cionais envolve mudanças nas relações sociais praticadas na escola e nos sistemas de ensino. (Lück, 1999, p. 16) Cabe ressaltar que não se trata de simples mudança termi- nológica e sim de uma fundamental alteração de atitude e orientação conceitual. Portanto, sua prática é promotora de transformações de relações de poder, de práticas e da organização escolar em si, e não de inovações, como costumava acontecer com a administração cien- tífica. (Lück ,1999, p. 15) Quando se fala em relações de poder, lembra-se de imedia- to, na obra de Maquiavel (2003, p.42), “o Príncipe”, que afirma que quem cria o poder de outrem se arruína, pois esse poder se origina ou na astúcia ou na força, e ambas são suspeitas a quem se torna poderoso. (...) os que não têm condições de conquistar, mas querem fazê-lo a qualquer custo, cometem um erro que merece ser recrimi- nado. Assim, esta reflexão torna-se pertinente e autoexplicável. Lück (1999, p. 12) conclui com precisão que: ...“em meio a essa mudança, não apenas a escola desenvolve essa consciência, como a própria sociedade cobra que o faça”. 35 A autora afirma que tal processo refere-se à transferên- cia de competências para outros níveis de governo e de gestão, do poder de decisão sobre os seus próprios processos sociais e os re- cursos necessários para sua efetivação. Adverte para se encaixar (grifo nosso) nesse processo implicará na existência ou construção de competência dos grupos sociais, haja vista que se constitui em fator substancial na determinação da amplitude do processo. Aliada a esta competência, urge conhecer e investir para ampliar o nível de maturidade desses grupos sociais. Constata-se que em muitos casos, pratica-se em nos- so país muito mais a desconcentração, do que propriamente a descentralização3,no entanto, esse movimento vem sendo constata- do que caminha rumo a uma descentralização mais plena. Explicita Lück (1999, p. 19) que a descentralização consti- tui-se em um processo que se delineia, à medida que vai sendo pra- ticado, formando, portanto, uma ação dinâmica de implantação de política social, visando estabelecer, conforme indicado por Malpica (1994), mudanças nas relações entre o sistema central, pela redistri- buição de poder, passando, em consequência, as ações centrais, de comando e controle, para coordenação e orientação (descentraliza- ção política); pela abertura à autodeterminação no estabelecimento de processos e mecanismos de gestão do cotidiano escolar, de seus recursos e de suas relações com a comunidade (gestão administrati- va e financeira). Ainda, conforme apontado pela autora, a descentraliza- ção conduz a escola à construção de sua identidade institucional, constituída pela formação da capacidade organizacional para 3 Delegação regulamentada da autoridade, tutelada ainda pelo poder central, median- te o estabelecimento de diretrizes e normas centrais, controle na prestação de contas e a subordinação administrativa das unidades escolares aos poderes centrais, em vez de delegação de poderes de autogestão e autodeterminação na gestão dos processos necessários para a realização das políticas educacionais. (Florestal & Cooper,1997, p. 32) 36 elaborar seu projeto educacional (descentralização pedagógica), mediante a gestão compartilhada e a gestão direta de recursos necessários à manutenção do ensino. E dessa forma, construin-do sua autonomia. Necessário se faz notificar qual o conceito adotado de des- concentração: ato de conferir autoridade a um agente situado em um nível inferior na mesma hierarquia e localizado mais próximo dos usuários do serviço, com o entendimento de que esses agentes man- têm-se sob o controle hierárquico do governo central. Nesse caso, não ocorrem a reorganização e redefinição funcional do aparelho de Estado, conforme indicado por Barroso (1997), nem a delegação de poderes de autogestão e autodeterminação, na gestão dos processos necessários para realização das políticas educacionais. Estas, deter- minadas no centro, mas mesmo assim, ouvindo a sociedade e com participação de seus vários segmentos. (Florestal & Cooper, 1997, p. 32). Parente & Lück (1999, p. 13) salientam o que vem ocor- rendo na prática educacional brasileira, [...] é o deslocamento do processo decisório, do centro do sistema, para os níveis executivos mais próximos aos seus usuários, ou seja, a descentralização do governo federal para as instâncias subnacionais, onde a União deixa de executar diretamente programas educacionais e estabelece e reforça suas relações com os Estados e os municípios, chegando até ao âmbito da unidade escolar. Da mesma forma, os sistemas estaduais vêm adotando política simi- lar, ou seja, transferem recursos e responsabilidades com a oferta de serviços educacionais, tanto para o município, quanto diretamente para a escola. 37 Exemplificam a municipalização do ensino e a escolariza- ção da merenda escolar como práticas bem-sucedidas, nesse sentido. Adotam-se as ideias de Carneiro (1998, p. 71), que con- clui, com sabedoria, o conceito de gestão democrática: [...] o horizonte deste conceito de gestão é o da construção da cidadania que inclui: autonomia, participação, constru- ção compartilhada dos níveis de decisão, e posicionamen- to crítico em contraponto à ideia de subalternidade. Assim, será construída a “hegemonia da vontade comum”, onde o projeto político-pedagógico que caracteriza e singulariza na sua proposição, execução, acompanhamento e avalia- ção tem o envolvimento de todos os participantes. Vale destacar que os aspectos intrínsecos da gestão demo- crática serão aprofundados nas unidades subsequentes. 38 ● Leitura individual, com destaque das ideias centrais do Texto: PRINCÍPIOS E CARACTERÍSTICAS DA GES- TÃO ESCOLAR PARTICIPATIVA, p.136 – 146. LIBÂ- NEO, José Carlos. In: Organização e Gestão da Escola: Teo- ria e Prática. 5ª. Edição. Goiânia: Editora Alternativa, 2004. ● Leitura individual do Livro: Gestão Educacional: uma questão paradigmática. LÜCK, Heloísa. Petrópolis. Rio de Janeiro: Editora Vozes. Série Cadernos de Gestão, V.I., 2006. “Estabelece as bases paradigmáticas que deter- minam e orientam o fazer da gestão educacional em supe- ração da administração, que passa a ser considerada como uma dimensão da gestão e, portanto, do fazer de gestores”. ● Leitura do Livro: Liderança em Gestão Escolar. He- loísa Lück, Editora Vozes, 2008. Neste volume da Série Cadernos de Gestão, a autora proporciona aos gestores es- colares que orientem sua atenção ao exercício da liderança efetiva em sua própria atuação profissional e na dos mem- bros da comunidade escolar e para que promovam em suas escolas a criação de uma cultura escolar orientada para o compartilhamento de uma liderança marcada pelo com- prometimento conjunto com os objetivos educacionais, pelo espírito de equipe e proatividade. sUGestÕes pArA ComplementAção De estUDos 39 ● Assista ao filme: Sociedade dos Poetas Mortos – Dead Poets Society Sinopse: O carismático professor de inglês John Keating, (vencedor do Oscar, ROBIN WILLIAMS) chega para lecionar em um rígido e tradicional colégio para rapazes. Com métodos pouco convencionais, ele transforma a rotina do currículo tradicional e ar- caico da escola e desperta a paixão pela literatura em seus alunos. Cheio de humor e sabedoria, Keating inspira os rapazes a segui- rem seus próprios sonhos e viverem vidas extraordinárias, de forma intensa. Sociedade dos Poetas Mortos, um dos mais comoventes campeões de bilheteria dos últimos anos, emocionou o público e a crítica com seus desempenhos brilhantes e sua história arrebatadora. 1) Aproveite a conclusão desta Unidade e faça uma re- flexão acerca da gestão que fora imprimida na escola ou faculdade em que você estudou o ensino fundamental ou médio ou superior. Relembre como atuava o(a) Diretor(a) Escolar e redija um texto - de no máximo 10 (dez) linhas - sobre aquele momento histórico da sua vida escolar, cujo título será: Memórias de uma trajetória escolar no con- texto da gestão escolar. AtiviDADes 40 2) Após conhecer diversos conceitos de gestão democráti- ca da escola, tratados neste material, qual a concepção que você considera mais adequada. Cite o nome do autor que a concebeu e justifique a sua resposta. 3) Discorra sobre 3 (três) principais pilares que possam sustentar a opção política por uma gestão democrático- participativa, num enfoque recomendado por Libâneo. Não se esqueça de justificar as opções feitas. 4) Guiomar Namo de Mello (1985) conceituou a gestão democrática da educação, além de recomendar pautar-se em 3 (três) eixos de ação - que coexistem -, para se alcan- çar o êxito no processo de adoção de uma linha de gestão democrática de educação escolar. Cite quais são estes ei- xos e comente-os. 5) Para refletir o Texto de Carlos Castañeda: Você concor- da com o pensamento do autor? Como a gestão democrá- tica da escola pode ser inserida no contexto e comparada às ideias do autor? “Qualquer caminho é apenas um caminho e não cons- titui insulto algum – para si mesmo ou para os outros – abandoná-lo quando assim ordena o seu coração. (...) Olhe cada caminho com cuidado e atenção. Tente-o tantas vezes quantas julgar necessárias... Então, faça a si mesmo e apenas a si mesmo uma pergunta: possui esse caminho um coração? Em caso afirmativo, o ca- minho é bom. Caso contrário, esse caminho não possui importância alguma” Carlos Castañeda A Escola Eficaz 2 45 Caro (a) Aluno (a), Nesta Unidade, você poderá compreender como a Gestão Democrática na Escola poderá fortalecer a escola e viabilizar a efi- cácia desejada e quais os pilares que darão sustentação a este forta- lecimento. Serão abordados os avanços que poderão ser alcançados com a adoção destes pilares, na construção do planejamento escolar. Bom Estudo! 46 objetivos DA UniDADe Ao final desta unidade, você deverá ser capaz de: Conceituar escola eficaz; Identificar os pilares que sustentam a escola eficaz; Identificar os avanços da gestão democrática que pode- rão ser alcançados com a adoção destes pilares, na constru- ção do planejamento escolar. ConteúDos DA UniDADe Conceito de escola eficaz; Pilares que darão sustentação à escola eficaz; Avanços da gestão democrática que poderão ser alcan- çados com a adoção destes pilares, na construção do pla- nejamento escolar. Desenvolvimento DA UniDADe 2. 1. ConCeito De esColA efiCAZ A fim de ilustração, destacam-se as ideias de Libâneo (2004, p.265), que consegue, com maestria, sintetizar as áreas de atuação da organização4 e gestão da escola: Planejamento, formulação e execução do projeto peda- gógico-curricular; Organização e desenvolvimento do currículo5; Organização e desenvolvimento do ensino; 4 É um sistema administrado, projetado e operado por pessoas para atingir um con- junto específico de objetivos (MEC/FUNDESCOLA, 2002, p.6). 5 Etimologicamente, currículo é concebido como um percurso a ser seguido. ”Não é senão uma listagem de matérias/conteúdos na perspectiva da disciplina intelectual exigida pelos métodos de investigação de cada ciência particular, ambas as perspec- tivas igualmente colocadas acima e à parte do mundo da vida e das relações sociais, ético-políticas” (Marques,1999, p.15). 47 Práticas de gestão técnico-administrativas e pedagógi- co-curriculares; Desenvolvimentoprofissional; Avaliação institucional e da aprendizagem. Exigências sociais, econômicas, políticas, tecnológicas, culturais, etc. Resultados de estudos e pesquisa educacionais. Necessidades e demandas do sistema de ensino, escola, sala de aula, comunidade. Qualidade cognitiva e operativa das aprendizagens AVALIAÇÃO PROJETO PRÁTICAS DE GESTÃO DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL CURRÍCULO ENSINO OBJETIVOS CULTURA ORGANIZACIONAL COMUNIDADE DE APRENDIZAGEM Organização e Gestão Prof. José Carlos Libâneo 48 O diagrama ora apresentado retrata as seis áreas de atuação da organização e gestão da escola. Para o autor em questão, estes preceitos facilitariam sobremaneira a construção de uma escola efi- caz. Passa a ser condição imperiosa para o alcance deste ideal. É importante salientar que este sistema de organização e gestão escolar fora dividido em áreas de atuação, (para efeitos didáticos); as áreas são articuladas entre si e visam a assegurar o apoio técnico-pedagógico e operacional do trabalho escolar, cuja finalidade magna é a instrumentalização dos docentes em seu exer- cício profissional junto aos seus alunos, com o propósito de que os mesmos tenham efetivos sucessos e possibilidades de desenvolver competências e habilidades, que os levem a serem eficazes em suas aprendizagens. Como síntese de sua tese, Libâneo (2004, p.263) constrói as seguintes ideias-chaves: “uma escola bem organizada e gerida é aquela que cria e assegura as melhores condições organizacionais, operacionais e pedagógico-didáticas de desempenho profissional dos professores, de modo que seus alunos tenham efetivas possibi- lidades de serem bem-sucedidos em suas aprendizagens.” Este é um conceito de escola eficaz. Torna-se relevante comparar o enfoque dado pelo profes- sor José Carlos Libâneo, doutor em Filosofia e História da Edu- cação, autor de diversos livros, que recomenda como necessário à construção da escola eficaz, que esta adote a proposta que sintetiza as 6 (seis) áreas de atuação da organização e gestão da escola com a tecnologia proposta pelo FUNDESCOLA/PDE, atualmente forma- do pelos recursos financeiros do Ministério da Educação, que esta- belece como uma das linhas centrais de atuação o fortalecimento da escola e sua relação com a comunidade. Esta se constitui na essência da metodologia do FUN- DESCOLA/PDE (2002, p.3), que repousa na ferramenta gerencial 49 intitulada planejamento estratégico, cujo compromisso maior é le- var a reflexões e encaminhamentos necessários à construção de uma escola eficaz, a saber: [...] A forma como a escola se organiza, a qualidade no re- lacionamento entre a liderança da escola e os professores, o clima escolar, a organização do currículo, a metodologia de ensino utilizada, a clareza de objetivos e o diálogo com pais e comunidade contribuem para garantir o sucesso da aprendizagem do aluno. O fortalecimento da escola dá-se, principalmente, por um processo que inclui a elaboração e a implementação do Plano de Desenvolvimento da Escola - PDE. O FUNDESCOLA/PDE prima pelas condições para a me- lhoria do desempenho dos alunos e da escola, através das seguintes medidas operacionais, todas de fortalecimento da instituição esco- lar: escola com foco no aluno e Secretaria de Educação com foco na escola. Nas próximas Subunidades será detalhada a metodologia do FUNDESCOLA/PDE, com o intuito de propiciar maior domínio do assunto em baila. teXto ComplementAr A seguir, transcreve-se o texto retirado dos Parâmetros Curriculares Nacionais (2001, p.48), que melhor expressa o concei- to e os fundamentos de uma escola eficaz, ao mesmo tempo, sob a óptica do gestor escolar e principalmente do professor: 50 esColA: UmA ConstrUção ColetivA e permAnente se- GUnDo os pArÂmetros CUrriCUlAres nACionAis Nessa perspectiva, é essencial a vinculação da escola com as questões sociais e com os valores democráticos, não só do ponto de vista da seleção e tratamento dos conteúdos, como também da pró- pria organização escolar. As normas de funcionamento e os valores, implícitos e explícitos, que regem a atuação das pessoas na escola são determinantes da qualidade do ensino, interferindo de maneira significativa sobre a formação dos alunos. Com a degradação do sistema educacional brasileiro, po- de-se dizer que a maioria das escolas tende a ser apenas um local de trabalho individualizado e não uma organização com objetivos próprios, elaborados e manifestados pela ação coordenada de seus diversos profissionais. Para ser uma organização eficaz no cumprimento de propó- sitos estabelecidos em conjunto por professores, coordenadores e diretor, e garantir a formação coerente de seus alunos ao longo da escolaridade obrigatória, é imprescindível que cada escola discuta e construa seu projeto educativo. Esse projeto deve ser entendido como um processo que inclui a formulação de metas e meios, segundo a particularidade de cada escola, por meio da criação e da valorização de rotinas de trabalho pedagógico em grupo e da corresponsabilidade de todos os mem- bros da comunidade escolar, para além do planejamento de início de ano ou dos períodos de “reciclagem”. A experiência acumulada por seus profissionais é natural- mente a base para a reflexão e a elaboração do projeto educativo de uma escola. Além desse repertório, outras fontes importantes para a definição de um projeto educativo são os currículos locais, 51 a bibliografia especializada, o contato com outras experiências edu- cacionais, assim como os Parâmetros Curriculares Nacionais, que formulam questões essenciais sobre o que, como e quando ensinar, constituindo um referencial significativo e atualizado sobre a função da escola, a importância dos conteúdos e o tratamento a ser dado a eles. Ao elaborar seu projeto educativo, a escola discute e explicita de forma clara os valores coletivos assumidos. Delimita suas prio- ridades, define os resultados desejados e incorpora a autoavaliação ao trabalho do professor. Assim, organiza-se o planejamento, reúne- se a equipe de trabalho, provoca-se o estudo e a reflexão contínuos, dando sentido às ações cotidianas, reduzindo a improvisação e as condutas estereotipadas e rotineiras que, muitas vezes, são contra- ditórias com os objetivos educacionais compartilhados. A contínua realização do projeto educativo possibilita o conhecimento das ações desenvolvidas pelos diferentes professores, sendo base de diálogo e reflexão para toda a equipe escolar. Nesse processo evidencia-se a necessidade da participação da comunida- de, em especial dos pais, tomando conhecimento e interferindo nas propostas da escola e em suas estratégias. O resultado que se espera é a possibilidade de os alunos terem uma experiência escolar coe- rente e bem-sucedida. Deve ser ressaltado que uma prática de reflexão coletiva não é algo que se atinge de uma hora para outra e a escola é uma realidade complexa, não sendo possível tratar as questões como se fossem simples de serem resolvidas. Cada escola encontra uma realidade, uma trama, um conjunto de circunstâncias e de pessoas. É preciso que haja incentivo do poder público local, pois o desenvolvimento do projeto requer tempo para análise, discussão e reelaboração con- tínua, o que só é possível em um clima institucional favorável e com condições objetivas de realização. 52 Aprender e ensinar, construir e interagir Por muito tempo a pedagogia focou o processo de ensino no professor, supondo que, como decorrência, estaria valorizando o conhecimento. O ensino, então, ganhou autonomia em relação à aprendizagem, criou seus próprios métodos e o processo de apren- dizagem ficou relegado a segundo plano. Hoje se sabe que é neces- sário ressignificar a unidade entre aprendizagem e ensino, uma vez que, em última instância, sem aprendizagem o ensino não se realiza. A busca de um marco explicativo que permitaessa ressig- nificação, além da criação de novos instrumentos de análise, pla- nejamento e condução da ação educativa na escola, tem se situado, atualmente, para muitos dos teóricos da educação, dentro da pers- pectiva construtivista. A perspectiva construtivista na educação é configurada por uma série de princípios explicativos do desenvolvimento e da aprendizagem humana que se complementam, integrando um con- junto orientado a analisar, compreender e explicar os processos es- colares de ensino e aprendizagem. A configuração do marco explicativo construtivista para os processos de educação escolar deu-se, entre outras influências, a partir da psicologia genética, da teoria sociointeracionista e das ex- plicações da atividade significativa. Vários autores partiram dessas ideias para desenvolver e conceitualizar as várias dimensões envol- vidas na educação escolar, trazendo inegáveis contribuições à teoria e à prática educativa. O núcleo central da integração de todas essas contribui- ções refere-se ao reconhecimento da importância da atividade men- tal construtiva nos processos de aquisição de conhecimento. Daí o termo construtivismo, denominando essa convergência. Assim, o conhecimento não é visto como algo situado fora do indivíduo, a 53 ser adquirido por meio de cópia do real, tampouco como algo que o indivíduo constrói independentemente da realidade exterior, dos demais indivíduos e de suas próprias capacidades pessoais. É, antes de mais nada, uma construção histórica e social, na qual interferem fatores de ordem cultural e psicológica. A atividade construtiva, física ou mental, permite interpre- tar a realidade e construir significados, ao mesmo tempo em que permite construir novas possibilidades de ação e de conhecimento. Nesse processo de interação com o objeto a ser conhecido, o sujeito constrói representações, que funcionam como verdadeiras explicações e se orientam por uma lógica interna que, por mais que possa parecer incoerente aos olhos de um outro, faz sentido para o sujeito. As ideias “equivocadas”, ou seja, construídas e transforma- das ao longo do desenvolvimento, fruto de aproximações sucessi- vas, são expressão de uma construção inteligente por parte do sujei- to e, portanto, interpretadas como erros construtivos. A tradição escolar — que não faz diferença entre erros in- tegrantes do processo de aprendizagem e simples enganos ou des- conhecimentos — trabalha com a ideia de que a ausência de erros na tarefa escolar é a manifestação da aprendizagem. Hoje, graças ao avanço da investigação científica na área da aprendizagem, tor- nou-se possível interpretar o erro como algo inerente ao processo de aprendizagem e ajustar a intervenção pedagógica para ajudar a superá-lo. A superação do erro é resultado do processo de incorpo- ração de novas ideias e de transformação das anteriores, de maneira a dar conta das contradições que se apresentarem ao sujeito para, assim, alcançar níveis superiores de conhecimento. O que o aluno pode aprender em determinado momento da escolaridade depende das possibilidades delineadas pelas formas de pensamento de que dispõe naquela fase de desenvolvimento, dos conhecimentos que já construiu anteriormente e do ensino que 54 recebe. Isto é, a intervenção pedagógica deve-se ajustar ao que os alunos conseguem realizar em cada momento de sua aprendizagem, para se constituir verdadeira ajuda educativa. O conhecimento é resultado de um complexo e intrincado processo de modificação, reorganização e construção, utilizado pelos alunos para assimilar e interpretar os conteúdos escolares. Por mais que o professor, os companheiros de classe e os materiais didáticos possam, e devam contribuir para que a aprendi- zagem se realize, nada pode substituir a atuação do próprio aluno na tarefa de construir significados sobre os conteúdos da aprendiza- gem. É ele quem modifica, enriquece e, portanto, constrói novos e mais potentes instrumentos de ação e interpretação. Mas o desencadeamento da atividade mental construtiva não é suficiente para que a educação escolar alcance os objetivos a que se propõe: que as aprendizagens estejam compatíveis com o que significam socialmente. O processo de atribuição de sentido aos conteúdos escola- res é, portanto, individual; porém, é também cultural na medida em que os significados construídos remetem a formas e saberes social- mente estruturados. Conceber o processo de aprendizagem como propriedade do sujeito não implica desvalorizar o papel determinante da inte- ração com o meio social e, particularmente, com a escola. Ao con- trário, situações escolares de ensino e aprendizagem são situações comunicativas, nas quais os alunos e professores atuam como co- responsáveis, ambos com uma influência decisiva para o êxito do processo. A abordagem construtivista integra, num único esquema explicativo, questões relativas ao desenvolvimento individual e à pertinência cultural, à construção de conhecimentos e à interação social. 55 Considera o desenvolvimento pessoal como o processo mediante o qual o ser humano assume a cultura do grupo social a que pertence. Processo no qual o desenvolvimento pessoal e a aprendizagem da experiência humana culturalmente organizada, ou seja, socialmente produzida e historicamente acumulada, não se ex- cluem nem se confundem, mas interagem. Daí a importância das interações entre crianças e destas com parceiros experientes, dentre os quais se destacam professores e outros agentes educativos. O conceito de aprendizagem significativa, central na pers- pectiva construtivista, implica, necessariamente, o trabalho sim- bólico de “significar” a parcela da realidade que se conhece. As aprendizagens que os alunos realizam na escola serão significativas à medida que conseguirem estabelecer relações substantivas e não- arbitrárias entre os conteúdos escolares e os conhecimentos previa- mente construídos por eles, num processo de articulação de novos significados. Cabe ao educador, por meio da intervenção pedagógica, promover a realização de aprendizagens com o maior grau de signi- ficado possível, uma vez que esta nunca é absoluta — sempre é pos- sível estabelecer alguma relação entre o que se pretende conhecer e as possibilidades de observação, reflexão e informação que o sujeito já possui. A aprendizagem significativa implica sempre alguma ou- sadia: diante do problema posto, o aluno precisa elaborar hipóte- ses e experimentá-las. Fatores e processos afetivos, motivacionais e relacionais são importantes nesse momento. Os conhecimentos gerados na história pessoal e educativa têm um papel determinante na expectativa que o aluno tem da escola, do professor e de si mes- mo, nas suas motivações e interesses, em seu autoconceito e em sua auto-estima. Assim como os significados construídos pelo aluno es- tão destinados a ser substituídos por outros no transcurso das ativi- dades, as representações que o aluno tem de si e de seu processo de aprendizagem também. É fundamental, portanto, que a intervenção 56 educativa escolar propicie um desenvolvimento em direção à dispo- nibilidade exigida pela aprendizagem significativa. Se a aprendizagem for uma experiência de sucesso, o aluno constrói uma representação de si mesmo como alguém capaz. Se, ao contrário, for uma experiência de fracasso, o ato de aprender tenderá a se transformar em ameaça, e a ousadia necessária se trans- formará em medo, para o qual a defesa possível é a manifestação de desinteresse. A aprendizagem é condicionada, de um lado, pelas possi- bilidades do aluno, que englobam tanto os níveis de organização do pensamento como os conhecimentos e experiências prévias, e, de outro, pela interação com os outros agentes. Para a estruturação da intervenção educativa é fundamental distinguir o nível de desenvolvimento real do potencial. O nível de desenvolvimento real se determina como aquilo que o aluno pode fa- zersozinho em uma situação determinada, sem ajuda de ninguém. O nível de desenvolvimento potencial é determinado pelo que o aluno pode fazer ou aprender mediante a interação com outras pessoas, con- forme as observa, imitando, trocando ideias com elas, ouvindo suas explicações, sendo desafiado por elas ou contrapondo-se a elas, sejam essas pessoas o professor ou seus colegas. Existe uma zona de desen- volvimento próximo, dada pela diferença existente entre o que um aluno pode fazer sozinho e o que pode fazer ou aprender com a ajuda dos outros. De acordo com essa concepção, falar dos mecanismos de intervenção educativa equivale a falar dos mecanismos interativos pelos quais professores e colegas conseguem ajustar sua ajuda aos processos de construção de significados realizados pelos alunos no decorrer das atividades escolares de ensino e aprendizagem. Existem ainda, dentro do contexto escolar, outros mecanis- mos de influência educativa, cuja natureza e funcionamento em gran- de medida são desconhecidos, mas que têm incidência considerável 57 sobre a aprendizagem dos alunos. Dentre eles destacam-se a orga- nização e o funcionamento da instituição escolar e os valores im- plícitos e explícitos que permeiam as relações entre os membros da escola; são fatores determinantes da qualidade de ensino e podem chegar a influir de maneira significativa sobre o que e como os alu- nos aprendem. Os alunos não contam exclusivamente com o contexto escolar para a construção de conhecimento sobre conteúdos consi- derados escolares. A mídia, a família, a igreja, os amigos, são tam- bém fontes de influência educativa que incidem sobre o processo de construção de significado desses conteúdos. Essas influências sociais normalmente somam-se ao processo de aprendizagem es- colar, contribuindo para consolidá-lo; por isso é importante que a escola as considere e as integre ao trabalho. Porém, algumas vezes, essa mesma influência pode apresentar obstáculos à aprendizagem escolar, ao indicar uma direção diferente, ou mesmo oposta, daquela presente no encaminhamento escolar. É necessário que a escola considere tais direções e forneça uma interpretação dessas diferenças, para que a intervenção peda- gógica favoreça a ultrapassagem desses obstáculos num processo articulado de interação e integração. Se o projeto educacional exige ressignificar o processo de ensino e aprendizagem, este precisa se preocupar em preservar o desejo de conhecer e de saber com que todas as crianças chegam à escola. Precisa manter a boa qualidade do vínculo com o conhe- cimento e não destruí-lo pelo fracasso reiterado. Mas garantir ex- periências de sucesso não significa omitir ou disfarçar o fracasso; ao contrário, significa conseguir realizar a tarefa a que se propôs. Relaciona-se, portanto, com propostas e intervenções pedagógicas adequadas. 58 O professor deve ter propostas claras sobre o que, quando e como ensinar e avaliar, a fim de possibilitar o planejamento de atividades de ensino para a aprendizagem de maneira adequada e coerente com seus objetivos. É a partir dessas determinações que o professor elabora a programação diária de sala de aula e organi- za sua intervenção de maneira a propor situações de aprendizagem ajustadas às capacidades cognitivas dos alunos. 2.2. pilAres QUe sUstentAm A esColA efiCAZ A escola atua ideologicamente através do currículo, seja de uma forma mais direta, através de matérias mais sus- cetíveis ao transporte de crenças explícitas sobre a dese- jabilidade das estruturas sociais existentes... Além disso, a ideologia atua de forma discriminatória, ela inclina as pessoas das classes subordinadas à submissão e obediên- cia, enquanto as pessoas das classes dominantes aprendem a comandar e a controlar. Essa diferenciação é garantida pelos mecanismos seletivos que fazem com que as crian- ças das classes dominadas sejam expelidas das escolas an- tes de chegarem àqueles níveis, onde se aprendem hábitos e habilidades próprios das classes dominantes. (SILVA, 2001, p.32) Silva toca no ponto nevrálgico da escola, à medida que uti- liza a expressão “expelir”. Tal assertiva pode ser comprovada pelos altos índices de evasão, repetência escolar e distorção idade/série, primo-irmão dos dois primeiros, que se arrastam no cenário nacio- nal há cerca de dezenas de anos consecutivos. Evasão e repetência são os “nós” dos sistemas educacionais do nosso país, que nos mos- tra que a competência da escola para lidar com estes desafios ainda está longe de ser alcançada. 59 Infelizmente, em tese, o foco no aluno, como política ado- tada pela escola, aliada à Secretaria de Educação com foco na es- cola nem sempre vem demonstrando estatísticas menos excludentes como se esperaria, tais opções políticas deveriam fazer diferença e como resultado alcançado, em consequência, ter-se-ia a ampliação dos indicadores de rendimento escolar. GARSCHAGEN (2007, p. 1) em seu texto: O Dilema da repetência e da evasão, publicado na Revista Desafios – Anped, parte do texto encontra-se no link Pós-graduação em Educação – Programa de Mestrado e Doutorado da Universidade Federal Flu- minense - UFF, apresenta ideias acerca do tema e destaca a con- tribuição de Sergei Suarez Dillon Soares, pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), que avaliou as políticas educacionais de 49 nações de todos os continentes. "Todas as pes- soas que analisaram a pesquisa também ficaram surpresas com o resultado", diz Sergei Soares, que descobriu que o percentual de repetência escolar brasileira é o segundo mais alto do mundo, menor apenas que o de Angola. “A repetência afeta a autoestima das crianças, além de ser uma das principais causas do baixo rendimento e da evasão esco- lar”, diz o pesquisador. Além do desgaste emocional, a repetência tem um custo financeiro. “Para cada ano repetido na escola, o custo da educação aumenta em pelo menos 50%. Embutido nesse custo há uma mina de ouro a ser explorada racionalmente pelas escolas, capaz de aumentar em igual percentual, só com o fim da repetência, os investimentos destinados à educação”, diz - uma argumentação também defendida pela Secretária de Ensino Básico, Maria do Pilar, que acrescenta: “Nosso desafio, em pleno século XXI, é estruturar uma escola republicana que seja realmente para todos, o que muitos países fizeram no século XIX, outros no século XX e o Brasil, infe- lizmente, não conseguiu até hoje”. 60 O pesquisador conclui, afirmando que: "Essas crianças, discriminadas e desmotivadas, aprendem menos ainda quando repe- tem a mesma série e acabam por abandonar a escola, mesmo quando gostam de frequentá- la, pela convivência com outras crianças da mesma idade". GARSCHAGEN (2007, p. 1) reforça que: [...] Outros estudos e vasta literatura especializada a res- peito do tema comprovam que a evasão escolar ocorre re- almente após múltiplas repetências. Os pais das crianças têm consciência da importância do ensino para o futuro dos filhos e, antes da desistência definitiva, insistem em mantê-los nas salas de aula, mesmo que desmotivados. O autor conclui, citando a fala de FERNANDO HA- DDAD, atual Ministro da Educação, no lançamento do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), em abril de 2007, destacou em discurso no Palácio do Planalto que gostaria de "desmontar duas indústrias criadas no país", referindo-se ao que chamou de indús- trias da repetência e da progressão continuada. "Nenhuma das duas nos interessa. Queremos a progressão dos alunos, mas aprendendo de acordo com as suas possibilidades", afirmou o ministro. Suavizando o quadro dramático, o CENSO DA EDUCA- ÇÃO BÁSICA 2009, realizado anualmente pelo Instituto Nacio- nal de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira - INEP mostra-nos o mais relevante e abrangente levantamento estatístico sobre a educação básica no País, demonstra que no ensino funda- mental há insumos de infraestrutura físicae pedagógica que apre- sentam, de modo geral, significativo percentual de atendimento aos alunos como é o caso dos seguintes itens: quadra de esporte (60,4%); laboratório de informática (63,7%); acesso à Internet (72,5%); acesso a computadores por parte dos alunos (66,4%), 61 e banheiros dentro do prédio (95,8%). Deve-se registrar que há ne- cessidade de ampliação mais rápida do atendimento aos alunos no caso de recursos tais como biblioteca (57%), sala de leitura (23,5%) e laboratório de ciências (21,5%). Tais insumos contribuem com sua parcela para a construção de uma escola eficaz. Tabela 1: Número de escolas, matrículas e percentual de alunos atendidos no Ensino Fundamental, segundo a Dependência Existen- te na Escola – 2009. Escolas Matrículas % Alunos Atendidos Total 152.251 31.705.528 Quadra de Esporte 47.123 19.145.793 60,4 Banheiros dentro do Prédio 122.587 30.375.023 95,8 Biblioteca 52.355 18.078.334 57,0 Sala de Leitura 17.948 7.437.700 23,5 Computadores 83.169 28.198.820 88,9 Computadores para uso dos alunos 55.230 21.066.251 66,4 Internet 60.247 22.984.647 72,5 Internet Banda Larga 46.098 18.297.475 57,7 Laboratório de Informática 49.477 20.194.441 63,7 Laboratório de Ciências 15.238 6.827.452 21,5 Banheiros Adapta- dos para alunos com deficiência 19.814 8.282.838 26,1 Dependência e Equipamentos Existente na Escola Ensino Fundamental 62 Alguns itens da infraestrutura existente nas escolas de en- sino médio já estão praticamente universalizados (banheiros dentro do prédio, laboratório de informática, computadores, computadores para alunos e acesso à Internet), com percentuais superiores a 92% dos alunos atendidos, conforme Tabela 2. O número de laboratórios de ciências, considerados ferra- menta fundamental para o processo de ensino-aprendizagem, ain- da precisa ser expandido, pois os atualmente existentes atendem a 56,1% dos alunos. Quanto à acessibilidade de alunos portadores de deficiên- cia, o dado disponível mostra que 33,5% do total de alunos têm esse recurso disponível e que apenas 30,1% das escolas já fizeram este tipo de adaptação para ampliar a acessibilidade. Tabela 2: Número de estabelecimentos, matrículas e percentual de alunos atendidos no Ensino Médio, segundo a Dependência Exis- tente na Escola – 2009. Escolas Matrículas % Alunos Atendidos Total 25.923 8.337.160 Quadra de Esporte 19.459 6.775.412 81,3 Banheiros dentro do Prédio 25.513 8.255.404 99,0 Biblioteca 18.751 6.182.073 74,2 Sala de Leitura 6.231 2.197.787 26,4 Computadores 25.323 8.250.876 99,0 Computadores para uso dos alunos 22.954 7.666.001 91,9 Internet 23.236 7.702.181 92,4 Internet Banda Larga 18.677 6.285.788 75,4 Laboratório de Informática 22.324 7.712.800 92,5 Laboratório de Ciências 12.344 4.679.903 56,1 Banheiros Adaptados para alunos com deficiência 7.803 2.794.115 33,5 Dependência e Equipamentos Existente na Escola Ensino Fundamental 63 Não basta a escola optar por uma gestão democrática, e, por conseguinte, elaborar e implantar coletivamente o PDE, estru- turar e executar a Proposta Pedagógica de forma participativa, dis- ponibilizar infraestrutura física e pedagógica, como o CENSO DA EDUCAÇÃO BÁSICA 2009 mostrou-nos que os dados estatísticos no país estão no rumo da melhoria neste aspecto, se a preocupação inicial desta Subunidade, ou seja, quando Silva (2001, p.32) alertou: [...] “crianças das classes dominadas sejam expelidas das escolas antes de chegarem àqueles níveis, onde se aprendem hábitos e habi- lidades próprios das classes dominantes” não for objeto do processo de planejamento escolar, com o firme propósito de transformar esta realidade cruel, excludente e discriminatória. Reflexões e estabelecimento de estratégias e metas volta- das para esta preocupação não permitir que as crianças e adoles- centes sejam expelidos deverão estar presentes na hora da planifi- cação e no dia a dia da rotina escolar. Somadas às iniciativas e opções supracitadas, tem-se de atentar para os itens previstos na gravura que retrata a escola eficaz, à luz dos preceitos do FUNDESCOLA/PDE: ESCOLA EFICAZ L I D E R A N Ç A F O C O N O A L U N O F A T O S E D A D O S M E L H O R I A C O N T Í N U A T R A B A L H O E M E Q U I P E Valores Visão de Futuro Missão Objetivos Estratégicos Fatores Críticos de Sucesso FUNDESCOLA/2002 PDE DA ESCOLA 64 Para solidificar a escola eficaz, segundo o FUNDESCO- LA/PDE, há de se cumprir o que consta na gravura acima: ● No topo, o ideal a ser alcançável: escola eficaz; ● Nos pilares, os aspectos que terão de ser observados na elaboração e implantação do planejamento estratégico: - liderança do gestor (Direção Escolar: Diretor e Diretor-adjunto ou Vice-diretor) na condução do processo, a qual será abordada mais adiante; - toda a ação da escola direcionada em prol e em função do aluno (esforço concentrado neste propósito); - toda a escola deverá estar atenta para os fatos e dados que possam favorecer o alcance dos objetivos/metas e os que dificultam, a fim de serem estimulados os primeiros e superados os segundos. Os da- dos estatísticos deverão ser analisados com cuidado e com frequên- cia pela Equipe Técnico-pedagógica e pelo Corpo Docente. Os fatos que ocorrerem no âmbito escolar deverão ser objeto de atenção e posteriores iniciativas, caso possam interferir potencialmente (de forma negativa) no alcance dos objetivos/metas preestabelecidas. Exemplos de fatos que poderão impedir o êxito escolar: as suces- sivas faltas às aulas, que poderão culminar com a evasão e os altos índices de reprovação escolar. É interessante lembrar que Art. 56 do Estatuto da Criança e do Adolescente-ECA, Lei n. 8.069/1990, que prevê que: “Os dirigentes de estabelecimentos de ensino fundamental comunicarão ao Conselho Tutelar os casos de: I - maus- tratos envolvendo seus alunos; II - reiteração de faltas injustificadas e de evasão escolar, esgotados os recursos escolares; III - elevados níveis de repetência”; 65 - a melhoria contínua não se restringe apenas aos recursos huma- nos da escola, todavia este será o ponto alto de preocupação e de esforço. A competência aumenta a chance de êxito no desempenho de atribuições cabíveis e será alcançada mediante participação de cursos de formação continuada , aperfeiçoamento e níveis mais ele- vados de pós-graduação. A melhoria contínua também se refere aos demais aspectos como: do ambiente escolar, do currículo escolar, dos instrumentos de gestão, dos recursos tecnológicos utilizados pelo Corpo Docente, das relações interpessoais, dentre outros; - na nova concepção de formação, o professor é tido como inte- lectual crítico na contextualização sociocultural de suas aulas e na colaboração pela transformação social mais ampla; profissional re- flexivo; pesquisador e elaborador de conhecimentos, quando se ins- trumentaliza mediante ampliação do embasamento teórico (assun- tos pedagógicos e de conteúdos), a fim de contribuir decisivamente na organização e gestão escolar, realizar reflexões sobre sua prática, investigar fatores de sucesso e dificultadores da sua prática docente e desenvolver competências e habilidades de participação coletiva, de análise dos problemas e de tomada de decisões inteligentes (Li- bâneo, 2004, p.78); - o trabalho em equipe implica em envolvimento dos atores (Equipe Técnico-pedagógica e o Corpo Docente) além dos demais mem- bros da comunidade escolar. Neste caminhar, apesar dos conflitos que fazem parte da relação entre os pares e entre o grupo como um todo, entretanto, a convergência e o compartilhamento de práticas e ideias. ...se fará ao se entender e propor uma organização que se funda no entendimento compartilhado dos professores, dos alunos e demais interessados na educação (ROMÃO & GADOTTI, 1997, p. 42) 66 Numa escola eficaz, os professores, em sua docência, do- minam uma fundamentação teórica que sustenta a sua prática
Compartilhar