Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
EXTRA [Mundo | Chamada] Adeus aos relógios! Ilha da Noruega quer abandonar horários convencionais [Mundo | Notícia] Zona livre de tempo Com longos períodos de claridade e escuridão no ano, moradores de ilha pedem mais liberdade para organizar atividades diárias Melissa Schröder Quando o sol nasce, acordamos. Quando ele está no alto do céu, almoçamos. Quando o astro se põe, descansamos. Em boa parte do planeta, as ações humanas são guiadas pela posição solar, pela existência do dia (hora de estudar e brincar) e da noite (hora de dormir). Em Sommar, uma pequena ilha norueguesa no Círculo Polar Ártico, no entanto, essa lógica não se aplica. De maio até julho, os habitantes locais vivem com a presença ininterrupta do sol, que brilha no céu nas 24 horas do dia. Em outra época, de novembro até janeiro, os moradores encaram a mais completa escuridão, sem ver a luz solar. Acostumada com esse regime solar diferente, a população de 350 pessoas da ilha criou uma maneira própria de organizar suas atividades diárias e quer deixar os relógios de lado de uma vez por todas. Sommar quer se transformar na primeira “zona livre de tempo” do mundo. A proposta veio a público em junho, quando uma petição assinada por habitantes da ilha foi apresentada no Parlamento da Noruega, na capital Oslo. O texto pede que os políticos do país autorizem a ilha a deixar de lado o horário convencional. A petição não detalha as mudanças, mas alguns jornais da região projetam que as aulas teriam horários flexíveis e que os estabelecimentos comerciais abririam as portas quando os funcionários estiverem disponíveis, sem hora marcada. A campanha Time-Free Zone (Zona Livre de Tempo, em português) ganhou força no Facebook, mas o Parlamento norueguês ainda não informou quando irá estudar o pedido dos moradores. Quem apresentou a petição foi Kjell Ove Hveding, morador da ilha. Em entrevista ao canal de televisão CNN, o líder comunitário afirmou que o pedido vai formalizar algo que os moradores de Sommar já fazem há gerações: ignorar o tempo. Entre as cenas comuns nos meses em que o sol não se põe estão, por exemplo, ver pessoas cortando grama, jogando futebol, andando de caiaque ou pintando suas casas de madrugada. Empresas de pesca e turismo, principais atividades econômicas da região, funcionam durante o período da noite nos meses de verão. A ideia é que a iniciativa de “eliminar o tempo” se estenda também ao inverno, quando a escuridão toma conta de Sommar, embora os moradores não tenham um plano bem definido para essa época do ano. A proposta inusitada da pequena ilha, que fica a 1.600 quilômetros de Oslo, levantou suspeitas depois que a empresa de turismo Innovation Norway apoiou os moradores. Muitos noruegueses desconfiaram que o estilo de vida “sem relógio” pudesse ser apenas uma estratégia publicitária para promover a “ilha do sol da meia-noite” como destino turístico. Apesar da desconfiança, Hveding garante que o pedido feito ao Parlamento é sério. Seja em nome do turismo, seja em nome dos costumes locais, Sommar já começou a dizer adeus aos relógios. Inspirada nos pontos turísticos em que os visitantes prendem cadeados, a ilha pede que os turistas deixem seus relógios na ponte que dá acesso ao local. Alguns relógios já estão lá. É claro que abandonar o relógio de pulso é uma atitude simbólica em tempos de smartphones, sempre prontos para oferecer a hora certa. Afinal, quem está de passagem pela “zona livre de tempo” não quer perder a hora de voltar para casa.
Compartilhar