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0 UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL DEPARTAMENTO DE ESTUDOS AGRÁRIOS CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA ÁREA DE AVICULTURA - SISTEMA PRODUTOR DE OVOS ORIENTADORA: PROFª. DRA. LUCIANA MORI VIERO SUPERVISOR: MÉD. VET. ALEXANDRE FÉLIX BLANCO Mariane Dalla Rosa Ijuí, RS, Brasil 2014 1 RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA Mariane Dalla Rosa Relatório de Estágio Curricular Supervisionado na Área de Avicultura - Sistema Produtor de Ovos apresentado ao Curso de Medicina Veterinária da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ, RS), como requisito parcial para obtenção do grau de Médica Veterinária. Orientadora: Profª. Dra. Luciana Mori Viero Ijuí, RS, Brasil 2014 2 Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul Departamento de Estudos Agrários Curso de Medicina Veterinária A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova o Relatório de Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA elaborado por Mariane Dalla Rosa como requisito parcial para obtenção do grau de Médica Veterinária COMISSÃO EXAMINADORA: ___________________________________________ Luciana Mori Viero (Orientadora) ___________________________________________ Cristiane Beck (UNIJUÍ) Ijuí, 11 de dezembro de 2014. 3 AGRADECIMENTOS Em especial agradeço a Deus pela minha vida, por iluminar o meu caminho, e me dar força diante de todos os obstáculos encontrados. Aos meus pais Élio e Vera, por me proporcionarem a realização deste sonho, e pelo incentivo e dedicação em todos os momentos. Pai e mãe, sem vocês eu jamais teria conseguido! Amo muito vocês! Ao meu irmão Tercio e minha cunhada Elisandra, por estarem sempre ao meu lado dispostos a me ajudar. A todos os meus familiares, por acreditarem em mim e me incentivarem. A todos os meus amigos e amigas que sempre me incentivaram e tornaram os meus dias mais felizes. Agradeço por estarem comigo nas alegrias, tristezas, vitórias e derrotas. As amizades que cultivei durante a vida acadêmica e que serão amizades pra vida toda, agradeço por serem sempre prestativas, companheiras e tornarem a minha vida acadêmica mais especial. Aos professores que contribuíram para a minha formação, pelos conhecimentos compartilhados, pela dedicação e carinho. Em especial agradeço a minha orientadora Luciana Mori Viero, pela atenção e pelo tempo dedicado a me auxiliar. A todos os profissionais da Empresa BRF – Brasil Foods S.A., pela forma como fui acolhida, por me auxiliarem ao longo do estágio e pela paciência em colaborar para o meu aprendizado; em especial à Equipe SPO, Blanco, Carlos Pereira, Cilmar, Maiara, Emilso, Andrei, Carlos de Leon e Fernando Tapparo, e também aos produtores da integração. Obrigada Empresa BRF pela oportunidade de estágio. A todos que de alguma forma contribuíram para a minha formação e que são especiais em minha vida, o meu Muito Obrigado. 4 “Jesus não é somente um amigo. É um mestre de verdade e de vida, que revela o caminho para alcançar a felicidade.” Papa Francisco 5 RESUMO RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA – ÁREA DE AVICULTURA – SISTEMA PRODUTOR DE OVOS AUTORA: MARIANE DALLA ROSA ORIENTADORA: LUCIANA MORI VIERO Data e Local da Defesa: Ijuí, 11 de dezembro de 2014. O Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária foi realizado na área de Avicultura - Sistema Produtor de Ovos, na Empresa BRF – Brasil Foods S.A., localizada na cidade de Marau/RS. O estágio teve supervisão interna do Médico Veterinário Alexandre Félix Blanco e orientação da professora Dra. Luciana Mori Viero, durante o período de 25 de agosto a 29 de setembro de 2014, perfazendo um total de 150 horas. Durante a realização do estágio foram acompanhadas diversas atividades, como visitas técnicas nas granjas de recria e produção de ovos, coletas de materiais para o PNSA e para o controle sanitário interno, vacinação in ovo, via água, via spray e intramuscular, atividades no incubatório, entre outras. Mais detalhadamente será realizada a abordagem das atividades efetuadas, conjuntamente com a explanação do funcionamento do Sistema Produtor de Ovos, que engloba as granjas de recria, produção de ovos e incubatório. O estágio proporciona ao acadêmico desenvolver conhecimentos e adquirir experiências que serão utilizadas para a execução da profissão, bem como permite ao estagiário desenvolver uma postura profissional frente aos desafios encontrados. Palavras-chave: Avicultura. Sistema Produtor de Ovos. Estágio. 6 LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS ºC = graus Celsius cm = centímetros kg = quilogramas Lux = unidade do sistema internacional de unidades para luminosidade m² = metros quadrados PNSA = Programa Nacional de Sanidade Avícola ppm = partes por milhão RS = Rio Grande do Sul % = porcentagem 7 LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Cortina verde....................................................................................... 14 Figura 2 – Comedouro tubular infantil................................................................. 21 Figura 3 – Mangueira na parte interna das grades dos comedouros.................... 26 Figura 4 – Linha de nipple sobre o slat nos ninhos mecânicos............................ 27 Figura 5 – Comedouro para machos.................................................................... 30 Figura 6 – Macho com características de um bom reprodutor............................. 32 Figura 7 – Macho com característica de infértil................................................... 33 8 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .................................................................................... 10 2 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ....................................................... 12 3 MATRIZES DE FRANGO DE CORTE ................................................ 13 3.1 Biosseguridade...................................................................................................................13 3.1.1 Localização das instalações ............................................................................................. 13 3.1.2 Cortina Verde .................................................................................................................. 14 3.1.3 Barreiras sanitárias .......................................................................................................... 14 3.1.4 Destino das aves mortas .................................................................................................. 15 3.1.5 Controle de pássaros e roedores ...................................................................................... 16 3.1.6 Controle de cascudinho (Alphitobius diaperinus) ........................................................... 16 3.1.7 Monitoria sanitária ........................................................................................................... 17 3.2 Recria.................................................................................................................................18 3.2.1 Preparação dos aviários ...................................................................................................18 3.2.2 Galpões Dark House ........................................................................................................ 19 3.2.3 Controle de temperatura .................................................................................................. 20 3.2.4 Arraçoamento .................................................................................................................. 20 3.2.5 Fornecimento de Água .................................................................................................... 22 3.2.6 Debicagem ....................................................................................................................... 22 3.2.7 Pesagem e seleção ........................................................................................................... 23 3.2.8 Transferência das aves ..................................................................................................... 23 3.3 Produção de Ovos..............................................................................................................24 3.3.1 Preparo do aviário ............................................................................................................ 24 3.3.2 Estrutura dos aviários ...................................................................................................... 24 3.3.3 Recebimento das aves ...................................................................................................... 25 3.3.4 Manejo de cama ............................................................................................................... 25 3.3.5 Comedouros ..................................................................................................................... 26 3.3.6 Bebedouros ...................................................................................................................... 27 3.3.7 Ninhos .............................................................................................................................. 27 3.3.8 Fornecimento de luz ........................................................................................................ 28 3.3.9 Arraçoamento de machos e fêmeas ................................................................................. 29 3.3.10 Pesagem ......................................................................................................................... 31 3.3.11 Manejo de machos ......................................................................................................... 31 3.3.12 Spiking ........................................................................................................................... 33 3.3.13 Intra-spiking ................................................................................................................... 34 3.3.14 Recuperação das aves .................................................................................................... 34 3.3.15 Coleta de ovos ............................................................................................................... 34 3.3.16 Classificação dos ovos ................................................................................................... 35 3.3.17 Desinfecção dos ovos .................................................................................................... 35 3.3.18 Acondicionamento dos ovos .......................................................................................... 36 9 4 INCUBATÓRIO ................................................................................... 37 4.1 Biossegurança....................................................................................................................37 4.1.1 Entrada de veículos .......................................................................................................... 37 4.1.2 Entrada de pessoas ........................................................................................................... 38 4.1.3 Divisão de áreas ............................................................................................................... 38 4.1.4 Limpeza de salas e equipamentos .................................................................................... 38 4.1.5 Controle de roedores ........................................................................................................ 39 4.1.6 Resíduos de incubação .................................................................................................... 39 4.2 Funcionamento do incubatório........................................................................................39 4.2.1 Sala de ovos ..................................................................................................................... 39 4.2.2 Sala de incubação ............................................................................................................ 40 4.2.3 Sala de nascedouros ......................................................................................................... 40 4.2.4 Sala de sexagem............................................................................................................... 41 4.2.5 Sala de pintos ................................................................................................................... 41 5 CONCLUSÃO ...................................................................................... 42 6 REFERÊNCIAS ................................................................................... 43 10 1 INTRODUÇÃO A avicultura brasileira é considerada uma das mais desenvolvidas do mundo, contendo índices de produtividade excelentes, devido à existência de programas de qualidade como genética, manejo, nutrição, boas práticas de produção, biosseguridade, rastreabilidade, programas de bem estar animal e de preservação do meio ambiente (DANCOSKY, 2009). A produção de carne de frango de setembro de 2013 a agosto de 2014, chegou aos 12,588 milhões de toneladas e se encontra 3% acima do volume produzido no mesmo período imediatamente anterior. O volume exportado no mês de setembro representou um aumento de 8% sobre o mês de agosto, e de aproximadamente 19% sobre setembro de 2013 (AVISITE, 2014). Relacionando as maiores empresas produtoras de carne de frango da América Latina, temos quatro empresas brasileiras, sendo a BRF, JBS, Globoaves e GTFoods, e duas cooperativas brasileiras, sendo a Cooperativa Aurora e Cooperativa C. Vale. Embora corresponda a 40% das empresas relacionadas, o grupo brasileiro é responsável por aproximadamente 75% da produção de carne de frango dessas 15 empresas (AVISITE, 2014). A atividade avícola vem se demonstrando com extremo potencial de crescimento, pois a carne de frango possui, além do baixo custo, proteínas de alta qualidade (KOERICH E SÁ, 2009). E o Brasil está entre os maiores produtores de carne de frango do mundo, e, para que não decline deste patamar, é fundamental uma constante evolução tecnológica da cadeia produtiva. É necessária a busca permanente por novos índices de desempenho e custo, sendo que estas inovações não se limitam apenas para as empresas, mas também aos produtores de frangos, para uma produção mais rentável e de maior qualidade (CARVALHO, 2012). O Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária proporciona ao acadêmico um momento de grande aprendizado, onde é possível aplicar na prática os conhecimentos adquiridos durante a graduação. O Estágio Curricular Supervisionado foi realizado na área de Avicultura – Sistema Produtor de Ovos, na Empresa BRF – Brasil Foods S.A., na unidade de Marau/RS, no período de 25 de agosto a 29 de setembro de 2014, perfazendo um total de 150 horas, sob a supervisão interna do Médico Veterinário Alexandre Félix Blanco e orientação da professora Luciana Mori Viero. Optou-se em efetuaro Estágio Curricular Supervisionado na área de Avicultura por ser um setor que vem crescendo nos últimos anos, levando em consideração o fato de que o Brasil 11 está entre os maiores produtores de carne de frango do mundo. O presente relatório tem como objetivo relatar as atividades desenvolvidas durante o estágio, bem como descrever o funcionamento do Sistema Produtor de Ovos, o qual envolve as granjas de recria, produção de ovos e incubatório. 12 2 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS Durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária realizado na Empresa BRF – Brasil Foods S.A. da unidade de Marau/RS, foram realizadas atividades no Sistema Produtor de Ovos, englobando as granjas de recria, produção de ovos e incubatório. Nas granjas de recria, foram acompanhadas atividades como, montagem de pinteiros, alojamento de pintos, aquecimento dos pinteiros, arraçoamento, manejo de iluminação, pesagem e seleção de machos e fêmeas, vacinação via spray, via água e intramuscular e coleta de materiais para análise laboratorial de controle sanitário interno e coletas oficiais para PNSA. As principais atividades acompanhadas nas granjas de produção de ovos foram arraçoamento, manejo de água, manejo de cama, coleta e classificação de ovos, desinfecção de ovos, manejo de cortinas e de iluminação, manejo de machos, vazio sanitário, pesagem e coleta de materiais para análise laboratorial de controle sanitário interno e coletas oficiais para PNSA. No incubatório, as atividades acompanhadas foram ovoscopia para a avaliação da qualidade dos ovos (AQO), incubação dos ovos, vacinação in ovo, transferência dos ovos para os nascedouros, sexagem dos pintos, vacinação spray, separação de pintos pretos e coleta de materiais para análise laboratorial de controle sanitário interno e coletas oficiais para PNSA. 13 3 MATRIZES DE FRANGO DE CORTE 3.1 Biosseguridade A biosseguridade compreende um grupo de medidas profiláticas capaz de assegurar a integridade da saúde do indivíduo (BENTO et al, 2013). Um programa efetivo de biosseguridade tem como objetivo impedir a introdução e a transmissão de bactérias, vírus, fungos e parasitas nas instalações de criação de frangos, não permitindo que os agentes infecciosos causem alguma enfermidade nas aves (SIEWERDT, 2005). De acordo com SESTI (2005), os benefícios de um programa de biosseguridade são evidentes, e englobam diversas áreas, como a saúde do lote de reprodutores, a saúde da progênie desse lote e a saúde humana. As granjas de recria e de produção de ovos da empresa BRF - Brasil Foods S.A. possuem um programa de biosseguridade bem elaborado e em constante aperfeiçoamento. 3.1.1 Localização das instalações A localização geográfica da granja e o posicionamento dos galpões devem ser avaliados, pois têm um impacto no equilíbrio da sanidade da granja (BONATTI et al, 2008). Algumas normas devem ser seguidas para a localização das instalações, como a construção das granjas distante de área urbana e de outros estabelecimentos avícolas, estar ciente da direção predominante dos ventos, a fim de impedir a disseminação de patógenos, cercar com tela toda a área de extensão da granja, para evitar a entrada de outros animais e veículos não autorizados, entre outras. 14 3.1.2 Cortina Verde Levando em consideração que diversos patógenos se disseminam facilmente através de correntes de ar, torna-se importante a presença de uma barreira física que impeça que essa dispersão ocorra. Esta barreira física é considerada uma cortina verde (Figura 1), pois é formada por uma densa vegetação composta basicamente por árvores de pinos, eucaliptos e campo nativo, existentes ao redor dos núcleos e da granja. Essa cortina verde proporciona um bloqueio efetivo dos ventos, evitando, de certo modo, a disseminação de vários agentes patogênicos entre os núcleos (BORGES, 2011). Figura 1 – Cortina verde 3.1.3 Barreiras sanitárias O controle do fluxo de pessoas e veículos nas granjas é muito importante, pois é uma forma de veiculação muito comum de diversas doenças. O acesso de pessoas e de veículos à granja só é permitido através da barreira sanitária central e da barreira sanitária do núcleo. Cada pessoa, para adentrar na granja e no núcleo, deve tomar um banho completo, e vestir as roupas fornecidas pela granja. Não é permitido o uso de adornos como brincos, anéis, 15 pulseiras, colares, etc. É feito também o controle da entrada de visitantes, a qual é registrada obrigatoriamente no livro de visitas. Os veículos que necessitam entrar na granja devem ser limpos e desinfetados no arco de desinfecção. Quaisquer objetos que sejam necessários levar para o interior da granja devem se fumigados no fumigador de fronteira existente na barreira sanitária. O processo de fumigação é feito através da queima de paraformaldeído em pó, e o tempo necessário para este processo é controlado por um temporizador, e varia de acordo com o tamanho do fumigador. 3.1.4 Destino das aves mortas As aves mortas são recolhidas ao longo do dia e depositadas nas caixas de mortalidade existentes no interior de cada aviário, para no final do dia serem destinadas à composteira. O processo de compostagem é seguro e ambientalmente correto, pois permite que as carcaças sejam deterioradas sem que ocorra a inserção de material contaminado pelo solo. O material proveniente desse processo se transforma em matéria útil, permitindo a sua utilização em outras atividades, pois durante o processo de compostagem, a maioria dos microrganismos patogênicos existentes são destruídos (KOERICH E SÁ, 2009). Para que a compostagem ocorra de maneira adequada, é necessário que se faça corretamente o processo, no qual as aves são dispostas em camadas. A primeira camada da célula de compostagem deve ser de 15 a 20 cm de maravalha limpa ou cama de aviário. Na segunda camada colocar as carcaças com o dorso para cima, atingindo no máximo 15 cm de altura. Antes disso as penas devem ser queimadas. Após a disposição das aves deve-se cobrir as carcaças com cama do aviário, utilizando o dobro da espessura da segunda camada. Não podem ficar carcaças expostas. Posteriormente deve-se seguir essa ordem de disposição das camadas até o término da célula de compostagem. O material deve permanecer no processo por um período de 90 dias do término da última camada, após isso poderá ser utilizado como adubo orgânico. 16 3.1.5 Controle de pássaros e roedores Para evitar a entrada de pássaros nos aviários são tomadas algumas medidas preventivas, tais como o uso de telas em toda a extensão dos aviários, o cuidado de manter as portas dos galpões fechadas, para que os pássaros não entrem por meio delas, a utilização de árvores não frutíferas nas dependências da granja e a limpeza e retirada de ração da periferia dos silos. O controle de roedores nas granjas é feito através de um mapeamento prévio de pontos estratégicos para a colocação de iscas. Os principais pontos são ao redor dos aviários, cercas, silos, composteira, depósito de maravalha e portaria. Os raticidas podem ser utilizados na forma de grãos, blocos, peletizados e em pó. Os pontos de iscas podem ser feitos com canos de PVC de 100 mm de espessura e 50 cm de comprimento e distribuídos conforme o mapeamento. Os pontos de iscagem devem ser monitorados semanalmente quando existir um alto consumo de raticida, quinzenalmente quando existir um médio consumo e mensalmente quando o consumo for baixo. Cada monitoramento das iscas deve ser registrados em planilha de controle de roedores. 3.1.6 Controle de cascudinho (Alphitobius diaperinus) Dentre as diversas espécies de insetos que podem ser encontrados nos aviários, o cascudinho (Alphitobius diaperinus) é umadas pragas de mais difícil controle, pois, segundo SESTI (2005), apresenta um ciclo de vida curto e todos os estágios (ovo, larva, pupa e adulto) acontecem em fendas, embaixo dos comedouros, e até mesmo enterrados no solo. O cascudinho é responsável pela transmissão de diversos patógenos, dentre eles vírus, bactérias, fungos e protozoários. Entre as doenças mais conhecidas que podem ser transmitidas pelo cascudinho estão a Doença de Marek, Doença de Newcastle, Bouba Aviária, Doença de Gumboro, Salmoneloses, Clostridioses, Colibacilose, Aspergilose e Coccidiose (SESTI, 2005). O controle do cascudinho se faz por meio da aplicação de inseticida, a qual é realizada antes e após a lavagem do aviário, anterior à colocação de maravalha. Caso ocorra alguma infestação ao longo do alojamento, é aplicado inseticida nos pontos infestados. 17 3.1.7 Monitoria sanitária As salmoneloses e as micoplasmoses são doenças bacterianas de difícil controle e prevenção, por isso estão listadas oficialmente no PNSA. São as salmoneloses causadas pelos sorotipos Salmonella pullorum, Salmonella gallinarum, Salmonella enteritidis e Salmonella typhimurium, e as micoplasmoses causadas pelo Micoplasma gallisepticum e Micoplasma synoviae (KOERICH E SÁ, 2009). Todas as granjas avícolas devem ser certificadas livres de Salmonela de acordo com a Instrução Normativa nº 78, de 3 de novembro de 2003, que aprova as Normas Técnicas para Controle e Certificação de Núcleos e Estabelecimentos Avícolas como livres de Salmonella gallinarum e de Salmonella pullorum e Livres ou Controlados para Salmonella enteritidis e Salmonella typhimurium (MAPA, 2009). Para isso são realizadas provas laboratoriais oficiais para Salmonella spp, que são: - Na 1ª semana de idade: coleta de 1 pool de pintos mortos, 1 pool de 20 pedaços de papel de forração de fundo de caixa e 1 propé de cama para linha fêmea e linha macho; - Na 12ª, 24ª, 36ª, 48ª e 60ª semana: coleta de 50 swab de cloaca; - Na 36ª, 48ª e 60ª semana: coleta 1 pool de 20 ovos bicados por núcleo e 50 ml de mecônio por núcleo; - No 1º nascimento: coleta 150 ovos bicados e mecônio de 200 pintos por núcleo. As provas laboratoriais para Mycoplasma synovie e Mycoplasma gallisepticum são: - Na 12ª semana: 300 amostras de sangue; - Na 24ª, 36ª, 48ª e 60ª semana: 150 amostras de sangue. As coletas de materiais para exames laboratoriais do PNSA devem ser realizadas com o acompanhamento do médico veterinário oficial. 18 3.2 Recria A recria compreende o período desde o recebimento dos pintinhos das granjas de avós, até as 22 semanas de idade, quando as aves vão para as granjas de produção. O período de recria tem o intuito de promover um bom desenvolvimento das aves, com uniformidade acima de 80%, e desenvolver uma boa imunização do lote, pois é nesta fase que as aves são preparadas para o período de postura. Segundo FREITAS et al (2005), é no período de recria que ocorre o desenvolvimento do esqueleto da ave, portanto, deve-se garantir uma boa progressão do crescimento, alcançar o peso sugerido pela linhagem, conseguir uma boa uniformidade e buscar uma boa viabilidade dos pintinhos nos primeiros dias de vida. O sistema de recria da unidade de Marau/RS conta com duas granjas terceirizadas, que trabalham com o sistema de integração com a BRF - Brasil Foods S.A., e fornecem as matrizes prontas para as granjas de produção de ovos. São alojadas aproximadamente 31 mil fêmeas e em torno de 4.500 machos. A Empresa BRF - Brasil Foods S.A. trabalha com a linhagem Cobb 500, que possui as granjas de avós em Faxinal dos Guedes/SC. 3.2.1 Preparação dos aviários No período de vazio sanitário é realizada a limpeza e a desinfecção dos aviários, que após estarão em condições de receber os equipamentos e materiais necessários. Antes do alojamento dos pintinhos, é colocada a cama de maravalha, com uma espessura de aproximadamente 7 centímetros e espalhada uniformemente em toda extensão do aviário. A cama desnivelada leva a variação de temperatura do piso, levando os pintinhos a se aglomerarem embaixo dos equipamentos; e isso poderá limitar o acesso à água e ao alimento nessa fase fundamental de desenvolvimento (COBB, 2008). São montados os pinteiros, fazendo o revestimento das paredes do aviário com lonas, e reduzindo a área na qual os pintinhos serão alojados, utilizando apenas um lado do galpão. O tamanho do pinteiro vai ser de acordo com a quantidade de pintos alojados, utilizando-se inicialmente 60 aves/m 2 , seguido de aumentos no espaçamento do pinteiro no 4º, 7º, 10º, 14º, 19 28º e 49º dias de idade, onde as aves estarão ocupando todo o aviário. Os pinteiros devem ser montados de maneira que não permitam pontos de fuga de calor. Nas primeiras semanas de idade, as quais os pintinhos são mais suscetíveis às variações do meio ambiente, é necessário que se faça um controle rigoroso de temperatura, ventilação, vacinação e alimentação. 3.2.2 Galpões Dark House Os aviários possuem o sistema de criação Dark House, que fundamenta-se em uma combinação entre um programa de iluminação e um programa de ventilação, através da utilização de pressão negativa. O método de ventilação com pressão negativa consiste na presença de exaustores em um dos lados do aviário e uma entrada de ar na extremidade oposta (OLIVEIRA et al, 2014); e o sistema de resfriamento é por nebulização ou “pad cooling” (CARVALHO, 2012). No sistema Dark House as aves são criadas com iluminação e ventilação controlada, onde a luz externa é impedida no interior do aviário e é fornecida às aves apenas luz artificial de baixa intensidade. Este sistema foi elaborado levando em conta as características hormonais das aves, controlando a maturidade sexual e permitindo um maior desenvolvimento corporal na fase de recria, considerando que os hormônios do crescimento atuam até as 22 semanas de idade (BORGES, 2011). Segundo OLIVEIRA et al (2014), a criação no sistema Dark House reduz o estresse das aves, diminui o número de aves machucadas, promove uma melhora na conversão alimentar, não permite o contato das aves com as condições externas desfavoráveis, além de promover um aumento na produção devido à possibilidade de manter uma maior densidade das aves nesse sistema. CARVALHO (2012) afirma que este sistema possibilita um maior controle do ambiente dentro do aviário, pela regulação da temperatura, umidade e renovação dos gases. E outra vantagem é que a baixa intensidade de luz torna as aves mais tranquilas, de maneira que boa parte da energia da ave seja aproveitada para o desenvolvimento corporal. 20 3.2.3 Controle de temperatura Na fase inicial de crescimento, a temperatura é um fator imprescindível para o desenvolvimento dos pintinhos. Na primeira semana de vida a temperatura ideal para as aves é entre 29 e 32°C, diminuindo conforme a idade dos pintos, chegando nos 28 dias de idade com uma temperatura agradável entre os 21 e 23 °C. Para o aquecimento dos pintinhos pode-se fazer o uso de campânulas, respeitando um limite de 500 a 650 pintinhos para cada campânula. Elas devem ser instaladas a uma altura mínima de 1,10 metros. Também se faz o uso de máquinas aquecedoras a gás, as quais são muito eficientes. Tanto as campânulas quanto as máquinas aquecedoras devem ser ligadas aproximadamente 1 hora antes da chegada do lote, a fim de oferecer uma temperatura adequada aos pintinhos. É necessário o uso de um termômetro em cada lado do aviário para fazer a verificação da temperatura, e esta deve ser feita com um intervalo de no máximo 2 horas entre aferições. A melhor maneira de verificar se a temperatura está agradável, é observar a distribuição e o comportamento dos pintinhos; quando se sentem confortáveis distribuem-se uniformemente dentro do pinteiro. 3.2.4 ArraçoamentoO manejo alimentar tem como objetivo atingir o peso corporal recomendado para a linhagem, garantir o crescimento e desenvolvimento correto, possibilitando às aves atingir maturidade sexual uniforme, e ainda, reduzir a variação de peso e estrutura corporal dentro do lote (FRÖHLICH, 2013). O arraçoamento das aves é feito sempre no início da manhã e a quantidade de ração a ser fornecida segue as recomendações do Manual de Manejo de Matrizes BRF, o qual orienta que sejam fornecidas inicialmente 22 gramas de ração por ave para as fêmeas e 24 gramas de ração por ave para os machos. Os incrementos de ração são dados semanalmente, até chegar no período de transferência com uma ingestão diária das fêmeas de 111 gramas de ração por ave e dos machos de 119 gramas de ração por ave. A ração fornecida possui 3 variedades, oferecidas de 21 acordo com o período da vida das aves, sendo a ração inicial utilizada da 1ª à 5ª semana de idade, a ração de crescimento da 6ª à 17ª semana e a ração pré-postura da 18ª semana até a transferência. No alojamento a ração inicial é fornecida nos comedouros tubulares infantis (Figura 2), e também é colocado um papel pardo sobre a cama, abaixo da linha de nipple com um pouco de ração, a fim de estimular o consumo pelos pintinhos; o papel é retirado no 3º dia de idade. Figura 2 – Comedouro tubular infantil Nos 14 dias de idade os comedouros tubulares infantis são substituídos pela calha, a qual precisa estar parcialmente enterrada na cama, para facilitar o acesso dos pintinhos. Os comedouros do tipo calha são elevados conforme o crescimento das aves. De acordo com a COBB (2008), a uniformidade de peso das aves define em grande parte a uniformidade sexual do lote e desse modo, o desempenho no pico de produção e a persistência do período de postura em 70 e 80% da produção. 22 3.2.5 Fornecimento de Água São utilizados bebedouros do tipo nipple, onde deve-se respeitar uma quantidade de 20 a 25 aves por bico de nipple no período de alojamento; e a partir do 28º dia deve-se utilizar em torno de 10 aves por bico de nipple. A altura dos bebedouros nipple deve ser regulada de modo que as aves tomem água com o bico angulado em 45°, mantendo as patas apoiadas no chão, conseguindo acessar os bebedouros com facilidade. A vazão de água nos bicos deve ser regulada conforme a idade das aves. A água fornecida às aves precisa ser tratada a fim de prevenir problemas sanitários. O tratamento é feito com cloro, o qual deve estar entre 1 e 3 ppm, deve-se fazer o teste de cloração uma vez ao dia. O consumo de água das aves durante o dia deve ser registrado em uma planilha, e a leitura do volume consumido é feita no hidrômetro instalado no aviário. As caixas de água dos aviários devem ser esvaziadas e lavadas no vazio sanitário, e após a cada 30 dias, registrando o controle em planilha; e as linhas de nipple devem ser higienizadas a cada 30 dias fazendo o uso de produtos recomendados pela BRF - Brasil Foods S.A. 3.2.6 Debicagem A debicagem é realizada apenas nos machos com o intuito de evitar o canibalismo e reduzir lesões nas fêmeas durante a cópula. As aves são debicadas com 7 dias de idade, fazendo o uso de um debicador com lâmina quente. Deve-se remover a parte queratinizada do pico e após cauterizar levemente, evitando sangramentos. Os bicos superior e inferior devem ficar do mesmo tamanho. Se ocorrer o crescimento excessivo ou existir alguma deformidade no bico, é necessário que se faça um novo corte em torno das 18 semanas. É fundamental que a debicagem dos machos seja feita com precisão para garantir a uniformidade e maximizar a fertilidade (COBB, 2008). Outro método utilizado para evitar lesões nas fêmeas é a cauterização das esporas e o corte seguido de cauterização das unhas de dois dedos, e este trabalho é realizado no incubatório. 23 3.2.7 Pesagem e seleção O controle de peso das aves é muito importante para mantê-las dentro do padrão da linhagem. A pesagem é feita semanalmente, com uma balança digital, pendurando as aves pelas asas; se faz uma amostragem de 3% de fêmeas e de 6% de machos, respeitando esse percentual em todas as categorias. É através destas pesagens semanais que se faz o controle do consumo de ração. Desde o alojamento, as aves são separadas por categorias (pesadas, médias e leves) através da realização de seleções, as quais tem o objetivo de proporcionar uma competição mais justa pelo alimento, sendo que para as aves leves deve-se fornecer maior quantidade de ração, a fim de aproximar o máximo possível o peso dentro das categorias, e assim, promover maior uniformidade. São feitas seleções com pesagens de 100% das aves (machos e fêmeas), para isso é realizada uma amostragem do lote, pesando cerca de 5% das aves e após são estabelecidas as faixas de peso de cada categoria. As seleções 100% são efetuadas em várias idades, a primeira é feita com 10 dias de idade, a segunda com 28 dias, a terceira na 7ª semana, a quarta na 11ª semana e a quinta na 16ª semana. Na 20ª semana é feita uma seleção somente nos machos para a transferência. 3.2.8 Transferência das aves O processo de transferência das aves para as granjas de produção é o momento mais estressante para as mesmas, onde irão sair de um aviário fechado e escuro para permanecerem em aviários abertos, com alta intensidade de luz e com a junção de fêmeas e machos, sendo um ambiente completamente diferente do qual viviam. A transferência deve ser feita nas horas de temperaturas mais amenas, podendo ser no início da manhã ou no final da tarde. A apanha das aves é feita pelas asas, devendo-se fazer a contagem das mesmas no momento do carregamento para as caixas plásticas. As aves deverão ser arraçoadas na granja de produção após o término da transferência do lote. 24 3.3 Produção de Ovos Nas granjas de produção de ovos se inicia o período de postura, que se estende até a 60ª à 66ª semana de idade, quando o lote é abatido. O Sistema Produtor de Ovos (SPO) da unidade de Marau/RS trabalha com o sistema de integração de granjas, que conta com um total de 2 granjas de recria e 8 granjas de produção de ovos que abastecem o incubatório de Marau. Os integrados da BRF são responsáveis pela construção dos aviários, pelos equipamentos e pela mão de obra; e a empresa BRF - Brasil Foods S.A. fornece as aves, a assistência técnica e os insumos necessário, como medicamentos, ração e maravalha. 3.3.1 Preparo do aviário Os aviários passam por um vazio sanitário de aproximadamente 45 dias, no qual ocorre a lavagem e desinfecção das instalações e equipamentos; após os aviários estarão prontos para receberem todos os equipamentos, a maravalha e, posteriormente, as aves. 3.3.2 Estrutura dos aviários Todos os aviários possuem na entrada uma área de serviço, podendo ser na porção inicial ou no meio do aviário; na área de serviço são realizadas atividades como a separação dos ovos comerciais e incubáveis e a pesagem de ração. Os aviários são divididos em dois lados (A e B), podendo ser dividido em lado A (1 e 2 ) e lado B (1 e 2). No fundo dos aviários existe um box para a recuperação de fêmeas e machos lesionados e improdutivos. As cortinas dos aviários são da cor branca, para facilitar uma maior entrada de luminosidade; o manuseio das mesmas é feito de acordo com a temperatura e o clima, buscando sempre um ambiente agradável. Para auxiliar no controle de temperatura, se faz a utilização dos ventiladores e nebulizadores, os quais são automaticamente acionados quando a temperatura atingir os 26°C. 25 3.3.3 Recebimento das aves Inicialmente é feito o alojamento dos machos com 21 semanas de idade, realizado uma semana antes de alojar as fêmeas, para que possam se adaptar com o novo ambiente e irem recebendo estímulo luminoso, a fimde estarem preparados para a chegada das fêmeas. Os machos são alojados na proporção de 10 a 12% do número de fêmeas, e este percentual diminui conforme avança a idade, podendo terminar o lote com um percentual de 7% de machos. As fêmeas são alojadas na semana seguinte, com 22 semanas de idade. São alojadas em torno de 30.000 fêmeas por núcleo, respeitando a densidade, que é de 5,08 aves/m 2 , isto evita a superlotação e permite que as aves explorem o seu potencial. Para alojar animais com uma maior uniformidade, deve-se levar em consideração o peso corporal das aves, formando então lotes conforme o peso, sendo três categorias: leves, médias e pesadas. 3.3.4 Manejo de cama A cama de aviário consiste em um material disposto no chão do galpão a fim de evitar o contato direto das aves com o piso, contribuindo com a absorção de água, incorporação de fezes e urina, assim como, a diminuição das oscilações de temperatura no interior do aviário (ROLL et al, 2009). O material utilizado para cama é a maravalha, a qual deve ser distribuída no aviário respeitando uma altura de 5 a 8 cm para ninho manual e em torno de 5 cm para ninho mecânico. A cama deve proporcionar conforto às aves e, para isso, deve ser feito um manejo adequado, que consiste na viragem da cama com incorporação de cal virgem, quando estiver úmida. De acordo com ROLL et al (2009), o manejo da cama deve ser realizado com a finalidade de prevenir a proliferação de insetos, reduzir a produção de amônia e a exposição das aves a agentes patogênicos. 26 3.3.5 Comedouros Os comedouros para as fêmeas são do tipo calha, e devem possuir no mínimo 15 cm de espaçamento de calha por ave (COBB, 2008). A borda superior da calha deve estar na altura do dorso das aves. Na fase inicial de alojamento, é feita a instalação de uma mangueira de meia polegada na parte interna das grades (Figura 3), para evitar o acesso dos machos, e a mesma deve ser retirada até as 35 semanas de idade, dependendo da altura das grades. Os comedouros para os machos podem ser do tipo calha, onde se utiliza de 20 a 22 cm por macho, ou do tipo prato, onde deve-se respeitar a quantidade de 8 machos por comedouro (COBB, 2008). Os comedouros devem ficar em uma altura que o macho mantenha a pata inteira no chão e apenas necessite esticar o pescoço para se alimentar, e dificulte o acesso das fêmeas. Figura 3 – Mangueira na parte interna das grades dos comedouros tipo calha 27 3.3.6 Bebedouros Os bebedouros são do tipo nipple, nos quais deve-se respeitar de 6 a 8 aves por bico de nipple (COBB, 2008). Nos aviários que possuem ninho manual os bebedouros devem estar entre as calhas das fêmeas, e nos aviários com ninho mecânico devem estar sobre o slat (Figura 4). Figura 4 – Linha de nipple sobre o slat nos ninhos mecânicos. 3.3.7 Ninhos Nos ninhos convencionais do modelo francês, se utiliza a quantidade de 4 aves por boca de ninho (COBB 2008), e os dispõe longitudinalmente. Os ninhos convencionais devem estar preenchidos com maravalha limpa e seca, e esta deve ser reposta sempre que for necessário, evitando trincas ou quebra de ovos. É realizada também a desinfecção da maravalha nos ninhos utilizando paraformol em pó, a fim de evitar a proliferação de microrganismos e reduzir a contaminação dos ovos. Nos ninhos mecânicos centrais são utilizadas em torno de 50 aves por metro de ninho (COBB, 2008). O acesso das aves até os ninhos é através do slat instalado na frente dos ninhos. Os ovos produzidos nesses ninhos descem para a esteira que os leva até a área de 28 serviço do aviário, onde serão coletados. Segundo BARRO (2005), a escolha pela utilização de ninhos automáticos leva em consideração alguns fatores como custo da mão de obra, biossegurança, filosofia de manejo das aves e qualificação do status genético. Como o intuito das granjas de produção de ovos é produzir ovos incubáveis de qualidade, se busca a redução ao máximo de ovos colocados na cama. Para isso, é feito um manejo diferenciado principalmente até as 30 semanas de idade do lote, onde uma pessoa fica caminhando dentro dos aviários no lado oposto aos ninhos induzindo as galinhas a se deslocarem para os ninhos; essa prática deixa as poedeiras desconfortáveis para colocar ovos na cama, e para elas, o ninho se torna o lugar mais confortável e seguro, reduzindo assim o número de ovos de cama. 3.3.8 Fornecimento de luz A luminosidade fornecida de maneira apropriada neste período vai designar o desempenho do lote. No início, o fornecimento de luz tem o objetivo de estimular as fêmeas a entrarem em produção, bem como vai intervir no tamanho dos ovos produzidos e na persistência do pico de postura. Para os machos, o foto estímulo é essencial para o amadurecimento sexual, que pode ser observado pelo desenvolvimento e coloração da crista e barbela (KOERICH E SÁ, 2008). O programa de luz pode ser modificado de acordo com a época do ano e o fotoperíodo. Deve-se buscar uma intensidade de luz de 80 a 100 lux de média no galpão (COBB, 2008). Os aviários permanecem com iluminação natural nas horas claras do dia e artificial nos períodos escuros para completar o número de horas de luz indicadas para cada idade. Segundo GEWEHR et al (2007), se a intensidade luminosa for insuficiente a produção de ovos diminui. No alojamento são fornecidas 14 horas de luz por dia, após duas semanas são oferecidas 15 horas de luz, e quando atingir 65% de produção é fornecido o máximo de tempo de luz permitido, que são 16 horas por dia. De acordo com KOERICH E SÁ (2008), até a décima semana de vida as aves são refratárias à luz, porém, a partir desta idade tornam-se sensíveis às variações de luminosidade, devido a isso, na recria as aves permanecem em aviários escuros. O processo de maturidade sexual se dá nas granjas de produção, e para que isso ocorra as aves são submetidas a um 29 programa de fornecimento de luz, aumentando a amplitude do dia tanto pela manhã, quanto pela tarde. Como as aves permanecem na recria em aviários com baixa intensidade de luz (Dark House), pois nesta o objetivo é o desenvolvimento corporal, deve-se fazer o aumento gradativo de fornecimento de luminosidade, tomando cuidado para que as aves não sejam super estimuladas quando transferidas para os aviários abertos, evitando as incidências de prolapso, postura de ovos anormais e peritonites. 3.3.9 Arraçoamento de machos e fêmeas O fornecimento de ração deve ser feito quando as luzes já estiverem acesas, portanto o horário de arraçoamento terá variação conforme a hora em que as luzes forem ligadas. O tipo de ração varia conforme a idade do lote, sendo a ração pré-postura fornecida até a 24ª semana, a postura I da 25ª à 45ª semana, a postura II da 46ª à 65ª semana, e a ração final deve ser fornecida durante uma semana antes do abate. O arraçoamento das fêmeas é automático, sendo programado para funcionar em 2 giros, o segundo giro pode ser feito de 10 minutos a uma hora após o primeiro, dependendo da idade das aves e tempo de ingestão. Cada giro deve ter uma duração de tempo inferior a 4 minutos, pois quanto mais rápido for fornecido o alimento, maior será a uniformidade das aves. Os machos serão arraçoados assim que terminar o primeiro giro do comedouro da fêmea. Os comedouros para machos (Figura 5) são suspensos e descem automaticamente até a altura correta, no horário programado. O arraçoamento pode ser manual ou automático; no manual a ração deve ser espalhada uniformemente pelo comedouro, a fim de evitar a desuniformidade entre os galos. 30 Figura 5 – Comedouro para machos O período mais crítico na vida do lote de matrizes em termos de nutrição compreende o início do estímulo luminoso até o pico de produção. Após a estimulação luminosa, os nutrientesingeridos pelas fêmeas irão ser utilizados para a manutenção, o crescimento e o desenvolvimento do sistema reprodutivo (COBB, 2008). De acordo com BRANDALIZE (2005), o pico de produção é definido, em grande proporção, pela uniformidade do lote, peso corporal e a maneira como o alimento é fornecido ao longo do período de recria. Desde o início da estimulação luminosa até o começo da produção deve-se fornecer alimento de acordo com o peso das aves (COBB, 2008). São dados incrementos de 2 a 4 gramas de ração por fêmea a cada 7 dias, até atingirem 5% da produção. Após os 5 % da produção os incrementos de ração são dados conforme a porcentagem de produção, respeitando o intervalo de 3 a 4 dias entre cada incremento; até chegar na quantidade máxima de ração, que são 168 gramas por ave, no pico de produção, que se dá em torno das 29 semanas. Durante esse período entre o início da produção até o pico de produção, a ração fornecida deve suprir as necessidades para crescimento, produção e manutenção da ave (BRANDALIZE, 2005). Após atingindo o pico de produção, se inicia a retirada gradativa da ração, cuidando para que as aves não percam peso e que a quantidade de ração fornecida seja suficiente para a continuidade da produção de ovos, pois a maior necessidade energética é direcionada para a 31 manutenção das aves (BRANDALIZE, 2005). As fêmeas devem terminar a vida produtiva com um mínimo de 146 gramas de ração por ave. Para os machos, o fornecimento de ração segue os valores recomendados pela empresa, e deve ser ajustado conforme o peso das aves e a conformação de peito. Os machos não podem perder peso na fase de produção, para isso devem ser feitos pequenos incrementos de ração a fim de manter os ganhos de peso adequados e manter os machos estimulados e ativos, sem que ocorra o sobrepeso. De acordo com a COBB (2008), os machos que passam por uma ligeira perda de peso sofrem uma imediata redução da qualidade do esperma. Os machos também não podem estar em sobrepeso, pois isso afeta a eficiência do acasalamento, causa dificuldade de completar a cópula e deixa os machos em uma forma mais achatada e desiquilibrada. A avaliação do formato do peito dos machos com as mãos é uma forma eficiente de estabelecer a condição física da ave. Deve-se buscar um peito no formato mais aproximado de “V” durante o maior tempo possível. 3.3.10 Pesagem O peso das aves é monitorado através de uma sequência de pesagens, usando uma amostragem de 2,5% de fêmeas e 10 % de machos. A pesagem dos machos é feita semanalmente até a 30ª semana de idade e após é realizada a cada 15 dias, já a pesagem das fêmeas é semanal até a 32ª semana e depois é efetuada uma vez a cada mês até o final da vida do lote. As tabelas de pesos preenchidas auxiliam no controle do fornecimento de ração. 3.3.11 Manejo de machos As granjas de produção têm como objetivo não somente a produção de ovos, e sim, fundamentalmente, a produção de ovos férteis. Para tanto, é necessário que ocorra o ato físico da cópula, sendo o óvulo fertilizado. Para viabilizar esse processo, é imprescindível que o macho esteja dentro dos padrões de um bom reprodutor, ou seja, com um peso ideal para a 32 linhagem, com crista e barbela bem desenvolvida e avermelhada, forma corporal atlética e a cloaca úmida e avermelhada (Figura 6). Figura 6 – Macho com características de um bom reprodutor Galos que apresentam peso corporal elevado, com curvatura de peito em “U” tendem a não conseguir completar a cópula, já os machos muito magros com a curvatura do peito em “V”, são considerados refugos, pois apresentam um índice de fertilidade mínimo. Os machos que apresentam crista e barbela pouco desenvolvidas e esbranquiçadas, e cloaca pequena, seca e pálida, são sinais da ocorrência da involução dos testículos e, consequentemente, são machos inférteis e devem ser eliminados, pois estão somente suprindo as necessidades fisiológicas (Figura 7). 33 Figura 7 – Macho com características de infértil Constantemente devem ser retirados do plantel os machos que estão sujeitos a refugarem, visto que estes devem ser alojados em um local separado para receberem uma maior suplementação de ração; desta forma diminui-se a necessidade de adicionar machos novos. Entretanto, se existir queda de fertilidade, é recomendado a introdução de novos machos no plantel (BRANDALIZE, 2005). 3.3.12 Spiking Spiking é o processo no qual se insere machos reprodutores jovens em um lote de aves mais velhas, com o intuito de suprir o declínio da fertilidade, que ocorre geralmente após as 45 semanas de idade (COBB, 2008). A transferência dos machos de spiking pode ser feita diretamente para o lote destino ou eles podem ser mantidos em um box próprio, até atingirem o peso mínimo de 4,200kg ou 20% superior ao peso das fêmeas. O ideal é que os machos de spiking estejam com o peso mais próximo possível do peso dos machos do lote destino, a fim de evitar desigualdades nas disputas entre eles. Estes galos são transferidos para as granjas de produção com aproximadamente 26 semanas, e devem ser alojados em apenas um lado do aviário, aproveitando os machos bons 34 do lote velho, transferindo para o outro lado do aviário. O spiking deve ser realizado com fêmeas de no máximo 50 semanas de idade, a partir dessa idade apenas se recomenda a realização de intra-spiking. O máximo de resposta da fertilidade é atingido em torno das 2 ou 3 semanas após o spiking. Geralmente, o spiking gera um acréscimo de 2 a 3% na eclodibilidade geral, e estimula consideravelmente a atividade copulatória nos machos velhos, que perdura por cerca de 6 a 8 semanas (COBB, 2008). 3.3.13 Intra-spiking O intra-spiking baseia-se na troca de 25 a 30% dos machos entre os aviários do mesmo núcleo, a fim de produzir um estímulo sobre a atividade copulatória semelhante àquele criado pelo spiking (COBB, 2008). Durante a realização do intra-spiking, se faz a seleção dos mesmos, eliminando os descartes, refugos, machucados, com excesso de peso, etc. 3.3.14 Recuperação das aves Cada aviário deve conter um box na sua extremidade para a recuperação das aves machucadas e com baixo peso corporal. As aves machucadas são tratadas com spray prata ou pomada cicatrizante a base de antibiótico e antiinflamatório. Aves sem condições de recuperação devem ser eliminadas. 3.3.15 Coleta de ovos A frequência da coleta de ovos é um fator fundamental para a manutenção de uma alta higiene dos ovos férteis, pois, levando em consideração a biosseguridade, o ovo deve ser coletado e desinfetado mais rápido possível após a postura, a fim de evitar a penetração de 35 microrganismos (SESTI, 2005). Antes de qualquer coleta de ovos é necessário que se lave as mãos e faça a desinfecção com álcool gel. Devem ser feitas várias coletas no decorrer do dia, com o intuito de reduzir o tempo de contato dos ovos com microrganismos patogênicos. As coletas são feitas intercalando as de ovos de cama e de ninho. A primeira coleta da manhã deve ser de ovos de cama, seguindo para uma próxima de ninho. As coletas de cama devem ser feitas com frequência, não deixando por muito tempo os ovos no chão, a fim de desestimular a postura fora dos ninhos. Recomenda-se pelo menos 20 coletas de ovos de cama por dia até o pico de postura, e após o pico pode-se fazer 10 coletas diárias. Os ovos que venham a possuir sujidades podem ser limpos com o auxílio de palha de aço. 3.3.16 Classificação dos ovos Após a coleta se faz a classificação dos ovos em incubáveis, ovos “x” e comerciais. Os ovos incubáveis são aqueles coletados nos ninhos, sem a presença de sujeira. Os ovos de cama e todos os que foram limpos com a palha de aço são considerados ovos “x”, estes serão incubados, porém separadamente dosovos incubáveis. Já os ovos que apresentarem menos de 48 gramas, deformações, casca fina, micro trincas, duas gemas, e tiverem que ser lavados manualmente são destinados para ovos comerciais. Os ovos de cama muito sujos ou muito trincados são destinados à composteira. Anteriormente a colocação das bandejas de ovos nos carrinhos de incubação é feita a identificação dos ovos por bandeja, a qual deve conter a sigla da granja com o número do núcleo e do lote, a idade das aves, o número do aviário, a data de postura e o nome da pessoa que realizou a coleta; nas bandejas de ovos “x”, apenas se acrescenta a marcação com um x. 3.3.17 Desinfecção dos ovos A desinfecção dos ovos deve ser realizada imediatamente após a classificação, a fim de reduzir ao máximo o tempo de contaminação dos ovos. 36 Pode ser efetuada através da fumigação com paraformol, onde o paraformol em pó é aquecido, passando para o estado gasoso. Outro método muito eficiente é a utilização da máquina lavadora de ovos, a qual lava e desinfeta os ovos com a utilização de cloro em uma concentração de 200 a 250 ppm, e faz a secagem dos ovos. 3.3.18 Acondicionamento dos ovos Após a desinfecção dos ovos, eles devem ser mantidos na sala de ovos, a qual deve ser climatizada, e estar com uma temperatura em torno de 21 a 23°C e umidade relativa do ar de 75%. Estas condições ambientais tem o intuito de interromper o desenvolvimento embrionário, pois o processo de desenvolvimento se inicia com temperatura igual ou superior aos 24°C (KOERICH E SÁ, 2009). Os ovos são levados diariamente das granjas de produção para o incubatório. 37 4 INCUBATÓRIO O processo de incubação tem como objetivo a melhoria na produtividade, explorando o máximo potencial das linhagens a fim de garantir as características de qualidade do pinto de um dia, através de melhorias constantes no processo de produção de pintos. O incubatório é um setor muito importante na produção de pintos de qualidade, onde existe um controle rígido de características indispensáveis para a produção de pintos aptos a criação, dentre elas estão um ambiente com temperatura, umidade, ventilação e viragem ideais, pintos livres de enfermidades e com uniformidade. Durante o estágio pode-se acompanhar o funcionamento do incubatório da unidade de Marau/RS, o qual tem capacidade para incubar 3.302.400 ovos por semana, onde presenciou- se desde o recebimento dos ovos para incubação até a expedição dos pintinhos para as granjas de frango de corte integradas da BRF - Brasil Foods S.A. 4.1 Biossegurança No incubatório, a biossegurança é vista como um conjunto de medidas com o intuito de manter sob controle o tipo e a quantidade de microrganismos indesejáveis no ambiente, dentre elas a higiene pessoal e ambiental. 4.1.1 Entrada de veículos A entrada e saída de veículos do incubatório é controlada, levando em conta que podem ser uma fonte de contaminação cruzada. Qualquer veículo que precisar adentrar no pátio do incubatório deverá passar primeiramente por uma retirada das sujidades com o jato de água sob pressão e após passar pelo arco de desinfecção, onde contém detergente e desinfetante a base de glutaraldeído ou amônia quaternária. Os caminhões de carregamento de ovos e de pintos devem ser lavados desinfetados interna e externamente. 38 4.1.2 Entrada de pessoas A entrada de pessoas no incubatório é restrita. Todos os visitantes devem cumprir um vazio sanitário de 72 horas. No incubatório existe uma barreira sanitária, na qual possuem vestiários para área limpa, área suja e para visitantes, onde todos devem tomar banho completo e após, vestirem as roupas fornecidas de acordo com a área em que trabalham, e o mesmo ocorre com os calçados. Quaisquer objetos pessoais que sejam necessários entrar no incubatório devem passar pelo processo de fumigação antes da entrada. Não são permitidas a entrada de pessoas utilizando acessórios como anéis, pulseiras, colares e relógios. 4.1.3 Divisão de áreas O incubatório é dividido em área limpa e área suja. Na área limpa está o almoxarifado, o escritório, o refeitório, o fumigador, a sala de ovos, salas de incubação, sala de preparo de vacinas e sala de lavagem de carros de incubação. Já a área suja é composta por sala de nascedouros, sala de pintos e expedição, sala de quebra de resíduos e sala de lavagem de caixas. O fluxo de ar no interior do incubatório segue da área limpa para a área suja, e, do mesmo modo, o fluxo de pessoas e materiais deve seguir esta divisão. Na entrada da área limpa e na saída da área suja existem pedilúvios com água e desinfetante a base de glutaraldeído ou amônia quaternária, nos quais todos devem passar seus calçados, a fim de evitar a entrada de microrganismos. Do mesmo modo deve-se realizar a desinfecção das mãos com álcool gel disponível nos locais. 4.1.4 Limpeza de salas e equipamentos Diariamente é feita a limpeza e desinfecção das salas e dos equipamentos com jato de água sob pressão e desinfetante. 39 4.1.5 Controle de roedores Existem pontos de iscas contendo raticidas colocados estrategicamente e monitorados mensalmente, observando consumo de veneno ou vestígios da presença de roedores. 4.1.6 Resíduos de incubação Os resíduos orgânicos de incubação, que consistem em ovos não eclodidos, pintos mortos, pintos eliminados e penugem, são acondicionados em containers e destinados à fábrica de subprodutos. 4.2 Funcionamento do incubatório 4.2.1 Sala de ovos Os ovos provindos das granjas de matrizes chegam ao incubatório transportados por um caminhão próprio e são armazenados na sala de ovos, onde permanecem a uma temperatura de 18° a 23°C e umidade relativa do ar de 65 a 75%, por um período de 3 a 6 dias. Durante o período de estocagem na sala de ovos é realizada diariamente a avaliação da qualidade dos ovos (AQO), a qual é feita em uma amostragem de 12,3% da produção de cada lote. A avaliação é efetuada com o auxílio de uma lanterna, onde são retirados os ovos impróprios para a incubação, dentre estes estão os ovos trincados, virados, deformados, redondos, casca fina, duas gemas e menores que 48 gramas. A partir disto são formados lotes com o número de ovos de acordo com o carregamento das incubadoras, onde são levados em consideração alguns critérios como idade, status sanitário e origem. 40 4.2.2 Sala de incubação Os ovos são deslocados da sala de ovos nos carros de incubação e permanecem na sala de incubação por aproximadamente 4 horas aguardando o carregamento das incubadoras, isto ocorre a fim de evitar o choque de temperatura da sala de ovos para as máquinas incubadoras. Os ovos já incubados permanecem nas máquinas incubadoras por 19 dias, com temperatura em torno de 37,5°C, umidade relativa do ar de 65%, ventilação constante e viragem dos ovos de hora em hora. Durante a incubação, vários fatores ambientais podem afetar o desenvolvimento do embrião e, até mesmo, a qualidade física e microbiológica das carcaças de frango de corte; devido a isso, o controle de temperatura, umidade, ventilação, viragem e concentração de gases são fatores relevantes para o sucesso do processo de incubação (RONDÓN, 2014). Aos doze dias de incubação é realizado um teste de fertilidade de todos os lotes incubados. Uma amostra por idade é avaliada, onde as bandejas passam pelo ovoscópio. Os ovos que não permitem que a luz os transpasse são considerados férteis, e, do contrário, os ovos que permitem o transpasse da luz são inférteis, estes últimos então são retirados e quebrados para avaliação. 4.2.3 Sala de nascedouros Aos 19 dias os ovos são levados para a sala de nascedouros, onde passam por uma classificação para eliminar os ovos inférteisa fim de evitar que os mesmos sejam vacinados sem a presença do embrião. Os ovos são vacinados para a Doença de Marek, Doença de Gumboro e Bouba aviária. Em seguida os ovos são transferidos das bandejas de incubação para as caixas de nascimento pelo método de sucção; todo este processo é realizado automaticamente pelas máquinas vacinadoras. Posteriormente os ovos são encaminhados para os nascedouros, onde se mantêm em temperatura de 36,8°C, umidade relativa do ar de 70% e ventilação constante, até completarem os 21 dias e ocorrer a eclosão dos ovos. 41 4.2.4 Sala de sexagem Os pintos já nascidos são levados para a sala de sexagem, onde são separados em machos e fêmeas. A sexagem é feita pela observação do empenamento das asas; nas fêmeas o empenamento é mais rápido que no macho; nas fêmeas se observa as penas secundárias mais curtas que as primárias, e nos machos as penas secundárias são do mesmo tamanho que as primárias ou até mais compridas. Durante a sexagem também é feita a retirada de pintos refugos, pintos mortos, com má formação e umbigo mal cicatrizado. 4.2.5 Sala de pintos Na sala de pintos, os pintinhos recebem a vacina contra Bronquite Infecciosa, administrada na forma de spray. Durante esse processo são separados os pintinhos pretos, os quais serão enviados todos para um mesmo aviário, a fim de evitar o canibalismo. Posteriormente os pintos ficam na sala separados por lotes e por integrados, e serão alojados de acordo com as programações de alojamentos nas granjas de frango de corte. 42 5 CONCLUSÃO A produção de frangos de corte no Brasil vem se modernizando e segue buscando novas formas de melhorar ainda mais o desempenho no setor, procurando assim não perder a competitividade em nível mundial. O Brasil tem sido muito competente tanto na produção de carne de frango, como na conquista do mercado exterior, estando como líder em exportações. Durante a realização do estágio pode-se acompanhar o decorrer do processo da avicultura de matrizes e incubatório, onde observou-se que a relação entre os elos da cadeia produtiva de frangos de corte são muito estreitos, e caminham juntos pelo mesmo propósito, que é o fornecimento de produtos de qualidade. Para que se tenha um resultado final excelente, é necessário um rígido controle de todo o processo produtivo, sendo na sanidade, no manejo adequado do aviário, alimentação balanceada, melhoramento genético e produção integrada, ou seja, desde o alojamento das matrizes até o abate dos frangos de corte. A realização do Estágio Curricular Supervisionado na Empresa BRF – Brasil Foods S.A. foi de grande valia, pois proporcionou uma vivência diária com a rotina profissional de um Médico Veterinário da área de avicultura. As expectativas foram superadas no que diz respeito à bagagem de conhecimentos e aprendizados, pois a empresa possibilita ficar frente a frente com os desafios diários encontrados no setor, e instiga a buscar formas de enfrentá-los da melhor maneira possível. Além do aspecto profissional, o estágio também proporcionou o crescimento pessoal, no qual atuou-se em uma empresa com um grande número de profissionais, todos buscando um mesmo objetivo, onde ter um ótimo convívio interpessoal é inevitável para que todos tornem-se cada vez mais comprometidos com a cadeia produtiva, visando obter os melhores resultados. 43 6 REFERÊNCIAS ARAÚJO, W. A. G.; ALBINO, L. F. T.; TAVERNARI, F. C.; GODOY, M. J. S. Programa de luz na avicultura de postura. Revista CFMV, Ano XVII-Número 52. Brasília, DF: 2011. Disponível em: <http://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/42481/1/Paginas-de- CFMV-52.pdf>. Acesso em: 6 out. 2014. AVISITE. Produção Animal – Avicultura. Revista Número 88 – Ano XVIII. Campinas, SP: Mundo Agro Editora Ltda, 2014. Disponível em: <http://www.flip3d.com.br/web/pub/avisite/index2/?numero=88>. Acesso em: 2 out. 2014. BARRO, D. R. Manejo de matrizes pesadas – equipamentos. In: MACARI, M.; MENDES, A. A. Manejo de matrizes de corte. 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