Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CAPÍTULO 1 FUNDAMENTOS DO COACHING A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: 3 Entender a origem do coaching. 3 Esclarecer a importância do coaching no cenário atual. 3 Identificar os elementos principais do Coaching. 3 Compreender as funções e as diferenças entre o Coach e o Coachee. 10 Introdução ao Coaching 1111 FUNDAMENTOS DO COACHING Capítulo 1 CONTExTUAlizAçãO O mercado de trabalho competitivo acarreta uma constante necessidade de desenvolvimento profissional por parte dos colaboradores. O modelo tradicional de educação e de gerenciamento está perdendo lugar para a educação continuada, mais dinâmica e flexível. Nesse cenário, surgem novas metodologias de trabalho visando alcance de resultados mais efetivos e sustentáveis, diferentes dos modelos tradicionais lecionados em salas de aula de cursos de graduação. A nova tendência é de que os gestores sejam incentivados a atuarem como facilitadores, motivadores e líderes com visão integral dos problemas, além de ter bom relacionamento com sua equipe. De modo geral, o fator humano é imprescindível para o sucesso da administração das organizações, em contrapartida, lidar com pessoas ainda é uma dificuldade para a maioria dos gestores. O processo de coaching surge como uma forma de aprimorar habilidades e características das pessoas de modo customizado, ou seja, a técnica auxilia o indivíduo ao alcance de resultados efetivos. COACHING E SUAS OrigENS Com o advento da globalização, o mercado passou a demandar um rápido ajuste a interferências internas e externas, visto que houve um substancial aumento da velocidade dos meios de comunicação e transporte. Nesse panorama, tornou-se imprescindível o desenvolvimento de novas competências e habilidades profissionais, antes não tão demandadas, como foco em resultados, dinamismo e capacidade de trabalhar com imprevistos. Assim, ocorreu o início da aplicação de uma metodologia para atendimento de demandas específicas dos profissionais, visando potencializar a geração de resultados e competências individuais, o coaching! O processo de coaching também pode ser interpretado como uma nova abordagem ao estilo tradicional de trabalho, uma transformação dos gerentes de hoje nos líderes de amanhã. Agora vamos conhecer um pouco sobre a origem do processo de coaching. 12 Introdução ao Coaching Como se pode notar, desde o surgimento do vocábulo, a palavra coach é usada para expressar uma pessoa que tem como responsabilidade transportar outras pessoas de um ponto a outro. Segundo Lotz e Gramms (2014), podemos considerar o surgimento da palavra coach por volta de 1500, quando foi usada na Inglaterra pela primeira vez para nomear os condutores de um veículo de tração animal para condução de pessoas. Como se pode notar, desde o surgimento do vocábulo, a palavra coach é usada para expressar uma pessoa que tem como responsabilidade transportar outras pessoas de um ponto a outro. De acordo com Marques (2013), em 1830, o termo começou a ser utilizado em Universidades da Inglaterra para nomear os tutores educacionais. Cerca de cem anos depois, coaching começou a ser relacionado à habilidade de gerenciar pessoas e surgiram as primeiras técnicas de valorização de competências individuais, principalmente no meio esportivo. Krausz (2007) enuncia que a introdução da palavra coaching ligada aos negócios só foi realizada por volta de 1960, quando passou a ser utilizado no mundo corporativo, iniciando este processo nos Estados Unidos da América. Com resultados positivos alcançados no meio empresarial, o processo se consolidou e passou a ser empregado em diversas corporações, sendo então validado e tendo sua eficácia comprovada por diferentes segmentos. Conforme Oliveira (2012, p. 10) descreveu, “no Brasil, a técnica de coaching começou a se consolidar em meados da década de 1990 e, com maior intensidade, uma dezena de anos depois”. Em resumo, o uso do termo coaching já existe desde o ano 1500, sendo o processo utilizado de diferentes maneiras até como atualmente é conhecida. Na figura abaixo (figura 1), recapitulamos a origem do coaching ao longo da história pontuando os marcos desta trajetória. Figura 1 - Coaching e suas origens Fonte: Adaptado de Ferreira (2011). 1313 FUNDAMENTOS DO COACHING Capítulo 1 No próximo item deste capítulo, iniciaremos nossos estudos sobre os fundamentos do coaching. Inicialmente, sugiro que faça a leitura do artigo “Quem precisa de treinador”, publicado pela Revista Exame (2000), o qual trata da temática estudada de maneira bastante abrangente, pontuando as transformações e benefícios que o processo pode trazer para o indivíduo através de exemplos reais, além de explicar sucintamente o funcionamento do método. Quem precisa de treinador? Wilian Ciampi, um paulistano de 32 anos, deixa o escritório da Lucent, na Chácara Santo Antônio, Zona Sul de São Paulo, toda terça-feira com uma pequena mochila nas mãos. Ali estão um par de chuteiras e um uniforme azul. Há poucas semanas, ele passou a não recusar os convites dos amigos para jogar futebol. Ciampi, gerente de serviços da Lucent, uma das maiores empresas de tecnologia de telecomunicações do mundo, também tem evitado um velho hábito: levar trabalho para casa. Procura passar mais tempo com Camila, sua filha de 7 anos, e com a mulher, Elizabete. “Aprendi a não assumir uma quantidade de tarefas maior do que posso cumprir e a delegar tarefas”, diz. “Antes, tinha mais dificuldade em estabelecer limites.” Ciampi atribui essas mudanças às sessões semanais com uma das mais novas figuras do ambiente corporativo: o coach. Guarde bem essa palavra. Coach, em inglês, significa técnico, aquela figura que treina times de futebol ou basquete. Nos últimos tempos, o coaching tornou-se uma verdadeira febre nas corporações americanas. Segundo a International Coach Federation, há atualmente nos Estados Unidos cerca de 10 000 profissionais atuando nessa área. O coaching vem sendo usado em empresas como Lucent, IBM e Unilever não apenas para orientar altos executivos, mas para melhorar o desempenho do conjunto dos funcionários. Agora, essa febre começa a chegar ao Brasil. Num ambiente de mudanças constantes, rupturas tecnológicas, reestruturações estratégicas, relações impessoais e competição brutal, o coach exerce os papéis de chefe, consultor e terapeuta. É - ou deveria ser - um agente de mudanças. “É alguém que ajuda um profissional a descobrir novos caminhos e potencialidades”, diz Sigmar Malvesi, especialista em comportamento organizacional. “As empresas dependem essencialmente de pessoas, e essas pessoas têm necessidades particulares que precisam ser supridas.” A grande sacada das corporações americanas na última década, explica Malvesi, foi perceber que a atenção individual é muito mais eficiente que o 14 Introdução ao Coaching treinamento em grupos na hora de promover mudanças de comportamento. O coach é uma espécie de personal trainer do mundo dos negócios. Ele pode ajudar na administração do tempo, como no caso de Ciampi. Ou a desenvolver habilidades de liderança. Pode vir dos próprios quadros da empresa ou de uma consultoria especializada. Não é, necessariamente, o chefe. Nem mesmo alguém mais graduado na companhia. Na GE americana, por exemplo, 600 altos executivos receberam de Jack Welch, presidente mundial da companhia, a missão de procurar o acompanhamento de subordinados que fossem craques em Internet. Desde junho do ano passado, o próprio Welch tem como treinadora Pam Wickham, de 37 anos, a gestora do site da GE. Na subsidiária brasileira da Lucent, tanto consultores como executivosda companhia fazem o papel de treinadores. “A escolha depende das habilidades a ser desenvolvidas”, diz Fernando Marques, diretor de recursos humanos da empresa. “Se temos algum executivo que tenha o perfil ideal para desenvolver determinadas habilidades, ele será o coach. Caso contrário, contratamos um especialista externo.” É o caso de Edson Rigonatti, diretor comercial da Lucent. Pelo menos uma vez por mês, ele tem conversas com seu chefe - o americano David Dial, vice-presidente executivo para a América Latina - que fogem ao simples acompanhamento do dia a dia do trabalho. O objetivo é desenvolver habilidades de liderança. Em três anos, ele foi promovido três vezes, passando de gerente de conta a diretor comercial da empresa. Nesse período, Rigonatti reduziu o ciclo de vendas e agilizou o serviço de atendimento aos clientes. “Minha produtividade aumentou porque Dial faz com que reavalie constantemente minhas atitudes”, diz. A maioria das conversas acontece pessoalmente, quando Rigonatti vai a Nova Jersey, na sede mundial da Lucent, ou quando Dial vai a São Paulo. No caso de Ciampi, para melhorar a administração de seu tempo - e consequentemente seus resultados -, a Lucent contratou um profissional externo para ajudá-lo. É pelo telefone que ele tem suas sessões de coaching com a consultora Eliana Dutra, do Rio de Janeiro, única representante brasileira do International Coaching Federation. Ciampi separa uma hora todas as semanas para essas conversas. O acompanhamento dura três meses e deve terminar em junho. “Eliana questiona o meu desenvolvimento dentro e fora da empresa”, diz. Todo o conteúdo da conversa é confidencial. Nada do que é falado é usado para avaliações de desempenho. “O objetivo é desenvolver o profissional, e não avaliá-lo”, diz Marques, diretor de recursos humanos da Lucent. A ideia de expor abertamente os pontos fracos nas grandes corporações costuma 1515 FUNDAMENTOS DO COACHING Capítulo 1 ser assustadora. Por isso, a relação de confiança entre o funcionário e seu coach é fundamental. Desde o início do ano passado, a IBM incentiva cada um a encontrar seu próprio par. De um alto executivo a um jovem recém-contratado, todos podem escolher um técnico dentro da companhia. Na maioria das vezes, a área de recursos humanos não interfere nesse processo. “Como em qualquer relacionamento, tem de ter química”, diz a carioca Doris Fonseca, gerente de recursos humanos da IBM. “O ideal é que esse casamento seja espontâneo.” Foi assim com o engenheiro Marcelo Tonhazolo, de 34 anos, executivo de consultoria. Ele escolheu seu coach: Mike Fuller, vice-presidente de consultoria da IBM para as Américas. Fuller está na mesma área de negócios que Tonhazolo, mas várias posições acima. Os dois se encontraram pela primeira vez numa reunião de todos os executivos de tecnologia da empresa, em Miami, nos Estados Unidos, em meados do ano passado. O assunto era data mining, uma técnica de vasculhar dados em busca de informações específicas. Na época, Tonhazolo começava a desenvolver um projeto com essa tecnologia na IBM do Brasil. Ele pediu uma hora de conversa com Fuller para discutir as linhas gerais do projeto. “A empatia foi imediata”, diz Tonhazolo. “É como se ele olhasse para o passado e visse a si mesmo cinco anos antes e eu tivesse olhado para o futuro.” Poucos dias depois da reunião, Tonhazolo enviou, por e-mail, um pedido formal a Fuller, para que fosse seu treinador. Foi aceito. Isso significa que Fuller deve reservar algumas horas mensais para acompanhar Tonhazolo. As consultas são feitas pessoalmente ou por e-mail. O que Fuller ganha com isso? Em termos financeiros, nada. Nem um centavo a mais em seu contracheque no final do mês. Nesse modelo de coaching, o que conta são as relações de troca. Ao se dispor a treinar Tonhazolo, Fuller também ganha o direito de ter seu personal trainer corporativo. “Isso é o suficiente para motivar nossos executivos a ensinar”, diz Doris Fonseca. “Quem tem coach poderá ser coach. Mesmo os menos graduados.” Como no caso da GE americana, na subsidiária brasileira da IBM as hierarquias podem ser subvertidas em nome do aprendizado e do desenvolvimento profissional. Durante todo o ano de 1998, Tonhazolo teve como coach um arquiteto de solução, cargo dois níveis abaixo do seu. “Era um grande especialista em comércio eletrônico”, diz. “Só acabou porque ele saiu da empresa.” O coaching não é exatamente uma novidade no mundo dos negócios. Na década de 80, vários presidentes de empresa passaram a buscar orientação dentro e fora dela. A novidade é como as corporações estão tentando massificar o uso dos coaches para reter talentos. Para muitas 16 Introdução ao Coaching empresas, isso só pode ser feito de forma doméstica, com profissionais que entendam a cultura corporativa e os meandros do negócio. Na filial brasileira da Arthur Andersen, uma das maiores consultorias do mundo, boa parte dos 1800 funcionários têm um coach. Invariavelmente, é um executivo mais graduado. “Todo profissional precisa de um olhar de fora que o ajude a perceber onde ele está e como estabelecer e alcançar objetivos”, diz Miguel Caldas, sócio da consultoria e especialista em mudança organizacional. “Isso não deve ser uma exclusividade desse ou daquele cargo.” O programa da Andersen, no formato atual, existe há apenas seis meses. Ao entrar na empresa, os estagiários sabem quem serão seus técnicos. Após dois ou três anos, eles passam a ter o direito de escolher seu próprio coach. O ideal, para os executivos da Andersen, é que não seja o chefe. Motivo: dar uma visão mais abrangente e isenta das possibilidades de atuação dentro da companhia. “Em vez de procurar caminhos fora da empresa, queremos que nossos talentos enxerguem alternativas aqui dentro”, diz Carlos Eduardo Rocha, sócio responsável pela área de consultoria da Arthur Andersen. Há um ano, a área de recursos humanos da Gessy Lever escala um coach para cada estagiário, o qual não é, necessariamente, seu supervisor ou chefe. A missão desse profissional é acompanhar o funcionário em sua evolução dentro da empresa. “Geralmente é um executivo bem experiente”, diz Maria Lúcia Ginde, gerente de treinamento da companhia. “Sua missão é dar uma visão ampla das possibilidades de carreira do trainee aqui dentro.” O engenheiro químico Daniel Gonçalves, de 24 anos, passou no processo seletivo de estagiários no início de 1999. Em junho do ano passado, Gonçalves foi transferido para a fábrica de Indaiatuba, a 100 quilômetros de São Paulo. Desde então, José Roberto Negretti, gerente-geral da fábrica, é seu treinador. “Ele me ajuda a pensar em longo prazo, a planejar minha carreira”, diz Gonçalves. “Tenho toda a liberdade de ir até sua mesa e pedir para bater um papo.” Depois de dois anos na empresa, tempo médio que demora para chegar ao cargo de gerente júnior, o coach passa a ser o chefe imediato. No Brasil, já há casos de funcionários que, cansados da falta de aconselhamento dentro da empresa, contratam seus próprios coaches. Nos Estados Unidos, esse movimento tem gerado uma extraordinária demanda por treinadores profissionais. O preço cobrado por três sessões mensais por telefone varia de 600 a 2 000 dólares. O engenheiro paulista Jairo Ferreira Martins Filho, de 38 anos, trabalhou por 15 anos em uma grande companhia de papel e celulose. Sua função era de coordenador de suporte técnico. “Queria abrir novos horizontes. Em vez de trabalhar apenas na área técnica, 1717 FUNDAMENTOS DO COACHING Capítulo 1 Baseado fundamentalmente no diálogo, o coaching está se tornando uma evolução espontânea da ideia de liderança. desempenhar papéis ligados a estratégia”, diz ele. “Não havia espaço, dentro da empresa, para esse tipo dediscussão.” Em meados do ano passado, Martins passou a ter sessões de coaching uma vez por semana, durante uma hora, pelo telefone, com uma consultora. Dois meses depois, ele decidiu abrir sua própria consultoria. “Na empresa encontrei sempre o nós, nunca o eu”, diz. “A saída foi procurar respostas fora.” Fonte: MANO, Cristiane. Quem precisa de treinador? Revista Exame, 05 maio 2000. Disponível em:<http://exame. abril.com.br/revista-exame/edicoes/711/noticias/quem-precisa- de-treinador-m0048055>. Acesso em: 13 jul. 2015. Como você pode constatar, o coaching tem a capacidade de ajudar as pessoas a encontrarem novos caminhos e alternativas para suas vidas, nos ramos pessoais e profissionais, através da mudança comportamental do indivíduo, que é acelerada por um agente externo. FUNDAMENTOS DO COACHING Baseado fundamentalmente no diálogo, o coaching está se tornando uma evolução espontânea da ideia de liderança. Possuindo como pilares a estratégia mútua, o desenvolvimento e a mudança comportamental, o coaching se preocupa com a facilitação, não com aconselhamento. Afinal, o que é desenvolvimento? Segundo o dicionário Michaelis (2009, 280), desenvolvimento é: 1 Ato ou efeito de desenvolver. 2 Crescimento ou expansão gradual; aumento. 3 Passagem gradual de um estádio inferior a um estágio mais aperfeiçoado. 4 Adiantamento, progresso. [...] 6 Extensão, prolongamento, amplitude. [...]. Restringindo ao meio corporativo, podemos expressar desenvolvimento como atividades que permitam maior alcance ou profundidade das funções futuras de um colaborador. 18 Introdução ao Coaching Desenvolvimento é a palavra chave do processo de coaching! Inquestionavelmente, o progresso é resultado do compromisso e da abertura do profissional a novas ideias, a fim de que a pessoa aceite críticas em relação a pontos a serem melhorados e consiga enxergar formas de se aperfeiçoar continuamente. Atividade de Estudos: 1) Pensando em seu local de trabalho e nas atividades que desenvolve, de que forma você poderia se aperfeiçoar? Quais os pontos acredita que podem ser melhorados em você? Lembre-se que o desenvolvimento é um processo contínuo e gradual! ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ Krausz (2007, p. 19) assinala que “o coaching propicia, também, um espaço seguro onde é possível reforçar facetas de desempenho profissional menos desenvolvidas, bem como otimizar o uso das competências, tornando o retorno sobre o investimento (ROI) de tempo, dinheiro e energia altamente rentável”. Para lembrá-lo: Retorno sobre o investimento (ROI) é a relação entre o lucro ou prejuízo gerado como resultado de um investimento. Fonte: Elaborado a partir de Chiavenato (2011, p. 250). 1919 FUNDAMENTOS DO COACHING Capítulo 1 Convém evidenciar que o coaching é fundamentado na comunicação, sendo que o profissional utiliza o questionamento como forma de orientação. Assim, o próprio receptor reflete e analisa profundamente suas escolhas, facilitando o alcance das suas metas. Com isso, ele é conduzido a uma observação mais clara sobre as competências individuais que devem ser desenvolvidas e consegue visualizar novas opções para resolução de problemas e para chegada ao seu objetivo final. Esta é uma forma eficaz de focar seu desempenho utilizando princípios e práticas provenientes do processo de coaching. Lotz e Gramms (2014, p.17) definem que “o coaching é um processo que estimula reflexões para potencializar o desempenho e o aprendizado de um indivíduo, promovendo o desenvolvimento pessoal e profissional”. Do mesmo modo, outros autores na literatura definem o processo de coaching, abrangendo diferentes visões do método, conforme pode ser visto e comparado pelo quadro abaixo (quadro 1). Quadro 1 – Diferentes abordagens do processo de coaching por diversos autores e organizações Autor Conceito Hargrove (1995) “Coaching é desafiar e apoiar as pessoas, oferecendo a elas o benefício de nossa parceria”. Gallwey (1996) “Coaching é o processo de facilitar a aprendizagem e o desem- penho de outra pessoa através de alcançar resultados por ela almejados. O processo de coaching estimula a capacidade das pessoas de se reinventarem e encontrarem alternativas válidas, apesar das restrições do contexto em que atuam”. Hudson (1999) “Coaching não é dar conselhos. Não é consertar as coisas ou resolver problemas. Coaching é estabelecer um relacionamento vital, durante um determinado período de tempo, com um clien- te que está à procura da clareza e das habilidades necessárias para fazer mudanças em sua vida e nos sistemas humanos (casais, família, empresa, comunidade) em um futuro próximo”. Krausz (2007) “Coaching é um processo que contribui para que as pessoas e os grupos se transformem, reflitam a respeito de sua visão de mundo, de seus valores, crenças, aprofundem sua aprendiza- gem, incorporem novas habilidades e capacidades e expandam sua prontidão para agir de forma coerente e eficaz. Por esta ra- zão constitui uma forma de provocação construtiva, de desafio e estímulo para o desenvolvimento e aprendizagem contínuos”. 20 Introdução ao Coaching O processo de coaching está embasado na parceria entre os profissionais visando o desenvolvimento do receptor e realização de objetivos almejados. International coaching federation (ICF) (2013) “Coaching é uma parceria continuada que estimula e apoia o cliente a produzir resultados gratificantes em sua vida pessoal e profissional. Por meio do processo de coaching, o cliente expande e aprofunda a sua capacidade de aprender, aperfeiçoa seu desempenho e eleva a sua qualidade de vida”. School of Coaching (apud Downey, 2010, p. 17). “Coaching é a arte de facilitar o desempenho, aprendizado e desenvolvimento de outra pessoa”. Dutra (2010, p. 16) “Coaching é uma conversa que leva à ação e à realização do que é almejado”. Coaching Clinic Program Corporate Coach U (apud Dutra, 2010, p. 16) “Coaching é o processo que provê ao indivíduo as ferramentas e oportunidades de que ele precisa para desenvolver-se com- pletamente e para ser eficaz em seus compromissos e consigo mesmo, com a empresa e com seu trabalho”. Fonte: Lotz e Gramms (2014, p.18-19). Analisando o quadro 1, verificamos que o processo de coaching está embasado na parceria entre os profissionais visando o desenvolvimento do receptor e realização de objetivos almejados. Conforme Krausz (2007, p. 26) enunciou no livro Coaching Executivo, o processo fundamenta-se de acordo com os seguintes pressupostos: • As pessoas sabem mais do que acham que sabem. • As pessoas possuem recursos nem sempre adequadamente aproveitados para elevar a sua performance. • Perguntas adequadas, úteis e estimulantes produzem mais resultados do que ordens e comandos. • Toda falha representa uma oportunidade de aprendizagem. • Metas desafiantes, porém viáveis, fazem emergir o que de melhor as pessoas possuem. • Toda aprendizagem é precedida de alguma forma de experimentação. • Querer é o primeiro passo para o poder e o fazer. Examinando os pressupostos sugeridos, constatamos que as experiências individuais são os recursos para promoção das mudanças almejadas, que devem ser de fato muito desejadas,para não serem abandonadas durante a caminhada. As falhas já cometidas e o conhecimento agregado, ou seja, a bagagem mental de cada um são ferramentas para potencializar resultados futuros. Vale lembrar que para concretização destes objetivos o movimento, as ações são imprescindíveis! Um aspecto importante a ser apontado ao narrar as origens do processo de coaching está no fato de que o fundamento da metodologia pode ser encontrado em pensamentos de muitos filósofos antigos, que inclusive tiveram suas obras publicadas bem antes do emprego do coaching para desenvolvimento de pessoas. 2121 FUNDAMENTOS DO COACHING Capítulo 1 Para ilustrar, que tal vermos alguns pensamentos e relatar um pouco sobre a história desses filósofos? Vamos lá! 1 - Sócrates Este filósofo grego nasceu no ano de 470 a.C. e foi o fundador do que hoje conhecemos por filosofia ocidental. Sócrates discorria sobre a importância de conhecer a essência da alma humana e tentava levar o conhecimento sobre as coisas do mundo e do ser humano usando como método de transmissão da sabedoria, o diálogo. Fonte: Adaptado de:<http://www.mundodosfilosofos.com. br/socrates.htm>. Acesso em: 13 jul. 2015. Dentre suas ideias, podemos exemplificar: “Conhece-te a ti mesmo e conhecerás o universo e os deuses” “Transforme as pedras em que você tropeça nas pedras de sua escada” Fonte: Disponível em:<http://pensador.uol.com.br/>. Acesso em: 13 jul. 2015. Verificamos que seus pensamentos estão bem próximos das ideias fundamentais do coaching, você não acha? Consoante ao que Sócrates enunciou, o conhecimento pessoal e a aprendizagem com as experiências individuais são imprescindíveis para o sucesso, assim como é apresentado na teoria do processo de coaching. 2 - Platão Platão foi um filósofo nascido em Atenas, provavelmente em 427 a.C. e morreu em 347 a.C.. Ele é considerado um dos principais pensadores gregos, suas ideias baseiam-se na diferenciação do mundo entre as coisas sensíveis (mundo das ideias e a inteligência) e as coisas visíveis (seres vivos e a matéria). Platão valorizava os métodos de debate e conversação 22 Introdução ao Coaching como formas de alcançar o conhecimento. De acordo com Platão, os alunos deveriam descobrir as coisas superando os problemas impostos pela vida. Fonte: Adaptado de:<http://www.mundodosfilosofos.com. br/platao.htm>. Acesso em: 13 jul. 2015. Dentre suas ideias, podemos exemplificar: “Tente mover o mundo _ o primeiro passo será mover-se a si mesmo” “A verdade está dentro de nós” Fonte: Disponível em:<http://pensador.uol.com.br/>. Acesso em: 13 jul. 2015. Assim como Sócrates, Platão expressou a relevância do conhecimento pessoal para compreensão da verdade, ou seja, das respostas e alternativas possíveis para os problemas. Além disso, o filósofo enunciou a importância das ações, do movimento individual para início da mudança comportamental e, consequentemente, da alteração a sua volta. 3 - Aristóteles Aristóteles foi um filósofo grego nascido em 384 a.C. e falecido em 322 a.C. (data provável). Ele é considerado o criador do pensamento lógico, sendo que suas obras influenciaram também na teologia medieval da cristandade. O filósofo valorizava a inteligência humana, considerada como única forma de alcançar a verdade. Fonte: Adaptado de:<http://www.mundodosfilosofos.com. br/aristoteles.htm>. Acesso em: 13 jul. 2015. Dentre suas ideias, podemos exemplificar: “É fazendo que se aprende a fazer aquilo que se deve aprender a fazer” Fonte: Disponível em:<http://pensador.uol.com.br/>. Acesso em: 13 jul. 2015. Aristóteles expressou claramente a importância da ação para aprendizagem e desenvolvimento. Não apenas o movimento é imprescindível como também o pensamento, a inteligência humana para alcance da verdade. 2323 FUNDAMENTOS DO COACHING Capítulo 1 O coach é o profissional que aplica o coaching, municiado pelo domínio de metodologias e ferramentas apropriadas para tal propósito. O coachee, ou o cliente, é o indivíduo que passa pelo ciclo de coaching. O processo de coaching envolve uma parceria entre dois importantes personagens, o coach e o coachee. O COACH E O COACHEE O processo de coaching envolve uma parceria entre dois importantes personagens, o coach e o coachee. Para entendermos melhor conceitualmente estes termos, utilizaremos as definições do livro Coaching, Mentoring e Couseling, de Oliveira (2012, p. 5). Coach_treinador_ é um profissional com amplo conhecimento do mercado de trabalho, bem como das técnicas de análise da vocação e da capacitação atual e potencial das pessoas em processo de treinamento, e que sabe transmitir_diretamente ou via terceiros_ todos os ensinamentos e orientações necessários para a estruturação e aplicação de um plano de carreira otimizado na realidade atual e situação futura de cada pessoa treinada. Muitas vezes, mais que um treinador, um coaché o facilitador de um processo estruturado de aprendizagem, pois ele apresenta mais questionamentos, com perguntas abertas e inteligentes, do que soluções. Coachee_treinado_ é a pessoa que quer, de livre e espontânea vontade, receber todo o treinamento disponibilizado pela empresa; e, mais ainda, de outros assuntos que ele julga importantes para o seu trabalho na empresa. O processo de coaching pode ser aplicado não só no meio empresarial, conforme enunciado por Oliveira (2012) nas definições acima, como também em outros diversos segmentos, como veremos no próximo capítulo. Para ilustrar, as autoras Lotz e Gramms (2014, p. 17) possuem uma definição mais abrangente dos termos, vejamos: O processo envolve a parceria entre dois atores: o coach e o coachee. O coach é o profissional que aplica o coaching, municiado pelo domínio de metodologias e ferramentas apropriadas para tal propósito. O coachee, ou o cliente, é o indivíduo que passa pelo ciclo de coaching. Atividade de Estudos: 1) Analisando o seu local de trabalho, você considera que algum profissional dentro de seu setor possa desempenhar o papel de coach? Quais características você considera que sejam essenciais para o sucesso do profissional coach? _________________________________________________ _________________________________________________ 24 Introdução ao Coaching _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ É relevante mencionar algumas características cruciais para o bom desempenho de um profissional que queira atuar como coach, dentre elas podemos destacar visão sistêmica, facilidade de comunicação e liderança. Conforme Gustavo Boog e Magdalena Boog (2013, p. 371) apontaram, “a visão sistêmica explora a plenitude, toda a complexidade que envolve as dinâmicas entrelaçadas do sistema em foco e suas interconexões”. Dessa forma, concluímos que a visão sistêmica é a capacidade de analisar as situações como um todo, ou seja, as causas e efeitos das ações e decisões tomadas. A imagem abaixo ilustra a função do coach no processo de desenvolvimento do cochee, tendo o profissional o papel de instigar seu cliente a vislumbrar novos horizontes, subindo os degraus da sua história. Figura 2 – Coaching como ferramenta de desenvolvimento Fonte: Coaching e empreendedorismo.Disponível em <http:// coachingassistant.com.br/coaching/>. Acesso em: 07 jul. 2015. 2525 FUNDAMENTOS DO COACHING Capítulo 1 Em comentário a essa questão, pode-se citar um trecho do livro Coaching e Mentoring escrito por Erika Lotz e Lorena Gramms. O caminho que o coachee percorre ao sair do estado atual e chegar ao estado desejado envolve estímulo, apoio e desafio proporcionados pelo coach. Aquele, por meio da ampliação dos seus modelos mentais, assume escolhas diferentes ao definir um plano de ação, com o qual se compromete profundamente. Nesse caminho, desenvolve as habilidades que já detém e adquire outras novas, finalmente alterando o padrão de seus resultados. (LOTZ; GRAMMS, 2014, p. 21). Em suma, estes dois atores, o coach e o coachee, formam uma parceria, de modo que o processo de coaching obterá resultados satisfatórios apenas se estas peças estiverem conectadas e em boa sintonia. O papel do coach é estimular o coachee a acessar seus recursos internos, tomar consciência de suas capacidades, buscar forças e motivação para a realização, acreditando em seu potencial. Assim sendo, o coachee caminhará sozinho e obterá sucesso em seus anseios. A leitura do artigo abaixo deixa clara a diferenciação dos termos trabalhados neste capítulo do caderno de estudos a fim de elucidar a relação entre o coach e o coachee. Coaching passo a passo: como funciona a relação entre o coach e o coachee O Coaching é o maior e melhor programa de capacitação e desenvolvimento humano do país. Trata-se de um conjunto de técnicas, ferramentas e conhecimentos de diversas ciências — como a psicologia, gestão de pessoas, administração, recursos humanos, Programação Neurolinguística (PNL), sociologia, entre outras — que visa o alcance de resultados rápidos e permanentes em qualquer contexto, tanto pessoal quanto profissional. Este é um poderoso processo que objetiva levar um indivíduo de seu estado atual até seu estado desejado em um curto espaço de tempo, isso por meio do desenvolvimento de habilidades, aprimoramento de competências e mudanças de pensamentos e comportamentos. Todo o processo de Coaching é conduzido com o auxílio de um profissional chamado coach, que tem papel fundamental na 26 Introdução ao Coaching busca pela conquista e realização de todos os sonhos, metas e objetivos do cliente — também conhecido como coachee. COMO FUNCIONA A RELAÇÃO ENTRE COACH E COACHEE A relação entre coach e coachee é de foco, comprometimento e apoio mútuo. É uma parceria em que cada um doa seu melhor em prol de um objetivo comum. A função do coach é de despertar e estimular o potencial infinito de seu coachee para que este conquiste, efetivamente, tudo o que deseja de forma acelerada e assertiva, independente do âmbito: pessoal ou profissional. Este processo é realizado por meio das chamadas sessões de Coaching, que podem ser semanais, quinzenais ou mensais e têm duração média de uma a duas horas — definido em comum acordo entre os dois. Em cada sessão, coach e coachee trabalham com foco na conversação: o coach conduz o processo por meio do diálogo aberto, utilizando-se de perguntas poderosas, observações, questionamentos, feedbacks e a aplicação de diversas ferramentas que propiciam o desenvolvimento do cliente. Esta relação cria um ambiente totalmente seguro para a definição de metas e objetivos e, principalmente, para a tomada de decisão, um fator fundamental para o alcance do objetivo almejado. Ao final de cada sessão, coach e coachee estipulam tarefas que o cliente deve realizar durante o intervalo até o próximo encontro, tudo com o objetivo de gerar ação e deixar o coachee cada vez mais perto da realização de sua meta. É importante lembrar que o coaching é um processo que necessita de total disposição, foco, dedicação e empenho tanto do coach quanto do coachee para que os resultados esperados sejam efetivamente satisfatórios. PRINCÍPIOS ABSOLUTOS DO COACHING Confira quais são os quatro princípios absolutos do Coaching, essenciais para a realização de uma sessão de Coaching entre coach e coachee: 2727 FUNDAMENTOS DO COACHING Capítulo 1 Conforme José Roberto Marques (2014) enunciou, os quatro princípios absolutos do Coaching são: suspensão do julgamento, foco no futuro, tarefas, confidencialidade e ética. Suspensão do julgamento A ausência de julgamento em uma sessão é fundamental para promover o alcance dos objetivos determinados pelo cliente da maneira que ele quer, e não na visão do coach. Independente da situação abordada, o coach deve ter uma atuação completamente imparcial e livre de julgamentos para que o processo aconteça de maneira assertiva. Foco no futuro O Coaching é um método totalmente orientado ao futuro, ao estado desejado pelo cliente. Para isso é importante verificar onde o coachee está e delimitar o que é necessário fazer para que ele chegue aonde deseja no menor tempo possível. Tarefas O Coaching não é Coaching sem ações que direcionem o coachee ao alcance rápido de seus objetivos. Por isso, são determinadas tarefas específicas, propostas pelo próprio cliente e com o apoio do coach, para que ele fique cada dia mais próximo da realização do que deseja. Confidencialidade e ética Coaching é uma relação de respeito, comprometimento e confiança. Tudo o que é abordado durante as sessões permanece apenas entre coach e coachee. O sigilo é fundamental para qualquer processo de Coaching. Fonte: MARQUES, José Roberto. Coaching passo a passo: Como funciona a relação entre o coach e o coachee. Blog José Roberto Marques, 04 dez. 2014. Disponível em: <http://www. jrmcoaching.com.br/blog/coaching-passo-passo-como-funciona- relacao-entre-o-coach-e-coachee/>. Acesso em: 06 jul. 2015. Conforme José Roberto Marques (2014) enunciou, os quatro princípios absolutos do Coaching são: suspensão do julgamento, foco no futuro, tarefas, confidencialidade e ética. 28 Introdução ao Coaching Em consonância com o afirmado por Marques (2014) no artigo acima, o processo de coaching é uma forma inovadora para potencialização de resultados do coachee, através da parceria entre o coach e o coachee. ASpECTOS iMpOrTANTES DO COACHING Agora que já conhecemos os fundamentos do coaching, podemos aprofundar um pouco mais os conhecimentos sobre alguns aspectos relevantes do processo. Em princípio, é importante esclarecer que o processo de coaching não está baseado em aconselhamento ou fornecimento de soluções prontas. Conforme descrito em itens anteriores deste capítulo, as respostas para os questionamentos são resultado de novas práticas e abertura a novas ideias por parte do coachee, partindo do pressuposto de que a verdade está dentro de cada um. Segundo Goldsmith, Lyons e Freas (2003), para garantir a eficácia do processo, é necessário que exista um propósito estruturado, com caminhos apropriados e claros a serem seguidos. O relacionamento é vital para o sucesso, sendo o coach responsável por instigar a maneira de pensar e se comportar através de diálogos, que é o cerne do coaching. O coach não dá a resposta, mas faz com que o profissional pense no que está fazendo, ele incita o indivíduo à reflexão formulando perguntas para ele. Essa é uma forma de sensibilizar as pessoas a refletirem e agirem de forma mais alinhada aos seus objetivos, abrindo novos horizontes, analisando as situações sob um novo prisma. Coaching é estratégia em movimento, sistema este que tem o poder de fazer com que as metas tornem-se realidade. Contudo, para que o processo seja efetivo, um aspecto muito importante precisa ser trabalhado, a comunicação entre os indivíduos. Conforme Lotz e Gramms (2014) ressaltam, vale lembrar que a comunicaçãovai além de palavras proferidas, ela também está presente no não-dito, aquilo que é percebido, como o tom de voz, os sinais, a linguagem corporal, o silêncio. O coach deve ter a capacidade de observar respostas não verbais mínimas nas pessoas, como as microexpressões, ritmo da respiração, movimentos faciais, inclinação do corpo, entre outras possíveis respostas que podem ser reveladoras em relação à reação do coachee à técnica. Podemos comparar o coach a uma ponte, que tem como função ser o canal de transporte no momento em que aparentemente não existam alternativas possíveis. 2929 FUNDAMENTOS DO COACHING Capítulo 1 O coaching visa o desenvolvimento eficaz, proporcionando crescimento pessoal e profissional para o coachee através da mudança de comportamento do indivíduo. “Na vida de todos nós, em algum momento, o fogo interior se apaga. Então se acende novamente quando encontramos outro ser humano. Deveríamos estar gratos a essas pessoas que reacendem o espírito interior”. Fonte: Albert Schweitzer. Disponível em: <http://pensador.uol.com.br/>. Acesso em: 16 jul. 2015. Para aprofundar no tema coaching e ter acesso a diversos artigos, notícias, enquetes e outros materiais interessantes sobre o assunto estudado, algumas boas indicações de sites são: http://www.cloudcoaching.com.br/ http://www.slacoaching.com.br/ Estes sites possuem uma grande quantidade de material que podem auxiliar na elucidação de dúvidas e aprendizagem. O COACHING pArA MUDANçA COMpOrTAMENTAl O coaching visa o desenvolvimento eficaz, proporcionando crescimento pessoal e profissional para o coachee através da mudança de comportamento do indivíduo. Conforme afirmam Goldsmith, Lyons e Freas (2003, p.44) “o poder direcional ou estratégico de qualquer diálogo de coach está fundamentalmente em sua capacidade de questionar”. Este processo deve ser iniciado pelo coachee, através do desafio de se questionar e, por conseguinte, ter uma visão mais ampla da situação em que se encontra. 30 Introdução ao Coaching O coaching é um caminho prático e direto para o desenvolvimento da liderança. Um item estritamente necessário para a efetividade da mudança comportamental do coachee é o comprometimento e disposição para modificar a visão, ou seja, que a pessoa tenha mente aberta suficiente para aceitar e tentar de fato trilhar um caminho novo. De acordo com Goldsmith, Lyons e Freas (2003, p. 61-63), existem 8 etapas recomendadas a serem seguidas para garantia do sucesso do processo, sendo elas: 1. Identificar atributos para o executivo que você está aconselhando 2. Determinar quem pode fornecer feedback de conteúdo significativo 3. Fazer a coleta do feedback 4. Analisar os resultados 5. Desenvolver um plano de ação 6. Pedir ao executivo que responda aos stakeholders 7. Desenvolver um processo de acompanhamento contínuo 8. Analisar os resultados e começar de novo Vale ressaltar que os autores utilizam o termo “executivo” para identificar o coachee, porém estas etapas podem ser aplicadas em qualquer meio, não apenas o empresarial. No esquema abaixo, os passos descritos por Goldsmith, Lyons e Freas (2003) foram explicados de modo mais claro, para facilitar o entendimento. 3131 FUNDAMENTOS DO COACHING Capítulo 1 O grande segredo desta mudança comportamental é que, além de melhoria profissional, ocorre um aumento da autoconfiança pessoal. Isso decorre da consciência do indivíduo em suas atitudes e comportamento. O grande segredo desta mudança comportamental é que, além de melhoria profissional, ocorre um aumento da autoconfiança pessoal. Isso decorre da consciência do indivíduo em suas atitudes e comportamento, isto é, o autoconhecimento e emprego da técnica de coaching como estímulo para mudança. Atividade de Estudos: 1) Avaliando a organização em que trabalha, o comportamento promovido por você reflete o comportamento dos seus líderes? Quais melhorias você poderia promover em seu comportamento visando impactar positivamente as atitudes dos seus líderes? ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ A mudança comportamental conduz a pessoa a um maior autoconhecimento e, consequentemente, o indivíduo terá maior foco em relação às suas reações de acordo com as situações em que vive e perceberá quais atitudes são limitantes para seu desenvolvimento. Assim sendo, a mudança será natural e eficaz. Figura 3 – Desenvolva e diferencie-se! Fonte: PIOVAN, Ricardo. Como o coaching pode ajudar empreendedores. Disponível em:<http://www.expertstraining.com. br/como-o-coaching-pode-ajudar/>. Acesso em: 16 jul. 2015. 32 Introdução ao Coaching Em suma, o processo de coaching é uma ferramenta eficiente para acelerar resultados, visto que o profissional passa a “pensar fora da caixa”, ou seja, associar criatividade e atitudes fora do convencional a suas decisões. A pessoa que incorpora a cultura do coaching é capaz de quebrar paradigmas. Podemos dizer que este indivíduo está apto a se diferenciar em meio a multidão, de modo bastante visual, a figura 3, desenvolva e diferencie-se, ilustra o que foi exposto. AlgUMAS CONSiDErAçõES Neste capítulo você pode observar que o processo de coaching é um excelente método para atingir metas pessoais ou profissionais através da mudança comportamental do coachee. O processo ajuda a pessoa a identificar novas abordagens para situações vividas e, com isso, ser capaz de visualizar alternativas para solucionar estas questões. No próximo capítulo aprofundaremos nossos estudos a partir da identificação de modelos e metodologias diferentes de coaching, além de apontar diferentes campos de atuação em diversos segmentos do profissional coach. Outro ponto a ser trabalhado será a diferenciação de modelos de orientação profissional, considerando suas similaridades e particularidades. rEFErêNCiAS BOOG, Gustavo G.; BOOG, Magdalena. Manual de treinamento e desenvolvimento: processos e operações, volume 2. 6. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2013. CHIAVENATO, Idalberto. Administração para não administradores: a gestão de negócios ao alcance de todos. São Paulo: Manole, 2011. FERREIRA, Douglas. História do Coaching. 14 jul. 2011. Disponível em:<https://coachingsp.wordpress.com/2011/07/14/historia-do-coaching/>. Acesso em: 07 jul. 2015. FRASES e Pensamentos. Disponível em: <http://pensador.uol.com.br/>. Acesso em: 13 jul. 2015. GOLDSMITH, Marshall; LYONS, Laurence; FREAS, Alyssa. Coaching: o exercício da liderança. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier Brasil, 2003. 3333 FUNDAMENTOS DO COACHING Capítulo 1 KRAUSZ, Rosa R. Coaching executivo: a conquista da liderança. São Paulo: Nobel, 2007. LOTZ, Erika; GRAMMS, Lorena. Coaching e mentoring. Curitiba: Editora Intersaberes, 2014. MANO, Cristiane. Quem precisa de treinador? Revista Exame, 05 mai. 2000. Disponível em:<http://exame.abril.com.br/revista-exame/edicoes/711/noticias/ quem-precisa-de-treinador-m0048055>. Acesso em: 13 jul. 2015. MARQUES, José Roberto. Coaching passo a passo: Como funciona a relação entre o coach e o coachee. Blog José Roberto Marques, 04 dez. 2014. Disponível em:<http://www.jrmcoaching.com.br/blog/coaching-passo-passo- como-funciona-relacao-entre-o-coach-e-coachee/>. Acesso em: 06 jul. 2015. MARQUES, José Roberto. História e tendências do Coaching. InstitutoBrasileiro de Coaching, 23 set. 2013. Disponível em:<http://www.ibccoaching. com.br/blog/historia-e-tendencias-do-coaching/>. Acesso em: 06 jul. 2015. MICHAELIS: Dicionário prático da língua portuguesa. 2. ed. São Paulo: Editora Melhoramentos, 2009. – (Michaelis prático) MUNDO dos filósofos. Disponível em:<http://www.mundodosfilosofos.com. br/>. Acesso em: 13 jul. 2015. OLIVEIRA, Djalma. Coaching, Mentoring, Counseling: um modelo integrado de orientação profissional com sustentação da universidade corporativa. São Paulo: Atlas, 2012. PIOVAN, Ricardo. Como o coaching pode ajudar empreendedores. Disponível em: <http://www.expertstraining.com.br/como-o-coaching-pode-ajudar/>. Acesso em: 16 jul. 2015. 34 Introdução ao Coaching
Compartilhar