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Rafaela Dias Atlas Patológico Pitanga 2020 Rafaela Dias Atlas Patológico Pitanga 2020 Trabalho elaborado como requisito parcial da nota do 1º bimestre para a disciplina de Patologia Veterinária Específica do Curso Bacharelado em Medicina Veterinária da UCP- Universidade do Centro do Paraná, orientado pela M.V Patrícia Rossi. SISTEMA RESPIRATÓRIO O Sistema Respiratório Pode ser dividido de forma estrutural em: Superior e Inferior. E de forma funcional em: Sistema condutor de ar e Área de troca gasosa. Forma Estrutural Trato Respiratório Superior O trato respiratório superior é composto por: Narinas, cavidade nasal com os seios nasais, nasofaringe (e a bolsa gutural em equinos) e a Laringe. Figura 1.1: Figura 1.1 Representação esquemática do Trato Respiratório Superior em um canino. O epitélio de revestimento do trato respiratório superior, com exceção das narinas e da laringe, que apresentam epitélio estratificado pavimentoso não queratinizado, é pseudoestratificado ciliado com células secretoras. Trato Respiratório Inferior O trato respiratório inferior é composto por: traquéia, os brônquios, os bronquíolos e os pulmões. Figura 1.2: Figura 1.2 Representação esquemática do Trato Respiratório Inferior em um canino. A traquéia, os brônquios e os bronquíolos também são revestidos por epitélio pseudoestratificado ciliado com células secretoras, frequentemente chamado de epitélio respiratório. Já os bronquíolos respiratórios, sacos alveolares e alvéolos não têm células ciliadas ou secretoras de muco e são revestidos predominantemente por peneumócitos. Figura 1.3 Representação esquemática dos componentes da parede alveolar. Forma Funcional Sistema condutor de ar Engloba a cavidade nasal com os seios nasais, a nasofaringe (e a bolsa gutural nos equinos, a laringe, a traquéia e os brônquios. Área de troca gasosa Consiste em: Pulmão - Álvéolos (sacos repletos de ar formados pelos septos alveolares, onde esses são constituidos por capilares alveolares e pneumócitos. Pneumócitos tipo I - (que são muito suscetíveis a lesões e não têm capacidade de proliferação); Pneumócitos tipo II - (também chamados de pneumócitos granulares ou secretórios), que são células volumosas, com aspecto cuboide, que secretam surfactante e têm capacidade de proliferação. Pneumócito tipo III – (cuja função não é bem conhecida). Durante o processo de reparação de diferentes tipos de lesões, há proliferação dos pneumócitos tipo II, e, posteriormente, durante a fase de resolução das lesões, alguns deles se diferenciam em pneumócitos tipo I, reconstituindo a estrutura normal do revestimento alveolar. Figura 1.3 Representação esquemática dos componentes da parede alveolar. O Padrão de Resposta do Sistema Respiratório O padrão de reação do sistema respiratório pode ser dividido de acordo com o padrão de resposta: ▪ Do sistema condutor de ar; e ▪ Da área respiratória. Sistema Condutor de Ar O padrão de resposta de lesão, inflamação e reparo da célula é seme- lhante em todo o sistema condutor de ar, e pode afetar o epitélio e as estruturas circunjacentes. Lesão Aguda ao Epitélio - pode resultar em desprendimentos dos cí- lios, tumefação e esfoliação das células ciliadas e caliciformes, formação de células gigantes epiteliais sinciais e necrose do epitélio. Lesão Crônica sobre vias aéreas – nas mais calibrosas podem resultar em aumento da quantidade de células caliciformes e nos casos prolon- gados, metaplasia escamosa do epitélio; Nos Bronquíolos – se resul- tará em hiperplasia do epitélio e metaplasia das células caliciformes e raramente metaplasia escamosa. A lesão ao epitélio costuma estar associada a uma reação inflamatória no tecido estromal circunjacente com aumento na permeabilidade dos capilares, extravasamento de neutrófilos (algumas vezes, eosinófilos) e macrófagos e, nos casos mais prolongados, infiltração e proliferação de linfócitos e plasmócitos, além de fibrose. A formação concomitante de exsudato no lúmem das vias aéreas tam- bém varia de acordo com o fator de indução da permeabilidade dos capi- lares, bem como o tipo de células inflamatórias. Ao exame macroscópico o exsudato pode ser classificado como: ▪ Seroso (aquoso); ▪ Catarral (aquoso, levemente turvo); ▪ Mucopurulento (amarelo brilhante, turvo); ▪ Fibrinoso ou Fibrinoso necrótico (membranoso, opaco). Área de Troca Gasosa O padrão de resposta da área respiratória pode ser divido em: ▪ Distúrbios circulatórios, incluindo edema pulmonar; ▪ Atelectasia e Enfisema; ▪ Pneumonia; e ▪ Neoplasia. Distúrbios circulatórios e Edema pulmonar O edema pulmonar pode ser o resultado de pressão hidrostática elevada, observada particularmente na congestão passiva, ou de pressão osmótica reduzida do sangue. Também pode se resultar do aumento no extravasa- mento do plasma nos alvéolos, causado por lesão de endotélio capilar alveolar e/ou dos pneumócitos alveolares do tipo I. O edema formado pelo aumento na permeabilidade ocorre em uma grande variedade de lesões aerogênicas e hematogênicas, mas também faz parte da resposta inflamatória da área de troca gasosa. (ver adiante). Atelectasia e Enfisema A atelectasia corresponde a distensão alveolar incompleta após o nasci- mento (atelectasia congênita) ou ao colapso alveolar causado por obstru- ção completa dos brônquios/ bronquíolos aferentes com absorção do ar retido (atelectasia obstrutiva) ou por compressão dos alvéolos (atelectasia compressiva) decorrente de processos invasivos nos pulmões ou na ca- vidade torácica (exemplo: hidrotórax, linfoma maligno tímico). O enfisema consiste em uma distensão anormal dos alvéolos (enfisema alveolar); na medicina veterinária, esse distúrbio sempre se origina da obstrução parcial das vias aéreas e posteriormente retenção do ar nos alvéolos distais. No enfisema crônico, podem ocorrer atrofia e ruptura das paredes alveo- lares, bem como perda da elasticidade do pulmão acometido. O enfisema intersticial ocorre com frequência e principalmente nos bovi- nos mediante a passagem (ou escape) de ar dos alvéolos para o tecido conjuntivo interlobular e subpleural. Pneumonia As pneumonias podem ser classificadas de forma mais satisfatória de acordo com a distribuição da lesão e os aspectos (macroscópico e histo- lógico) do tecido pulmonar acometido, pois isso frequentemente permite a predição da provável via de entrada do agente casual e da possível eti- ologia. As pneumonias de distribuição lobar ou lobular, que costumam exibir con- solidação cranioventral, são infecções aerógenas frequentemente associ- adas a bronquite. A classificação das pneumonias lobulares de acordo com o aspecto macroscópico e histológico do tecido pulmonar acometido baseia- se no tipo de exsudato: ▪ Exsudato líquido na Pneumonia catarral, sendo consistidos de edemas e neutrófilos/macrófagos; ▪ Complicações da pneumonia catarral consiste em acúmulos focais ou in- tensos de neutrófilos com supurativa secundária do tecido pulmonar, re- sultando em abscedação focal ou em pneumonia supurativa difusa. ▪ Pneumonia fibrinosa o exsudato pode se encontrar mais denso devido a presença de fibrina, associada a lesão vascular grave com consequente extravasamento de fibrinogênio e eritrócitos para o interior dos alvéolos. ▪ A pneumonia fibrinosa é frequentemente complicada a necrose de coagu- lação do tecido pulmonar pneumonia fibrinosa necrosante, com subsequente delimitação e encapsulação do tecido (este último processo quando o animal sobrevive ao quadro. As pneumonias difusas podem ser de origem aerógena hematógena, afetandoprincipalmente o interstício. Podem ser classificadas a partir do exsudato em agudas ou crônicas. ▪ Pneumonia Intersticial Serosa Aguda: aumento da permeabilidade capilar com extravasamento de liquido proteico nos alvéolos na destruição/ perda de dos pneumócitos alveolares. As células inflamatórias costumam ser escassas ou ausentes. ▪ Em geral se originam de infecções hematógenas por vírus ou protozoá- rios, com consequente necrose nos alvéolos e exsudação intensa de ma- terial proteico/fibrinoso nos alvéolos, com uma quantidade leve a mode- rada de células inflamatórias. ▪ A pneumonia Intersticial crônica pode resultar de lesão intersticial alveolar persistente causada por reações alérgicas do tipo Arthus, como ocorre no Pulmão de fazendeiro em homens ou bovinos. Também pode ser prolife- rativa em consequência de uma infecção viral persistente como Mardi em ovinos. As pneumonias multifocais podem ser de origem hematógena. O tipo de lesão depende do microorganismo envolvido e pode ser purulento (abcessos), necro- sante ou necropurulento, ou granulomatoso. Neoplasias As neoplasias primárias do trato respiratório podem se originar do epitélio ou das estruturas circunjacentes de sustentação. Tanto as neoplasias epiteliais como as mesenquimais, em geral malignas, são observadas com certa regularidade no trato respiratório superior. No trato respiratório inferior, observa – se com maior frequência os Adenocarcinomas dos tipos bronquiais e bronquioloalveolares. Pulmão saudável Bovino Forma piramidal, consistência esponjosa, cor-de-rosa, locali- zado na caixa torácica e recoberto por uma membrana prote- tora chamada pleura. Enfisema Pulmonar Pulmão Bovino, macroscopicamente a área afetada encontrasse aumentada de volume, uma vez que não ocorre colapso da área enfisematosa, que tem coloração rósea - clara, superfície elevada em relação às áreas normais, con- sistência fofa e hipercrepitante, deixando impressão dos dedos à palpação. É importante ressaltar que acúmulo de ar ou a hiperinflação das bordas cra- niais e ventrais dos pulmões é comum em animais velhos, particularmente em cães, e carece de algum significado clínico. Enfisema é a distensão excessiva e anormal dos alvéolos associada à des- truição de paredes alveolares, o que caracteriza excesso de ar nos pulmões, ou seja, condição contrária à atelectasia. Nas espécies domésticas, o enfi- sema pulmonar pode ser de dois tipos: alveolar e intersticial. Enfisema Alveolar: mais importante em equinos; Enfisema Intersticial: mais importante em bovinos. Rinite Fibrinosa Aguda Suíno, cabeça, corte longitudinal, Congestão e membrana fibrinosa sobreja- cente a parte das conchas nasais. A rinite fibrinosa corresponde a um processo inflamatório caracterizado pelo acúmulo de uma camada ou placa de fibrina, que também contém células inflamatórias e restos celulares, aderida à mucosa ainda íntegra. Esse tipo de lesão é observado com frequência nos casos de infecção pelo vírus da rino- traqueíte infecciosa bovina (herpes vírus bovino tipo 1) e rinite viral por cor- púsculo de inclusão em leitões lactentes, causada pelo citomegalovírus. Rinite e Sinusite micóticas - Aspergilose Cão, Cabeça, corte longitudinal. Rinite e Sinusite destrutivas e exsudativas graves com membranas micóticas de coloração cinza/branca. Fungo Asper- gillus fumigatos acomete mais os cães. A rinite se refere ao processo inflamatório da mucosa nasal. Já a sinusite pode ser causada por uma rinite mal curada inflamando os seios nasais. A aspergilose caracteriza-se macroscopicamente por lesão granulomatosa, frequentemente associada à necrose com grande quantidade de exsudato friável. A presença do fungo dá ao exsudato uma coloração azul-esverdeada. Pode ocorrer destruição dos cornetos. Colapso Traqueal Traqueia, Cão. Achatamento dorsoventral da traqueia com alongamento do ligamento dorsal que formam arcos muito abertos, e o relaxamento da mus- culatura lisa que os sustenta. Como consequência, há diminuição do diâmetro do lúmen traqueal, podendo ocorrer dificuldade respiratória e maior susceti- bilidade a colapsos respiratórios, devido à protrusão da musculatura lisa para o lúmen traqueal durante exercício ou estresse intenso. Essa síndrome é observada particularmente em raças Toy e miniatura de cães resultando em dispneia ocasional e intolerância ao exercício. A etiopatogenia do processo não é conhecida. Laringite Necrosante Laringe, bezerro. Inflamação necrosante das cartilagens da Aritenóideas cau- sada por Fusobacterium necropharum. As lesões são bem demarcadas, com superfície amarela ou acinzentada e circundada por área de hiperemia da mucosa. O tecido necrótico (amarelo acinzentado) é friável, aderente à su- perfície, podendo se desprender, deixando áreas de ulceração profunda da mucosa. Esporadicamente, podem ser observadas lesões na mucosa da la- ringe causadas por F. necrophorum na ausência de lesões na cavidade oral. A laringite está associada a rinites, embora possam ocorrer isoladamente. Uma causa importante de laringite em bovinos e suínos é a extensão de ne- crobacilose oral. Edema Pulmonar Bovino. Grande quantidade de líquido espumoso flui da superfície de corte do parênquima pulmonar e de brônquios e bronquíolos. Edema pulmonar a quantidade de líquido no interstício ultrapassa a capaci- dade de drenagem linfática, ocorre extravasamento para o interior do alvéolo. É caracterizado pelo acúmulo de líquido nos alvéolos pulmonares, proveni- ente dos vasos sanguíneos. É uma complicação comum em muitas doenças pulmonares. O fluido de edema que se acumula no alvéolo se mistura ao surfactante alveolar, e, em consequência dos movimentos respiratórios, ocorre formação de espuma, o que compromete ainda mais as trocas gaso- sas nos alvéolos, por impedir a entrada do ar inspirado no interior dos alvéo- los. As causas de edema pulmonar são as mesmas causas gerais de edema, ou seja: aumento da pressão hidrostática, aumento da permeabilidade vas- cular, diminuição da pressão oncótica e obstrução da drenagem linfática. Pneumonia Gangrenosa Pulmão, Equino. Extensa área da superfície pulmonar com coloração esver- deada e acúmulo de exsudato fibrinoso na superfície da pleura visceral adja- cente. A pneumonia gangrenosa pode ser uma complicação de outras formas de pneumonia, principalmente quando ocorre necrose extensa do parênquima. O mais comum é a pneumonia gangrenosa resultante de aspiração de mate- rial estranho contaminado com bactérias saprofíticas e putrefativas, ou seja, a pneumonia gangrenosa é uma consequência frequente e importante da pneumonia por aspiração. Nos bovinos, ocasionalmente, pode ser resul- tado da penetração direta de corpos estranhos perfurantes nos casos de reticuloperitonite traumática. Macroscopicamente, observam – se áreas de coloração amarelada ou esverdeado escura com odor pútrido e formações cavitárias repletas de material necrótico. Essas formações cavitárias podem se romper, provocando piotórax e, em alguns casos, pneumotórax putrefa- tivo, devido à atividade de bactérias produtoras de gás. Pneumonia Tromboembólica Cão. Pneumonia tromboembólica, caracterizada por consolidação multifocal, com área central acinzentada, circundada por área de hemorragia e enfisema alveolar do parênquima adjacente. A Pneumonia tromboembólica é consequência da fixaçãode êmbolos sép- ticos (bacterianos) provenientes de processos inflamatórios e infecciosos em outros órgãos, que atingem os pulmões por via hematogênica. As causas mais frequentes em cão, suíno e bovino são as endocardites valvulares e, nos ovinos, a linfadenite caseosa. Macroscopicamente, observam - se múltiplos abscessos pulmonares de tamanhos variados, e alguns se apresen- tam como pequenos pontos amarelados ou esbranquiçados correspondentes a micro abscessos, localizados principalmente nas regiões dorsolaterais dos pulmões, embora a distribuição frequentemente seja aleatória. A consolida- ção, nesses casos, geralmente tem distribuição multifocal. Pneumonia Verminótica Pulmão, Ovelha, lobo diafragmático. Nódulos pulmonares subpleurais de co- loração cinza – branca, produzidos pelos vermes adultos, ovos e larvas de Muellerius capillaris. A pneumonia verminótica, as áreas de consolidação resultantes de infec- ções parasitárias geralmente se localizam nas porções caudais, principal- mente nos lobos diafragmáticos. A lesão primária causada pelos parasitas é uma bronquite crônica com bronca estenose e enfisema alveolar. A obstrução parcial ou expiratória dos brônquios se dá pela presença dos parasitas e pelo acúmulo de excesso de muco e exsudato eosinofílico, além de hipertrofia e aumento de contratilidade da musculatura lisa brônquica. Em pequenos brônquios e bronquíolos, esse processo pode levar à obstrução total, com consequente atelectasia do parênquima correspondente. O pro- cesso pneumônico se instala quando os tecidos lesionados pelos para- sitas sofrem infecção bacteriana secundária. As principais causas de pneumonia parasitária nas diferentes espécies domésticas no Brasil são Dic- tyocaulus viviparus em bovinos, Dictyocaulus arnfield em equídeos e Me- tastrongylus salmi em suínos. Dictyocaulus filaria, Muellerius capillaris, Cystacaulus acreatus, Protostrongylus rufescens e Neostrongylus line- aris em ovinos e caprinos. A doença ocorre principalmente em regiões mais frias e úmidas ou durante os meses mais frios do ano, uma vez que as larvas são muito resistentes ao frio, mas muito sensíveis ao calor. Em animais jovens, há predisposição ao parasitismo por esses agentes. O D. viviparus é o único helminto cuja forma adulta infecta o pulmão de bovinos. A intensidade da doença e das lesões depende do número de lar- vas infectantes e da imunidade do hospedeiro. Os vermes adultos se locali- zam nos brônquios, são esbranquiçados e finos e têm até 8 cm de compri- mento, podendo também ser encontrados na traqueia. Em comparação ao parasitismo por D. viviparus em bovinos, a capacidade patogênica do Dictyocaulus arnfield em equídeos é bem menor, resultando em infecções assintomáticas ou tosses crônicas, geralmente associadas à hiperplasia de células secretoras de muco no epitélio brônquico e infiltrado linfocitário, que pode estar associada a áreas de enfisema no parênquima adjacente. Pneumonia Hipostática Com frequência, animais que permanecem em decúbito lateral por períodos prolongados desenvolvem pneumonia hipostática. Isso se deve à natureza porosa do pulmão, a qual o predispõe à congestão hipostática e, consequentemente, ao edema. Esses processos causam des- vitalização do tecido e comprometimento dos mecanismos de defesa do pul- mão, favorecendo a instalação de infecção por bactérias inaladas das por- ções respiratórias superiores. Nesses casos, a congestão e a consolidação são unilaterais e afetam o órgão posicionado para baixo durante o período de decúbito prolongado. Portanto, pneumonia hipostática deve ser considerada como uma complicação potencial para animais em decúbito, independente- mente da doença primária que levou o indivíduo ao decúbito lateral prolon- gado. Tuberculose Pulmão, bovino. Nódulos granulomatosos no parênquima pulmonar em um caso de tuberculose por Mycobacterium bovis. A tuberculose é causada preferencialmente pelo Mycobacterium bovis. Contudo, a infecção por M. tuberculosis em bovinos só se mantém quando os animais são mantidos na presença de portadores humanos da infecção. A via de infecção é geralmente broncogênica. O processo se inicia na junção bronquíolo - alvéolo e se estende para o interstício, formando pequenos nó- dulos granulomatosos com material de aspecto caseoso em seu interior. Após infecção experimental, lesões são observadas no pulmão a partir de 7 dias após a inoculação, com acúmulo inicialmente de neutrófilos e alguns macrófagos contendo bacilos álcoolácido resistentes. Granulomas são obser- vados a partir de 14 dias após a inoculação, e extensas áreas de necrose podem ser observadas 21 dias após a inoculação. Nessa fase inicial, a tuber- culose pode se resolver, caso o animal tenha boas condições imunológicas para debelar a infecção, ou progredir e se espalhar pelo organismo, com a evolução do quadro. As vias de disseminação do Mycobacterium no orga- nismo são três: a via linfática, com acometimento secundário de linfonodos mediastinais, formando assim o complexo primário da tuberculose (foco pul- monar inicial associado à lesão no linfonodo regional); o exsudato rico em bacilos, presente nas vias respiratórias, pode provocar extensão das lesões granulomatosas para a traqueia, faringe e cavidade nasal, como detalhado a seguir, além de provocar tuberculose digestiva, já que o bovino ingere grande parte do exsudato das vias respiratórias; e a via hematógena, quando nódu- los tuberculosos erodem vasos sanguíneos e liberam êmbolos sépticos na circulação. Neste último caso, a disseminação é rápida, e qualquer órgão pode ser afetado. A disseminação hematógena da infecção resulta no quadro de tuberculose generalizada ou tuberculose miliar. O Mycobacterium bovis tem capacidade de sobreviver e se multiplicar dentro de macrófagos, favorecendo a persistência do organismo. Como o organismo tem como característica o crescimento lento, invariavelmente as lesões de tuberculose assumem características de cronicidade. Macroscopicamente, observam-se nódulos de diferentes tamanhos no parên- quima pulmonar e linfonodos mediastinais e, eventualmente, em outros ór- gãos. Geralmente, esses nódulos têm cápsulas fibrosas e são preenchidos por quantidade variável de material necrótico de coloração amarelada e de aspecto caseoso. Em estágios mais avançados pode ocorrer calcificação nas porções centrais dos nódulos Histologicamente, a lesão é caracterizada por uma área central de necrose, eventualmente com mineralização focal ou multifocal, circundada por abun- dante número de macrófagos epitelioides, células gigantes multinucleadas do tipo Langhans (com os núcleos localizados na periferia da célula) e linfócitos. Embora o organismo não possa ser observado nas colorações de rotina, cor- tes corados pela técnica de ZiehlNeelsen evidenciam grande número de ba- cilos álcoolácido resistentes com localização predominantemente intracito- plasmática em macrófagos e células gigantes. Em 7 a 10% dos bovinos com tuberculose pulmonar, que é caracterizada por pneumonia granulomatosa e é a manifestação mais comum, ocorre extensão do processo para a cavidade nasal, a faringe e a traqueia. O contato prolongado da mucosa dessas regiões com o exsudato proveniente do trato respiratório inferior é rico em bacilos, o que possibilita a implantação destes ao longo do trato respiratório. Macroscopicamente, na cavidade nasal e na faringe, frequentemente são observados nódulos ou pequenos pólipos de tamanhos variados, consistência firme, coloração avermelhada, com ma- terial necrótico de aspecto caseoso ou mineralizado em seu interior. Na tra- queia, as lesões típicas são úlceras de bordas regulares e exsudação amarelada de aspecto caseoso, localizadas principalmente na bifurcação da traqueia. Ocorreem todas as espécies domésticas, a tu- berculose tem maior importância clínica e de saúde pública em bovi- nos, onde é realizado o abate sanitário. Doença de notificação obriga- tória. Hidatidose Pulmão, Bovino. Apresentando cisto hidá- tico. A Hidatidose é representada por lesões cís- ticas (cisto hidático) que ocorrem no interior do parênquima de vários órgãos parenquimatosos, mas principalmente pul- mão e fígado. O parasita adulto é denomi- nado Echinococcus granulosus, e a forma larval cisto hidático. Há duas cepas principais de E. granulosus que para- sitam animais domésticos: E. granulosus granulosus e E. granulosus equinus. Os hos- pedeiros definitivos de E. granulosus, um cestódeo pequeno, de 6 mm de compri- mento, são o cão e vários canídeos silves- tres, e os hospedeiros intermediários, que desenvolvem os cistos hidáticos, incluem ru- minantes domésticos e silvestres, suínos e humanos. O período pré -patente no hospedeiro definitivo é de 40 a 50 dias. O crescimento do cisto hidático se completa em 12 meses. A cápsula do cisto é formada por uma membrana externa, pelo epitélio germinativo interno, de onde se originam as vesículas filhas, cada uma com vários escó- lices. Essas vesículas podem soltasse no líquido do cisto, formando a “areia hidá- tica”. A distribuição dos cistos va- ria entre as espécies: em ovinos, cerca de 70% de- les ocorrem nos pulmões, e 25% no fígado; o res- tante é distribuído por ou- tros órgãos. Em bovinos, 90% dos cistos hidáticos ocorrem no fígado, e o restante em outros ór- gãos, incluindo pulmão, coração e baço. Com o passar do tempo, o cisto hidático se calcifica, tor- nando – se inviável; nesse estágio, por vezes, é con- fundido, com granuloma tu- berculoide. Uma reação in- flamatória granulomatosa que circunda o cisto ocorre como reação do hospe- deiro. E. granulosus não é patogênico; independen- temente da carga de infes- tação intestinal do cão, não há sinais clínicos associa- dos. Também os cistos hi- dáticos no hospedeiro inter- mediário são bem tolera- dos, a não ser que ocorram em órgãos como o pâncreas e o sis- tema nervoso central, o que é raro em animais domésti- cos. O hospedeiro intermediário doméstico varia de acordo com o tipo de criação local, mas o mais importante é o ovino e, em segundo lu- gar, o bovino. SISTEMA CARDIOVASCULAR O Sistema Cardiovascular O sistema cardiovascular, ou circulatório, abrange o coração e os sistemas vas- culares sanguíneo e linfático. O sistema vascular sanguíneo é composto de ar- térias, arteríolas, capilares, vênulas e veias, e o sistema vascular linfático é com- posto dos vasos linfáticos. O Coração O coração é um órgão muscular que se contrai ritmicamente, impulsionando o sangue de modo contínuo para o sistema vascular sanguíneo. Nos mamíferos e aves, é constituído por quatro câmaras, átrios direito e esquerdo e ventrículos direito e esquerdo, e por quatro válvulas, sendo duas atrioventriculares (mitral e tricúspide) e duas semilunares (aórtica e pulmonar). Semelhantemente ao que se observa na constituição dos vasos, o coração é formado por três túnicas: a interna (endocárdio), a média (miocárdio) e a externa (pericárdio). Figura 2.1 Representação esquemática do coração e suas artérias e veias. Endocárdio: é homólogo à camada íntima dos vasos, sendo, portanto, constitu- ído por endotélio apoiado sobre uma delgada camada subendotelial de natureza conjuntiva frouxa, que contém vasos, nervos e ramos do aparelho condutor do coração. O endocárdio reveste internamente os átrios, os ventrículos e as válvu- las. Miocárdio: é uma potente camada de músculo estriado involuntário, formada por fibras com disposição variável, podendo ser comparado à túnica média. Pericárdio: pode ser compreendido como pericárdio visceral (epicárdio) e pe- ricárdio parietal. O epicárdio é o revestimento seroso ou mesotelial do miocár- dio. Apresenta - se coberto externamente por mesotélio pavimentoso simples apoiado em delgada camada conjuntiva. Na camada subepicárdica observam- se tecido conjuntivo frouxo, vasos, nervos e gânglios nervosos. É nessa camada que se acumula o tecido adiposo que geralmente recobre certas regiões do co- ração. Já o pericárdio parietal é um saco fibroelástico fechado que se funde com a adventícia dos grandes vasos na base do coração. O pericárdio parietal, reco- brindo o visceral, limita um espaço denominado saco pericárdico; este contém pequena quantidade de líquido seroso, suficiente para lubrificar e possibilitar fácil movimentação da parede cardíaca contra seu revestimento. O coração apresenta um sistema especializado de atividade elétrica responsável pela contração coordenada do músculo cardíaco, que é essencial para o bom- beamento eficiente de sangue ao longo dos vasos sanguíneos. Esse sistema é comandado por um sistema autônomo e especializado representado pelos no- dos sinoatrial e atrioventricular, feixes de His e fibras de Purkinje (fibras mio- cárdicas diferenciadas para a função condutora). Os impulsos rítmicos origina- dos são responsáveis pela contração do músculo cardíaco, é de suma importân- cia para que haja a condução rápida desses impulsos por todo o coração. Qual- quer alteração cardíaca que interfira com esse sistema rítmico e condutor pode ocasionar anormalidades na contração das câmaras cardíacas, causando um bombeamento sanguíneo ineficiente e comprometendo as demandas metabóli- cas do animal a ponto de causar sua morte. Principais lesões do Sistema Cardiovascular ▪ Anomalias congênitas; ▪ Hipertrofia e alteração luminal; ▪ Alterações degenerativas; ▪ Inflamação; e ▪ Neoplasia ANOMALIAS CONGÊNITAS As anomalias congênitas do coração e dos vasos ocorrem em todas as espécies de animais e podem ser hereditárias. Os defeitos de desenvol- vimento na septação do coração, a origem ou a persistência anormal das artérias e as anormalidades nas valvas cardíacas com estenose dos ós- tios são os achados mais comuns. HIPERTROFIA E ALTERAÇÃO LUMINAL A hipertrofia é a dilatação de ventrículos e átrios, são com frequência o resultado de anormalidades congênitas, degeneração miocardíaca, infla- mação ou valvupatia, no entanto, a hipertrofia também pode ser induzida por hipertireoidismo, anemia crônica, ou elevados de eritropoietina. CARDIMIOPATIA Se uma anormalidade no miocárdio constitui a base da disfunção cardíaca é considera uma Cardiopatia; frequentemente a causa é desconhecida, mas pode compreender inflamação, anormalidades genéticas no metabo- lismo de energia ou nas proteínas contráteis das células miocárdicas, dis- túrbios metabólicos por deficiências, ou distrofias tóxicas. ▪ Dilatada (ou congestiva) ▪ Hipertrófica ▪ Restritiva ALTERAÇÕES DEGENERATIVAS As alterações degenerativas do músculo do coração frequentemente de- correm de: ▪ Deficiência nutricionais; ▪ Intoxicações; ▪ Distúrbio da microcirculação (choque); ▪ Sepse. As alterações degenerativas das valvas atrioventriculares com deposição de proteoglicanos e aumento de colágeno são comuns em cães mais ido- sos e podem causar insuficiência cardíaca, e por meio da insuficiência lesões da ejeção atrial. A degeneração da doença de Mulberry do suíno. Um distúrbio da microcirculação com coagulação intravascular dissemi- nada (CID) também pode induzir a diálise hemorrágica. Os quadros de Ateromatose e Ateroclesrose de artérias são encontrados com pouca frequência. A deposição acentuada da lipofuscina pode ocor- rer em bovinos sem sinais clínicos. As calcificações metastáticas e distró- ficas vasculares e endocárdicas são bem conhecidas. A amiloidose car- díaca e vascular, sob forma de depósitos hialinos, pode fazer parte da amiloidose generalizada. INFLAMAÇÃO As inflamações são distúrbios frequentes. Os quadros de pericardite,mi- ocardite, tromboendocardite e vasculite são causados principalmente por agentes infecciosos (muitas espécies de bactérias, vírus, protozoários e parasitas), mas também ocorrem vasculites imunomediadas. A tromboen- docardite pode ser acompanhada não somente por insuficiência cardíaca, mas também embolia e infartos. NEOPLASIAS As neoplasias mais importantes no coração e no pericárdio incluem tu- mores do: ▪ Corpo aórtico (quimiodectoma); ▪ Tecido teiróideo ectópico; ▪ Nervos subepicárdicos (neurofibromas); ▪ Endotélio dos vasos cardíacos e do endocárdio (hemangiosarcomas e sarcomas) ▪ Linfomas malignos. Os hemangiosarcomas cardíacos são mais encontrados em cães da raça Pastor e Boxer, no átrio direito e contribuem para a causa mais frequente de morte sú- bita. Coração Bovino Anatomicamente, o coração se localiza no interior da cavidade torácica, es- pecificamente na região do mediastino. Um coração saudável apresenta forma cônica, com seu diâmetro longitudinal superior ao diâmetro trans- versal. A espessura da parede do ventrículo esquerdo é cerca de três vezes superior à do ventrículo direito, exceto nos recém nascidos, nos quais a espessura ventricular direita e a esquerda são iguais. Aneurisma verminótico Aneurisma sacular da aorto toráxica, resultante do enfraquecimento da pa- rede arterial causado por infecção Strongillus vulgaris, Equino. O aneurisma é uma dilatação localizada e permanente da parede de um vaso arterial e é mais frequente nas artérias elásticas. O aneurisma resulta do enfraquecimento local da parede vascular, que está estendida além da sua capacidade de resistência. As causas de aneurisma são alterações infla- matórias ou degenerativas. São infrequentes nos animais domésticos, com exceção das lesões de S. vulgaris na artéria mesentérica de equídeos e S. lupi na aorta de cães. A deficiência de cobre em suínos tem sido descrita como uma causa de aneurisma. As principais consequências são as rupturas, que, na maioria das vezes, são fatais. Também podem ocorrer trombose e obstrução. Outra entidade desse grupo de alterações vasculares é o aneu- risma dissecante, condição frequentemente fatal, rara nos animais domésti- cos e, relativamente, mais frequente em aves (perus e avestruzes), caracte- rizada pela dissecção aguda da artéria, em que a íntima sofre uma solução de continuidade, por onde penetra o sangue que se interpõe e disseca a tú- nica média, produzindo um leito falso envolvente que se estende ao longo da artéria. Miocardite granumatulosa Coração de cão. Miocardite granulomatosa. Miocardite é o processo inflamatório do mio- cárdio e, geralmente, está associada a uma va- riedade de doenças sistêmicas. Pode ser focal, multifocal ou difusa, e o tipo de inflamação depende do agente infeccioso envolvido. A via de infecção mais comum é a hemató- gena, mas também ocorre por extensão de en- docardites e pericardites. Causas não infeccio- sas – como intoxicação por Vicia villosa, popu- larmente conhecida como ervilhaca – em bovi- nos também podem causar miocardite. As con- sequências oriundas da miocardite dependem da extensão da lesão. No processo inflamatório focal, após a resolução pode-se observar fi- brose. Casos mais difusos podem levar o ani- mal à morte por insuficiência cardíaca aguda ou crônica. Miocardite granulomatosa pode ocorrer em casos de tuberculose bovina, mas não é co- mum. Observa - se nódulos brancos amarela- dos com material caseoso e, às vezes, calcifi- cados no miocárdio. Linfadenite caseosa em ovinos, causada pelo Corynebacterium pseu- dotuberculosis, ocasionalmente pode acometer o coração, com formação de granulomas caseosos típicos, que apresentam, ao corte, ca- madas estratificadas, concêntricas e circunscri- tas, com aspecto seme- lhante ao da cebola cor- tada ao meio. Miocardite granuloma- tosa tem sido descrita em bovinos associada à into- xicação pela ingestão de Vicia villosa (ervilhaca). Essa planta causa uma intoxicação com lesões granulomatosas sistêmi- cas, caracterizadas por nódulos branco acinzen- tados, macios, multifocais e coalescentes em diver- sos órgãos. Outros agen- tes, como algas do gê- nero Prothoteca, que pode causar infecção sis- têmica em cães, também podem causar miocardite granulomatosa. Hipertrofia concêntrica Coração, suíno. Com hipertrofia concêntrica, espessamento da parede ven- tricular. A hipertrofia é o aumento de tamanho das fibras musculares, caracterizado pelo aumento do comprimento, do diâmetro e do número de sarcômeros da fibra muscular sem aumento do número de fibras. É uma resposta compen- satória do músculo cardíaco em decorrência da sobrecarga sistólica (sobre- carga de pressão) ou diastólica (sobrecarga de volume) crônica. A hipertrofia somente ocorre se houver tempo e o miocárdio estiver saudável e com nutrição adequada. Existem dois tipos de hipertrofia: concêntrica e ex- cêntrica. A hipertrofia concêntrica ocorre quando há um aumento da carga sistólica, ou seja, aumento da força de contração devido a um aumento de pressão em uma ou ambas as câmaras cardíacas. Observa – se um aumento da massa ventricular sem aumento do volume diastólico final. Macroscopi- camente, há aumento da espessura da parede ventricular e diminuição da câmara. As causas são estenoses valvulares, doenças pulmonares que con- ferem resistência ao fluxo sanguíneo, persistência de ducto arterioso e tam- ponamento cardíaco crônico. Hidropericárdio Coração, Gato. O saco pericárdico está excessivamente preenchido com liquido translúcido; o pericárdio tem aspecto liso e brilhante. O saco pericárdico apresenta, normal- mente, uma pequena quantidade de flu- ido seroso e claro para lubrificação dos folhetos. O hidropericárdio é o acúmulo excessivo de líquido dentro do saco pericárdico e é considerado um transudato, devendo, portanto, ser diferenciado de um exsu- dato que acompanha processos inflama- tórios do pericárdio. O hidropericárdio apresentasse como fluido aquoso, claro, transparente ou ligeiramente amarelado, pobre em proteínas e que não se coagula quando exposto ao ar. Processos patoló- gicos que levam ao aumento de pressão hidrostática, aumento de permeabilidade vascular, diminuição da pressão oncótica ou de drenagem linfática são as causas desse tipo de alteração. Entre elas estão doenças crônicas caquetizantes, como verminoses, subnutrição, insuficiência re- nal crônica, insuficiência cardíaca direita ou bilateral ou massas neoplásicas im- plantadas principalmente na base do co- ração. As consequências de um hi- dropericárdio dependerão da velocidade e quantidade do lí- quido acumulado. O acúmulo lento e em grande quantidade pode causar hiper- trofia concêntrica do coração, a qual, com o tempo, pode pro- gredir para insuficiência cardí- aca. Quando o líquido se acumula rapidamente, pode ocasionar um tamponamento cardíaco agudo, devido à dificuldade de enchimento do ventrículo di- reito durante a diástole, le- vando o animal à morte por choque cardiogênico. Hemopericárdio Coração, Saco pericárdico, Cão. O pericárdio está preenchido com sangue puro, em consequência da ruptura do átrio direito, decorrente de infarto. Hemopericárdio é o acúmulo de sangue no saco pericárdico. Embora os achados mais consistentes para o diagnóstico de Hemopericárdio sejam coágulos sanguíneos no saco pericárdico, em alguns casos em que os animais estão em avançado estado de autólise, no momento da necropsia,o sangue não está mais coagulado, mas ainda assim está denso e viscoso. Hemopericárdio é uma alteração pouco frequente e geralmente fatal. As causas mais comuns são: ruptura de vasos ou átrios por trauma; perfuração do coração; ruptura intrapericárdica da aorta, que pode ocorrer em cavalos após esforço físico excessivo; ruptura de hemangiossarcomas; ruptura dos átrios devida à endocardite atrial ulcerativa nos casos de uremia em cães; ruptura da artéria coronária e do átrio decorrente de deficiência de cobre em suínos. A consequência é tamponamento cardíaco rápido seguido de morte súbita. Desse modo, a morte decorre do choque cardiogênico associado à insufici- ência cardíaca aguda. Persistência Ducto arterioso Coração, Cão, Idoso. Uma persistência do desvio (seta) entre a aorta e o tronco pul- monar, normalmente presente durante a vida embrionária. Após o nascimento do animal, os pulmões são insuflados, diminuindo assim a resis- tência ao fluxo sanguíneo pulmonar; devido à súbita interrupção do fluxo sanguíneo pela placenta, a pressão da aorta se eleva. Isso faz com que o sangue reflua da aorta para a artéria pulmonar; em poucas horas, a parede muscular do ducto arterioso sofre contração acentuada, e, dentro de 1 a 8 dias, a constrição é suficiente para inter- romper todo o fluxo sanguíneo (fechamento funcional). Nos próximos 1 a 4 meses, o ducto arterioso torn - se anatomicamente ocluído devido à proliferação de tecido con- juntivo fibroso (ligamentum arteriosum) em seu lúmen. A causa do fechamento está re- lacionada com o aumento de oxigenação do sangue que flui por ele. Em potros, o ducto pode permanecer patente, sem ser considerado anormal, até 5 dias após o nascimento. Um ducto arterioso que per- manece patente por tempo superior é con- siderado patológico. Quando esse canal não se fecha, tem - se uma condição cha- mada de persistência do ducto arterioso. A persistência do ducto arte- rioso é a alteração congênita mais comum em todas as es- pécies, principalmente no cão. Nesse defeito, a comunicação entre a aorta e a artéria pulmonar permanece aberta, ocasio- nando um desvio de sangue do lado esquerdo para o di- reito. As sequelas irão de- pender do diâmetro do ducto persistente. Se o ducto per- sistente for de diâmetro con- siderável, haverá sobrecarga do volume sanguíneo no ven- trículo esquerdo, resultando em hipertrofia excêntrica, uma vez que grande parte do sangue que sairia da aorta para a grande circulação é lançada para a artéria pulmo- nar e segue então para os pulmões, resultando em congestão pulmonar e retor- nando ao ventrículo es- querdo. Já o ventrículo direito será submetido ao aumento de pressão, resul- tando em hipertrofia con- cêntrica. Há também dilata- ção atrial esquerda, devida ao aumento do fluxo sanguíneo oriundo dos pul- mões, aumentando a predis- posição à trombose decor- rente do turbilhonamento do fluxo. A terapêutica escolhida é a correção cirúrgica, que con- siste em efetuar uma ligadura do canal persistente. Hemangiossarcomas Coração de cão. Hemangiossarcoma no átrio direito. O hemangiossarcoma é a neoplasia maligna de cé- lulas endoteliais. É a neoplasia primária do coração mais frequente em cães e geralmente localizada no átrio direito. O hemangiossarcoma pode ser também uma neoplasia metastática no coração oriunda do baço ou da pele, outros locais primários. Macrosco- picamente, observasse uma massa sem limite pre- ciso, vermelha, friável e com coágulos sanguíneos no seu interior. Metástases são frequentes e afetam prin- cipalmente os pulmões. Outra consequência é a rup- tura da massa neoplásica, causando hemopericárdio e tamponamento cardíaco. Linfoma Coração, Bovino, Linfoma. O linfoma é uma neoplasia maligna de linfócitos com origem em qualquer tecido linfoide. É a principal neoplasia secundária que acomete o coração, sendo frequente em bovinos e cães. Macroscopicamente, observasse formação de uma ou mais massas nodulares delimitadas ou difusas, de coloração bran- cacenta e consistência friável, localizadas na parede atrial ou ventricular. A invasão do miocárdio, principalmente do átrio direito, é uma ocorrência frequente, principalmente em bovi- nos com quadro de leucose. Dependendo da extensão, o lin- foma cardíaco pode causar morte por insuficiência cardíaca. Quimiodectoma Coração, Cão, Quimiodectoma maligno. Massa neoplásica invadindo o átrio e trombos neoplásicos aderidos ao lúmen ventricular. Os quimiodectomas ou quimiorreceptomas (tumores da base do coração) são neoplasias dos órgãos receptores que estão localizados na carótida e na aorta, junto à base do coração; esses órgãos quimiorreceptores são conheci- dos como corpos carotídeos ou aórticos, respectivamente. Detectam altera- ção de pH, conteúdo de dióxido de carbono e oxigênio e auxiliam na regula- ção da respiração e circulação. Embora os órgãos quimiorreceptores estejam distribuídos em diversas partes do organismo, as neoplasias nos animais do- mésticos se originam dos corpos aórticos e carotídeos, sendo as primeiras mais frequentes. O outro nome utilizado para quimiorreceptoma é paragan- glioma, por se tratar de tecido paraganglionar do sistema parassimpático. O tumor do corpo aórtico é uma neoplasia frequente em cães e incomum em gatos e bovinos. Raças caninas braquiocefálicas, como Boxer e Bulldog, têm maior predisposição para o desenvolvimento do tumor, pois acreditasse que essas raças, além do fator genético, estão sujeitas a esforço respiratório crônico, devido a anomalias do trato respiratório. Macroscopicamente, as massas são simples ou múltiplas, brancacentas, firmes e de tamanho variado e estão localizadas na adventícia da aorta, próximo à inserção do saco pericárdico na base do cora- ção. Microscopicamente, as células neoplásicas são poliédricas, pleomórficas, com citoplasma eosinofílico finamente granular, subdivididas em pequenos aglomerados e sustentadas por estroma conjuntivo delicado. SISTEMA URINÁRIO O Sistema Urinário O sistema urinário é dividido em trato superior, representado pelos rins, e em trato inferior, que compreende os ureteres, a bexiga urinária e a uretra. Os rins situam - se na região sublombar e apresentam consistência firme e forma variá- vel entre os mamíferos. Figura 3.1 Representação esquemática do Trato Urinário Superior e Trato Urinário Inferior. Nos animais domésticos, os rins podem ser classificados como unipiramidais (unilobares) ou multipiramidais (multilobares). Gatos, cães, pequenos ruminantes e cavalos têm rins unipiramidais. Nos gatos, um lobo está presente e os ductos papilares se abrem no cálice, sobre uma única papila renal. Em cães, pequenos ruminantes e cavalos, há fusão completa ou parcial de diversos lobos em uma única papila renal. Suínos têm rins multipiramidais, nos quais há vários lobos distintos, cada um com uma pirâmide e sua respectiva papila. Os bovinos apresentam rins multipi- ramidais e lobos externos distintos, cada lobo com uma pirâmide. Figura 3.2: Figura 3.2: Na sequência A: Carnívoro/ Pequeno Ruminante; B: Suíno; C: Equino; D: Bovino. O parênquima renal se divide em córtex, localizado externamente, e região me- dular, localizada internamente. O rim é constituído por unidades funcionais, os néfrons. Cada néfron é constituído pelo corpúsculo renal e um longo túbulo, diferenciado em vários segmentos sucessivos (túbulo contorcido proximal, alça de Henle e túbulo contorcido distal). Cada corpúsculo renal é formadopelo glomérulo, que se constitui por um tufo de capilares ramificados e anasto- mosados, com uma região central denominada mesângio, envoltos pela cápsula de Bowman. Figura 3.3: Figura 3.3: Representação esquemática das estruturas internas do rim. As lesões são mais comuns em espécies de animais domésticos. A mai- oria delas envolve reações inflamatórias, mas os cistos congênitos e a hidrone- frose também podem ser encontrados com frequência. Os processos degenera- tivos e as neoplasias primárias são menos comuns. Trato urinário Superior -Os Rins Processos degenerativos As lesões degenerativas, principalmente dos túbulos contorcidos (fibrose tubular ou necrose tubular aguda), mas também dos glomérulos (glomerulopatia), são observadas em: ▪ Septicemia; ▪ Intoxicações (necrose tubular nefrotóxica); ▪ Anóxia, especialmente em casos de choque (necrose isquêmica); ▪ Depósitos aumentados ou anormais (proteínas, pigmentos e lipídeos, etc). Amiloidose A amiloidose glomerular é uma importante glorumerulopatia (glomerulonefrose); no entanto, os depósitos de amilóide ocorrem com maior frequência no tecido intersticial medular e nas paredes arteriais. Com mais impacto clínico na dimi- nuição no fluxo sanguíneo pelo tubo glomerular e ao declínio da taxa de filtração glomerular. Processos inflamatórios Podem ser divididos no geral em: naqueles resultantes de glomerulopatia e aqueles resultantes em tubulointersticiais. Depósitos glomerulares de imunocomplexos Dependendo do método do local de deposição, podem ocorrer diversos padrões associados a diferentes tipos histopatológicos de glomerulonefrite, e está asso- ciada com frequência a perda na seletividade da filtração, resultando na dilata- ção dos lumens tubulares pelo preenchimento de conteúdo proteico. Envolvimento glomerular secundário Em processos tubulointesticiais pode ocorre um envolvimento glomerular secun- dário e também primário. Doenças tubulointersticiais Ocorrem principalmente devido a agentes infecciosos ou toxinas. A nefrite in- tersticial crônica (NIC) causa insuficiência renal. Em casos de necrose (papi- lar) ou inflamação (pielonefrite) medulares internas, podem – se desenvolver lesões corticais secundárias. Lesões corticais focais representam infartos e processos inflamatórios resultan- tes de embolia. Nos animais de produção isso é observado muitas vezes em associação com êmbolos sépticos. Neoplasias As neoplasias renais primárias consistem em carcinomas tubulares renais, tu- mores de Wilm e tumores de células epiteliais da pelve. Nos rins os tumores metásticos são comuns particularmente do sistema linfóide. Trato Urinário inferior – Ureteres, Bexiga e Uretra Lesões inflamatórias São comuns no trato urinário inferior, iniciando – se pela pelve. Os problemas podem surgir após obstrução ou por infecções ascendentes. Em cães, essas infecções ascendentes podem ser favorecidas por anormalidades congênitas na junção uretrovesical. Neoplasias do trato urinário inferior A maioria dos tumores da bexiga e uretra são de células epiteliais em transição. Os tumores do trato urinário inferior podem estar associados à hidronefrose se- cundária. Nefrose tóxica endógena - Nefrose colêmica Rim, Bovino. Nefrose tóxica endógena por bilirrubina com córtex enegrecido. A nefrose é um processo degenerativo das células tubulares que pode cau- sar subsequente necrose tubular. Ambas são causas importantes de insuficiência renal aguda. Geralmente, a nefrose é o resultado de um insulto tóxico (nefrose tóxica exógena ou endó- gena) ou isquêmico (nefrose isquêmica) ao rim. Tanto o insulto tóxico quanto o isquêmico podem alterar a célula tubular, por afetar a respiração celular, alterar o sistema de transporte tubular e danificar as organelas. Ambos os rins podem ser afetados igualmente. Nefrose tóxica endógena A hemoglobina, a mioglobina, os pigmentos biliares e a hemossiderina são os principais agentes tóxicos endógenos capazes de causar nefrose. Nefrose colêmica: concentrações elevadas de bilirrubina e de ácidos biliares no sangue, devidas à icterícia, promovem acúmulo desses pigmentos no epi- télio dos túbulos renais, causando degeneração. Cordeiros, bezerros e potros recém-nascidos também podem apresentar excesso de bilirrubina no sangue, devido à imaturidade dos mecanismos de conjugação hepática, com conse- quente bilirrubinúria e lesão do epitélio tubular. O rim apresenta coloração amarelada ou esverdeada e até enegrecida, dependendo da quantidade de pigmento biliar. A urina pode estar mais amarelada e, às vezes, apresentasse com coloração alaranjada. Amiloidose Rim, Bovino. Com superfície cortical discretamente irregular e áreas amare- ladas multifocais. A amiloidose é uma doença sistêmica na qual o amiloide é depositado ex- tracelularmente em uma variedade de locais, particularmente no glomérulo renal e na parede de túbulos e vasos. O nome amiloide é originário da antiga observação de que a superfície de um órgão com amiloidose, ao ser pince- lada com solução de iodo e banhada com ácido sulfúrico diluído, cora -se por azul-violeta, o que é um resultado positivo da presença de amido. Macroscopicamente: os rins se encontram pálidos, aumentados de volume e com consistência mais firme. O córtex apresenta aspecto delicadamente granular. Os glomérulos repletos de amiloide podem tornar-se - se visíveis como pontos acobreados sobre o córtex e na superfície de corte. A presença do amiloide pode causar isquemia e atrofia tubular renal, dege- neração e fibrose difusa. Hidro nefrose Rim, Bovino. Hidro nefrose grave em rim de bovino. A Hidronefrose é a dilatação da pelve e dos cálices renais decorrente da obstrução do fluxo urinário associada à progressiva atrofia do parênquima renal. A obstrução urinária também aumenta a suscetibilidade a infecções. A obstrução urinária pode ocorrer de forma rápida ou lenta, pode ser com- pleta ou parcial, unilateral ou bilateral, e pode localizar -se desde a uretra até a pelve renal, representada por lesões intrínsecas ao trato urinário ou por lesões extrínsecas, que comprimem o ureter e a uretra. Qualquer obstrução do trato urinário pode causar hidronefrose, mas a extensão e a duração da obstrução determinarão a gravidade da lesão renal. Em seguida à obstru- ção, há dilatação tubular renal associada ao aumento da pressão intratubular. Os glomérulos permanecem funcionais e grande parte do filtrado glomerular se difunde para o interstício, de onde é removido pelos vasos linfáticos e veias. A compressão do parênquima resulta em compressão de vasos san- guíneos intersticiais, com diminuição do fluxo sanguíneo renal e consequente isquemia, atrofia e necrose tubular e fibrose intersticial. Eventualmente os glomérulos tornam - se atrofiados e fibrosados. Macroscopicamente: sinais iniciais de hidronefrose consistem em dilatação progressiva da pelve e dos cálices renais, fazendo com que o rim adquira um formato mais arredondado, com adelgaçamento da medular e do córtex. No estágio mais avançado da hidronefrose, o rim apresentasse semelhante a um saco, com paredes del- gadas, repleto de fluido translúcido, mas sem aspecto de exsudato. Se a obs- trução for unilateral, o rim não acometido poderá compensar totalmente a perda da função do rim afetado, impedindo a ocorrência de azotemia e uremia. Nefrite Intersticial Multifocal Aguda Rim, Cão. Nefrite intersticialmultifocal aguda. A nefrite intersticial aguda ocorre como resultado de septicemias bacteria- nas e infecções virais, em que os agentes infecciosos penetram nos túbulos renais e incitam uma resposta inflamatória. A nefrite intersticial aguda multifocal ou difusa pode estar presente nas infecções por Leptospira canicola e L. icterohemorrhagiae (cães) e por L. po- mona (suínos), na hepatite infecciosa canina e na circovirose suína (infecção pelo circovírus suíno tipo 2). Macroscopicamente: os rins podem apresentar-se, aumentados de volume, contendo múltiplos pontos esbranquiçados por toda a superfície do órgão e no córtex interno (nefrite intersticial multifocal; ou com áreas esbranquiçadas coalescentes difusas por todo o córtex externo e interno (nefrite intersticial difusa. Infarto Renal Rim, Suíno. Infartado. Os infartos renais são áreas de necrose de coagulação resultantes da is- quemia por obstrução vascular causada por êmbolos ou trombos localizados nas artérias e nas veias renais ou em suas ramificações. A dimensão do in- farto depende do calibre e do número de vasos sanguíneos ocluídos. Assim, se uma artéria arciforme é obstruída, há necrose das regiões cortical e medular e, se há somente obstrução da artéria interlobular, a região de infarto limitasse ao córtex. O infarto de todo o rim, pela oclusão da arté- ria renal principal, é raro. Se o material que oblitera o vaso é séptico, formam - se abscessos que podem ser cicatrizados, ser sequestrados ou ser elimina- dos pela pelve. Os infartos renais têm várias causas, sendo muitas comuns a infartos em ou- tros órgãos. Todas as doenças que resultam na formação de tromboêmbolos são causas potenciais de infartos renais. Entre elas, destacam - se endocar- dites valvulares, pneumonias, doenças periodontais graves, trombose das veias renais por abscessos e endoarterite das artérias aorta e renais por Strongylus vulgaris (equinos), neoplasias malignas metastáticas e outras. Microscopicamente: os infartos mais recentes têm uma área central de ne- crose de coagulação circundada por uma zona de hiperemia, hemorragia e por uma zona de infiltração leucocitária. A maioria dos infartos renais não apresenta significado clínico, embora algu- mas vezes possam ser observadas dor e hematúria. Os infartos extensos são causas importantes de hipertensão arterial e até mesmo de insuficiência re- nal, quando bilaterais. Uretrite necro-hemorrágica focal Uretra, Cão. A URETRITE é a inflamação da Uretra, é rara na ausência de cistite. Em condições normais, bactérias penetram na bexiga com frequência, mas são removidas pela eliminação repetida de urina, antes de colonizarem ou inva- direm a mucosa. O trato urinário inferior é normalmente isento de bactérias, exceto na extre- midade da uretra, adjacentemente ao óstio uretral externo. A esterilidade da bexiga é mantida por eliminação repetida de urina, pelas propriedades anti- bacterianas (a acidez da urina dos carnívoros, a imunoglobulina A e a secre- ção de mucina pela mucosa inibem a adesividade bacteriana) e pelos fatores bacteriostáticos (são representados pelos ácidos orgânicos). SISTEMA TEGUMENTAR Cistite hemorrágica Bexiga, Cão. A Cistite é a inflamação da bexiga. A cistite aguda apresentasse de várias formas: fibrinosa, catarral, hemorrágica, purulenta e necrótica ou diftérica. Na cistite hemorrágica ocorrem hemorragias. Grande parte da mucosa pode tor- nar-se necrótica e apresentar áreas de ulcerações, predispondo à ruptura. A cistite hemorrágica pode ser encontrada frequentemente na urolitíase, na in- toxicação crônica por samambaia e, mais raramente, em bovinos com febre catarral maligna, devido à vasculite. A cistite ocorre quando as bactérias tornam - se capazes de suplantar os mecanismos normais de defesa, aderindo à mucosa da bexiga ou invadindo- a. As bactérias mais comumente envolvidas nas cistites são: Escherichia coli, Proteus vulgaris, Streptococcus sp., Staphylococcus sp., Corynebacterium renale e Actinobaculum suis (antigo Eubacterium suis) etc. Entre os fatores que favorecem a colonização bacteriana, predispondo os animais à cistite, estão: Retenção urinária: é um dos fatores mais importantes. Ocorre devido a obs- truções (urolitíases, tumores, inflamações etc.) ou causas neurogênicas (mielite, compressão da medula espinal por espondilose, hérnia ou prolapso de disco intervertebral, compressão da inervação sacral para a bexiga por partos distócicos). Animais muito pesados e confinados podem permane- cer deitados por tempo prolongado, retendo urina por mais tempo, o que compromete a esterilidade da bexiga. Traumatismos na mucosa vesical: por cálculos, cateterismo inadequado etc. Micção incompleta: pode ocorrer como resultado de divertículo de bexiga e de refluxo vesicoureteral. Uretra curta: as fêmeas apresentam uretra mais curta, formando uma bar- reira menos eficaz às infecções ascendentes. Infecção umbilical: em bezerros, cistites estão comumente associadas às infecções umbilicais e à persistência de úraco. O sistema Tegumentar – Pele É constituída de Epiderme, Derme, anexos (folículos pilosos, glândulas sebá- ceas, glândulas sudoríparas, glândulas especializadas) e subcutâneo, também faz comunicação: suor e termorregulação, vascularização sanguínea e linfática e nervos. Figura 4.1 Representação esquemática das camadas da pele. As reações cutâneas da pele podem ser definidas como lesão inicial que se de- senvolve como reflexo direto de uma doença subjacente. Essas lesões primárias incluem: ▪ Mácula ou placa ▪ Pápula ▪ Nódulo ▪ Vesícula ▪ Pústula ▪ Vergão ▪ Cisto As lesões secundárias evoluem a partir de lesões primárias ou são induzidas por fatores externos, como traumatismos. Epiderme As lesões epidérmicas mais comuns são: • Hiperplasia epidérmica; • Atrofia epidérmica; • Hipergranulose, hiperqueratose, paraqueratose e disqueratose; • Edema epidérmico; • Acantólise; • Outras lesões epidérmicas. Derme As lesões dérmicas mais comuns são: • Aumento ou diminuição do colágeno; • Degeneração do colágeno, incluindo a mineralização distrófica e o depó- sito de diversas substâncias (como amiloide, lipídeo ou glicosaminoglica- nos), como acorre na mucinose (deposição de mucina, um glicosamino- glicano). Folículos Pilosos As principais alterações dos folículos pilosos são: • Queratose; • Hipertrofia; • Atrofia; • Displasia; • Queratinização triquilemal excessiva (conhecidos como folículos em fase catágena) – fase estacionária; • Outras lesões foliculares. Glândulas Sebáceas As lesões das glândulas sebáceas mais comuns são: • Hiperplasia; • Atrofia; • Outras lesões das glândulas sebáceas. • Glândulas Sudoríparas As lesões das glândulas sudoríparas mais comuns são: O processo patológico de glândulas sudoríparas apócrinas é raro, e essas glân- dulas são frequentemente ativadas em casos de Dermatite. Vascular Os vasos sanguíneos da pele podem demonstrar várias alterações patológicas: Dilatação (ectasia), tumefação endotelial, hialinização da parede vascular, dege- neração fibrinoide, vasculite, tromboembolismo e extravasamento de células. Di- latação, congestão vascular, proeminência endotelial e hemorragia (púrpura) são observadas em várias condições inflamatórias da pele, com intensidade variável de acordo com a gravidade do caso. A degeneração fibrinoide e a presença de células inflamatórias no endotélio vascular caracterizam a inflamação vascular. Tecido Adiposo subcutâneo – Hipoderme O está sujeito às alterações vasculares e do tecido conjuntivo. Pode apresentar suas própriasalterações inflamatórias (paniculite ou esteatite), sem nenhum en- volvimento significativo de epiderme, derme ou anexos, ou ser acometido, por extensão, a partir de processos inflamatórios presentes na derme. Três tipos de necrose são descritos para o tecido adiposo: necrose gordurosa microcística (vá- rias paniculites), necrose hialina (p. ex., lúpus eritematoso e dermatites isquêmi- cas) e necrose com mineralização (p. ex., paniculite pancreática). Alterações diversas • Displasia • Nódulos linfoides • Figura em chama • Nevo Doenças inflamatórias da pele - Padrões histopatológicos A inflamação pode envolver cada um dos componentes da pele e pode ser clas- sificada com base: • Na estrutura acometida; • No tipo de células inflamatórias presentes; • Na distribuição da lesão; • Na cronicidade. Dermatite perivascular Na dermatite perivascular superficial e profunda. O infiltrado inflamatório se ar- ranja ao redor dos vasos sanguíneos superficiais e profundos. Dermatite intersticial Na dermatite intersticial o infiltrado inflamatório se localiza entre as fibras colá- genas da derme superficial e profunda. Não há grande alteração da arquitetura tecidual. Dermatite de interface Na dermatite de interface – hidrópica, o infiltrado inflamatório acomete a interface dermoepidérmica. Acompanhada de vacuolização da capa basal da epiderme. Na dermatite de interface liquenoide. Ocorre denso infiltrado inflamatório em faixa na derme superficial, obscurecendo a interface e, frequentemente, também ao redor dos anexos epidérmicos (folículos pilosos e glândulas). Vasculite Na vasculite, o infiltrado inflamatório tem como alvo a parede vascular, podendo ocasionar edema, hemorragia e necrose. Dermatite vesicular/pustular intraepidérmica Na dermatite pustular intraepidérmica, o infiltrado inflamatório localizasse dentro da epiderme em qualquer nível: subcorneal, intraespinhoso ou suprabasal. Dermatite vesicular/pustular subepidérmica Na dermatite vesicular subepidérmica, a clivagem dermoepidérmica localizasse abaixo da zona da camada basal. Perifoliculite, foliculite e furunculose Na perifoliculite, o infiltrado inflamatório concentrasse na região perifolicular, por vezes em nítido arranjo perivascular. Foliculite luminal, o infiltrado inflamatório situa-se dentro do lúmen do folículo piloso. Furunculose, o processo inflamatório invade e destrói a unidade folicular. Bac- térias, fungos e ácaros são frequentes causadores desse padrão histopatológico. A furunculose é a principal causa de dermatite nodular em pequenos animais. Dermatite nodular e difusa Na dermatite nodular, o infiltrado inflamatório organizasse em nódulos em dife- rentes regiões da derme. Dermatite difusa, o infiltrado inflamatório ocorre em toda a extensão da derme e pode acometer parte do tecido subcutâneo. Esse padrão frequentemente re- sulta da coalescência do padrão nodular. Paniculite Na paniculite septal, o infiltrado inflamatório situa-se predominantemente nos septos fibroneurovasculares interlobulares, com menor acometimento lobular Paniculite lobular, o infiltrado inflamatório localizasse predominantemente nos lóbulos paniculares, com menor infiltração septal. Dermatite fibrosante Na dermatite fibrosante, fibroplasia, proliferação vascular (geralmente em dire- ção perpendicular às fibras colagênicas) e variável infiltrado inflamatório intersti- cial são observados em combinação variada. Dermatose atrófica Na dermatose atrófica, geralmente ocorre atrofia da epiderme e dos anexos, com ortoqueratose epidérmica e folicular. Foliculite superficial Epiderme, cão. Várias placas eritêmatocrostosas em configurações variadas na região abdominal ventral. A foliculite bacteriana (FB) é uma enfermidade muito frequente em cães, mas não em outras espécies. O sinal clínico que caracteriza a FB é uma pá- pula ou pústula centrada em um folículo piloso. Muitas pústulas são mi- croscópicas e não são visualizadas a olho nu. Nesses casos, a escassez de exsudato purulento geralmente desvia a suspeita diagnóstica para outras doenças. As lesões seguem um contínuo de evolução, iniciando como má- culas e pápulas eritematosas e evoluindo para pústulas que se rompem, deixando escamas e crostas no local. Essas lesões, descritas como papu- loeritêmatocrostosas, são as mais frequentes nos casos de FB. Comu- mente, os animais com FB recebem os diagnósticos de micoses ou de enfer- midade seborreica primária, com base nos achados de exame físico. É fácil entender a razão para esse equívoco: as lesões são frequentemente arre- dondadas e descamativas, justamente o que ensinaram nas salas de aula como sendo de doença fúngica, e, realmente, assim também é; no entanto, a maioria das lesões foliculares, alopecias e anulares ou numulares (lesões arredondadas) em cães é de origem infecciosa bacteriana. Na espécie fe- lina, vale o inverso: tudo que é arredondado e descamativo é dermatofitose até que se prove o contrário. Não existe um padrão de distribuição de lesões que seja característico para FB canina. O padrão de distribuição lesional dependerá e seguirá o padrão da doença primária e da região anatômica acometida; no entanto, a região do tronco é acometida com frequência na foliculite superficial ca- nina e equina. Nos animais de pelo curto, observam- se, inicialmente no tronco, a pelagem eriçada e graus variados de alopecia, que, com a evo- lução do processo, conferem ao animal o aspecto de pelagem falhada, tipo roído de traça. Pitiose equina Membro toráxico esquerdo, Epiderme, Derme, Equino. Extensa placa ulce- rada, encimada por crostas hemorrágicas, que envolve toda a circunferência do membro torácico esquerdo. A pitiose é uma enfermidade granulomatosa subcutânea de evolução crô- nica que acomete principalmente os equinos, embora os bovinos e os cães também possam ser acometidos. As lesões nos cães tendem a ocorrer em animais jovens, de grande porte. A pitiose, tradicionalmente descrita no capí- tulo das dermatoses fúngicas, tem como agente etiológico o Pythium spp., que não é um fungo verdadeiro. O zoósporo móvel do microrganismo apre- senta quimiotaxia para o tecido animal. Os animais infectam-se frequen- tando ou bebendo nos alagados de água estagnada. Não existe predis- posição racial, sexual ou etária para o desenvolvimento da doença nos equinos. A existência de lesão cutânea prévia parece ser um pré-requisito para a infecção. Nos equinos, a pitiose caracteriza-se, clinicamente, por le- são única, que pode alcançar grandes dimensões. Inicia – se como lesão edematosa, que rapidamente forma trajetos drenantes e evolui para grande massa ulcerada de aspecto granulomatoso e que produz secreção hemorrá- gica ou piossanguinolenta. Muito frequente é a extrusão de tecido necrótico amarelado. O prurido é geralmente importante e os animais esfregam - se contra objetos fixos. As lesões localizadas nos membros podem envolve-los completamente, causando edema. Não obstante, esses animais podem de- ambular sem maiores dificuldades. Em alguns casos, pode haver dissemina- ção da infecção por meio dos planos tissulares, da fáscia e dos linfáticos. Dessa maneira, é possível o envolvimento de órgãos internos, como os sis- temas digestório e respiratório, o sistema monocítico macrofágico e as arti- culações. A mortalidade nos casos não tratados aproxima – se de 100%. Os achados histopatológicos revelam dermatite nodular a difusa piogranulo- matosa a granulomatosa, com numerosos eosinófilos. Os granulomas envol- vem focos centrais de material necrótico, granular e eosinofílico.Esporotricose felina Cervical, Epiderme, Derme, Gato. Lesão ulcerada, com restos celulares ne- cróticos e margens bem definidas, localizada na região cervical dorsal. A esporotricose é uma micose subcutânea cujo agente etiológico é o fungo dimórfico, saprofítico, que habita o solo e vegetais em decomposição, conhe- cido como Sporothrix schenckii. Esse fungo é capaz de causar doença no homem e em várias espécies de animais, como cavalos, cães, gatos, muares, camelos, golfinhos, pássaros, suínos e bovinos. A infecção Estabelecesse por meio de feridas traumáticas contaminadas com o ele- mento fúngico. Na espécie felina, as arranhaduras e mordeduras também são descritas como forma de contágio. Embora a esporotricose ocorra em vá- rias espécies de animais, é no gato que a enfermidade assume maior importância na saúde pública, devido ao grande número de células fúngi- cas presentes nas lesões. Relata -se que não é necessária lesão traumática para o contágio. Três formas clínicas são descritas para a esporotricose: cu- tânea, cutânea linfática e disseminada; combinações dessas formas po- dem coexistir em um animal. Nos gatos, a forma mais comum é a cutânea linfática. Nódulos, nódulos ulcerados e úlceras desenvolvem – se prin- cipalmente na região cefálica, pinas, região cervical, membros, patas, cauda e períneo. A contaminação bacteriana secundária é comum e produz secreção purulenta no leito ulcerado. Devido ao hábito fastidioso de limpeza, os gatos podem se autoinocular. É possível, mesmo sem evidência clínica de acometimento sistêmico, cultivar o fungo a partir de linfonodos e órgãos in- ternos dos gatos acometidos. Nos cães, as principais formas da doença são a cutânea e a cutânea linfática. Vários nódulos, ulcerados ou não, ocorrem na região cefálica e no tronco. Criptococose Cão. Nódulos ulcerados nas regiões abdominal e prepucial. A criptococose é uma enfermidade fúngica sistêmica que acomete o homem e várias espécies animais e é causada pelo fungo saprófito leveduriforme Cryptococcus neoformans. Trata - se da doença fúngica sistêmica mais frequente nos felinos. A via de infecção não é conhecida; no entanto, a ina- lação dos organismos em suspensão no ar é a hipótese mais aceita. Os sinais clínicos da criptococose felina incluem espirros, corrimento nasal serossanguinolento a mucopurulento, lesões papulares ou nodulares na ponte nasal ou na pele de outras regiões do corpo, linfoadenomegalia, sinais neurológicos (depressão, convulsões, mudança de comportamento, andar em círculo, ataxia, paresia e cegueira) e sinais oculares (coriorretinite, panoftalmite, deslocamento da retina, neurite óptica). Febre geralmente é dis- creta ou ausente, mas a hiporexia e a perda de peso são comuns. Sinais menos frequentes são linfoadenomegalia sem lesão de pele, envolvimento renal, lise óssea e tosse crônica. As lesões cutâneas são mais comuns na face, mas podem ocorrer em outras regiões. As lesões papulonodulares podem ser flutuantes ou firmes à palpação. Os principais sinais da criptococose canina relacionam - se ao envolvimento ocular e neurológico, porém podem existir casos dermatológicos sem as- sociação neurológica ou oftálmica. As lesões cutâneas consistem em nódulos, que podem estar ulcerados e produzir secreção purulenta. As lesões localizam - se nas narinas, lábios e leito ungueal e nas regiões inguinal, prepucial e sacrolateral. Os achados histopatológicos revelam dermatite nodular ou difusa granu- lomatosa. A criptococose é rara nos equinos. As apresentações clínicas mais frequentes são rinite, granulomas nasais e sinais neurológicos devidos, principalmente, à meningite. Raramente, ocorreram lesões granulomato- sas nos lábios e no tronco. Há relatos de pneumonia e granuloma por C. neoformans em equinos. Em caprinos e bovinos, a descrição mais frequente é a mastite por Cryptococcus sp. Sarna Demodécica Cão. Sarna demodécica generalizada, lesões papulares, eritematosas e cros- tosas acometendo os membros e as regiões abdominal e torácica ventral. A sarna demodécica ou (demodiciose), também conhecida como sarna negra, trata -se de uma doença parasitária inflamatória, não contagiosa, causada pela proliferação supranumérica de ácaros Demodex spp. dentro dos folículos pilosos e glândulas sebáceas. Como os ácaros Demodex spp. são considerados saprófitos, espécie específicos, encontrados em pequeno número na pele normal, os animais que adoecem têm algum tipo e grau de imunossupressão e/ou são geneticamente predispostos. É descrita nos bovinos, caprinos, suínos, felinos e, raramente, nos equinos e ovinos; no entanto, é na espécie canina que a doença merece destaque, devido à frequência e gravidade que os casos podem assumir. Possui forma localizada ou generalizada. A doença localizada caracteriza - se pela pre- sença de até cinco placas alopécicas, eritematosas ou hipercrômicas, descamativas, com comedos, localizadas principalmente nos membros torácicos e na face. Os animais jovens são acometidos com maior frequên- cia e ocorre regressão espontânea na maioria dos casos. O prurido é pouco comum. A forma generalizada, ao contrário da localizada, é uma doença grave e, quando não tratada, pode levar ao óbito. Algumas raças, como Dobermann, Shar Pei, Pit Bull, Scottish Ter- rier e Weimaraner, são predispostas à demodiciose. Na nossa casuística, os cães sem raça definida e de pelagem curta também são acometidos com elevada frequência. Os achados histopatológicos na demodiciose incluem perifoliculite, fo- liculite e furunculose parasitária. Os ácaros podem ser vistos dentro dos folículos pilosos, glândulas e ductos sebáceos ou soltos na derme, onde suscitam acentuada reação piogranulomatosa. A dermatite nodu- lar e difusa e a dermatite fibrosante são também padrões comuns à do- ença. A melanose perifolicular e a foliculite mural de interface também são achados frequentes. Sarna Sarcópitica (Escabiose) Cão. Lesões alopécicas, eritematosas e descamativas que acometem predo- minantemente as regiões lateroventrais do animal. A sarna sarcóptica (escabiose) é uma causa comum de dermatite prurigi- nosa nos caninos, suínos, bovinos, caprinos e, raramente, nos equinos, ovi- nos e felinos. Nos suínos, a sarna sarcóptica é a ectoparasitose mais im- portante em todo o mundo. Parece não existir predisposição racial, etária ou sexual. A doença iniciasse com prurido intenso nas pinas, nas quais se observam crostas e escoriações. Com a evolução, o flanco, a região axilar, a região inguinal, a cauda, a garupa e o abdome são acometidos. Os ácaros são resgatados com maior frequência das crostas auriculares. Nos cães, essa enfermidade contagiosa caracteriza-se por áreas eritêmatodes- camativas e exsudativas (crosta amarelada aderida à pele) que acome- tem face, pavilhão auricular, região da articulação umerorradioulnar e tarsometatarsiana. A região do tronco lateroventral é tipicamente aco- metida. Nos casos de longa duração, toda a superfície do corpo pode estar afetada. É comum a linfoadenomegalia periférica. O prurido geralmente é intenso e pode associar-se a infecções bacterianas secundárias e à dermatite úmida aguda. Os achados histopa- tológicos das lesões bem desenvolvidas revelam dermatite hiperplásica es- pongiótica perivascular a intersticial, superficial e média. Também são observados focos de crosta paraqueratótica e pústula intraepidérmica com predominância de eosinófilos. Nos bovinos, a escabiose produz der- matite pruriginosa na região da face e nas regiões cervical, escapular e lom- bossacra. Notam- se alopecia, eritema, liquenificação, crostas e escoriação. Nos equinos, a escabiose é doença rara. Manifesta - se como dermatite pru- riginosa, que se inicia na face, nas pinas e na região cervical,
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