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CEL0062_Aula_02

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EDUCAÇÃO PROFISSIONAL: TEORIA E 
PRÁTICA
Aula 2- A Educação Profissional em uma 
perspectiva emancipatória
Na aula passada...
AS PROPOSTAS DE CARÁTER EMANCIPATÓRIO
Uma educação profissional emancipadora, ao contrário,
deve estar centrada nos seguintes princípios:
• desenvolvimento de uma percepção crítica em relação
ao conteúdo técnico e ao contexto sócio-cultural do
trabalho;
• percepção do aluno como sujeito do processo; ênfase
nas formas de criação conhecimento e das diferentes
maneiras de conhecer;
• concepção da prática profissional integral (dimensão
técnica e política).
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REFLEXÃO & AÇÃO
1- O processo de acumulação capitalista desde o
final do século XIX e durante a primeira metade do
século XX foi marcado pela presença do
paradigma Taylorista-Fordista. Aponte três
características do referido paradigma.
2- Em relação ao Estado de Bem-estar Social
foram elencadas as seguintes afirmativas:
I. O Estado de Bem-estar social tinha compromisso com o pleno
emprego e com a implementação de políticas sociais para todos
II. O Estado de Bem Estar Social passa a realizar de modo
sistemático a intervenção e o planejamento econômico
III. As políticas sociais desenvolvidas pelo Estado de bem Estar se
caracterizaram pela privatização e pela focalização nas camadas
mais carentes
Quais alternativas estão corretas?!
A GLOBALIZAÇÃO DA ECONOMIA
• Houve “uma transição no regime de acumulação e no modo de
regulamentação social e política a ele associado”. Desse modo, a
década de 1970 representou um momento histórico central, quando
consideramos as mudanças ocorridas no âmbito do sistema
capitalista. A partir desta década, ocorre uma “nova configuração do
sistema do capital”, caracterizada, principalmente, por seu
acentuado processo de mundialização e pelo advento de um novo
formato de regulação estatal: o Estado Neoliberal.
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O NEOLIBERALISMO
• O neoliberalismo pode ser apontado, então, como a
estratégia de gestão do capital frente às mudanças
estruturais no capitalismo, a partir de uma nova
divisão internacional do trabalho, onde a circulação de
mercadorias e a mundialização da produção se
ampliam progressivamente a partir do acirramento do
processo de internacionalização do capital.
• Junto com essa tendência econômica, a cultura
também é transformada, num mundo mais interligado,
através da apropriação, pelas diferentes nações, dos
padrões econômicos e comportamentais de ordem
neoliberal.
AS POLÍTICAS DE AJUSTE ESTRUTURAL
• As políticas fundadas no receituário neoliberal, de modo geral,
foram bastante eficazes no combate à inflação e no desmonte das
instituições e das formas de coordenação do Bem Estar Social.
• O ajustamento econômico traduz-se, basicamente, na
desregulamentação da economia, privatização das empresas
estatais, reforma da aparelhagem estatal, redução com gastos
sociais e supremacia do mercado.
• Nos países periféricos foram implementadas reformas estruturais
visando levar as economias mundiais ao ajuste e às exigências do
capital globalizado. Esse processo de atrelamento passivo da
economia periféricas aos ditames dos pólos centrais do capitalismo
mundial se concretiza nas diretrizes dos planos econômicos, a
níveis nacionais, e de renegociação da dívida externa, a níveis
internacionais, evidenciando, assim, a intervenção direta das
agências financiadoras internacionais (FMI e Banco Mundial)
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A REFORMA DO ESTADO
• O processo de consolidação neoliberal nos meados dos
anos 90 estruturou-se a partir da proposta da Reforma
do Estado como elemento fundamental do processo de
estabilização econômica, garantindo uma maior
flexibilização da administração pública, através do
enxugamento da máquina burocrática.
• O Estado passa a ser o gerenciador dessas políticas. As
entidades executoras dessas políticas são nomeadas
como “organizações públicas não-estatais”.
O SETOR PÚBLICO NÃO-ESTATAL
• Em um contexto de redefinição das relações entre Estado e
sociedade civil, reconhece-se como legítima a existência de um
espaço ocupado por instituições situadas entre o mercado e o
Estado, como as organizações não-governamentais (ONGs), que
fazem a mediação entre coletivos de indivíduos organizados e as
instituições do sistema governamental.
• É construída uma nova esfera entre o público e o privado,
denominada público-não estatal, e surge uma ponte de articulação
entre as duas esferas, dada pelas políticas de parcerias.
• As políticas sociais passam a ser executadas de forma
descentralizada, a serem focadas em públicos-alvo diferenciados,
e assumirem um caráter privatista. Dessa forma, amplos setores
da sociedade civil: ONGs, empresas e instituições filantrópicas,
entre outras instituições ficam responsáveis pela execução
dessas políticas.
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AS POLÍTICAS SOCIAIS NO NEOLIBERALISMO
• Assiste-se aos cortes nas políticas sociais. As políticas
sociais no neoliberalismo já não são mais para todos
como no Bem-estar Social.
• São políticas só para os mais carentes. Visando reduzir
os gastos sociais, as políticas sociais neoliberais
passam a ter um caráter mais pontual,
assistencialista e compensatório.
• No Brasil surgem: o restaurante popular, o bolsa-família,
o cheque-cidadão, etc. Só alguns se beneficiam dessas
políticas. O Estado não “gasta” mais com todos.
• A lógica não é mais a universalidade, a igualdade, mas
sim a da equidade: “dar mais a quem tem menos”. Essa
corresponde a uma estratégia para a manutenção da
ordem social desigual
O PROCESSO DE REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA
• As atividades produtivas passam por um amplo processo de
ajustamento, que envolve um redirecionamento de suas estratégias
de mercado e produção. Assim, convive-se com o questionamento
dos princípios fordistas de produção e com a introdução da
produção flexível.
• O conjunto dessas mudanças pressupõe: a introdução de novas
técnicas organizacionais e mudanças na gestão da força de
trabalho.
• Por um lado este processo se baseou em novas tecnologias que
impactaram de forma abrangente as principais economias
capitalistas, marcando o que muitos denominam de Terceira
Revolução Industrial.
• Por outro lado essas mudanças tecnológicas tiveram um caráter
restrito, isto é, não só os seus custos foram pagos pela crise
financeira dos Estados, pelos trabalhadores e pelos países
periféricos, como também seus benefícios ficaram restritos a
determinados países, empresas e indivíduos.
• Essa modernização conservadora acarretou uma transformação
produtiva e tecnológica acompanhada de uma maior
heterogeneidade e desigualdade sociais
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O PARADIGMA FLEXÍVEL
• O processo produtivo passa a incorporar cada vez mais os avanços
da tecnologia como a microeletrônica, a informática, as
telecomunicações, as energias renováveis. Entre as principais
tendências desse novo padrão industrial apresenta é possível
destacar, em primeiro lugar, o desenvolvimento da tecnologia digital
de base microeletrônica. O complexo eletrônico proporciona
vantagens competitivas às indústrias, em virtude de seu
potencial inovador.
• Um dos principais elementos do novo paradigma industrial é a
adoção de sistemas integrados de automação flexível. Verifica-se
a realização de alterações na organização do processo industrial,
com a redução dos níveis hierárquicos e a adoção de novos
processos de planejamento e de pesquisa de produtos e mercados.
O PARADIGMA FLEXÌVEL
• A nova base técnica provoca um impacto na
configuração dos processos de produção, orientando um
novo paradigma produtivo, o paradigma da produção
flexível, fundado na automação e na informatização, e
caracterizado pela a) integração, a b) flexibilidade e a c)
descentralização.
• A introdução da programação do processo de
automação e a substituição da eletromecânica pela
eletrônica revoluciona e flexibiliza os antigos processos
industriais e viabiliza as seguintes mudanças: maior
integração entre as empresas; maior vínculo com a
demanda dos consumidores, com os processos de
comercialização e, no plano interno das empresas, com
a gerência e o os setores de Pesquisa e
Desenvolvimento (P& D).
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O TOYOTISMO
A principal referência do padrão de acumulação flexível é
o toyotismo (termo originário da experiência da fábrica
automobilística japonesa Toyota), cujas características
centrais são:
• A diversidade e heterogeneidade da produção,
• O direcionamento desta a uma demanda prevista do
consumo,
• O estoque mínimo,
• A terceirização de parte da produção,
• A organização do trabalho em equipe
• A flexibilidade nas funções do trabalhador.
O TOYOTISMO
• A polivalência do trabalhador japonês está relacionada ao fato
dele operar com várias máquinas, rompendo com a relação
homem-máquina do fordismo.
• Isto ocorre na medida em que a produção se sustenta num
processo produtivo flexível, capaz de atender às exigências mais
individualizadas do mercado. Mais do que um aumento de
qualificação do trabalhador, a operação de várias máquinas
corresponde ao desempenho combinado de várias tarefas simples,
à multifuncionalidade.
• O trabalho passa a ser realizado em equipe, rompendo como
caráter parcelar típico do fordismo. Uma equipe de trabalhadores
opera frente a um sistema de máquinas automatizadas. Além da
flexibilidade do aparato produtivo, ocorre também a flexibilização da
organização do trabalho. Deve haver agilidade na adaptação do
maquinário e dos instrumentos para que novos produtos sejam
elaborados.
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O TRABALHADOR FLEXÍVEL
• O trabalhador é chamado a participar e tomar decisões
relativas ao controle e qualidade dos produtos, passando
a responsabilizar-se pela introdução de aperfeiçoamentos
e correções no processo de produção. Nessa
perspectiva, diluem-se as fronteiras entre os papéis
desempenhados pela gerência, pela supervisão e
pelas funções operacionais.
• Ao lado da intelectualização de uma parcela da classe
trabalhadora vinculada à indústria automatizada,
identifica-se a presença de inúmeros setores operários
desqualificados.
• Constata a presença dos operários desespecializados
do fordismo, dos operários parciais, temporários,
subcontratados, terceirizados, dos trabalhadores da
economia informal, dos desempregados, ocorrendo uma
segmentação da classe trabalhadora
O TRABALHADOR FLEXÍVEL
Se constrói, no centro da produção, um novo tipo de profissional com
novos atributos.
• com capacidade para se antecipar, previnir e solucionar problemas;
• trabalhar em equipe;
• introduzir inovações e melhorias.
• com mais autonomia, criatividade e capacidade de tomar decisões.
• polivalente (isto é, capaz de operar com várias máquinas e realizar
diferentes tarefas).
• com raciocínio abstrato, novos conhecimentos.
• capaz de liderança, de desenvolver relações interpessoais, maior
habilidade de comunicação, etc.
• com responsabilidade, conhecimento do processo, capacidade de
aprender contínua, aberto a mudanças.
• capaz de realizar trabalhos complexos e diversificados.
• competente, isto é, capaz de mobilizar saberes, construídos na
escola, no trabalho e na vida, para dominar situações concretas,
sendo capaz de transpor experiências.
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A POLARIZAÇÃO DAS QUALIFICAÇÕES
• Assim, as transformações produtivas e tecnológicas
apontam para a exigência de trabalhadores de um
novo tipo, com mais educação geral, mais formação
profissional.
• Entretanto, essa não é uma exigência do sistema para
todos os trabalhadores, uma vez que constata-se uma
segmentação na classe trabalhadora. Enquanto que
para um pequeno contingente de trabalhadores se
exige uma elevada qualificação (que inclui a
capacidade de abstração e de resolução de problemas),
para os demais (trabalhadores precarizados ou
excedentes) a questão da qualificação não se coloca.
• Importa assim analisar como essas necessidades
vêm impactanto as políticas públicas de educação
profissional
AS POLÍTICAS PÚBLICAS NEOLIBERAIS
• Diante desta realidade é possível constatar o que as
propostas políticas neoliberais (apoiadas em um discurso
de capacitação da classe trabalhadora para garantir sua
empregabilidade e ampliar suas chances de inserção e
permanência no mercado de trabalho), acabam por
reforçar essa dualidade de perfis profissionais
demandadas pelas necessidades produtivas.
• Isso porque, no quadro do neoliberalismo, predominam
as políticas públicas de formação do trabalhador de
caráter assistencialista, pontual e compensatório.
• Para a maioria são oferecidos cursos profissionalizantes
aligeirados, de curta duração, tais como o PLANFOR, o
PROEJA, as Escolas de Fábrica, O PROJOVEM.
Programas sem articulação com as demais políticas
públicas de elevação de renda e de escolaridade,
propostas fragmentadas, voltadas para a legitimação do
fracasso.
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AS POLÍTICAS PÚBLICAS NEOLIBERAIS
• Para a maioria são oferecidos cursos profissionalizantes
aligeirados, de curta duração, tais como o PLANFOR, o
PROEJA, as Escolas de Fábrica, O PROJOVEM.
• Programas sem articulação com as demais políticas
públicas de elevação de renda e de escolaridade,
propostas fragmentadas, voltadas para a legitimação do
fracasso.
AS POLÍTICAS PÚBLICAS NEOLIBERAIS
• As mais recentes pesquisas destacam que os
programas de educação profissional voltados para a
classe trabalhadora realizam, em sua maioria, um
trabalho pedagógico empobrecido, despido de
articulação teórica e de compromisso político.
• O currículo não traduz uma real integração entre as
dimensões da educação formal, da educação
profissional e da cidadania, nem propicia práticas
interdisciplinares.
• A formação profissional oferecida não é capaz de
assegurar a todos os trabalhadores o desenvolvimento
das competências necessárias para responder aos
desafios colocados pelas inovações tecnológicas e
transformações produtivas. As ações educacionais
voltam-se para a qualificação profissional de jovens e
adultos de baixa renda e escolaridade, tendo em vista a
adequação desta força de trabalho às exigências
empresariais.
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AS POLÍTICAS PÚBLICAS NEOLIBERAIS
• As ações educacionais voltam-se para a qualificação
profissional de jovens e adultos de baixa renda e
escolaridade, tendo em vista a adequação desta força
de trabalho às exigências empresariais.
AS POLÍTICAS PÚBLICAS NEOLIBERAIS
• A educação profissional implementada acaba por adotar uma
racionalidade instrumental, distanciando-se, nesta perspectiva, de
uma formação de cunho emancipatório. Não é desenvolvida uma
formação integral, comprometida com a totalidade das dimensões
que constituem a vida do jovem (econômica, social, cultural,
política, subjetiva)
• Os programas também não implementam uma formação que inclui
uma visão abrangente e crítica do trabalho e da sociedade
capitalista, capaz de formar um cidadão integral, crítico e politizado.
• Presos às propostas neoliberais, os programas estão longe de
promover uma proposta educativa que integre ciência,
conhecimento, cultura e trabalho, revelando-se incapazes de formar
sujeitos autônomos e protagonistas de cidadania ativa.
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AS PROPOSTAS DE CARATER EMANCIPATÓRIO
• O que está por trás do discurso de que é necessário
profissionalizar precocemente como forma de adequar a
mão-de-obra às necessidades do mercado e ampliar a
competitividade? Certamente uma proposta que fere o
projeto democrático e vai contra as propostas
emancipatórias da classe trabalhadora.
• Devemos priorizar uma educação profissional ampla,
de qualidade, ao invés de oferecer cursos rápidos,
práticos, que atendam ao mercado e "acomodem"
muitos jovens, ampliando a dualidade escolar.
• É fundamental reivindicar uma formação sólida, em
oposição à defesa de um ensino profissionalizante
de baixa qualidade
AS PROPOSTAS DE CARATER EMANCIPATÓRIO
• Em uma perspectiva crítica de educação profissional
devemos negar o princípio de que a educação deve
adequar-se aos interesses do mundo produtivo, negar
os formatos educativos que buscam incorporar no
currículo apenas os saberes necessários para execução
de atividades profissionais segundo as exigências do
mercado.
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AS PROPOSTAS DE CARÁTER EMANCIPATÓRIO
Uma educação profissional emancipadora, ao contrário,
deve estar centrada nos seguintes princípios:
• desenvolvimentode uma percepção crítica em relação
ao conteúdo técnico e ao contexto sociocultural do
trabalho;
• percepção do aluno como sujeito do processo;
• ênfase nas formas de criação conhecimento e das
diferentes maneiras de conhecer;
• concepção da prática profissional integral (dimensão
técnica e política).

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