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OPERAÇÕES DE SEGURO REALIZAÇÃO ESCOLA NACIONAL DE SEGUROS SUPERVISÃO E COORDENAÇÃO METODOLÓGICA DIRETORIA DE ENSINO SUPERIOR ASSESSORIA TÉCNICA JOSÉ AUGUSTO N. CAMARGO – 2019 SERGIO RICARDO DE MAGALHÃES SOUZA – 2018 PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO ESCOLA NACIONAL DE SEGUROS – GERÊNCIA DE PLANEJAMENTO E ESCOLA VIRTUAL PICTORAMA DESIGN Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca da Escola Nacional de Seguros E73o Escola Nacional de Seguros. Diretoria de Ensino Técnico. Operações de seguros / Supervisão e Coordenação metodológica da Diretoria de Ensino Técnico; assessoria técnica de Jose Augusto Nalesso Camargo. -- 2.ed. -- Rio de Janeiro : ENS, 2019. 58 p. ; 28 cm Formato: E-Book. ISBN: 978-85-7052-693-9 1. Empresas seguradoras. 2. Empresas corretoras de seguro. 3. Gestão de operações. 4. Produtos de seguro. I. Camargo, Jose Augusto Nalesso. II. Título. 0018-2219 CDU 368(072) É proibida a duplicação ou reprodução deste volume, ou de partes dele, sob quaisquer formas ou meios, sem permissão expressa da Escola. RIO DE JANEIRO 2ª EDIÇÃO – 2019 A Escola Nacional de Seguros promove, desde 1971, diversas iniciativas no âmbito educacional, que contribuem para um mercado de seguros, previdência complementar, capitaliza- ção e resseguro cada vez mais qualificado. Principal provedora de serviços voltados à educação continuada, para profissionais que atuam nessa área, a Escola Nacional de Seguros oferece a você a oportunidade de compartilhar conhecimento e experiências com uma equipe formada por especialistas que possuem sólida trajetória acadêmica. A qualidade do nosso ensino, aliada à sua dedicação, é o caminho para o sucesso nesse mercado, no qual as mudanças são constantes e a competitividade é cada vez maior. Seja bem-vindo à Escola Nacional de Seguros OPERAÇÕES DE SEGURO 1. OPERAÇÕES NAS SEGURADORAS 8 O QUE SÃO OPERAÇÕES? 9 A FUNÇÃO OPERAÇÕES 10 ESTRUTURA DAS SEGURADORAS 11 PROCESSOS E OPERAÇÕES 12 CADEIA DE VALOR 13 CADEIA DE SUPRIMENTOS 15 SISTEMA DE VALOR 17 INDICADORES DE DESEMPENHO DE OPERAÇÕES 19 Qualidade 19 Rapidez 20 Dependência 20 Flexibilidade 21 Custo 21 ESTABELECIMENTO DE METAS 21 Desempenho histórico 22 Objetivos estratégicos 22 Objetivos concorrenciais 22 Metas absolutas 22 BENCHMARKING 23 FIXANDO CONCEITOS 1 24 SUMÁRIO OPERAÇÕES DE SEGURO 2. PROCESSO PRIMÁRIO NAS SEGURADORAS 26 DESENVOLVIMENTO E MANUTENÇÃO DE PRODUTOS DE SEGUROS 27 COTAÇÃO DE SEGUROS 30 CONTRATAÇÃO E EMISSÃO DA PROPOSTA 31 SUBSCRIÇÃO DE RISCOS 32 EMISSÃO DA APÓLICE 33 ENDOSSO 33 COBRANÇA DO PRÊMIO 33 ATENDIMENTO A CLIENTES 34 AVISO, REGULAÇÃO E LIQUIDAÇÃO DE SINISTROS 34 FIXANDO CONCEITOS 2 36 3. OPERAÇÕES NAS CORRETORAS DE SEGUROS 38 OPERAÇÕES NO ÂMBITO DAS CORRETORAS DE SEGUROS 39 PRIMEIROS PASSOS 42 Cadastro na Susep 42 Pessoa Física ou Pessoa Jurídica? 42 NOME EMPRESARIAL E ALVARÁ 46 EIRELI × LTDA × S.A 46 CONTRATO SOCIAL E CNPJ 47 CADASTRO NAS SEGURADORAS E OPERADORAS DE SAÚDE 48 OPERAÇÕES DE SEGURO PROCESSOS CRÍTICOS NA OPERAÇÃO DE UMA CORRETORA DE SEGURO 50 Contratação, proposta e emissão 51 Endosso 51 Aviso de sinistros 52 Assistência 24h 52 Administração de operações 52 FIXANDO CONCEITOS 3 53 GABARITO 57 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 58 OPERAÇÕES DE SEGURO INTRODUÇÃO INTRODUÇÃO S eguro não é uma ciência exata tal como a gestão de riscos. No entanto, há processos relativamente padronizados que definem as operações de seguros, desde a oferta da exposição de riscos de pessoas e empresas até a liquidação de eventuais sinistros, passando por subscrição de riscos, emissão do contrato de seguros e regulação de sinistros. Conhecer essas etapas é de fundamental importância para aqueles que pre- tendem trabalhar na venda de seguros, já que as corretoras e seguradoras têm seus papéis definidos nessa cadeia assim como alguns prestadores de serviços. A disciplina abordará, portanto, a gestão de operações e os processos que são utilizados para que as companhias entreguem aos seus clientes os produ- tos de seguro que comercializam. O objetivo deste material é o desenvolvimento de uma visão sistêmica do funcionamento de companhias no mercado segurador e de como isso reflete em seus negócios. OPERAÇÕES DE SEGURO 8 UNIDADE 101 ■ Definir operações no contexto empresarial. ■ Compreender as principais operações das seguradoras. ■ Conhecer, dentro das operações, as áreas de contato com os corretores de seguros. Após ler esta unidade, você deverá ser capaz de: ■ Conhecer os principais objetivos de desempenho de processos. ■ Estabelecer a relação entre indicadores de desempenho e a elaboração de metas para as operações. TÓPICOS DESTA UNIDADE OPERAÇÕES nas SEGURADORAS O QUE SÃO OPERAÇÕES? A FUNÇÃO OPERAÇÕES ESTRUTURA DAS SEGURADORAS PROCESSOS E OPERAÇÕES CADEIA DE VALOR CADEIA DE SUPRIMENTOS SISTEMA DE VALOR INDICADORES DE DESEMPENHO DE OPERAÇÕES ESTABELECIMENTO DE METAS BENCHMARKING FIXANDO CONCEITOS 1 OPERAÇÕES DE SEGURO 9 UNIDADE 1 O QUE SÃO OPERAÇÕES? As empresas são pensadas a partir de esforços de planejamento que se distinguem entre seus objetivos. Em geral, na maioria das empresas, tudo começa com o planejamento estratégico e, a partir dele, nascem os planejamentos táticos, de responsabilidade de superintendentes e gerentes, que determinarão as ações na área operacional. Supervisão e controle da execução dos planos de ação no nível operacional. França Paul Viget 1850 1929 1930/40 1960/701950 1980 1990 Brasil Sulacap. Inexistência de poupança interna Inflação pós-guerra, declínio do produto no mercado Quase eliminação do negócio. Durante este período foi instituída a correção monetária Entrada de conglomerados financeiros neste setor; o produto volta a expandir Surgimento de produtos inovadores neste mercado Surgimento de várias empresas no segmento. Formação de poupança e investimento na construção civil Modalidade I Tradicional Modalidade II Compra-Programada Modalidade III Popular Modalidade VI Incentivo Circular 365 – SUSEP Planos de Capitalização Conselho Diretoria Executiva Definição dos objetivos estratégicos da empresa e de decisões sobre onde operar, com que, com quem e que resultados que devem ser produzidos para manter níveis determinados de crescimento e rentabilidade. Aqui nascem os planos estratégicos e as iniciativas estratégicas sobre produtos e operações. Definições sobre como gerir os produtos para atingir os resultados. O planejamento tático envolve decisões sobre abordagem comercial e detalhamento das operações, além de planos de ação com indicadores e metas. Superintendências Gerências ESTRATÉGICO TÁTICO OPERACIONAL Denominamos como operações o conjunto de atividades inter-relacionadas envolvidas na produção de bens e serviços. Um sistema de operações tem alguns elementos constituintes fundamentais, sendo eles: ■ insumos; ■ processo de criação ou transformação; 10 UNIDADE 1 OPERAÇÕES DE SEGURO ■ produtos ou serviços obtidos; ■ controles de garantia dos níveis de resultados. Os insumos são os recursos a serem transformados em produtos ou servi- ços, como as matérias-primas, para produzir bens e a necessidade de solu- ções para produzir serviços. A partir daí, dentro das empresas, utilizam-se a mão de obra, as máquinas e os equipamentos, as instalações, além dos conhecimentos técnicos dos processos para produzir bens e do trabalho intelectual para produzir serviços. Comparativamente, afirmamos que as atividades de serviços como a de seguros são mais intensivas na mão de obra, enquanto as atividades indus- triais são mais intensivas em máquinas e equipamentos, mas ambas depen- dem do apoio de metodologias e de processamento de informações.A FUNÇÃO OPERAÇÕES Do ponto de vista de uma seguradora, podemos, de uma forma simplifica- da, associar uma operação de seguro a uma contratação. Os produtos de seguro dão origem às operações de seguro: quando um corretor, a partir da identificação das necessidades de um cliente, indica a contratação de um produto de seguro ofertado por uma companhia, cabe à sua área de operações efetuar a configuração adequada do seguro a partir das defini- ções e das regras daquele produto. O fechamento do negócio é marcado pela apresentação da proposta de seguro pelo cliente e por seu aceite pela companhia, resultando na assinatura do contrato de seguro. Toda companhia possui uma área de operações, ainda que receba um outro nome ou denominação. A área de operações de uma seguradora é aquela responsável pela gestão das operações de seguro, abrangendo todos os processos diretamente envolvidos em sua realização. Ela com- preende todas as ações desenvolvidas para que os produtos e os serviços demandados pelos clientes sejam produzidos, gerenciando seus recursos de modo que sua utilização seja a mais eficiente possível. Um exemplo que ilustra esse processo produtivo em seguros é o caso de uma contratação de seguro. A formalização do contrato de seguro entre a seguradora e o cliente, com a interveniência do corretor de seguros, ocorre com a emissão da apólice do seguro pela seguradora e a sua entrega às partes interessadas. Para que isso ocorra, muitas ações precisam ser desen- volvidas tais como: identificação das necessidades do cliente e do melhor plano de seguro (feito pelo corretor de seguros), cotação do seguro, con- tratação do seguro, geração da apólice e seu envio às partes interessadas. 11 UNIDADE 1 OPERAÇÕES DE SEGURO ATIVIDADES ENVOLVIDAS NA CONTRATAÇÃO DE UM SEGURO ENVIA ÀS PARTES A ARTES GERA A APÓLICE A CE IDENTIFICA NECESSIDADES FICA SIDADES DEFINE O PLANO IDEAL B C A NE O O IDEAL FAZ A COTAÇÃO CONTRATA O SEGURO Neste processo, foram utilizados insumos de diferentes fontes, destacan- do-se as informações providas pelo cliente, pelo corretor, pelos inspetores de risco e por entidades externas que contribuem para que se tenha uma avaliação mais precisa do risco. Alguns insumos materiais também foram necessários para a impressão de documentos e sua entrega física às par- tes interessadas no seguro. ESTRUTURA DAS SEGURADORAS No mercado, há seguradoras com diferentes estruturas organizacionais e tamanhos. Há seguradoras que comercializam diferentes produtos e utili- zam CNPJs para diferentes ramos como, por exemplo, CNPJ para produto de Saúde, CNPJ para produtos de Previdência, CNPJ para Ramos Elemen- tares etc. Em termos organizacionais, as seguradoras podem estruturar suas áreas de operações de diferentes maneiras. A escolha reflete fatores específicos de cada companhia, a saber: visão estratégica, produtos comercializados, volume das operações de seguro e as próprias diretrizes para a organiza- ção das áreas funcionais. Por esse motivo, a área de operações pode ser organizada como uma dire- toria em uma seguradora, enquanto em outra pode ser estruturada como uma superintendência ou uma vice-presidência, por exemplo. É importante observarmos que a área de operações de uma companhia também desenvolve atividades que não chegam a resultar em operações de seguro, do ponto de vista do negócio. Para melhor compreensão, con- sidere os seguintes exemplos: 12 UNIDADE 1 OPERAÇÕES DE SEGURO ■ Um pedido de cotação de seguro é recebido pelo responsável pela subscrição de riscos de um produto de seguro em uma segu- radora. Após a análise, ele decide pelo declínio (recusa) do pedido. ■ Uma cotação de seguro é elaborada pela seguradora e apresenta- da ao cliente, que opta pela não contratação do seguro com aque- la companhia. ■ Uma proposta de seguro, a partir de uma cotação efetuada pela seguradora, é apresentada pelo cliente à companhia. É feita uma nova análise do perfil do cliente e do risco associado, e a segura- dora decide pela recusa da proposta. Em todos esses exemplos, podemos observar que houve um esforço da companhia com vistas ao fechamento de negócios, embora não tenham sido originadas operações de seguro. PROCESSOS E OPERAÇÕES Podemos definir um processo como qualquer atividade ou grupo de ativi- dades que transforma um ou mais insumos em produtos para seus clientes. É importante lembrarmos que os clientes de um processo podem ser tanto externos quanto internos à companhia. Do ponto de vista organizacional, os processos tendem a ser agrupados em operações. Uma operação é um grupo de recursos executando o todo ou a parte de um ou mais processos, os quais podem ser ligados para formar uma cadeia de suprimentos, que é uma série inter-relacionada de processos, dentro de uma empresa e por meio das diferentes empresas que produzem um serviço ou produto para satisfação dos clientes. PROCESSOS E OPERAÇÕES SEGURADORA BIRÔ DE INFORMAÇÕESCORRETOR CLIENTE P j P 1 P 2 P 3 P 4 P 5 CADEIA DE SUPRIMENTO Produz bem ou serviço para um cliente OPERAÇÕESPROCESSO P i Saiba mais A expressão “cadeia de suprimentos” (supply chain), com origem na indústria de produtos físicos, é utilizada também nosetor de serviços para designar, de forma semelhante, a própria cadeia de fornecimento. 13 UNIDADE 1 OPERAÇÕES DE SEGURO CADEIA DE VALOR O conceito de cadeia de valor tem como base a visão de processos de uma organização. Nessa abordagem, podemos perceber uma companhia como um sistema composto por subsistemas, cada um com três proces- sos principais – entrada, processamento e saída. Porter (1998) afirma que o processo de criação de valor é uma série de atividades distintas que incluem o projeto, a produção, o marketing, a entrega do produto ou ser- viço e o atendimento pós-venda. Essas atividades possuem implicações tanto de custo quanto de valor. A cadeia de valor é composta pelas atividades de valor e pela margem. De acordo com Porter (1998), as atividades de valor são os blocos básicos utilizados por uma empresa para produzir valor a seus consumidores. A margem é a diferença entre o valor total e os custos totais incorridos pela empresa na execução das atividades de valor. A figura abaixo apresenta uma representação da cadeia de valor, na visão de Porter. CADEIA DE VALOR GENÉRICA LOGÍSTICA DE ENTRADA LOGÍSTICA DE SAÍDA COMPRAS MARKETING & VENDAS OPERAÇÕES SERVIÇOS TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS INFRAESTRUTURA DA COMPANHIA M A R G E M M A R G E M ATIVIDADES DE SUPORTE ATIVIDADES PRIMÁRIAS As atividades da cadeia de valor podem ser classificadas em dois grandes grupos – as atividades primárias e as atividades de suporte. As atividades primárias são aquelas diretamente relacionadas com a cria- ção e a entrega dos produtos e serviços aos clientes. Em uma seguradora, temos como exemplos as atividades relacionadas para a cotação do segu- ro, a contratação e a emissão e o serviço de atendimento ao cliente. As atividades de suporte são aquelas que aumentam a efetividade da pro- dução, embora não estejam diretamente envolvidas no processo produti- vo. Como exemplo de atividades desse tipo, podemos considerar aquelas relacionadas com tecnologia da informação, recursos humanos, aquisição dos bens e serviços necessários e infraestrutura de instalações prediais (PORTER, 1998). 14 UNIDADE 1 OPERAÇÕES DE SEGURO Todo produto de seguro de uma companhia possui uma cadeia de valor associada. Nós podemos distinguir, por exemplo, as cadeias de valor dos produtos seguro auto, seguro residencial e seguro de responsabilidade civil profissional. Podemos utilizar a abordagem de cadeia de valor com o objetivo de iden- tificar as oportunidades que o ambiente produtivo de uma seguradora oferece para a obtenção de uma vantagem competitiva, analisando as atividades relevantespara a prestação de seus serviços e entendendo o comportamento de seus custos e seu potencial de diferenciação. Cada uma das suas atividades pode contribuir para um posicionamento da companhia em termos de custos ou criar a base para diferenciação. Uma seguradora pode obter vantagem competitiva executando as atividades de sua cadeia de valor a um custo menor que o de seus concorrentes ou executando-as de maneira peculiar, que a diferencie da concorrência. Para facilitarmos a compreensão da aplicação do conceito de cadeia de valor às seguradoras, utilizaremos a arquitetura de referência de proces- sos em seguradoras. De acordo com essa proposta, os processos de uma seguradora podem ser classificados em três grupos, conforme apresenta- do abaixo: Processos de suporte Processos primários Processos de gestão e de controle DESENVOLVIMENTO E MANUTENÇÃO DE PRODUTOS DE SEGURO COTAÇÃO DE SEGUROS CONTRATAÇÃO E EMISSÃO DE PROPOSTA SUBSCRIÇÃO DE RISCOS EMISSÃO DA APÓLICE COBRANÇA DE PRÊMIOS ENDOSSOS AVISO, REGULAÇÃO E LIQUIDAÇÃO DE SINISTROS ATENDIMENTO AO CLIENTE ADMINISTRAÇÃO DE VENDAS E MARKETING ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS ADMINISTRAÇÃO DE PROVISÕES TÉCNICAS ADMINISTRAÇÃO DE RESSEGURO ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAL E PATRIMÔNIO ADMINISTRAÇÃO DO CONTENCIOSO E DO CONSULTIVO ADMINISTRAÇÃO DE INVESTIMENTOS GESTÃO DE COSSEGURO CONTABILIDADE TESOURARIA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO GESTÃO DE CLIENTES CONTROLES INTERNOS INFORMAÇÕES GERENCIAIS 15 UNIDADE 1 OPERAÇÕES DE SEGURO Os processos primários, referidos na arquitetura, são voltados para o cliente final – aquele que é o foco da prestação dos serviços das segu- radoras. Conceitualmente, eles possuem uma correspondência com as atividades primárias do modelo da cadeia de valor proposto por Porter, enquanto os demais processos apresentados na arquitetura – referidos como processos de suporte e processos de gestão e controle – corres- ponderiam às atividades de suporte no modelo. A figura abaixo apresenta uma representação da cadeia de valor gené- rica de seguradoras. Relacionando os conceitos, podemos observar que o custo decorrente das atividades de suporte e das atividades primárias corresponde à soma das despesas comerciais e administrativas, cujo valor acrescido dos sinistros, no mercado de seguros, forma o cálculo do índice combinado das seguradoras. CADEIA DE VALOR GENÉRICA DE SEGURADORAS PROCESSOS DE SUPORTE PROCESSOS DE GESTÃO E CONTROLE DESENVOLVIMENTO E MANUTENÇÃO DE PRODUTOS COTAÇÃO DE SEGUROS CONTRATAÇÃO E EMISSÃO ACEITAÇÃO DE COSSEGURO ADMINISTRAÇÃO DE OPERAÇÕES AVISO, REGULAÇÃO E LIQUIDAÇÃO DE SINISTROS ATENDIMENTO AO CLIENTE ENDOSSOS M A R G E M M A R G E M ATIVIDADES DE SUPORTE ATIVIDADES PRIMÁRIAS CADEIA DE SUPRIMENTOS Deslocando o foco da nossa atenção para o ambiente em que uma segu- radora atua, podemos observar que ela depende de interações com for- necedores, clientes e parceiros de negócio para obter os insumos de que necessita para a prestação de seus serviços. Com essa perspectiva, perce- bemos que existe uma rede formada pelas atividades realizadas por forne- cedores de insumos e por parceiros de negócios, as quais em conjunto com as atividades desenvolvidas dentro da companhia possibilitam a prestação dos serviços ao cliente final. Essa rede, formada por clientes, parceiros e fornecedores de insumos, compõe a cadeia de suprimentos da seguradora. 16 UNIDADE 1 OPERAÇÕES DE SEGURO A LÓGICA DA CADEIA DE SUPRIMENTOS DA SEGURADORA ATIVIDADES DE FORNECEDORES E PARCEIROS ATIVIDADES INTERNAS DA COMPANHIA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS AO CLIENTE FINAL PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS AO ATIVIDADES DE FORNECEDORES ATIVIDADES INTERNAS DA CLIENTES PARCEIROS FORNECEDORES PROCESSOS INTERNOS SEGURADORA CLIENTES PARCE FORNECEDORES SSOS NOS ORA CADEIA DEC UPRIMENTOSSSU EGURADORAASE São exemplos de possíveis participantes da cadeia de suprimentos de seguradoras: ■ Banco: destacam-se os serviços de pagamentos e recebimentos para seus clientes. ■ Birô de informações: empresa responsável pelo fornecimento de informações sobre pessoas, empresas e transações de negócio. As informações são utilizadas como base para a tomada de deci- sões em vários dos processos das seguradoras – como na subscri- ção de riscos e na regulação de sinistros, por exemplo. ■ Central de serviços 24 horas: empresas que proveem serviços como guincho de veículos, assistência funerária e chaveiro, por exemplo. ■ Correios: possuem participação importante para o fluxo de documentos. ■ Corretores de seguros: pessoas ou empresas autorizadas pela Superintendência de Seguros Privados (Susep) a comercializar os produtos das seguradoras. 17 UNIDADE 1 OPERAÇÕES DE SEGURO ■ Estipulante: pessoa física ou jurídica que contrata seguro por con- ta de terceiros (pode também assumir a condição de beneficiário, dependendo do tipo de seguro). ■ Gráfica variável: gera cartas-recusa de propostas de seguro, comunicação de inadimplência, negativa de indenização de sinis- tro, apólices etc. ■ Inspetor de risco: profissional que avalia e informa as condições dos riscos a serem assumidos pelas seguradoras. ■ Perito: profissional especializado em assunto, setor ou área. É comum sua atuação na avaliação de documentos, objetos e situações para emissão de parecer que subsidia a decisão da área de regulação de sinistros. ■ Sindicante: especialista em seguros que atua efetuando e levan- tando informações, obtendo provas, por meios lícitos, sobre even- tuais irregularidades presentes em relatos de situações e em documentos componentes de processos de sinistro, bem como fornecendo subsídios para a tomada de decisão da área de regu- lação de sinistros. ■ Vistoriador: em seguros de auto, por exemplo, é o profissional que efetua a vistoria de veículos na parte mecânica, interna e externa, tira decalque de chassi e de motor, a fim de identificar eventuais pontos de adulteração, e encaminha as informações para subsidiar a decisão da seguradora quanto à subscrição do risco. De forma semelhante ao que observamos no caso da cadeia de valor, tam- bém podemos distinguir as cadeias de suprimentos de cada produto de seguro que uma companhia oferece ao mercado. É clara a distinção, por exemplo, entre as cadeias de suprimentos do seguro auto e do seguro residencial: uma seguradora pode ter diferentes cadeias de suprimentos, tantas quantas forem os produtos fornecidos. SISTEMA DE VALOR A abordagem da cadeia de valor pode ser utilizada no suporte à análise do ambiente interno de uma seguradora, possibilitando a avaliação de sua competitividade. Por outro lado, a abordagem da cadeia de suprimentos pode ser utilizada na análise dessa companhia no contexto dado, pelo seu relacionamento com os vários fornecedores, parceiros e clientes para a prestação de seus serviços. Podemos buscar o entendimento desse relacionamento efetuan- do a análise desde o primeiro elemento da cadeia – o primeiro fornecedor – até o cliente final, que é o último elemento na cadeia. 18 UNIDADE 1 OPERAÇÕES DE SEGURO Ampliando ainda mais o olhar para esse ecossistema em que as segura- doras atuam, podemos utilizar o conceito de “sistema de valores” de Por- ter (1998), que compreende uma corrente de diversas cadeias de valores internas aos participantes de uma cadeia de suprimentos. A eventual terceirização de atividades pelas seguradoras amplia o concei- to de cadeia de valor. Nessa visão, podemos dizer que a cadeia de valor estendida para um produto de seguro de uma companhia é composta por suas atividades e pelas atividades de seus prestadores de serviço dire- tamente utilizadas na prestação de seus serviços ao cliente final. Como exemplo, consideremos as atividades relacionadas à regulação de sinis- tros de um produto de seguro em uma seguradora que utiliza parceirosexternos para realizar algumas dessas atividades: ■ Os registros das comunicações de sinistro são feitos por uma cen- tral de atendimento terceirizada, que opera em regime de tempo integral (24 horas, 7 dias por semana). Os documentos físicos para regulação de sinistros são recebidos por uma central de serviços terceirizada, que classifica os documentos e digitaliza suas imagens, compondo processos eletrônicos de sinistro, que são dispo- nibilizados aos analistas para a regulação. ■ A seguradora aciona sindicantes de uma empresa parceira para averiguação de situações em que identifica indícios de potenciais fraudes. Com as possibilidades trazidas pela terceirização de atividades produtivas, podemos estender o modelo de cadeia de valor proposto por Porter, incor- porando as cadeias de valor de seus parceiros, fornecedores e clientes, para compor um sistema de valor. A cadeia de suprimentos, dessa forma, pode ser vista como a integração das cadeias de valor da companhia, de seus parceiros, de seus fornecedores e de seus clientes. Para ilustrar esse conceito, utilizamos a figura abaixo para representação de um sistema de valores para o produto seguro-residencial de uma seguradora. 19 UNIDADE 1 OPERAÇÕES DE SEGURO REPRESENTAÇÃO DE UM SISTEMA DE VALOR PARA UM POSSÍVEL PRODUTO SEGURO RESIDENCIAL BIRÔ DE INFORMAÇÕES CORRETOR CLIENTE CORREIOS GRÁFICA RÁPIDA VISTORIADOR SINDICANTE CENTRAL DE SERVIÇO 24H CENTRAL DE ATENDIMENTO PERITO CENTRAL DE SERVIÇOS COMPARTILHADOS PROCESSOS DE SUPORTE PROCESSOS DE GESTÃO E CONTROLE DESENVOLVIMENTO E MANUTENÇÃO DE PRODUTOS COTAÇÃO DE SEGUROS CONTRATAÇÃO E EMISSÃO ACEITAÇÃO DE COSSEGURO ADMINISTRAÇÃO DE OPERAÇÕES AVISO, REGULAÇÃO E LIQUIDAÇÃO DE SINISTROS ATENDIMENTO AO CLIENTE ENDOSSOS M A R G E M M A R G E M Conforme podemos observar, essa visão da integração das cadeias de valor de uma companhia sob a forma de composição de um sistema de valor aproxima os conceitos de cadeia de suprimentos e de cadeia de valor. INDICADORES DE DESEMPENHO DE OPERAÇÕES A gestão de operações é feita com base em indicadores de desempenho. Toda atividade desenvolvida deve ter alguma forma de medida de desem- penho como um pré-requisito para sua melhoria. Como ponto de partida para lidarmos com os indicadores de desempenho, consideraremos os cinco objetivos de desempenho apresentados por Slack, Chambers e Johnston (2007): — Qualidade Está relacionada diretamente com a prestação de serviços livre de erros. Isso significa entregar produtos que atendam às expectativas dos clientes. Veja alguns exemplos de indicadores: ■ Percentual de indenizações negadas que foram objeto de recursos dos segurados ou beneficiários. 20 UNIDADE 1 OPERAÇÕES DE SEGURO ■ Percentual de extravio das apólices enviadas aos clientes. ■ Nível de satisfação dos clientes nos processos de regulação de sinistro. ■ Nível de satisfação dos clientes atendidos pela central de atendimento. ■ Nível de satisfação dos corretores com o processo de pagamento de comissões. — Rapidez Consiste na minimização do tempo entre o pedido do cliente e a efetiva prestação do serviço demandado. Isso pode ser percebido nos exemplos abaixo: ■ Tempo para a realização de uma cotação. ■ Tempo para contratação do seguro, a partir do recebimento da proposta. ■ Tempo para análise da documentação de sinistro e fornecimento de feedback ao cliente. ■ Expectativa de prazo do cliente para obter uma cotação ou no tempo decorrido desde um chamado ao serviço de assistência e o início da prestação do serviço demandado. — Dependência Está relacionada à prestação do serviço no momento acordado com o cliente. Por exemplo, a apresentação da cotação de um seguro para uma planta industrial em três dias, conforme compromisso assumido em suas peças promocionais. É possível usar alguns indicadores como os listados a seguir: ■ Percentual de apólices emitidas após o prazo comprometido com os clientes. ■ Tempo médio para cotação de seguros. ■ Tempo médio da regulação de sinistros. ■ Estoque médio de sinistros em regulação. ■ Estoque médio de propostas pendentes de aceitação. 21 UNIDADE 1 OPERAÇÕES DE SEGURO — Flexibilidade Diz respeito à capacidade de ajustar as atividades operacionais para lidar com situações não esperadas ou para dar aos clientes tratamento individual. Isso pode implicar mudanças no que é feito, como é feito ou quando é feito. Por exemplo, a capacidade de atender às demandas trazidas pelo início da distribuição de um produto de seguro por meio de uma rede varejista. ■ Tempo necessário para início da operação de um novo produto de seguro. ■ Tempo necessário para agregação de um novo parceiro ao pro- cesso produtivo: vistoriador, perito, sindicante etc. ■ Tempo necessário para responder a eventos catastróficos, no caso de regulação de sinistros como no caso de enchentes, por exemplo. ■ Capacidade de absorção de picos de produção de seguros mas- sificados como no caso de campanhas de vendas, por exemplo. ■ Capacidade de adaptação para conformidade com regras novas ou alteradas pela Susep. — Custo Refere-se à entrega dos serviços a um custo que possibilita os produtos da companhia terem preços competitivos no mercado e, ao mesmo tempo, uma margem que dê um retorno adequado. ■ Produtividade por analista de subscrição. ■ Produtividade por analista de regulação de sinistro. ■ Utilização dos recursos orçamentários. ■ Custo médio por seguro contratado. ■ Custo médio por sinistro regulado. ESTABELECIMENTO DE METAS Para utilizarmos efetivamente um sistema de indicadores-chave no suporte à gestão é necessário que façamos comparações com as metas definidas. Dessa forma, por exemplo, no caso de uma seguradora, podemos avaliar a efetividade das atividades da área de operações que resultam em um tempo médio para regulação de sinistros igual a 11,6 dias, quando com- pararmos com a meta definida de um prazo máximo de 10 dias. Podemos 22 UNIDADE 1 OPERAÇÕES DE SEGURO efetuar a definição das metas de desempenho utilizando diferentes abor- dagens adequadas às situações com que nos deparamos nas companhias: — Desempenho histórico Neste caso, as metas são definidas a partir de valores observados como médias, mínimos e máximos. Consideremos, como exemplo, a meta de fechamento mínimo de 25% dos seguros empresariais cotados. — Objetivos estratégicos As metas são definidas para que sejam atingidos os objetivos definidos no planejamento estratégico. Consideremos, como exemplo, a meta de início das operações de novos produtos de seguro de vida em, no máximo, sete dias após a apresentação das respectivas definições de produto. — Objetivos concorrenciais São metas definidas para que a companhia apresente desempenho igual ou superior ao apresentado por concorrentes diretos ou por empresas que são consideradas referência em desempenho. Por exemplo, apresentar rentabilidade superior a uma corretora concorrente. — Metas absolutas São metas definidas com base em limites teoricamente máximos de desempenho. É o caso, por exemplo, de definirmos como meta a entrega ao cliente da apólice do seguro contratado em até dois dias úteis a partir do recebimento da proposta na companhia. DESEMPENHO HISTÓRICO A partir de valores observados CO dos ABORDAGENS PARA DEFINIR METAS DE DESEMPENHO OBJETIVOS CONCORRENCIAIS Desempenho igual ou superior ao de concorrentes e de empresas e referência METAS ABSOLUTAS a partir de limites (teoricamente) máximos de desempenho OBJETIVOS ESTRATÉGICOS para atingir objetivos do planejamento estratégico 23 UNIDADE 1 OPERAÇÕES DE SEGURO BENCHMARKING Podemos também balizar o desempenho da área de operações da nossa companhia a partir do desempenho de alguma seguradora que conside- remos referência, ou benchmarking, ainda que não a consideremos como concorrente direta. É interessante observarmosque podemos utilizar tam- bém exemplos de outras indústrias como referência (ou inspiração) para balizamento dos serviços prestados aos nossos clientes. É o caso, por exemplo, da utilização da Abordagem Disney para Qualidade de Serviços. No caso da indústria de seguros, o benchmarking é baseado na constata- ção de que, na essência, as atividades primárias que devem ser desenvolvi- das pelas seguradoras são semelhantes, uma vez que atuam com o mesmo foco de negócio e estão sujeitas às mesmas disposições regulatórias. Logo, é possível que alguns dos desafios que enfrentamos na gestão das opera- ções em nossas companhias já tenham sido endereçados naquela segura- dor ou ainda que ela possa ter desenvolvido uma maneira comparativamen- te melhor que a nossa para realizar uma ou mais atividades específicas. Saiba mais A expressão benchmarking significa buscar referências no mercado em relação a processos, produtos, práticas, serviços, estratégias e a outros aspectos que levem a um maior nível de desempenho por quem realiza a pesquisa. É uma prática bastante comum em empresas de diversos setores. 24 FIXANDO CONCEITOS OPERAÇÕES DE SEGURO FIXANDO CONCEITOS 1 Marque a alternativa correta: 1. A cadeia de suprimentos de uma seguradora é composta por seus clientes, parceiros e fornecedores. Sobre ela, pode-se afirmar que: (a) Os corretores de seguros fazem parte da cadeia de suprimentos. (b) Os participantes da cadeia de suprimentos são autônomos e, portanto, não possuem maior interesse quando analisamos possibilidades de melhoria do desempenho. (c ) A cadeia de suprimentos e a cadeia de valor são conceitos distintos que não possuem relação entre si. (d) A cadeia de suprimentos de uma seguradora deve ser vista como um todo, evitando-se o seu detalhamento por produto de seguro. (e) Outras seguradoras (congêneres), por serem concorrentes, não podem participar da sua cadeia de suprimentos. Marque a alternativa correta: 2. A cadeia de valor de uma seguradora é composta pelas atividades de valor e pelas margens de seus produtos. Com base nessa informação, é correto afirmar que: (a) Somente as atividades primárias tais como cotação de seguros e con- tratação e emissão, geram valor. (b) Atividades primárias podem não ser geradoras de valor como o atendi- mento a clientes, por exemplo. (c) As atividades primárias e as atividades de suporte produzem valor para os produtos de seguro. (d) Apenas as atividades de suporte diretamente relacionadas às ativida- des primárias – como a manutenção de sistemas de informação – devem ser consideradas como geradoras de valor. (e) O preço final de um seguro pode ser definido sem o conhecimento da cadeia de valor. 25 FIXANDO CONCEITOS OPERAÇÕES DE SEGURO Analise as proposições a seguir e depois marque a alternativa correta: 3. Toda atividade desenvolvida deve ter alguma forma de medida de desempenho como um pré-requisito para sua melhoria. Considerando os objetivos de desempenho, pode-se afirmar que: I) Flexibilidade diz respeito à capacidade de ajustar as atividades opera- cionais para lidar com situações não esperadas ou para dar aos clientes tratamento individual. II) Custo está relacionado à entrega dos serviços a um custo que possibilite que os produtos da companhia tenham preços competitivos no mercado independentemente do retorno adequado ou da margem de lucro. III) Qualidade está relacionada diretamente à prestação de serviços livre de erros. Agora assinale a alternativa correta: (a) Somente I é proposição verdadeira. (b) Somente II é proposição verdadeira. (c) Somente I e II são proposições verdadeiras. (d) Somente I e III são proposições verdadeiras. (e) I, II e III são proposições verdadeiras. Marque a alternativa correta: 4. Pode-se definir as metas de desempenho usando diferentes aborda- gens e adequando-as às diversas situações nas companhias. Sobre as metas absolutas, é correto afirmar que são: (a) Definidas a partir de valores observados, como meta de fechamento mínimo. (b) Definidas com base em limites teoricamente máximos de desempenho. (c) Metas que consideram o início das operações de novos produtos. (d) Definidas para que sejam atingidos taxativamente os objetivos traçados no planejamento. (e) Metas de comparação e competitividade utilizando apenas os recursos orçamentários. OPERAÇÕES DE SEGURO 26 UNIDADE 202 PROCESSO PRIMÁRIO nas SEGURADORAS ■ Entender os processos primários realizados nas seguradoras. Após ler esta unidade, você deverá ser capaz de: ■ Compreender as características de um produto de seguro e como elas se complementam. DESENVOLVIMENTO E MANUTENÇÃO DE PRODUTOS DE SEGUROS COTAÇÃO DE SEGUROS CONTRATAÇÃO E EMISSÃO DA PROPOSTA SUBSCRIÇÃO DE RISCOS EMISSÃO DA APÓLICE ENDOSSO COBRANÇA DO PRÊMIO ATENDIMENTO A CLIENTES AVISO, REGULAÇÃO E LIQUIDAÇÃO DE SINISTROS FIXANDO CONCEITOS 2 TÓPICOS DESTA UNIDADE 27 UNIDADE 2 OPERAÇÕES DE SEGURO Neste capítulo, daremos ênfase nos processos primários de seguradoras, citados anteriormente, que são os processos com que corretores de segu- ros têm maior interface. DESENVOLVIMENTO E MANUTENÇÃO DE PRODUTOS DE SEGUROS O objetivo deste processo é a definição e a manutenção das característi- cas técnicas, financeiras, comerciais e operacionais do produto de seguro. ■ Características dos produtos de seguro Conforme ilustrado na figura, as características de um produto de seguro compreendem subconjuntos que podemos classificar em características técnicas, financeiras, comerciais e operacionais. CARACTERÍSTICAS DE UM PRODUTO DE SEGURO CARACTERÍSTICAS T ÉC N IC AS FINAN C EIR A S C O M ERCIAISO PE RA C IO N A IS 28 UNIDADE 2 OPERAÇÕES DE SEGURO a) As características técnicas compreendem: ■ as definições de tipos de coberturas básicas e acessórias; ■ os limites mínimos e máximos das coberturas; ■ as taxas associadas às coberturas e utilizadas para cálculo dos res- pectivos valores de prêmio; ■ os percentuais de franquia e os valores mínimos de participação do segurado, no caso de sinistro; ■ as condições contratuais; ■ os tipos de assistência; ■ os elementos necessários à caracterização do risco objeto do seguro; ■ o formato técnico para a estruturação de sua oferta (apólices abertas e fechadas); ■ os prazos mínimo e máximo para a contratação dos seguros; ■ os tipos de alteração (endossos) que podem ser efetuados no con- trato de seguro; ■ os tipos de documento necessários, nos casos de sinistro; ■ as regras que devem ser observadas do ponto de vista da técnica de seguro. b) As características financeiras envolvem: ■ as definições relacionadas com as possíveis formas de pagamento de prêmio; ■ as alternativas para fracionamento dos prêmios; ■ os percentuais aplicáveis aos casos de fracionamento dos prêmios; ■ os impostos incidentes sobre as operações de seguro; ■ as regras que devem ser observadas do ponto de vista financeiro. c) As características comerciais abrangem: ■ as definições relacionadas aos possíveis canais de distribuição; ■ os percentuais mínimo e máximo para remuneração dos corretores; ■ os percentuais mínimo e máximo para remuneração dos estipulantes; ■ as regras que devem ser observadas do ponto de vista comercial. 29 UNIDADE 2 OPERAÇÕES DE SEGURO d) As características operacionais contemplam: ■ as definições relacionadas com os formulários (físicos e eletrônicos) utilizados para as trocas de dados e informações com os diferentes intervenientes; ■ os prazos máximos que devem ser observados em cada etapa do processo produtivo do seguro; ■ as regras que devem ser observadas do ponto de vista da operação. Sob a perspectiva da seguradora e para a organização de suas atividades, um produto de seguro pode ser descrito por um conjunto de caracterís- ticas, as definições e as regras, que possibilitam a configuraçãode um produto de seguro para um cliente específico, fornecendo-lhe a cobertura desejada para o risco caracterizado. Esse processo de desenvolvimento e manutenção de produtos de seguro compreende: ■ geração de ideias; ■ definição de coberturas e taxas; ■ elaboração das notas técnicas e sua submissão à Superintendência de Seguros Privados (Susep), previamente ao início da comercialização dos produtos a que se referem; ■ acompanhamento do desempenho dos produtos e os ajustes neces- sários ao seu aprimoramento; ■ definição das estratégias de distribuição, divulgação e comunicação. As atividades que compõem o processo de desenvolvimento e manuten- ção de um produto de seguro podem estar distribuídas por vários compo- nentes organizacionais de uma seguradora. A utilização da abordagem de gestão de projetos, tanto na criação quanto na manutenção de produtos, é um recurso valioso para lidarmos com os desafios decorrentes do rela- cionamento com os vários intervenientes internos e externos à seguradora em que estivermos atuando. Do ponto de vista do relacionamento da seguradora com a Susep, os prin- cipais fluxos de informação estão relacionados com a submissão, direta- mente pela companhia interessada, do pedido formal de autorização para comercialização do produto ou plano ao órgão regulador e de sua mani- festação. A Susep desenvolveu o sistema Registro Eletrônico de Produtos, que suporta essas trocas de informação. 30 UNIDADE 2 OPERAÇÕES DE SEGURO COTAÇÃO DE SEGUROS A cotação de um seguro é conduzida com a intermediação de um cor- retor de seguros. As interações entre a parte interessada no seguro, o corretor e a companhia envolvem trocas de informação que compõem uma sequência que pode ser mais ou menos extensa, dependendo das características do risco, das coberturas pretendidas e das condições para subscrição. O produto final desse processo é uma oferta de seguro – uma estimativa do valor do prêmio que o interessado deve pagar à seguradora para que ela aceite o risco associado a um determinado objeto, dentro das condi- ções especificadas pela companhia – apresentada pelo corretor à parte interessada. É importante observamos que, embora a cotação de seguro seja o resultado desejado, a seguradora também pode declinar do pedi- do de cotação apresentado. Podemos observar diversas atividades desenvolvidas para que a oferta de seguro – ou cotação – seja efetuada: ■ Avaliação dos riscos para as coberturas de seguro pretendidas pelo interessado no seguro. ■ Identificação de oportunidades de negócio, efetuadas pelos cor- retores de seguro. ■ Eventual negociação com resseguradores. ■ Definição das condições para subscrição dos riscos. ■ Definição do preço para subscrição do risco nas condições definidas. ■ Apresentação formal da oferta de seguro (cotação) ou a comunica- ção de declínio do pedido recebido. A cotação de seguro deve conter os elementos mínimos que caracte- rizam a operação pretendida, as coberturas e os respectivos valores, as condições para subscrição e o produto de seguro ofertado – o que inclui o identificador do seu registro junto à Susep. As práticas observa- das pelos corretores e companhias geralmente resultam na produção de documentos representativos das cotações. Esses documentos estabele- cem as bases para a eventual contratação do seguro. 31 UNIDADE 2 OPERAÇÕES DE SEGURO CONTRATAÇÃO E EMISSÃO DA PROPOSTA Trata-se de um processo conduzido com a intermediação do corretor, que compreende: ■ a formalização, pelo interessado, da intenção da realização de um seguro sob a forma de uma proposta de contratação de seguro; ■ o encaminhamento, pelo corretor, da proposta originada à seguradora; ■ o recebimento e a análise da proposta pela seguradora, à luz da regulamentação em vigor e das suas regras corporativas para subscrição de riscos; ■ a decisão pela aceitação ou pela recusa da proposta recebida; ■ a emissão da apólice ou do certificado correspondente (no caso da decisão pela aceitação) ou a emissão da carta-recusa (no caso da decisão pela recusa da proposta). A contratação tem início com a apresentação, pela parte interessada e em conjunto com o corretor, de sua proposta à companhia. A proposta de contratação é um documento que atende aos requisitos formais, definidos pela Susep. Ela é apresentada pelo corretor de seguros à companhia, que diante de seu recebimento, emite um protocolo indicando a data e a hora do evento ocorrido. A partir da data do protocolo, a companhia possui um prazo máximo 15 dias para declinar da proposta recebida. A não manifestação nesse prazo corresponde à aceitação tácita da operação proposta, passando a produzir efeitos para todas as partes envolvidas no seguro. Caso decida pela recusa da proposta, a companhia deve comunicar, formal- mente, sua decisão ao corretor e ao proponente. No caso de aceite da propos- ta, a efetivação da operação é materializada sob a forma de um documento – apólice ou certificado –,encaminhado ao proponente e, facultativamente, ao corretor que intermediou a operação. Como exceção, observamos a existên- cia do uso da proposta certificada – um documento que possui características tanto de proposta quanto de certificado, dispensando a companhia do envio de outro documento quando do aceite da proposta de contratação do seguro. 32 UNIDADE 2 OPERAÇÕES DE SEGURO Seguradora emite apólice ou certificado para o aceite ou carta-recusa em caso de negação da proposta mite apólice para o aceite a em caso de roposta A seguradora decide se aceita ou recusa a proposta a decide recusa a O cliente, por meio de corretor, formaliza interesse pela contratação do seguro nte, por meiont retor, formaliza sse pela tação do o O corretor encaminha proposta à seguradora r encaminha à seguradora Seguradora analisa a proposta, considerando riscos e regulamentação SUBSCRIÇÃO DE RISCOS É o processo de análise de risco cuja cobertura é proposta para a segu- radora, resultando em aceitação ou rejeição da transferência desse risco. São atividades desse processo: ■ Decidir quais riscos são aceitáveis. ■ Determinar qual o prêmio será cobrado. ■ Decidir quais os termos e as condições do contrato de seguro. ■ Monitorar cada uma dessas decisões. A subscrição é o coração das operações de uma companhia de seguros. Tudo mais que um segurador faz – comercialização, coleta de prêmios, emissão e endosso de apólices, fornecimento de serviço de inspeção de riscos, investigação de reclamações, pagamentos de perdas cobertas, investimentos de capitais excedentes – é relacionado ou é consequência das decisões da subscrição. A orientação do corretor de seguros no preenchimento da proposta tam- bém influenciará na subscrição de riscos. 33 UNIDADE 2 OPERAÇÕES DE SEGURO EMISSÃO DA APÓLICE Após a tomada de decisão na subscrição, sobre a aceitação da transferên- cia de risco, é comunicado ao corretor que deverá informar ao segurado sobre a aceitação da proposta. Posteriormente ao processo de subscrição, será emitida a apólice de seguros. Em algumas seguradoras, o proces- so de subscrição e emissão da apólice acontecem na mesma área e em outras podem acontecer em áreas diferentes. ENDOSSO As alterações nos contratos de seguro são realizadas por meio de propostas apresentadas pelos clientes às companhias e com a intermediação do res- pectivo corretor de seguro. Essas propostas, denominadas de pedidos de endosso, são documentos formais, bastante semelhantes às propostas para contratação abordadas anteriormente. Elas seguem trâmites similares inter- namente às companhias, resultando também em manifestações formais: ■ No caso de declinar do pedido de endosso, a companhia emite a comunicação formal da recusa, encaminhando-a ao corretor e ao proponente. ■ No caso de aceitar o pedido de endosso, a companhia emite um docu- mento queformaliza a alteração – denominado de endosso, encami- nhando-o ao proponente e, facultativamente, ao corretor da operação. COBRANÇA DO PRÊMIO Tal processo compreende todas as atividades relacionadas com a cobran- ça e a devolução dos prêmios vinculados às operações de seguro e outras providências relacionadas com a sua vigência, abrangendo: ■ o agendamento das parcelas de prêmio; ■ a realização da cobrança das parcelas e a baixa dos pagamentos; ■ o tratamento das inadimplências; ■ as devoluções de prêmios; ■ as providências iniciais relacionadas com a renovação do seguro, ao término de sua vigência. 34 UNIDADE 2 OPERAÇÕES DE SEGURO Durante o ciclo de vida das operações de seguro ocorrem trocas de infor- mação entre os diferentes intervenientes, dentre as quais destacamos a comunicação de inadimplência enviada pela seguradora ao cliente e ao corretor de seguro da operação. Essa comunicação é materializada como um documento formal e representa um procedimento prévio ao cancela- mento do seguro por falta de pagamento, caso a condição persista. A noti- ficação está diretamente relacionada às condições previstas no contrato de seguro. ATENDIMENTO A CLIENTES O atendimento a clientes compreende as atividades de administração dos contatos com os clientes e beneficiários de seguros e a solução das questões por eles apresentadas. O contato pode ser feito por diferentes canais – telefone, mensagens de texto, mensagens de voz, e-mail, correio ou outro meio que possibilite a comunicação entre os clientes e beneficiá- rios e a companhia. AVISO, REGULAÇÃO E LIQUIDAÇÃO DE SINISTROS As ocorrências de eventos previstos nas operações de seguro podem resultar em pagamentos de indenização por parte das companhias aos clientes ou beneficiários. O processo de aviso, regulação e liquidação de sinistros compreende as atividades do registro inicial das comunicações de sinistro, a análise de eventos e das perdas notificadas à luz dos res- pectivos contratos de seguro, a avaliação das perdas, a determinação dos valores para indenização, a investigação de possíveis indícios de fraude, a liquidação das indenizações e a recuperação de perdas. Podemos resumir esse processo na figura abaixo. 35 UNIDADE 2 OPERAÇÕES DE SEGURO Liquida indenização e recupera perdas Investiga indícios de fraudes Seguradora faz o registro inicial das comunicações de sinistro Analisa eventos e perdas com base no contrato Define valor da indenização Para a regulação do sinistro, o reclamante deve fornecer todos os docu- mentos e as informações ambos previstos nas condições do seguro con- tratado. Na hipótese de insuficiência ou necessidade de informações com- plementares, a seguradora pode apresentar demandas sob a forma de exigências, as quais devem ser atendidas pelo interessado. As comunicações de sinistro podem ser feitas diretamente pelo cliente ou beneficiário ou, alternativamente, pelo corretor interveniente na contrata- ção do seguro. O corretor, agindo como representante do segurado, pode atuar administrativamente junto à companhia, apresentando os documen- tos necessários à regulação, fornecendo informações e documentos, no caso de exigências, e recorrendo administrativamente junto à companhia, no caso de discordância quanto aos valores indenizados ou quanto às decisões de indeferimento. Ao final do processo de regulação de um sinistro, a decisão pelo indefe- rimento de um pedido de indenização, pelo seu acolhimento parcial ou integral, deve ser comunicada ao reclamante e ao corretor da operação. O controle e a comprovação de entrega dos documentos pelo reclamante, da apresentação das eventuais exigências de informações complementa- res pela seguradora e do atendimento dessas exigências pelos interessa- dos são requisitos essenciais para a gestão deste processo, uma vez que existem prazos máximos para a regulação e a liquidação de sinistros sem o pagamento da correção dos valores indenizados pelas companhias. A emissão das apólices de seguros (ou dos bilhetes, certificados de segu- ros) e endossos de todos os tipos foi muito simplificada com o advento da tecnologia. Hoje, quase que todos os processos são eletrônicos, não havendo mais necessidade de tramitação de papéis, carimbos de entrada e controles. 36 FIXANDO CONCEITOS OPERAÇÕES DE SEGURO FIXANDO CONCEITOS 2 Marque a alternativa correta 1. A cadeia de valor de uma seguradora é composta pelas atividades de valor e pelas margens de seus produtos. Indique a afirmação verdadeira: (a) Somente as atividades primárias como cotação de seguros e contrata- ção e emissão, por exemplo, geram valor. (b) Atividades primárias podem não ser geradoras de valor como o atendi- mento a clientes, por exemplo. (c) As atividades primárias e as atividades de suporte produzem valor para os produtos de seguro. (d) Apenas as atividades de suporte diretamente relacionadas com as ati- vidades primárias como a manutenção de sistemas de informação, por exemplo, devem ser consideradas como geradoras de valor. (e) O preço final de um seguro pode ser definido sem o conhecimento de sua cadeia de valor. Marque a alternativa correta 2. Um produto de seguro, na visão da seguradora, é algo complexo, for- mado por características técnicas, financeiras, comerciais e operacionais. (a) As características operacionais são as mais importantes, pois são elas que possibilitarão a entrega dos produtos aos clientes. (b) Todas as características são importantes para que se possa ter um pro- duto para oferta aos interessados no seguro. (c) As características técnicas são as mais importantes, pois estão direta- mente relacionadas às disposições regulatórias aplicáveis ao produto. (d) As características comerciais são as mais importantes, pois estão rela- cionadas com os preços finais dos seguros e as margens da companhia. (e) As características financeiras são as mais importantes, pois estão relaciona- das com o recebimento dos prêmios dos seguros que forem comercializados. Marque a alternativa correta 3. Em relação às atividades desenvolvidas em uma seguradora, pode-se afirmar que faz parte de um processo primário a: 37 FIXANDO CONCEITOS OPERAÇÕES DE SEGURO (a) Recusa de uma proposta de seguro. (b) Elaboração de nota técnica para provisões atuariais. (c ) Negociação de contrato para cessão de resseguro. (d) Aplicação das reservas da companhia no mercado financeiro (e) Cessão de cosseguro para uma congênere. Marque a alternativa correta 4. Sobre os processos de suporte, é correto afirmar que: (a) Em uma seguradora, a gestão de processos tem foco nos processos primários. (b) Os processos primários, por serem voltados para os clientes finais, pos- suem para a seguradora uma importância, comparativamente, maior que a dos processos de suporte. (c) Os processos de suporte também são importantes para que o objetivo de uma seguradora seja alcançado. (d) Processos de suporte possuem pouca relevância para a gestão de ope- rações. (e) Os processos primários, por sua natureza, podem prescindir dos pro- cessos de suporte. Marque a alternativa correta 5. Sobre os processos primários, é correto afirmar que: (a) A cotação de seguros tem foco no corretor de seguros e, portanto, não deve ser considerada um processo primário. (b) As provisões técnicas dizem respeito às provisões de prêmio e de sinis- tros, relacionadas diretamente ao cliente final. O processo voltado para a administração pode ser classificado como um processo primário. (c) A gestão de cosseguro pode ser classificada como um processo primá- rio, pois possui relação direta com as operações de seguro. (d) A administração de resseguro pode ser considerada um processo pri- mário, pois é necessária, em algumas situações, para viabilizar as opera- ções de seguro. (e) Todos os processos primários têm foco no cliente, independentemente da participação dos corretores de seguro,que atuam como intermediários. OPERAÇÕES DE SEGURO 38 UNIDADE 3 OPERAÇÕES nas 03 CORRETORAS de SEGUROS ■ Entender o processo de cadastro dos corretores de seguros nas seguradoras. ■ Conhecer o procedimento de cadastro e de início de operação. Após ler esta unidade, você deverá ser capaz de: ■ Compreender quais são os parâmetros para escolher as seguradoras com que trabalhar. ■ Entender como os negócios de seguros chegam às seguradoras ou operadoras. OPERAÇÕES NO ÂMBITO DAS CORRETORAS DE SEGUROS PRIMEIROS PASSOS PROCESSOS CRÍTICOS NA OPERAÇÃO DE UMA CORRETORA DE SEGURO FIXANDO CONCEITOS 3 TÓPICOS DESTA UNIDADE OPERAÇÕES DE SEGURO 39 UNIDADE 3 Uma corretora de seguros é uma empresa de serviços. As empresas de serviços são bastante diferentes das empresas que pro- cessam bens, por muitos motivos, mas têm em comum a necessidade de planejamento gerencial e operacional, alocação de recursos, organização e controle da produção, neste caso, dos negócios que são captados com os clientes e são subscritos pelas seguradoras. Uma das principais características dos serviços é a intangibilidade. As cor- retoras de seguros procuram compensar com evidências físicas, demons- trando tangibilidade nos serviços tais como agilidade no atendimento, roti- nas programadas e até automatizadas, além de esforços de pós-vendas para atendimento aos clientes em suas demandas do dia a dia em relação aos seguros já contratados e outros. Cada uma das áreas internas de uma corretora de seguros tem funções distintas, mas dependendo do porte da corretora de seguros, todas elas podem ser executadas apenas pelo corretor, o qual tendo sucesso, mais cedo ou mais tarde, necessitará de outras pessoas para assumir algumas tarefas, a fim de que sua empresa possa angariar mais clientes e, conse- quentemente, crescer. OPERAÇÕES NO ÂMBITO DAS CORRETORAS DE SEGUROS A operação de uma corretora de seguros é relativamente simples em ter- mos de quantidade e complexidade de processos, mas isso não significa que não seja trabalhosa. Dividiremos a operação em três etapas: 40 UNIDADE 3 OPERAÇÕES DE SEGURO ■ Entrada: Os insumos são as necessidades de transferência de riscos dos clientes, sejam eles pessoas físicas ou jurídicas. Essas necessidades se tornam oportunidades para as corretoras de seguros transformá-las em seguros, títulos de capitalização, planos de previdência privada ou planos de saúde. ■ Processamento: Para processar essas demandas dos clientes, as corretoras de seguros têm de contar com a parceria das segura- doras, obtendo cotações de seguros a partir da submissão dessas ofertas às seguradoras e, posteriormente, retornando aos segura- dos, a fim de receberem autorização para proceder à contratação do seguro. Internamente, nas corretoras de seguros, a operação depende de pessoas trabalhando nas áreas comercial, administrati- va e técnica para processar informações, diretamente, ligadas à pro- dução de seguros e outras necessárias à organização do trabalho. ■ Saída: É a concretização dos negócios. Oportunidades de transferência de riscos dos clientes Comercial Administrativa Técnica ENTRADA PROCESSAMENTO Negócios SAÍDA Vamos focar nas operações centrais de uma corretora de seguros, sinaliza- das na etapa de processamento, na figura anterior. A área comercial da corretora de seguros tem, geralmente, funções, den- tre as quais: ■ Captar clientes. ■ Entender as necessidades de transferência de riscos dos clientes. ■ Dirimir as eventuais dúvidas dos clientes. ■ Apresentar aos clientes as propostas de seguro e colher assinatura. ■ Prestar informações necessárias às seguradoras para o processo de subscrição de riscos, fazendo contato com o cliente sempre que necessário. ■ Realizar o atendimento dos clientes, informando como proceder em caso de sinistros. 41 UNIDADE 3 OPERAÇÕES DE SEGURO A área técnica da corretora de seguros possui funções tais como: ■ Realizar cotações de seguros, planos de previdência e planos de saúde dos clientes. ■ Concretizar as propostas de seguros, dando entrada nas segura- doras para emissão das apólices e contratos. ■ Conferir as apólices de seguros. ■ Dirimir eventuais dúvidas técnicas ou operacionais dos clientes. ■ Apoiar as ações da área comercial. ■ Manter atualizada a agenda de renovações dos seguros dos clientes. A área administrativa da corretora de seguros contém, dentre outras, as seguintes funções: ■ Acompanhar o recebimento e o repasse de prêmios quando eles não são diretamente cobrados pelas seguradoras. ■ Acompanhar o crédito de comissões e os relatórios de produção das seguradoras. ■ Informar ao contador o movimento de receitas e despesas. ■ Processar as contas a pagar. ■ Pagar tributos. ■ Consolidar extratos bancários. ■ Cuidar das rotinas trabalhistas e de pessoal. ■ Cuidar dos cadastros na SUSEP e nas Seguradoras e Operadoras. ■ Realizar compras de materiais necessários para o dia a dia. Todas essas funções são realizadas pelos corretores de seguros pessoas físicas quase sempre sem auxílio de terceiros, porque não têm funcionários. Obviamente, o tempo gasto com funções administrativas é muito grande e faz com que o corretor de seguros tenha de se empenhar intensamente para, ao mesmo tempo, trazer produção de seguros e processá-la internamente. Os negócios chegam às seguradoras ou operadoras de saúde suplemen- tar a partir dos corretores de seguros, mas os primeiros passos para os recém-habilitados não são simples e podem exigir o cumprimento de uma certa burocracia. 42 UNIDADE 3 OPERAÇÕES DE SEGURO PRIMEIROS PASSOS — Cadastro na Susep Após a obtenção do certificado da Escola Nacional de Seguros, é neces- sário solicitar o cadastro de corretor Pessoa Física na SUSEP, conforme consta na Circular nº 510/2015. O processo pode ser feito diretamente no site da SUSEP, onde é possível consultar o Manual do Sistema de Cadastro de Corretores. Nele, você encontrará um passo a passo para se cadastrar. No caso de cadastro de corretor Pessoa Jurídica, é importante observar que a complexidade do cadastro aumenta pela necessidade de infor- mações pessoais dos sócios (se for o caso) e da empresa corretora de seguros. No Portal, basta seguir o passo a passo indicado e fornecer os documentos eletrônicos relativos à empresa (CNPJ, Contrato Social, Alva- rá, informações sobre os sócios, registro do corretor pessoa física respon- sável, entre outros). A SUSEP realizará a análise do requerimento e poderá ainda fazer algumas exigências para completar as informações, mas, em não havendo pendên- cias, será concedido o registro para o exercício da atividade de corretagem de seguros. O registro de corretor de seguros será comprovado por meio de certidão extraída do Portal da Susep na Internet. — Pessoa Física ou Pessoa Jurídica? Há uma decisão importante a ser tomada pelos novos corretores de segu- ros: operar como pessoa física ou como pessoa jurídica? Essa decisão definirá, em geral, qual é o porte que o corretor de seguros quer ter cujos prós e contras listaremos a seguir: Saiba mais O Manual do Sistema de Cadastro de Corretores está disponível em: http://www.susep.gov. br/setores-susep/cgrat/ manualcadastrocorretores.pdf/ http://www.susep.gov.br/setores-susep/cgrat/manualcadastrocorretores.pdf/ http://www.susep.gov.br/setores-susep/cgrat/manualcadastrocorretores.pdf/ http://www.susep.gov.br/setores-susep/cgrat/manualcadastrocorretores.pdf/ 43 UNIDADE 3 OPERAÇÕES DE SEGURO OPÇÕES DISPONÍVEIS PRÓS Simplicidade Menor tempo para começar a operar Baixo custo operacional PESSOA JURÍDICA PESSOA FÍSICA CONTRAS Obstáculos para crescer Informalidade Alta carga tributária Complexidade de consolidação PRÓS Estrutura empresarial Menores obstáculos para crescer Carga tributária menor CONTRAS Custos operacionais Tempo maior para começar a operarUm dos fatores importantes que o corretor de seguros deve levar em conta para decidir se atuará como pessoa física ou jurídica é o quanto ele paga de imposto de renda hoje e quanto ele poderá vir a pagar. Por exemplo, se o corretor pessoa física trabalha com mais de uma seguradora, ele deve, ao final de cada mês, fazer o somatório das comissões recebidas para, com base nas tabelas do IRPF, saber quanto deverá pagar. Isso pode ser uma outra complicação, já que o corretor pode ter outras fontes de renda, caso em que todos os rendimentos devem ser acumulados. Os corretores que atuam como autônomos, pessoa física, deverão fazer o recolhimento com base na tabela de um empregado de qualquer outra empresa. O valor da alíquota até a data da publicação deste manual varia de 7,5% a 27,5%. Mas, como regra geral, o imposto de renda devido na fon- te sobre rendimentos de pessoas físicas está sujeito à tabela progressiva e deve ser retido pela fonte pagadora por ocasião do pagamento do rendi- mento. No caso do corretor de seguros, a fonte pagadora é a seguradora, ou seja, sempre que a companhia pagar comissão ao corretor, ela fará o desconto do imposto de renda. Se essa comissão for paga mais de uma vez ao mês, o imposto incidirá a cada pagamento caso ele esteja na faixa incidente do imposto. 44 UNIDADE 3 OPERAÇÕES DE SEGURO O problema é que se, como foi dito, o corretor vier a trabalhar com várias seguradoras, deverá fazer contas ao final do mês e ainda poderá incorrer em pagar o Carnê-Leão para complementar o devido valor por conta do enquadramento em alíquota superior, quando acumula o que recebeu de comissões de cada seguradora e o que foi retido na fonte. Mais que isso, ainda terá de prestar atenção no ajuste anual. Como pessoa jurídica, o novo corretor de seguros pode fazer a opção pelo Simples Nacional, em uma tabela com alíquotas muito interessantes e progressivas, bem menores do que as da pessoa física, com recolhimento unificado dos impostos federais, estaduais e municipais (ISS, PIS, COFINS, IRPJ, CSLL, IPI, ICMS e ISS), além da contribuição patronal previdenciária. A decisão por constituir uma empresa implica algumas providências impor- tantes a tomar. O atual Código Civil brasileiro trouxe significativas alterações na consagra- da classificação existente entre atividades mercantis (indústria ou comér- cio) e atividades civis (as chamadas prestadoras de serviços). Na verdade, passou-se a definir o que é um autônomo e o que é um empresário, e seguindo essa classificação, podem existir corretores de seguros autôno- mos (anteriormente conhecidos como pessoa física) e corretores de segu- ros empresários, organizados sob a forma de sociedade limitada, simples ou empresária. As corretoras de seguros seguem a mesma legislação que as demais empresas, no que tange à sua constituição, sendo recomendável que se contratem os serviços de um escritório de contabilidade para auxiliar o empresário a providenciar os documentos necessários. Vale ressaltar que há variações entre o que é requisitado por estados e municípios em rela- ção aos documentos, mas de forma geral, pode-se estabelecer a necessi- dade de: ■ Consulta prévia à prefeitura do município. ■ Consulta do nome comercial (geralmente são solicitadas três opções). Consulta do nome ao INPI Instituto Nacional de Propriedade Industrial – quando for o caso; Pesquisa do nome do titular e sócios junto à SRF Secretaria da Receita Federal; Certidões negativas dos sócios perante a SEF Secretaria de Estado da Fazenda; 45 UNIDADE 3 OPERAÇÕES DE SEGURO ■ Elaboração da declaração de empresário. Encaminhamento da declaração de empresário à Junta Comercial do Estado para registro; Solicitação da inscrição no CNPJ – Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica; Solicitação do alvará de licença para localização junto à prefeitura do município; e Cadastramento da empresa junto à SUSEP. Não são tarefas simples e mesmo com a assessoria de escritórios de con- tabilidade, não se consegue providenciar todos os papéis em menos de 45 ou 60 dias e há, evidentemente, custos envolvidos. Saiba mais O detalhamento da legislação pertinente e das exigências legais relativas especifica- mente às corretoras de seguros pode ser conferida no Portal da Susep na Internet. A legislação básica aplicável é a seguinte: ■ Lei 4.594/1964 – https://bit.ly/2IYRgWP. ■ Decreto-Lei 73/1966 – https://bit.ly/2GAKAji. ■ Resolução CNSP 249/2012 – https://bit.ly/2kWv5mG. ■ Circular SUSEP 510/2015 – https://bit.ly/2tjz3ww. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L4594.htm https://bit.ly/2IYRgWP https://bit.ly/2GAKAji https://bit.ly/2kWv5mG https://bit.ly/2tjz3ww 46 UNIDADE 3 OPERAÇÕES DE SEGURO NOME EMPRESARIAL E ALVARÁ É importante destacar que a Circular SUSEP nº 510/2015 estabelece a obrigatoriedade das expressões “corretor de seguros” ou “corretora de seguros” no nome da empresa. Deverá ser consultado também o nome comercial (por exemplo: registro.br, INPI, junta comercial etc.). Para a corretora operar, será necessário o alvará de licença e funcionamen- to, obtido em órgão da prefeitura. Cabe ressaltar que cada cidade tem sua exigência. Portanto, verifique os critérios de concessão e os custos desse alvará junto à prefeitura da cidade onde a empresa será instalada. Há ainda uma série de restrições legais que deve ser observada quanto a quem pode ou não atuar como corretor de seguros. EIRELI × LTDA × S.A Atualmente, a maioria das corretoras de seguros é empresa limitada (Ltda.), ou seja, tem pelo menos mais de um sócio no contrato social. Corretoras do tipo sociedade anônima (S.A.) são empresas maiores, cujo capital é dividido por ações e a estrutura organizacional é composta por assembleia, conselho de administração, conselho fiscal e diretoria. Essas empresas podem ser de capital aberto ou fechado. Desde 2011, o corretor de seguros pode abrir uma empresa individual de responsabilidade limitada (EIRELI), que é uma empresa constituída por uma única pessoa na totalidade do capital social, devidamente integralizado, que não será inferior a cem vezes o maior salário-mínimo vigente no país. Há uma vantagem da EIRELI em relação à Ltda., pois há limitação da res- ponsabilidade do empresário, havendo a separação entre os bens da empresa e os bens pessoais de seu titular. Com isso, os bens pessoais do empresário não serão necessários para assegurar qualquer débito contraí- do pela gestão da empresa. A EIRELI é uma solução para o dilema que os empresários enfrentavam: a busca por sócios “de favor” ou “de papel”, que constavam do contrato social somente para utilização dos benefícios das sociedades limitadas. 47 UNIDADE 3 OPERAÇÕES DE SEGURO CONTRATO SOCIAL E CNPJ O contrato social é uma necessidade, é o ato de constituição de uma empresa. É necessário, por exemplo, para abertura de conta corrente nos bancos, cadastramento nas seguradoras, além de ser um dos documentos exigidos pela SUSEP para obtenção do registro de corretor PJ. O contrato social deve conter os dados do negócio, como nome da empre- sa, modelo de constituição (se é EIRELI ou Ltda.), dados dos sócios, ende- reço da corretora etc. O modelo de contrato social de uma corretora de seguros também deve atender aos dispostos da Circular nº 510/2015 da SUSEP, como indicação do responsável técnico pela corretora, que é o corretor devidamente habilitado. Existem modelos de contrato social de corretoras no mercado que podem variar por tipo de natureza jurídica. Normalmente, os escritórios de conta- bilidade têm esses modelos. No entanto, pelo fato de o contrato social ser de natureza jurídica, consultar um advogado para obter esclarecimentos é o ideal. Após os trâmites de registro do contrato social na junta comercial, será possível obter, junto à Receita Federal, o Cadastro Nacional da Pessoa Jurí- dica (CNPJ). ImportanteRegime de Tributação: Lucro Real × Lucro Presumido × Simples Hoje, a menor alíquota de impostos é praticada pela tabela do Simples Nacional. Porém, nem todos conseguem se enquadrar nessa categoria devido a questões como a par- ticipação em outras empresas. Esse é um aspecto sobre o qual vale a pena entrar em detalhes com seu contador para as devidas orientações quanto às obrigações fiscais. 48 UNIDADE 3 OPERAÇÕES DE SEGURO CADASTRO NAS SEGURADORAS E OPERADORAS DE SAÚDE O cadastro nas seguradoras e operadoras não é complicado, mas em geral exige atenção, porque há um conjunto de informações exatamente igual para várias delas e, praticamente, assemelha-se às informações já presta- das à Susep, à exceção dos dados bancários e de outros formulários espe- cíficos que devem ser preenchidos de forma eletrônica ou manual. O perío- do de análise e aprovação do cadastro pode demorar entre 1 e 15 dias. O mais importante é receber os códigos específicos e as senhas de acesso aos portais eletrônicos, onde são disponibilizadas as informações sobre os produtos e onde se pode conseguir cotação para a grande maioria deles, além de arquivos padronizados para movimentação de grupos segurados. Também é no portal das seguradoras e operadoras que as informações da produção são registradas e poderão ser acompanhadas assim como a emissão de apólices e certificados, o pagamento das comissões e também as eventuais pendências do dia a dia. Como escolher com que seguradoras ou operadoras trabalhar? As seguradoras (e as operadoras de saúde suplementar) querem ter corre- tores de seguros distribuindo os seus produtos, mas no momento em que aceitam os cadastros, isso significa que alocarão o atendimento comer- cial dos corretores de seguros a uma de suas estruturas de atendimento comercial e assim esperam que realmente haja fluxo de produção de segu- ros, previdência, capitalização, planos de saúde e odontológicos. Significa dizer também que, para isso, proverão informações eletrônicas e físicas sobre os seus produtos e disponibilizarão treinamentos comerciais sobre tais produtos, já que cada um deles tem suas peculiaridades. Um dos maiores erros que um corretor de seguros pode cometer é realizar cadastro em muitas seguradoras, como se isso fosse fundamental para poder fazer crescer a sua produção. Essa prática exige vencer a burocracia neces- sária para efetivar os corretores de seguros e, depois disso, dedicar tempo a treinamentos e ao estudo dos produtos de cada empresa bem como à fami- liarização com os portais de negócios e ao conhecimento dos trâmites opera- cionais para fazer a produção acontecer e resolver problemas e pendências. Muitos (quase a maioria) fazem isso por não terem dedicado tempo ao planejamento prévio e à construção de um plano de negócios que lhes permitisse entender o que querem vender, a partir da análise do mercado- alvo e do público-alvo que querem efetivamente explorar. Nota A ANS – Agência Nacional de Saúde Suplementar – não reconhece os corretores de seguros como intermediários por ela habilitados para a comercialização de planos de saúde e odontológicos, cabendo responsabilidade às operadoras quanto à gestão de quem o faz. Desse modo, não há nenhum procedimento de cadastramento de corretores de seguros na ANS. 49 UNIDADE 3 OPERAÇÕES DE SEGURO O cadastramento em seguradoras e operadoras deve seguir uma determi- nada estratégia, inclusive, para evitar que o novo corretor de seguros se veja assolado de informações e gastando seu tempo em conhecer estrutu- ras e produtos que, na prática, muito pouco utilizará, acabando por pulveri- zar sua produção. É melhor ser um corretor de seguros muito produtivo com menos seguradoras e operadoras do que pouco produtivo com muitas. Quem produz com foco, mesmo com poucas seguradoras e operadoras, ganha respeito e consideração comercial à medida que o tempo passa, tornando-se passível também de premiações extras e, algumas vezes, de condições especiais de comercialização, o que, por si só, permite vanta- gens competitivas e reduz custos operacionais. Uma outra razão é que se passa a conhecer as pessoas, tonando mais fácil a resolução de problemas e até a liquidação de sinistros. Os principais parâmetros de escolha, sem hierarquia, são os seguintes: ■ Credibilidade com os segurados. ■ Credibilidade com os corretores de seguros. ■ Remuneração atraente. ■ Atendimento e apoio comercial. ■ Variedade de produtos (seguradoras generalistas) ou foco em alguns deles (seguradoras especialistas). ■ Preço. ■ Velocidade de cotações. ■ Flexibilidade operacional. ■ Portal amistoso (fácil de operar). ■ Velocidade na liquidação de sinistros. ■ Disponibilidade e qualidade das informações. ■ Premiações. Cada um desses itens deve ser ponderado pelos corretores de seguros, de forma que possam fazer juízo de valor e, a partir daí, escolherem quais são os melhores parceiros de negócio para cumprir suas próprias estratégias. 50 UNIDADE 3 OPERAÇÕES DE SEGURO PROCESSOS CRÍTICOS NA OPERAÇÃO DE UMA CORRETORA DE SEGURO Após descrevermos as decisões iniciais necessárias para constituição da corretora, falaremos sobre os processos críticos na operação do negócio. Nosso foco será em atividades da área técnica de uma corretora de segu- ros, já citada anteriormente nesta unidade. Vale lembrar que todas essas operações estão espelhadas nas operações das seguradoras. a. Cotação de seguros A cotação de um seguro é um dos processos que mais demandam tempo e energia em uma corretora. São diversos produtos e cada um deles exige informações específicas, que atenderão às necessidades da subscrição de cada produto. Ter atenção às informações necessárias para cotação de um seguro é fundamental para evitar retrabalho operacional. Portanto, ter um formulá- rio de cada produto que possa ser preenchido junto com o seu cliente pode ajudar bastante. Muitas seguradoras têm esses formulários prontos e eles podem ser utilizados se a corretora não possuir o seu próprio. A familiaridade do corretor de seguros com as questões desse documento é importante para ajudar em seu preenchimento e posterior precificação por parte da seguradora. Quando efetua a cotação, cada seguradora tem seu sistema. Por isso, o processo de cotação de um mesmo item precisa ser efetuado diversas vezes, tantas quantas forem as seguradoras escolhidas pela corretora. Atualmente, para a maioria dos produtos, é possível inserir os dados no sistema da seguradora e o resultado (preço do seguro) é apresentado em seguida. Porém, para alguns produtos mais complexos, isso pode levar alguns dias até o retorno à corretora, pois exigem atuação de uma “mesa interna de cotação” dentro da seguradora. Existem alguns sistemas comercializados no mercado que possibilitam inserir os dados de uma única vez, o próprio sistema calcula, em várias seguradoras, e apresenta os resultados de forma comparativa. O objetivo é economizar tempo da corretora, agilizando o processo interno. No entan- to, vale observarmos alguns aspectos importantes: ■ Esses sistemas aplicam-se apenas a alguns produtos como seguro automóvel, seguro saúde e seguro residência. ■ Existem diversos sistemas no mercado e fica a critério do corretor escolher aquele que melhor o atenda ou não optar por nenhum deles. 51 UNIDADE 3 OPERAÇÕES DE SEGURO ■ Cada sistema tem suas características e especificidades alinhadas com as seguradoras e o que vai garantir acesso às cotações de cada seguradora é o cadastramento/negociação do corretor com cada uma delas, o que se dá independentemente da aquisição do sistema. A forma de apresentação das cotações é um fator que também deve ser considerado pelos corretores. Como não existe um padrão, cada corretor pode adotar um critério: quantas cotações serão apresentadas, que cri- térios foram adotados para selecioná-las, que
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