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O que é ginástica e onde ela está inserida

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TEXTO 1 – extraído do PCN’s da Educação Física
“ESPORTES, JOGOS, LUTAS E GINÁSTICAS “
	Tentar definir critérios para delimitar cada uma destas práticas corporais é tarefa arriscada, pois as sutis interseções, semelhanças e diferenças entre uma e outra estãovinculadas ao contexto em que são exercidas. 
 	Existem inúmeras tentativas de circunscrever conceitualmente cada uma delas, a partir de diferentes pressupostos teóricos, mas até hoje não se chegou a um consenso. As delimitações utilizadas no presente documento têm o intuito de tornar viável ao professor e à escola operacionalizar e sistematizar os conteúdos da forma mais abrangente, diversificada e articulada possível. Assim, considera-se esporte as práticas em que são adotadas regras de caráter oficial e competitivo, organizadas em federações regionais, nacionais e internacionais que regulamentam a atuação amadora e a profissional. Envolvem condições espaciais e de equipamentos sofisticados como campos, piscinas, bicicletas, pistas, ringues, ginásios etc.
 	A divulgação pela mídia favorece a sua apreciação por um diverso contingente de grupos sociais e culturais. Por exemplo, os Jogos Olímpicos, a Copa do Mundo de Futebol ou determinadas lutas de boxe profissional são vistos e discutidos por um grande número de apreciadores e torcedores.
 	Os jogos podem ter uma flexibilidade maior nas regulamentações, que são adaptadas em função das condições de espaço e material disponíveis, do número de participantes, entre outros. São exercidos com um caráter competitivo, cooperativo ou recreativo em situações festivas, comemorativas, de confraternização ou ainda no cotidiano, como simples passatempo e diversão. Assim, incluem-se entre os jogos as brincadeiras regionais, os jogos de salão, de mesa, de tabuleiro, de rua e as brincadeiras infantis de modo geral.
 	As lutas são disputas em que o(s) oponente(s) deve(m) ser subjugado(s), com técnicas e estratégias de desequilíbrio, contusão, imobilização ou exclusão de um determinado espaço na combinação de ações de ataque e defesa. Caracterizam-se por uma regulamentação específica a fim de punir atitudes de violência e de deslealdade. Podem ser citados como exemplos de lutas desde as brincadeiras de cabo-de-guerra e braço-de-ferro até as práticas mais complexas da capoeira, do judô e do caratê.
 	As ginásticas são técnicas de trabalho corporal que, de modo geral, assumem um caráter individualizado com finalidades diversas. Por exemplo, pode ser feita como preparação para outras modalidades, como relaxamento, para manutenção ou recuperação da saúde ou ainda de forma recreativa, competitiva e de convívio social. Envolvem ou não a utilização de materiais e aparelhos, podendo ocorrer em espaços fechados, ao ar livre e na água. Cabe ressaltar que são um conteúdo que tem uma relação privilegiada com o bloco conhecimentos sobre o corpo�, pois nas atividades ginásticas esses conhecimentos se explicitam com bastante clareza. Atualmente, existem várias técnicas de ginástica que trabalham o corpo de modo diferente das ginásticas tradicionais (de exercícios rígidos, mecânicos e repetitivos), visando à percepção do próprio corpo: ter consciência da respiração, perceber relaxamento e tensão dos músculos, sentir as articulações da coluna vertebral.
 	Uma prática pode ser vivida ou classificada em função do contexto em que ocorre e das intenções de seus praticantes. Por exemplo, o futebol pode ser praticado como um esporte, onde se valorizam os aspectos formais, considerando as regras oficiais que são estabelecidas internacionalmente (e que incluem as dimensões do campo, o número de participantes, o diâmetro e o peso da bola, entre outros aspectos), com platéia, técnicos e árbitros. Pode ser considerado um jogo, quando ocorre na praia, ao final da tarde, com times compostos na hora, sem árbitro nem torcida, com fins puramente recreativos. E, em muitos casos, esses aspectos podem estar presentes simultaneamente. 
 	Incluem-se neste bloco as informações históricas sobre as origens e características dos esportes, jogos, lutas e ginásticas, e a valorização e apreciação dessas práticas.
TEXTO 2 – Extraído da obra Coletivo de Autores 
 	A ginástica, desde suas origens como a "arte de exercitar o corpo nu", englobando atividades como corridas, saltos, lançamentos e lutas, tem evoluído para formas esportivas claramente influenciadas pelas diferentes culturas. 
 	No currículo escolar tradicional brasileiro, são encontradas manifestações da ginástica de várias linhas européias, nas quais se incluem formas básicas do atletismo (caminhar, correr, saltar e arremessar), e formas básicas da ginástica (pular, empurrar, levantar, carregar, esticar). Incluem, também, exercícios em aparelhos (balançar na barra fixa, equilibrar na trave olímpica), exercícios com aparelhos manuais (salto com aros, cordas) e formas de luta. Dessa concepção de ginástica, os jogos têm sido parte importante. Enquanto aos exercícios anteriormente citados têm-se atribuído objetivos de desenvolvimento de algumas capacidades como força, agilidade, destreza, aos jogos tem cabido a representação das experiências lúdicas da própria comunidade. Até hoje, nos programas brasileiros, se evidencia a influência da calistenia e do esportivismo, ginástica artística ou olímpica, o que pode explicar o fato de a ginástica ser cada vez menos praticada nas escolas. 
 	A falta de instalações e aparelhos no estilo "olímpico" desestimula o professor a ensinar ginástica. Quando existem esses meios, sobressai a tendência à "esportivização" que fixa normas de movimento e determina o "sexismo"8 das provas, Por outro lado, a capacidade artística individual tida como "inata" acaba gerando a "elitização" da ginástica. O que legitimaria, então, a presença da ginástica nos programas de Educação Física? 
 	Pode-se entender a ginástica como uma forma particular de exercitação onde, com ou sem uso de aparelhos, abre-se a possibilidade de atividades que provocam valiosas experiências corporais, enriquecedoras da cultura corporal das crianças, em particular, e do homem, em geral. Sua prática é necessária na medida em que a tradição histórica do mundo ginástico é uma oferta de ações com significado cultural para os praticantes, onde as novas formas de exercitação em confronto com as tradicionais possibilitam uma prática corporal que permite aos alunos darem sentido próprio às suas exercitações ginásticas. 
 	Assim, a presença da ginástica no programa se faz legítima na medida em que permite ao aluno a interpretação subjetiva das atividades ginásticas, através de um espaço amplo de liberdade para vivenciar as próprias ações corporais. No sentido da compreensão das relações sociais, a ginástica promove a prática das ações em grupo onde, nas exercitações como "balançar juntos" ou "saltar com os companheiros", concretiza-se a "co-educação", entendida como forma particular de elaborar/praticar formas de ação comuns para os dois sexos, criando um espaço aberto à colaboração entre eles para a crítica ao "sexismo" socialmente imposto. Constituem-se fundamentos da ginástica: "saltar", "equilibrar", "rolar/girar", "trepar" e "'balançar/embalar". Por serem atividades que traduzem significados de ações historicamente desenvolvidas e culturalmente elaboradas, devem estar presentes em todos os ciclos em níveis crescentes de complexidade. Podemos explicar esses fundamentos numa forma simplificada que exprime o seu significado: - Saltar: Desprender-se da ação da gravidade, manter-se no ar e causem machucar-se. - Equilibrar: Permanecer ou deslocar-se numa superfície limitada, vencendo a ação da gravidade. - Rolar/girar: Dar voltas sobre os eixos do próprio corpo. - Trepar: Subir em suspensão pelos braços, com ou sem ajuda das pernas, em superfícies verticais ou inclinadas. - Balançar/embalar: Impulsionar-se e dar ao corpo um movimento de "vaivém". A elaboração de um programa de ginástica para as diferentes séries exige pensar na evolução que deve ter em sua abordagem, desde as formas espontâneas desolução dos problemas com técnicas rústicas nas primeiras séries, até a execução técnica aprimorada nas últimas séries do ensino fundamental, bem como do ensino médio, onde se atinge a forma esportiva, com e sem aparelhos formais. Tradicionalmente, "saltar" é abordado na ginástica escolar como a seqüência de um movimento classificável em três fases: "impulsão-vôo-queda", correspondendo a uma aprendizagem de formas fixas de movimento, que contempla até a parte do pé que deve apoiar-se primeiro na queda. A conseqüência para o aluno é ser submetido a exercitações de pequenos movimentos isolados de alguns segmentos do corpo. 
 	Por esse motivo, desenvolver um programa de ginástica que provoque no aluno atitudes de "curiosidade", "interesse", "criatividade" e "criticidade" exige necessariamente uma nova abordagem, na qual "saltar" seja um desafio para "descobrir" uma solução ao problema de desprenda-nos mantém presos ao chão. A abordagem problematizadora, anteriormente exemplificada, assegura a globalidade das ações das crianças e a compreensão do sentido/significado da própria prática.
TEXTO 3 – Ginástica na escola: possibilidades - 
Extraído e adaptado de: “Ginástica na escola: por onde ela anda professor?” de Andrize Ramires Costa1 , Céres Cemírames de Carvalho Macías1 Carmen Lilia da Cunha Faro1 Lucília Mattos1
 	Acreditamos que a Ginástica com um conteúdo não só de caráter formativo, mas que preconiza também uma formação humana, pois possibilita o uso de diversos materiais e de diversas formas; podem-se adotar regras de caráter oficial e competitivo; ou utilizar-se de diferentes ritmos e expressividade; ou perceber o relaxamento e tensão dos músculos, consciência da respiração, além de trabalhar a pluralidade sociocultural. 
“Vivências de atividades ginásticas no contexto escolar propiciam à criança e ao jovem a oportunidade de conhecer seu corpo, suas possibilidades de movimento e, consequentemente, seus limites corporais. Oportuniza, também, a compreensão e o domínio de seus movimentos, auxiliando no desenvolvimento de sua expressão e comunicação corporal.”
 	Um conteúdo onde todos os alunos podem experimentar e aprender algo novo, alcançando inúmeros resultados físicos, morais e intelectuais A partir de movimentos naturais básicos, como saltar, lançar, rolar, balançar, pendurar-se, equilibrar, girar, entre tantos outros; podemos introduzir o universo dos movimentos gímnicos no âmbito escolar. É através dessas vivências da Ginástica formativa - composta por exercícios generalizados e naturais conforme Bregolato12 - que as crianças desenvolveram naturalmente as chamadas qualidades físicas: resistência geral, coordenação motora, velocidade, equilíbrio, força, flexibilidade e ritmo, além da criatividade, consciência corporal e autoestima. Segundo Paoliello a ginástica natural é considerada “todas as habilidades que fazem parte do repertório motor do ser humano e que permitem a ele interagir com seu meio ambiente”. 
[...] atende à necessidade da criança em vivenciar as possibilidades de movimentação do seu corpo para que possa dominá-lo nas mais diversas situações do cotidiano, utilizá-lo como meio de expressão de suas vontades e intenções e, consequentemente, compreendê-lo como uma ferramenta para a comunicação com o meio.
 	 A ginástica deve fazer parte do conteúdo da Educação Física Escolar, não de forma competitiva, mas com formas naturais de movimento. Elementos da Ginástica Artística, como rolamento, estrela, ponte, parada de mãos, onde o corpo se encontra em posições e situações incomuns, estimulam os alunos a vencer as dificuldades do problema proposto, ter um melhor domínio do corpo, enfrentar situações ora seguras, ora “perigosas”; aguçar a atenção, emoção, concentração.
	A própria confecção dos materiais a serem utilizados nas aulas de Educação Física Escolar é uma possibilidade de introduzir o conteúdo Ginástica no âmbito escolar, incentivando a criatividade dos alunos, sendo atrativo para as crianças. Esse procedimento favorece a inventividade e enriquece o contexto educativo, além de ampliar o leque de opções de trabalho. Jornais, bexigas, tábuas, revistas, garrafas de plástico, pedaços de isopor, entre tantos outros, podem tornar-se um rico material pedagógico para o desenvolvimento das aulas de ginástica geral na escola
TEXTO 4 História da ginástica na Educação Física Escolar
Extraído e adaptado de: “Ginástica na escola: por onde ela anda professor?” de Andrize Ramires Costa1 , Céres Cemírames de Carvalho Macías1 Carmen Lilia da Cunha Faro1 Lucília Mattos1
No âmbito escolar, o início da Ginástica relaciona-se com o início da Educação Física, surgindo entre os séculos XVIII e XIX no chamado Movimento Ginástico Europeu; evidenciada pelas escolas de ginástica alemã, sueca e francesa. Novamente para desenvolver saúde, beleza e força nos indivíduos da sociedade, entretanto com características higienistas e militares – corpos produtivos e disciplinados.
 Com o passar dos tempos, a inclusão da ginástica, considerada como Educação Física, foi adaptada e com novas propostas incorporadas no sistema educacional. No Brasil, a Ginástica também teve grande influência das escolas alemã, sueca e francesa. “A Educação Física no Brasil, em suas primeiras tentativas para compor o universo escolar, surge como promotora da saúde física, da higiene física e mental, da educação moral e da regeneração ou reconstituição das raças”.
 Ayoub afirma que os exercícios ginásticos foram os meios mais apontados para desenvolvimento da Educação Física nas escolas, e “que, durante muito tempo, aula de educação física na escola foi sinônimo de aula de ginástica”. Com a chegada da Educação Física desportiva no Brasil, em meados de 1940, a ginástica até então primordial na Educação Física Escolar, foi gradativamente sendo esquecida e substituída por jogos e esportes. Atualmente a Ginástica é um elemento da cultura corporal, um conteúdo pedagógico que está ausente nas aulas de Educação Física Escolar. 
Por onde anda a ginástica na escola 
 	A Ginástica como conteúdo pedagógico está ausente nas escolas. Podemos dizer que a Ginástica está cada vez mais presente em clubes, academias centros de treinamento desportivo, entre outros. Toledo demonstra a difusão da Ginástica dentro e fora da escola desde 1890, evidenciando que houve um declínio dentro da escola de 80% a 30% e um crescimento fora da escola de 10% a 78%. Nesse sentido, esclarecemos que muitos professores aplicam atividades referentes à ginástica apenas como uma alternativa de aquecimento, com exercícios ginásticos simples e/ou alongamentos suaves, no modelo e ritmo do professor, no início ou término das aulas, não a considerando como um conteúdo a ser planejado e trabalhado de forma efetiva e regular.
 	Bracht corrobora essa tendência afirmando que apesar da Educação Física ter lançado mão de um leque de objetivos: cooperação, sociabilidade, autoconfiança, conhecimento de si; no entanto, o objetivo da escola é a aprendizagem do esporte, ficando a Ginástica e a corrida como simples aquecimento. “Ou seja, os conteúdos curriculares desenvolvidos nas aulas de Educação Física ainda não contemplam a prática da ginástica no ambiente escolar.”

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