Buscar

TM_Stefanie_Baptista

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 221 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 221 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 221 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Continue navegando


Prévia do material em texto

Universidade de Lisboa 
 
Faculdade de Farmácia 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O ESTUDO DA COINFECÇÃO LEISHMANIOSE-HIV EM MULHERES 
GRÁVIDAS: PREVENÇÃO DA TRANSMISSÃO VERTICAL E INFEÇÃO 
CONGÉNITA 
 
 
 
 
 
 
Stefanie Paixão Baptista 
 
 
 
 
 
 
Relatório de estágio orientado pela Prof. Doutora Quirina dos Santos Costa 
e coorientado pelo Dr. Carlos Cardoso 
 
 
 
 
 
Mestrado em Análises Clínicas 
 
 
 
 
 
2018 
 
 
 
 
 
 
Parte I 
 
 
 
 
 
IX Mestrado Análises Clínicas Parte I 
Stefanie Baptista Prefácio 
 v 
Prefácio 
Tendo em mente que o incrível corpo humano sempre me fascinou, bem como 
tudo o que está relacionado com a área da saúde, licenciei-me no curso de Ciências da 
Saúde pela Universidade de Lisboa, que me deu bases nas várias áreas da saúde. Durante 
os três anos adquiri conhecimentos teóricos e práticos, principalmente ao nível da 
Bioquímica, Microbiologia, Imunologia e Biologia Molecular. Com isto, conclui que o 
meu desejo era trabalhar na área laboratorial e como o curso não é profissionalizante, 
decidi continuar o 2º ciclo de estudos na área das Análises Clínicas. Assim, ingressei no 
Mestrado em Análises Clínicas da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa, 
cujo plano curricular é apelativo e enriquecedor, de forma a complementar os meus 
conhecimentos e alcançar o alvo de trabalhar nesta fascinante área. O presente relatório 
diz respeito ao estágio curricular realizado no âmbito do mestrado. 
 
Relativamente à organização, este relatório encontra-se dividido em cinco partes: 
na Parte I apresentam-se o prefácio, o resumo em português e inglês, os índices e lista de 
abreviaturas; na Parte II expõe-se o relatório de estágio, onde é apresentado um resumo 
do local de estágio, descrevendo os conhecimentos adquiridos nos mesmos, para as 
valências de Pré-Analítica, Hematologia, Bioquímica (incluindo o Radioimunoensaio e a 
Química Analítica) e Microbiologia (incluindo a Biologia Molecular); a Parte III diz 
respeito à monografia, desenvolvida no âmbito da valência de Microbiologia, com o título 
“O estudo da coinfecção Leishmaniose-HIV em mulheres grávidas: prevenção da 
transmissão vertical e infeção congénita”. Na Parte IV, apresentam-se as conclusões e 
perspetivas futuras. Por último, a Parte V apresenta os Anexos. 
 
Este relatório está de acordo com o disposto no Artigo 37.º do Regulamento Geral 
do Ciclo de Estudos conducente ao Grau de Mestre da FFULisboa, nº 134/2016, DR, 2.ª 
série — N.º 26, de 8 de fevereiro de 2016. 
 
 
 
 
 
 
 
 
IX Mestrado Análises Clínicas Parte I 
Stefanie Baptista Resumo 
 vi 
Resumo 
O estágio descrito neste relatório integra o plano de estudos do Mestrado em 
Análises Clínicas pela Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa decorreu no 
Laboratório Dr. Joaquim Chaves nas áreas de Pré-Analítica, Hematologia, Bioquímica e 
Microbiologia. 
Este relatório apresenta um resumo da experiência e conhecimentos adquiridos ao 
longo dos cerca de seis meses, descrevendo os produtos biológicos, a execução dos 
parâmetros analíticos, bem como as metodologias, sistemas e equipamentos utilizados. 
Refere ainda os procedimentos adotados para a implementação do Controlo de Qualidade 
Interno e Avaliação Externa da Qualidade. 
O estágio realizado foi, sem dúvida, uma mais valia pois permitiu colocar em 
prática os conhecimentos teóricos obtidos durante o mestrado, aprender metodologias 
avançadas e ainda adquirir experiência profissional. 
Neste documento é também apresentada, no âmbito da área de Microbiologia, uma 
revisão bibliográfica sobre o seguinte tema: o estudo da coinfecção Leishmaniose-HIV 
em mulheres grávidas: prevenção da transmissão vertical e infeção congénita. 
 
Palavras-chave: Pré-Analítica, Hematologia, Bioquímica, Microbiologia, Qualidade 
 
IX Mestrado Análises Clínicas Parte I 
Stefanie Baptista Abstract 
 vii 
Abstract 
The interneship described in this report integrates the study plan of the Masters in 
Clinical Analysis by the Faculty of Pharmacy of the University of Lisbon. It was carried 
out at the Dr. Joaquim Chaves Laboratory with respect to the areas of Pre-Analytical, 
Hematology, Biochemistry and Microbiology. 
This report summarizes the experience and knowledge over six months, 
describing the biological products needed to implement the respective analytical 
parameters, as well as the methodologies and equipment used for this purpose. It also 
refers to the procedures adopted for the implementation of Internal Quality Control and 
External Quality Assessment. 
This internship was, undoubtedly, an added value because it allowed to put into 
practice the theoretical knowledge obtained during the Master's degree, learning 
advanced methodologies and still gain professional experience. 
In this document is also presented a bibliographic review entitled: the study of 
Leishmaniasis-HIV coinfection in pregnant women: prevention of vertical transmission 
and congenital infection. 
 
 
Keywords: Pre-Analytical, Hematology, Biochemistry, Microbiology, Quality 
 
IX Mestrado Análises Clínicas Parte I 
Stefanie Baptista Agradecimentos 
 viii 
Agradecimentos 
Agradeço primariamente a todos os docentes e convidados pelos conhecimentos 
transmitidos, bem como pela acessibilidade demonstrada ao longo do Mestrado em 
Análises Clínicas. 
Quero agradecer também ao Dr. Carlos Cardoso pela oportunidade de estagiar 
num laboratório tão conceituado, ao Dr. Rui Pimentel pela sua grande disposição em 
ajudar, bem como a toda a equipa do Laboratório Dr. Joaquim Chaves, que me recebeu 
muitíssimo bem e me fez sentir tão integrada. 
 Em especial, quero expressar o meu agradecimento à Prof. Doutora Quirina 
Santos Costa pela orientação, disponibilidade e apoio. 
Acima de tudo, quero agradecer à minha família e amigos, especialmente aos 
meus pais, por todos os sacrifícios que têm feito para eu poder concluir os estudos. 
Aos meus avós por me terem acolhido nos últimos anos. E ao meu querido Andrei, 
por todo o amor, carinho, paciência e compreensão que tem demonstrado nestes últimos 
meses. Sem o vosso apoio, isto não teria sido possível. Agradeço do fundo do meu 
coração! 
 
 
IX Mestrado Análises Clínicas Parte I 
Stefanie Baptista Lista de Abreviaturas 
 ix 
Lista de Abreviaturas 
Parte II 
Relatório de Estágio 
 
 
aa Aminoácidos 
Ac Anticorpo 
AEQ Avaliação Externa da Qualidade 
Ag Antigénio 
AgHBs Antigénio de superfície do vírus da Hepatite B 
Anti-HBs Anticorpo do antigénio de superfície da hepatite B 
ALP Fosfatase alcalina 
ALT Alanina aminotransferase 
AST Aspartato aminotransferase 
AT Antidepressivos Tricíclicos 
ATCC American Type Culture Collection 
ATP Trifosfato de adenosina 
AVC Acidente Vascular Cerebral 
BASO Basófilos 
Ca2+ Ião cálcio 
CCR Recetor de quimiocinas do grupo CC, do inglês, CC Chemokine Receptor 
CHOD Colesterol oxidase 
CK Creatina Quinase 
CK-MB Isoenzima MB da creatina Quinase 
Cl- Ião cloro 
CLED Gelose Cistina Lactose Deficiente em Eletrólitos 
CLSI Clinical and Laboratory Standards Institute 
CMI Concentração Mínima Inibitória 
CNA Gelose Columbia ANC + 5% de sangue de carneiro 
CO2 Dióxido de carbono 
CQ Controlo da Qualidade 
CQI Controlo da Qualidade Interno 
IX Mestrado Análises Clínicas Parte I 
Stefanie Baptista Lista de Abreviaturas 
 x 
DIG Diagnóstico Imunológico de Gravidez 
DGS Direção-Geral da Saúde 
DNA Ácido Desoxirribonucleico, do inglês, Deoxyribonucleic acid 
EAM Enfarte agudo do miocárdio 
ECLIA Eletroquimioluminescência 
EDTA Ácido etilenodiaminotetracético 
EIA Ensaio imunoenzimático, do inglês, Enzyme Immunoassay 
ELISA Ensaio de imunoabsorção enzimática, do inglês, Enzime-linked 
immunosorbent assay 
EPO Eritropoietina 
FA Fosfatase Alcalina 
GGT γ-glutamil transferase 
GI Gastrointestinal 
GN Gram negativo 
GOT GlutamatoOxalacetato Transaminase 
Gp Glicoproteína 
GP Gram positivo 
GPT Glutamato Piruvato Transaminase 
Hb Hemoglobina 
HbA1c Hemoglobina Glicada 
HBV Vírus da Hepatite B, do inglês, Hepatitis B Virus 
hCG Gonadotropina coriónica humana 
HCO3 Ião bicarbonato 
HDL Lipoproteína(s) de alta densidade, do inglês, High Density Lipoprotein 
HEKT Gelose Hektoen 
HFLC Células linfocitárias de elevada fluorescência 
HFR Reticulócitos de Alta Fluorescência, do inglês, High-Flourescence 
Reticulocytes 
HIV Vírus da Imunodeficiência Humana, do inglês, Human Immunodeficiency 
Virus 
HK Hexoquinase 
HPLC Cromatografia Líquida de alta eficiência, do inglês, High performance 
liquid chromatography 
IgG Imunoglobulina G 
IX Mestrado Análises Clínicas Parte I 
Stefanie Baptista Lista de Abreviaturas 
 xi 
IgM Imunoglobulina M 
IG Granulócitos imaturos 
INSA Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge 
ISSO Organização Internacional de Normalização, do inglês, International 
Organization for Standardization 
IRMA Ensaio Imunoradiométrico 
K+ Ião potássio 
KCl Cloreto de potássio 
Lac Lactose 
LCR Líquido Cefalorraquidiano 
LDH Lactato desidrogenase 
LFR Reticulócitos de Baixa Fluorescência, do inglês, Low-Flourescence 
Reticulocytes 
LJC Laboratório Joaquim Chaves 
MCK Gelose MacConkey 
MFR Reticulócitos de Média Fluorescência, do inglês, Median-Flourescence 
Reticulocytes 
MRSA Staphylococcus aureus Meticilina-resistentes, do inglês, Methicillin-
resistant Staphylococcus aureus 
Na+ Ião sódio 
NADP Nicotinamida Adenina Dinucleótido Fosfato 
NADPH Nicotinamida Adenina Dinucleótido Fosfato reduzida 
nm Nanómetros 
NRBC Eritrócitos nucleados, do inglês, Nucleated Red Blood Cells 
PBJ Proteínas de Bence-Jones 
PCR Reação em Cadeia da Polimerase, do inglês, Polymerase Chain Reaction 
pH Potencial de hidrogénio 
PCT% Plaquetócrito 
PLT Plaquetas 
PNAEQ Programa Nacional de Avaliação Externa da Qualidade 
PSOF Pesquisa de Sangue Oculto nas Fezes 
PTGO Prova de Tolerância à Glicose Oral 
RBC Eritrócito, do inglês, Red Blood Cell 
RET Reticulócito 
IX Mestrado Análises Clínicas Parte I 
Stefanie Baptista Lista de Abreviaturas 
 xii 
RIA Radioimunoensaio, do inglês, Radioimmunoassay 
RN Recém-nascido 
Rpm Rotações por minuto 
RT-PCR Reação em Cadeia da Polimerase com Transcriptase Reversa, do inglês, 
Reverse Transcriptase Polymerase Chain Reaction 
SCA Síndrome Coronária Aguda 
SIDA Síndrome da Imunodeficiência Adquirida 
SHBG Globulina Ligante de Hormonas Sexuais 
SRC Síndrome da Rubéola Congénita 
T3 Tiroxina 
T4 Triiodotironina 
TA Temperatura ambiente 
TBG Globulina Ligadora de Tiroxina 
TMB Tetrametilbenzidina 
TSA Teste(s) de Suscetibilidade aos Antibióticos 
TSH Hormona Estimulante da Tiroide 
TVP Trombose Venosa Profunda 
UFC Unidades Formadoras de Colónias 
UK-NEQAS Serviço Nacional de Avaliação Externa da Qualidade do Reino Unido, do 
inglês, The United Kingdom National External Quality Assessment Service 
UV Ultravioleta 
VCAT Meio de gelose chocolate polyvitex 
VLDL Lipoproteínas de muito baixa densidade, do inglês, Very Low Density 
Lipoprotein 
VS Velocidade de Sedimentação 
WBC Leucócito, do inglês, White Blood Cell 
 
IX Mestrado Análises Clínicas Parte I 
Stefanie Baptista Lista de Abreviaturas 
 xiii 
 
Parte III 
O estudo da coinfecção Leishmaniose-HIV em mulheres grávidas: 
prevenção da transmissão vertical e infeção congénita 
 
 
AmB Anfotericina B, do inglês, Amphotericin B 
ART Terapêutica Antirretroviral, do Inglês, Antiretroviral Therapy 
Ca2+ Cálcio 
CDC Centros para o Controlo e Prevenção de Doenças, do inglês, Centers for 
Control and Prevention 
CL-AmB Complexo lipídico de anfotericina B, do inglês, Amphotericin B lipid 
complex 
CMSPs Células Mononucleares do Sangue Periférico 
DAT Teste de aglutinação direta, do inglês, Direct agglutination test 
DGS Direção-Geral da Saúde 
DNA Ácido Desoxirribonucleico, do inglês, Deoxyribonucleic acid 
ELISA Ensaio de imunoabsorção enzimática, do inglês, Enzime-linked 
immunosorbent assay 
EP4 Recetor da Prostaglandina E2 do tipo 4 
Gp Glicoproteína 
HAART Terapêutica Anti-retroviral Altamente Ativa 
HIV Vírus da Imunodeficiência Humana, do inglês, Human Immunodeficiency 
Virus 
IFAT Teste de imunofluorescência indireta, do inglês, Immunofluorescence 
antibody test 
IFN Interferão, do inglês, Interferon 
IkB Molécula inibidora do fator nuclear-kB 
IL Interleucina 
L-AmB Anfotericina B lipossomal, do inglês, Liposomal Amphotericin B 
LC Leishmaniose Cutânea 
LCD Leishmaniose Cutânea Difusa 
LCDS Leishmaniose Cutânea Disseminada 
IX Mestrado Análises Clínicas Parte I 
Stefanie Baptista Lista de Abreviaturas 
 xiv 
LCL Leishmaniose Cutânea Localizada 
LCR Líquido Cefalorraquidiano 
LMC Leishmaniose Mucocutânea 
LPG Lipofosfatoglicano 
LTR Terminal de Longa Repetição 
LV Leishmaniose Visceral 
NK Assassinas Naturais, do inglês, Natural Killer 
Nm Nanómetro 
NRTIs Nucleoside reverse transcriptase inhibitors 
PCR Reação de Polimerase em Cadeia, do inglês, Polymerase Chain Reaction 
PGE2 Prostaglandina E2 
PIs Inibidores de Protease Viral, do inglês, Protease Inhibitors 
PKA Proteína quinase A 
PKC Proteina quinase C 
POC Point of care 
PTK Proteína Tirosina Quinase 
p65/p50 Elementos ativos do fator nuclear kB 
qPCR Reação de Polimerase em Cadeia quantitativo, do inglês, quantitative 
Polymerase Chain Reaction 
R Recetor do LPG e/ou o seu núcleo de fosfatidil inositol 
rK39 Antigénio K39 recombinante 
RNA Ácido Ribonucleico, do inglês, Ribonucleic acid 
Sb Antimónio (símbolo químico) 
SIDA Síndrome da Imunodeficiência Adquirida 
TAN Técnica dos Ácidos Nucleicos 
Tat Proteína Transativadora da transcrição, do inglês, Trans-Activator of 
Transcription 
TGF-ß Fator de Crescimento Transformante Beta 
Th1 Células T Auxiliares do tipo 1 
Th2 Células T Auxiliares do tipo 2 
Th17 Células T Auxiliares do tipo 17 
TNF- Fator de Necrose Tumoral  
TREG Linfócito T Regulador, do inglês, Regulatory T cell 
UDI Utilizadores de Drogas Injetáveis 
IX Mestrado Análises Clínicas Parte I 
Stefanie Baptista Lista de Abreviaturas 
 xv 
WB Western Blot 
WHO Organização Mundial de Saúde, do inglês, World Health Organization 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
IX Mestrado Análises Clínicas Parte I 
Stefanie Baptista Índice Geral 
 xvii 
ÍNDICE GERAL 
 
PARTE I ................................................................................................................... III 
PREFÁCIO ................................................................................................................ V 
RESUMO ................................................................................................................. VI 
ABSTRACT ............................................................................................................ VII 
AGRADECIMENTOS ...........................................................................................VIII 
LISTA DE ABREVIATURAS ................................................................................. IX 
ÍNDICE DE FIGURAS .......................................................................................... XXI 
ÍNDICE DE TABELAS ....................................................................................... XXV 
 
PARTE II ..................................................................................................................... 1 
RELATÓRIO DE ESTÁGIO ..................................................................................... 3 
INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 5 
1. FASE PRÉ-ANALÍTICA - COLHEITAS E TRIAGEM ............................... 7 
2. HEMATOLOGIA .........................................................................................13 
2.1. HEMOGRAMA ............................................................................................... 13 
2.2. VELOCIDADE DE SEDIMENTAÇÃO .................................................................. 20 
2.3. HEMOGLOBINA GLICADA (HBA1C) ................................................................ 21 
2.4. ELETROFORESE DAS HEMOGLOBINAS ............................................................ 22 
2.5. AVALIAÇÃO DA HEMOSTASE E COAGULAÇÃO ............................................... 24 
2.6. IMUNOHEMATOLOGIA ................................................................................... 28 
3. BIOQUÍMICA ............................................................................................... 31 
3.1. IONOGRAMA ................................................................................................. 31 
3.2. QUÍMICA CLÍNICA E IMUNOENSAIOS.............................................................. 32 
3.2.1. Metabolismo dos Hidratos de Carbono ............................................. 33 
3.2.2. Metabolismo Lipídico ...................................................................... 34 
3.2.3. Metabolismo Proteico ...................................................................... 36 
3.2.4. Função Hepática e Tracto Biliar ....................................................... 36 
3.2.5. Função Renal ................................................................................... 38 
3.2.6. Função Pancreática .......................................................................... 40 
3.2.7. Metabolismo Fosfocálcico ............................................................... 40 
3.2.8. Função Cardíaca .............................................................................. 42 
3.2.9. Marcadores Tumorais....................................................................... 45 
3.2.10. Doenças Infeciosas ........................................................................... 47 
3.2.11. Rastreio Serológico da Grávida ........................................................ 50 
3.2.12. Sistema Endócrino ........................................................................... 52 
IX Mestrado Análises Clínicas Parte I 
Stefanie Baptista Índice Geral 
 xviii 
3.3. URIANÁLISE ................................................................................................. 58 
3.3.1. Diagnóstico Imunológico da Gravidez (DIG) ................................... 66 
3.4. ELETROFORESE DAS PROTEÍNAS .................................................................... 68 
3.5. LIPIDOGRAMA .............................................................................................. 73 
4. RADIOIMUNOENSAIO (RIA) .................................................................... 74 
5. QUIMIOLUMINESCÊNCIA ....................................................................... 77 
6. QUÍMICA ANALÍTICA ............................................................................... 79 
6.1. CROMATOGRAFIA LÍQUIDA DE ALTA DEFINIÇÃO (HPLC) .............................. 79 
6.2. ESPECTROFOTOMETRIA DE ABSORÇÃO NO INFRAVERMELHO .......................... 81 
6.3. ESPECTROFOTOMETRIA DE ABSORÇÃO ATÓMICA .......................................... 82 
6.4. ESPECTROMETRIA DE EMISSÃO ÓTICA POR PLASMA ACOPLADO 
INDUTIVAMENTE (ICP)............................................................................................. 83 
6.5. ESPECTROFOTOMETRIA DE ABSORÇÃO NO ULTRAVIOLETA E NO VISÍVEL ....... 84 
6.6. CROMATOGRAFIA GASOSA/ESPECTROMETRIA DE MASSA (GC/MS) ............... 85 
7. MICROBIOLOGIA ...................................................................................... 87 
7.1. HEMOCULTURA ............................................................................................ 87 
7.2. URINA ASSÉTICA .......................................................................................... 88 
7.3. EXSUDADO VAGINAL ................................................................................... 92 
7.4. EXSUDADO FARÍNGEO .................................................................................. 95 
7.5. EXSUDADO NASAL ....................................................................................... 95 
7.6. EXPETORAÇÃO ............................................................................................. 96 
7.7. EXSUDADO AURICULAR ................................................................................ 97 
7.8. ESPERMOCULTURA ....................................................................................... 98 
7.9. COPROCULTURA ........................................................................................... 99 
7.10. EXAME MICOLÓGICO .................................................................................. 100 
7.11. EXAME URETRAL ....................................................................................... 101 
7.12. PESQUISA DE OVOS, QUISTOS E PARASITAS ................................................. 104 
7.13. PESQUISA DE SANGUE OCULTO NAS FEZES (PSOF) ..................................... 105 
8. BIOLOGIA MOLECULAR........................................................................ 106 
8.1. EXTRAÇÃO DE ÁCIDOS NUCLEICOS ............................................................. 106 
8.2. AMPLIFICAÇÃO E DETEÇÃO - PCR .............................................................. 107 
8.3. MICROARRAYS DE BAIXA INTENSIDADE – CLART-STRIP........................... 108 
8.4. SONDAS EM LINHA - DNA STRIP ............................................................... 109 
8.5. ELISA ....................................................................................................... 110 
8.6. IMMUNOCAP ISAC SIGE 112 ................................................................... 110 
8.7. TESTES RÁPIDOS - IMUNOCROMATOGRAFIA ................................................. 111 
9. HIGIENE E SEGURANÇA ........................................................................ 112 
10. CONTROLO DA QUALIDADE ................................................................ 114 
BIBLIOGRAFIA .................................................................................................... 119 
 
PARTE III ............................................................................................................... 127 
O ESTUDO DA COINFECÇÃO LEISHMANIOSE-HIV EM MULHERES 
GRÁVIDAS: PREVENÇÃO DA TRANSMISSÃO VERTICAL E INFEÇÃO 
CONGÉNITA .......................................................................................................... 129 
IX Mestrado Análises Clínicas Parte I 
Stefanie Baptista Índice Geral 
 xix 
RESUMO ................................................................................................................ 131 
ABSTRACT ............................................................................................................ 132 
OBJETIVOS ........................................................................................................... 133 
MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................... 134 
INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 135 
1. EPIDEMIOLOGIA ..................................................................................... 139 
1.1. EUROPA ..................................................................................................... 141 
1.2. ÁSIA .......................................................................................................... 143 
1.2.1. Índia .............................................................................................. 144 
1.3. AMÉRICA ................................................................................................... 145 
1.3.1. Brasil .............................................................................................146 
1.4. ÁFRICA ...................................................................................................... 146 
1.4.1. Burkina Faso .................................................................................. 147 
1.4.2. Etiópia ........................................................................................... 147 
1.4.3. Somália .......................................................................................... 148 
1.4.4. Uganda .......................................................................................... 148 
1.4.5. Quénia ........................................................................................... 148 
1.4.6. Sudão ............................................................................................. 148 
2. ASPETOS CLÍNICOS ................................................................................ 150 
2.1. COINFECÇÃO ASSINTOMÁTICA .................................................................... 151 
2.2. COINFECÇÃO LEISHMANIOSE VISCERAL/HIV .............................................. 151 
2.2.1. Coinfecção Leishmaniose Dérmica Pós Kala-Azar (LDPK)/HIV ... 152 
2.2.2. Coinfecção Leishmaniose Visceral/HIV em Mulheres Grávidas ..... 153 
2.3. COINFECÇÃO LEISHMANIOSE CUTÂNEA/HIV .............................................. 153 
2.3.1. Coinfecção Leishmaniose Cutânea Localizada/HIV ....................... 154 
2.3.2. Coinfecção Leishmaniose Recidiva Cutis/HIV ............................... 154 
2.3.3. Coinfecção Leishmaniose Cutânea Disseminada/HIV .................... 154 
2.3.4. Coinfecção Leishmaniose Cutânea Difusa/HIV .............................. 155 
2.3.5. Coinfecção Leishmaniose Mucocutânea/HIV em Mulheres Grávidas
 155 
2.4. COINFECÇÃO DOENÇA DE RECONSTITUIÇÃO IMUNOLÓGICA (DRI)/HIV ....... 155 
3. IMUNOPATOGÉNESE .............................................................................. 157 
4. DIAGNÓSTICO .......................................................................................... 161 
4.1. PARASITOLÓGICO ....................................................................................... 161 
4.1.1. Microscopia ................................................................................... 161 
4.1.2. Cultura ........................................................................................... 161 
4.2. SEROLÓGICO .............................................................................................. 162 
4.3. ANTIGÉNICO............................................................................................... 163 
IX Mestrado Análises Clínicas Parte I 
Stefanie Baptista Índice Geral 
 xx 
4.4. MOLECULAR .............................................................................................. 163 
4.5. ESTRATÉGIA DE DIAGNÓSTICO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE DE ÁREAS ENDÉMICAS
 164 
5. TERAPÊUTICA .......................................................................................... 168 
5.1. LEISHMANIOSE ........................................................................................... 169 
5.1.1. Antimoniais Pentavalentes (AP) – Sb5+.......................................... 169 
5.1.2. Desoxicolato de Anfotericina B (ANB) .......................................... 170 
5.1.3. Anfotericina B Lipídica (ANB-L) .................................................. 170 
5.1.4. Miltefosina ..................................................................................... 171 
5.1.5. Sulfato de Paramomicina ou Aminosidina ...................................... 172 
5.1.6. Isotionato de Pentamidina .............................................................. 172 
5.1.7. Outros Fármacos ............................................................................ 173 
5.1.8. Combinações ................................................................................. 173 
5.2. OUTRAS ABORDAGENS TERAPÊUTICAS ....................................................... 173 
5.3. PREVENÇÃO ............................................................................................... 173 
CONCLUSÃO ......................................................................................................... 175 
BIBLIOGRAFIA .................................................................................................... 177 
 
PARTE IV ................................................................................................................ 181 
CONCLUSÕES E PERSPETIVAS FUTURAS ..................................................... 183 
 
PARTE V ................................................................................................................. 185 
ANEXOS ................................................................................................................. 187 
 
IX Mestrado Análises Clínicas Parte I 
Stefanie Baptista Índice de Figuras 
 xxi 
Índice de Figuras 
Parte II 
Relatório de Estágio 
 
Figura 1. Sistema de vácuo da BD Vacutainer® utilizado para a colheita de sangue ..... 8 
Figura 2. Tubo coletor para pesquisa de sangue oculto nas fezes para o aparelho OC-
Sensor Diana® (Eiken) ......................................................................................... 11 
Figura 3. Cobas conection modules (CCM) e sua conexão com analisadores e 
sistemas pré-analíticos e pós-analíticos da cobas ............................................... 12 
Figura 4. Sysmex XN-1000™ Hematology Analyzer ................................................. 14 
Figura 5. Gráfico WDF scattergram obtido pelo Sysmex XN-1000™ ........................ 14 
Figura 6. Canal de análise diferencial de leucócitos .................................................... 15 
Figura 7. Canal WNR obtido pelo Sysmex XN-1000™ .............................................. 15 
Figura 8. Método de impedância utilizado no canal RBC/PLT Sysmex XN-1000™ ... 16 
Figura 9. Exemplo de gráficos obtidos para RBC e PLT com equipamento Sysmex XN-
1000™ ................................................................................................................ 16 
Figura 10. Método de acumulação da altura dos impulsos dos eritrócitos num volume 
fixo para obtenção do valor do hematócrito (HCT%) ........................................... 17 
Figura 11. Representação esquemática da determinação da hemoglobina pelo método 
de deteção SLS .................................................................................................... 17 
Figura 12. Canal Ret/PLT-O obtido através do Sysmex XN-1000™ .......................... 19 
Figura 13. Aparelho VES-MaticTM Cube-200 ................ Erro! Marcador não definido. 
Figura 14. Método de Westergren modificado para determinar a VS ... Erro! Marcador 
não definido. 
Figura 15. Sistemas automáticos para determinação da HbA1c.................................... 22 
Figura 16. Resultado de uma eletroforese de hemoglobinas obtidos por HPLC com o 
VARIANT™ II TURBO Hemoglobin Testing System ........................................ 23 
Figura 17. Aparelho BCS® XP System ....................................................................... 25 
Figura 18. Aparelho ORTHO AutoVue® Innova System ............................................ 28 
Figura 19. Esquematização do Teste de Coombs ........................................................ 30 
Figura 20. Cobas 8000 modular analyzer series. ....................................................... 31 
Figura 21. Evolução dos marcadores cardíacos após ocorrência de lesão tecidular ..... 44 
IX Mestrado Análises Clínicas Parte I 
Stefanie Baptista Índice de Figuras 
 xxii 
Figura 22.Evolução dos marcadores serológicos durante a Hepatite B aguda .............. 48 
Figura 23. Resposta serológica à infeção por Toxoplasma gondii ............................... 51 
Figura 24. Aparelho Cobas 6500 urine analyzer series ............................................. 59 
Figura 25. TirasSiemens Multistix 10 SG ................................................................ 63 
Figura 26. Eritrócitos no sedimento urinário............................................................... 64 
Figura 27. Leucócitos segmentados na urina .............................................................. 64 
Figura 28. Células escamosas. .................................................................................... 65 
Figura 29. Cilindros urinários..................................................................................... 65 
Figura 30. Cristais urinários. ...................................................................................... 66 
Figura 31. Resultados possíveis obtidos com o kit hCG Pregnancy Test ..................... 67 
Figura 32. Eletroforese das proteínas séricas. ............................................................. 68 
Figura 33. Perfil eletroforético de situações clínicas em que há redução da fração 
albumina ............................................................................................................. 69 
Figura 34. Perfil eletroforético das proteínas de fase aguda e na Síndrome Nefrótica.. 70 
Figura 35. Estrutura esquemática de Ig ....................................................................... 70 
Figura 36. Perfil eletroforético de pico policlonal, pico monoclonal de 
hipoglobulinemia/agamaglobulinemia ................................................................. 71 
Figura 37. Aparelho HYDRASYS 2® da Sebia........................................................... 72 
Figura 38. Eletroforese em gel obtida com o kit Hydragel Bence Jones ...................... 72 
Figura 39. Eletroforese em gel obtida com o kit Hydragel 7 LIPO +Lp (a) ................. 73 
Figura 40. Contador de Raios Gama Wallac Wizard................................................... 74 
Figura 41. Aparelho IMMULITE® 2000 da Siemens .................................................. 77 
Figura 42. Sistema HPLC Shimadzu .......................................................................... 80 
Figura 43. Determinação do interferograma ............................................................... 82 
Figura 44. Espectrofotómetro de Absorção Atómica Shimadzu AA 6800. .................. 83 
Figura 45. Equipamento Varian Vista MPX – ICP/OES ............................................. 84 
Figura 46. Espectrofotómetro Genesys 5 UV-VIS ...................................................... 84 
Figura 47. Determinação de substâncias por GC/MS .................................................. 85 
Figura 48. Equipamento BacT/ALERT ...................................................................... 88 
Figura 49. Equipamento Sysmex UF-1000iTM ............................................................ 89 
Figura 50. Meios de cultura utilizados para identificação e TSA da bactéria 
Staphylococcus aureus em amostra de urina ........................................................ 91 
Figura 51. Meios de cultura utilizados para identificação e TSA da bactéria Echerichia 
coli em amostra de urina ...................................................................................... 91 
IX Mestrado Análises Clínicas Parte I 
Stefanie Baptista Índice de Figuras 
 xxiii 
Figura 52. Amostras de urina em Meio CLED............................................................ 92 
Figura 53. Exame direto com coloração Gram do exsudado vaginal ........................... 94 
Figura 54. Trichomonas vaginallis em exame citológico vaginal ................................ 94 
Figura 55. Diplococcos GN no exame direto corado pelo Gram, com morfologia 
sugestiva de Neisseria gonorrhoeae .................................................................. 102 
Figura 56. Aparelho MagNA Pure LC 2.0 Instrument .............................................. 106 
Figura 57. Componentes necessários para a realização da RT-PCR e respetivo produto
 .......................................................................................................................... 107 
Figura 58. Equipamento cobas 4800 System da Roche ........................................... 108 
Figura 59. Equipamento LigthtCycler 2.0 da Roche ............................................... 108 
Figura 60. Esquema do método de visualização das sondas CLART-Strip .............. 109 
Figura 61. Padrão específico de bandas nas DNA-STRIP para vários genótipos do 
Mycobacterium ................................................................................................. 110 
Figura 62. Representação esquemática do erro total ................................................. 117 
 
IX Mestrado Análises Clínicas Parte I 
Stefanie Baptista Índice de Figuras 
 xxiv 
Parte III 
O estudo da coinfecção Leishmaniose-HIV em mulheres grávidas: 
prevenção da transmissão vertical e infeção congénita 
 
Figura 1. Formas promastigotas de Leishmania sp em cultura. ................................. 135 
Figura 2. Phlebotomus papatasi, flebótomo responsável pela transmissão do parasita 
Leishmania ........................................................................................................ 135 
Figura 3. Estrutura do HIV ....................................................................................... 136 
Figura 4. Endemicidade da LV no mundo em 2015 .................................................. 139 
Figura 5. Endemicidade da LC no mundo em 2015 .................................................. 140 
Figura 6. Prevalência do HIV nos adultos de idades compreendidas entre os 15 e os 49 
anos, em 2016 ................................................................................................... 141 
Figura 7. Ciclo de Vida da Leishmania sp no ser humano......................................... 150 
Figura 8. Lesões de Leishmaniose Cutânea .............................................................. 154 
Figura 9. Representação esquemática dos mecanismos de sinalização envolvidos na 
expressão da Leishmania sp-Lipofosfoglicano-mediada pelo HIV-1 através dos 
monócitos/macrófagos e linfócitos T ................................................................. 159 
Figura 10. Resposta Imunológica de células T maternas e os seus efeitos durante a 
gravidez coexistente com infeção por Leishmania sp ......................................... 160 
Figura 11. Microscopia ótica de formas amastigotas de Leishmania spp. num aspirado 
de medula óssea ................................................................................................ 162 
Figura 12. Algoritmo para o diagnóstico de LV em indivíduos infetados com HIV .. 165 
Figura 13. Algoritmo para o diagnóstico de HIV ...................................................... 167 
 
IX Mestrado Análises Clínicas Parte I 
Stefanie Baptista Índice de Tabelas 
 xxv 
Índice de Tabelas 
Parte II 
Relatório de Estágio 
 
Tabela 1. Índices eritrocitários e respetivas fórmulas .................................................. 18 
Tabela 2. Resultados das tiras-teste para a Esterase Leucocitária ................................ 60 
Tabela 3. Resultados das tiras-teste para as Proteínas ................................................. 61 
Tabela 4. Resultados das tiras-teste para os Eritrócitos ............................................... 62 
Tabela 5. Descrição de análises executadas por radioimunoensaio competitivo .......... 75 
Tabela 6. Descrição de análises executadas por ensaio IRMA .................................... 76 
Tabela 7. Descrição de análises executadas por HPLC ............................................... 80 
Tabela 8. Produtos Biológicos e respetivos meios de cultura .................................... 103 
 
 
IX Mestrado Análises Clínicas Parte I 
Stefanie Baptista Índice de Tabelas 
 xxvi 
Parte III 
O estudo da coinfecção Leishmaniose-HIV em mulheres grávidas: 
prevenção da transmissão vertical e infeçãocongénita 
 
Tabela 1. Técnicas predefinidas para o diagnóstico de Leishmaniose Visceral em áreas 
altamente endémicas, por nível de sistema de saúde, segundo a estratégia da WHO
 .......................................................................................................................... 164 
 
 
 
 
 
 
 
Parte II 
 
 
 
 
 
 
 
 
Universidade de Lisboa 
 
Faculdade de Farmácia 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RELATÓRIO DE ESTÁGIO 
 
 
 
 
 
 
Stefanie Paixão Baptista 
 
 
 
 
 
 
Relatório de Estágio orientado pelo Dr. Carlos Cardoso 
 
 
 
 
 
 
Mestrado em Análises Clínicas 
 
 
 
 
 
2018 
 
 
 
 
IX Mestrado Análises Clínicas Parte II 
Stefanie Baptista Introdução 
 5 
INTRODUÇÃO 
O estágio descrito neste relatório integra o plano de estudos do Mestrado em 
Análises Clínicas pela Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa e foi realizado 
no Laboratório de Análises Clínicas Dr. Joaquim Chaves (LJC) em Miraflores, Lisboa 
para as seguintes valências: Pré-Analítica, Hematologia, Bioquímica e Microbiologia, 
orientado pelo Dr. Carlos Cardoso. 
A Joaquim Chaves Saúde (JCS) é um grupo português que, desde 1959, opera 
exclusivamente no sector da saúde, participando com competência e elevada qualidade 
no progresso da medicina, num percurso de rigor e qualidade na prestação de cuidados 
de saúde às populações. Após a criação do Laboratório de Análises Clínicas Dr. Joaquim 
Chaves, a primeira empresa a ser constituída, a JCS cresceu de forma sustentada no sector 
da saúde com a sucessiva abertura de modernas unidades em Portugal Continental, 
Madeira e Açores, com particular destaque para as áreas de Laboratório - Análises 
Clínicas, Clínicas Médicas, Tratamento Oncológico e Saúde Mental. A motivação e o 
compromisso da empresa é proporcionar o acesso às melhores soluções existentes no 
sector da saúde, aliando uma elevada competência e especialização humana à 
disponibilização das tecnologias mais avançadas (1). 
O LJC adotou um Sistema de Gestão da Qualidade, em que são aplicados e 
cumpridos os requisitos da Norma 9001:2015 da Organização Internacional de 
Normalização (ISO, do inglês, International Organization for Standardization), Normas 
para o Laboratório Clínico da Ordem dos Farmacêuticos e do Manual de Boas Práticas 
Laboratoriais. 
Neste relatório resumo a experiência e conhecimento adquiridos nas várias áreas 
do laboratório, ao longo dos cerca de sete meses, mais concretamente 1080 horas, 
distribuídas da seguinte forma: 104 horas na Fase Pré-Analítica, 280 horas na 
Hematologia, 368 horas na Bioquímica e 256 horas na Microbiologia. As imagens aqui 
apresentadas foram obtidas a partir da bibliografia indicada, bem como dos folhetos 
informativos e datasheets das técnicas e equipamentos disponibilizadas pelo próprio 
Laboratório Dr. Joaquim Chaves, referentes especificamente ao período de estágio 
indicado. 
Os objetivos da realização do estágio passaram por promover a integração no meio 
profissional, aplicando os conhecimentos adquiridos ao longo das unidades curriculares 
do mestrado e desenvolver capacidades como a organização, trabalho em equipa e 
IX Mestrado Análises Clínicas Parte II 
Stefanie Baptista Introdução 
 6 
capacidade crítica. Este relatório descreve a metodologia utilizada em cada área, os 
parâmetros analisados e ainda o seu significado clínico. Por fim, é brevemente descrito o 
sistema de higiene e segurança no LJC, bem como o Controlo de Qualidade. 
 
IX Mestrado Análises Clínicas Parte II 
Stefanie Baptista Fase Pré-Analítica 
 7 
1. FASE PRÉ-ANALÍTICA - COLHEITAS E TRIAGEM 
De modo a corresponder às necessidades da população, o Laboratório Dr. Joaquim 
Chaves conta com uma rede de mais de 150 Postos de Colheitas a nível nacional. Nestes, 
realiza-se a colheita das amostras biológicas, formação e informação relacionada com o 
material de colheita de acordo com a natureza do produto e a determinação analítica a 
efetuar. Todos os procedimentos das colheitas são seguidos conforme descrito abaixo, a 
fim de garantir a fiabilidade dos resultados (2). 
Colheita de Produtos Biológicos: 
Antes de realizar a colheita é importante certificar-se que o utente está em 
condições de a fazer (preparação prévia) e se aplicável preencher os questionários e 
modelos. O material utilizado deve ser todo identificado com código de barras na 
presença do utente e as informações clínicas relevantes devem ser referidas na Ficha 
Individual de Utente (3). 
Sangue 
A colheita de sangue deve ser efetuada durante o período da manhã e o utente 
deve estar em jejum (mínimo de 8h), à exceção dos casos de urgência ou quando há 
indicação em contrário. No entanto, nas colheitas para o estudo do Metabolismo Lipídico 
o jejum deve ser de 10-12h. Nos recém-nascidos e nos lactentes, a colheita deve ser feita 
nos 30 minutos antes da refeição. 
Usar luvas descartáveis, selecionar o sistema de vácuo ou sistema de seringa-
agulha, desinfetar a região a puncionar com algodão embebido em solução de Etanol a 
70% (substituir o Etanol por Betadine® na determinação da alcoolemia) e aplicar o 
garrote. A ordem de colheita dos tubos deve ser a seguinte (conforme recomendado pela 
casa comercial BD Vacutainer® e de forma a evitar contaminações): 
1º Frascos para hemocultura 
2º Tubos para coagulação (citrato de sódio) 
3º Tubos para soro, com gel separador 
4º Tubos isentos de metais 
5º Tubos com heparina 
6º Tubos com EDTA, com ou sem gel separador (EDTA-gel e hemograma) 
IX Mestrado Análises Clínicas Parte II 
Stefanie Baptista Fase Pré-Analítica 
 8 
Seguidamente pressionar com o algodão a zona puncionada durante alguns 
minutos e homogeneizar cuidadosamente por inversões sucessivas (5-10 vezes) todas as 
amostras colhidas para tubos com aditivos e depois colocá-las na posição vertical. As 
agulhas devem ser colocadas em contentos próprios para cortantes (3). 
Urina 
- Urina tipo II/ 2 – Exame Sumário de Urina 
A colheita da urina tipo II deve ser a primeira da manhã ou com uma retenção 
vesical de pelo menos 4h, para um tubo próprio. Limpa-se os genitais externos, da frente 
para trás na mulher e a glande nos homens, ou a região perineal nas crianças. A colheita 
deve ser efetuada, preferencialmente 7 dias depois da administração de produtos de 
contraste radiológico (TAC ou ressonância magnética) (3). 
- Urina assética 
A colheita da urina assética deve corresponder à primeira urina da manhã ou após 
duas a três horas de retenção vesical. Antes de efetuar a colheita lavar as mãos, depois 
limpar os genitais externos, de seguida desprezar as primeiras gotas de urina e finalmente 
recolher o jato médio para o coletor. Deve ser enviado o coletor, estável 24h refrigerado, 
juntamente com o tubo com conservante, estável 24h à TA (3). 
- Urina de 24h 
A colheita da urina de 24h realiza-se, tal como o nome indica, durante 24h. Por 
exemplo, iniciando-se a colheita às 8h, esta deve ser rejeitada e a partir daí, recolhe-se 
toda a urina até às 8h do dia seguinte, inclusive. Antes de cada micção, limpar os genitais 
externos, da frente para trás na mulher e a glande nos homens, ou a região perineal nas 
crianças (3). 
Figura 1. Sistema de vácuo da BD Vacutainer® utilizado para a colheita de sangue. a) tubo para soro b) tubo para 
hemograma c) tubo para coagulação d) agulha butterfly e) agulha e adaptador de tubo de vácuo [Adaptado de (4)]. 
a) b) c) d) 
e) 
IX Mestrado Análises Clínicas Parte II 
Stefanie Baptista Fase Pré-Analítica 
 9 
Esperma 
- Espermocultura 
 A colheita para espermocultura deve ser uma colheita de esperma recente após 
higiene prévia das mãos e órgãos genitais, com uma abstinência sexual nos 3 dias 
anteriores à colheita. A estabilidade é de 12h à TA (3). 
- Espermograma 
A colheita para o espermograma trata-se de uma colheita de esperma realizada no 
laboratório, que necessitade um período de abstinência sexual de 3 dias antes do exame 
(3). 
Expetoração 
A colheita da expetoração deve ser realizada de manhã, para um coletor estéril, 
após higiene nasal e oral apenas com água, e deve ser resultante de tosse provocada (3). 
Exsudado 
- Exsudado amigdalino 
A colheita do exsudado amigdalino realiza-se pressionando a língua para baixo 
com a espátula e passando a zaragatoa sobre toda a superfície de aspeto patológico 
(vermelho ou com pus), evitando tocar nos lábios, língua e úvula. A zaragatoa deve ser 
introduzida no meio de Stuart. O doente não deve comer ou beber 2 a 3 horas antes da 
colheita (3). 
- Exsudado Ano rectal 
A colheita do exsudado Ano rectal realiza-se com um zaragatoa ao nível do reto 
devendo ser colocada no meio de Stuart e torna-se importante na grávida para pesquisa 
de Streptococcus do grupo B. É estável 24h refrigerado (3). 
- Exsudado auricular 
A colheita do exsudado auricular realiza-se no canal auditivo externo, com 2 
zaragatoas. Uma deve ser introduzida no meio de Stuart e outra é utilizada para o 
esfregaço de duas lâminas. É estável 12h à TA (3). 
 
IX Mestrado Análises Clínicas Parte II 
Stefanie Baptista Fase Pré-Analítica 
 10 
- Exsudado faríngeo 
A colheita do exsudado faríngeo realiza-se pressionando a língua para baixo com a 
espátula e passando a zaragatoa sobre toda a superfície de aspeto patológico (vermelho 
ou com pus), evitando tocar nos lábios, língua e úvula. A zaragatoa deve ser introduzida 
no meio de Stuart. O doente não deve comer ou beber 2 a 3 horas antes da colheita (3). 
- Exsudado nasal 
A colheita do exsudado nasal realiza-se introduzindo uma zaragatoa na mucosa 
nasal e rodando-a até encontrar resistência. Repete-se o processo na outra narina e 
introduz-se as zaragatoas no meio de Stuart. O Utente não deve assoar-se e a colheita é 
estável 24h refrigerada (3). 
- Exsudado ocular 
A colheita do exsudado ocular deve ser realizada com zaragatoa na parte interna 
da pálpebra inferior, introduzindo-a em meio de Stuart. Caso seja necessário, pode-se 
humedecer a zaragatoa com soro fisiológico. Devem ser feitos também dois esfregaços 
com outra zaragatoa. A amostra é estável 12h à TA (3). 
- Exsudado uretral 
A colheita do exsudado uretral deve ser realizada de manhã, antes de urinar, ou 
no mínimo 3h após a última micção. Colher o exsudado com uma zaragatoa e colocá-la 
no meio de Stuart e com outra zaragatoa realizar dois esfregaços. No caso do homem, 
pressionar a uretra de modo a estimular a saída de corrimento e efetuar os esfregaços. De 
seguida, utilizar a outra zaragatoa, colher mais corrimento e colocá-la em meio de Stuart. 
Quando não há corrimento introduzir uma zaragatoa fina e flexível cerca de 2 cm no 
meato uretral. A colheita é estável 12h a TA (3). 
- Exsudado vaginal 
A colheita do exsudado vaginal realiza-se após a limpeza dos genitais externos, 
introduz-se o espéculo estéril até expor corretamente o colo do útero e efetua-se a colheita 
com zaragatoa, introduzindo-a no meio de Stuart. Seguidamente utiliza-se outra zaragatoa 
para fazer dois esfregaços. A colheita é estável 12h à TA. Se pedido pesquisa de 
Chlamydia juntar também uma zaragatoa ao kit Chlamydia (3). 
 
IX Mestrado Análises Clínicas Parte II 
Stefanie Baptista Fase Pré-Analítica 
 11 
- Exsudado vulvar 
A colheita do exsudado vulvar realiza-se passando uma zaragatoa sobre a região 
inflamada e realizar dois esfregaços e colocando uma segunda zaragatoa no meio de 
Stuart (3). 
Fezes 
A colheita de fezes deve ser feita para um tubo estéril, uma amostra do tamanho 
de uma noz. Estabilidade variável conforme a análise (3). 
- Pesquisa de Sangue Oculto nas fezes 
 A colheita para a pesquisa de sangue oculto nas fezes não deve ser realizada 
durante o período menstrual nem em situações de hemorroidas com hemorragia e deve-
se evitar que as fezes sejam contaminadas com urina. A amostra deve ser colhida com a 
vareta, no caso do coletor para sangue oculto (Figura 2) e é estável 7 dias refrigerada, ou 
deve ser colhida uma amostra do tamanho de noz, no caso do coletor estéril e é estável 3 
dias refrigerada (3). 
- Pesquisa de ovos, quistos e parasitas nas fezes 
A colheita para pesquisa de ovos, quistos e parasitas nas fezes deve ser realizada 
para o coletor próprio ou para um coletor lavado e seco. A amostra é estável 3 dias 
refrigerada (3). 
 - Coprocultura 
 A colheita para a coprocultura deve ser realizada para um coletor com meio de 
transporte ou para um coletor estéril. Colocar fezes até à linha com a seta vermelha no 
caso do coletor com o meio de transporte, que é estável 4 dias à TA. Colocar uma amostra 
do tamanho de uma noz no caso do coletor estéril e entregar no próprio dia (3). 
 
 
 
 
 
Figura 2. Tubo coletor para pesquisa de sangue oculto nas fezes para o 
aparelho OC-Sensor Diana® (Eiken) [Adaptado de (5)]. 
IX Mestrado Análises Clínicas Parte II 
Stefanie Baptista Fase Pré-Analítica 
 12 
Triagem dos Produtos Biológicos: 
As amostras colhidas nos postos próprios da Joaquim Chaves Saúde, bem como 
as dos postos de terceiros, de outros laboratórios e de hospitais chegam ao Laboratório à 
área da triagem, que é responsável pela execução e controlo da fase pré-analítica do 
Laboratório, nomeadamente pela receção, verificação, processamento e manipulação 
primária das amostras biológicas. Aqui são também registadas as falhas de colheitas e 
comunicadas aos postos, laboratórios ou hospitais (6). 
A partir da triagem, as amostras são encaminhadas até às respetivas áreas. Nesta 
fase, o cobas conection modules (CCM) desempenha um papel importante, já que este 
aparelho automático permite a conexão com analisadores e sistemas pré-analíticos e pós-
analíticos da cobas, conforme a Figura 3. 
 
 
 
Figura 3. Cobas conection modules (CCM) e sua conexão com analisadores e sistemas pré-analíticos e 
pós-analíticos da cobas [Adaptado de (7)]. 
IX Mestrado Análises Clínicas Parte II 
Stefanie Baptista Hematologia 
 13 
2. HEMATOLOGIA 
A Hematologia é a especialidade que estuda o sangue e os seus componentes nas 
vertentes clínica e de laboratório, nomeadamente as células sanguíneas – eritrócitos, 
leucócitos e plaquetas – e os órgãos que os produzem (órgãos hemapoiéticos) – medula 
óssea, baço e gânglios linfáticos (8). 
Ao nível da investigação hematológica, os exames complementares de 
diagnóstico requisitados incluem o Hemograma, a Velocidade de Sedimentação, a 
Hemoglobina Glicada, a Eletroforese de Hemoglobinas, a avaliação da Hemostase e 
Coagulação e parâmetros Imunohematolgógicos. Todos estes serão descritos de seguida. 
 
2.1. Hemograma 
O hemograma tem como objetivo analisar os elementos figurados do sangue, 
nomeadamente o eritrograma, o leucograma e também as plaquetas, bem como 
determinar os índices de cada série. 
O Sysmex XN-1000™ Hematology Analyzer (Figura 4) é um equipamento 
hematológico que realiza a determinação destes mesmos parâmetros, utilizando a 
citometria de fluxo com fluorescência, que fornece informação sobre o tamanho e 
estrutura celulares, assim como sobre o conteúdo das células. Neste método, as células 
são examinadas enquanto fluem através de uma célula de fluxo muito estreita. Primeiro, 
a amostra de sangue é aspirada e diluída de acordo com um fator pré-determinado e é 
marcada com um marcador fluorescente que se liga especificamente aos ácidos nucleicos. 
Em seguida, a amostra é transportada para a célula de fluxo e iluminada por um laser 
semicondutor (=639nm), que consegue separar as células utilizando três sinais diretos: 
- Luz fluorescente lateral, que indica a quantidade de DNA/RNA presente 
na célula. 
- Luz dispersa lateralmente, que fornece informação sobre o conteúdo 
celular, nomeadamente núcleos e grânulos. 
- Luz dispersa frontalmente, que indica o tamanho celular (9). 
Células com propriedades físico-químicas similares constituemum grupo num 
gráfico denominado diagrama de dispersão (p.e. Figura 5). 
IX Mestrado Análises Clínicas Parte II 
Stefanie Baptista Hematologia 
 14 
 
 
 
 
 
 
Canal de Análise diferencial de leucócitos - WBC 
O Canal de Análise diferencial de leucócitos é obtido através de uma reação 
citoquímica das células com um reagente que perfura as membranas celulares, deixando-
as intactas. De seguida, o DNA e o RNA intracelular são marcados com o corante de 
fluorescência e analisados por citometria de fluxo com fluorescência. A intensidade do 
sinal de fluorescência é diretamente proporcional ao conteúdo dos ácidos nucleicos 
presentes. O canal diferencial fornece as contagens de todas as subpopulações celulares 
normais de leucócitos, sinalizando também a informação referente a anomalias, 
nomeadamente Granulócitos imaturos (IG) e Células linfocitárias de elevada 
fluorescência - Linfócitos Atípicos (HFLC), conforme se verifica na Figura 6. 
No canal WDF scattergram, as células são diferenciadas de acordo com a sua 
estrutura interna e fluorescência (9). 
Neste sentido, existem seis diferentes parâmetros que descrevem uma população 
de células (no que diz respeito à nuvem no 
diagrama): 
- Tamanho da nuvem (tamanho total da 
população) 
- Comprimento da nuvem (distância 
longitudinal) 
 - Largura da nuvem (distância transversal) 
 - Posição (centro da nuvem) 
 - Momentum (forma da nuvem) 
 - Ângulo (direção dos eixos longitudinais) 
 
Figura 4. Sysmex XN-1000™ Hematology Analyzer [Adaptado de (10)]. 
Figura 5. Gráfico WDF scattergram obtido 
pelo Sysmex XN-1000™ [Adaptado de (9)]. 
IX Mestrado Análises Clínicas Parte II 
Stefanie Baptista Hematologia 
 15 
No canal WNR (Figura 7), a membrana celular dos eritroblastos (NRBC) é 
completamente lisada e apenas os seus núcleos são corados. O pH baixo do reagente 
estabiliza os basófilos, reduzindo ligeiramente o tamanho de todas as outras células. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
(a) (b) 
(c) 
Figura 6. Canal de análise diferencial de leucócitos. (a) LEFT SHIFT- neutrófilos em banda e com baixa 
contagem de Granulócitos Imaturos. Os Neutrófios em banda não interferem com a contagem de granulócitos 
imaturos. (b) Exemplo de amostra com elevada contagem de Granulócitos Imaturos (IG=7,2%). (c) Exemplo 
de amostra com elevada contagem de Linfócitos Atípicos (HFLC=6,0%) [Adaptado de (9)]. 
Figura 7. Canal WNR obtido pelo Sysmex XN-1000™ [Adaptado de (9)]. 
 
IX Mestrado Análises Clínicas Parte II 
Stefanie Baptista Hematologia 
 16 
Método de deteção de fluxo envolvente de corrente contínua – RBC e PLT 
O analisador Sysmex XN-1000™ utiliza ainda o método de deteção de fluxo 
envolvente de corrente contínua para contar os eritrócitos (RBC) e plaquetas (PLT). Uma 
parte do sangue é separada do sangue inteiro aspirado e misturada com o diluente. Desta 
diluição, uma quantidade definida é enviada para a câmara de deteção, passando através 
de um pequeno orifício, a abertura. Cada lado da abertura apresenta elétrodos, através dos 
quais passa a corrente contínua (Figura 8). A resistência a essa corrente contínua varia 
conforme as células suspensas no diluente passam através da abertura. Esta resistência 
provoca uma alteração do pulso elétrico proporcional ao tamanho da célula sanguínea. 
Estes dados elétricos são convertidos em representações gráficas, conforme a Figura 9 
(9). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O equipamento fornece também o valor do hematócrito (HCT%) através do 
método de acumulação da altura dos impulsos dos eritrócitos num volume fixo, conforme 
ilustrado na figura 10. O plaquetócrito (PCT%) é equivalente à soma dos impulsos das 
plaquetas que são detetadas individualmente pelo princípio da impedância e corresponde 
ao hematócrito dos eritrócitos (9). 
Figura 8. Método de impedância utilizado no canal RBC/PLT Sysmex XN-
1000™ [Adaptado de (9)]. 
Figura 9. Exemplo de gráficos obtidos para RBC e PLT com equipamento Sysmex XN-1000™ [Adaptado de (9)]. 
IX Mestrado Análises Clínicas Parte II 
Stefanie Baptista Hematologia 
 17 
 
 
Método de Deteção SLS – Determinação da Hemoglobina 
O método de deteção SLS de hemoglobina utiliza laurilsulfato de sódio (SLS) sem 
cianeto. O reagente hemolisa os eritrócitos e leucócitos da amostra e a reação inicia-se 
com a alteração da conformação da globina, devido à ligação dos grupos hidrofóbicos da 
molécula de SLS na molécula de globina e oxidando depois o grupo heme (Fe2+→ Fe3+). 
Os grupos hidrofílicos da molécula do SLS ligam-se então ao grupo heme, formando um 
complexo corado estável (SLS-HGB), conforme a Figura 11, e que é analisado 
fotometricamente a 555nm. Um LED emite uma luz monocromática e, ao passar pela 
mistura, a luz é absorvida pelos complexos SLS-HGB. A restante luz é medida por um 
fotossensor e é inversamente proporcional à concentração de hemoglobina da amostra 
(9). 
 
Ao realizar então a contagem total dos eritrócitos, para determinar o valor da 
hemoglobina e do hematócrito, o equipamento calcula os restantes índices, tal como 
exemplificado nas seguintes fórmulas da tabela 1: 
(a) (b) (c) 
Figura 10. Método de acumulação da altura dos impulsos dos eritrócitos num volume fixo para 
obtenção do valor do hematócrito (HCT%) [Adaptado de (9)]. 
Figura 11. Representação esquemática da determinação da hemoglobina pelo método de deteção SLS. (a) Alteração 
da conformação da globina (b) Oxidação do grupo heme (c) Ligação dos grupos hidrofílicos da molécula do SLS ao 
grupo heme, com formação de um complexo corado estável (SLS-HGB) [Adaptado de (9)]. 
IX Mestrado Análises Clínicas Parte II 
Stefanie Baptista Hematologia 
 18 
Tabela 1. Índices eritrocitários e respetivas fórmulas [Adaptado de (11)] 
 
Canal RET/PLT-O 
No canal RET, o reagente de lise perfura ligeiramente as membranas celulares dos 
eritrócitos, leucócitos e plaquetas, permitindo a penetração do marcador fluorescente nas 
células, mas deixando-as intactas. Em seguida, os ácidos nucleicos intracelulares são 
marcados pela fluorescência do corante e o sinal emitido é diretamente proporcional à 
quantidade de ácidos nucleicos dos reticulócitos. Ao utilizar a dispersão frontal de luz e 
o sinal de fluorescência, os reticulócitos podem então ser distinguidos das outras células. 
Os reticulócitos emitem um sinal de fluorescência maior que os eritrócitos (que não têm 
RNA) e consideravelmente inferior ao sinal dos leucócitos. 
Os reticulócitos dividem-se em três categorias, de acordo com a sua intensidade 
de fluorescência, representando diferentes graus de maturação: 
 - LFR, reticulócitos de baixa fluorescência. 
 - MFR, reticulócitos de média fluorescência. 
- HFR, reticulócitos de alta fluorescência. 
A IRF (Fração de Reticulócitos Imaturos) reflete a proporção de reticulócitos 
imaturos e é calculada pela soma de MFR + HFR. A hemoglobina reticulocitária (RET-
He) refere-se à medição celular direta da disponibilidade de ferro e é usada na 
monitorização da eritropoietina (EPO) e/ou na terapia de ferro. Se o valor aumenta, é um 
indicador de que a terapia está a ser eficaz (9). 
O canal RET fornece também a contagem ótica de plaquetas (Figura 12). 
Pârametro Fórmula 
Valor de 
Referência 
Volume Globular Médio 𝑉𝐺𝑀(𝑓𝐿) = 𝐻𝑇𝐶(𝐿/𝐿) 𝑥
𝐻𝑇𝐶 (𝐿/𝐿)
𝐺𝑉 (𝑥1012/𝐿)
 80,0-97,0 fL 
Hemoglobina Globular Média 𝐻𝐺𝑀(𝑝𝑔) =
𝐻𝐺𝐵 (𝑔/𝑑𝐿)
𝐺𝑉(𝑥1012)/𝐿)
𝑥10 26,0-34,0 pg 
Concentração de Hemoglobina 
Globular Média 
𝐶𝐻𝐺𝑀 =
𝐻𝐺𝐵(𝑔/𝑑𝐿)
𝐻𝑇𝐶(𝐿/𝐿)
 32,0-36,0 g/dl 
IX Mestrado Análises Clínicas Parte II 
Stefanie Baptista Hematologia 
 19 
O Sysmex XN-1000™ Hematology Analyzer fornece complementarmente alguns 
alarmes de modo a chamar a atenção para possíveis anormalidades. Nestes casos, são 
feitas lâminas de esfregaços sanguíneos automaticamente, para serem vistas ao 
microscópio ótico. 
Os valores de referência são os seguintes: 
Eritrograma (Homem/Mulher)Eritrócitos 4,30-6,40/ 3,90-5,20 x 1012/L 
Hemoglobina: 13,6-16,5/ 12,0-16,0 g/dl 
Hematócrito: 39,8-52,0/ 34,7-46,0% 
VGM: 80,0-97,0 fL 
HGM: 26,0-34,0 pg 
CHGM: 32,0-36,0 g/dL 
Índice de dispersão eritrocitária: 11,5-15,0% 
Leucograma 
 Leucócitos: 4,0-10,0 x109/L 
Neutrófilos: 1,5-8,0 x109/L 
Eosinófilos: <0,5 x109/L 
Basófilos: <0,3 x109/L 
Linfócitos: 0,8-4,0 x109/L 
Monócitos: <1,2 x109/L 
Trombocitograma 
Plaquetas: 140-440 x109/L 
 
Figura 12. Canal Ret/PLT-O obtido através do Sysmex XN-1000™ [Adaptado de (9)]. 
IX Mestrado Análises Clínicas Parte II 
Stefanie Baptista Hematologia 
 20 
Plaquetócrito: 0,15-0,42% 
VPM: 6,5-12,4 fL 
Índice de dispersão plaquetária: 9,9-15,3 fL 
Reticulócitos: 0,5-2,5% 
Hemoglobina Reticulocitária: >27,0 pg 
Fração de Reticulócitos Imaturos (IRF): 3,0-14,0% 
Índice de Reticulócitos: 0,5-2,5% 
2.2. Velocidade de Sedimentação 
A velocidade de sedimentação (VS) representa a velocidade da queda dos 
eritrócitos existentes no sangue tornado incoagulável (citratado) e colocado num tubo 
estreito, graduado, vertical. 
O fenómeno de sedimentação caracteriza-se por três etapas: a agregação, que 
corresponde à formação de pilhas de eritrócitos; a sedimentação ou queda rápida, que 
corresponde à queda das pilhas de eritrócitos a uma velocidade constante; e 
a sedimentação final, que corresponde ao seu empilhamento no fundo do tubo. 
A VS é expressa pela distância percorrida pelos eritrócitos durante uma hora, em 
milímetros. A sua determinação é clinicamente útil em doenças associadas ao aumento 
de produção de proteínas de fase aguda (12). 
O VES-MaticTM Cube-200 (Figura 13) é um analisador automático para 
determinar a VS. A amostra a utilizar é sangue total colhido em tubo de EDTA, com 
volume mínimo de 1,5 mL. O equipamento realiza uma homogeneização automática, 
mantendo a amostra em repouso por tempo predefinido e permitindo que a sedimentação 
ocorra. Através de sensores analógicos, é determinado o nível de sedimentação dos 
eritrócitos e calculado automaticamente o valor. As leituras são efetuadas por feixe de luz 
visível e os resultados são obtidos em 26 minutos e comparáveis com os obtidos pelo 
método de Westergren em 1 hora (13). 
Por vezes, recorre-se ao Método de Westergren modificado, conforme a figura 14, 
para fazer a confirmação de resultados muito elevados obtidos com o VES-MaticTM Cube-
200 ou quando a quantidade de amostra não é suficiente. Nestes casos, dilui-se 1 ml da 
amostra de sangue total colhido em tubo de EDTA em citrato de sódio na proporção de 4 
volumes de sangue para 1 volume de anticoagulante. Depois introduz-se a pipeta de 
Westergren, graduada de 0 a 150 mm, no suporte adequado e em posição vertical, inicia-
se a contagem no cronómetro e deixa-se 1 hora à temperatura ambiente. Ao fim de 1 hora 
IX Mestrado Análises Clínicas Parte II 
Stefanie Baptista Hematologia 
 21 
faz-se a leitura em milímetros, ao nível da coluna dos glóbulos que se separam do plasma 
(14). 
 
Os valores de referência para a VS são os seguintes: 
– 20 mm/h no Homem 
– 30 mm/h na Mulher 
– 10 mm/h na criança 
Valores superiores a 120 mm/h são reportados como 120 mm/h. 
2.3. Hemoglobina Glicada (HbA1c) 
A hemoglobina é a principal proteína no interior dos eritrócitos e quando os níveis 
de glicose no sangue estão altos, parte desta proteína é sujeita a uma reação química não 
enzimática com a glicose em excesso. 
A ligação entre a HbA e a glicose é um tipo de glicação não-enzimática, contínua, 
lenta e irreversível. A quantidade de hemoglobina glicada que é formada depende assim 
da concentração de glicose no sangue e do tempo de vida médio dos eritrócitos (cerca de 
120 dias). Desta forma, a medida da quantidade de glicose ligada à hemoglobina pode 
fornecer uma avaliação da glicémia média no período de 90 a 120 dias antes da análise 
(16). 
Os sistemas automáticos D-100™ System e o VARIANT™ II TURBO 
Hemoglobin Testing System (Figura 15) utilizam a tecnologia de Cromatografia Líquida 
de alta eficiência (HPLC) com troca iónica, em que a coluna é composta por uma resina 
de troca catiónica de fase reversa. O aparelho é capaz de utilizar uma amostra de sangue 
Figura 13. Aparelho VES-MaticTM Cube-200 [Adaptado de 
(13)]. Figura 14. Método de Westergren modificado 
para determinar a VS [Adaptado de (15)]. 
IX Mestrado Análises Clínicas Parte II 
Stefanie Baptista Hematologia 
 22 
total em tubo com anticoagulante EDTA e de a diluir, hemolisar e remover a base de 
schiff (HbA1c lábil), permitindo a obtenção de resultados precisos para HbA1c (17, 18). 
 
O doseamento da hemoglobina glicada é importante para o diagnóstico da 
diabetes, bem como na monitorização do controle glicémico. Esta análise apresenta 
vantagens em relação à determinação da glicemia em jejum uma vez que não é necessária 
a condição de jejum, o seu valor não é influenciado pela ingestão alimentar ou prática de 
exercício recente, não sofre alterações em casos de stress ou doença e tem ainda uma 
maior estabilidade. 
Os valores de referência para a hemoglobina glicada são os seguintes: 
 - 5,7-6,4%: risco de diabetes mellitus 
 - >6,4%: diabetes mellitus 
2.4. Eletroforese das Hemoglobinas 
A eletroforese de hemoglobinas tem como objetivo separar e quantificar os 
diferentes tipos de hemoglobinas presentes no sangue periférico, com o interesse de 
diagnosticar patologias que envolvem formas anormais de hemoglobina 
(hemoglobinopatias) (19). 
Os tipos de hemoglobina mais comuns são a hemoglobina A (maior percentagem 
de hemoglobina encontrada nos adultos), a hemoglobina F (principal hemoglobina 
presente no feto e no recém-nascido e após o nascimento decresce e é substituída pela 
HbA) e a hemoglobina A2 (encontrada em pequenas quantidades nos adultos). 
 
Figura 15. Sistemas automáticos para determinação da HbA1c a) D-100™ System e b) VARIANT™ II 
TURBO Hemoglobin Testing System [Adaptado de (17,18)]). 
a) b) 
IX Mestrado Análises Clínicas Parte II 
Stefanie Baptista Hematologia 
 23 
As hemoglobinopatias podem ser classificadas como hemoglobinopatias 
qualitativas - resultantes de alterações na estrutura das globulinas, onde se inclui as 
variantes de hemoglobina HbS, HbC, HbE e HbD - ou quantitativas - em que há ausência 
ou diminuição da síntese das cadeias globínicas originando talassémias (20). 
Sempre que é pedida a Eletroforese das Hemoglobinas, o LJC recorre ao sistema 
automático VARIANT™ II TURBO Hemoglobin Testing System (Figura 15) que utiliza 
a tecnologia de HPLC com troca iónica, em que a coluna é composta por uma resina de 
troca catiónica de fase reversa. A amostra utilizada é sangue total em tubo com 
anticoagulante EDTA. A análise da área sob a curva dos picos de absorção obtidos 
fornece a percentagem relativa a cada fração detetada (Figura 16). O tempo de eluição, 
ou de retenção, de qualquer hemoglobina presente é comparado com o de hemoglobinas 
conhecidas, permitindo a quantificação tanto das hemoglobinas normais A, F e A2, como 
de outras variantes. Deve-se ter em consideração que existem variantes com tempos de 
retenção semelhantes, por isso a identificação é presuntiva. Para identificar 
definitivamente a Hb é necessário recorrer à análise do DNA ou dos aa da cadeia de 
globina. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A drepanocitose e as talassemias são as hemoglobinopatias mais comuns 
mundialmente. 
A drepanocitose resulta de uma mutação no gene que codifica a cadeia β-globina, 
sendo detetada na eletroforese pela presença da HbS. Esta hemoglobina pode estar 
presente em quantidades moderadas, indicando que se trata de um portador 
heterozigótico, ou em grandes quantidades (juntamente com presença de HbF e ausência 
Figura 16. Resultados das percentagens de hemoglobinas obtidos por HPLC com 
o VARIANT™ II TURBO Hemoglobin Testing System [Adaptado de (21)]. 
IX Mestrado Análises Clínicas Parte II 
Stefanie BaptistaHematologia 
 24 
de HbA), indicando que se trata de um portador homozigótico, causando uma anemia 
hemolítica grave (20). 
As talassemias podem ser classificadas de acordo com o tipo de cadeia globina 
afetada. Caso a deficiência se verifique na síntese das cadeias alfa, trata-se de uma α-
talassemia, se for na cadeia β trata-se de uma β-talassémia. Estas hemoglobinopatias 
podem ainda ser classificadas como talassémia minor (um gene com defeito) ou 
talassémia major (dois genes com defeito). A presença de β-talassémia minor na 
electroforese é detectada pela diminuição do pico de hemoglobina A e aumento da 
hemoglobina A2 e HbF, e a β-talassémia major pela ausência da hemoglobina A, 
acompanhada de níveis elevados de hemoglobina fetal F (20). 
Níveis elevados de Hb F também se verificam numa condição rara denominada 
persistência hereditária de hemoglobina fetal, um distúrbio hereditário assintomático. 
Podem ainda ser detetadas outras hemoglobinopatias como a hemoglobinopatia C 
e a hemoglobinopatia E, no entanto, são menos frequentes. 
Os valores de referência para as hemoglobinas são os seguintes: 
 Hemoglobina A – 96-98% 
 Hemoglobina A2 – 1,5-3,5% 
 Hemoglobina F – 0-1% 
2.5. Avaliação da Hemostase e Coagulação 
A Hemostase é um processo fisiológico complexo que protege o sistema vascular 
aquando de uma lesão, de forma a preservar a integridade da circulação e limitar a perda 
de sangue. Este processo envolve vasos sanguíneos e células endoteliais, plaquetas e 
proteínas plasmáticas e pode ser divido em três fases: Hemostase primária (avaliada pela 
contagem de plaquetas, Agregação Plaquetária e Tempo de Hemorragia), Hemostase 
secundária (avaliada pelo Tempo de Protrombina, Tempo de Tromboplastina Parcial 
Ativada, Fibrinogénio, Tempo de Trombina, Proteína C, Proteína S, ATIII e Fatores de 
Coagulação) e Fibrinólise (avaliada pelos D-dímeros e Plasminogénio) (22). 
A avaliação da hemostase torna-se então muito importante por auxiliar na 
compreensão do estado do indivíduo quanto a este conjunto de mecanismos fisiológicos 
por meio dos quais ocorre a paragem de uma hemorragia, incluindo a vasoconstrição, a 
agregação plaquetária e a coagulação. 
 O BCS® XP System (Figura 17) é um aparelho automático que realiza testes 
funcionais para a avaliação da hemostase e da coagulação, com processamento de análises 
IX Mestrado Análises Clínicas Parte II 
Stefanie Baptista Hematologia 
 25 
coagulométricas, cromogénicas e de química imunológica, através do método de 
fotometria/turbidimetria e recorrendo a uma amostra de plasma obtido em tubo de citrato. 
Este método utiliza uma fonte de luz intermitente de xénon com um filtro, que permite 
obter um feixe com comprimento de onda desejado. A luz é direcionada em partes iguais 
através de um canal de medição e um canal de referência. Ao passar pela cuvete, o feixe 
de luz diminui de intensidade devido à difusão por partículas ou à absorção na solução. 
Durante o processo de coagulação, a preparação torna-se cada vez mais turva e, por sua 
vez, a intensidade é menor. Nas análises cromogéneas, durante a reação é libertado um 
pigmento, reduzindo a quantidade de luz que passa pela cuvete. A luz desviada é 
bloqueada por um sistema de diafragma e a luz que passa no outro canal é direcionada 
até ao segundo detetor. O equipamento tem a capacidade de medir dois pontos por 
segundo, por cuvete, sendo a intensidade da luz convertida em sinal elétrico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tempo de Protrombina (TP) e INR 
 O TP permite avaliar a via extrínseca da cascata de coagulação através dos fatores 
V, VII, X, protrombina (II) e fibrinogénio (I). A determinação deste parâmetro baseia-se 
na adição da tromboplastina tecidular ao plasma do doente, na presença de iões cálcio, 
iniciando-se assim a ativação da via extrínseca. Com isto, verifica-se a conversão do 
fibrinogénio em fibrina, sendo que o tempo até à formação deste mesmo coágulo de 
fibrina é medido em segundos. O resultado é apresentado em tempo (segundos), taxa de 
protrombina (%) e INR (Razão normalizada Internacional) e é muito requisitado para 
monitorização de anticoagulantes orais, excluindo os novos anticoagulantes que não 
requerem monitorização (NOACS). Este último torna-se importante já que podem ser 
Figura 17. Aparelho BCS® XP System [Adaptado de (23)]. 
IX Mestrado Análises Clínicas Parte II 
Stefanie Baptista Hematologia 
 26 
utilizados diferentes reagentes durante o método e desta forma o resultado obtido é 
padronizado. O INR é assim calculado do seguinte modo: 
𝐼𝑁𝑅 = [
𝑇𝑃 (𝐷𝑜𝑒𝑛𝑡𝑒)
𝑇𝑃(𝑚é𝑑𝑖𝑎 𝑑𝑜𝑠 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑜𝑙𝑜𝑠)
]
𝐼𝑆𝐼
 
(ISI – Índice de Sensibilidade Internacional, que varia de lote para lote entre 1,0 e 1,4) 
Nestes casos, os valores de referência são os seguintes: 
 - INR 2,0-3,0 – profilaxia de TVP recorrente, embolia pulmonar e doenças 
arteriais (incluindo enfarte agudo do miocárdio). 
 - INR 3,0-4,5 – prevenção da embolia sistémica recorrente e para válvulas 
cardíacas artificiais. (22) 
Tempo de Tromboplastina Parcial Ativada (aPTT) 
O aPTT é o tempo necessário para a formação de um coágulo de fibrina num 
plasma com citrato. A determinação deste valor consiste na incubação a 37ºC da amostra 
de plasma com uma quantidade otimizada de fosfolípidos, sílica e iões de cálcio, 
iniciando a ativação da via intrínseca da coagulação e desencadeando a formação do 
coágulo. A sua determinação permite detetar anomalias dos fatores envolvidos na via 
intrínseca: os fatores II, V, VIII, IX, X, XI e XII. Esta análise é ainda útil para a 
monitorização da terapêutica com heparina. (22) 
 Os valores de referência são os seguintes: 
- 26-40 s 
- RN: 26-60 s 
Fibrinogénio 
O Fibrinogénio (Fator I) é uma proteína sanguínea produzida pelo fígado que tem 
um papel importante na formação do coágulo. Níveis baixos de fibrinogénio podem 
significar deficiências adquiridas, como a proteólise intravascular do fibrinogénio pela 
trombina, ou congénitas, como em casos de afibrinogenemia ou hipofibrinogenemia. 
Níveis temporariamente elevados são encontrados devido ao comportamento do 
fibrinogénio como proteína de fase aguda. (22) 
Os valores de referência são os seguintes: 
- 150-400 mg/dl 
 
 
IX Mestrado Análises Clínicas Parte II 
Stefanie Baptista Hematologia 
 27 
Tempo de Trombina (TT) 
O TT é o tempo necessário para que o fibrinogénio da amostra seja convertido em 
coágulo de fibrina, através da adição de trombina bovina purificada. Este valor é 
inversamente proporcional à quantidade de fibrinogénio da amostra. (22) 
O valor de referência é o seguinte: 
 -  30 s 
Proteína C 
A Proteína C (PC) é um inibidor da coagulação dependente da vitamina K e que 
regula a atividade dos fatores V e VIII. Para determinar a quantidade de PC 
funcionalmente ativa, utiliza-se um substrato cromogénico e cujo produto da reação é lido 
a 405 nm. A deficiência congénita de PC origina manifestações trombóticas graves, 
quando em homozigotia. (22) 
Os valores de referência são os seguintes: 
 - 64-128% 
 - RN: 17-53% 
Proteína S 
A Proteína S (PS) é uma proteína plasmática dependente da vitamina K que atua 
como cofator da Proteína C ativada na inativação dos fatores Va e VIIIa. Circula no 
plasma sob a forma livre ativa e sob a forma inativa ligada à proteína de ligação C4b. A 
deficiência congénita de PS origina manifestações trombóticas graves, quando em 
homozigotia, e risco elevado de desenvolvimento de trombose venosa em jovens, quando 
em heterozigotia. (22) 
Os valores de referência são os seguintes: 
 - 60-124% 
- RN: 12-61% 
D-dímeros 
Os D-dímeros são produtos de degradação de fibrina ligados transversalmente 
gerados por fibrinólise reativa. Neste teste, partículas de polistireno covalente com Ac 
monoclonal reagem com os D-dímeros da amostra, aglutinando. Essa mesma aglutinação 
é detetada turbidimetricamente pelo aumento da turvação.