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Aula 6 - Ação e as condições para o seu regular exercício

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A ação no plano individual
A noção de ação no direito processual
Consoante os ensinamentos de Ada Pellegrini Grinover, ação seria o direito ao exercício da atividade jurisdicional (ou poder de exigir esse exercício). Invocar esse direito implica provocar a jurisdição (provocação necessária, visto que, em regra, ela é inerte), o que se faz através de um complexo de atos denominado processo.
Num conceito ainda mais completo, ação seria o direito público, subjetivo, autônomo e abstrato à prestação jurisdicional sobre uma demanda de direito material.
Tratase, portanto, de direito à jurisdição – desde que preenchidas algumas condições, como será visto logo adiante – que encontra fundamento constitucional na garantia da tutela jurisdicional efetiva (art. 5º, XXXV, da CF), uma vez que, através dela, o titular do direito terá acesso à proteção de seu direito material contra uma lesão ou ameaça. Vista nesse sentido, a ação é um direito tanto do autor quanto do réu.
Teorias quanto à natureza jurídica da ação
Vejamos, agora, as teorias quanto à natureza jurídica da ação:
· Teoria Imanentista, Civilista ou Clássica
· Teoria do Direito Concreto de Ação
· Teoria da Ação como Direito Potestativo
· Teoria da Ação como Direito Abstrato
· Teoria Eclética
Características do direito de ação
São as características do direito de ação:
Subjetividade
Segundo a doutrina dominante, a ação seria um direito (como já visto), enquanto para outros ela seria um poder. Os que a entendem como poder partem da noção de que direito subjetivo e obrigação representam situações jurídicas opostas de vantagem e desvantagem que gerariam um conflito de interesses. Assim, inexistindo conflito entre Estado e autor, não haveria que se falar em direito subjetivo, e sim em poder.
Publicidade
A ação está sempre situada na órbita do direito público, pois o exercício desse direito subjetivo desencadeia o desempenho de uma função pública monopolizada pelo Estado (jurisdição). Assim, a ação é dirigida apenas contra o Estado, mas, uma vez apreciada pelo juiz, produzirá efeitos na esfera jurídica do réu.
Garantia constitucional
Como um direito fundamental contido no art. 5º, XXXV, da CF, assegura o direito ao processo com a atuação do Estado, o direito ao contraditório e o direito de influir sobre a formação do convencimento do juiz através da garantia do devido processo legal (art. 5º, LIV, da CF).
Instrumentalidade
Tem por finalidade solucionar uma pretensão de direito material. Em virtude da intensa produção doutrinária, essa característica tem assumido grande importância no cenário jurídico hodierno que privilegia um processo civil de resultados e o considera não como um fim em si mesmo, mas como instrumento capaz de garantir a máxima efetividade da tutela jurisdicional.
Condições para o regular exercício do direito de ação
De acordo com a doutrina tradicional, são três as condições genéricas para o regular exercício do direito de ação a serem preenchidas pelo autor a fim de obter uma decisão de mérito por meio do provimento jurisdicional. O novo CPC reduziu esse rol para apenas duas condições, como veremos a seguir.
Legitimidade das partes: é a legitimidade ad causam
Difere da legitimidade ad processum, pois aquela é a legitimidade para agir (referese àquele que sofreu a lesão) e essa é a capacidade processual, ou seja, a capacidade de estar em juízo.
Assim, a legitimidade das partes corresponde à pertinência subjetiva da lide. Desse modo, ao verificála, o juiz deverá examinar se os sujeitos que figuram como autor e réu, em um dado processo, são aqueles que, considerando os fatos narrados na petição inicial, deveriam realmente figurar como autor e réu.
Deve ser verificada, pois, em dois planos: a legitimidade ativa se refere ao autor e pode ser ordinária ou extraordinária, e a legitimidade passiva diz respeito ao demandado. A regra é a legitimidade ordinária, isto é, a equivalência entre os sujeitos da relação processual com os sujeitos da relação material deduzida em juízo.
No entanto, é forçoso reconhecer que há diversas espécies e subespécies de legitimidade, como a primária e a secundária, a originária e a superveniente, a privativa e a concorrente, que terão grande aplicação prática, sobretudo, na tutela coletiva. Para maiores informações sobre os desdobramentos dessas modalidades, recomendamos vivamente a já referida obra de Barbosa Moreira.
Condições específicas para o exercício do direito de ação
Além das mencionadas condições genéricas, que devem estar presentes em todas as ações, há que se falar, ainda, nas condições específicas, previstas para determinadas ações, como, por exemplo:
 Mandado de segurança: sua condição específica é o ajuizamento da ação no prazo máximo de 120 dias, contados da ciência, pelo interessado, do ato impugnado (art. 23 da lei n. 12.016/2010).
 Ação rescisória (ação especial utilizada para desconstituir a coisa julgada): duas são as condições específicas nesse caso: o depósito de 5% sobre o valor da causa pelo autor no momento em que ele propõe a demanda rescisória (art. 488, II, do CPC) e o ajuizamento da demanda dentro do prazo de dois anos contados do trânsito em julgado da decisão (art. 495 do CPC).
Aferição das condições da ação
É de se ressaltar, afinal, que as condições da ação devem ser aferidas in status assertiones, ou seja, em face da afirmação constante da petição inicial. Isso porque se dos fatos afirmados pelo autor não puder vir a resultar o acolhimento do pedido, o autor não terá o direito ao exercício da jurisdição sobre o caso concreto, devendo ser julgado carecedor de ação.
No entanto, a asserção não é suficiente para demonstrar a presença das condições da ação. Na verdade, ela deve ser examinada em conjunto com as provas que instruem a petição inicial.
É necessário um mínimo de provas a demonstrar a verossimilhança das asserções formuladas na petição inicial. Entendimento contrário permitiria a autolegitimação do exercício da ação e criaria a possibilidade de submeter o réu ao ônus de defenderse de uma demanda manifestamente inviável, na visão de Leonardo Greco (2003).
Assim, o exame das condições da ação não trata de um juízo de mérito, mas de um juízo sobre questões de direito material a partir da situação fática e concreta relatada pelo demandante como fundamento de sua pretensão, que deve estar acompanhada de um mínimo de verossimilhança e de provas que evidenciem a possibilidade do acolhimento.
Isso porque, da mesma forma que é garantido a todos o direito de ação, é também assegurado o direito constitucional daquele contra quem a ação é exercida de não ser molestado por uma demanda inviável.
Elementos da ação
Tendo em vista a multiplicidade de fatos e relações jurídicas submetidas à jurisdição, tornase extremamente útil – e até mesmo necessário – que as ações sejam identificadas.
Assim é que, segundo Leonardo Greco (2003), os elementos de identificação das ações, como elementos da ação tomada no sentido de demanda, são um imperativo democrático, porque, através da jurisdição, o Estado intervém na vida e nos direitos dos particulares e “para que ela não venha a atuar mais de uma vez sobre a mesma controvérsia ou sobre o mesmo direito, é preciso identificar cada uma das suas atuações ”.
Dessa forma, são elementos da ação as partes, a causa de pedir e o pedido:
Partes
São os sujeitos que figuram respectivamente como autor e como réu na relação processual. São aqueles que pedem e em relação a quem o provimento jurisdicional é pedido. São as partes da demanda.
Além da identificação da identidade das partes litigantes, é preciso também que se verifique a qualidade com que a pessoa esteja litigando (por exemplo, em nome próprio no interesse próprio, em nome próprio no interesse alheio etc.), caso em que, havendo divergência, não haverá identidade de parte.
Causa de pedir ou causa petendi
Causa de pedir é o fato jurídico com todas as suas circunstâncias que fundamenta a demanda autoral (art. 319, III, do CPC/2015). Dividese em causa de pedir próxima – fundamentos jurídicos que embasamo pedido – e causa de pedir remota – fatos constitutivos do direito do autor.
Pedido
É o objeto da jurisdição que se divide em imediato – provimento jurisdicional solicitado ao juiz que pode ter natureza declaratória, constitutiva, condenatória, executiva ou cautelar – e mediato – bem da vida pretendido pelo autor, ou seja, o bem ou interesse que se busca assegurar por meio da prestação jurisdicional.
A ação Coletiva no Direito Brasileiro
Considerações Iniciais
Desde a década de 70, época em que surgiu o fenômeno conhecido como a “abertura das portas do Poder Judiciário”, o estudo da melhor forma de tratamento processual a ser conferido aos direitos individuais homogêneos vem ganhando crescente importância.
Isso porque são justamente esses direitos que, uma vez desrespeitados, frequentemente dão ensejo à propositura das chamadas macro-lides, ações de “massa”, repetitivas, isomórficas ou seriadas, as quais, indubitavelmente, são as maiores responsáveis pela descomunal sobrecarga de trabalho atualmente imposta ao Poder Judiciário.
A disciplina legal lacônica fornecida pelo Código de Defesa do Consumidor, assim como as controvérsias doutrinárias acerca do tema, sobreleva a importância do papel da jurisprudência quanto à delimitação do conceito e da forma mais adequada de tutela processual a ser conferida aos direitos individuais homogêneos.
Mauro Cappelletti (1994) reconhece que nos últimos anos o movimento pelo acesso à justiça representou uma força importante que levou a uma transformação radical em termos normativos e institucionais em diversos países. Foi a resposta a uma crise do direito e da justiça.
No direito brasileiro, uma das mais importantes leis já editadas e que trouxe enorme contribuição ao estudo da tutela coletiva, foi o Código de Defesa do Consumidor.
As modalidades de direitos coletivos
O artigo 81, parágrafo único do C.D.C. apresenta as três espécies de direitos coletivos em sentido lato: (I) difuso; (II) coletivo em sentido estrito; e (III) individual homogêneo.
Apesar da opção legislativa, a jurisprudência tem demonstrado que os direitos transindividuais não são estáticos e não admitem uma classificação definitiva. São direitos dinâmicos, na medida em que refletem a pretensão de uma coletividade que está em constante mutação.
Embora seja algo desejável, do ponto de vista teórico e sistemático, na prática, a classificação proposta pelo CDC tem se mostrado catastrófica. Vários problemas têm surgido a partir da dificuldade de adaptação desses conceitos herméticos às situações concretas.
Exemplo
Clique aqui para acessar um exemplo de problemas que têm surgido a partir da dificuldade de adaptação dos conceitos herméticos às situações concretas.
Os direitos ou interesses difusos são conceituados no art. 81, parágrafo único, inciso I do Código de Defesa do Consumidor como sendo “os transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato”.
Rodolfo de Camargo Mancuso (2000), com base na conceituação legal acima apontada, indica como características básicas de tais interesses a indeterminação dos sujeitos, a indivisibilidade do objeto, a intensa conflituosidade, e a sua duração efêmera.
Indeterminação dos sujeitos
Com relação à indeterminação dos sujeitos, temos que os interesses difusos dirão respeito a um grupo indeterminado ou dificilmente determinável de sujeitos. Justifica-se a tutela dessa espécie de direitos a partir do raciocínio de que se o interesse individual merece a tutela do Direito, com mais razão ainda a merece o interesse de muitos, ainda que os seus titulares não possam ser identificados precisamente.
A lesão a esses direitos, por consequência, também atingirá um número indeterminado de pessoas, que pode ser tanto uma comunidade quanto uma etnia, ou mesmo um país inteiro. Assim, temos que “os interesses difusos se situam no ‘extremo oposto’ dos direitos subjetivos, visto que estes apresentam como nota básica o ‘poder de exigir’, exercitável por seu titular, contra ou em face de outrem, tendo por objeto certo bem da vida”.
Indivisibilidade do objeto
Quanto à indivisibilidade do objeto, a satisfação dos interesses difusos a um indivíduo implica necessariamente a satisfação de outros, já que a lesão também atingirá toda a coletividade.
O caráter da indivisibilidade desses interesses também decorre do fato de que não existe a possibilidade de se afirmar com precisão quanto do direito pertence a cada um dos integrantes do grupo indeterminado, que é o seu titular.
Intensa litigiosidade interna
A terceira característica dos direitos difusos é a intensa litigiosidade interna que “deriva basicamente da circunstância de que todas essas pretensões meta individuais não têm por base um vínculo jurídico definido, mas derivam de situações de fato ocasionais”.
Transição ou mutação no tempo e no espaço
A quarta característica diferenciadora dos interesses difusos é a sua transição ou mutação no tempo e no espaço, visto que eles surgem e também desaparecem muitas vezes de situações repentinas e imprevisíveis.
Transindividualidade e natureza indivisível
Conforme lição de Kazuo Watanabe (1992, p. 17), “com o uso da expressão transindividual de natureza indivisível se destacou, antes de mais nada, a ideia de interesses individuais agrupados ou feixe de interesses individuais”.
Assim, são direitos coletivos em sentido estrito aqueles cujos sujeitos estão ligados entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica base, e não por circunstâncias fáticas, como ocorre no caso dos direitos difusos.
Ademais, os titulares dos direitos coletivos em sentido estrito são determinados, ou, ao menos, determináveis em tese, em virtude do fato de que eles fazem parte de certos “grupos, categorias, ou classes”, como, por exemplo, os condôminos de um edifício, os sócios de uma empresa, os membros de uma equipe esportiva, os membros de uma associação de classe etc.
Também os direitos coletivos em sentido estrito são indivisíveis; tal qual ocorre com os direitos coletivos, também aqui a satisfação ou a lesão do direito irá atingir indistintamente todos os seus possíveis titulares (ZAVASCKI, 1995).
Atenção
Ainda podemos apontar como características dos direitos coletivos em sentido estrito, dada a sua natureza, que eles são insuscetíveis de apropriação individual, de renúncia ou de transação, e intransmissíveis.
A legitimidade nas ações coletivas
O sistema de legitimidade na tutela coletiva é totalmente diferente do adotado na tutela individual. Nesta última, a regra é a legitimidade ordinária, admitindo-se, excepcionalmente, a extraordinária, manifestada sob a forma da substituição processual, prevista no art. 6° do CPC.
Já no sistema desenhado no art. 5° da lei n° 7.347/85, combinado com o art. 82 do Código de Defesa do Consumidor, o legislador faz uma escolha política que recai sobre instituições preparadas para essa tutela.
O referido art. 5° foi alterado pela lei n° 11.448/07, que inseriu a Defensoria Pública nesse rol, corrigindo uma omissão histórica. Contudo, em razão da redação genérica dessa lei, o que só veio a ser corrigido com a Lei Complementar n° 132/09, que alterou o art. 4° da Lei Complementar n° 80/94, dando nova redação aos incisos VII e VIII.
São, portanto, legitimados a ajuizar a ação civil pública o Ministério Público, a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios, as autarquias, as empresas públicas, as fundações, as sociedades de economia mista, os órgãos que, apesar de desprovidos de personalidade jurídica, integrem a administração pública direta ou indireta (como o Procon e as Secretarias Municipais de Meio Ambiente).
E também as associações constituídas há pelo menos um ano (muito embora o próprio § 4º do art. 5º permita ao juiz desconsiderar essa exigência, diante do manifesto interesse social da hipótese) e que incluam entre suas finalidades estatutárias a defesa do bem objeto da ação a ser proposta (“pertinência temática”).
Ao Ministério Público, por outro lado, não se exige a comprovação depertinência temática, sendo certo que hoje se reconhece sua legitimação ampla para o ajuizamento de ações civis públicas que tenham por objeto a tutela de quaisquer das três espécies de direitos transindividuais.
A pertinência temática, ou seja, a exigência de correlação entre o objeto da ação civil pública a ser proposta e os temas afetos às finalidades estatutárias (no caso das associações) ou às competências das pessoas jurídicas de direito público interno fixadas pela Constituição da República (no caso da União), Constituições Estaduais ou Leis Orgânicas Municipais também se estende a esses entes.
PROPOSTA - No caso de ação civil pública ajuizada por associação, em caso de vício na representação processual, antes da extinção do processo, deve-se conferir oportunidade ao Ministério Público para que assuma a titularidade ativa da demanda, já que as ações coletivas trazem a ideia de indisponibilidade do interesse público. Nesse sentido: STJ, REsp. 1.372.593-SP, rel. Min. Humberto Martins, j. 07-05-2013, Informativo STJ n. 524.
PERTINÊNCIA TEMÁTICA - A pertinência temática é a exigência de correlação entre o objeto da ação civil pública a ser proposta e os temas afetos às finalidades estatutárias das associações.
TRANSIDIVIDUAIS - Confira-se, a esse respeito, o Informativo nº 479 do STJ: “ACP. Legitimidade do MP. Consumidor. Vale-transporte eletrônico. Direito à informação. A Turma, por maioria, reiterou que o Ministério Público tem legitimidade para propor ação civil pública que trate da proteção de quaisquer direitos transindividuais, tais como definidos no art. 81 do CDC. Isso decorre da interpretação do art. 129, III, da CF em conjunto com o art. 21 da lei n. 7.347/1985 e arts. 81 e 90 do CDC e protege todos os interesses transindividuais, sejam eles decorrentes de relações consumeristas ou não. Ressaltou a Min. Relatora que não se pode relegar a tutela de todos os direitos a instrumentos processuais individuais, sob pena de excluir do Estado e da democracia aqueles cidadãos que mais merecem sua proteção. Precedentes citados: do STF: RE 163.231-SP, 29-6-2001; do STJ: REsp 635.807-CE, DJ 20-6-2005; REsp 547.170-SP, DJ 10-2-2004, e REsp 509.654-MA, DJ 16-11-2004. REsp 1.099.634-RJ, rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 8-5-2012”.
Atividade proposta
Diante do que vimos até aqui, vamos resolver a questão a seguir?
(Questão Discursiva - MP/RJ – XXXI CONCURSO – 2009. Adaptada)
O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, através da Promotoria de Tutela Coletiva de Ondefica, instaurou inquérito civil visando apurar notícia de má prestação do serviço público de transporte coletivo urbano por ônibus naquela cidade. No curso das investigações, restou apurado que os veículos da concessionária do serviço, Rodebem Transportes Ltda., estavam em péssimas condições, apresentando vícios capazes de expor a vida e a segurança dos usuários a graves riscos.
Apurou-se, ainda, que os veículos já contavam mais de quinze anos de utilização, em que pese o contrato de concessão prever que a vida útil dos coletivos não poderia ultrapassar dez anos.
No curso das investigações, o Promotor de Justiça oficiante é surpreendido com a notícia de que a concessionária firmara um Termo de Ajustamento de Conduta com a Associação de Moradores de Canavial, principal bairro servido pelas linhas operadas por aquela, visando à solução do problema. Requisitada cópia desse TAC, o Promotor de Justiça verificou que ali constavam as seguintes cláusulas:
1) A concessionária efetuará a troca de toda a frota de veículos.
2) A concessionária realizará reparos mecânicos nos veículos coletivos hoje em uso, de forma a torná-los seguros e adequados.
3) A concessionária indenizará qualquer consumidor que sofra danos materiais ou morais decorrentes da má prestação do serviço com a quantia de R$ 1000,00.
Diante desse quadro, examine as principais questões envolvidas.
Gabarito
Devem ser examinadas as questões relativas às esferas de legitimidade na tutela coletiva. Com efeito, o TAC foi proposto por uma associação de moradores, o que não é admitido, nos termos do art. 5°, § 6° da lei n 7347/85. A partir desse vício de legitimidade, o Promotor, ao tomar conhecimento do fato, deve promover em juízo ação anulatória do TAC, com o objetivo de desconstituir o acordo irregularmente firmado.
Nesta aula, você:
· Verificou o conceito de ação, suas espécies, elementos, e as condições para o regular exercício do direito de ação.
· Examinou a principiologia das ações coletivas, com ênfase nas modalidades de direitos transindividuais, legitimidade e peculiaridades dessas ações.
TESTE DE CONHECIMENTO
		1 - Silvio propôs ação contra Benedito buscando reparação moral em razão de uma briga durante ocorrida durante assembleia de condomínio. Ocorre que Silvio abandou a causa e o juiz extinguiu o processo sem mérito na forma do art. 485, III do NCPC. Inconformado, Silvio ingressa em juízo novamente com a mesma ação, sendo certo que, mais uma vez, abandona o processo e ele acaba extinto pelo mesmo motivo. Em uma terceira oportunidade, por descuido do advogado de Silvio, o processo é novamente extinto sem mérito por abandono. Como última tentativa, Silvio troca de advogado e entra novamente com a mesma demanda. O juiz, no entanto, extingue o processo, mais uma vez, tendo em vista que verificou a ocorrência de:
	
	
	
	litispendência;
	
	
	coisa julgada;
	
	
	Coisa julgada formal.
	
	
	ausência de legitimidade de Silvio para propor ação;
	
	
	perempção;
	Explicação: 
Ver art. 486 do CPC
		2 - A capacidade postulatória é a: 
	
	
	
	inerente ao representante do Ministério Público quando atuar nos processos, em qualquer circunstância. 
	
	
	conferida ao representante do absolutamente incapaz. 
	
	
	conferida ao advogado devidamente inscrito na OAB para agir em juízo em nome das partes que representar. 
	
	
	conferida ao juiz para a devida e independente condução do processo, inclusive para determinar a produção de provas.
	
	
	equivalente à plena capacidade civil. 
	Explicação: 
A aptidão de postular em juízo é concedida ao advogado legalmente habilitado (CPC, art. 103 c/c art. 1º, inc. I c/c art. 3º, do EOAB). Além disso, somente poderá   representar a parte (e aí ter capacidade postulatória) se lhe for concedida procuração (CPC, art. 104), salvo exceções previstas no dispositivo processual ora debatido. Portanto, ao bacharel em direito regularmente inscrito na OAB. Igualmente ao membro do Ministério Público há a capacidade postulatória (v.g., CPC, art. 77; ECA, art. 210, inc. I; CDC, art. 82, inc. I).
	
		3 - Ingra propõe ação de conhecimento em face de Georgia, postulando a cobrança da quantia de R$12.000,00 por serviços prestados. Na contestação Georgia alega a existência de outro processo pendente, com as mesmas partes, o mesmo pedido e causa de pedir, caracterizando:
	
	
	
	D) A coisa julgada, caso em que o juiz extinguirá o processo com resolução de mérito; 
	
	
	A) A carência de ação, caso em que o autor receberá uma multa pela litigância de má fé;
	
	
	C) A litispendência, caso em que o juiz extinguirá o processo sem resolução de mérito;
	
	
	B) A perempção, caso em que o juiz irá julgar improcedente o pedido do autor;
	Explicação: 
A litispendência é a identidade entre duas ações em curso, ou seja, mesmas partes, pedido e causa de pedir. A consequência é a extinção do segundo processo, na forma do art. 485 do CPC.
	
	
		4 - Reproduzindo-se a ação anteriormente ajuizada, decidida por sentença da qual não caiba mais recurso, havendo entre ambas identidade de partes, causa de pedir e de pedido, nessa segunda ação: 
	
	
	
	a.O processo será extinto, sem resolução de mérito, em face da existência da coisa julgada;
	
	
	b. O processo será extinto, sem julgamento de mérito, por ausência de pressupostos de constituição e desenvolvimento válido e regular; 
	
	
	c.nda
	
	
	d. O processo será extinto, com julgamento de mérito, em razão da existência de coisa julgada; 
	
	
	e. O processo deverá ser extinto,sem resolução de mérito, em face da existência de litispendência; 
	Explicação: 
O art. 487 do CPC elenca as hipóteses de extinção do processo sem resolução do mérito.
		5 - O réu na contestação alega a perempção, tendo em vista que o autor por 3 vezes abandonou o processo dando causa a sua extinção sem resolução de mérito. O juiz acolhendo a alegação do réu deverá :
	
	
	
	c) suspender o processo e intima pessoalmente o autor para tomar providências em 48 horas, sob pena de extinção do processo.
	
	
	a) extinguir o processo sem resolução do mérito, caso em que o autor não poderá intentar nova ação contra o réu com o mesmo objeto.
	
	
	b) extinguir o processo com resolução do mérito,caso em que o autor poderá intentar nova ação contra o réu com o mesmo objeto.
	
	
	d) extinguir o processo sem resolução do mérito, todavia, poderá o autor intentar a mesma ação desde que comprove o recolhimento das custas do processo anterior.
	Explicação: 
6 - No processo civil, por seu turno, a perempção resta configurada pelo sucessivo abandono da mesma causa pelo mesmo autor. Ela decorre da inércia do autor, que motivou por três vezes a extinção de um mesmo tipo de ação. Em sendo constatada, o juiz deve extinguir o feito sem resolução de mérito, impedindo o autor de ingressar com uma nova demanda idêntica, razão pela qual é classificada como um pressuposto processual negativo.
Ver: Arts. 485, V e § 3º, 486 e §3º e 337, V do CPC
		São elementos da ação, exceto:
	
	
	
	réu
	
	
	causa de pedir 
	
	
	pedido
	
	
	autor
	
	
	possibilidade jurídica do pedido
	Explicação: 
Os elementos da ação são partes, pedido e causa de pedir.
		7 - Em maio do corrente ano Esmeralda ingressou em juízo em face de Anastolfo. Sabe-se que em seu pleito contava o pedido de anulação de casamento, mas que se o julgador entendesse não haver fundamentação para tal que decretasse a separação do casal. Diante de tal fato tem-se que o pedido realizado por Esmeralda foi:
	
	
	
	pedido alternativo.
	
	
	pedido sucessivo;
	
	
	pedido simples;
	
	
	pedido subsidiário;
	
	
	nenhuma das respostas acima corresponde ao pedido realizado.
	Explicação: 
é o pedido formulado em caráter secundário ao principal
		8 - Aristóteles, menor púbere, assistido por sua genitora, Verônica, ajuíza em face de Maurício ação de investigação de paternidade, que vem a ser distribuída para a 1ª Vara de Família da Comarca de Petrópolis. Diante do caso em tela assinale a opção correta:
	
	
	
	a) Os titulares do direito de ação são respectivamente: Verônica e Maurício;
	
	
	d) O titular do direito de ação é Verônica.
	
	
	b) Os titulares do direito de ação são respectivamente: Aristóteles e Verônica.
	
	
	c) O titular do direito de ação é Aristóteles.
	Explicação: 
Toda pessoa que se acha no exercício dos seus direitos tem capacidade para estar em juízo. De acordo com o artigo 70, do Código de Processo Civil, "toda pessoa que se encontre no exercício dos seus direitos tem capacidade para estar em juízo". Já os incapazes serão assistidos ou representados por seus pais, curadores ou tutores, na forma que a lei dispuser.
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