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atividade antinomias jurídicas.

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CURSO DE DIREITO
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
1° SEMESTRE 
Leia o caso concreto e responda ao que se pede:
Tamires é uma trabalhadora, casada há vários anos com Orestes, mãe de Ema, 8 anos, e Josias, 6 anos. O casal é frequentador fervoroso de uma seita, que envolve rituais semissacrificiais, com uso de sangue humano. Os rituais não pedem nunca que a “entrega” dos fiéis se dê com base em quaisquer tipos de doações financeiras, mas exige que os rituais estejam espiritualmente completos, com doação de sangue humano jovem. Essas doações são constantes, pois os rituais são semanais.
Ema e Josias frequentam a mesma escola pública municipal e são acompanhados em seu desenvolvimento educacional por professores e professoras. A enfermeira da escola, notando picadas e pequenos hematomas no braço das crianças, e percebendo constante frequência, principalmente de Ema, ao ambulatório, com quadros ‘fraqueza’, de ‘sonolência’ e ‘anemia’, conversa com a direção da escola, e apresenta uma desconfiança de que algo está errado. A Direção conversa com os pais, que dizem estar tudo sob controle e que nada está irregular, e que a escola não deveria ‘se meter’ em assuntos familiares. A Direção, então, resolve fazer uma denúncia ao Conselho da Criança e do Adolescente.
Com base no art. 136, IV, do Estatuto da Criança e do Adolescente, havendo vestígios de lesões corporais, o Ministério Público é acionado e a questão vai à juízo. 
Em sua defesa, os pais dizem ser praticante de uma religião, alegando que o Brasil é um país de matriz religiosa sincrética diversa, e, ainda, que a Constituição Federal (art. 5º, inciso VI) lhes concede total liberdade religiosa, sabendo-se que “é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, proteção aos locais de culto e suas liturgias”.
Respaldando-se nos arts.16 e 17 do ECA, o Ministério Público apresenta argumentação em favor da defesa da criança, alegando terem os pais se excedido no exercício do poder familiar, estando a invadir a seara da liberdade das crianças, que sequer tem juízo religioso devidamente formado.
Diante do caso responda: 5 linhas no mínimo, cada. 
1) É possível perceber uma antinomia nesse caso? Explique. (0,5)
CF (LIBERDADE RELIGIOSA) x ECA (DIREITOS E GARANTIAS À SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE) 
R: Sim, percebe-se o caso de antinomia aparente que necessita da aplicação de metacritérios. 
Devido à complexidade do acontecimento apresentado, os próprios critérios de solução de antinomias entram em conflito, logo requer o uso de ‘metacritérios’ para resolverem as ‘antinomias entre critérios’, também chamadas de ‘antinomias de segundo grau’. Embora as antinomias de segundo grau tenham aplicações restritas às experiências concretas e são de difíceis publicações, são de grande utilidade.
2) Quais os critérios em confronto? Explique. (0,5)
R: Critério Hierárquico (Constituição Federal) x Critério Especialidade (Estatuto da Criança e do Adolescente).
O hierárquico, que está baseado na superioridade de uma fonte de produção jurídica sobre a outra, embora, às vezes, possa haver incerteza para decidir qual das duas normas antinômicas é a superior. O critério hierárquico diz que norma superior revoga inferior e que deve sempre prevalecer a lei superior no conflito.
 O Critério da especialidade, que visa à consideração da matéria normada. A superioridade da norma especial sobre a geral constitui expressão da exigência de um caminho de justiça: da legalidade à igualdade.  Este critério ampara-se no fundamento de que o legislador, ao tratar de maneira específica de um determinado tema, ao que tudo indica, o faz com maior precisão.
3) Quais os meta-critérios para solução desse conflito? Explique. (0,5)
R: O choque dos critérios hierárquico e o de especialidades acarretam na busca da solução dentro do ordenamento aplicando metacritérios. Sendo critério hierárquico e o de especialidades, onde a norma superior geral entra em conflito com uma norma inferior especial, não há uma regra geral consolidada, a doutrina não apresenta nenhuma solução concludente, entretanto, preferem optar, teoricamente, pelo hierárquico; uma lei constitucional geral deverá prevalecer sobre uma lei ordinária especial. 
No caso apresentado, põe em conflito dois critérios fortes entre si, entende-se não haver uma resposta segura para a solução da contradição, a qual dependerá do intérprete que poderá optar por aplicar um ou o outro critério, conforme as circunstâncias apresentadas, buscando também identificar a norma mais justa ao solucionar o caso concreto, servindo-se de critério metanormativo, em benefício do fim social e do bem comum.
Considerando que, entende-se sobre Poder familiar como: “...um encargo legalmente atribuído aos pais de cuidar dos filhos assegurando, juntamente, com a comunidade, a sociedade em geral e o poder público , a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.” É notória a violação dos direitos e deveres que lhes foram confiados como entidade de poder familiar, é fato que devido a convicções religiosas, dos genitores, os menores foram expostos aos riscos da imposição dos hábitos e doutrinas religiosas, em ameaça à segurança, integridade, dignidade, e principalmente à saúde. 
Considerando que o direito à integridade física da criança é mais importante do que o direito à religião dos pais; 
Tendo em vista os fatos e argumentos apresentados, após estudo do caso concreto, explorar normas e doutrinas, entendo que o critério da especialidade deva prevalecer sobre o critério hierárquico, ou seja, que o Estatuto da Criança e do Adolescente seja a norma adotada para solucionar o caso.

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