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Hipertensão, Conceito e Etiologia

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Hipertensão 
Conceito 
Hipertensão arterial (HA) é condição clínica multifatorial caracterizada por elevação
sustentada dos níveis pressóricos ≥ 140 e/ou 90 mmHg. Frequentemente se associa a
distúrbios metabólicos, alterações funcionais e/ou estruturais de órgãos-alvo, sendo
agravada pela presença de outros fatores de risco, como dislipidemia, obesidade abdominal,
intolerância à glicose e diabetes melito. Mantém associação independente com eventos
como morte súbita, acidente vascular encefálico, infarto agudo do miocárdio, insuficiência
cardíaca, doença arterial periférica e doença renal crônica. 1
Etiologia
Fatores de risco para hipertensão arterial
Idade
Há uma associação direta e linear entre envelhecimento e prevalência de HA,
relacionada ao: 
1. Aumento da expectativa de vida da população brasileira, atualmente 74,9 anos;
2. Aumento na população de idosos ≥ 60 anos (2000 a 2010), de 6,7% para 10,8%. 2
Meta-análise de estudos realizados no Brasil incluindo indivíduos idosos mostrou 68% de prevalência
de HA. 3
Sexo e etnia
Na Pesquisa Nacional de Saúde de 2013, a prevalência de HA autorreferida foi
estatisticamente diferente entre os sexos, sendo maior entre mulheres (24,2%) e pessoas de
raça negra/cor preta (24,2%) comparada a adultos pardos (20,0%), mas não nos brancos
(22,1%). 
O estudo Corações do Brasil observou a seguinte distribuição: 11,1% na população
indígena, 10% na amarela, 26,3% na parda; 29,4% na branca e 34,8% na negra. 4
O estudo ELSA-Brasil (Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto) mostrou prevalências
de 30,3% em brancos, 38,2% em pardos e 49,3% em negros. 5
Excesso de peso e obesidade
No Brasil, dados do VIGITEL de 2014 revelaram, entre 2006 e 2014, aumento da
prevalência de excesso de peso, 52,5% vs 43%. No mesmo período, a obesidade aumentou
de 11,9% para 17,9%, com predomínio em indivíduos de 35 a 64 anos. 6
Ingestão de sal
O consumo excessivo de sódio, um dos principais fatores de risco para HA, associa-se
a eventos cardiovasculares e renais. 7,8
No Brasil, dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), mostraram
disponibilidade domiciliar excedendo em mais de duas vezes o consumo máximo
recomendado.1
O impacto da dieta rica em sódio estimada na pesquisa do VIGITEL de 2014 indica
que apenas 15,5% das pessoas entrevistadas reconhecem conteúdo alto ou muito alto de sal
nos alimentos. 6
Ingestão de álcool
Consumo crônico e elevado de bebidas alcoólicas aumenta a PA de forma consistente.
Meta-análise de 2012, incluindo 16 estudos comparou a intensidade de consumo entre
abstêmios e bebedores.9
Em mulheres, houve efeito protetor com dose inferior a 10 g de álcool/dia e risco de
HA com consumo de 30-40g de álcool/dia. Em homens, o risco aumentado de HA tornou se
consistente a partir de 31 g de álcool/dia. 
Sedentarismo
Estudo de base populacional em Cuiabá, MT, revelou prevalência geral de
sedentarismo de 75,8%. Observou-se associação significativa entre HA e sobrepeso,
adiposidade central e sedentarismo nos momentos de folga e durante o trabalho. 10
Fatores socioeconômicos
Adultos com menor nível de escolaridade apresentaram a maior prevalência de HA
autorreferida (31,1%). A proporção diminuiu naqueles que completam o ensino fundamental
(16,7%). 10 No entanto, dados do estudo ELSA Brasil, realizado com funcionários de seis
universidades e hospitais universitários do Brasil com maior nível de escolaridade,
apresentaram uma prevalência de HA de 35,8%, sendo maior entre homens. 5
Genética
Estudos brasileiros que avaliaram o impacto de polimorfismos genéticos na população
de quilombolas não conseguiram identificar um padrão mais prevalente. Mostraram forte
impacto da miscigenação, dificultando ainda mais a identificação de um padrão genético para
a elevação dos níveis pressóricos. 11,12
Hipertensão Arterial Secundária
A HA secundária tem prevalência de 3-5%. O tratamento da causa pode curar ou melhorar o
controle da PA.
Doença renal crônica
Define-se DRC por ritmo de filtração glomerular estimado < 60 ml/min ou
anormalidades na urinálise e/ou morfologia renal mantidas por 3 meses. A HA aumenta
progressivamente com o avanço da DRC, atingindo 90% dos pacientes em estágio 5.
Hipertensão renovascular
A hipertensão renovascular (HARV) é secundária a estenose parcial ou total, uni ou
bilateral da artéria renal (EAR) ou de um de seus ramos, desencadeada e mantida por
isquemia do tecido renal. Sua prevalência é 5% dos pacientes hipertensos.
Síndrome da apneia e hipopneia obstrutiva do sono
A SAHOS caracteriza-se por obstruções recorrentes de vias aéreas superiores durante
o sono, promovendo reduções na pressão intratorácica, hipóxia intermitente e fragmentação
do sono. A prevalência da SAHOS em pacientes com HA é de 30-56%. 
Hiperaldosteronismo primário
O hiperaldosteronismo primário (HAP) é uma condição clínica determinada por
produção excessiva, inadequada e autônoma de aldosterona. A prevalência do HAP em
hipertensos é de 3-22%, sendo mais alta em hipertensos em estágio 3 e/ou resistentes. 
Feocromocitomas
Feocromocitomas são tumores de células cromafins do eixo simpático-adreno-medular
produtores de catecolaminas. 
Outras causas endócrinas
Hipotireoidismo
A HA ocorre em 20% dos pacientes com hipotireoidismo. O diagnóstico é feito por
níveis elevados de TSH e diminuição gradativa de T4 livre. 
Hipertireoidismo
A HA é um achado frequente e a apresentação clínica mimetiza o quadro
hiperadrenérgico. O diagnóstico é confirmado por nível baixo de TSH e elevado de T4 livre.
Hiperparatireoidismo
Condição onde há secreção excessiva de paratormônio pelas glândulas paratireoides,
com consequente hipercalcemia e hipofosfatemia. 
Síndrome de Cushing
A síndrome de Cushing é um distúrbio causado por excesso de cortisol associado à
deficiência do mecanismo de controle do eixo adrenal-hipotálamo-hipofisário e do ritmo
circadiano de secreção do cortisol. 
Acromegalia
Doença geralmente causada por adenoma hipofisário secretor de GH e do IGF-1. A
HA tem prevalência de 35% e contribui para o aumento da morbimortalidade da doença. A
miocardiopatia acromegálica contribui para elevar a PA e pode ser agravada pela
coexistência da HA. 
Coarctação da aorta
Constrição da aorta próxima ao canal arterial ou ao ligamento, encontrada
especialmente em crianças e adultos jovens. 
HA induzida por medicamentos
Referência:
1- Malachias MVB, Souza WKSB, Plavnik FL, Rodrigues CIS, Brandão AA, Neves MFT, et al.
7a Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial. Arq Bras Cardiol 2016; 107(3Supl.3):1 83
2 – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. (IBGE). Sinopse do censo demográfico,
2010.
3 – Picon, RV, Fuchs FD, Moreira LB, Fuchs SC. Prevalence of hypertension among elderly
persons in urban Brazil: a systematic review with meta-analysis. Am J Hypertens.
2013;26(4):541-8.
4 – Nascimento-Neto RM, Pereira AC, Coelho GL, Krieger JE; Sociedade Brasileira de
Cardiologia. Atlas corações do Brasil. Rio de Janeiro; 2006.
5 – Chor D, Ribeiro AL, Carvalho MS, Duncan BB, Lotufo PA, Nobre AA, et al. Prevalence,
awareness, treatment and influence of socioeconomic variables on control of high blood
pressure: results of the ELSA-Brasil Study. PLOS One. 2015;10(6):e0127382.
6 – Vigitel Brasil 2014. Vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por
inquérito telefônico.
7 – Zhao D, Qi Y, Zheng Z, Wang Y, Zhang XY, Li HJ, et al. Dietary factors associated with
hypertension. Nat Rev Cardiol. 2011;8(8):456-65.
8 – He FJ, MacGregor GA. Reducing population salt intake worldwide: from evidence to
implementation. Prog Cardiovasc Dis. 2010;52(5):363-82.
9 - Andrade SSA, Stopa SR, Brito AS, Chueri PS, Szwarcwald CL, Malta DC. Prevalência de
hipertensão arterial autorreferida na população brasileira: análise da Pesquisa Nacional deSaúde, 2013. Epidemiol Serv Saúde. 2015;24(2):297-304.
10 - Scala LC, Braga FD Jr, Cassanelli T, Borges LM, Weissheimer FL. Hipertensão arterial e
atividade física em uma capital brasileira. Arq Bras Cardiol. 2015;105 (3 supl 1):20.
11 - Kimura L, Angeli CB, Auricchio MT, Fernandes GR, Pereira AC, Vicente JP, et al.
Multilocus family-based association analysis of seven candidate polymorphisms with essential
hypertension in an African-derived semi- isolated Brazilian population. Int J Hypertens.
2012;2012:859219.
12 - Kimura L, Ribeiro-Rodrigues EM, De Mello Auricchio MT, Vicente JP, Batista Santos SE,
Mingroni-Neto RC. Genomic ancestry of rural African-derived populations from Southeastern
Brazil. Am J Hum Biol. 2013;25(1):35-41.

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