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ATIVIDADE CONTEXTUALIZADA- LITERATURA COMPARADA

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FACULDADE MAURÍCIO DE NASSAU – ARACAJU/SE 
LETRAS 
LITERATURA COMPARADA
ROBERTA MOURA CAVALCANTI
HILDA MENEZES DA SILVA
NASHA KATTIELLIE DOS SANTOS MATOS
Como você pode observar temos uma poesia concreta, de Décio Pignatari. Sabe-se que A poesia concreta, também chamada de poema-objeto esteve voltada para a exploração dos aspectos gráficos, donde o escritor pretendia preencher o espaço em branco oferecido pelo papel, mediante uma íntima relação entre a palavra, a sonoridade e a imagem.
Elabore um texto de no máximo 30 linhas, analisando essa produção poética da Lírica moderna brasileira do pré-modernismo. Para ajudar você, leia o artigo A crise pós-moderna no recente panorama da lírica brasileira e portuguesa, de Norival Batos Júnior e Lacy G. Machado, disponível em https://seer.cesjf.br/index.php/verboDeMinas/article/view/839/645 . Além desse material você pode consultar outros autores, tais como, Haroldo de Campos, Augusto de Campos e Ferreira Gullar, para fundamentar a sua análise.
No seu texto, analise o poema de Pignatari, explicitando o processo de escrita e as supostas razões do autor. Identifique a escola literária a que pertence o concretismo, justificando sua resposta. Use até três autores para a sua análise literária.
Certamente você vislumbrará pontos interessantíssimos.
O poema de Décio Pignatari, tem por título “ Coca cola”, a escola literária é a concretista, o qual a construção explicita o eu lírico, e seu visual é também conteudistas ou significativo. Assim o processo é tão importante quanto os versos. O poema COCA COLA é por sua vez, construído sob forte ideologia, da antipropaganda do produto, como do capitalismo em si.
 	Haroldo de Campos fez uma análise fonêmica e semântica na construção de todo o texto, e o sentido ultrapassa o verbal e visual. Vejamos:
 “Já no segundo movimento, a metátese fonêmica que redundou na passagem de beba para babe, evidencia o processo ideológico e o discurso do silêncio, subjacente ao visual.  Beber coca-cola não figura nos países do Terceiro Mundo, tão-somente como ato de sorver o liquido e matar a sede; é, antes, o ato de absorver uma cultura que se coloca por trás do discurso visual, ou se mistura com a essência da coca. Babe, além de se referir diretamente ao ato de lambuzar, próprio de quem vai ao poete sem se precaver, reserva uma carga semântica que se interconecta às conseqüências da perda da identidade cultural. Esse raciocínio se clarifica quando verificamos que babar se correlaciona, ainda, a fala melíflua, fala enganosa da propaganda e do domínio cultural que se impõe aos povos subdesenvolvidos. Alicerçando nossa interpretação, observamos que a ação de babar não se refere mais a coca, como o fizera a de beber, mas a cola. Ora, babar cola é, de certa maneira, aderir ao consumismo, que compreende toda a dinâmica do capital e, sobremaneira, do copismo cultural, (...). Todavia, a metátese da palavra coca, transformando-a em caco, esclarece a qualidade do produto e do consumidor. Afora aduzir à ordinariedade da cultura importada, caco deixa entrever a transformação do produto, reduzido a excrementos, cocô, fim de toda sociedade consumista e subdesenvolvida que perde a identidade cultural. É sintomático que, a partir desse movimento, coca, cola e caco procedem a um verdadeiro balé, em que fonemas e palavras se vão sucedendo até desembocarem na cloaca, fusão das palavras, dos corpos e das essências. Evidentemente, não se trata de uma fusão que se destina à criação de um novo ser, como se fosse um processo alquímico, mas à redução ao imundo, ao sórdido, ao imprestável, com sói acontecer ao povo que abdica de suas peculiaridades culturais.Como evidenciar esta ideologia, quase todas as outras palavras que podem ser formadas a partir de cloaca, são impregnadas de semântica depreciativa, em que a negação do homem e da cultura se patenteia. (...)Este poema joga mais com a palavra do que com o espaço em branco, o visual. O poeta, ao utilizar palavras que se alternam no espaço da folha, não apenas materializa um estado primitivo que antecede à fala, mas patenteia o estado de coisa, de dejeto, a despeito de se não apegar à tradição esotérico-semiótica, é um dos parcos que se deixa ler nas fímbrias do silêncio, é um dos poucos que resiste a uma análise mais profunda do estrato fônico-semântico.”
O poema utiliza como significante e significado mais do vocábulo em si, do que do espaço em branco e seu desenho, seu visual, embora permaneça na escola do concretismo, ultrapassando a noção do limite da expressão semiótica. Traz em seus versos “o rompimento com o a tradição poética herdada em nome da ruptura total com os paradigmas arcaizantes”.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CAMPOS, Haroldo de  1975. A arte no horizonte do provável.  São Paulo: Perspectiva, 1975. p. 126-127.
FERNANDES, José. O Poema visual – Leitura do imaginário esotérico (Da antiguidade ao século XX)  Petrópolis, RJ: Vozes, 1996.   p. 125-126)
JÚNIOR, Norival Bottos e MACHADO, Lacy Guaraciaba. A CRISE PÓS-MODERNA NO RECENTE PANORAMA DA LÍRICA BRASILEIRA E PORTUGUESA. VERBO DE MINAS, Juiz de Fora, v. 17, n. 29. p. 164-180, jan./jul. 2016 – ISSN 1984-6959. Disponível em:  https://seer.cesjf.br/index.php/verboDeMinas/article/view/839/645. Acesso : 01 de abril de 2020.