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Victor Clavijo
Leonardo Bocabella
William Kabbach
LENTES DE CONTATO
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literatura científica já é unânime em afirmar 
que as facetas cerâmicas, quando confec-
cionadas em sua correta indicação e com 
um preciso protocolo clínico, possuem grande 
longevidade devido às características dos mate-
riais, como estabilidade físico-química; excelente 
compatibilidade biológica; coeficiente de expan-
são térmica semelhante ao das estruturas den-
tárias; suficiente resistência à compressão e à 
abrasão; excelente reprodução das propriedades 
ópticas da estrutura dental; radiopacidade; ade-
são ao agente cimentante e aos substratos den-
tários; estabilidade de cor e longevidade clínica 
com trabalhos de até 20 anos2,3 de acompanha-
mento. Autores concluem2,3 que um dos fatores 
primordiais para esta longevidade é a manuten-
ção do esmalte dental durante a preparação, ou 
seja, quanto mais esmalte remanescente, mais 
favorável será a cimentação e maior será a longe-
vidade da restauração.
Com a evolução dos materiais cerâmicos, téc-
nicas laboratoriais e a excelente adesão das ce-
râmicas à estrutura de esmalte, técnicas de pre-
servação durante o planejamento de preparação 
dental vêm sendo cada vez mais procuradas.Uma 
tendência que voltou ao mercado foi o conceito 
de restaurações sem preparo dental, um conceito 
que já foi proposto há 25 anos, por John R. Ca-
lamia, porém o não domínio dos materiais labo-
ratoriais associado à adesão das restaurações à 
estrutura dental ocasionaram muitos insucessos, 
desde fraturas até grande inflamação gengival de-
vido ao sobrecontorno.
Todavia foi constatado que para a remoção das 
mesmas restaurações havia certa dificuldade e, 
desta forma, concluíram1 que o esmalte é funda-
mental para a adesão das cerâmicas, contudo 
pequenos preparos no terço cervical deveriam ser 
realizados para um adequado perfil de emergência. 
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Desta forma, as restaurações minimamente invasivas começaram a evoluir, che-
gando, nos dias de hoje, a revelarem-se uma excelente escolha quando utilizadas 
com correta indicação. 
Sob tal aspecto, o objetivo deste capítulo é ilustrar uma sequência clínica dividida 
em tópicos de um caso indicado para restaurações com mínimo preparo dental.
1 - O QUE SÃO RESTAURAÇÕES CERÂMICAS COM MÍNIMO PREPARO - LENTES 
DE CONTATO
As lentes de contato dentais são facetas ou lâminas muito delgadas de cerâmica 
acrescentadas ao dente quando se tem como intuito modificar ou devolver sua 
forma original, podendo ser confeccionadas sem nenhum desgaste ou com mí-
nimo desgaste ao esmalte. A maior diferença entre lentes e fragmentos é que, 
como o próprio nome revela,estes últimos são frações ou pedaços de cerâmica 
que envolvem parte do dente e deixam a linha de cimentação na vestibular; por 
sua vez, as lentes cobrem a face vestibular total do dente.
01 › Restaurações cerâmicas extremamente delgadas. Observe a transparência da superfície vestibular, como se fosse uma lente de contato ocular.
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CAPÍTULO 1 
02 › Restauração cerâmica tipo lentes de contato sendo inserida no elemento dental 12.
03 › Restauração cerâmica tipo lentes de contato sendo inserida no elemento dental 11.
04 › A espessura das restaurações cerâmicas tipo lentes de contato varia de 0,2 a 0,5 mm.
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2 - QUANDO POSSO INDICAR AS RESTAURAÇÕES CERÂMICAS COM MÍNIMO 
PREPARO DENTAL?
São indicadas em situações em que a estrutura/posição dental permita acrésci-
mo de material, como aumento da borda incisal, aumento de volume vestibular, 
fechamento de diastemas, abfrações e retrações gengivais até restaurações 
oclusais para aumento de dimensão vertical, desde que não modifiquem ou 
criem um sobrecontorno.
05 › Fechamento de diastema com dentes retangulares. Observe que as proximais quase não possuem retenções devido 
ao formato dental, por isso são indicados para preparos minimamente conservadores.
06 › Dentes conoides já possuem um formato quase expulsivo que também favorece o eixo de inserção e um preparo 
minimamente invasivo.
07 › Dentes lingualizados já proporcionam espaço para as restaurações cerâmicas e eixo de inserção favorável.
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CAPÍTULO 1 
08 › Dentes escurecidos são contraindicados 
para restaurações cerâmicas tipo lentes de 
contato pois precisam ser preparados e pro-
porcionar espessura de material cerâmico para 
mascarar o escurecimento dental.
09 › Fechamentos de diastemas com dentes 
triangulares são contraindicados pois não 
possuem eixo de inserção favorável, sendo 
necessários desgastes amplos para a inser-
ção das restaurações cerâmicas.
10 › Dentes com superfície vestibular sobres-
saliente também são contraindicados pois, se 
acrescentarmos materiais nesta superfície, au-
mentaríamos ainda mais o volume vestibular, 
tornando a sobressaliência excessiva.
3 - QUAIS SÃO AS CONTRAINDICAÇÕES? 
As lentes de contato são contraindicadas quando não há possibilidade de atingir 
a forma desejada apenas acrescentando material restaurador, sendo necessário o 
desgaste de estrutura dental, o que descaracteriza as lentes de contato e carac-
teriza as restaurações mais espessas, como as facetas ou laminados cerâmicos. 
Também são contraindicadas em casos nos quais se deseja alterar a cor em mais 
de dois tons acima da escala.
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4 - COMO PLANEJAR RESTAURAÇÕES CERÂMICAS COM MÍNIMO OU SEM PRE-
PARO DENTAL?
Quando se pensa em restaurações minimamente invasivas, logo vem a ideia de 
realizar a moldagem e a cimentação. Teoricamente, seriam passos simples, po-
rém, comumente, nos esquecemos de que o resultado final pode vir agregado a 
problemas como cor e forma inadequadas, falta de ponto de contato e sobrecon-
torno excessivo, além de fraturas tardias e, muitas vezes, esses problemas são 
decorrentes da falta de um correto planejamento inicial, o qual é primordial, pois 
sua indicação é restrita, e, portanto, a análise de fotografias, modelos e mock-up 
torna-se essencial, sendo que qualquer erro decorrente somente será corrigido 
com a remoção das restaurações com pontas diamantadas e, consequentemen-
te, agredirá a estrutura do esmalte, onde o trabalho minimamente invasivo já se 
tornará totalmente invasivo.
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CAPÍTULO 1 
Nesta etapa, lembre-se da frase: “Não planejamos fracassar, mas fracassamos 
por não planejar” (DreiaOliver).
Para um preciso planejamento das restaurações minimamente invasivas serão 
necessários os seguintes passos:
4.1 - PROTOCOLO DE FOTOGRAFIA DE FACE
11 › Fotografia frontal.
12 › Fotografia meio perfil direito.
13 › Fotografia meio perfil esquerdo.
14 › Fotografia perfil direito.
15 › Fotografia perfil esquerdo.
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4.2 - PROTOCOLO DE FOTOGRAFIA DE SORRISO
16 › Lábio em repouso.
17 › Sorriso frontal.
18 › Sorriso meio perfil direito.
19 › Sorriso meio perfil esquerdo.
20 › Sorriso perfil direito.
21 › Sorriso perfil esquerdo.
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CAPÍTULO 1 
4.3 - PROTOCOLO DE FOTOGRAFIA INTRAORAL
22 › Quadrante anterior em intercuspidação.
23 › Quadrante anterior meio perfil direito.
24 › Quadrante anterior meio perfil esquerdo.
25 › Quadrante anterior perfil direito.
26 › Quadrante anterior perfil esquerdo.
27 › Close-up anterior.
28 › Close-up anterior meio perfil direito.
29 › Close-up anterior meio perfil esquerdo.
30 › Close-up anterior lado esquerdo.
31 › Close-up anterior lado direito.
32 › Oclusal anterior.
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4.4 - MOLDAGEM EM SILICONA DE ADIÇÃO SUPERIOR E INFERIOR
33 › Moldagem em silicona de adição superior e inferior.
34 › Pré-planejamento utilizando os recursos digitais. 
4. 5 - ANÁLISE ESTÉTICA DO SORRISO EM MEIO DIGITAL (D.S.D BY CHRISTIAN COACHMAN)
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CAPÍTULO 1 
35 › Com o correto protocolo inicial de fotografia, modelos de estudo superior e inferior, pré planejamento digital o T.P.D. poderá realizar um encera-
mento diagnóstico funcional.
4. 6 - COMUNICAÇÃO E ORIENTAÇÃO - INTERAÇÃO CIRURGIÃO-DENTISTA. – TÉCNICO EM 
PRÓTESE DENTÁRIA
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5 - QUANDO PREPARAR E QUANDO NÃO PREPARAR? 
A consolidação da adesão e, principalmente, as grandes vantagens de realizá-la 
no esmalte dental aumentaram as indicações das restaurações cerâmicas sem 
preparo ou com mínimo preparo. A questão do preparo ou não será decorrente da 
interpretação do técnico em prótese dentária e do cirurgião-dentista se há possi-
bilidade de eixo de inserção da restauração cerâmica tipo lentes de contato; caso 
haja retenção, a remoção da mesma será necessária. Outra característica seria 
a necessidade de mudança de cor que, se for necessária, terá que ser feito um 
preparoda estrutura dental para aumentar a espessura da restauração cerâmica a 
fim de realizar o mascaramento.
Fatores para decisão do preparo ou não preparo.
5.1 - ENCERAMENTO DIAGNÓSTICO
Com o modelo adequado em mãos, o técnico deve encerar o caso somente por 
adição, de preferência com cor diferente do modelo de gesso, para ter uma vi-
são exata de onde deve-se acrescentar material restaurador; desta forma, já será 
possível a visualização quanto à possibilidade do caso ser executado através de 
fragmentos, lentes ou facetas sem preparo dental. 
Nesta hora também ocorre a decisão pela utilização de fragmentos ou lentes de 
contato, lembrando que em fragmentos sempre terá uma linha de união visível 
na superfície vestibular, tendo assim uma vida estética menor do que o recobri-
mento total com as lentes de contato. Agora, antes da decisão, é preciso fazer 
o seguinte questionamento: será melhor não desgastar a estrutura dental e ter 
uma restauração sem preparo, porém com uma vida estética menor, ou fazer 
um mínimo desgaste e possibilitar, dessa maneira, a execução de uma lente 
de contato recobrindo toda a superfície vestibular e proporcionando uma vida 
estética mais longa?
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CAPÍTULO 1 
36 › Modelo inicial.
37 › Início do enceramento pela técnica 
de adição.
38 › Aferição das medidas com paquímetro.
39 › Reprodução da proporção no incisivo 
homólogo.
40 › Acabamento e texturização do ence-
ramento diagnóstico.
41 › Modelo final com enceramento diag-
nóstico pela técnica de adição.
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42 › Modelo inicial.
5.2 - EIXO DE INSERÇÃO
Após o enceramento, o técnico deve averiguar se há eixo de inserção para remo-
ção e inserção dos fragmentos ou lentes no modelo de gesso; caso haja alguma 
interferência, o técnico deve orientar o desgaste de alguma convexidade, aresta 
ou ângulo de retenção.
43 › Modelo encerado com cor diferente para analisar eixo de inserção, volume e localização das áreas a serem restauradas.
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CAPÍTULO 1 
5.3 - COR DESEJADA
Um dos fatores principais para a indicação das 
restaurações sem preparo será quando a cor 
remanescente for favorável, ou seja, clara ou, 
no máximo, um tom abaixo da cor desejada; as-
sim, pode-se realizar a restauração tipo lentes 
de contato. Porém, se houver a necessidade de 
mudança de cor, deve-se optar pelo aumento 
da espessura da restauração cerâmica tipo de 
lentes de contato para confeccionar o mascara-
mento da estrutura dental escurecida.
6 - MURALHA DE SILICONE PARA MOCK-UP
São as muralhas em silicone obtidas do modelo 
encerado que guiam o clínico e o técnico quan-
to às referências de espaços que as peças ce-
râmicas ocuparão. Duas guias são confeccio-
nadas: uma no sentido axial vestíbulo-lingual 
e outra no sentido horizontal vestíbulo-lingual. 
A principal muralha de utilização clínica será a 
total, que proporcionará o mock-up e deve ser 
realizada com material pesado e leve para a 
perfeita modelagem das estruturas dentais e 
gengivas do modelo de gesso, proporcionando 
um mock-up fiel e sem excessos.
44 › Caso inicial com indicação para restaurações tipo lentes de contato.
45 › Enceramento diagnóstico pela técnica de adição. Observe que os acréscimos podem 
ser parciais devido à excelente coloração do substrato dental.
46 › Muralha personalizada com silicona de adição (densa e fluida) e lâmina de bisturi para 
recontorno cervical que proporcionará um mock-up preciso e sem excessos.
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7 - MOCK-UP 
Mock-up aditivo é uma etapa cuidado-
sa a ser realizada quando devemos tra-
balhar com resinas bisacrílicas por sua 
facilidade de manuseio e excelente aca-
bamento. Nesta etapa, podemos ter a vi-
sualização real quanto à forma final, bem 
como passar informações adicionais 
ao técnico com relação às mudanças 
de forma, mas para isso o mock-up na 
boca precisa ser fiel ao modelo encera-
do. Nesta etapa, o comparativo entre a 
foto inicial e final se torna essencial para 
demonstração ao paciente.
47 › Muralha personalizada em posição. Ob-
serve a demarcação da linha média que auxilia 
na inserção e também a customização do re-
contorno cervical que facilita a remoção dos 
excessos do material provisório bisacrílico 
(Protemp A1 -3MESPE).
48 › Após a presa da resina bisacrílica, remo-
ve-se a muralha personalizada. Observe que os 
excessos já estão praticamente separados da 
estrutura dental.
49 › Remoção total dos excessos com lâmina 
de bisturi. 
50 › Remoção da camada superficial da resina 
bisacrílica com bolinhas de algodão embebi-
das em álcool.
51 › Polimento do mock-up com escova de 
crina de cavalo (DHPRO - Paranaguá Curitiba).
52 › Mock-up finalizado.
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CAPÍTULO 1 
53 › Foto frontal da face com mock-up finalizado.
54 › Foto meio perfil direito da face com mock-up finalizado.
55 › Foto meio perfil esquerdo da face com mock-up finalizado.
56 › Foto perfil direito da face com mock-up finalizado.
57 › Foto perfil esquerdo da face com mock-up finalizado.
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ISBN 978-85-60842-48-3

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