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Estetica do Sorriso

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MARISTELA LOBO | OSWALDO SCOPIN DE ANDRADE
JOÃO CARLOS WANDERICO | MARIANA MONTANINI EMATNÉ HIRATA
01
CAPÍTULO
A INTERAÇÃO DA 
PERIODONTIA COM 
OS PROCEDIMENTOS 
ESTÉTICOS
É tempo de Odontologia Estética Multidisciplinar e o objeti-
vo final dessa abordagem consiste na construção de sorrisos 
saudáveis, funcionais e estéticos, e exige a consciência de que 
é impossível alcançar tal resultado sem a integração de todas 
as especialidades1,2. Aprofundar-se em técnicas e conceitos 
tornou-se tão importante quanto ter a visão do conjunto, do 
que é necessário e do que é possível realizar em cada caso 
clínico. Conhecer o comportamento biológico dos tecidos a 
serem tratados na Odontologia Estética Integrada é funda-
mental para que haja previsibilidade, sucesso, estabilidade e 
longevidade de resultados3,4,5.
A Periodontia tem um papel fundamental dentro desse con-
texto, pois o equilíbrio dos tecidos – duros e moles, brancos 
e vermelhos (ou róseos), externos e internos – exige o res-
peito às distâncias biológicas, ao padrão estético da Zona de 
Transição (representada pelos tecidos moles supracrestais)6 
e aos contornos e proporções teciduais7,8. O equilíbrio dos 
tecidos que compõem o sorriso exige, fundamentalmente, 
a saúde do periodonto e o selamento marginal das restau-
rações, sejam estas diretas ou cimentadas (semi-diretas ou 
indiretas), promovendo mínimo acúmulo de biofilme bacte-
riano na interface dente-restauração-periodonto.
INTRODUÇÃO
36ESTÉTICA DO SORRISO
e m r e a b i l i t a ç ã o p r o t é t i c a
Neste capítulo, serão abordados os procedimentos perio-
dontais mais frequentemente empregados para otimizar a 
estética vermelha (ou rosa) e integrá-la com a Odontologia 
Restauradora Estética. Por fim, há a descrição de um caso 
clínico completo envolvendo o aumento de coroa clínica es-
tético sob técnica mista, associado a elementos cerâmicos do 
tipo “lentes de contato”.
O COMPLEXO TECIDUAL 
SUPRACRESTAL OU ZONA DE 
TRANSIÇÃO (ZT)
O manejo dos tecidos periodontais requer o conhecimento 
da biologia, da anatomia e do comportamento dos tecidos 
que circundam os dentes, restaurações e/ou implantes3,9. 
O dente representa uma estrutura muito peculiar do corpo 
humano, uma vez que possui dois terços de sua estrutu-
ra inseridos na parte interna do organismo, e praticamente 
um terço da mesma estrutura posicionado externamente, 
em contato direto com um meio aquoso e contaminado por 
bactérias. Essa condição anatômica determina, por si só, a 
necessidade de um selamento biológico suficientemente ca-
paz de evitar a invasão bacteriana e consequente inflamação 
na Zona de Transição (ZT) –composta pelo Complexo de 
Tecidos Supracrestais6,10,11. 
A Figura 01 ilustra bem a disposição dos tecidos da ZT: o 
epitélio oral, em vermelho, do qual pertence a gengiva livre, 
consiste em um epitélio pavimentoso estratificado querati-
nizado, capaz de resistir aos desafios térmicos e mecânicos 
provenientes da mastigação e da escovação. Possui sucessi-
vas camadas celulares – basal, espinhosa, granulosa e que-
ratinizada – que o tornam impermeável, isento de qualquer 
capacidade de absorção externa. A nutrição desse tecido, 
que não possui vasos sanguíneos, se dá a partir da camada 
basal, a qual projeta cristas epiteliais em direção ao tecido 
conjuntivo subjacente, aumentando a superfície de contato, 
a captação de nutrientes e a distribuição de forças aplicadas 
sobre a superfície do epitélio12.
O epitélio oral estende-se em direção à estrutura dental 
e, ao invaginar, perde algumas camadas celulares e parte 
de sua queratinização, embora mantenha alguma resis-
tência, tranformando-se em epitélio do sulco (com com-
primento histológico médio de 0,69 mm)11,13. O epitélio 
sulcular oral tem camadas celulares mais finas com um pa-
drão incompleto de queratinização (paraqueratinização)12. 
Clinicamente, é impossível determinar a profundidade do 
sulco gengival histológico através de sondagem clínica10. 
Quando a sonda penetra no sulco gengival, ela percorre 
o comprimento do epitélio do sulco e segue pelo epitélio 
juncional, que é o tecido que existe em continuidade com 
o epitélio do sulco, em íntimo contato com a superfície 
do esmalte dental, e fracamente aderido a esta através 
de hemi-desmossomos presentes na lâmina basal interna 
deste tecido14.
O epitélio juncional é um tecido não queratinizado, de alta 
permeabilidade – permite a passagem de fluido crevicular, 
anticorpos e células humorais, e possui grande capacidade 
de regeneração12,14. Em média, o comprimento do epité-
lio juncional abrange 1,07mm13, embora esse tecido possa 
variar muito quanto às medidas em diferentes indivíduos. 
O epitélio juncional geralmente termina ao nível da Junção 
Cemento-Esmalte (JCE) e coincide com o início da inserção 
conjuntiva, onde as fibras do tecido conjuntivo se inserem 
no cemento radicular. A inserção conjuntiva é responsável 
pela arquitetura e pelo arcabouço gengival, já que nessa faixa 
tecidual encontram-se as fibras dentogengivais, dentoalveo-
lares e alvéologengivais12. O sulco gengival é uma unidade 
separada do espaço biológico, o qual compreende o epitélio 
36CAPÍTULO 01 37| • 
EPITÉLIO DO SULCO
0,69 mm
ES
EJ
JCE
IC
EPITÉLIO JUNCIONAL
0,97 mm
INSERÇÃO CONJUNTIVA
1,07 mm
01 ► Representação esquemática do complexo de te-
cidos supracrestais (Zona de Transição, ZT), formado por 
quatro entidades teciduais distintas: o epitélio do sulco, 
em vermelho escuro, medindo, em média, 0,69 mm de 
comprimento; o epitélio juncional, em amarelo, com 0,97 
mm de comprimento; a inserção conjuntiva, em verde, com 
aproximadamente 1,07 mm de comprimento e, por fim, o 
epitélio oral, em vermelho claro, que possui, no mínimo, a 
soma desses tecidos em comprimento na ZT (2,73 mm)6,13.
juncional e a inserção conjuntiva (em um comprimento mé-
dio de 2,04 mm)13. Unindo o espaço biológico e o sulco, 
tem-se o complexo de tecidos supracrestais ou a Zona de 
Transição (ZT) 6,10,11.
Existe uma série de vantagens clínicas acerca do conheci-
mento das distâncias biológicas e das características dos te-
cidos que compõem a ZT, a qual pode ser compreendida a 
partir de uma análise considerando os sentidos vertical ou 
ápico-coronal (comprimento tecidual, Figura 02A) e hori-
zontal ou vestibulolingual/palatino (espessura tecidual, Figu-
ra A2B). Compreender corretamente o comportamento 
biológico desses tecidos auxilia sobremaneira no respeito às 
distâncias biológicas e na manutenção da saúde dental e pe-
riodontal em curto, médio e longo prazo, fundamental para 
a longevidade dos tratamentos odontológicos. 
ESTÉTICA DO SORRISO
e m r e a b i l i t a ç ã o p r o t é t i c a
38
02A
02B
DISTÂNCIAS BIOLÓGICAS
SULCO GENGIVAL
ESPAÇO BIOLÓGICO
(EJ + IC)
BIOTIPO PERIODONTAL
ESPESSURA TECIDUAL
QUANTIDADE E QUALIDADE
NUTRIÇÃO / DEFESA
02 A,B ► A Zona de Transição pode ser avaliada em diferentes sentidos: (a) o vertical ou ápico-coronal fornece informações acerca das distâncias biológicas e 
medidas de comprimento do complexo de tecidos supracrestais; (b) o horizontal ou vestibulopalatino/lingual permite a avaliação da espessura e das características 
do biótipo periodontal. 
39
O comprimento da ZT pode variar entre os indivíduos mas, 
em média, compreende 2,73 mm1,13. Segundo Kois9, de um 
total de 1000 pacientes avaliados quanto aos tecidos supra-
crestais, 2% dos indivíduos possuíam comprimento de ZT 
menor que 3,0 mm na face vestibular dos dentes anteriores 
superiores em função da distância encurtada entre a Junção 
Cemento Esmalte (JCE) e a Crista Óssea Alveolar (COA), o 
que aumenta o risco de invasão do espaço biológico diante 
de restaurações diretas ou indiretas. Treze por cento dos 
pacientes avaliados apresentaram comprimento aumentado 
de ZT, variando de 3,0 a 4,5 mm na face vestibular dos an-
teriores superiores devido à maior distância entre a JCE e a 
COA.Segundo o autor9, os pacientes com essa caracterís-
tica de ZT apresentam instabilidade de margem gengival e 
elevado risco à recessão. A maioria dos indivíduos avaliados 
(85%) apresentou ZT aproximadamente igual a 3,0 mm na 
mesma face, corroborando com a média de achados prévios 
em dentes anteriores10,11,13.
Um estudo recente13 conduziu a avaliação histomorfométri-
ca in vivo do Complexo de Tecidos Supracrestais (ou ZT) em 
11 pacientes (com idades de 27 a 53 anos) com periodontos 
saudáveis que tiveram 24 dentes extraídos por razões pro-
téticas. Na amostragem avaliada, as medidas médias com-
preenderam: 1,58 mm desde a margem gengival até a JCE 
(os autores não conseguiram diferenciar histologicamente o 
epitélio do sulco e o epitélio juncional por dificuldades no 
preparo de espécimes); 1,18 mm de comprimento da inser-
ção conjuntiva e 2,75 mm de medida da Zona de Transição. 
Os achados da literatura, de que a maioria dos indivíduos 
possui comprimento de Zona de Transição na faixa dos 3,0 
mm na face vestibular de dentes superiores anteriores, é 
pertinente clinicamente e deve ser considerado como média 
para a maioria dos indivíduos sem esquecer, no entanto, a 
importância de se individualizar cada caso, uma vez que essas 
medidas podem variar muito entre indivíduos, entre grupos 
de dentes de um mesmo indivíduo, e entre faces de um 
mesmo dente.
A avaliação da ZT no sentido horizontal permite ao clínico 
estimar a espessura do tecido e classificar o paciente de 
acordo com os biótipos periodontais15-18. O biótipo perio-
dontal define diferentes padrões de comportamento teci-
dual frente às agressões inflamatórias, e pode determinar a 
indicação de técnicas variadas, visando preservar a margem 
gengival19. A avaliação da quantidade do tecido queratini-
zado existente, a profundidade de sondagem, a distância 
da margem gengival até a crista óssea, o espaço biológico 
e o biótipo periodontal são parâmetros determinantes na 
escolha da técnica cirúrgica para o aumento de coroa clínica 
estético anterior19-21.
Atualmente, considera-se que o biótipo fino/festonado ofe-
rece tendência à recessão da margem gengival frente aos 
desafios inflamatórios22. Isso porque a limitação de quan-
tidade e qualidade teciduais nesse biótipo frequentemente 
implica em comprometimento da nutrição na extremidade 
coronal da ZT23,24. Em pacientes com biótipos periodontais 
finos/festonados ou intermediários, o cirurgião deve evitar 
as incisões relaxantes, a divisão sub-laminar, o excesso de 
suturas e a tensão do retalho para diminuir a ocorrência de 
possíveis deiscências e perdas dos tecidos gengivais marginal 
e papilar25,26. Os procedimentos restauradores também de-
mandam maior cuidado de manipulação nesses pacientes, 
traduzido em menores danos possíveis à ZT, além de dis-
tância de, pelo menos, 1,0 mm entre a margem gengival e o 
término das restaurações. 
ESTÉTICA DO SORRISO
e m r e a b i l i t a ç ã o p r o t é t i c a
40
O biótipo plano/espesso, em função da abundância de teci-
dos ósseo, conjuntivo e epitelial, tende à formação de bolsa 
periodontal diante de inflamações e oferece maior estabi-
lidade da posição da margem gengival, embora, nesses bi-
ótipos, haja maior risco de invasão do espaço biológico27. 
Nesse contexto, não se exige delicadeza na execução de 
procedimentos cirúrgicos e/ou restauradores, mas há que 
se observar o relacionamento entre as distâncias biológicas 
e os limites das restaurações. O biótipo intermediário pode 
comportar-se de ambas as maneiras, tendendo à recessão 
da margem gengival ou à formação de bolsa periodontal. No 
entanto, diante dos procedimentos clínicos, deve ser consi-
derado como biótipo fino. 
As tomografias computadorizadas volumétricas do tipo cone 
beam, de alta resolução (ex.: Prexion 3D), podem fornecer 
informações precisas acerca dos tecidos da ZT (Figura 03A, 
B)28-31. O afastamento de lábios e da língua durante a tomada 
tomográfica permite a visualização nítida do processo alveolar 
e seus tecidos (Figura 03A), e o software é capaz de fornecer 
medidas precisas tanto de espessura de tábua óssea quanto de 
comprimento de tecidos supracrestais (Figura 03B). 
Estudos que empregam tomografias computadorizadas para 
a avaliação da ZT na face vestibular de dentes anteriores28-31 
mostraram que existe uma variação muito grande entre a 
COA e a JCE (com distâncias de 1,6 a 4,0 mm), e que tais 
distâncias podem ser menores em biótipos periodontais pla-
nos/espessos quando comparadas às mesmas distâncias em 
indivíduos com biótipos periodontais finos/festonados10,28.
De fato, é prudente trabalhar com cada indivíduo de maneira 
personalizada e, para isso, o conhecimento dos tecidos supra-
crestais, incluindo o comportamento biológico, as medidas de 
comprimento e as medidas de espessura, torna-se imprescin-
dível ao sucesso da terapêutica, cirúrgica e/ou restauradora. 
O PADRÃO ESTÉTICO DA ZONA 
DE TRANSIÇÃO
Antes do manejo dos tecidos da ZT, é preciso conside-
rar alguns parâmetros preestabelecidos de estética ver-
melha: (A) o volume e a coloração da gengiva (Figura 
04A); (B) o alinhamento da altura das margens gengivais 
de pré-molares, caninos e incisivos centrais, deixando 
apenas os incisivos superiores laterais com flexibilidade 
de posição da margem gengival, podendo estar no máxi-
mo 1,0 mm mais coronal em relação à margem gengival 
dos demais dentes (Figura 04C); (C) o deslocamento do 
zênite gengival de incisivos e caninos para a distal em 
relação ao seu eixo (Figura 04B); (D) o preenchimento 
completo das ameias interdentais com papila, sendo a 
papila entre os incisivos centrais mais volumosa e do-
minante quando comparada à papila entre os incisivos 
centrais e laterais (Figura 04D).
Quando a margem gengival posiciona-se aproximadamen-
te ao nível da JCE, em dentes alinhados, presume-se que 
a maior porção possível de coroa clínica estará exposta, 
determinando a proporção correta de estética branca no 
sorriso, a menos que haja anomalias, defeitos ou alterações 
na estrutura dental. 
A posição da JCE varia quando se comparam as faces 
lisas e proximais. Ainda, dentro da mesma face, há um 
ponto no qual essa linha que divide as porções coronária 
e radicular posiciona-se mais apical com relação à borda 
incisal. Naturalmente, espera-se que a margem da gen-
giva também fique posicionada mais apicalmente nessa 
região, determinando o Zênite Gengival (ZG) – o ponto 
mais apical da curvatura gengival vestibular. Ao medir a 
coroa desde a borda incisal até o ZG, esta tem a sua 
maior medida de comprimento. 
41
Geralmente os zênites gengivais de incisivos centrais e ca-
ninos encontram-se levemente distalizados em relação ao 
longo eixo do dente. Da mesma forma, esses grupos de 
dente mantêm a margem gengival em altura semelhante ou 
formando uma curva que acompanha a curvatura do lábio 
superior. O incisivo lateral se flexibiliza nesse contexto, po-
dendo ter o zênite coincidindo com o seu longo eixo, e ten-
do a margem gengival cerca de 1,0 mm mais coronal quando 
comparada às margens de incisivos centrais e caninos. Essa 
diferença de posição de margens forma um triângulo inver-
tido (cujos ângulos são os zênites) que se equilibra com a 
papila gengival entre os incisivos centrais, a qual é geralmen-
te mais volumosa. As margens gengivais de pré-molares e 
molares devem situar-se na mesma altura de margem dos 
caninos (Figura 04).
A estética do sorriso torna-se difícil de alcançar quando as 
margens gengivais encontram-se desalinhadas, totalmente 
coincidentes ou quando existem alterações na cor, na tex-
tura e/ou no volume/espessura. Para sanar tais problemas 
clínicos, convém dominar diferentes técnicas de manipula-
ção cirúrgica da ZT, visando otimizar o aspecto dos tecidos 
supracrestais previamente à restauração da estética branca. 
03 A,B ► A tomografia computadorizada volumétrica de altaresolução, rea-
lizada com afastamento simultâneo de lábios e língua, é capaz de caracterizar 
a espessura e o comprimento dos tecidos da Zona de Transição, permitindo, 
ainda, a obtenção de medidas teciduais na proporção de 1:1. 
03A 03B
04 A-D ► A estética da ZT requer volume e coloração gengival adequada (A); Po-
sição de zênite gengival levemente distalizado com relação ao longo eixo do dente 
(B); Alinhamento de margens de incisivos centrais e caninos (margens coincidentes 
ou que formem uma curva correspondente à curva do lábio superior) com flexi-
bilidade de altura de margem gengival do incisivo lateral (C); e O preenchimento 
completo das ameias além do equilíbrio entre o volume gengival exposto na papila 
entre os incisivos centrais e na região da margem dos laterais, sob visão frontal (D). 
04A 
04B 
04C
04D
ESTÉTICA DO SORRISO
e m r e a b i l i t a ç ã o p r o t é t i c a
42
MANIPULAÇÃO CIRÚRGICA DA 
ZONA DE TRANSIÇÃO
Da mesma forma que é possível analisar anatomicamente 
os tecidos supracrestais nos sentidos horizontal e/ou vertical, 
também é possível avaliar as possibilidades de manipulação 
cirúrgica utilizando a mesma estratégia de avaliação.
Quando existe a necessidade de aumentar ou diminuir o 
volume de tecido conjuntivo existente na ZT, bem como 
aumentar a quantidade de tecido queratinizado, ou ainda 
remover pigmentações melânicas ou cicatrizes, o plane-
jamento envolve a manipulação dos tecidos supracres-
tais no sentido horizontal. Para aumentos discretos de 
tecido conjuntivo, as técnicas minimamente invasivas são 
as que empregam túneis32,33 ou envelopes com acesso 
sulcular34, preenchidos com enxertos de tecido conjun-
tivo subepitelial, removidos do palato (na região entre a 
face distal do canino e a face distal do primeiro molar) 
(Figura 05A-J). 
Nos casos em que se faz necessário ganhar tecido quera-
tinizado, a técnica de enxerto gengival livre oferece bas-
tante previsibilidade, embora deixe a desejar no padrão 
estético tecidual35,36. Outra alternativa de ganho de tecido 
queratinizado é o emprego de matrizes dérmicas acelula-
res, que diminuem a morbidade da cirurgia eliminando o 
sítio doador37,38. Por fim, a remoção de pigmentos melâ-
nicos ou cicatrizes se faz através da dermoabrasão com a 
remoção completa do epitélio, expondo o tecido conjun-
tivo subjacente (Figura 06A-F)39. 
A ZT também pode ser reposicionada no sentido vertical 
ou ápico-coronal quando se deseja recobrir raízes expostas 
ou realizar aumentos de coroa clínica. O recobrimento ra-
dicular é um procedimento cujos resultados são previsíveis, 
desde que o osso interproximal e as papilas estejam manti-
dos em posições originais, sem danos, e os dentes estejam 
alinhados (Figura 07A-F)40-43.
Para quem pratica a Odontologia Estética Multidisciplinar, os 
casos que necessitam de aumento de coroa clínica estético 
anterior são relativamente frequentes. Para haver uma inte-
gração harmoniosa entre as restaurações, sejam elas diretas 
ou indiretas, e a margem gengival, faz-se necessário trabalhar 
a correta posição e angulação da Zona de Transição, de acor-
do com os padrões estéticos já mencionados anteriormente 
dentro deste capítulo. A técnica empregada para esse tipo 
de manipulação vertical da ZT dependerá fundamentalmente 
do biótipo periodontal: em biótipos finos e/ou intermediá-
rios, geralmente a faixa de tecido queratinizado e a espessura 
tecidual são limitadas. A delicadeza do tecido da ZT determi-
na a indicação de procedimentos minimamente invasivos, se 
necessários, visando alterações bastante localizadas e restritas 
à face vestibular dos dentes envolvidos (Figura 08A-F).
43
05 A-J ► Fotografias inicial (A,C) e final (B,D) após o procedimento de enxerto de tecido conjuntivo subepitelial para aumento de volume na ZT (manipulação no 
sentido horizontal ou vestibulopalatino/lingual) dos elementos 12 e 22. Após adequação do meio bucal (E,F) e enxertia minimamente invasiva (G,H), houve ganho 
de espessura de tecido conjuntivo na região manipulada (I,J).
05A
05E
05H
05F
05I
05G
05J
05B
05C 05D
ESTÉTICA DO SORRISO
e m r e a b i l i t a ç ã o p r o t é t i c a
44
06 A-F ► Fotografias iniciais (A,B), pós-operatórias imediatas (C,D) e 30 dias 
após o procedimento de dermoabrasão ou peeling gengival (E,F). Remove-se com-
pletamente o epitélio oral, expondo o tecido conjuntivo subjacente. O novo epitélio 
que se forma não traz melanina em sua camada basal, tornando a gengiva rósea. 
O procedimento tende a recidivar, variando de 1 a 3 anos após o procedimento. 
06A
07A 07C
07E
07B
07D 07F
06C
06E
06B
06D 06F
07 A-F ► Fotografias inicial e final após o recobrimento radicular (A,B), um 
procedimento de resultados previsíveis, desde que tenha indicação precisa e 
situação anatômica favorável. No caso acima, foi aplicada uma técnica de tune-
lização com enxerto de tecido conjuntivo subepitelial. 
45
08 A-F ► O aumento de coroa clínica estético anterior , em pacientes com biótipos periodontais finos e/ou intermediários, requer manobras minimamente invasi-
vas, que reposicionam os tecidos da Zona de Transição no sentido vertical e permitem a manipulação cirúrgica localizada e restrita aos tecidos supracrestais da face 
vestibular. A incisão, em bisel interno, não lesiona a papila interdental (B,C); a distância da nova margem gengival cirúrgica até a crista óssea alveolar é medida e 
trabalhada, se necessário, visando à acomodação dos tecidos que compõem o Espaço Biológico (D,E). (F) O resultado é satisfatório. Caso clínico realizado no curso 
de aperfeiçoamento em Odontologia Estética Multidisciplinar APCD Americana – SP.
08A
08C
08E
08B
08D
08F
ESTÉTICA DO SORRISO
e m r e a b i l i t a ç ã o p r o t é t i c a
46
Por outro lado, quando o paciente tem um biótipo pe-
riodontal plano/espesso, caracterizado pela abundância 
tecidual (óssea, conjuntiva e epitelial), e exibe volume 
gengival excessivo ao sorrir (Figura 09A), a técnica de 
aumento de coroa clínica a ser empregada requer reba-
timento total do retalho e osteotomia/osteoplastia tanto 
no sentido ápico-coronal (para restabelecer o espaço 
biológico e a posição da ZT), quanto no sentido vesti-
bulopalatino/lingual (Figura 09). Segundo Pontoriero & 
Carnevale21, os pacientes com esse biótipo periodontal 
têm chances elevadas de refazer o crescimento da mar-
gem gengival no sentido coronal, mesmo após a realiza-
ção de aumento de coroa clínica, se a ressecção óssea 
não ocorrer adequadamente. 
A literatura científica aborda o conceito de cirurgia livre de 
retalho e de sutura na Implantodontia e talvez seu maior 
benefício seja a manutenção da nutrição tecidual e a con-
sequente redução do período de cicatrização, permitindo 
adiantar o início dos procedimentos restauradores44.
Na grande maioria dos casos de aumento de coroa clínica 
estético anterior a principal referência anatômica de reposi-
cionamento da ZT é a JCE (Junção Cemento Esmalte), pois 
constitui um limite anatômico importante para a posição 
final da margem gengival. Se a margem estiver posicionada 
apical à JCE, haverá exposição de raiz. Se a margem gen-
gival ficar coronal à JCE em uma medida superior a 1,0 
mm, após o procedimento, provavelmente este terá que 
ser refeito. A posição correta da margem determina a as-
sertividade da osteotomia e a estabilidade da nova margem 
durante a cicatrização45.
Outra razão para que a JCE seja tomada como referência ao 
posicionamento das margens gengivais cirúrgicas é quando o 
aumento de coroa estético anterior minimamente invasivo é 
realizado previamente à instalação de laminados cerâmicos, 
porque pressupõe que estes sejam cimentados em esmalte, 
uma vez que a longevidade de elementos cerâmicos cimen-
tados sobre este substrato é comprovadamente superior 
quando comparada ao substrato dentinário46. O passo a pas-
so clínico do aumento de coroa clínica estético anterior está 
descrito emcapítulos anteriores47. 
47
09 A-F ► Os pacientes com biótipo periodontal plano/espesso e exostoses ósseas necessitam de aumento de coroa clínica com rebatimento total do 
retalho e osteotomia/osteoplastia em altura e espessura (A). Após a excisão tecidual (B,C), o osso é exposto e esculpido e a gengiva é suturada na posição 
(D,E). Pós-operatório de 90 dias (F). Caso realizado pela alunas Márcia Dal Molin Carvalho e Carmem Rodrigues, no curso de Odontologia Estética Multi-
disciplinar APCD Americana – SP.
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ESTÉTICA DO SORRISO
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CIRURGIA PLÁSTICA PERIODONTAL 
ASSOCIADA À RESTAURAÇÃO COM 
LENTES DE CONTATO CERÂMICAS: 
RELATO DE CASO CLÍNICO
A paciente M. L., 31 anos, procurou a clínica do curso de 
pós-graduação em Odontologia Estética do Centro Univer-
sitário Senac – SP, queixando-se da aparência do seu sorriso, 
o qual considerava antiestético pelas manchas presentes e 
pelo excesso de gengiva aparente no corredor bucal. 
Após anamnese, exame clínico, protocolo de fotos48, mo-
delos de estudo e radiografias, foi constatado que a paciente 
estava saudável tanto do ponto de vista sistêmico quanto do 
ponto de vista bucal, e estava finalizando um tratamento or-
todôntico. A paciente já havia sido submetida a restaurações 
prévias de resina composta em seus dentes superiores an-
teriores há pelo menos 7 anos, e tais restaurações estavam 
deficientes quanto à anatomia e estética. A gengiva demons-
trava margens desalinhadas e excesso de volume principal-
mente em região dos pré-molares superiores (Figura 10).
O biótipo periodontal da paciente foi considerado de inter-
mediário a espesso, e foi planejada a realização de aumento 
de coroa estético dos dentes 26 a 16, sob técnica mista, 
ou seja, com rebatimento de retalho e osteotomia/osteo-
plastia em regiões maxilares posteriores, e com osteotomia 
intrassulcular minimamente invasiva, sem rebatimento de 
retalho e sem sutura na região maxilar anterior (Figura 11). 
A referência anatômica considerada para o posicionamento 
da margem gengival cirúrgica foi a JCE uma vez que, den-
tro da Odontologia Restauradora, o planejamento envolvia 
a cimentação de elementos cerâmicos de fina espessura (do 
tipo lente de contato) nos dentes 25 a 15, com margens em 
esmalte dental. 
Sessenta dias após a cirurgia periodontal mista, a paciente 
foi moldada com silicone de adição (Virtual, Ivoclar-Vivadent) 
para a confecção de enceramento diagnóstico, considerando 
a nova posição da margem gengival. A paciente seguiu com 
o clareamento associado (ambulatorial e caseiro por 14 dias) 
até que o substrato dental alcançasse a cor A1 da escala Vita. 
Um ensaio restaurador (mock up) foi realizado a partir do 
enceramento e, após a aprovação do ensaio, foi realizado 
o preparo dental, que consistiu na remoção completa das 
restaurações prévias de resina composta direta, expondo a 
superfície de esmalte subjacente. Pequenas retenções em 
esmalte também foram removidas, guiadas pelo enceramen-
to diagnóstico, para permitir liberdade no eixo de inserção 
vestibulopalatino (Figura 12)49. 
Após a inserção de fio retrator (Ultrapack #000), duas 
moldagens foram realizadas com silicone de adição (Virtual, 
Ivoclar-Vivadent), uma delas sob a técnica de passo único, 
e a segunda sob a técnica de dois passos50. O antagonista 
foi moldado com alginato (Hydrogum 5, Zhermack). Foram 
registradas as cores do dente e do substrato, com o uso da 
Escala Vita e da Escala de Substrato (Dye Material, Ivoclar-Vi-
vadent) e fotos. Não foram confeccionados provisórios.
Foram confeccionadas dez lâminas de fina espessura (média 
de 0,7 mm), do tipo lentes de contato, em dissilicato de lí-
tio (E-max Press, Ivoclar-Vivadent), posteriormente maquia-
das (Figura 13). Após a prova seca para verificar adaptação e 
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sequência de cimentação, foi realizada a prova úmida com a 
pasta try-in do cimento resinoso (Variolink Veneer, High Value 
+1, Ivoclar-Vivadent) para a escolha da cor do cimento a ser 
empregado. A cimentação prosseguiu seguindo as recomen-
dações do fabricante e o resultado pode ser visto das Figuras 
13A e 14A,B. Pequenas alterações nas proporções dos teci-
10 A-D ► Aspecto inicial do sorriso. A queixa principal abrangia: dentes manchados e escurecidos, excesso de gengiva ao sorrir e restaurações deficientes em 
resina composta direta. Ao exame intraoral, constatou-se a presença de exostoses ósseas e consequente aumento de volume gengival/ósseo nas regiões posteriores; 
manchas brancas próximas à margem gengival; restaurações em resina composta deficientes quanto à forma, caracterização e polimento; deficiência de volume 
dental no corredor bucal.
dos dental e periodontal foram decisivas para o destaque do 
sorriso no rosto da paciente (Figura 15). O presente caso clí-
nico segue a tendência da Odontologia minimamente invasiva, 
tanto do ponto de vista dos tecidos dentais como dos tecidos 
da Zona de Transição, sem negligenciar o conhecimento acer-
ca do comportamento biológico de tais tecidos. 
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11 A-F ► O aumento de coroa clínica estético anterior, no presente caso, utilizou a técnica minimamente invasiva com osteotomia intra-sulcular na região anterior 
(A), e rebatimento de retalho com osteoplastia (B,C), osteotomia (D) e sutura (E) nas regiões maxilares posteriores. Pós-operatório imediato (E) e após 15 dias (F).
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12 A-F ► Antes (A) e 45 dias depois (B) do aumento de coroa estético realizado nos dentes 16 a 26, utilizando a técnica mista (com e sem rebatimento de retalho). 
(C,D) Enceramento diagnóstico e ensaio restaurador (mock up). (E) Indicação das áreas de desgaste, coincidentes com as áreas cobertas por resina composta. (F) 
Preparo restrito ao esmalte após a eliminação da resina composta preexistente.
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ISBN 978-85-60842-82-7

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