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GEO-9 Certificação sesrie ISO

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MATERIAL DIDÁTICO 
 
 
CERTIFICAÇÃO SÉRIE ISO 14000- 
GESTÃO AMBIENTAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CREDENCIADA JUNTO AO MEC PELA 
PORTARIA Nº 1.282 DO DIA 26/10/2010 
 
0800 283 8380 
 
www.ucamprominas.com.br 
 
Impressão 
e 
Editoração 
 
 
 
2 
 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 3 
UNIDADE 1 – NORMAS TÉCNICAS .......................................................................... 9 
1.1 DEFINIÇÃO, EVOLUÇÃO E OBJETIVOS .................................................................... 10 
1.2 PRINCÍPIOS E BENEFÍCIOS DA NORMALIZAÇÃO ....................................................... 11 
1.3 SISTEMA INTERNACIONAL DE NORMATIZAÇÃO E A DINÂMICA DA CERTIFICAÇÃO ......... 12 
UNIDADE 2 – CERTIFICAÇÃO NBR ISO 14000 – GESTÃO AMBIENTAL ............ 16 
2.1 BREVES REFLEXÕES ........................................................................................... 16 
2.2 A SUSTENTABILIDADE E A GESTÃO AMBIENTAL ....................................................... 21 
2.3 A NORMA ISO 14000.......................................................................................... 26 
2.4 REQUISITOS DO SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL DA ISO 14001 ............................ 30 
UNIDADE 3 – CERTIFICAÇÃO NBR 16000 E ISO 26000 – GESTÃO DA 
SUSTENTABILIDADE .............................................................................................. 34 
3.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DAS CERTIFICAÇÕES ............................................................ 34 
3.2 PROGRAMA BRASILEIRO DE CERTIFICAÇÃO EM RESPONSABILIDADE SOCIAL ............ 40 
UNIDADE 4 – CERTIFICAÇÃO OHSAS 18000 – SEGURANÇA E SAÚDE 
OCUPACIONAL ........................................................................................................ 43 
UNIDADE 5 – CERTIFICAÇÃO PARA SISTEMAS DE SEGURANÇA .................... 47 
5.1 IMPORTÂNCIA E JUSTIFICATIVAS PARA CERTIFICAÇÃO PARA SISTEMAS DE SEGURANÇA
 ............................................................................................................................... 47 
5.2 AUDITORIA E PRÉ-AUDITORIA ............................................................................... 52 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 55 
GLOSSÁRIO AMBIENTAL PARA NORMA ISO 14000 ........................................... 58 
 
 
 
3 
 
INTRODUÇÃO 
 
Na gestão de negócios, qualquer que seja ele, área industrial, saúde, 
educação, encontramos pelo menos quatro funções ou ações básicas que se fazem 
presentes: planejar, executar, controlar e avaliar, objetivando que o negócio cresça, 
que se mantenha no mercado, que atenda ao seu público com eficiência e eficácia, 
entregando-lhe produtos e/ou serviços de qualidade sem perder de vista seu objetivo 
maior. Grosso modo, no caso da empresa privada seria o lucro mediante redução de 
custos e em se tratando de empresas públicas, atendimento ao público com 
qualidade. 
Qualidade, eficiência, eficácia são alguns dos critérios que nos levam aos 
Sistemas de Gestão Integrados, os conhecidos SIG’s, que vão além da satisfação 
dos clientes, objeto do sistema de gestão de qualidade, ou de proteção ao meio 
ambiente, objeto do sistema de gestão ambiental. 
Os SIGs garantem que, respondendo às exigências de uma regulamentação 
cada vez mais rigorosa, respeitando o ambiente e preocupando-se 
permanentemente com a saúde e a segurança das pessoas no trabalho, ou seja, 
considerando a dimensão ambiental e social, a satisfação do cliente estará ainda 
mais garantida, pois são quatro sistemas compatíveis integrados com um único 
intuito: a obtenção de resultados cada vez melhores para as organizações que os 
adotem (RIBEIRO NETO; TAVARES; HOFFMANN, 2008). 
Chegamos ao que queríamos: sistemas de normalização! A implantação de 
sistemas de normalização disponibiliza, para os gestores das organizações, 
poderosa ferramenta para estabelecer e atingir objetivos organizacionais. 
A utilização da normalização internacional, muito além de impactar na 
redução de custos de produção e melhoria da qualidade do produto final, tem gerado 
benefícios não apenas em aspectos tecnológicos, mas também na área econômica 
e social, tais como: 
 aos consumidores, a conformidade com normas internacionais assegura 
qualidade, confiabilidade e segurança; 
 aos fornecedores, assegura ampla aceitação internacional de seus produtos, 
estabilidade, crescimento, parceria com clientes e facilidade de compreensão 
mútua; 
 
 
4 
 
 aos acionistas, proporciona melhores resultados operacionais, aumento na 
participação de mercado, crescimento nos lucros e no retorno sobre 
investimentos; 
 aos empregados, proporciona melhores condições de trabalho, saúde e 
segurança, estabilidade empregatícia, satisfação com o trabalho e efeitos 
morais positivos; 
 aos governos, fornece bases tecnológicas e científicas para apoiar a 
legislação de saúde, segurança e meio ambiente; e, 
 para a sociedade, facilita o cumprimento de requisitos legais e 
regulamentares, gera melhoria na saúde e segurança e reduz impactos 
sociais e ambientais. 
Embora o foco deste módulo seja a Norma ISO 14001, veremos algumas 
outras, conforme as ilustrações abaixo. 
 
 
Figura 1: Normas. 
Fonte: http://www.abnt.org.br/imagens/downloads/15.00NigelExponormasSeminar.pdf 
 
A Associação Brasileira de Normas técnicas (ABNT) justifica e explica de 
maneira sucinta e clara, a importância de tais normas, vejamos algumas delas: 
 
a) Sistema de Gestão Ambiental – ABNT NBR 14001 
 
 
5 
 
O aumento crescente da consciência ambiental e a escassez de recursos 
naturais vêm influenciando cada vez mais as organizações a contribuírem de forma 
sistematizada na redução dos impactos ambientais associados aos seus processos. 
A Conformidade do sistema com a ABNT NBR 14001 garante a redução da 
carga de poluição gerada por essas organizações, porque envolve a revisão de um 
processo produtivo visando a melhoria contínua do desempenho ambiental, 
controlando insumos e matérias-primas que representem desperdícios de recursos 
naturais. 
Certificar um Sistema de Gestão Ambiental significa comprovar junto ao 
mercado e à sociedade que a organização adota um conjunto de práticas destinadas 
a minimizar impactos que imponham riscos à preservação da biodiversidade. 
Com isso, além de contribuir com o equilíbrio ambiental e a qualidade de 
vida da população, as organizações obtêm um considerável diferencial competitivo 
fortalecendo sua ação no mercado. 
 
b) Sistema de Gestão da Responsabilidade Social – ABNT NBR 16001 
O surgimento de movimentos dirigidos aos interesses diversos dos 
consumidores impõe nas organizações a necessidade de se atualizarem frente a 
este contexto. Certamente, as organizações que possuem posicionamento ético 
melhoram sua imagem pública gradativamente, alcançando maior legitimidade 
social. 
Para ser realmente eficiente, os procedimentos da organização precisam ser 
conduzidos dentro de um sistema de gestão estruturado. A partir daí, a Certificação 
do Sistema de Gestão de Responsabilidade Social demonstrará ao mercado que a 
organização não existe apenas para explorar os recursos econômicos e humanos, 
mas também para contribuir com o desenvolvimento social, por meio da realização 
profissional de seus colaboradores e da promoção de benefícios ao meio ambiente e 
às partes interessadas. 
 
c) Sistema da Segurança e Saúde Ocupacional – OHSAS 18001 
Este sistema tem por objetivo assegurar o bom cumprimento de 
procedimentos e cuidados que venham a garantir o gerenciamento dos riscos de 
saúde e segurança em uma organização. Também neste caso, nota-se certa 
 
 
6 
 
pressão da sociedade para que as organizações ajam de maneira que sejam 
evitados acidentes ou fatalidades com seus colaboradores.Trabalhando com base nesses princípios, a organização consegue também 
a geração de mais qualidade e produtividade dos empregados e de seus processos 
fabris. Tendo todos estes procedimentos funcionando, a Certificação do Sistema da 
Segurança e Saúde Ocupacional serve ainda para mostrar, tanto para os 
fornecedores quanto para os consumidores, o grau de seriedade do trabalho de uma 
organização. 
 
d) Segurança da informação: 
Em determinados ramos de negócio, a informação se mostra como o bem 
mais importante e, sendo assim, precisa ser protegida de acordo com os riscos 
associados. Para manter características como confidencialidade, integridade e 
disponibilidade das informações, organizações deste setor buscam várias formas de 
se protegerem, a fim de garantir a entrega de um bom trabalho. 
O Sistema de Gestão de Segurança da Informação é uma forma de 
gerenciamento utilizada para estabelecer políticas baseadas na análise de risco do 
negócio. Tendo este sistema certificado, a organização demonstrará sua capacidade 
de definir, implementar, operar, manter e sempre melhorar a segurança da 
informação (www.abnt.org.br). 
 
Figura 2: ISO. 
Fonte: http://www.abnt.org.br/imagens/downloads/15.00NigelExponormasSeminar.pdf 
 
 
 
7 
 
Mediante as premissas acima, começaremos nossos estudos pela definição 
de normas técnicas, seus objetivos, os princípios e benefícios. Na sequência, os 
sistemas de normalização e a dinâmica da certificação. Cada sistema e sua 
respectiva NBR ISO terá uma unidade específica. 
Desejamos boa leitura e bons estudos, mas antes algumas observações se 
fazem necessárias: 
1) Ao final do módulo, encontram-se muitas referências utilizadas 
efetivamente e outras somente consultadas, principalmente artigos retirados da 
World Wide Web (www), conhecida popularmente como Internet, que devido ao 
acesso que na atualidade está bem facilitado e até mesmo democrático, ajudam 
sobremaneira para enriquecimentos, para sanar questionamentos que por ventura 
surjam ao longo da leitura e, mais, para manterem-se atualizados. 
2) Deixamos bem claro que esta composição não se trata de um artigo 
original1, pelo contrário, é uma compilação do pensamento de vários estudiosos que 
têm muito a contribuir para a ampliação dos nossos conhecimentos. Também 
reforçamos que existem autores considerados clássicos que não podem ser 
deixados de lado, apesar de parecer (pela data da publicação) que seus escritos 
estão ultrapassados, afinal de contas, uma obra clássica é aquela capaz de 
comunicar-se com o presente, mesmo que seu passado datável esteja separado 
pela cronologia que lhe é exterior por milênios de distância. 
3) Por uma questão ética, a empresa/instituto não defende posições 
ideológico-partidária, priorizando o estímulo ao conhecimento e ao pensamento 
crítico. 
4) Sabemos que a escrita acadêmica tem como premissa ser científica, ou 
seja, baseada em normas e padrões da academia, portanto, pedimos licença para 
fugir um pouco às regras com o objetivo de nos aproximarmos de vocês e para que 
os temas abordados cheguem de maneira clara e objetiva, mas não menos 
científicos. 
Por fim: 
5) Deixaremos em nota de rodapé, sempre que necessário, o link para 
consulta de documentos e legislação pertinente ao assunto, visto que esta última 
está em constante atualização. Caso esteja com material digital, basta dar um Ctrl + 
 
1
 Trabalho inédito de opinião ou pesquisa que nunca foi publicado em revista, anais de congresso ou 
similares. 
 
 
8 
 
clique que chegará ao documento original e ali encontrará possíveis leis 
complementares e/ou outras informações atualizadas. Caso esteja com material 
impresso e tendo acesso à Internet, basta digitar o link e chegará ao mesmo local. 
 
 
9 
 
UNIDADE 1 – NORMAS TÉCNICAS 
 
Falar em normas técnicas nos remete de imediato à Associação Brasileira 
de Normas Técnicas (ABNT) e à Organização Internacional para Padronização 
(ISO). 
Sobre a ABNT é importante saber: 
 foi fundada em 1940, é o órgão responsável pela normalização técnica no 
país, fornecendo a base necessária ao desenvolvimento tecnológico 
brasileiro; 
 é uma entidade privada, sem fins lucrativos, reconhecida como único Foro 
Nacional de Normalização através da Resolução n.º 07 do CONMETRO 
(Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial), de 
24.08.1992; 
 é membro fundador da ISO (International Organization for Standardization), 
da COPANT (Comissão Panamericana de Normas Técnicas) e da AMN 
(Associação Mercosul de Normalização); 
 a ABNT é a única e exclusiva representante no Brasil das seguintes entidades 
internacionais: ISO (International Organization for Standardization), IEC 
(International Electrotechnical Commission); e das entidades de normalização 
regional COPANT (Comissão Panamericana de Normas Técnicas) e a AMN 
(Associação Mercosul de Normalização). 
Quanto à ISO, em 1946, em Londres, Inglaterra, representantes de vinte e 
cinco países decidiram criar uma organização internacional com o objetivo de 
facilitar, em nível mundial, a coordenação e a unificação de normas industriais. Essa 
organização, com sede em Genebra, Suíça, começou a funcionar oficialmente em 
23 de fevereiro de 1947 com a denominação International Organization for 
Standardization (ISO), ou Organização Internacional de Normalização. 
A ISO é uma organização não governamental internacional, que hoje reúne 
mais de uma centena de organismos nacionais de normalização. Representando 
países que respondem por cerca de 95% do PIB mundial, tem por objetivo promover 
o desenvolvimento da padronização de atividades correlacionadas, de forma a 
possibilitar o intercâmbio econômico, científico e tecnológico em níveis mais 
acessíveis aos aludidos organismos (MARSHALL JR., 2001). 
 
 
10 
 
1.1 Definição, evolução e objetivos 
 
Normalização pode ser definida como uma atividade que estabelece, em 
relação a problemas existentes ou potenciais, prescrições destinadas à utilização 
comum e repetitiva, com vistas à obtenção do grau ótimo de ordem, em um dado 
contexto. 
O contexto da normalização não se restringe à modernidade. Ao contrário, 
há muito tempo, na história da evolução humana, a normalização é uma constante. 
Pesos e medidas, dinheiro, leis, expressões gráficas para representar números e 
letras são exemplos de normalização fundamentais para a vida em coletividade. 
Segundo Ribeiro Neto, Tavares e Hoffmann (2008), foi em fins do século 
XVIII que tivemos uma concepção moderna de normalização, de caráter técnico e 
científico, exatamente quando foi criado o sistema métrico de medidas e surgiu, na 
indústria, o conceito de produção em série, com a consequente necessidade de 
intercambialidade de componentes. A percepção dos benefícios decorrentes da 
intercambialidade de peças, não só em uma mesma fábrica, mas entre diferentes 
fábricas, estimulou em alguns países o desenvolvimento dos primeiros organismos 
de normalização. 
São objetivos da normalização: 
 comunicação – proporciona os meios necessários para a troca adequada de 
informações entre clientes e fornecedores, com vista a assegurar a confiança 
e um entendimento comum nas relações comerciais; 
 simplificação – reduz as variedades de produtos e de procedimentos, de 
modo a simplificar o relacionamento entre produtor e consumidor; 
 proteção ao consumidor – define os requisitos que permitam aferir a 
qualidade dos produtos e serviços; 
 segurança – estabelece requisitos técnicos destinados a assegurar a proteção 
da vida humana, da saúde e do meio ambiente; 
 economia – diminui o custo de produtos e serviços mediante a 
sistematização, racionalização e ordenação dos processos e das atividades 
produtivas, com a consequente economia para fornecedores e clientes; 
 eliminação de barreiras – evita a existência de regulamentos conflitantes,sobre produtos e serviços, em diferentes países, de forma a facilitar o 
intermédio comercial. 
 
 
11 
 
1.2 Princípios e benefícios da normalização 
 
O processo de elaboração de normas técnicas está apoiado em princípios, 
que são fundamentais para que todos os objetivos da normalização sejam atendidos 
e para que ela seja eficaz na sua aplicação e reconhecida por todos. 
 Princípio da Voluntariedade – a participação em processo de normalização 
não é obrigatória e depende de uma decisão voluntária dos interessados. 
Essa vontade de participar é imprescindível para que o processo de 
elaboração de normas ocorra. Outro aspecto que fundamenta a 
voluntariedade do processo de normalização é o fato de que o uso da norma 
também não é obrigatório, devendo ser resultado de uma decisão em que são 
percebidas mais vantagens no seu uso do que no não uso. 
 Princípio da Representatividade – é preciso que haja participação de 
especialistas cedidos por todos os setores – produtores, organizações de 
consumidores e neutros (outras partes interessadas tais como universidades, 
laboratórios, institutos de pesquisa, órgãos do governo), de modo que a 
opinião de todos seja considerada no estabelecimento da norma. Dessa 
forma, ela de fato reflete o real estágio de desenvolvimento de uma tecnologia 
em um determinado momento, e o entendimento comum vigente, baseado em 
experiências consolidadas e pertinentes. 
 Princípio da Paridade – não basta apenas a representatividade, é preciso que 
as classes (produtor, consumidor e neutro) estejam equilibradas, evitando-se 
assim a imposição de uma delas sobre as demais por conta do maior número 
de representantes. Assim, deve-se buscar assegurar o equilíbrio das 
diferentes opiniões no processo de elaboração de normas. 
 Princípio da Atualização – a atualização do processo de desenvolvimento de 
normas, com a adoção de novos métodos de gestão e de novas ferramentas 
de tecnologia da informação, contribui para que o processo de normalização 
acompanhe evolução tecnológica. Esse princípio de atualização deve ser 
constantemente perseguido para que a normalização atenda à intensa 
demanda considerando que uma norma defasada tecnologicamente 
fatalmente cairá no desuso. 
 Princípio da Transparência – todas as partes interessadas devem ser 
disponibilizadas, a qualquer tempo, as informações relativas ao controle, 
 
 
12 
 
atividades e decisões sobre o processo de desenvolvimento de normas 
técnicas. 
 Princípio da Simplificação – o processo de normalização deve ter regras e 
procedimentos simples e acessíveis, que garantam a coerência, a rapidez e a 
qualidade no desenvolvimento e implementação das normas. 
 Princípio do Consenso – para que uma norma tenha seu conteúdo o mais 
próximo possível da realidade de aplicação, é necessário que haja consenso 
entre os participantes de sua elaboração. Consenso é processo pelo qual um 
Projeto de Norma deve ser submetido, compreendendo as etapas de análise, 
apreciação e aprovação por parte de uma comunidade, técnica ou não. A 
finalidade desse processo de consenso é o de atender aos interesses e às 
necessidades da coletividade, em seu próprio benefício. Não é uma votação, 
mas um compromisso de interesse mútuo, não devendo, portanto, ser 
confundido com unanimidade. 
Quanto aos inúmeros benefícios, citando apenas alguns, a normalização 
ajuda a: 
 organização do mercado; 
 constituição de uma linguagem única entre produtor e consumidor; 
 melhorar a qualidade de produtos e serviços; 
 orientar as concorrências públicas; 
 aumentar a produtividade, com consequente redução dos custos de produtos 
e serviços, a contribuição para o aumento da economia do país e o 
desenvolvimento da tecnologia nacional. 
 
1.3 Sistema internacional de normatização e a dinâmica da certificação 
 
Um complexo de partes coordenadas para realizar um conjunto de 
finalidades é chamado de sistema, o qual trabalha de maneira coordenada, embora 
cada uma destas partes tenha objetivos próprios. Em se tratando de sistemas de 
gestão, exemplificando com a ISO 9001, estes são baseados em normas 
internacionais, ou seja, em especificações estabelecidas em consenso e aprovadas 
por um organismo específico composto por membros de vários países (FERREIRA, 
2012). 
 
 
13 
 
Segundo a ABNT (2008), dentre alguns dos objetivos da normalização tem-
se a possibilidade de uma melhor comunicação entre o cliente e o fornecedor 
(melhorando a confiabilidade das relações comerciais e de serviços) e a eliminação 
de barreiras técnicas e comerciais (evitando a existência de regulamentos 
conflitantes em diferentes países). 
Assim, observa-se que a normalização está presente em diversas áreas, 
sendo que, com isso, são geradas várias normas internacionais de gestão que, 
devido à necessidade das organizações em atender à demanda de diversos grupos 
de interesse, vêm sendo amplamente adotadas (ZUTSHI; SOHAL, 2005 apud 
VITORELI, 2011). 
De acordo com Fortes (2007, p. 47 apud OLIVEIRA et al., 2009, p. 18-9), a 
ISO é considerada a maior instituição do mundo que trata das “questões de 
desenvolvimento de padrões voltados à área técnica”, e afirma ainda que “a utilidade 
dos padrões se estende aos ambientes de produção, tanto privados quanto públicos, 
tornando-os mais seguros, eficientes e transparentes”. Tais padrões podem ser 
utilizados “como base técnica para as questões legais que envolvam a saúde, o 
ambiente e a segurança”. 
A ABNT foi o órgão nacional responsável por produzir traduções referentes a 
essas normas. Até dezembro de 2005, haviam sido conferidas 776.608 certificações 
ISO 9001 em todo o mundo (FNQ, 2006 apud OLIVEIRA et al., 2009). 
A sobrevivência das organizações em tempos de globalização e 
competitividade passa pela garantia de produtos e serviços com uma qualidade 
beirando a excelência. Pois bem, a solução encontrada pelas empresas é investir 
em um sistema de qualidade, conforme os requisitos normativos da ISO 9001 e 
outras normas que veremos em detalhes ao longo do módulo, com foco maior na 
certificação para gestão ambiental. 
De acordo com Carpinetti et al. (2007 apud STAINO et al., 2011), em alguns 
casos, essas certificações são necessárias uma vez que são exigidas pelo próprio 
cliente, em outras situações, mesmo que isso não ocorra, a implementação criteriosa 
dos requisitos de gestão estabelecidos na norma elevará a eficácia e eficiência da 
empresa, tornando-a mais competitiva. 
Para a implantação de sistemas de gestão da qualidade, conforme as 
normas da série ISO, é necessário atentar para os princípios estabelecidos pela 
norma, como foco no cliente, liderança, abordagem factual para a tomada de 
 
 
14 
 
decisão, abordagem sistêmica, abordagem por processos, relação benéfica com 
fornecedores e melhoria contínua. 
As empresas devem tomar decisões baseadas em fatos e dados, os quais 
podem ser obtidos por meio das ferramentas da qualidade. Para identificar os 
processos-chave de uma organização, deve ser realizado um estudo de todas as 
atividades que fazem parte da rotina de trabalho da empresa, de forma crítica e sem 
omissões (STAINO et al., 2011). 
Segundo Marshall JR. (2001), a ISO tem por objetivo promover o 
desenvolvimento da padronização e de atividades correlacionadas de forma a 
possibilitar o intercâmbio econômico, cientifico e tecnológico em níveis mais 
acessíveis aos aludidos organismos. 
A família de norma ISO representa um consenso internacional em boas 
práticas que possam assegurar que a organização forneça produtos/serviços que 
atendam ou superem as necessidades de seus clientes, que são o foco desta 
norma. 
Elas auxiliam na melhoria dos processos internos, no aumento da 
capacitação dos funcionários, no acompanhamento da satisfação dos clientes, 
colaboradores e fornecedores, num processo contínuo de melhoria. Para a 
preparação destas normas internacionaissão conciliados os interesses dos 
produtores, consumidores, comunidade e governo. 
Na prática, a normalização está presente na fabricação dos produtos, na 
transferência de tecnologia e na melhoria da qualidade de vida, através de normas 
relativas à saúde, à segurança e à preservação do meio ambiente. 
Devido a fatores como a evolução tecnológica, desenvolvimento de novas 
ferramentas, metodologias, novos requisitos, entre outros, a ISO estabeleceu que as 
normas devem ser revisadas em períodos inferiores a 5 anos. 
Nesse contexto, a certificação é um procedimento para alcançar um padrão 
que assegure qualidade, surgida da necessidade de as organizações comunicarem 
a seus clientes e ao mercado a adequação de seus princípios de gestão aos 
requisitos ISO. Como as normas são revisadas periodicamente, a certificação passa 
a ser uma atividade dinâmica. 
A certificação é efetuada por um organismo certificador que no âmbito 
Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade (SBAC) deve estar cadastrado no 
Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (INMETRO) 
 
 
15 
 
para exercer tal atividade. Isso acontece para que o processo de certificação seja 
imparcial e a credibilidade do certificado seja assegurada. 
As auditorias são realizadas com o objetivo de averiguar se atividades 
desenvolvidas estão de acordo com o estabelecido previamente. Elas são divididas 
em auditoria de adequação (verificação da conformidade da documentação da 
organização à norma) e auditoria de conformidade (verificação por meio de 
evidência objetiva, da efetiva implementação dos procedimentos que compõem o 
sistema da qualidade de uma empresa). 
Também são classificadas como auditorias de primeira parte (auditoria 
interna), de segunda parte (cliente-fornecedor) e de terceira parte (sem relação 
comercial, feita por um organismo independente) (MAGALHÃES, 2009). 
 
 
16 
 
UNIDADE 2 – CERTIFICAÇÃO NBR ISO 14000 – GESTÃO 
AMBIENTAL 
 
2.1 Breves reflexões 
 
Não há dúvida que o conceito de sustentabilidade vem evoluindo ao longo 
do tempo! Principalmente a evolução da percepção de sobrevivência da 
organização, para o consenso de que é preciso sobreviver sem comprometer as 
gerações futuras. Essa visão mais ampla de sustentabilidade emergiu em uma 
perspectiva tridimensional, incorporando as dimensões econômica, social e 
ambiental, ou o termo em inglês Triple Bottom Line (CARVALHO; MIGUEL, 2012). 
Esse tripé vem em grande medida responder ao processo de exaustão dos 
recursos naturais, em grande medida fruto de uma visão míope da dimensão 
econômica e da perspectiva de curto prazo. Nesta visão antiga, a hipótese que 
conduzia a ação é que as questões ambientais e sociais trariam impacto negativo na 
dimensão econômica, o que tem sido contestado nestas últimas décadas, pelas 
evidências de que as três dimensões se reforçam, formando um ciclo virtuoso 
(CARVALHO; RABECHINI JR, 2011). 
Essa nova visão vem não somente como fruto de uma sociedade mais 
consciente e crítica quanto a questões ambientais e sociais, mas também alarmada 
pela ocorrência de eventos extremos e aquecimento global. Esse processo resultou 
em legislações e normas mais rígidas, com maior fiscalização e responsabilização 
por passivos ambientais. 
Por outro lado, as empresas também perceberam o potencial competitivo do 
tema. O desafio de produzir com maior eficiência no uso de recursos naturais cada 
vez mais escassos, gerindo o ciclo de vida do projeto ao descarte, tem gerado 
ganhos efetivos e minimizado problemas ambientais, que pode deteriorar a imagem 
da empresa perante os consumidores. Nesse sentido o “marketing verde” representa 
fonte de vantagem competitiva desde que feito de forma autêntica e com 
consistência ao longo do tempo, ou seja, faça parte dos valores da organização 
(CARVALHO; MIGUEL, 2012). 
Embora essa nova tendência seja clara, ainda há muito que fazer. Uma 
pesquisa sobre sustentabilidade, realizada com uma centena de empresas da lista 
da revista Fortune, revelou que 72% delas não incluem aspectos relacionados à 
 
 
17 
 
sustentabilidade em seus projetos, investimentos, transações ou processos de 
avaliação, conforme a ilustração abaixo: 
 
Figura 3: Pirâmide sobre os aspectos relevantes das empresas. 
Fonte: PRICEWATERHOUSE COOPERS (2002 apud CARVALHO; MIGUEL, 2012 p. 417). 
 
É claro que existem empresas pioneiras em adotar a abordagem 
sustentável, como é o caso da Natura no Brasil ou da americana Body Shop. No 
entanto, podemos situar as empresas em uma escala contínua que vai de uma 
postura reativa, com baixo comprometimento com essa causa, cumprindo 
estritamente a lei, até organizações mais comprometidas, com postura proativa. 
Nessas empresas mais proativas, observamos uma preocupação sistêmica 
com a sustentabilidade que, em geral, é desdobrada para os seus sistemas de 
gestão. Uma das ações nesse sentido é a tentativa de integrar estes sistemas 
gerenciais por meio de um sistema integrado de gestão. 
Os sistemas integrados de gestão (SIG) compõem-se de um conjunto de 
quatro normas gerenciais de cunho voluntário, que, se adotadas em conjunto nas 
organizações, permitem uma visão de integrada sustentável. 
É claro que apenas as normas não garantem que a empresa terá uma 
postura proativa, pois isso depende da estratégia e da cultura e valores da 
organização. No entanto, a iniciativa de ter um sistema integrado de gestão 
demonstra o grau de comprometimento com a gestão do tripé da sustentabilidade na 
organização. 
 
 
18 
 
Esse conjunto de normas2 é composto pelas normas série ISO 9000 e ISO 
14000, de gestão da qualidade e de gestão ambiental, respectivamente, acrescidas 
das normas ISO 26000 de responsabilidade social e da OHSAS 18000 de saúde e 
segurança ocupacional. 
 
Figura 4: Sistemas integrados de gestão. 
 
O desenvolvimento das três normas da ISSO – International Organization for 
Standardization – veio em ordem cronológica, iniciada pela de gestão da qualidade, 
seguida da gestão ambiental e, mais recentemente, da norma de responsabilidade 
social, sendo que a pioneira série ISO 9000, amplamente adota pelas empresas, 
influenciou fortemente a estrutura das normas subsequentes ISO 14000 e ISO 
26000. 
Ambas adotam o conceito de melhoria contínua e propõem diretrizes de 
mudança. A outra norma mencionada trata das questões de saúde e segurança 
 
2
 Essas normas devem passar, geralmente a cada cinco anos, por processo de revisão, a fim de 
definir se elas devem ser mantidas, aprimoradas ou canceladas. A ISO 9000, por exemplo, que está 
em vigor, foi publicada em 30 de setembro de 2015, com validade a partir de 30 de outubro do 
mesmo ano. 
A ISO 14001, por sua vez, teve a primeira publicação em 1996 e foi revisada em 2004. No ano de 
2011 começou um novo processo de revisão que resultou na ISO 14001:2015. 
Em dezembro de 2010, a ABNT lançou no Brasil a norma ISO 26000:2010, com as diretrizes sobre 
responsabilidade social. 
No catálogo da ABNT, site: https://www.abntcatalogo.com.br/norma.aspx?ID=345040, é possível 
adquirir a norma. Mais adiante falaremos da nova ISO 14001:2015. 
 
https://www.abntcatalogo.com.br/norma.aspx?ID=345040
 
 
19 
 
ocupacional, denominada da série OHSAS 18000 (Occupational Health and Safety 
Assessment Series). Essa norma, em conjunto com a família ISO 14000, fornece a 
base para o que as empresas têm chamado de SMS (saúde, meio ambiente e 
segurança). 
Embora sinérgicas, caso implementadas de forma estanque, podem gerar 
desperdícios e aumento desnecessário de documentação gerando burocracia. 
Dessa forma, as empresas que adotam as quatro normas simultaneamente devem 
criar um sistema integrado de gestão, o que é relativamente mais simples, dado que 
as quatro normas adotam estrutura similar. Também o planejamento e gestão dos 
recursos alocados deve ser conjunto.Há métodos de integração dos sistemas de gestão, a maioria com propostas 
por fases, que variam de um nível de gestão isolado até a integração plena, 
passando por níveis intermediários. A integração pode se dar de forma paulatina, em 
que coexistem documentos dos sistemas, mas o conteúdo é comparado, havendo 
referências cruzadas e coordenação interna. Na versão integrada há processos 
genéricos e ciclo de gestão integração (BERNARDO et al., 2009 apud CARVALHO; 
MIGUEL, 2012). 
A seguir veremos uma síntese de cada uma das normas usadas em um 
sistema de gestão integrado, voltado para a sustentabilidade. 
A preocupação com gestão ambiental pode ter visões distintas conforme a 
cultura organizacional das empresas. Há três visões mais comuns de abordagem 
para a gestão ambiental empresarial: a) controle da poluição; b) prevenção da 
poluição; e, c) abordagem estratégica. 
Enquanto na abordagem de controle da poluição, o comportamento é mais 
reativo, em que a organização responde às pressões da comunidade e cumpre a lei; 
na abordagem estratégica de gestão ambiental, a postura é proativa e concebida 
como parte do negócio, desde o marketing e projeto do produto até as técnicas de 
produção mais limpa e o pós-venda. 
As normas da série ISO 14000, de maneira geral, abordam a gestão 
ambiental. No entanto, é necessário salientar o conceito de gerenciamento do ciclo 
de vida (life cycle management – LCM), tratado na norma ISO 140403, que é 
 
3 A norma ABNT ISO 14040:2009 foi cancelada e corrigida pela norma 14040:2014. 
 
 
20 
 
importante para que a empresa adote uma visão sustentável e que também pertença 
a esse conjunto de normas. 
O conceito de ciclo de vida refere-se aos estágios sucessivos e encadeados 
de um sistema que envolve um produto, desde a aquisição da matéria-prima ou 
geração de recursos naturais até a sua disposição final. Atrelado a esse conceito 
temos a avaliação do ciclo de vida (life cycle assessment - LCA), apresentado na 
norma ISO 14044:20144, que permite identificar e avaliar os impactos ambientais 
potenciais de um sistema ao longo do ciclo de vida, conforme ilustrado abaixo: 
 
Figura 5: Sustentabilidade ambiental: interação entre LCM e LCA. 
Fonte: Adaptado de Labuschagne e Brent (2005 apud CARVALHO; MIGUEL, 2012, p. 420). 
 
O impacto ambiental pode ser definido como qualquer modificação, positiva 
ou negativa, no meio ambiente, resultante das atividades, produtos ou serviços de 
uma organização. Logo, não se trata apenas de identificar os impactos negativos, 
mas sim antever as oportunidades de melhoria no desempenho ambiental de 
produtos e serviços, ao mesmo tempo em que identifica os trade offs dessas 
alternativas com os aspectos social e econômico, o que em regra não é tarefa fácil. 
Há três elementos obrigatórios na avaliação do impacto do ciclo de vida, 
segundo a norma ISO 14044: a) seleção das categorias de impacto; b) indicadores 
 
4 Esta versão corrigida da ABNT NBR 14044:2009 incorpora a Errata 1 de 21.07.2014. Confirmada 
em 28.11.2014. 
Mais informações: https://www.abntcatalogo.com.br/norma.aspx?ID=316461 
 
 
21 
 
de categorias; e, c) modelos de caracterização. O primeiro, seleção das categorias, 
identifica as categorias de impacto mais críticas para o perfil ambiental do sistema 
de produto projetado; a classificação refere-se à correlação entre as cargas 
ambientais e as categorias de impacto selecionadas; e a caracterização agrega as 
cargas ambientais correlacionadas às categorias de impacto e as converte para 
indicadores (CARVALHO; MIGUEL, 2012). 
Feitas estas considerações, mas antes de mirarmos na norma ISO 14000, 
vamos falar mais um pouco sobre sustentabilidade! 
 
2.2 A sustentabilidade e a gestão ambiental 
 
Até bem recentemente, acreditava-se de forma generalizada que a atividade 
humana acarretava apenas reflexos locais ou, no máximo, mudanças regionais no 
ambiente. É sabido que os efeitos da atividade humana no planeta são de tal 
envergadura que, atualmente, este se encontra às voltas com experimentações 
ambientais não planejadas cujos resultados, na maior parte das vezes, são 
imprevisíveis. 
O principal objetivo da ciência ambiental, que ainda podemos dizer está 
emergindo, é obter conhecimentos básicos para entender sistematicamente como o 
planeta funciona. Esse conhecimento poderá ser aplicado para ajudar a resolver os 
problemas ambientais globais, portanto, a emergência dessa ciência ambiental abriu 
novos horizontes para o entendimento das relações entre ciências biológicas e 
físicas, o que requer cooperação interdisciplinar e educação. 
Na base de praticamente todos os problemas ambientais está o rápido 
crescimento da população humana. De fato, será difícil resolver outros problemas, a 
menos que a quantidade de pessoas que habitam o ambiente esteja de acordo com 
sua capacidade de sustentação. Talvez a maior responsabilidade nessa área esteja 
vinculada ao esclarecimento e à educação dos seres humanos para os problemas 
populacionais. À medida que a população se torna mais educada e a taxa de 
analfabetismo decresce, o crescimento populacional tende também a se estabilizar, 
e até a decrescer. 
Nesse contexto, sustentabilidade é uma terminologia que recentemente 
ganhou popularidade e que, de uma forma geral, significa a utilização de 
determinado recurso natural de tal forma que ele permaneça continuamente 
 
 
22 
 
disponível. Entretanto, o termo é usado de forma vaga e equivocadamente em 
certas circunstâncias. Alguns o definem como a garantia de que as futuras gerações 
terão iguais oportunidades de acesso aos recursos oferecidos atualmente pelo 
planeta. Outros argumentam que sustentabilidade se refere a tipos de 
desenvolvimento que são economicamente viáveis, não agridem ao ambiente e são 
socialmente justos. Entretanto, todos concordam com a necessidade de se aprender 
como manter os recursos ambientais, de forma a continuarem a prover benefícios à 
população humana e a outras formas de vida no planeta. 
Por outro lado, um número crescente de pessoas está vivendo em áreas 
urbanas. Infelizmente os centros urbanos têm sido negligenciados e a qualidade 
ambiental urbana tem sofrido prejuízos, através de poluição aérea, problemas de 
destinação de resíduos sólidos, inquietações sociais e outras formas de “estresse” 
do ambiente. No passado, os poucos que estudavam o ambiente centravam sua 
atenção no selvagem ou natural, em vez de dirigirem seus esforços na direção do 
ambiente urbanizado. Hoje já se observa a necessidade de um maior foco em 
aglomerações urbanas e em cidades como ambiente onde se possa viver. 
Encontrar soluções para problemas ambientais envolve mais que 
simplesmente juntar fatos e entendimentos de temas científicos de um problema 
particular. Também tem muito a ver com os sistemas de valores vigentes e os temas 
de justiça social. Para resolver problemas ambientais em um determinado local, é 
importante entender quais os seus valores e as possíveis soluções que seriam 
socialmente justas. A partir daí, é possível aplicar conhecimentos científicos sobre 
determinado problema e achar soluções aceitáveis para o mesmo (ZILBERMAN, 
2004). 
Ainda sobre a questão da sustentabilidade, na administração 
contemporânea, a dimensão da gestão ambiental está sendo considerada uma das 
principais chaves para a solução dos graves problemas que afligem o mundo 
moderno (MORAES FILHO, 2009). 
As vantagens da gestão ambiental decorrem de regras e práticas 
administrativas preestabelecidas que atuam para reduzir os riscos ambientais da 
atividade, aumentando a motivação e satisfação de seus colaboradores. 
Os negócios estão se voltando cada vez mais para questões ambientais. 
Cinco fatores influenciam essa mudança de postura: (1) necessidade de obediência 
 
 
23 
 
às leis; (2) eficáciaem custos; (3) opinião pública; (4) pressão dos movimentos 
ambientalistas; (5) pensamento a longo prazo. 
O pensamento sistêmico revela que as questões ambientais permeiam a 
empresa e por isso deveriam ser abordadas de modo abrangente e integrativo. 
Assim, a proteção ambiental passou a ser uma necessidade e ao mesmo tempo 
uma fonte de lucro para os negócios, o que abre uma perspectiva positiva para sua 
efetiva implementação, pois não transgride o princípio da busca permanente pelo 
lucro, indissociável da lógica de funcionamento das organizações em meio 
empresarial. 
Hoje em dia, face à crescente concorrência dada à globalização, os clientes 
estão cada vez mais informados e predispostos a comprar e usar produtos que 
respeitem o meio ambiente. O produto ecologicamente correto vende mais nos 
mercados e detém a preferência do consumidor. 
No diagnóstico estratégico ambiental, citam-se dez razões convincentes, 
como afirma Moraes (2009), para a adoção pelas empresas de um design e 
marketing ambiental para os produtos com melhoria nos processos internos de 
produção. Elas são: (a) maior satisfação dos clientes; (b) melhor imagem da 
empresa; (c) conquista de novos mercados; (d) redução de custos pela eliminação 
de desperdícios; (e) melhoria do desempenho geral da empresa; (f) redução de 
riscos (multas, ações legais, acidentes); (g) maior permanência do produto nos 
mercados (ausência de reações negativas); (h) maior facilidade na obtenção de 
financiamentos; (i) caminho único para a obtenção de certificados ambientais (selos 
verdes e similares); j) prestação de contas às chamadas partes interessadas 
(clientes, acionistas, sociedade). 
Todas essas razões apontam no sentido de um maior fortalecimento da 
empresa em seu ambiente de negócio, o que leva à hipótese de ser o conceito de 
sustentabilidade empresarial um caminho não só desejável, como correto e provável 
de ser seguido. Inúmeras empresas vêm assumindo essa postura, mudando o foco 
de administrar, colocando a questão ambiental na prioridade de suas ações. E já 
parece estar surtindo efeitos, a considerar a recente notícia divulgada pela revista 
científica Nature, segundo publicado no site Globo on-line (maio 2006), de que uma 
equipe de cientistas havia chegado à conclusão de que a camada de ozônio da 
Terra que protege o ambiente das radiações ultravioletas está passando por uma 
 
 
24 
 
lenta recuperação. Uma prova da eficácia e sucesso do Protocolo de Montreal 
(1987), concluiu (MORAES, 2009). 
No caso brasileiro, seguindo a literatura disponível, o mesmo autor cita a 
Petrobras, na exploração de minérios fósseis; as companhias siderúrgicas em geral, 
tidas anteriormente como vilãs do meio ambiente; as petroquímicas e em especial a 
Petroflex, em Pernambuco, detentora de vários prêmios e certificados ISO, 
referenciada como exemplo de preservação ambiental; a Alcan e a Alcoa, no setor 
de alumínio; a Kablin (maior produtora e exportadora de papel do Brasil), única 
empresa no país, de acordo com informações em seu site corporativo, a receber o 
certificado FSC (Forest Stewardship Counsil), pelo manejo de plantas medicinais em 
suas florestas no Paraná; a Natura, recentemente instalada no México e em Paris 
em seu processo de internacionalização com forte apelo à ecoeficiência e 
administração com responsabilidade social com profundo respeito à natureza; a 
Ripasa, no setor de produção de papel e celulose. 
A visão de desenvolvimento clássica com foco apenas no crescimento 
econômico (e que prevalece ainda hoje para muitas economias) não leva em 
consideração, pelo menos em níveis adequados ou aceitáveis, a questão dos riscos 
de esgotamento dos recursos naturais, sobretudo os não renováveis e o impacto das 
atividades econômicas na degradação do meio ambiente. 
A visão econômica contemporânea ainda em construção, com foco no 
equilíbrio do ecossistema como precondição para o desenvolvimento social, prevê 
com maior acuidade a questão da preservação ambiental introduzindo a noção de 
reciclagem como forma de maior eficiência administrativa e processo por excelência 
redutor de poluição ambiental e indutor de responsabilidade social. 
No plano administrativo, a visão de desenvolvimento com foco puramente no 
crescimento econômico busca levar em conta as seguintes prioridades dentro da 
empresa por ordem de importância: (a) satisfação dos acionistas ou interesse dos 
sócios proprietários; (b) satisfação dos distribuidores (maximização das margens de 
lucro); (c) satisfação dos fornecedores (bons preços nas partidas fornecidas); (d) 
satisfação dos empregados; (e) satisfação dos consumidores (quando não são 
satisfeitas, recorrência ao Código de Defesa do Consumidor). 
A visão com foco no equilíbrio e responsabilidade social apregoando maior 
respeito ao consumidor leva a inverter a ordem de prioridades dentro da empresa, 
devendo então estar em primeiro plano: (a) satisfação dos consumidores (norteando 
 
 
25 
 
as ações das empresas); (b) satisfação dos empregados (valorização do capital 
humano); (c) satisfação dos fornecedores (preços compatíveis nas partidas 
fornecidas); (d) satisfação dos distribuidores (margens responsáveis de lucro); (e) 
satisfação dos acionistas ou sócios proprietários. Muda, portanto, a visão e a forma 
de administrar. 
É com essa expectativa que se devem buscar os novos caminhos para o 
desenvolvimento econômico e social: o caminho da sustentabilidade empresarial. 
Ela é uma expectativa e uma esperança. Os desdobramentos futuros das relações 
entre as nações em sua fase atual de globalização da economia nos fornecerão os 
dados e informações que permitirão avaliar se o caminho apontado está sendo de 
fato trilhado ou se teimamos em seguir velhos atalhos, ignorando as inter-relações 
que nos unem como inquilinos comuns de um mesmo condomínio, a Terra 
(MORAES, 2009). 
A importância que deve assumir cada indivíduo nas relações entre sistema 
produtivo e meio ambiente, enquanto consumidor na nova ordem econômica 
globalizada, parece nos conferir uma importante e poderosa arma. A do controle 
pelo consumo, isto é, não precisamos de agências institucionais nos moldes 
tradicionais até então em vigor para executar as vontades ou propósitos que não a 
da organização em redes, perfeitamente factível com as tecnologias atuais. Ela está 
ao alcance das mãos. Resta saber se teremos disposição e organização suficientes 
para usá-la em nosso proveito que se supõe a favor de toda a comunidade. 
O conceito introduzido no início da década dos anos 80 por Lester Brown 
(CAPRA, s.d. apud TRIGUEIRO, 2004, p. 19), definindo comunidade sustentável 
como “a que é capaz de satisfazer às próprias necessidades sem reduzir as 
oportunidades das gerações futuras”, está pronto para ser modelado. E cabendo a 
nós pela primeira vez, de forma palpável e inequívoca no atual estágio tecnológico, 
uma parcela importante da capacidade em influir em nosso destino comum. 
Urge alinhavá-los dando-lhes consistência, substância e unidade como força 
capaz de fazer frente aos problemas ambientais contemporâneos na sociedade em 
que vivemos (MORAES, 2009). 
 
 
 
26 
 
2.3 A norma ISO 14000 
 
A ISO 14001 é uma norma internacionalmente reconhecida que define o que 
deve ser feito para estabelecer um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) efetivo. A 
norma é desenvolvida com objetivo de criar o equilíbrio entre a manutenção da 
rentabilidade e a redução do impacto ambiental; com o comprometimento de toda a 
organização. Com ela é possível que sejam atingidos ambos objetivos. 
A origem da norma ISO 14000 se deu no início da década de 1990 quando a 
ISO se organizou para criar um conjunto de regras que tratassem da questão 
ecológica, em virtude dos grandes problemas ambientais causados pelo grande 
desenvolvimento econômico e industrial. 
 
Veja no quadro abaixo, de forma simplificada, os principais agentes que 
impulsionaramo surgimento das normas ambientais: 
Aumento da 
conscientização 
ambiental 
 Pressões dos 
consumidores 
 
Preocupação 
com gerações 
futuras 
 Pressões de 
grupos 
ambientalistas 
 
Pressões legais 
e normativas 
 NORMAS 
AMBIENTAIS 
 
 
Exigências de 
seguradoras 
 Atuação dos 
órgãos 
ambientais 
 
Restrições de 
financiamento 
 Sofisticação 
do processo 
produtivo 
 
Quadro 1: Surgimento das normas ambientais. 
Fonte: Ribeiro Neto; Tavares e Hoffmann (2008, p.82). 
 
Em 1993, a ISO reuniu uma grande quantidade de profissionais e montou 
um comitê para a criação das normas e deu a ele o nome de TC 207 que tinha por 
objetivo desenvolver as normas ambientais que regeriam questões relacionadas ao 
 
 
27 
 
fator ambiental (série 14000), esse comitê foi dividido em subcomitês que cuidariam 
de áreas específicas no desenvolvimento das normas. 
 
TC 207 – Gerenciamento ambiental 
 
Avaliação da organização Avaliação do produto 
 
SC1 – sistema 
de gestão 
ambiental 
SC4 – avaliação 
de desempenho 
 SC3 – rotulagem 
ambiental 
SC5 – análise de 
ciclo de vida 
 
SC2 – auditorias ambientais SC7 – 
gerenciamento 
de gases de 
efeito estufa e 
atividades 
relacionadas 
WG – inclusão 
de aspectos 
ambientais em 
normas de 
produtos 
 
Como resultado do trabalho do SC1, foram publicadas, em 1996, as normas 
da série ISO 14000 voltadas para gestão ambiental, utilizando como referência as 
normas BS 7750 e os requisitos estabelecidos no Sistema Europeu de Ecogestão e 
Auditorias Ambientais (Emas). A versão brasileira dessas normas foi publicada 
também em 1996, pela ABNT, estando sob a responsabilidade do CB 38 – Comitê 
Brasileiro de Gestão ambiental. Em dezembro de 2004 saiu a segunda edição.5 
O TC 207, por meio de seus diferentes comitês, é responsável pela 
publicação de um conjunto distinto de normas. 
A série ABNT NBR ISO 14000 é composta por várias normas que com-
plementam a ABNT NBR ISO 14001, algumas das quais se encontram listadas 
abaixo. 
a) ISO 14004 oferece orientações desde a incorporação, implementação e 
manutenção até a melhoria do sistema de gestão ambiental, bem como a 
adaptação deste a outros sistemas de gestão. 
 
5
 Como já dito, em 2011 começou novo processo de revisão e a nova norma saiu em 2015. 
 
 
28 
 
b) ISO 14006 é destinada a empresas que implementaram um sistema de 
gestão ambiental em conformidade com a ABNT NBR ISO 14001, mas pode 
integrar a concepção ecológica a outros sistemas de gestão. 
c) ISO 14064-1 estabelece os princípios e os requisitos a nível organizacional 
para a quantificação e comunicação das emissões e compensação de gases 
de efeito estufa (GEE). 
 
Também é fato que o sistema de gestão ambiental mais difundido é o que 
tem por referência os requisitos estabelecidos pela ISO 14001. Segundo pesquisa 
publicada pela ISO (ISO Survey 2008)6, até o final de 2008 foram emitidos 188.815 
certificados de conformidade, abrangendo 155 países e representando um 
incremento de 18% em relação ao número de certificados do ano anterior. O Brasil 
ocupava a 16ª posição no ranking mundial de número de certificados emitidos 
(RIBEIRO NETO; TAVARES; HOFFMANN, 2008). 
A ISO 14000 pode ser aplicada em empresas de qualquer porte e qualquer 
atividade, seja ela indústria, prestadora de serviços, agroindústria, empresas 
públicas ou até empresas de extração, a ISO 14000 ainda certifica produtos e 
serviços que estejam de acordo com as normas ambientais. 
Quanto ao momento de sua aplicação: esse conjunto de normas pode e 
deve ser aplicado em empresas que tenha qualquer tipo de atividade. A consciência 
ambiental é uma tendência que cresce a cada dia e que tende a crescer mais ainda, 
portanto, uma empresa que está no mercado e que deseja continuar e melhorar seu 
posicionamento no mesmo pode-se utilizar dos benefícios dessa certificação. 
Em relação ao processo de implantação da norma, ele se dá da seguinte 
forma: a empresa precisa se adequar a legislação ambiental, para que possa 
receber a certificação, que só pode ser concedida mediante empresa certificadora 
especializada para isso. O processo de treinamento de colaboradores está inserido 
na adequação da empresa de um modo geral. 
Depois de recebida a certificação a cada determinado período de tempo, a 
empresa passará por auditorias que serão realizadas por órgãos competentes. 
São vantagens da implantação da ISO 14000: 
 
6
 Dados mais recentes, de acordo com a ISO (http://www.iso.org/iso/iso-survey), apontam um total de 
1.519.952 certificados emitidos em todo o mundo em 2015, em comparação com 1.476.504 do ano 
anterior, um aumento de 3%. 
 
http://www.iso.org/iso/iso-survey
 
 
29 
 
 identificação da empresa com a consciência ambiental; 
 o efeito da consciência ecológica que influenciará os colaboradores. 
 
São pontos fortes da norma: 
 redução de desperdícios, pois uma empresa com uma visão ambiental, 
sempre buscará produzir mais produtos e serviços, com menos recursos; 
 pode ser considerado fator chave – com todas as auditorias e mudanças 
feitas na empresa por causa da certificação, a empresa terá processos mais 
eficientes, isso trará menores custos, melhor qualidade, maior lucro e maior 
satisfação do cliente para com a empresa. 
Em contrapartida, temos também alguns pontos fracos, mas que podem ser 
corrigidos: 
 necessidade de treinar colaboradores de empresas terceirizadas; 
 inexperiência dos órgãos certificadores. 
A relevância da norma reside no fato de que: impactos ambientais estão se 
tornando um tema cada vez mais importante no mundo, com pressão para minimizar 
esse impacto, oriunda de uma série de fontes: autoridades governamentais locais e 
nacionais, reguladores, associações comerciais, clientes, colaboradores e 
acionistas. As pressões sociais também aumentam em função da crescente gama 
de partes interessadas, tais como consumidores, organizações ambientais e não 
governamentais de minorias (ONGs), universidades e vizinhos. 
Então, a ISO 14001 é relevante para todas as organizações, incluindo 
desde: 
 sites únicos até grandes companhias multinacionais; 
 companhias de alto risco até organizações de serviço de baixo risco; 
 indústrias de manufatura, de processo e de serviço; incluindo governos locais; 
 todos os setores da indústria incluindo setores públicos e privados; 
 montadoras e seus fornecedores. 
 
São benefícios da norma: 
 
 demonstrar conformidade com requisitos legais e regulamentares atuais e 
futuros; 
 aumentar o envolvimento da liderança e o comprometimento dos funcionários; 
 
 
30 
 
 melhorar a reputação da empresa e a confiança das partes interessadas 
mediante comunicação estratégica; 
 alcançar os objetivos estratégicos de negócios através da incorporação de 
questões ambientais na gestão das empresas; 
 oferecer vantagem competitiva e financeira aumentando a eficiência e 
reduzindo custos; 
 incentivar a melhoria do desempenho ambiental por parte de fornecedores, 
integrando-os aos sistemas de negócios da empresa (ABNT, 2015). 
A nova ABNT NBR ISO 14001:2015 passa a exigir: 
 que a gestão ambiental seja mais importante no posicionamento estratégico 
da empresa; 
 maior comprometimento da liderança; 
 a implementação de iniciativas proativas que visem proteger o meio ambiente 
contra danos e degradação, como por exemplo, o uso sustentável dos 
recursos e a mitigação das alterações climáticas; 
 enfoque no conceito de ciclo de vida a fim de garantir que aspectos 
ambientais sejam levados em consideração desde o desenvolvimento até o 
fim da vida útil do produto; 
 a adoção de uma estratégia de comunicação com foco nas partes 
interessadas; 
 além disso, ela possibilita uma integração mais fácil a outrossistemas de 
gestão, visto que têm a mesma estrutura e os mesmos termos e definições. 
 
2.4 Requisitos do sistema de gestão ambiental da ISO 14001 
 
A FIESP/CIESP (2015) no documento que apresenta as mudanças na 
norma reforça que o Sistema de Gestão Ambiental implementado segundo a ISO 
14001 permite a obtenção de certificação após auditoria por organismo certificador 
acreditado. Para muitas empresas, obter a certificação da ISO 14001 é uma 
demanda de mercado, pois demonstra seu comprometimento com práticas 
sustentáveis e padrões internacionais de gestão ambiental. Além disso, possibilita a 
integração com os demais sistemas de gestão já implementados pela empresa ou a 
serem implementados, como, por exemplo, o sistema de gestão da qualidade (ISO 
9001). 
 
 
31 
 
Pensando naqueles que conhecem a norma ABNT ISO 14001:2004, 
optamos por colocar um quadro comparativo entre esta e as novidades da versão de 
2015. 
PLANEJAR 
ISO 14001:2015 ISO 14001:2004 
Contexto da organização 4 - - 
Entendimento da organização e seu 
contexto. 
4.1 - - 
Entendimento das necessidades e 
expectativas das partes interessadas. 
4.2 - - 
Determinação do escopo do Sistema de 
Gestão Ambiental. 
4.3 4.1 Requisitos gerais. 
Sistema de Gestão Ambiental 4.4 4.1 Requisitos gerais. 
Liderança 5 - - 
Liderança e comprometimento. 5.1 - - 
Política ambiental. 5.2 4.2 Política ambiental. 
Regras organizacionais, 
responsabilidades e autoridades. 
5.3 4.4.1 Recursos, regras, 
responsabilidade e autoridade. 
Planejamento. 6 4.3 Planejamento. 
Ações para endereçar riscos e 
oportunidades. 
6.1 - - 
Geral. 6.1.1 - - 
Aspectos ambientais 6.1.2 4.3.1 Aspectos ambientais. 
Requisitos legais e outros requisitos. 6.1.3 4.3.2 Requisitos legais e outros 
requisitos subscritos pela 
organização. 
Planejando ações. 6.1.4 - - 
Objetivos ambientais e planejamento 
para alcançá-los. 
6.2 4.3.3 Objetivos, metas e programas. 
Objetivos ambientais. 6.2.1 4.3.3 Objetivos, metas e programas. 
Planejando ações para alcançar os 
objetivos ambientais. 
6.2.2 4.3.3 Objetivos, metas e programas. 
Apoio 7 4.4 Implementação e operação. 
Recursos. 7.1 4.4.1 Recursos, regras, 
responsabilidade e autoridade. 
Competências. 7.2 4.4.2 Competência, treinamento e 
conscientização. 
Conscientização. 7.3 4.4.2 Competência, treinamento e 
conscientização. 
Comunicação. 7.4 4.4.3 Comunicação. 
Geral. 7.4.1 4.4.3 Comunicação. 
Comunicação interna. 7.4.2 4.4.3 Comunicação. 
Comunicação externa. 7.4.3 4.4.3 Comunicação. 
Informação documentada. 7.5 4.4.4 Documentação. 
Geral. 7.5.1 4.4.4 Documentação. 
Criação e revisão. 7.5.2 4.4.5 Controle de documentação. 
4.5.4 Controle de registro. 
Controle de informação documentada. 7.5.3 4.4.5 Controle de documentação. 
4.5.4 Controle de registro. 
EXECUTAR 
OPERAÇÃO 8 4.4 Implementação e operação. 
Planejamento e controle operacional. 8,1 4.4.6 Controle operacional. 
Preparação e resposta a emergências. 8.2 4.4.7 Preparação e resposta a 
emergências. 
 
VERIFICAR 
 
 
32 
 
AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO 9 4.5 Avaliação. 
Monitoramento, mensuração, análise e 
avaliação 
9.1 4.5.1 Monitoramento e mensuração. 
Geral. 9.1.1 4.5.1 Monitoramento e mensuração. 
Avaliação de conformidade. 9.1.2 4.5.2 Avaliação de conformidade. 
Auditoria interna. 9.2 4.5.5 Auditoria interna. 
Geral. 9.2.1 4.5.5 Auditoria interna. 
Programa de auditoria interna. 9.2.1 4.5.5 Auditoria interna. 
Análise crítica. 9.3 4.6 Análise crítica. 
 
AGIR 
MELHORIAS 10 - - 
Geral. 10.1 - - 
Não conformidade e ação corretiva. 10.2 4.5.3 Não conformidade, ação corretiva 
e ação preventiva. 
Melhoria contínua. 10.3 - - 
Quadro 2: Quadro comparativo. 
 
A Figura abaixo representa o modelo do sistema de gestão ambiental 
conforme a NBR ISO 14001. A sequência e interação proposta dos requisitos 
possibilitam à organização a implementação de um sistema, com política e objetivos 
alinhados aos requisitos legais aplicáveis e aos seus aspectos ambientais 
significativos. Adicionalmente, o sistema de gestão ambiental está alicerçado em 
uma abordagem por processos, em que é adotada a metodologia do PDCA - Plan, 
Do, Check and Act, no sentido de promover a melhoria contínua. 
 
 
Figura 6: Modelo de sistema de gestão ambiental. 
Fonte: NBR ISO 14001 
 
Guarde... 
A ISO 14001 foi desenvolvida com objetivo de criar o equilíbrio entre a 
manutenção da rentabilidade e a redução do impacto ambiental com o 
 
 
33 
 
comprometimento de toda a organização, sendo possível que sejam atingidos 
ambos objetivos. 
Isto significa que devem ser identificados os aspectos de seu negócio que 
impactam o meio ambiente e compreender a legislação ambiental relevante à sua 
situação. O próximo passo é preparar objetivos para melhoria e um programa de 
gestão para atingi-los, com análises críticas regulares para melhoria contínua. 
Empresas certificadoras podem periodicamente auditar o sistema e, caso conforme, 
certificar a sua companhia na ISO 14001. 
Valem as seguintes dicas para começar a colocar em prática a norma ABNT 
NBR ISO 14001:2015. 
1º passo – Defina seus objetivos. O que você pretende alcançar com essa 
norma? 
2º passo – Obtenha a confiança da alta gestão. É essencial que os líderes 
de sua empresa apoiem os objetivos de um sistema de gestão ambiental eficiente e 
estejam comprometidos com o processo. 
3º passo – Obtenha uma boa perspectiva dos processos e sistemas 
existentes que influenciam seu impacto ambiental. É isso que sustentará o seu 
sistema de gestão ambiental e lhe permitirá identificar mais facilmente eventuais 
falhas. 
 
 
34 
 
UNIDADE 3 – CERTIFICAÇÃO NBR 16000 E ISO 26000 – 
GESTÃO DA SUSTENTABILIDADE 
 
3.1 Contextualização das certificações 
 
Para entendermos a importância da NBR 16000 e ISO 26000, faremos uma 
breve contextualização do panorama social mundial tomando por base a década de 
1970, quando a partir da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, o 
mundo começou a conscientizar-se dos problemas oriundos da degradação 
ambiental e passamos a ver de forma diferenciada nossas relações com a natureza. 
Foi apenas um passo, é verdade, mas foi um primeiro passo muito importante. Afinal 
de contas, conscientização é o pontapé inicial para mudanças! 
De um lado a consciência começando a surgir, de outro, a desigualdade 
social que se expandia de maneira acelerada e com ela a exclusão social e a 
violência. 
Em decorrência destes dois fatores, deparamo-nos, na década de 1990, com 
um novo fenômeno social, qual seja a proliferação do 3º setor: a esfera pública não 
estatal. Somado a isto, ganharam força os movimentos da qualidade empresarial e 
dos consumidores. De agente passivo de consumo, o consumidor passa a ser 
agente de transformação social, por meio do exercício do seu poder de compra, uso 
e descarte de produtos, de sua capacidade de poder privilegiar empresas que 
tinham valores outros, não somente o lucro na sua visão de negócios. Assim, 
sociedade civil e empresas passam a estabelecer parcerias na busca de soluções, 
diante da convicção de que o Estado sozinho não é capaz de solucionar a todos os 
problemas e a responder a tantas demandas (INMETRO, 2012). 
É diante desta conjuntura que nasce o movimento da responsabilidade 
social. Movimento este que vem crescendo e ganhando apoio em todo o mundo, e 
que propõe uma aliança estratégica entre 1º, 2º e 3º setores na busca da inclusão 
social, da promoção da cidadania, da preservação ambiental e da sustentabilidade 
planetária, na qual todos os setores têm responsabilidades compartilhadas e cada 
um é convidado a exercer aquilo que lhe é mais peculiar, mais característico. E, para 
que essa aliança seja possível, a ética e a transparência são princípios 
fundamentais no modo de fazer negócios e de relacionar-se com todas as partes 
interessadas. 
 
 
35 
 
À sociedade civil organizada cabe papel fundamentalpelo seu poder 
ideológico – valores, conhecimento, inventividade e capacidades de mobilização e 
transformação. 
A responsabilidade social conclama todos os setores da sociedade a 
assumirem a responsabilidade pelos impactos que suas decisões geram na 
sociedade e meio ambiente. Nesse sentido, os setores produtivos e empresariais 
ganham um papel particularmente importante, pelo impacto que geram na sociedade 
e seu poder econômico e sua capacidade de formular estratégias e concretizar 
ações. 
Essa nova postura, de compartilhamento de responsabilidades, não implica, 
entretanto, em menor responsabilidade dos governos, ao contrário, fortalece o papel 
inerente ao governo de grande formulador de políticas públicas de grande alcance, 
visando o bem comum e a equidade social, aumentando sua responsabilidade em 
bem gerenciar a sua máquina, os recursos públicos e naturais na sua prestação de 
contas à sociedade. Além disso, pode e deve ser o grande fomentador, articulador e 
facilitador desse novo modelo que se configura de fazer negócios (INMETRO, 2012). 
Nesse contexto, o Brasil é um dos pioneiros nesse movimento, contribuindo 
a partir da elaboração uma norma nacional de responsabilidade social, inicialmente 
a ABNT NBR 16001:2004 e hoje, a ABNT NBR 16001:20127 - Responsabilidade 
Social – Sistema de gestão – Requisitos, para a qual o Inmetro desenvolveu o 
Programa Brasileiro de Certificação em Responsabilidade Social. O Brasil também 
liderou, em parceria com a Suécia, o Grupo de Trabalho da ISO (Internatinal 
Organization for Standardization) incumbido de elaborar a ISO 26000:2010 – 
Diretrizes em responsabilidade social, publicada em 1º de novembro de 2010. 
O Inmetro desenvolveu o Programa Brasileiro de Certificação em 
Responsabilidade Social de acordo com a NBR 16001, desde a sua primeira versão, 
 
7
 A NBR ISO 16001, publicada em 03 de julho de 2012, com validade a partir de 03 de agosto de 
2012, estabelece os requisitos mínimos relativos a um sistema de gestão da responsabilidade social, 
permitindo que a organização formule e implemente uma política e objetivos que levem em conta 
seus compromissos com: a) a responsabilização; b) a transparência; c) o comportamento ético; d) o 
respeito pelos interesses das partes interessadas; e) o atendimento aos requisitos legais e outros 
requisitos subscritos pela organização; f) o respeito às normas internacionais de comportamento; g) o 
respeito aos direitos humanos; e, h) a promoção do desenvolvimento sustentável. 
(http://www.abntcatalogo.com.br/norma.aspx?ID=091309) 
 
 
 
36 
 
e agora definiu um plano de transição (por meio da Portaria INMETRO / MDIC 
número 407 de 02/08/20128) para as organizações estabelecendo que: 
I. As organizações certificadas com base na norma ABNT NBR 16001:2004 
podem, a qualquer tempo, a contar da data de publicação desta Portaria, migrar 
para a versão atual da norma, mediante auditoria. 
II. As solicitações de certificação inicial poderão continuar a ser concedidas 
com base na norma ABNT NBR 16001:2004 em até 12 (doze) meses contados da 
publicação desta Portaria. 
III. As solicitações de recertificação poderão continuar a ser concedidas com 
base na norma ABNT NBR 16001:2004 em até 24 (vinte e quatro) meses contados 
da publicação desta Portaria. 
IV. Todas as certificações vigentes concedidas com base na norma ABNT 
NBR 16001:2004 deverão ser migradas para a versão atual da norma ou serem 
canceladas no prazo de 36 (trinta e seis) meses, contar da data de publicação desta 
Portaria. 
Ou seja: 
 até 02 de agosto de 2013, as organizações poderão solicitar certificação 
inicial com base na norma antiga (ABNT NBR 16001:2004); 
 as empresas já certificadas na primeira versão poderão solicitar recertificação 
até 02 de agosto de 2014; 
 a partir de 02 de agosto de 2015, todas as organizações deverão ter migrado 
para a versão de 2012. 
A Norma propõe uma visão holística, em que as questões essenciais de 
governança organizacional são: direitos humanos; práticas trabalhistas, práticas 
justas de operações; questões do consumidor, ambiente, envolvimento e 
desenvolvimento da comunidade, conforme ilustrado abaixo: 
 
 
8
 http://www.inmetro.gov.br/legislacao/rtac/pdf/RTAC001888.pdf 
 
 
37 
 
 
Figura 7: Princípios de Responsabilidade Social. 
Fonte: ISO 26000. 
 
A norma define responsabilidade social como sendo a responsabilidade de 
uma organização pelos impactos de suas decisões e atividades na sociedade e no 
meio ambiente, por meio de um comportamento ético e transparente que: 
 contribua para o desenvolvimento sustentável, inclusive a saúde e o bem-
estar da sociedade; 
 leve em consideração as expectativas das partes interessadas; 
 esteja em conformidade com a legislação aplicável; 
 seja consistente com as normas internacionais de comportamento; 
 esteja integrada em toda a organização e seja praticada em suas relações. 
 
Os princípios que regem a norma são os seguintes: 
 
 
38 
 
 accountability (responsabilização) – assumir voluntariamente as 
responsabilidades pelas consequências de suas ações e decisões, 
respondendo pelos seus impactos na sociedade e no meio ambiente, 
prestando contas aos órgãos de governança e demais partes interessadas; 
 transparência – fornecer às partes interessadas de forma acessível, clara, 
compreensível e em prazos adequados todas as informações sobre os fatos 
que possam afetá-las; 
 comportamento ético – agir de modo aceito como correto pela sociedade e de 
forma consistente com as normas internacionais de comportamento; 
 considerações pelas partes interessadas (stakeholders) – ouvir, considerar e 
responder aos interesses das pessoas ou entidades que tenham um interesse 
identificável nas atividades da organização; 
 respeito ao Estado de Direito – ponto de partida mínimo para ser considerado 
socialmente responsável, cumprir integralmente as leis do local onde está 
operando; 
 respeito às Normas Internacionais de Comportamento – adotar prescrições de 
tratados e acordos internacionais favoráveis à responsabilidade social, 
mesmo que não obrigada por lei; 
 direito humanos – reconhecer a importância e a universalidade dos direitos 
humanos, cuidando para que as atividades da organização não os agridam 
direta ou indiretamente, zelando pelo ambiente econômico, social e natural 
que requerem. 
São temas centrais desta norma: 
a) Governança organizacional: trata de processos e estruturas de tomada de 
decisão, delegação de poder e controle. O tema é, ao mesmo tempo, algo 
sobre o qual a organização deve agir e uma forma de incorporar os princípios 
da responsabilidade social à sua forma de atuação cotidiana. 
b) Direitos humanos: inclui verificação de obrigações e de situações de risco; 
resolução de conflitos; direito civis, políticos, econômicos, sociais e culturais; 
direitos fundamentais do trabalho; evitar a cumplicidade e a discriminação; e 
cuidado com os grupos vulneráveis. 
c) Práticas trabalhistas: refere-se tanto a emprego direto quanto ao terceirizado 
e ao trabalho autônomo. Inclui emprego e relações do trabalho; condições de 
 
 
39 
 
trabalho e proteção social; diálogo social; saúde e segurança ocupacional; 
desenvolvimento humano dos trabalhadores. 
d) Meio ambiente: inclui prevenção da poluição; uso sustentável de recursos; 
combate e adaptação às mudanças climáticas; proteção e restauração do 
ambiente natural; e os princípios da preocupação, do ciclo de vida, da 
responsabilidade ambiental e do “poluidor pagador”. 
e) Práticas operacionais justas: compreende combate à corrupção; envolvimento 
político responsável; concorrência e negociação justas; promoção da 
responsabilidade social na esfera da influência da organização e respeito aos 
direitos de propriedade. 
f) Questões dos consumidores: inclui práticasjustas de negócios, marketing e 
comunicação; proteção à saúde e a segurança do consumidor; consumo 
sustentável; serviço e suporte pós-fornecimento; privacidade e proteção de 
dados; acesso a serviços essenciais; educação e conscientização. 
g) Envolvimento com a comunidade e seu desenvolvimento: refere-se ao 
envolvimento com a comunidade; investimento social; desenvolvimento 
tecnológico; investimento responsável; criação de empregos; geração de 
riqueza e renda; promoção e apoio à saúde, à educação e à cultura. 
Segundo Carvalho e Miguel (2012), baseando-se em dados do INMETRO, a 
ISO 26000 é uma norma de diretrizes, sem o objetivo da certificação, com o 
propósito de ser aplicável a todos os tipos e porte de organizações (pequenas, 
médias, e grandes) e de todos os setores (governo, ONGs e empresas privadas). A 
estrutura compreende as seguintes partes: 
1º. Introdução – fornece informações sobre o conceito da norma de diretrizes e 
os motivos de sua elaboração. 
2º. Escopo – define o assunto da norma, sua abrangência e os limites de sua 
aplicabilidade. 
3º. Referências normativas – apresenta uma lista de documentos que devem ser 
lidos juntamente com a norma de diretrizes; e escopo. 
4º. Termos e definições – identifica os termos usados na norma que precisam ser 
definidos e fornece tais definições. 
5º. O contexto da responsabilidade social em que as organizações atuam – 
apresenta os contextos histórico e contemporâneo relacionados ao tema e 
 
 
40 
 
também coloca questões emergentes da natureza do conceito de 
responsabilidade social. 
6º. Princípios de responsabilidade social relevantes a todas as organizações – 
identifica um conjunto de princípios de responsabilidade social extraídos de 
várias fontes e fornece diretrizes em relação a eles. 
7º. Diretrizes sobre temas de responsabilidade social – oferece orientação 
separada em uma gama de assuntos/questões centrais e as relaciona às 
organizações. 
8º. Diretrizes para todas as organizações na implementação da responsabilidade 
social – fornece diretrizes práticas para a implementação da responsabilidade 
social e sua integração com a organização. 
9º. Anexos – apresenta uma relação de ferramentas existentes no campo dos 
temas que a norma aborda. Anexo A – apresenta um cardápio de algumas 
iniciativas e ferramentas voluntárias relacionadas à RS, de caráter regional ou 
internacional, identificadas à época. Anexo B – contém abreviaturas usadas 
na norma. 
 
3.2 Programa Brasileiro de Certificação em Responsabilidade Social 
 
Em 2006, o INMETRO publicou através da Portaria INMETRO n.º 027, de 
09/02/2006, um Regulamento de Avaliação da Conformidade (RAC) com base na 
NBR 16001 – Responsabilidade Social – Requisitos. O processo de elaboração do 
RAC foi extremamente participativo e contou com o apoio e envolvimento de todos 
os setores da sociedade.9 
Em abril de 2007 foi, oficialmente, lançado o Programa Brasileiro de 
Avaliação da Conformidade em Responsabilidade Social, juntamente com a entrega 
do 1.º Certificado. 
Hoje o Brasil já conta com 21 empresas certificadas e 3 organismos de 
certificação dentro do Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade, a saber: 
- FCAV – Fundação Carlos Alberto Vanzolini; 
- BRTUV Avaliações da Qualidade S.A.; 
 
9
 Hoje está em vigor a Portaria n.º 618 de 21/12/2015, a qual pode ser encontrada na íntegra no site: 
http://www.inmetro.gov.br/legislacao/rtac/pdf/RTAC002352.pdf. É preciso ficar atento, pois estas 
portarias são revogadas e outras surgem em intervalos muito pequenos. 
http://www.inmetro.gov.br/legislacao/rtac/pdf/RTAC002352.pdf
 
 
41 
 
- BVQI do Brasil Sociedade Certificadora Ltda (INMETRO, 2012; CARVALHO; 
MIGUEL, 2012, p. 425). 
Em 2011, foi realizada uma pesquisa com organizações certificadas na 
norma ABNT NBR 16001:2004, pesquisa esta decidida pela ABNT/CEE RS sendo 
recebidas respostas de 16 organizações certificadas. 
Vale a pena conferir os resultados compilados dessa pesquisa. 
Quanto ao nível de dificuldade de implantação de cada requisito da norma 
veja o gráfico abaixo: 
 
Gráfico 1: Nível de dificuldade de implantação de cada requisito da norma. 
Fonte: 
http://www.inmetro.gov.br/qualidade/responsabilidade_social/palestras/pesquisa_com_organizacoes_
certificadas.pdf 
 
Quanto às necessidades de mudanças nos requisitos da norma: 
 
 
42 
 
 
Gráfico 2: Necessidades de mudanças nos requisitos da norma. 
Fonte: 
http://www.inmetro.gov.br/qualidade/responsabilidade_social/palestras/pesquisa_com_organizacoes_
certificadas.pdf 
 
Metade dos respondentes concordou que a norma deve conter requisitos de 
desempenho, enquanto a outra metade não concordou. 
Quanto à contribuição da norma para melhorar o relacionamento da 
organização com algumas das partes interessadas, 56% concordaram totalmente; 
38% concordaram parcialmente e 6% não avaliaram. 
Sobre a certificação ter contribuído para melhorar a capacidade da 
organização de atrair e manter trabalhadores, 50% concordaram totalmente, 31% 
concordaram parcialmente, para 13% foi indiferente e 6% não avaliaram. 
Em relação a melhorar a capacidade da organização em atrair e manter 
seus clientes/usuários, 44% concordaram parcialmente, 25% totalmente, para 25% 
foi indiferente e 6% não avaliaram. Quanto às contribuições da norma para melhorar 
ou fortalecer a imagem e reputação da organização, 63% concordaram totalmente e 
37% concordaram parcialmente. 69% concordaram totalmente que a norma agrega 
valor para a organização. 
Valores que mostram a aceitação e importância da norma para as 
organizações! 
 
 
43 
 
UNIDADE 4 – CERTIFICAÇÃO OHSAS 18000 – 
SEGURANÇA E SAÚDE OCUPACIONAL 
 
Segundo a BSI (2013), muitas organizações estão implementando um 
Sistema de Gestão de Saúde e de Segurança Ocupacional (SGSSO) como parte de 
sua estratégia de gestão de riscos para lidar com mudanças na legislação e proteger 
seus colaboradores. 
Um SGSSO promove um ambiente de trabalho seguro e saudável através 
de uma estrutura que permite à sua organização identificar e controlar 
consistentemente seus riscos à saúde e segurança, reduzir o potencial de acidentes, 
auxiliar na conformidade legislativa e melhorar o desempenho geral. 
A OHSAS 18001:2007 é uma especificação de auditoria internacionalmente 
reconhecida para sistemas de gestão de saúde ocupacional e segurança. Foi 
desenvolvida por um conjunto de organismos comerciais líderes, organismos 
internacionais de normas e certificação com foco em uma lacuna para a qual não 
existe uma norma internacional certificável por organismos certificadores. 
A OHSAS 18001 foi desenvolvida com compatibilidade com a ISO 9001 e a 
ISO 14001, para ajudar a organização a cumprir com suas obrigações de saúde e 
segurança de um modo eficiente, o que se dá mediante formulação de uma política 
e objetivos para a saúde ocupacional e a segurança, baseada nos conceitos de 
melhoria contínua e conformidade regulatória. 
A OHSAS 18001 foca as seguintes áreas chave: 
 planejamento da identificação de perigos, avaliação de riscos e controle dos 
riscos; 
 estrutura e responsabilidade; 
 treinamento, conscientização e competência; 
 consulta e comunicação; 
 controle operacional; 
 prontidão e resposta a emergências; 
 medição de desempenho, monitoramento e melhoria. 
A OHSAS 18001 pode ser adotada por qualquer organização que deseja 
implementar um procedimento formal para redução dos riscos associados com 
saúde e segurança no ambiente de trabalho para os colaboradores, clientes e o 
público em geral (BSI, 2013). 
 
 
44 
 
Carvalho e Miguel (2012) também confirmam que a certificação OHSAS 
18001 (Occupational Health and Safety Assessment Series) demonstra o 
compromisso de uma organização com a segurança, higiene e saúde no trabalho, 
alinhado com a legislação vigente. A OHSAS 18001 pode ser adotada por

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