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Razões de Apelação - Prática II ACC A06 - GRUPO gabriel izadora e maria clara

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5
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 9° VARA CRIMINAL DA COMARCA DE GOIÂNIA – GO
Protocolo nº: 394346-18.2011.809.0175(201103943469)
Acusado: GEAN CARLOS SILVA E JARI LUIZ DA CUNHA JUNIOR
	 		GEAN CARLOS SILVA E JARI LUIZ DA CUNHA JUNIOR, já qualificados nos autos em epígrafe, vêm, por intermédio de seus procuradores constituídos que esta subscreve, à digna presença de Vossa Excelência, apresentar suas 
RAZÕES DE APELAÇÃO,
com fundamento no artigo 600[footnoteRef:1], do Código de Processo Penal. [1: Art. 600.  Assinado o termo de apelação, o apelante e, depois dele, o apelado terão o prazo de oito dias cada um para oferecer razões, salvo nos processos de contravenção, em que o prazo será de três dias.] 
Requer, assim, seja recebido e processado o presente recurso, juntando-se as razões anexas, remetendo-se os autos ao Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Goiás.
 
Nestes termos,
pede e aguarda deferimento.
Goiânia, 26 de março de 2019.
GABRIEL ANDRADE VILLA VILLARINHO
OAB/GO XXXXX
IZADORA MORAES ASSUMPÇÃO
OAB/GO XXXXX
MARIA CLARA SILVA AMARAL 
OAB/GO XXXXX
RAZÕES DE APELAÇÃO
Protocolo nº: 394346-18.2011.809.0175(201103943469)
Acusados: GEAN CARLOS SILVA E JARI LUIZ DA CUNHA JUNIOR
Egrégio Tribunal,
Colenda Câmara,
Ínclitos Desembargadores,
Inicialmente, convém destacar que não obstante a natureza constitucional do princípio da soberania dos veredictos do Tribunal do Júri, previsto no artigo 5º, inciso XXXVIII, alínea “c”[footnoteRef:2] da Magna Carta, o mesmo não é absoluto, de modo que a sua existência não implica que as decisões proferidas pelo Conselho de Sentença sejam irrecorríveis e definitivas, mas tão somente que a apreciação do mérito da causa é atribuída aos jurados, não afastando a competência do Tribunal de Justiça para o exercício do duplo grau de jurisdição. [2: Art. 5º, XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados:
c) a soberania dos veredictos;] 
No caso em comento questiona-se a sentença vergastada nos termos do artigo 593, inciso III, alínea “d”[footnoteRef:3] do Código de Processo Penal, tendo em vista que a decisão proferida pelos jurados é manifestamente contrária às provas dos autos, conforme se demonstrará por meio dos fatos e fundamentos a seguir alinhavados. [3: Art. 593. Caberá apelação no prazo de 5 (cinco) dias
III - das decisões do Tribunal do Júri, quando:
d) for a decisão dos jurados manifestamente contrária à prova dos autos.] 
DOS FATOS
 O Ministério Público do Estado de Goiás apresentou denúncia em face dos ora apelantes, GEAN CARLOS DA SILVA E JARI LUIZ DA CUNHA JUNIOR, , imputando-lhes, em tese, a prática dos delitos tipificados no artigo 157, § 2º, incisos I e II, combinado com art.70, ambos do Código Penal, por terem, no do dia 15 de setembro de 2011, subtraído 2 (dois celulares), mediante grave ameaça exercida com emprego de arma de fogo.
Narra a acusação que as vítimas foram abordadas pelos agentes e por outro comparsa, que os agentes apontaram a arma às vítimas e em seguida subtraíram seus aparelhos celulares.
Relata a denúncia, ainda, que após a consumação delitiva, os agentes teriam fugido do local do fato, levando consigo, ainda, os objetos subtraídos.
Sob tais fundamentos foi oferecida a denúncia em desfavor dos apelantes, a qual foi recebida no dia 04 de outubro de 2011.
Em seguida, os acusados apresentaram resposta à acusação (fls. 76-81).
Foi realizada audiência de instrução e julgamento às fls. 128-132 e 190-196, oportunidade em que foram ouvidas 2 (duas) testemunhas, bem como foram realizados os interrogatórios dos acusados.
Ato contínuo, apresentadas alegações finais pelo Ministério Público (fls. 202-206), o Parquet requereu a pronúncia dos acusados nas penas do artigo 157, § 2º, incisos I e Il, do Código Penal, tendo em vista a comprovação da materialidade e da autoria da conduta. 
Intimada, a defesa do apelante apresentou alegações finais às fls. 214-237, requerendo a absolvição e, caso seja condenado, pena no mínimo legal e regime inicial aberto ou semi aberto.
Em seguida, adveio a sentença penal condenatória (fls.248-268, condenando os apelantes a de 7 anos de reclusão, sendo o regime inicial de pena o semiaberto.
Em seguida, foi interposto Recurso de Apelação, nos termos do artigo 593, inciso III, alínea "c" do Código de Processo Penal às fls. 1513-1514. Ato contínuo, intimado a apresentar suas razões recursais, o apelante o faz sob os fundamentos a seguir alinhavados. 
DAS RAZÕES E DO PEDIDO DE REFORMA
a) Da decisão manifestamente contrária à prova dos autos
Sem embargo da competência do ilustre Conselho de Sentença, merece reforma a decisão recorrida, vez que manifestamente contrária à prova dos autos, razão pela qual urge sua anulação.
A priori, o Egrégio Conselho de Sentença considerou que o recorrente concorreu para a prática delitiva em razão de uma dívida supostamente existente. No entanto, conforme se depreende da leitura dos autos, tal entendimento carece de qualquer respaldo probatório, apto a sustentar tal afirmação. Explica-se.
A princípio, cumpre salientar que a arguição de que o recorrente teria concorrido para a prática delitiva não encontra respaldo em nenhuma prova existente nos autos, de tal modo que a sua sustentação surge como uma aberração jurídica.
O que se depreende dos autos, são depoimentos confusos, contraditórios, conflitantes e divergentes, que colecionam um conjunto de agentes, sem explicar ao certo qual a relação concreta e concatenada entre estes e o delito praticado.
Dito isso, afere-se que o suposto envolvimento do recorrente no delito se mostra absolutamente infundado, inexistindo qualquer prova capaz de corroborar com sua alegação.
O grande cerne da questão se coaduna nos seguintes fatos: o recorrente supostamente teria uma dívida de entorpecentes com a vítima e por tal motivo teria concorrido para o delito, utilizando seu veículo. Porém, analisando-se as provas constantes nos autos verifica-se que inexiste qualquer elemento que confirme tais afirmações!
A inexistência de supedâneo processual fulmina, consequentemente, sua eficácia jurídica, ante a ausência probatória.
A suposta dívida existente, não foi confirmada em momento algum, seja por documentos, áudios, vídeos, ou qualquer depoimento coerente e minimamente plausível das testemunhas ouvidas.
Pelo contrário, além da divergência e incoerência entre os depoimentos, de qualquer modo, não houve qualquer afirmação capaz de confirmar com clareza, certeza e plausibilidade o envolvimento do recorrente nos fatos ocorridos.
A suposta dívida jamais fora provada, não tendo sido mencionada por nenhuma das testemunhas, muito menos provada nos autos.
Desse modo, a ausência de provas aptas a corroborar tal afirmação, fulmina sua existência para o universo jurídico, haja vista que para o Direito existe apenas o que está nos autos.
Dito isso, infere-se que o que está nos autos, é que o delito praticado poderia ter várias motivações, mas em nenhuma delas é possível encontrar a participação ou interferência de qualquer modo do recorrente.
Em seu depoimento em juízo, a testemunha MARCO AURÉLIO MATOS relatou o desencadear dos fatos, expondo a existência de inúmeras possibilidades para a morte da vítima, tendo em vista que a mesma era predisposta a desentendimentos e colecionava desafetos. Veja:
[...] chegando aqui (em Bela Vista), por volta das 16h30min, foram chegando informações ao depoente sobre o que poderia ter ocorrido; que vários colegas do Roger chegaram até o depoente dizendo que, no domingo, que antecedeu a morte dele, teria havido uma discussão sobre o furto de uma moto, que o irmão do depoente, no domingo, na companhia de Luiz Paulo, teria ido até a casa do acusado Eduardo [...] que a moto do Luiz Paulo foi furtada e que este descobriu que a moto estava na posse do Eduardo [...] foram até a casa de Eduardo, que na casa do Eduardo, o Eduardo devolveu a moto, porém exigiu uma contrapartida. [...] que nesse momento, o irmão do depoentenão aceitou e teria dito "olha, o rapaz teve a moto furtada e você tá exigindo alguma coisa ainda" [...] Odair José [...] de forma bastante estranha, ele chega para o depoente e diz: "Marco, posso ter uma conversa séria com você, de homem para homem?" que o depoente sentiu a abordagem muito estranha [...] que ele instigava o depoente a contar alguma coisa, tentando arrancar alguma informação; que ele insistia "que você tem que me contar, porque eu tô na malandragem, às vezes a gente toma uma bebida com um e acaba soltando; você pode colocar um 38 na minha mão que eu estouro os miolos" [...] que, acompanhando as investigações, o depoente conseguiu ter acesso a uma filmagem da rua da delegacia, onde está localizada a casa do "Azeitona" e por onde a vítima passou; que a imagem mostra Roger descendo com uma sacola de supermercado na mão, sem nenhum sinal de arrebatamento; que a imagem mostra o Azeitona subindo a rua de madrugada, e, 10 (dez) ou 05 (cinco) minutos depois, o irmão do depoente desce [...] que o motivo do crime teria sido por dívida, dinheiro, que o Roger (vítima) devia R$ 600,00 (seiscentos reais) para o Azeitona (ODAIR), que era uma dívida antiga [...] que, porém, testemunhas arroladas no processo, afirmaram que o Azeitona, na cadeia, contou para elas que teria participado do crime, induzindo o Roger a ir para a festa e que o executor do crime seria o EDUARDO; que teriam sido utilizadas 02 (duas) armas (pistola e revólver 38); que esse revólver 38 seria do Azeitona e o Eduardo estaria com a pistola; que o carro utilizado seria um corsa sedan preto ou um siena preto de propriedade de RENAN [...] (Depoimento, MARCO AURELIO MATOS, fls. 1054-1056) (Grifou-se)
Da leitura do depoimento supramencionado, afere-se que a testemunha MARCO afirmou que várias versões da ocorrência delitiva que chegaram até ele. Porém, em nenhuma dessas foi mencionado qual motivo que poderia envolver o recorrente.
A suposta discussão teria ocorrido com o réu EDUARDO, em virtude de uma moto furtada. E a suposta dívida, no valor de R$ 600,00 (seiscentos reais), seria entre a vítima e o réu ODAIR, não tendo absolutamente nenhuma ligação entre tais acontecimentos e o recorrente.
O que se infere, é que ao recorrente fora imputada a prática delitiva sem jamais estar no momento dos acontecimentos, por um indivíduo que “faria qualquer coisa para sair disso daqui” e não tendo concorrido de forma alguma para a consumação dos delitos.
A suposta dívida que o Egrégio Conselho de Sentença se ateve era entre a vítima e o réu ODAIR, não tendo absolutamente qualquer relação com o recorrente, que em momento algum teve qualquer espécie de dívida com a vítima, tampouco referente à venda de entorpecentes. 
Tanto é verdade que os depoimentos das testemunhas em juízo foram uníssonos ao dizer que a dívida era pertencente a ODAIR e não ao recorrente. Veja:
[...] que o motivo do crime teria sido por dívida, dinheiro, que o Roger (vítima) devia R$ 600,00 (seiscentos reais) para o Azeitona (ODAIR), que era uma dívida antiga [...] (Depoimento, MARCO AURELIO MATOS, fls. 1056) (Grifou-se)
E ainda:
[...] que o ODAIR desde o início, ele transpareceu pra nós uma motivação pela negação dele. Que a todo tempo ele falava com a gente, desde o início, quando a gente nem o tratava absolutamente como suspeito ele dizia "olha, eu tive um problema com o Roger há muito tempo atrás, mas é por causa de um dinheiro que ele ficou me devendo, mas já tem muito tempo, eu nem me lembrava disso mais", [...] ele trazia isso ao depoente toda vez [...] (Depoimento, ALEXANDRE PINTO LOURENÇO, fl. 1059) (Grifou-se)
Desse modo, a dívida não tinha relação alguma com o recorrente, inexistindo provas que corroborem com o contrário. Tanto é verdade que em nenhum momento no curso da instrução foi mencionada a existência de dívidas do recorrente para com a vítima ou vice-versa. 
Ora, afere-se que o réu ODAIR abordou a testemunha supracitada de maneira estranha, sendo que após o desenrolar dos fatos, o réu teria confessado que matou a vítima com a participação de EDUARDO, tentando, de maneira vil e ardilosa, aduzir que o veículo utilizado nos fatos era pertencente ao recorrente. 
No entanto, tal afirmação jamais fora provada, de tal modo que encontrou como supedâneo apenas a arguição confusa e duvidosa de algumas das 13 (treze) testemunhas ouvidas em juízo, que afirmaram o oposto.
O entendimento do Egrégio Conselho de Sentença se sustentou em inverdades incomprovadas, que supostamente serviram como lume para colocar o recorrente em situações ilícitas que jamais praticara.
Pois bem. Cumpre salientar, que tal informação não é verdadeira, haja vista que o recorrente jamais teve carro da marca/modelo Fiat/Siena, que se trata do veículo relatado como sendo o utilizado na prática do delito.
Pelo contrário, o carro que o recorrente possuía na época dos fatos era um Corsa/Classic, preto, informação também corroborada pelo primo da vítima, LUIZ PAULO, em seu depoimento, veja: 
[...] indagado se no dia dos fatos, 05 e 06 de fevereiro, RENAN possuía algum veículo, o depoente disse que RENAN estava num veículo de um amigo dele, dizendo que era um corsa classic, sendo a cor escura (talvez cinza ou azul escuro) [...] (Depoimento, LUIZ PAULO RODRIGUES GUIMARÃES, fls. 1066) (Grifou-se)
Ora, o próprio primo da vítima em seu depoimento relata claramente que o carro utilizado pelo recorrente na época dos acontecimentos era um Corsa/Classic e não um Fiat/Siena.
A esse respeito, cumpre transcrever o depoimento de ALEXANDRE PINTO LOURENÇO, o delegado responsável por conduzir o Inquérito Policial:
[...] que o veículo narrado nos autos por todos eles eram um veículo sedan [...] no dia dos fatos, o RENAN estava com [...] um corsa [...] (Depoimento, ALEXANDRE PINTO LOURENÇO, fl. 1061) (Grifou-se)
Além disso, inexistem vídeos, imagens, áudios ou provas contundentes e cabais que comprovem que o recorrente esteve com seu veículo no dia do delito, que, além disso, era diferente do narrado pelas testemunhas.
Do mesmo modo, a alegação partiu de ODAIR, um dos acusados de ter consumado o delito, que ao longo de todo o processo demonstrou um discurso inconsistente, inconstante, divergente e sobremaneira conflitante. 
Nesse sentido, veja outro trecho do depoimento do delegado responsável por conduzir o Inquérito Policial:
[...] que a investigação caminhou dentro de um contexto de bastante contradição dos suspeitos e de algumas pessoas que circundavam entre os suspeitos [...]que, por fim, [...] pelo conjunto de toda a investigação, sempre apontando para [...] Azeitona como um dos autores [...] sempre vacilante, sempre buscando obscurecer a própria versão dos fatos, que ele nunca conseguia passar muita credibilidade. [...] que ele tinha conhecimento nesse momento do ODAIR e do EDUARDO e o terceiro ele tinha suspeita, pelo veículo e pela relação, do "Tio Chico" [...] que ele começou a desenhar uma história mais fantasiosa e aí a gente encerrou [...] que ele fala do EDUARDO, fala da participação dele (Azeitona) no ambiente do crime [...] (Depoimento, ALEXANDRE PINTO LOURENÇO, fls. 1057-1058) (Grifou-se)
Dito isso, afere-se que ODAIR era sobremaneira inconstante, delineando relatos fantasiosos e desconexos, e agiu ardilosamente para tentar alocar o recorrente em tais circunstâncias, sem qualquer prova cabal para servir de supedâneo para sua veleidade. 
Tanto é verdade, que o próprio acusado ODAIR confessa sua inconsistência ao relatar os fatos, chegando a confessar ter faltado com a verdade em seu interrogatório, tendo “inventado” a estória narrada. Veja:
[...] perguntou-se ao interrogando o porquê teria dado duas versões sobre os fatos, tendo o interrogando dito que não estava normal e que inventou isso na hora do interrogatório [...] informou que estava apavorado, estava chorando, tava louco para ir embora [...] (Depoimento, ODAIR DE SOUZA LOBO JUNIOR, fls. 1070) (Grifou-se)
Da necessidade de se ver “livre” da situação, o réu tenta colocar, ardilosamente, o recorrente nos fatos, porém sem provassuficientes para tanto, e tentando conflitar com fatos que levam para uma situação oposta: o recorrente jamais participou do crime.
As supostas provas existentes nos autos são frágeis, incoerentes e conflitantes, a tal ponto que o próprio delegado que apurou os fatos relatou a fragilidade das provas da suposta participação do recorrente. Veja:
[...] que a investigação caminhou dentro de um contexto de bastante contradição dos suspeitos e de algumas pessoas que circundavam entre os suspeitos [...] que parece que ele (RENAN) teve contato com a vítima no decorrer da noite, mas o depoente não vai ser bem específico nisso. Que o ODAIR desde o início, ele transpareceu para nós uma motivação, pela negação dele. [...] que o que a gente constatou depois foi que esses foram realmente os motivos: a dívida, eles tinham problemas com a droga, com a venda, comércio de droga, para uso deles mesmo, [...] e mais a questão da mulher (do ODAIR) [...] que o Roger parece que tinha outra dívida com o RENAN lá em Caldas Novas [...] a gente não consegue aprofundar nisso, porque ninguém fala. [...] que aí somou-se o motivo do ODAIR, do DUDUZINHO, que deve estar relacionando a esse comércio de drogas, mas não se esclarece mais o RENAN [...] (Depoimento, ALEXANDRE PINTO LOURENÇO, fls. 1057-1061) (Grifou-se) (SIC) 
Da leitura retro, afere-se que o Delegado sustenta claramente que a participação do recorrente não possui comprovações fáticas, reais e cabais, isenta de dúvidas capazes de colocar em prova sua arguição.
Pelo contrário, o que se depreende é que os autos demonstram não haver qualquer relação entre o recorrente, a vítima, e os delitos praticados.
A dívida era pertencente ao acusado ODAIR e a discussão foi em relação ao réu EDUARDO. Nada tem com relação ao recorrente. 
Aliás, não existia qualquer desavença entre a vítima e o recorrente. Tal informação é corroborada pelo depoimento da testemunha RAMON em juízo e pelo recorrente. Veja:
[...] que não sabe de desavença entre Roger e AZEITONA ou com RENAN, de nenhuma discórdia [...] (Depoimento, RAMON SALLEY MATOS DE OLIVEIRA, fls. 1064) (Grifou-se) (SIC) 
[...] que lida a denúncia pelo juiz ao interrogando e indagado se participou no homicídio de Roger, disse que não. [...] que não tinha dívida com o ROGER e que eram quase irmãos praticamente [...] que tem 05 (cinco) anos que se casou e que não estava vindo mais para Bela Vista mais; que depois que se casou, mudou-se para Caldas Novas. [...] (Depoimento, RENAN RODRIGUES PIRES, fls. 1068) (Grifou-se)
Desse modo, as provas existentes apenas corroboram para um fato escorreito: o recorrente não participou do delito.
Inexistem vídeos, imagens, áudios, ligações, ou qualquer meio de prova cabal e verossímil que indique que o recorrente tenha praticado o delito, ou ainda corroborado com o mesmo de qualquer maneira. Pelo contrário, as provas existentes apontam que o recorrente não concorreu para a prática delitiva.
Tanto é verdade, que as testemunhas relataram desconhecer a participação do recorrente no delito. Veja:
 
[...] que parece que RENAN teve contato com a vítima no decorrer da noite, mas o depoente não vai ser bem específico nisso [...] que aí somou-se o motivo do ODAIR, do DUDUZINHO, que deve estar relacionado a esse comércio de drogas, mas não se esclarece mais o RENAN. [...] (Depoimento, ALEXANDRE PINTO LOURENÇO, fls. 1059-1060) (Grifou-se) (SIC) 
[...] que ele (AZEITONA) estava junto e sabia quem era que tinha feito, mas não teria divulgado o nome; indagado pelo Promotor de Justiça se ODAIR tinha comentado que participou do crime juntamente com RENAN e DUDU, o depoente disse que não tinha comentado. [...] (Depoimento, JONATHAN FERREIRA MAGALHÃES, fls. 1063) (Grifou-se) (SIC) 
DEFESA: Se o ODAIR depois em uma outra ocasião, ou qualquer outra pessoa, chegou a comentar com você, sobre quem seria essa terceira pessoa que teria participado?
JONATHAN: Não porque foi muito rápido e eu sai [...] (Depoimento, JONATHAN FERREIRA MAGALHÃES, mídia) (Grifou-se)
[...] que não sabe de desavença entre ROGER e AZEITONA ou com RENAN, de nenhuma discórdia [...] (Depoimento, RAMON SALLEY MATOS DE OLIVEIRA, fls. 1065) (Grifou-se)
[...] não tem contato com RENAN faz uns 4 anos, desde o tempo que ele mudou para Caldas Novas [...] (Depoimento, EDUARDO TELES DE LIMA, fls. 1067) (Grifou-se)
[...] que no outro final de semana, depois do sepultamento, veio para Bela Vista e conversou com uns amigos e disseram que era acerto de droga e outros que era por ter mexido com mulher casada, do ODAIR, que é conhecido AZEITONA; [...] (Depoimento, RENAN RODRIGUES PIRES, fl. 1068) (Grifou-se)
Dos trechos de depoimentos acima transcritos, os quais foram colhidos em juízo, afere-se que as testemunhas relataram não haver qualquer desavença entre o recorrente e a vítima, muito menos mencionaram a existência de quaisquer dívidas ou problemas entre ambos. 
Aliás, conforme se depreende dos autos, o recorrente não morava mais na cidade dos fatos, residindo há cerca de 05 (cinco) anos em Caldas Novas/GO.
Isto posto, resta evidente que inexistem provas que confirmem que o recorrente tenha concorrido de qualquer maneira para o delito, tal como entendeu o Egrégio Conselho de Sentença.
Pelo contrário: as provas existentes provam que o recorrente jamais esteve envolvido no momento dos fatos e qualquer possível indício suscitado, conforme salientado alhures, não encontra supedâneo apto a sustentar sua arguição.
Desse modo, a simples alegação de que o recorrente teria concorrido para o delito, ausente de quaisquer provas capazes de embasar tal afirmação, não possui eficácia no universo jurídico.
O devido processo legal é pautado em um conjunto probatório robusto, com dados e fatos que possuam comprovação nas provas constantes do processo. A mera alegação sem provas não possui qualquer eficácia para o universo jurídico, pois conforme há muito sedimentado em conhecido brocardo latino, alegar e não provar é o mesmo que não alegar.
Na análise de um delito é necessário que sejam aferidas todas as circunstâncias principais e adjacentes, com o escopo de evitar que seja aplicada a um indivíduo uma pena desprovida de qualquer relação fático-probatória. 
O Conselho de Sentença, quando realiza a análise processual, há que se verificar o contexto fático que os fatos aconteceram sob pena de emitir uma decisão completamente desvirtuada da realidade, perdida no universo jurídico.
Cada evento delitivo, por mais que tenha objetos idênticos, possuem causas e circunstâncias que o diferem dos demais, razão pela qual deve se atentar as peculiaridades do caso concreto para uma correta aplicação da lei e do Direito. 
A simples aplicação da lei de forma positivista não garante a aplicação de justiça em nenhum aspecto, visto que os delitos abrangem vários prismas que alteram substancialmente o evento delitivo. 
A ideia legalista da aplicação do direito sem partir de uma análise mais profunda do processo é desvirtuada da justiça, visto que esta só é alcançada quando a norma é aplicada de maneira coerente e relacionada ao conjunto probatório anexado ao processo.
Os testemunhos colhidos durante a instrução são amplamente corroborados pelo que demais consta dos autos, demonstrando que o recorrente não concorreu para a prática delitiva. 
O que ocorreu em Plenário, Eméritos Julgadores, foi certamente um confuso entendimento por parte do Corpo de Jurados, os quais equivocadamente acabaram por entender de maneira diversa às provas constantes nos autos. Apesar do consagrado princípio da soberania do veredicto do julgamento popular, vê-se claramente o absurdo ocorrido. 
Em tais casos, urge a necessidade de anulação da sentença com o escopo de submeter o réu a novo julgamento. Tal é o entendimento dos Tribunais Pátrios acerca do assunto. Veja:
PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO. INADEQUAÇÃO. TRIBUNAL DO JÚRI. HOMICÍDIO QUALIFICADO. APELAÇÃO. DECISÃO MANIFESTAMENTE CONTRÁRIA À PROVA DOS AUTOS. PROVIMENTO DO TRIBUNAL. DECOTE DA QUALIFICADORA.IMPOSSIBILIDADE. OFENSA À SOBERANIA DOS VEREDICTOS. CONTRARIEDADE AO ART. 593, § 3º, DO CPP. OCORRÊNCIA. HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO. ORDEM CONCEDIDA DE OFÍCIO PARA DECLARAR NULO O ACÓRDÃO IMPUGNADO E DETERMINAR A SUBMISSÃO DO PACIENTE A NOVO JULGAMENTO PERANTE O TRIBUNAL DO JÚRI. 1. O Supremo Tribunal Federal e o Superior Tribunal de Justiça não têm admitido o habeas corpus como sucedâneo do meio processual adequado, seja o recurso ou a revisão criminal, salvo em situações excepcionais, quando manifesta a ilegalidade ou sendo teratológica a decisão apontada como coatora 2. É assegurada, pela Constituição Federal, em seu artigo 5º, inciso XXXVIII, alínea c, a soberania dos veredictos no Tribunal do Júri. 3. Não pode o Tribunal de Justiça, em sede de recurso de Apelação, modificar a opção feita pelos jurados, retirando a qualificadora reconhecida e redimensionando a pena aplicada. 4. Caso se reconheça que a decisão foi manifestamente contrária à prova dos autos, deve o Tribunal dar provimento ao recurso, para submeter o réu a novo julgamento pelo Tribunal do Júri. Inteligência do artigo 593, § 3º, do Código de Processo Penal. 5. Habeas Corpus não conhecido. Ordem concedida de ofício, para declarar nulo o acórdão impugnado, determinando que o paciente seja submetido a novo julgamento perante o Tribunal do Júri.
(STJ - HC: 176225 SP 2010/0108743-5, Relator: Ministro RIBEIRO DANTAS, Data de Julgamento: 16/02/2017, T5 - QUINTA TURMA, Data de Publicação: DJe 23/02/2017) (Grifou-se)
APELAÇÃO CRIMINAL - HOMICÍDIOS QUALIFICADOS CONSUMADO E TENTADO - JÚRI - DECISÃO CONTRÁRIA À PROVA DOS AUTOS - OCORRÊNCIA. Impõe-se a cassação do julgamento realizado pelo Conselho de Sentença, por manifestamente contrário à prova dos autos, se evidenciada a adoção de tese incompatível com os elementos probatórios produzidos. (TJ-MG - APR: 10433150153503001 MG, Relator: Paulo Calmon Nogueira da Gama, Data de Julgamento: 07/10/0019, Data de Publicação: 16/10/2019) (Grifou-se)
PENAL. JÚRI. HOMICÍDIO QUALIFICADO. DECISÃO MANIFESTAMENTE CONTRÁRIA À PROVA DOS AUTOS. OCORRÊNCIA. A flagrante dissonância entre o veredicto e os elementos de convicção colhidos durante a instrução autoriza a cassação do julgamento efetuado pelo Júri Popular, que, diante do quadro delineado, optou pela absolvição, não amparada em qualquer elemento de convicção capaz de corroborar-lhe a veracidade. Apelação provida. Júri anulado. (TJ-DF 20160310078715 DF 0007674-92.2016.8.07.0003, Relator: MARIO MACHADO, Data de Julgamento: 29/08/2019, 1ª TURMA CRIMINAL, Data de Publicação: Publicado no DJE : 06/09/2019 . Pág.: 138 - 184) (Grifou-se)
Assim, afere-se que o entendimento dos Tribunais Pátrios é no sentido de que, havendo uma decisão do Tribunal do Júri que seja manifestamente contrária à prova dos autos, dissociada dos elementos probatórios, necessário se faz sua cassação para submeter o réu a novo julgamento.
Isto posto, pugna-se para que seja a decisão do Egrégio Tribunal do Júri entendida como manifestamente contrária à prova dos autos, na forma do que dispõe o artigo 593, inciso III, alínea “d”[footnoteRef:4], e § 3º[footnoteRef:5] do Código de Processo Penal, dando-se provimento ao presente recurso a fim de sujeitar RENAN RODRIGUES PIRES a novo julgamento popular por ser medida da mais lídima JUSTIÇA! [4: Art. 593. Caberá apelação no prazo de 5 (cinco) dias:
III - das decisões do Tribunal do Júri, quando:
d) for a decisão dos jurados manifestamente contrária à prova dos autos.] [5: § 3º Se a apelação se fundar no III, d, deste artigo, e o tribunal ad quem se convencer de que a decisão dos jurados é manifestamente contrária à prova dos autos, dar-lhe-á provimento para sujeitar o réu a novo julgamento; não se admite, porém, pelo mesmo motivo, segunda apelação.] 
b) Alternativamente, da necessidade de revisão da dosimetria da pena
Em que pese o entendimento de que a decisão proferida pelo Egrégio Conselho de Sentença é manifestamente contrária às provas dos autos no presente caso, em virtude do princípio da eventualidade ou concentração, ressalta-se que a decisão vergastada também apresenta vício no tocante à dosimetria da pena, de modo que igualmente merece reforma.
Ao fixar a pena em relação ao apelante, o juiz a quo assim dispôs:
- Do acusado Renan Rodrigues Pires
Culpabilidade – o acusado agiu com culpabilidade normal à espécie, nada tendo a se valorar;
Antecedentes – é primário conforme fls. 715/720, o que o beneficia, porém deixo de valorar em razão da dosimetria da pena já partir do patamar mínimo da pena em abstrato;
Conduta social – pertinente valoração negativa, haja vista que o acusado possui outra passagem policial, conforme fls. 715/720;
Personalidade – elemento interno da conduta, diz respeito à índole, maneira de agir e sentir do réu, bem como ao seu próprio caráter. Não há registros seguros ou laudos técnicos apropriados nos autos que permitissem uma aferição deste elemento;
Motivos – Em que pese o reconhecimento do motivo torpe, deixo de valorá-lo, como forma de não incorrer em bis in idem, considerando a torpeza já foi utilizada para qualificar o delito;
Circunstâncias – Em que pese tenha sido reconhecida a prática do crime mediante recurso que impossibilitou a defesa da vítima, deixo de valorá-la, neste momento, considerando que tal circunstância é prevista como garante genérica;
Consequências – são inerentes à tipificação penal;
Comportamento da vítima – não influenciou na conduta do acusado;
Fixo a PENA-BASE em 14 (quatorze) anos e 03 (três) meses de reclusão para o crime de homicídio e 01 (um) ano e 03 (três) meses de reclusão e 55 (cinquenta e cinco) dias-multa para o crime de ocultação de cadáver.
Na segunda fase verifico a presença da agravante referente ao recurso que impossibilitou a defesa da vítima, prevista no art. 61, inciso II, “alínea c”, apenas quanto ao homicídio, desse modo agravo a pena do homicídio e fio a PENA-INTERMEDIÁRIA em 16 (dezesseis) anos, 07 (sete) meses e 15 (quinze) dias para o crime de homicídio e mantenho a pena do delito de ocultação de cadáver.
Por fim, não concorrem causas de aumento ou diminuição, razão pela qual preservo a PENA-FINAL inalterada.
Verifica-se que na primeira fase da dosimetria da pena, o juízo a quo valorou como negativa a circunstância judicial da conduta social sob a alegação de que o apelante possui outra passagem policial. Ocorre que tal entendimento não deve prevalecer, tendo em vista não se tratar de fundamento válido para se valorar negativamente tal circunstância e, consequentemente, ensejar o aumento da pena-base.
Ressalta-se o ensinamento do doutrinador Rogério Greco[footnoteRef:6] sobre a referida circunstância judicial: [6: GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal – 14. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2012. ] 
11.3.3. Conduta social
Por conduta social quer a lei traduzir o comportamento do agente perante a sociedade. Verifica-se o seu relacionamento com seus pares, procura-se descobrir o seu temperamento, se calmo ou agressivo, se possui algum vício, a exemplo de jogos ou bebidas, enfim, tenta-se saber como é o seu comportamento social, que poderá ou não ter influenciado no cometimento da infração penal.
Importante salientar que conduta social não se confunde com antecedentes penais, razão pela qual determinou a lei as suas análises em momentos distintos. Alguns intérpretes, procurando, permissa venia, distorcer a finalidade da expressão conduta social, procuram fazê-la de “vala comum” nos casos em que não conseguem se valer dos antecedentes penais do agente para que possam elevar a pena-base. Afirmam alguns que se as anotações na folha de antecedentes criminais, tais como inquéritos policiais ou processos em andamento, não servirem para atestar os maus antecedentes do réu, poderão ser aproveitadas para fins de aferição de conduta social. Mais uma vez, acreditamos, tenta-se fugir às finalidades da lei. Os antecedentes traduzem o passado criminal do agente; a conduta social deve buscar aferir o seu comportamento perante a sociedade, afastando tudoaquilo que diga respeito à prática de infrações penais. Assim, se inquéritos em andamento não poderão servir para fins de verificação de maus antecedentes, da mesma forma não se prestarão para efeitos de aferição de conduta social. Pode acontecer, até mesmo, que alguém tenha péssimos antecedentes criminais, mas, por outro lado, seja uma pessoa voltada à caridade, com comportamentos filantrópicos e sociais invejáveis.
Concluindo, não podemos confundir conduta social com antecedentes penais. Estes jamais servirão de base para a conduta social, pois esta abrange todo o comportamento do agente no seio da sociedade, afastando-se deste raciocínio seu histórico criminal, verificável em sede de antecedentes penais.
Sendo assim, verifica-se que o simples fato de já ter o apelante tido outra passagem policial, por si só, não configura fundamento apto a embasar a valoração negativa da circunstância judicial da conduta social, pois, como devidamente fundamentado pelo citado doutrinador, quanto a esta deve-se considerar o comportamento do agente perante a sociedade, afastando-se tudo o que diga respeito a infrações penais.
Neste sentido tem-se o entendimento esposado pelo Supremo Tribunal Federal, conforme o acórdão proferido no HC nº 125.586/SP de Relatoria do Ministro Dias Toffoli aos 30.06.2015:
(...) Ora, se inquéritos policiais arquivados, processos em andamento, absolvições e condenações não transitadas em julgado não podem ser valorados negativamente como maus antecedentes na dosimetria da pena, por força da presunção de inocência, também não podem sê-lo a título de conduta social ou personalidade, sob pena de burla ao citado princípio constitucional, que veda a extração de consequências desfavoráveis ao réu daquelas situações jurídicas. (grifos originais)
Da mesma forma no HC nº 97.400/MG, Relator o Ministro Cezar Peluso, publicados aos 26.03.10:
1. AÇÃO PENAL. Condenação. Sentença condenatória. Pena. Individualização. Circunstâncias judiciais desfavoráveis. Conduta social negativa. Passagens pela polícia. Processos penais sem condenação. Não caracterização. A existência de inquéritos ou processos em andamento não constitui circunstância judicial desfavorável.
2. AÇÃO PENAL. Condenação. Sentença condenatória. Pena. Individualização. Circunstâncias judiciais desfavoráveis. Personalidade do agente voltada para o crime. Base empírica. Inexistência. Não caracterização. Desajudada ou carente de base factual, é ilegal a majoração da pena-base pelo reconhecimento da personalidade negativa do agente.
3. AÇÃO PENAL. Condenação. Sentença condenatória. Pena. Individualização. Circunstâncias judiciais. Conseqüências do delito. Elevação da pena-base. Idoneidade. Fixação no acima do dobro do mínimo legal. Abuso do poder discricionário do magistrado. Inteligência do art. 59 do CP. HC concedido, em parte, para redimensionar a pena aplicada ao paciente. É desproporcional o aumento da pena-base acima do dobro do mínimo legal tão-só pelas conseqüências do delito.
Destaca-se ainda esclarecedor trecho do acórdão:
2. A conduta social foi reputada desfavorável pelo fato de o ora paciente ter “diversas passagens pela polícia e respondeu a processos em outras Varas ” (fl. 166). 
Ora, ainda que o paciente apresentasse condenações anteriores, transitadas em julgado, tais fatos não poderiam repercutir na avaliação da conduta social, circunstância que se refere, antes, à relação do sentenciado com o meio social. Em outras palavras, tais fatos não podem caracterizar conduta social negativa, para efeito do que determina o art. 59 do Código Penal. 
Desta forma, verifica-se o equívoco ao se valorar negativamente a conduta social no presente caso sob a simples alegação de que o apelante possuía passagem policial anterior, o que não é fundamento apto a embasar o aumento da pena-base, sob pena de ofensa ao princípio da presunção de inocência. 
Sendo assim, deve ser revista a dosimetria da pena para reconhecer que as circunstâncias judiciais do artigo 59 do Código Penal são unanimemente favoráveis ao apelante, não havendo motivos válidos para afastar a pena-base do mínimo legal, o que afetará necessariamente as demais fases da dosimetria.
Por fim, na segunda fase da dosimetria, ressalta-se que em que pese a lei não tenha fixado um parâmetro específico para o aumento da pena, a jurisprudência é uníssona no sentido de que não se pode dar à agravante expressão maior do que às causas de aumento de pena, que variam de 1/6 (um sexto) a 2/3 (dois terços). Comprova-se:
PENAL E PROCESSUAL PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS. CRIME DE AMEAÇA. REINCIDÊNCIA. AUMENTO ACIMA DE 1/6. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTO. IMPOSSIBILIDADE. ILEGALIDADE FLAGRANTE. PRECEDENTES DO STJ. AGRAVO IMPROVIDO. […] 2. Apesar de a lei penal não fixar parâmetro específico para o aumento na segunda fase da dosimetria da pena, o magistrado deve se pautar pelo princípio da razoabilidade, não se podendo dar às circunstâncias agravantes maior expressão quantitativa que às próprias causas de aumentos, que variam de 1/6 (um sexto) a 2/3 (dois terços). Portanto, via de regra, deve se respeitar o limite de 1/6 (um sexto) (HC 282.593/RR, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, QUINTA TURMA, julgado em 07/08/2014, DJe 15/08/2014).3. Hipótese em que pena foi elevada em 100%, na segunda fase, em face de circunstância agravante, sem fundamentação, o que não se admite, devendo, pois, ser reduzida a 1/6, nos termos da jurisprudência desta Corte.4. Agravo regimental improvido.(AgRg no HC 373.429/RJ, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 01/12/2016, DJe 13/12/2016)
Sendo assim, em relação à agravante do meio que impossibilitou a defesa da vítima, prevista no artigo 61, inciso II, alínea “c” do Código Penal, a mesma deve ser aplicada no patamar mínimo admitido pela jurisprudência, qual seja 1/6, a fim de se resguardar o princípio da proporcionalidade.
DOS PEDIDOS
Por todo exposto, pede-se e espera-se que essa Colenda Corte digne-se a receber, processar, conhecer e acolher este recurso, para determinar a CASSAÇÃO do veredicto, haja vista ser manifestamente contrário à prova dos autos, para que o apelante seja submetido a novo julgamento, nos termos do artigo 593, § 3º do Código de Processo Penal, por ser medida da mais lídima JUSTIÇA!
Alternativamente, não sendo este o entendimento de Vossas Excelências, requer seja revisada a dosimetria da pena, tendo em vista a ocorrência de excesso na sua fixação, tal como fundamentado anteriormente.
Nestes termos, 
Pede e aguarda deferimento.
Goiânia, 16 de novembro de 2019.
ROSANGELA MAGALHÃES DE ALMEIDA
OAB/GO 10.590

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