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Cap 6. As finanças públicas na fase de estabilização: 1995/1998 Paradoxo da estabilidade Nesta seção o autor trata sobre a queda da inflação ao longo dos 4 anos posteriores a 1994. A inflação caiu continuamente ao ponto de alcançar o mesmo nível de países desenvolvidos. Ao analisar as causas dessa queda da inflação, vê-se que os motivos estão ligados aos seguintes elementos: ● Fase de transição, onde a população conviveu por 4 meses com o URV; ● Houve maior grau de abertura da economia; ● Âncora cambial como balizador das expectativas; ● Reservas cambiais suficientes para dar credibilidade a âncora cambial; ● Abundância de capitais na economia; ● Elevadas taxas de juros praticadas durante a segunda metade da década de 1990. Acerca do plano de estabilização, muitos acreditavam que o plano não daria certo por não se basear num ajuste fiscal, porém, teve-se sucesso onde não só a inflação caiu entre 1994-1998. As NFSP e a despesa de juros Sobre as NFSP (necessidade de financiamento do setor público) no período entre 1994-1998, a variação de despesa de juros não foi o principal responsável pela deterioração nas NFSP, porém, no final do primeiro governo FHC, os juros tiveram uma participação muito maior na explicação da evolução das NFSP. O resultado primário Aqui observa-se que o maior desequilíbrio de estados e municípios foi na maior parte no período 1994/1998, foi o responsável pelo pior resultado primário no conjunto de 3 unidades governamentais (Governo central, estados e municípios, e empresas estatais). As causas mais importantes do incremento do gasto público do governo entre 1994-1998 foram: ● Aumento das transferências entre os estados e municípios ● aumento do gasto de benefícios previdenciários do INSS ● aumento das outras despesas de custeio e capital (OCC) A crise dos estados Depois do período de estabilização, a situação fiscal ficou marcado por uma aguda crise financeira. Entre 1995-1998 o agregado de estados e municípios apresentou déficits primários, porém o governo central apresentou superávits nessa rubrica. A crise das finanças dos estados e municípios, foi principalmente um crise dos estados, pois os municípios apresentam uma capacidade menor de se endividar, por terem menos alternativas de endividamento, já os estados possuem maiores facilidades de financiamento e pela força dos governadores , permite a existência de déficits muitos maiores que os municípios. As principais fontes de piora fiscal dos estados, depois de 1994, foram basicamente duas: ● O aumento inicial do gasto com o funcionalismo público, associados à concessão de generosos reajustes salariais; ● O crescente aumento de inativos da composição da folha de pagamento dos estados. Os estados são unidades independentes para decidir onde alocar os seus recursos, porém não são autônomos para se endividarem, já que sua capacidade de financiamento está condicionada às normas que dependem do senado. Nesse sentido entre 1995-1998, o governo federal aperfeiçoou seus mecanismos de controle sobre o déficit dos estados e municípios, esse controle se deu da seguinte maneira: ● Fim dos bancos estaduais para o financiamento dos tesouros estaduais, por privatização ou por transformação desses bancos em bancos de fomento; ● Maior controle das antecipações de receitas orçamentárias (AROS); ● Inibição do instrumento dos denominados precatórios; ● fim do uso das empresas estatais estaduais para o financiamento dos tesouros estaduais, grande parte através de privatizações; ● renegociação das dívidas mobiliárias estaduais (esta foi importante para que os estados voltasse a apresentar superávits primários) A criação de fontes temporárias de contenção fiscal Na fase de preparação do plano real, a dificuldade de estabelecer um ajuste fiscal levou as autoridades a adotar iniciativas destinadas a gerar uma contração da despesa ou um aumento da receita. A ações permitiu melhorar o resultado fiscal, porém, não foi suficiente para gerar superávits primários na magnitude de evitar um aumento da relação dívida/PIB. Desde 1994, houve 4 fatores que se destacaram como elementos temporários de contenção fiscal: ● A receita do imposto provisório sobre movimentações financeiras (IPMF), que depois passou a ser a CPMF; ● O FSE (Fundo social de emergência) foi transformado em fundo de estabilização fiscal. Suas características principais era de reduzir temporariamente, em 20% a receita do PIS/PASEP e do salário-educação, o repasse automático, por parte do governo federal ao BNDES e ao pagamento do seguro desemprego, e também de maneira temporária permitir ao governo federal reter a parcela de IR na fonte sobre o salário dos funcionários públicos federais. ● A receita de concessões ( Essas receitas começaram a ser recebidas em 1997, se entendo até 2001. Sendo composta por concessões de banda B de telefonia celular, leilão das empresas da telebrás e concessão em 1999 das empresas-espelho de telefonia, que ocorreu com as empresas da antiga telebrás. ● Aumento do IR na fonte sobre aplicações financeiras, aprovado em 1997 para vigorar em 1998 (o aumento foi de 15% para 20% dos rendimentos nominais. A característica adicional era que além de tributar no vencimento o ganho obtido, a partir de então seria feita a tributação das aplicações anteriormente não movimentadas e sobre as quais ainda não tinha incidido a taxação. Efeitos defasados da constituição de 1988 A constituição aprovada em 1988 gerou 2 tipos de problemas. O primeiro pois ela restringiu a margem de manobra das autoridades, que se revelou muito importante quando a inflação se encarregava de corroer o valor real das despesas, e o segundo problema foi que aumentou consideravelmente as despesas previdenciárias. Portanto, a capacidade de o governo central em responder diante de uma situação fiscal difícil foi seriamente afetada, seja porque passou a ser responsável por uma parte menor do gasto público total ou porque, no gasto do governo central, a parcela sobre a qual ele tinha controle direto ficará também menor. No que diz respeito às despesas previdenciárias, cabe frisar os seguintes aspectos: ● Houve aumentos das aposentadorias no meio rural entre 1991-1994; ● Passou a existir a possibilidade de aposentadoria por tempo de serviço; ● Logo, houve numerosos pedidos de aposentadoria proporcional ao tempo de serviço. ● OS FATORES DISCRICIONÁRIOS DE DESAJUSTE FISCAL Política fiscal expansionista: O espaço para discricionariedade A constituição de 1988 não foi o único obstáculo para melhor desempenho das contas públicas. A partir de 1995 as autoridades federais estiveram mais empenhadas no êxito de políticas anti-inflacionárias que as estaduais e municipais, então a política fiscal passou a ter contornos expansionista, logo há 2 elementos que caracterizam essa natureza inequivocamente expansionista da política fiscal do governo central, o reajuste das aposentadorias e pensões acima da inflação e incrementos das despesas de OCC, ambos os casos têm em comum o uso do poder de discricionariedade do governos para elevar gastos onde a constituição não obrigava a elevação dos gastos. Em outras palavras o aumento dos gastos ocorreu de uma decisão autônoma dogoverno.
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