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Diferenças Individuais e Processos Decisórios na Psicologia Organizacional

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Psicologia nas organizações
Aula 3 - Diferenças individuais e processos 
decisórios
INTRODUÇÃO
Ao final do mês de abril, precisamente em 29/4/2011, todo o mundo assistiu ao casamento do herdeiro da coroa 
britânica. A sucessão de Willian à coroa pela abdicação ou morte do então príncipe Charles já era um processo natural na 
divulgada linha de sucessão. A noiva, no entanto, escolheu sair de uma vida em que podia agir naturalmente sem estar 
sob o olhar atento de milhares de pessoas para uma vida em que a privacidade torna-se bem limitada.
Decidir casar-se com um herdeiro da monarquia não se restringe aos laços do amor, pois uma série de outros fatores, 
como a própria mudança do estilo de vida, fica envolvida.
As opções de casar, ficar solteiro, ter filhos ou não, escolhas profissionais e tantas outras rodeiam a nossa rotina e 
recebem influência direta de traços da personalidade.
Quem decide analisa as opções a escolher e a situação e, em alguns casos, como afirmam médicos ceteístas, não 
podem gastar muito tempo, pois a demora pode encurtar as possibilidades de uma vida. Decidir, em muitos momentos, 
envolve pressão, o que certamente desconforta, mas não pode paralisar. No cenário do trabalho podemos decidir de 
modo individual ou em grupo e, em ambos os casos, existem fatores favoráveis e desfavoráveis a isso.
Analisaremos, nesta aula, todos os fatores aqui mencionados, o que nos fará refletir sobre o inquietante e ao mesmo 
tempo difícil processo de tomar decisões.
OBJETIVOS
Identificar diferenças nas pessoas e entender a sua natureza.
Conhecer condições formadoras da personalidade.
Identificar condições de personalidade e de campo que favoreçam a tomada de decisão.
Avaliar aspectos relevantes nos processos decisórios.
ATIVIDADE
Antes de iniciarmos nosso conteúdo, Leia o texto a seguir:
Tolerante, impaciente, autoritário, omisso, obstinado, resignado, alegre, triste, extrovertido, introvertido, calado, falante. 
Enfim, quais dessas características poderiam ser atribuídas a você? Todas revelam traços de personalidade que 
utilizamos para descrever a nós mesmos e a outras pessoas. A descrição de outra pessoa nos parece mais fácil porque 
gastamos pouco tempo pensando em nossas características pessoais. Quando o fazemos, tendemos a nos atribuir mais 
qualidades do que “defeitos”, o que confere uma sensação mais agradável à própria estima. Traços de personalidade 
também são utilizados por roteiristas na composição de personagens teatrais. Personalidade, aliás, deriva de persona ―
do latim ― e quer dizer máscara. Persona se refere ao aspecto externo, comportamental, de um indivíduo e a maneira 
pela qual ele é percebido pelas pessoas e influenciado por elas. No antigo teatro grego, os artistas representavam 
personagens, usando máscaras para que ficasse bem evidente que a personalidade exibida não era a sua. Já na época 
de Shakespeare, as máscaras deixaram de ser usadas, o que não causou menos admiração na atuação dos atores em 
cena. A retirada da “segunda face” promoveu ainda mais os artistas e fez com que seu público pudesse se identificar 
com as personalidades exibidas.
REGATO, Vilma Cardoso. Psicologia nas Organizações. Rio de Janeiro: LTC, 2008. cap. 2.
Agora que já leu o texto de Vilma Regato, reflita:
Nas redes sociais, as pessoas se apresentam descrevendo-se por traços de personalidade que, certamente, devem 
constituir seus hábitos padrão (que se repetem com frequência).
Imagine que esteja se apresentando para alguém e que este espaço represente uma rede social. Como você descreveria 
sua personalidade? Quais características pessoais você identifica?
Resposta Correta
Todos os dias temos que fazer escolhas, não é mesmo?
Viver exige uma série de decisões.
Quando jovens decidimos que profissão vamos seguir; se casamos ou ficamos solteiros; se vamos ter filhos etc.
Enfim, o universo de cada um é sempre permeado de escolhas, tanto no plano pessoal quanto no profissional.
Fonte:
Não conseguimos dimensionar, no momento da escolha, se a emoção chega a interferir. Existe uma espécie de piloto 
automático. (Revista Época, maio, 2010)
Existem decisões frequentemente tomadas em ambientes de muita pressão.
PERSONALIDADE
Decidir envolve pessoa e ambiente. As pessoas divergem muito em suas escolhas, dadas as diferenças de 
personalidade. Veja a seguir as definições de personalidade de acordo com alguns autores:
Bergamini
“A maneira de ser das pessoas, dos seus hábitos motores, das motivações psíquicas e, consequentemente, dos tipos de 
relacionamento interpessoal que mantêm”. (p. 104)
Robbins (1999)
Para fins de grupo, devemos defini-la como “a soma total de maneiras como um indivíduo reage e interage com os outros”. (p. 34)
Regato (2006)
Não devemos desconsiderar que a presença de outros exerce influência significativa sobre a conduta.
Social => pode gerar aspecto inibitório.
Social => pode gerar exibição.
Fatores geneticamente herdados; fatores formados no ambiente, gênero, raça, cultura do ambiente e até mesmo a 
percepção (glossário) que fazemos uns do outros garantem que uma pessoa seja bem distinta da outra, embora 
possam existir afinidades.
TEORIA BEHAVIORISTA E DA APRENDIZAGEM
Baseia-se na formação da conduta conforme a apresentação de estímulos ambientais. Considera essencialmente os 
condicionamentos (glossário).
Estes podem ser:
PERSONALIDADE/TEORIAS EXPLICATIVAS
A Teoria de Traços
Usados para a descrição de pessoas há milhares de anos, definidos como padrões habituais de conduta.
Veja os principais teóricos da Teoria de Traços:
A TEORIA PSICANALÍTICA DE FREUD
A partir de 1895, Freud apresentou conceitos que causaram bastante agito à comunidade científica, estando entre eles:
Conceito Características
Inconsciente
Estrutura do aparelho psíquico proposta por Freud. No 
inconsciente, conforme a Teoria Psicanalítica, estes 
conteúdos aos quais não temos acesso pela via da 
memória, material arcaico de nossas vidas (primeiras 
experiências infantis), instintos sexuais e impulsos 
básicos dos seres humanos.
Histeria de 
conversão
Psicopatologia proposta pela psicanálise que 
caracteriza a conversão, no corpo físico, de sintomas 
sem causa patológica.Alguns dos primeiros casos 
analisados por Freud tratavam de histeria que podia 
revelar paralisias motoras, cegueiras temporárias etc., 
sem que tais sintomas pudessem ser justificados em 
exames clínicos.
Recalque
Mecanismo de defesa do ego (estrutura consciente) 
que permite “barrar” da memória conteúdos que geram 
dor psíquica que resulte em muito desconforto.O 
recalque não é voluntário, não decidimos o que 
“delatar” de nossa memória. Se assim fosse, não 
teríamos lembranças ruins e/ou tristezas. Freud 
observa que as tristezas que ficam tem sua razão e nos 
preparam para revezes. Aquilo que o ego se encarrega 
de “enviar” para o inconsciente é de regulação própria 
de vida psíquica.
Trauma
Refere-se à qualquer experiência vivenciada com 
desconforto pelas pessoas. Em termos psíquicos nos 
referimos à trauma quando pensamos em alguma 
situação de difícil administração, que retorna vez por 
outra à mente, provocando problemas e/ou 
tristeza.Muitas vezes, precisa-se recorrer à ajuda 
profissional para vencer barreiras pessoais e 
consequentemente sociais impostas por situações de 
trauma.
Psicanálise
Fundada por Sigmund Freud é uma linha de tratamento 
para distúrbios de ordem neurótica e outras patologias. 
Pode ser administrada por médicos e psicólogos que 
tenham a especialização em psicanálise.
ESTRUTURAÇÃO PSÍQUICA, EM FREUD
Uma contribuição teórica de Freud foi o modelo de aparelho psíquico, que é comporto por: Id, Ego e Superego. 
Acompanhe as três definições na animação abaixo:
As estruturas psíquicas se inter-relacionam, justificando a nossa conduta.
O ID representa impulsos relacionados ao alcance de prazer e o SUPEREGO às obrigações, impostas pela realidade. O 
EGO tenta uma mediação entre ambos.
VOCÊ CONHECE O APLICATIVO WHATSAPP, CERTO?Nele, estamos acostumados aos seus emojis (aquelas pequenas imagens que transmitem a ideia de uma palavra ou 
frase completa).
Agora, utilizando seu conhecimento sobre Id, Ego e Superego, analise os emojis nos celulares abaixo. Depois, marque a 
alternativa que corresponda aos complexos psicológicos, de acordo com Freud:
Os emojis correspondem respectivamente a:
a) Id, Ego, Superego
b) Ego, Superego, Id
c) Id, Superego, Ego
d) Superego, Id, Ego
Justificativa
DIFERENÇAS INDIVIDUAIS/PERSONALIDADE
Rogers, indicado ao prêmio Nobel da paz em 1987, desenvolveu sua linha de estudo defendendo a ideia de que a pessoa 
é um ser cujo núcleo básico da personalidade tende à saúde, precisando estar aberta às experimentações para uma vida 
feliz.
Carl Rogers
Fonte: http://www.vestedway.com/the-psychology-of-outsourcing (glossário)
Rogers foi um grande crítico de instituições de ensino, admitindo que estas formam comportamentos nos indivíduos, pela 
via do condicionamento, que não são genuínos.
Ele Influenciou métodos de ensino, psicoterapias e empresas (nos treinamentos e na administração de pessoas).
Estudados os fatores de diferenças individuais, voltemos aos processos decisórios.
Estes envolvem aspectos da personalidade de quem decide e aspectos relacionados às alternativas a escolher. 
(Chiavenato, 2000)
O sujeito experimenta dissonância cognitiva que precisa reduzir.
Decidir envolve três momentos de desgaste psíquico:
Rowe & Boulgarides (1992) observam a existência de modelos decisórios distintos, sendo eles:
Racionais
Em que prevalece a análise sobre aspectos conceituais e da natureza das alternativas a escolher.
Intuitivos
Que se baseia mais na experiência pessoal de quem decide.
O que determina se a decisão será racional ou intuitiva é a situação e o próprio agente.
A decisão pode ser um processo solitário ou grupal, existindo aspectos positivos e negativos para cada uma destas 
situações.
Decidir sozinho
• O leque de possibilidades a escolher é sempre maior;
• As decisões podem ser reavaliadas a qualquer momento (despende menor energia psíquica);
• A responsabilidade se concentra numa única pessoa;
• Há um maior comprometimento com a decisão.
Decidir em grupo
• Diminui as chances de erro;
• A responsabilidade é dividida;
• O comprometimento com a escolha é menor;
Dificilmente as pessoas reavaliam a decisão tomada em grupo (no momento pós-decisório despende menor energia 
psíquica).
As organizações demandam decisões rotineiramente de suas equipes de trabalho. Nestes casos, como fica a ética?
• Bom nível de educação não garante bom-senso e/ou cuidado com os colegas na hora de decidir;
• Os limites de tempo impostos levam a estresses que precisam ser administrados;
• Tentar manter a mente aberta não deixa o indivíduo limitado à própria percepção no processo decisório;
• No Brasil muitas decisões são baseadas em utilitarismo (cultura nacional).
Tenha em mente que escolher é sempre muito difícil, e as escolhas estão sempre sujeitas a críticas.
Uma alternativa é válida para as escolhas de alguns, nunca de todos, por isso quem decide está sempre sujeito a 
julgamentos.
Glossário
PERCEPÇÃO
Atividade cognitiva que permite identificar e nomear objetos/estímulos que nos chegam pelos órgãos dos sentidos.
A partir da percepção, nos adaptamos às situações, emitindo respostas geralmente compatíveis com as situações percebidas.
Observe os exemplos:
• Atravessamos uma rua ao observarmos o sinal aberto para pedestres;
• Nos posicionamos atrás da última pessoa de uma fila;
• Respeitamos a placa que indica mar em ressaca, não arriscando nossa vida em mergulhos.
CONDICIONAMENTOS
Comportamentos de padrão habitual, exibidos em decorrência da percepção de um estímulo já conhecido que nos é apresentado.
Exemplo: atender ao telefone na percepção do estímulo sonoro. Fazer sinal para o ônibus ao avistarmos aquele que nos conduzirá 
ao destino desejado.
PRÊMIO
Condição reforçadora de algum comportamento, oferecida de maneira planejada, intencionando-se que a conduta se mantenha.
Exemplo: vendedores que batem sua meta tendem a ser premiados. O prêmio acontece para que o comportamento de motivação à 
venda seja mantido. Os pais tendem a premiar os filhos que conseguem bons resultados na escola.
PUNIÇÃO
Condição de privação ou castigo propositalmente oferecida a alguém que exibiu uma conduta fora do esperado. Quando uma 
criança tira uma nota ruim na escola, por exemplo, ela pode ser privada de brincar no playground por um período ou não ter acesso à 
internet, até que sua nota apresente melhora.

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