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INTRODUÇÃO À DISTÚRBIOS DO CRESCIMENTO E DIFERENCIAÇÃO CELULAR Distúrbios do crescimento: alteração do crescimento da população celular do tecido, para mais ou para menos. Diferenciação celular: quando uma célula totipotente ou pluripotentes se diferencia em outra de funções e morfologia totalmente diferente uma das outras. Embora o material genético seja o mesmo, os genes ativos ou silenciados são diferentes. Além do controle gênico rigoroso, a influência do meio ambiente é um fator importante na diferenciação das células pluripotentes. Imagem: quando as células da camada basal (compostas pelas células mais indiferenciadas, que tem grande capacidade de se multiplicar, algumas de suas células funcionam como reserva) se dividem, em duas células filhas, uma fica no estrato de reserva e outra vai progredindo na diferenciação, se especializando nas principais funções do epitélio (proteção, funcionamento como uma barreira contra a entrada de microrganismos e agressões, por exemplo) . Os queratinócitos, que são as células do epitélio, têm como especialidade formar uma adesão forte entre uma e outra, com os desmossomos, ficando bem aderida uma a outra, na camada espinhosa. Saindo da camada basal, ela passa para a camada espinhosa (onde há essa adesão mais forte), depois pra camada granulosa (caracterizada como local onde a célula começa a passar pelo processo de morte, onde o DNA mitocondrial ou o do núcleo começam a se condensar, ficando com um monte de grânulos nas células, havendo então a morte da célula por apoptose), depois pela camada córnea (onde ela vai descamar). Se o epitélio for de regiões onde se tem mais atrito, pode-se observar uma camada de queratina no epitélio. Então algumas superfícies do epitélio são não queratinizadas e outras são paraqueratinizadas. Na cavidade oral, o epitélio queratinizado é queratinizado no palato duro, gengiva e dorso da língua. Locais como a mucosa jugal, soalho bucal. O processo de em que a célula migra para a camada córnea supracitado é conhecido como diferenciação. A célula sai da camada basal ainda indiferenciada e no atingindo a camada córnea, há a diferenciação terminal. No epitélio não há vasos, as células são nutriras pela difusão do líquido. DIVISÃO CELULAR: Fase G1: A célula ainda é 2n, metabolicamente ativa e começa o processo de duplicação de organelas e outros componentes do citosol. Na fase S o DNA e replicado. Na G2 (Célula 4n) o crescimento continua; metabolismo celular intenso; enzimas e outras proteínas são sintetizadas e a replicação do centrossomos e completada. Após essa interfase é a mitose e a citocinese. Esses processos são fortemente regulados pelo organismo, em caso de erros, ou ela morre por apoptose induzida ou ela se prolifera de forma errada, causando distúrbios como o câncer. As células filhas podem ficar em G0 (não tendo capacidade de se dividir comente de manter as suas funções vitais), ou entrar no ciclo. Algumas células se diferenciam tanto que não conseguem mais se dividir e ficam somente em G0. CLASSIFICAÇÃO DAS CÉLULAS: -LÁBEIS: Fase g0 de curta duração (quase sempre em mitose). Exemplo: células epiteliais basais de todos os revestimentos epiteliais e células tronco hematopoiéticas. -ESTÁVEIS OU QUIESCENTES: Fase G0 prolongada; podem sofrer divisão quando estimuladas. Exemplo: células parenquimatosas dos órgãos glandulares sólidos, células do fígado e células mesenquimais do tecido embrionário. -PERMANENTES: Após a mitose elas se especializam tanto que não conseguem voltar ao ciclo. Nenhuma tem capacidade de se dividir. Exemplo: células musculares cardíacas e neurônio do SNC e SNC. Quando mais especializada a célula, menor a capacidade de se dividir. REGULAÇÃO DO CICLO CELULAR: Os principais responsáveis por essas regulações são: -Os genes, ou incentivando ou parando. -Fatores de crescimento fator de crescimento epidermal e o fator de crescimento do endotélio vascular -VEGF-, por exemplo. Esses fatores estimulam células especificas a se proliferarem. -Componentes da MEC. Proteínas e fibras, por exemplo. GENES: PONTOS DE CHECAGEM: Faz a verificação se o DNA celular está se dividindo corretamente. Há no final de G1, no final de G2 e no final da mitose. Genes atuam na detecção dos erros, outros atuam na reparação do erro (genes de reparo). Quando não se consegue fazer o reparo, essa célula pode ser induzida a apoptose, através da ativação de genes da apoptose. A regulação é feita por duas classes de proteínas. Uma são as ciclinas, porque elas são produzidas e degradadas dentro do ciclo. Outras são as CDK, as quinases dependentes de cíclinas. Quando a cíclinas e a CDK se juntam, elas são capazes de formar um sítio de ligação específico para outras proteínas (formando o complexo cíclina-CDK), o complexo vai capturar uma terceira proteina, que vai ser ativada, normalmente por fosforilação. Quando fosforilada, essa proteína vai atuar ou parando o ciclo ou ativando. Após feito isso, a ciclina é degradada e o CDK continua, até ter outra ciclina para formar o processo. Em diferentes etapas do ciclo, há diferentes ciclinas e CDKs. Muitas vezes, quando esse complexo está formado, pôde-se ligar um CKI (inibidor da CDK, exemplo, as proteínas p21, p27, p57), impedindo que esse complexo se ligue e ative a proteína. Isso geralmente ocorre nos checkpoints, para outros genes trabalharem. Problemas no ciclo que podem desregular a população celular: Falta/deficiência do CDKI e a aceleração da formação do complexo ciclina CDK ATIVACAO DE FATORES DE TRANSCRIÇÃO A proteína do Retinoblastoma ligada ao fator de transcriçãoo E2F necessita ser fosforilada para que ela adquira uma outra conformação e seja liberado o fator de transcrição. Quando solto, ele vai no DNA e induz os genes necessários para avançar na fase S, incentivando a transcrição de um pedaço do DNA. Alguns genes incentivam a formação do complexo ciclina-CDK para o ciclo progredir, outros, como o P16, para inibir a formação desse processo. Se há uma falha no gene P53, haverá uma falha na inibição, podendo gerar um ciclo desregulado. FATORES DE CRESCIMENTO: Atuam de 3 formas. Fazendo uma sinalização autócrina: a célula produz o fator e o alvo dela é ela mesma. Pará crina: secreção atinge celular adjacentes, podem ser células diferentes. Endócrina: através do sangue ou vasos linfáticos, influenciam outras células, mais distantes, incentivando-as a proliferarem. O fator de crescimento se liga nos receptores de superfície das células (que geralmente são transmembranosos), quando ocorre essa ligação vias são ativadas, que caem numa via comum, que é formação de fatores de transcrição, que atuarão no DNA, produzindo proteínas, geralmente incentivando a ativação do complexo ciclina-CDK para a célula se proliferar. Como no caso dos macrófagos M2, que através produz VEGF (fator de crescimento do endotélio vascular), auxiliando na recuperação do tecido. Os tumores também fazem ativação de fatores de transcrição. COMPONENTES DA MATRIZ EXTRACELULAR: ADESÃO CELULAR E CONTROLE DO CRESCIMENTO CELULAR: Temos dois mecanismos de adesão célula a célula: desmossomo (célula à célula), hemidesmossomo (célula à membrana basal, ancorando o epitélio aos tecidos subjacentes). Os fatores que atuam na adesão são componentes da matriz extracelular que vão favorecer ou atrapalhar a formação dos desmosomos ou hemidesmosomos. -Mecanismo de inibição pelo contato: Nesse mecanismo a célula cessa a divisão e o deslocamento ao entrar em contato com outras células ou com a matriz celular. Esse mecanismo envolve as moléculas de adesão caderinas; integrinas; superfamilia Imunoglobulinas (ICAM e VECAM, por exemplo) as quais são capazes de interagir com os desmossomos e hemidesmossomos que por sua vez interage com o citoesqueleto celular que faz a célula não se multiplicar mais. *Então o controle da população celular é feitopelo equilíbrio entre proliferação, apoptose e diferenciação e é controlada pelos 3 fatores: genes, fatores de crescimento e matriz extracelular*. Célula ovo > Células indiferenciadas > Células diferenciadas. Cada célula possui sua taxa de diferenciação. Algumas tem alta taxa, como as células tronco, outras possuem baixa, como as células nervosas. DISTÚRBIOS DO CRESCIMENTO E DIFERENCIAÇÃO CELULAR: DISTÚRBIOS ASSOCIADOS AO NÍVEL DE VOLUME DA CÉLULA: -HIPOTROFIA: redução quantitativa dos componentes estruturais e das funções celulares, causando diminuição do volume e função das células e dos órgãos. Mecanismos (como ocorre): diminuição do anabolismo (então a célula não consegue manter a sua composição estrutural normal) e de estruturas celulares, mas a célula continua vital. Hipotrofia fisiológica: exemplo: senilidade, a pele, alguns órgãos e a musculatura sofrem hipotrofia. Hipotrofia patológica: quando se imobiliza um determinado membro, então o músculo entra em hipoplasia e hipotrofia. Hipotrofia relacionada à desnutrição e causada quando o indivíduo não tem nutrientes para desenvolver- se adequadamente. -HIPERTROFIA: aumento dos constituintes estruturais e das funções celulares causando aumento volumétrico das células e dos órgãos afetados. Requisitos: aumento de oxigênio e nutrientes, organelas e enzimas íntegras e a inervação preservada, pois ela precisa do funcionamento adequado. Situações que induzem a hipertrofia: quando se aumenta a carga de trabalho, receptores de superfície induzem o aumento da atividade metabólica e consequentemente o aumento de tamanho. Ação de hormônios. Esses fatores vão levar a ativação de vias celulares mais específicos, que vão levar a ativação de fatores de transcrição que promoverão o aumento da célula a partir da produção de proteínas organelas e outras estruturas celulares. Hipertrofia fisiológica: exemplo: útero, que quando gravídico, as células da musculatura uterina aumentam. Hipertrofia patológica: no miocardiócito, a câmara cardíaca diminui de tamanho, diminuindo a capacidade circulatória do indivíduo, geralmente ocorre em indivíduos com hipertensão arterial e uso de anabolizantes. DISTÚRBIOS ASSOCIADOS AO NÚMERO DE CÉLULAS: -HIPOPLASIA: diminuição da população celular de um tecido ou órgão. Hipoplasia fisiológica: ovário, devido à idade, porque vai se reduzindo a quantidade de hormônios liberados. As hipoplasias fisiológicas mais comuns são involução do timo a partir da puberdade e de gônadas no climatério. Na senilidade, ao lado de hipotrofia também existe hipoplasia de órgãos, por aumento de apoptose. Hipoplasia patológica: hipoplasia do esmalte: falha do ameloblasto em produzir a proteína e mineralizar, havendo então uma falha na produção desse tecido; Anemia aplásica (na verdade hipoplásica), por um processo inflamatório, é reduzido o número de hemácias. HIPERPLASIA: E quando há um aumento do número de células no tecido. Mecanismo: a proliferação de células maduras induzida por fatores de crescimento. Quando a célula consegue se dividir, que se ocorre a hiperplasia (em células que não podem se dividir, só ocorre hipertrofia, como as células musculares e cardíacas, por exemplo). Caso não consiga, há hipertrofia. Requisitos: aumento do suprimento sanguíneo, integridade morfofuncional das celular e inervação preservada. Pode ser fisiológica hormonal (induzida por hormonios) ou compensadora (para ajudar na função de um tecido que parou de funcionar) e hiperplasia patologica. Hiperplasia fisiológica hormonal: durante a lactação, pela indução de hormônios as células do ácinos vão proliferar e haverá a hiperplasia da glândula; crescimento das mamas durante a adolescência após a amamentação. Hiperplasia fisiológica compensadora: quando um rim é comprometido, o outro sofre um processo de hiperplasia. Isso para compensar a falta. Hiperplasia patológica: vírus que induzem a proliferação das células no tecido. Nota-se uma espessura do epitélio no papiloma genital. Próteses dentárias podem causar hiperplasia fibroepitelial, por trauma, que induz a inflamação e posteriormente a proliferação. O tecido deve ser removido é feito uma nova prótese com melhor adaptação. HIPERPLASIA X NEOPLASIA Nas duas, há aumento do número de células, mas na hiperplasia, é induzida por fatores externo e quande se retira o fator, ela para. Já na neoplasia, é independente do fator externo, mesmo que ele tenha iniciado o processo, as células vão se proliferar de forma autônoma. METAPLASIA: mudança de um tipo celular (adulto) para outro, sempre da mesma origem, de mesma linhagem. Exemplo: quando um tecido muda de epitelial simples, colunar e ciliado para estratificado pavimentoso. Acontece comumente em fumantes, o cigarro induz (como um fator externo). Há a reprogramação genética das células do reservatório, visto que as células que estavam ali anteriormente vão sendo renovadas e assim há a substituição da característica do epitélio (note que a linhagem continua a ser epitelial, mas as características mudam), causando a metaplasia escamosa. Tem como sintoma nos fumantes o pigarro. Em enxertos de pele, por exemplo, as células que foram enxertadas vão se modificando para as características do epitélio local, devido aos fatores externos do novo ambiente. DISPLASIA: condição adquirida caracterizada por alterações do crescimento e da diferenciação celular (hiperplasia e hipotrofia são alterações somente do crescimento e não de diferenciação) acompanhadas de redução por perda da diferenciação das células afetadas. Exemplo: displasia fibrosa óssea, nela o tecido medular (tecido conjuntivo frouxo) do osso é transformado em tecido fibroso, então radiopacidade nas áreas lesadas. Nota-se nesse caso, um aumento na região de corpo mandibular, em alguns casos, há desaparecimento da sela nasal, da maça do resto e sulco mentolabial e fechamento da cavidade nasal, tudo isso dependendo do local da lesão. DESORDENS POTENCIAMENTES CANCERIZAVEIS: a displasia representa a transformação de um tecido normal em câncer. Uma área de displasia epitelial já pode ser considerada um pré-câncer. Um exemplo é a leucoplasia, que é causada por uma alteração no desenvolvimento celular, para se saber se tem displasia, deve-se fazer o exame (biópsia incisional) A leucoplasia (placa) é um diagnóstico clínico, já a displasia, é dada somente após o diagnóstico. Há também a eritroleucoplasia, que são placas vermelhas e brancas, sendo menos frequentes, seja pelo surgimento, seja pela dificuldade de diagnóstico. As áreas brancas são caracterizadas por ceratose, enquanto as áreas avermelhadas são caracterizadas por ausência de queratina. Quando as células atípicas ocupam o terço inferior do epitélio, se tem uma displasia leve; os dois terços inferiores, displasia moderada; completamente ocupada, displasia severa. A partir do momento que essas células invadem os tecidos subjacentes, já é um câncer propriamente dito. As eritroleucoplasia são muito mais perigosas, pela maior chance de se encontrar uma displasia severa nela (90% de chance de virar câncer). A biópsia deve ser feita na área de maior displasia, então a área de mais avermelhada que deve ser a retirada para a biópsia. Características das células atípicas: Nucléolo proeminente, núcleo hipercromatico, pleomorfico (formato variado), aumento da relação núcleo citoplasma, aumento do número de mitoses (pôde-se ter mitoses aberrantes) ou células multinucleadas. Têm-se o aumento da gravidade, quanto maior o número de atípicas e quantidade de células.
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