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Rômulo Roberto - ONCOLOGIA CARCINOGÊNESE PROLIFERAÇÃO CELULAR: • Proliferação e diferenciação celular são processos essenciais para os seres vivos. A proliferação celular, responsável pela formação do conjunto de células que compõem os indivíduos, é indispensável durante o desenvolvimento e necessário para repor células que morrem. A diferenciação refere-se à especialização morfológica e funcional das células que permite o desenvolvimento do organismo como um todo integrado. CICLO CELULAR: No seu ciclo celular as células encontram-se em 2 etapas: 1 – Mitose: quando as células dividem o material nuclear e fazem a citocinese (separação das 2 células após a formação completa dos dois novos núcleos). 2 – Interfase: • Período entre 2 divisões celulares. • É a fase em que a célula não está se dividindo. • É divida em 3 fases: G1: É a fase em que a célula está executando as suas funções vitais, sintetizando proteínas, aumentando de tamanho, aumentando a quantidade de RNA para fazer outras proteínas. S: É o período em que a célula começa a se dividir, duplicando a quantidade de cromatina e de DNA. G2: Período em que todo o material genético já se encontra duplicado. A célula possui cromossomos duplos. • Algumas células ciclam continuamente como os epitélios de revestimento, outras, após a fase M, deixam o ciclo, vão para o compartimento G0 e quando estimuladas retornam ao ciclo na fase G1 (hepatócitos). Há também células que, uma vez formadas, abandonam o ciclo celular e passam a não fazer parte do ciclo não replicativo, como os neurônios. CONTROLE DO CICLO CELULAR: • A regulação do ciclo celular é feita por: 1 – Sinais externos, chamados fatores de crescimento; 2 – Moléculas da própria célula, capazes de: - Perceber ameaças para a estabilidade do genoma (p53) ou - promover o início e a progressão da divisão celular (ciclinas e CDKs). • O ciclo celular é uma série de eventos regulados que culminam em duplicação do DNA e em divisão da célula. • No entanto, uma vez iniciado, esse ciclo não progride automaticamente, mas para em pontos de checagem ou de restrição, nos quais há uma interrupção, podendo haver continuidade ou bloqueio do ciclo. • Quando deve se ter o bloqueio do ciclo, como nos casos de lesão no DNA, o organismo reconhece essa lesão através de proteínas especializadas que inibem o ciclo celular em diferentes fases, estimulando a síntese de outra proteína, a p53, que estimula genes que codificam proteínas que param o ciclo em G1, S ou G2, promovem o reparo do DNA ou, quando não é possível, provocam apoptose. • Defeitos nesse sistema de checagem são a principal causa de instabilidade genômica em células cancerosas. • O principal momento de regulação está na fase G1, no chamado primeiro ponto de restrição (G1/S). • Outro ponto de restrição está em G2 (G2/M): as células duplicam o DNA e ficam à espera do sinal para realizar a mitose. • Assim, a fase só ocorre se a anterior estiver completa ou se as condições forem adequadas. • Esses pontos de checagem são importantes passos no controle da integridade do genoma. • A regulação da progressão do ciclo celular é feita, sobretudo, por 2 classes de proteínas as CDK e as ciclinas. • As ciclinas ativam as CDK, que ativam genes cujos produtos iniciam e fazem progredir o ciclo celular. Rômulo Roberto - ONCOLOGIA • Cada complexo ciclina/CDK regula determinada fase do ciclo e essas proteínas possuem inibidores (CDKI) que atuam impedindo o avanço de fase: - Os complexos ciclinas-D/CDK (2,4,6) iniciam e fazem progredir a fase G1. - O complexo ciclina-ECDK2 ativa a síntese de DNA (fase S). - O complexo ciclina A/CDK2 atua na terminação da fase S e início da G2. - O complexo ciclina-B/CDK1 termina G2 e induz o início da mitose (reorganização dos cromossomos, do citoesqueleto, etc). • Os principais pontos de restrição estão no início de G1, na transição G1/S e na transição G2/M. FATORES DE CRESCIMENTO: • Em organismos multicelulares, após completada a diferenciação e o crescimento, os órgãos e tecidos mantêm constante o seu tamanho, conservando o número de suas células. • A população celular global de um indivíduo adulto é mantida por meio da ação de fatores que controlam tanto a multiplicação, quanto a de sobrevivência das células, resultando do balanço entre o número de células originadas por mitose e o de perdas celulares, geralmente por apoptose. • Esses 2 fenômenos dependem de sinais específicos que determinam quando as células devem dividir-se ou quando devem morrer, a fim de manter a população em níveis homeostáticos. • A proliferação celular resulta da ação de agentes estimuladores e inibidores da divisão celular. • Os + importantes são os fatores de crescimento (produzidos por diferentes células e têm a capacidade de estimular ou de inibir a multiplicação celular). • Para atuarem, os FC se ligam a receptores específicos na membrana citoplasmática, citoplasma ou núcleo, atuando por mecanismo autócrino, parácrino, ou endócrino. • FCs mais importantes: - PDGF – fator de crescimento derivado de plaquetas: produzido por plaquetas, macrófagos, endotélio, células musculares e algumas células tumorais, estimula a proliferação de cel. Musc. Lisas, fibroblastos e células gliais. Além disso exerce quimiotaxia para monócitos e fibroblastos e estimula a cicatrização de feridas. - EGF – fator de crescimento epidérmico. - FGF – fator de crescimento de fibroblastos: estimula a proliferação de fibroblastos e de células endoteliais, sendo muito importante na angiogênese e na cicatrização. - TGF-alfa e TGF-beta – fatores de crescimento transformantes: TGF-alfa: estimula a proliferação de fibroblastos e células epiteliais. TGF-beta: tem efeito inibitório em muitas células epiteliais e estimulatório em, cél. Musculares lisas e em fibroblastos, tendo papel relevante na cicatrização e na fibrose em inflamações crônicas. - CSF – fatores estimuladores da formação de colônias: estimulam o crescimento e diferenciação de células hematopoiéticas (macrófagos e granulócitos). - IL-2: produzida por LTCD4, estimula a proliferação de linfócitos Th1 e CD8. - VEGF – fator de crescimento do endotélio: atua na formação de vasos durante a embriogênese e na vida adulta. Além disso, tem papel importante na angiogênese em tumores, inflamações crônicas e cicatrizes. - IGF – faores de crescimento semelhantes à insulina • Quando se ligam a seus agonistas, os receptores para FC ativam a expressão de genes das ciclinas D, cuja síntese aumenta, aumentando o número de complexos ciclina D/CD4 ou 6, que induzem a célula a passar do primeiro ponto de restrição e entrar no ciclo. • Se o receptor deixa de ser estimulado, a produção das demais ciclinas não ocorre, ficando a célula sem estímulo para vencer o segundo ponto de restrição (permanecendo quiescente ou em G0). NEOPLASIAS (NA PRÁTICA: TUMORES) : • Uma das características principais das neoplasias é a proliferação celular descontrolada. • Em geral, existe uma relação inversa entre multiplicação e diferenciação celular. Rômulo Roberto - ONCOLOGIA • Assim, quanto mais diferenciada uma célula, menor sua taxa de proliferação. • Em neoplasias, geralmente ocorre paralelemente ao ↑ da proliferação, a ↓ da diferenciação celular, com a célula neoplásica sofrendo alteração nos seus mecanismos regulatórios e adquirindo autonomia de crescimento. • Assim, neoplasia pode ser conceituada como uma lesão constituída por proliferação celular anormal, descontrolada e autônoma,em geral com perda ou redução de diferenciação. • As neoplasias são dividas em 2 grandes categorias, as benignas e as malignas: NEOPLASIAS BENIGNAS: - Não são letais na maioria dos casos - Podem causar transtornos por seu volume ou localização (obstrução de órgãos e produção de substancias). - Têm crescimento lento. - As células crescem unidas e não infiltram nos tecidos vizinhos, formando uma massa geralmente esférica. - Facilmente removível em cirurgia. - Geralmente não recidivam após ressecção cirúrgica. NEOPLASIAS MALIGNAS (CÂNCER): - Muitas vezes letais. - Têm crescimento rápido. - Motilidade: as células malignas possuem menor adesão entre si, que é devida também à perda do fenômeno de inibição por contato. Assim, podem deslocar-se e infiltrar-se em tecidos adjacentes. - Angiogênese: *As células malignas induzem a angiogênese para garantir o suprimento sanguíneo necessário ao seu crescimento. * Células tumorais liberam fatores angiogênicos como VEGF A e B, induzindo proliferação de novos capilares. * Em muitos tumores, quanto ↑ a angiogenese, ↑ é a potencia de metastização do CA e mais rápida é a progressão. * No inicio de seu crescimento, a maioria dos tumores não leva à angiogênese e após meses ou anos, algumas células dentro do tumor mudam para um fenótipo angiogênico. - Capacidade de invasão e de originar metástases: as células cancerosas invadem os tecidos adjacentes, penetram em vias de disseminação e são transportadas para outros locais, onde são capazes de originar novas colônias. - Funções celulares: por causa da perda da diferenciação celular, as células neoplásicas tendem a perder suas funções específicas. No entanto a diferenciação funcional varia bastante, alguns tumores podem produzir as mesmas substancias sintetizadas pelos tecidos normais. Adenomas ou carcinomas da suprarrenal podem produzir hormônios esteroides e por não serem sensíveis aos mecanismos fisiológicos de controle da secreção, liberam quantidade excessiva desses hormônios. - Imortalidade: [...] - Não possuem inibição por contato: Quando as membranas plasmáticas de células normais se tocam, seu crescimento e movimentação se cessam. Células malignas continuam se multiplicando, formando pilhas de células. - Alterações da forma: células malignas, ao contrário das normais que geralmente são achatadas, são esféricas e se desprendem com facilidade. PROPAGAÇÃO E DISSEMINAÇÃO DAS NEOPLASIAS: • A propriedade mais importante das células malignas é sua capacidade de invadir localmente, de ganhar uma via de disseminação e de chegar a sítios distantes e de neles originar novos tumores (metástases). • Assim, metástases são, o selo de malignidade da neoplasia, uma vez que, por definição, neoplasias benignas não originam metástases, sendo um sinal de mau prognóstico. METÁSTASES: • Metástase é a formação de uma nova lesão tumoral a partir da primeira, mas sem continuidade entre as duas. • Classicamente considera-se que a metástase é um fenômeno tardio, em que células com potencial de se implantar em outros órgãos surgiriam após varias alterações genéticas e epigeneticas aleatórias que Rômulo Roberto - ONCOLOGIA originam clones capazes de formar lesões secundárias. • no entanto, tem-se admitido que células cancerosas adquirem propriedades de se implantar a distancia em fase precoce do desenvolvimento de um tumor, deixando o tumor primitivo no inicio e sofrendo alterações diferentes em diferentes locais secundários, até originar subclones capazes de formar metástases. • Sua formação Envolve: - Destacamento de células do tumor primitivo; - Deslocamento de células através da matriz extracelular; - Invasão de vasos linfáticos ou sanguíneos: células tumorais invadem vasos atraídas por quimiocinas produzidas por células endoteliais. - Sobrevivência de células na circulação: através da ativação da coagulação sanguínea, que resulta em ativação de plaquetas e formação de uma capa de fibrina sobre as células tumorais que as protege da resposta imunitária. - Adesão ao endotélio do órgão onde irão se instalar; - Saída dos vasos para o órgão; - Proliferação no órgão invadido e sobrevivência NICHO PRÉ-METÁSTICO: • Não basta que as células cancerosas caiam na circulação para que originem metástases, é necessário que elas estejam preparadas para se instalar em órgãos com nicho previamente preparado, o nicho pré-metástico. • Em alguns tumores humanos, observou-se que o tumor primitivo induz em órgãos a distancia alterações que os preparam para receber a metástase, antes de as células tumorais circulantes cheguem a eles. OBS: Em muitos tumores, observa-se a presença de células tronco, o que explica a heterogeneidade morfológica da neoplasia. São essas células que tem a capacidade de se implatantar a distancia e originar metástases, podendo permanecer quiescentes no seu nicho, com o aparecimento de metástases tardias após a retirada do tumor primitivo. A ineficácia dos tratamentos atuais em muitos canceres pode dever-se ao fato de que eles eliminam a grande maioria das células do tumor mas não destroem as células tronco, que são responsáveis pelas recidivas. CARCINOGÊNESE : • Processo complexo, multifásico e dependente de fenômenos genéticos e epigeneticos que culminam no surgimento de clones de células imortalizadas que adquirem a capacidade de se multiplicar autonomamente, de invadir os tecidos vizinhos e de dar metástases. • Células tumorais originam-se de células normais que sofreram alterações no DNA (fatores genéticos) ou em mecanismos que controlam a expressão gênica (fatores epigenéticos) em um ou + locos envolvidos no controle da divisão e da diferenciação celulares. • Os tumores são monoclonais, ou seja, formados por um clone que venceu a barreira do controle da proliferação celular e tornou-se imortal. • Desse clone surgem descendentes (subclones) com capacidade de sobreviver, invadir tecidos e se implatar a distancia, formando as metástases. • O processo de transformação maligna é multifásico e as células neoplásicas adquirem certas características: - Autonomia de proliferação: resulta de mutações ativadoras em oncogenes. - Insensibilidade aos sinais inibidores de mitose: decorrente de * mutação inativadora em genes que codificam moléculas reguladoras do ciclo celular. * mutação inativadora no gene p53, que inativa complexos ciclina/CDK. - Evasão de apoptose (inativação de genes que fazem a checagem de do DNA e a apoptose como o p53). - Autonomia de sobrevivência: possibilitada pela angiogênese que permite a nutrição das células - Instabilidade genômica: defeitos de genes de reparo do DNA. - Capacidade de evasão do sistema imunitário: deve- se a interação entre as células transformadas, células do estroma e células do sistema imunitário que criam Rômulo Roberto - ONCOLOGIA um microambiente supressor da resposta imunitária citotóxica. - Capacidade de invadir tecidos e de metastizar; GENES NA CARCINOGENESE • As características celulares na carcinogênese são proporcionadas por fatores genéticos e componentes ambientais (vírus, agentes físicos e substancias químicas), tem papel no aparecimento de vários tumores. • Com relação aos genes envolvidos, estão aqueles que: - Estimulam a proliferação celular através dos fatores de crescimento, ciclinas, CDK (proto-oncogenes); - Controlam a proliferação dentro dos limites fisiológicos (Genes supressores de tumor); - Comandam o reparo do DNA e regulam a apoptose (p53). • Assim, uma neoplasia surgequando ocorrem anormalidades em um ou, o que é mais frequente, em mais de um desses genes. ONCOGENES E PROTO-ONCOGENES: • Os genes que promovem o crescimento celular autônomo são chamados de oncogenes, e seus equivalentes celulares normais são chamados de proto-oncogenes. • Assim, os proto-oncogenes são reguladores fisiológicos da proliferação e diferenciação celular e os oncogenes, se caracterizam pela capacidade de promover o crescimento celular na ausência de sinais mitogênicos normais. • Seus produtos, chamados de oncoproteinas lembram os produtos normais dos proto-oncogenes, com a exceção de que oncoproteinas não apresentam elementos reguladores. • Os proto-oncogenes tem múltiplos papeis, participando do crescimento e proliferação celular. • As proteínas codificadas por eles podem funcionar como ligantes e receptores do FC, transdutores de sinal, fatores de transcrição e componentes do ciclo celular. • Já as oncoproteinas codificadas pelos oncogenes fazem funções similares com seus equivalentes normais. • No entanto, favorecem a célula com auto-suficiencia no crescimento. Produtos de oncogenes: • Fatores de crescimento. Ex: C: diversas células neoplásicas desenvolvem auto-suficiencia do crescimento adquirindo a capacidade de sintetizar os mesmos fatores de crescimento a que respondem. O oncogonese SIS, que codifica a cadeia beta do fator de crescimento derivado de plaqietas PDGF, é produzido excessivamente em diversos tumores. Os mesmos tumores também expressam receptores para PDGF e são portanto responsivos ao estimulo autócrino. • Receptores do FC: vários oncogenes codificam os receptores do FC. • Ciclinas e CDK: Ciclinas, CDK e seus inibidores tem papel crucial na regulação da proliferação celular, de modo que anormalidade na sua síntese são encontradas em muitos tumores. GENES SUPRESSORES DE TUMOR: • Estão envolvidos no controle da multiplicação e da diferenciação celular, impedindo a proliferação desordenada. • Podem atuar diretamente no ciclo celular (inibindo complexos ciclinas/CDK - p53,p27) ou fatores de crescimento (pRB), ou indiretamente, em vias que ativam a apoptose. • Ao contrário dos oncogenes que dependem apenas de uma copia ativa do gene para manifestar o fenótipo (ação dominante), os genes supressores de tumor precisam ter os 2 alelos afetados para induzir o câncer, tendo um comportamento recessivo. • A perda ou o defeito de um alelo de gene supressor de tumor podem ser herdados ou adquiridos. • Assim, a pessoa heterozigota para o gene, não tem neoplasia, mas apresenta risco maior de desenvolver um câncer. RB (gene do retinoblastoma): Sua inativação está envolvida no Retinoblastoma. O produto do gene RB é a pRB, que atua com repressora da divisão celular. Rômulo Roberto - ONCOLOGIA TP53: Defeitos no TP53 são a forma mais comum de alteração genética em tumores humanos. A função mais conhecida da p53 é manter a correta a replicação do DNA, estimulando genes para proteínas inibidoras de CDK quando células são agredidas por agentes mutagênicos ou sofrem erros na replicação do DNA. Isso provoca uma parada da proliferação para que o DNA seja reparado. Caso os defeitos persistam, a p53 induz a célula a entrar em apoptose. Portanto, quando a p53 deixa de cumprir seu papel, as mutações surgem e são transmitidas a células descendentes. Por sua importância, a p53 é conhecida como a guardiã do genoma. ETAPAS DA CARCINOGÊNESE: INICIAÇÃO: • É a fase de transformação celular, ou seja, mudanças induzidas por cancerígenos físicos, químicos ou biológicos, causam modificações genômicas nas células tornando-as capazes de se multiplicar sozinhas. • O iniciador é sempre uma substancia mutagênica e eletrofilica, ou seja, tem grande afinidade por compostos nucleofílicos, como RNA e DNA. • Ex: agentes químicos são capazes de ativar proto- oncogenes ou inativar genes supressores de tumor. • No entanto, nem toda agressão ao DNA leva a transformação celular, pois os genes de reparo podem corrigir os defeitos ocorridos. • Assim, a célula atingida pelo iniciador e cujo o defeito no DNA não foi corrigido precisa sofre pelo menos uma divisão para que a iniciação ocorra. OBS: Mutações espotaneas ou erros de replicação do dna durante a divisão celular ocorrem com frequência e são suficientes para explicar os eventos genéticos encontrados em neoplasias. Por isso, em muitos casos não se consegue identificar um fator externo como causador da mutação. Promoção: A promoção consiste na expansão das células iniciadas, proliferando células transformadas. Os promotores são substancias que tem em comum a propriedade de irritar tecidos e de provocar reações inflamatórias e proliferativas. Fatores variados podem ser promotores: hormônios, medicamentos, calor, traumatismos, etc. PROGRESSÃO: • É a fase na qual as modificações biológicas (mutações) que tornam o CA cada vez mais agressivo e maligno. • Com o tempo vão surgindo populações celulares diferentes dentro da massa neoplásica, assim, as que não morrem, adquirem vantagens para crescimento, sendo selecionados clones mais agressivos. • Além da aquisição de novas características intrínsecas das células tumorais, a progressão dos tumores depende também de fatores do hospedeiro. A resposta imunitária por exemplo tem papel de destaque, se os novos clones adquirem forte antigenicidade, provavelmente serão eliminados. OBS: nem sempre é assim, em alguns casos raros ocorre a involução espontânea do câncer. CLASSIFICAÇÃO E NOMENCLATURA DE ATIVIDADES CELULARES: HIPOTROFIA É a redução quantitativa de componentes estruturais e funções celulares, resultando em diminuição de volume das células e órgãos atingidos. O mecanismo básico de aparecimento da hipotrofia é a redução do anabolismo celular, que resulta em menor renovação dos constituintes celulares mortos. Pode ser fisiológica (senilidade) e patológica (inanição, desuso, compressão, obstrução vascular, intoxicação por chumbo). As consequências dependem da redução da atividade e função do órgão acometido. HIPERTROFIA É o aumento quantitativo dos constituintes e das funções celulares, resultando em aumento volumétrico das células e dos órgãos atingidos. Para uma hipertrofia, o fornecimento de O2 e nutrientes deve ser maior para suprir aumento das exigências das células, e as organelas e enzimas devem estar íntegras, com inervação preservada. Representa uma adaptação das células e órgãos a uma maior exigência de trabalho. Pode ser fisiológica, como a hipertrofia da musculatura uterina durante gravidez, e patológica, como a hipertrofia do miocárdio após sobrecarga do coração como numa estenose valvar. A arquitetura do órgão permanece intacta. Em alguns casos, o estímulo pode ser tão intenso que também leva ao aumento do material genético, podendo levar à poliploidia nas células perenes ou à multiplicação celular nas lábeis ou estáveis. Rômulo Roberto - ONCOLOGIA HIPOPLASIA É a diminuição da população celular de um tecido, de um órgão ou parte do corpo. Há uma preservação do padrão arquitetural básico. Pode ser fisiológica (involução do timo e das gônadas no climatério) ou patológica (da medula óssea em infecções, levando a anemias aplásicas, ou na AIDS). As patológicas são reversíveis, salvo decorrentes de anomalias congênitas. Muitas vezes, anda junta com a hipotrofia. HIPERPLASIA É o aumento no número de células de um órgão ou parte dele. Decorre do aumento da taxa de reprodução celular, portanto só ocorre em órgãos com células lábeis ou estáveis. É necessário aumentodo suprimento sanguíneo, integridade morfofuncional das células e inervação adequada. Pode ser concomitante à hipertrofia. A capacidade de proliferação hiperplásica tem limites, conservando os mecanismos de controle da divisão celular. Além disso, é um processo reversível, no sentido se a causa é eliminada a população celular volta ao nível normal. Isso diferencia da neoplasia, pois nessa, o crescimento celular é autônomo e independe da ação de um agente estimulador. Porém, nem sempre é capaz identificar esse agente, de modo que muitas vezes não é possível distinguir com segurança uma hiperplasia de um tumor benigno. Pode ser fisiológica (hiperplasias compensadoras –rim- e secundárias a estimulação hormonal) e patológica (secundária a hiperestimulação hormonal, como síndrome de Cushing), além de inflamatórias (em inflamações crônicas, pode haver hiperplasia do epitélio ou conjuntivo, formando lesões papilomatosas). Muitas hiperplasias patológicas são consideradas potencialmente neoplásicas. METAPLASIA É a mudança de um tipo de tecido adulto (epitelial ou msesnquimal) em outro de mesma linhagem. A metaplasia resulta da inativação de alguns genes e desrepressão de outros (para diferenciar o tecido). Um exemplo é a metaplasia brônquica secundária a agressão persistente, como tabagismo, em que há mudança de epitélio pseudoestratificado ciliado em epitélio estratificado pavimentoso queratinizado ou não. Além disso, outro exemplo é o epitélio glandular seroso em epitélio glandular mucíparo, em uma metaplasia intestinal da mucosa gástrica. Nesses casos, o tecido metaplásico é mais resistente às agressões. Há a leucoplasia também, uma metaplasia de epitélio estratificado não queratinizado em um queratinizado com várias camadas. DISPLASIA É uma condição adquirida caracterizada por alterações do crescimento e diferenciação celular. Os exemplos mais conhecidos são as displasias epiteliais, em que pode haver atipias arquiteturais. Podem preceder tumores, como nas displasias de mucosas (colo uterino, gástrico e brônquico). Além de atipias importantes, as células displásicas podem apresentar alterações significativas no conteúdo de DNA, como uma polipoidia ou aneupleidia (visto em displasia de mucosa do colo uterino). O termo pode ser usado em processos patológicos cuja posição patogeética é variada e pouco conhecida, como em defeitos malformativos (displasia renal). LESÕES E CONDIÇÕES PRÉ-CANCEROSAS É uma condição probabilística e estatística, ou seja, são lesões estatisticamente mais propensas a desenvolver câncer. As principais são displasias, sendo algumas do colo uterino, mucosa gástrica ou epitélio brônquico. Quanto mais desenvolvida é a lesão, maior é a probabilidade. Certas hiperplasias e neoplasias benignas podem desenvolver câncer, como a hiperplasia do endométrio. RELAÇÃO ANGIOGÊNESE E CARCINOGÊNESE INVASÃO LOCAL É resultado do aumento da mobilidade associado com a pressão aumentada pelo crescimento da massa neoplásica. Acredita-se que haja produtos da degradação da matriz extracelular que funcionem como agentes quimiotáticos para células malignas (fator autócrino de motilidade). A baixa expressão de caderina (principalmente a caderina E, de epitélio) é responsável também pelo aumento da motilidade, por diminuir a aderência das células. O citoesqueleto mais bem desenvolvido também aumenta a mobilidade celular. Para atingir a via de disseminação por metástase, as células devem primeiro atravessar matriz celular (formada por membrana basal e conjuntivo intersticial). Vasos linfáticos e veias por possuírem paredes mais finas e não possuírem fibras elásticas, são mais facilmente penetráveis. Por ação de colagenases (que por sua vez são modeladas por inibidores teciduais de metaloproteinases, TIMP), as células cancerígenas podem adentrar em tecido conjuntivo (formado por colágeno, elastina, proteoglicanos e glicoproteínas como fibronectina, que se liga às células cancerígenas). A membrana basal é formada por colágeno tipo IV, sulfato de Rômulo Roberto - ONCOLOGIA heparina e laminina (esta com função semelhante à fibronectina num câncer). A capacidade das células de se ligarem à fibronectina e à laminina indica habilidade de movimentação e disseminação. METÁSTASES É a formação de uma nova lesão tumoral a partir da primeira, mas sem continuidade entre as duas, geralmente num local distante. São só possíveis em tumores malignos, mas nem todo câncer origina metástase, mesmo os localmente invasivos. Geralmente é um sinal de prognóstico ruim. Quando surgem metástases, quase sempre o tumor é incurável. As manifestações clínicas geralmente estão relacionadas às metástases. Morfologicamente, apresentam-se como nódulos na superfície ou intimidade dos órgãos, com ou sem depressão central resultante de necrose. • Angiogênese: É o surgimento de novos vasos a partir de brotamentos de vasos adjacentes. Ocorre a partir de 2mm em tumores, uma vez que a difusão é impossível. Quanto maior a angiogênese, pior o prognóstico, uma vez que há mais nutrição e possibilidade de metástase. A angiogênese é regulada positivamente pelo FGF básico (fator de crescimento do endotélio vascular VEGF), TGFbeta, IL-8 e TNF-alfa. O VEGF é produzido em condições adversas como hipóxia, deficiência de glicose, etc. O TGFbeta atua por forma quimiotáxica, enquanto IL8 promove proliferação e migração, e TNF-alfa atrai macrófagos e células endoteliais. A angiogênese é regulada negativamente por trombospondina (estimulada por p53) e angiostatina. A perda de p53 nos tumores diminui trombospondina, levando à angiogênese. A p53 também reduz FGFb quando está em alta. A angiogênese consiste em dissolução da membrana basal de um vaso preexistente, migração de células em direção ao tumor, canalização para formar vasos e amadurecimento do leito capilar, com membrana basal formada. Pode-se tratar tumor com embolização de vasos ou usando fatores inibidores de angiogênese. VIAS DE DISSEMINAÇÃO São utilizadas as seguintes vias: o Linfática: É a principal via. O linfonodo mais próximo do tumor primário é o primeiro sítio de metástases, com exceções de metástases supra claviculares de câncer gástrico. Os linfonodos atingidos encontram-se aumentados de volume, sendo identificáveis via palpação ou exame de imagem. Nem toda linfadenomegalia próxima de um câncer indica metástase, podendo ser reflexo de uma hiperplasia reagente a antígenos tumorais. O mesmo ocorre em metástases microscópicas em linfonodos pequenos. o Sangúinea: Se dá pela circulação na corrente venosa devido inexistência de túnica média. As metástases iniciais se formam no primeiro órgão que as células encontram à sua frente, ex: tumores de órgãos tributários do sistema porta. No entanto, alguns tumores são seletivos, ultrapassando órgãos proximais e colonizando células distais. O número de células que penetram em um vaso sanguíneo é muito maior que o número daquelas que originam metástases, uma vez que a grande maioria morre por ação do sistema imune inato. Algumas células metastáticas podem se agrupar na presença de plaquetas e fibrinas, dificultando a morte. Além disso, capacidade de deformação para atravessar microcirculação aumenta efetividade de metástases. o Outras Vias: Podem ser canais e ductos ou cavidades naturais, além de pela ação de líquidos em caviades. Um exemplo é a carcinomatose peritoneal. • Crescimento Secundário: Esse processo inicia-se pelo abandono das células metastáticas do vaso pela adesão inicial delas ao endotélio vascular, como na inflamação. Isso é facilitado por moléculas como integrinas, caderinas e selectinas. Dentre as selectinas,destacam- se VCAM, ICAM e PECAM. Metástases têm preferência por aderir em locais de inflamação, pois nela o endotélio está ativado por diversas citocinas. Há evidências de que tumores dão metástases em determinados órgãos, a partir de fatores inerentes à própria célula neoplásica. Em resumo, componentes tanto das células quanto dos órgãos são essenciais para aparecimento e localização de metástases. É a teoria da semente e do solo.
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