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PLANEJAMENTO TRIBUTARIO PARTE II -UNIDADE V

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Controladoria 
Estratégica
Planejamento Tributário – Parte II
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Esp. Daniel Parizi
Revisão Textual:
Profa. Ms. Alessandra Fabiana Cavalcante
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Planejamento Tributário – Parte II
Considerações Sobre a Carga Tributária Brasileira
A carga tributária de um país representa a mensuração que se faz em relação ao total arrecado 
pelo Estado em tributos, comparado com o PIB (Produto Interno bruto).
Importante lembrar que a mensuração feita em relação à carga tributária considera aquilo 
que efetivamente foi recolhido ao erário público, o que significa dizer que não considera a 
sonegação. Inegavelmente se tudo aquilo que realmente é devido fosse recolhido, nossa carga 
tributária seria grandiosamente maior.
Estudo feito pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário – IBPT revela que a carga 
tributária brasileira, em 2008, chegou a 36,56% do Produto Interno Bruto – PIB, com um 
montante arrecadado no ano de R$ 1,056 trilhão sobre o valor do PIB, que ficou em R$ 2,889 
trilhão. No mesmo período, cada brasileiro pagou aproximadamente R$ 5.572 em impostos, 
com um aumento de R$ 652 sobre os valores pagos em 2007.
O Brasil, sob o ponto de vista da participação da arrecadação sobre o total do PIB, possui 
uma das cargas tributárias mais altas do mundo. Todavia, vale ressaltar que quando o assunto é 
carga tributária, a simples comparação de percentuais entre países constitui prática ineficiente e 
míope de se avaliar o verdadeiro peso do ônus tributário.
Para uma correta quantificação da carga tributária de uma nação, devemos levar em 
consideração não apenas o percentual arrecado sobre o Produto Interno Bruto, mas 
principalmente o retorno que o Estado proporciona para a sociedade.
De acordo com dados de 2007, a carga tributária da Suécia era de 50,4% do PIB. Afirmar 
que a carga tributária brasileira é inferior à carga tributária sueca constitui uma verdade, o que 
não significa dizer que a carga tributária da Suécia é elevada.
Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos:
•	 Considerações Sobre a Carga Tributária Brasileira
•	 Justificativa do Planejamento Tributário
•	 Delimitações entre Planejamento Tributário e Evasão Fiscal
•	 O Planejamento Tributário e a Controladoria
•	 Responsabilidade do Controller no Gerenciamento dos Tributos
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Unidade: Planejamento Tributário – Parte II
Justificativa do Planejamento Tributário
O tributo, instituído como imposição que ocorre sempre que se concretiza uma hipótese de 
incidência, é a fonte de recursos do Estado e tem como objetivo fazer frente às suas despesas.
Os recursos devem (ou pelo menos deveriam) ser aplicados em segurança, justiça, saúde, 
educação, transportes, dentre outros benefícios à sociedade.
Mediante o ônus tributário infligido pelo Estado, o consumo privado é individualmente 
reduzido para dar provisão aos bens públicos, no entanto, nem sempre os retornos ao cidadão 
são equivalentes ao ônus.
Outro fator significativo e que deve ser analisado no estudo da carga tributária refere-se aos 
custos causados às empresas pelas questões tributárias.
Tais custos interferem diretamente (e negativamente):
•	Na economia, pois agem como limitadores do crescimento;
•	Na lucratividade;
•	No ingresso de novos investimentos.
Além da carga tributária excessiva, há que se considerar que o Sistema Tributário Brasileiro 
é um dos mais complexos do mundo, fato que exige um alto nível de controle das atividades 
tributárias por parte das empresas.
Da sofisticação de tais níveis de controle e gerenciamento, decorrem mais custos administrativos, 
os chamados custos de conformidade.
A última grande reforma tributária ocorreu no período de 1964 a 1967, que criou um sistema 
tributário tecnicamente avançado (para a época) e promoveu significativa melhoria na qualidade 
da administração fazendária.
O Sistema Tributário Brasileiro é extremamente dependente dos impostos sobre a produção 
e a circulação de bens e serviços.
Há uma preferência pela arrecadação de impostos indiretos sobre o consumo e não por 
impostos diretos, que oneram a renda e a propriedade.
A importância do efeito da estrutura tributária sobre o desempenho das empresas é discutida 
e analisada por economistas, administradores e contabilistas desde 1960.
A responsabilidade que envolve as questões de ordem tributária é de extrema relevância dentro 
das organizações, indo desde o conhecimento específico da legislação tributária até a tomada de 
decisões que impliquem redução de custos como forma de obter vantagem competitiva.
A busca por mecanismos que possam controlar e reduzir o ônus tributário deve ser um dos 
objetivos da administração de uma empresa.
Uma das formas para se obter a redução do ônus tributário é implementar um programa de 
gestão de tributos, mediante o emprego de procedimentos tributários legítimos e lícitos inseridos 
na esfera da liberdade fiscal.
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“Qualquer pessoa pode arrumar os seus negócios de tal modo que seu imposto 
seja o mais reduzido possível, não está ela obrigada a escolher a fórmula mais 
produtiva para o tesouro público nem ainda existe o dever patriótico de elevar 
seus próprios ônus fiscais.”
Suprema Corte dos EUA
“Indubitavelmente, toda pessoa é livre para dirigir sua atividade econômica de tal 
modo que fique sujeita a pagar menor imposto possível e de escolher, entre as 
formas jurídicas que se lhe oferecem, aquela que traz a carga fiscal menos onerosa.”
Tribunal Federal da Suíça.
Delimitações entre Planejamento Tributário e Evasão Fiscal
A linha que separa o planejamento tributário da evasão fiscal (sonegação) é tênue.
Planejamento tributário é sinônimo de elisão fiscal, ou seja, pressupõe a utilização de 
expedientes lícitos para a redução da carga fiscal. Já a evasão fiscal está sustentada na utilização 
de meios ilícitos como forma de redução do ônus fiscal.
Os profissionais de controladoria devem sempre se manter vigilantes quanto a esses dois 
conceitos, pois, às vezes, mesmo sem dolo, pode-se sair do campo da elisão e adentrar diretamente 
no terreno da evasão, situação não desejável, pelo menos nas empresas sérias e honestas.
O Planejamento Tributário e a Controladoria
O gerenciamento de todas as obrigações tributárias constitui hoje tarefa imprescindível para a 
obtenção da eficácia organizacional. Tal gerenciamento não se restringe apenas ao desenvolvimento 
das atividades cotidianas, mas também, e principalmente, atividades de caráter estratégico, 
necessárias à criação ou manutenção de vantagens competitivas.
O alto custo tributário, associado aos também altos custos de conformidade, se não forem 
corretamente tratados pelas administrações, podem selar o destino de uma enorme quantidade 
de organizações.
A ausência de uma gestão fiscal adequada na maior parte das empresas pode levá-las a 
desvantagens competitivas. A competitividade nos negócios requer, cada vez mais, esforços 
inovadores, competitivos e dinâmicos.
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Unidade: Planejamento Tributário – Parte II
A redução dos custos tributários indubitavelmente levará a entidade a aumentar a sua liquidez, 
o que, por conseqüência, levará a uma diminuição na necessidade de recursos em curto prazo, 
situação poderá contribuir na formação do preço final de venda do produto ou do serviço, ou 
ate mesmo viabilizar melhores condições de crediário aos seus clientes.
Os reflexos positivos de uma boa gestão tributária atingem diretamente o caixa da entidade, 
contribuindo para uma melhor gestão do capital de giro.
Infelizmente a recíproca é verdadeira. Gestões tributárias insuficientes refletem negativamente 
na geração de caixa das empresas.
Cumpre a Controladoria, enquanto consagrado órgão de apóio à gestão, tomar a frente e 
conduzir, com propriedade, técnica, e zelo, todos os assuntos de cunho tributário, de modo a 
permitir que, ao abrigo daquilo que é legal, a redução dos custos tributários se consagrem e, por 
conseqüência, a entidade possa atingir a eficácia no seu resultado global.
Responsabilidadedo Controller no Gerenciamento dos Tributos
Mais do que qualquer outro profissional da área administrativa ou financeira, o Controller 
precisa conhecer com grande profundidade a legislação tributária. Eventuais falhas mais 
relevantes na interpretação ou aplicação das normas tributárias pode acarretar ao Controller:
•	Perda do prestígio profissional;
•	Ser responsabilizado a indenizar o empresário por possíveis prejuízos que causar no 
exercício profissional, de acordo com o que preceitua o artigo 2º da Organização Jurídica 
da Profissão Contábil, do Conselho Regional de Contabilidade.
Qualquer que seja a forma de tributação escolhida pela empresa, pode-se verificar que a falta 
de um planejamento estratégico tributário pode deixar a empresa em uma deficiência de caixa 
e, conseqüentemente, mal preparada para investimentos futuros.
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O Controller deve estar sempre sintonizado com as mudanças econômicas e tributárias, 
trabalhando com o presente, revendo o passado e analisando o futuro.
Para a obtenção do êxito na atividade de planejamento tributário, o controller necessita ter 
sólidos conhecimentos sobre:
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Unidade: Planejamento Tributário – Parte II
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