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Direito Processual Penal COMPETÊNCIA III Da Conexão Prof. M.Sc. Adriano Barbosa Delegado de Polícia Federal Doutrina referência para a nossa aula: • Guilherme NUCCI - Código de Processo Penal Comentado. • Norberto AVENA – Processo Penal Esquematizado. • Nestor TÁVORA e Fábio ROQUE – Código de Processo Penal para Concursos. • Renato BRASILEIRO – Manual de Processo Penal. Introdução Na verdade, a conexão e a continência não são critérios para a fixação da competência. Elas constituem formas de modificação da competência, ensejando a sua prorrogação. Assim, quando se observa um vínculo entre dois delitos (conexão) ou quando uma conduta está contida na outra (continência), estabelece o CPP que deve haver um só processo. Em tais casos, como deve haver uma só ação penal e julgamento, o CPP estabelece algumas regras para que a competência de um juízo prevaleça sobre os demais, julgando o delito que seria de sua competência e também as outras. Por isso, em relação a esta infração penal estará havendo prorrogação da competência. Conexão Para a incidência da conexão deve-se estar diante de duas ou mais infrações penais, evento que não ocorre na continência. Essas duas ou mais infrações devem estar enlaçadas por um dos vínculos trazidos no art. 76 do CPP. Art. 76. A competência será determinada pela conexão: I - se, ocorrendo duas ou mais infrações, houverem sido praticadas, ao mesmo tempo, por várias pessoas reunidas, ou por várias pessoas em concurso, embora diverso o tempo e o lugar, ou por várias pessoas, umas contra as outras; II - se, no mesmo caso, houverem sido umas praticadas para facilitar ou ocultar as outras, ou para conseguir impunidade ou vantagem em relação a qualquer delas; III - quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas circunstâncias elementares influir na prova de outra infração. Conexão Intersubjetiva Conexão Intersubjetiva - art. 76, I, CPP. I - se, ocorrendo duas ou mais infrações, houverem sido praticadas, ao mesmo tempo, por várias pessoas reunidas, ou por várias pessoas em concurso, embora diverso o tempo e o lugar, ou por várias pessoas, umas contra as outras; Nesta modalidade, as duas ou mais infrações são praticadas por duas ou mais pessoas, sendo que o vínculo entre os delitos reside justamente nisso. A conexão intersubjetiva pode se dar em razão da simultaneidade, do concurso ou da reciprocidade. Conexão intersubjetiva por simultaneidade ou ocasional - Art. 76, I, CPP. I - se, ocorrendo duas ou mais infrações, houverem sido praticadas, ao mesmo tempo, por várias pessoas reunidas, ou por várias pessoas em concurso, embora diverso o tempo e o lugar, ou por várias pessoas, umas contra as outras; Aqui os criminosos praticam os delitos ao mesmo tempo, porém, sem que haja prévio ajuste entre eles. Exemplo clássico: torcedores, inconformados com a marcação de pênalti contra seu time, invadem o campo e praticam agressões contra a equipe de arbitragem. Conexão Intersubjetiva por Concurso - Art. 76, I, CPP. I - se, ocorrendo duas ou mais infrações, houverem sido praticadas, ao mesmo tempo, por várias pessoas reunidas, ou por várias pessoas em concurso, embora diverso o tempo e o lugar, ou por várias pessoas, umas contra as outras; Sempre que duas ou mais pessoas praticam dois ou mais delitos em concurso, pouco importando que ocorram em momento e locais diversos. Exemplo clássico: integrantes de uma facção criminosa com liame subjetivo promovem orquestradamente diversos roubos em diferentes bairros de uma cidade. Conexão intersubjetiva por reciprocidade - Art. 76, I, CPP. I - se, ocorrendo duas ou mais infrações, houverem sido praticadas, ao mesmo tempo, por várias pessoas reunidas, ou por várias pessoas em concurso, embora diverso o tempo e o lugar, ou por várias pessoas, umas contra as outras; É o que ocorre, por exemplo, no caso de lesões corporais recíprocas. Exemplo: indivíduo agride outro causando-lhe lesões e é contido. Em seguida, a vítima desfere-lhe um soco pelas costas, provocando-lhe também lesões. Em tal cenário há dois crimes perpetrados por duas pessoas, uma contra a outra. O Crime de Rixa não se adéqua a essa hipótese de conexão intersubjetiva por reciprocidade. O delito do art. 137, CP é crime único praticado ao mesmo tempo por três ou mais pessoas, configurando exemplo de continência. ATENÇÃO Conexão Objetiva Conexão Objetiva, Material ou Lógica - art. 76, II, CPP. II - se, no mesmo caso, houverem sido umas praticadas para facilitar ou ocultar as outras, ou para conseguir impunidade ou vantagem em relação a qualquer delas; O vínculo de uma infração está na motivação de uma delas que a relaciona à outra. Tal conexão pode ser teleológica ou consequencial. Conexão Objetiva Teleológica II - se, no mesmo caso, houverem sido umas praticadas para facilitar ou ocultar as outras, ou para conseguir impunidade ou vantagem em relação a qualquer delas; Nessa hipótese, o vínculo encontra-se na motivação do primeiro delito em relação ao segundo. Exemplo: matar o segurança para sequestrar o dignitário. Conexão Objetiva Consequencial Abrange 03 hipóteses e em todas elas o vínculo está na motivação do segundo delito em relação ao primeiro. I - Quando uma infração for cometida visando ocultar outra. II - se, no mesmo caso, houverem sido umas praticadas para facilitar ou ocultar as outras, ou para conseguir impunidade ou vantagem em relação a qualquer delas; A finalidade do agente delituoso é que as autoridades não descubram a existência do delito anterior. Exemplo: após matar uma pessoa, o agente joga o corpo em um rio amarrado a uma pedra. Em tal caso, o crime de ocultação de cadáver, cf. art. 211, CP, foi levado a efeito para ocultar o delito de homicídio. II - Quando uma infração for praticada para conseguir a impunidade de outra. II - se, no mesmo caso, houverem sido umas praticadas para facilitar ou ocultar as outras, ou para conseguir impunidade ou vantagem em relação a qualquer delas; A intenção é afastar a aplicação da lei penal referente à infração anterior. Exemplo: ameaçar testemunha para que não seja reconhecido em juízo pelo crime de roubo que está sendo processado. Em tal caso, o delito de coação no curso do processo, cf. art. 344, CP, foi praticado a fim de obter a impunidade do roubo. III - Quando uma infração for realizada para assegurar a vantagem de outra. II - se, no mesmo caso, houverem sido umas praticadas para facilitar ou ocultar as outras, ou para conseguir impunidade ou vantagem em relação a qualquer delas; A finalidade é garantir o proveito auferido com a prática delituosa anterior. Exemplo: o autor do furto de um carro o deixa estacionado em local proibido. Incontinenti, percebe que um agente de trânsito está guinchando o veículo. O criminoso, então, mata o agente de trânsito para recuperar o carro furtado. Direito Processual Penal Muito obrigado! Até a próxima. Prof. M.Sc. Adriano Barbosa Delegado de Polícia Federal
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