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N o e m i B o r ge s A n d r a d e P R O B .1 Pediatria 1 FLUXOGRAMA PARA O ATENDIMENTO AO RECÉM-NASCIDO A TERMO E COM BOA VITALIDADE 1) Avaliação da vitalidade ao nascer Imediatamente após o nascimento, a necessidade de reanimação depende da avaliação rápida de quatro situações referentes à vitalidade do concepto, sendo feitas as seguintes perguntas: • Gestação a termo? • Ausência de mecônio? • Respirando ou chorando? • Tônus muscular bom? SE A REPOSTA DO FOR SIM A TODAS AS PERGUNTAS, CONSIDERA-SE O RN COM BOA VITALIDADE E NÃO NECESSITA DE MANOBRAS DE REANIMAÇÃO A determinação da necessidade de reanimação depende da avaliação simultânea de 2 sinais: Respiração e Frequencia cardíaca (FC) FC é o principal determinante da decisão de indicar as diversas manobras de reanimação. Logo após o nascimento, o RN deve respirar de maneira regular e suficiente para manter a FC acima de 100bpm. A FC é avaliada por meio da ausculta do precórdio com estetoscópio, podendo eventualmente ser verificada pela palpação do pulso na base do cordão umbilical. Tanto a ausculta precordial quanto a palpação do cordão podem subestimar a FC. OBS: A avaliação de cor da pele e das mucosas do RN não é mais utilizada. Estudos têm mostrado que a avaliação da cor das extremidades, do tronco e das mucosas é subjetiva e não tem relação com a saturação de oxigênio ao nascimento. Além disso, RN com esforço respiratório e FC adequados podem demorar alguns minutos para ficarem rosados. Nos RNs que não precisam de procedimentos de reanimação ao nascer, a saturação de oxigênio com um minuto de vida situa-se ao redor de 60% – 65%, só atingindo valores de 87% – 92% no quinto minuto de vida. O boletim de Apgar não deve ser utilizado para determinar o início da reanimação nem as manobras a serem instituídas no decorrer do procedimento. No entanto, sua aferição longitudinal permite avaliar a resposta do RN às manobras realizadas e a eficácia dessas manobras. Se o escore é inferior a sete no quinto minuto, recomenda-se sua aplicação a cada cinco minutos, até 20 minutos de vida. O RN a termo com boa vitalidade deve ser secado e posicionado sobre o abdome da mãe ou ao nível da placenta por, no mínimo, um minuto, até o cordão umbilical parar de pulsar (aproximadamente três minutos após o nascimento), para só então realizar- se o clampeamento. Após o clampeamento do cordão, o RN poderá ser mantido sobre o abdome e/ou tórax materno, usando o corpo da mãe como fonte de calor, garantindo-se que o posicionamento da criança permita movimentos respiratórios efetivos. O contato pele a pele imediatamente após o nascimento, em temperatura ambiente de 260 C, reduz o risco de hipotermia em RNs a termo que nascem com respiração espontânea e que não necessitam de ventilação, desde que cobertos com campos preaquecidos. Nesse momento, pode-se iniciar a amamentação SE A RESPOSTA FOR NÃO AS PERGUNTAS ANTERIORES, TEREMOS N o e m i B o r ge s A n d r a d e P R O B .1 2 2) Secar o RN e colocar sobre o abdome da mãe em decúbito ventral (contato pele a pele) 3) Esperar 1 a 3 minutos para ligar o cordão umbilical 4) Aplicar o Boletim de Apgar 1 minuto após o nascimento repetindo 5 minutos após o nascimento. 5) Estimular a amamentação dentro da 1ª hora de vida 6) Laqueadura do cordão umbilical. Fixar o clamp à distância de 2 a 3cm do anel umbilical, envolvendo o coto com gaze embebida em álcool etílico 70% ou clorexidina alcoólica 0,5%.11 Em RN de extremo baixo peso utiliza-se soro fisiológico. Verificar a presença de duas artérias e de uma veia umbilical, pois a existência de artéria umbilical única pode associar-se a anomalias congênitas. 7) Prevenção da oftalmia gonocócica pelo método de Credé. Retirar o vérnix da região ocular com gaze seca ou umedecida com água, sendo contraindicado o uso de soro fisiológico ou qualquer outra solução salina. Afastar as pálpebras e instilar uma gota de nitrato de prata a 1% no fundo do saco lacrimal inferior de cada olho. A seguir, massagear suavemente as pálpebras deslizando-as sobre o globo ocular para fazer com que o nitrato de prata banhe toda a conjuntiva. Se o nitrato cair fora do globo ocular ou se houver dúvida, repetir o procedimento. Limpar com gaze seca o excesso que ficar na pele das pálpebras. A profilaxia deve ser realizada na primeira hora após o nascimento, tanto no parto vaginal quanto cesáreo. 8) Antropometria. Realizar exame físico simplificado, incluindo peso, comprimento e os perímetros cefálico, torácico e abdominal. 9) História Materna + Exame Físico completo 9) Prevenção do sangramento por deficiência de vitamina K. Administrar 1mg de vitamina K1 por via intramuscular ou subcutânea ao nascimento. 10) Detecção de incompatibilidade sanguínea materno-fetal. Coletar sangue da mãe e do cordão umbilical para determinar os antígenos dos sistemas ABO e Rh. Não é necessário realizar o teste de Coombs direto de rotina. No caso de mãe Rh negativo, deve-se realizar pesquisa de anticorpos anti-D por meio do Coombs indireto na mãe e Coombs direto no sangue do cordão umbilical. 11) Realização da sorologia para sífilis e HIV. Coletar sangue materno para determinar a sorologia para sífilis. Caso a gestante não tenha realizado sorologia para HIV no último trimestre da gravidez ou o resultado não estiver disponível no dia do parto, deve- se fazer o teste rápido para anti-HIV o mais breve possível, e administrar a zidovudina profilática antes do parto, caso o teste seja positivo. 12) Identificação do RN: O Estatuto da Criança e do Adolescente (artigo 10 do capítulo 1) regulamenta a identificação do RN mediante o registro de sua impressão plantar e digital e da impressão digital da mãe. Essa identificação é feita no prontuário. Pulseiras devem ser colocadas na mãe e no RN, contendo o nome da mãe, o registro hospitalar, a data e hora do nascimento e o sexo do RN. Os RNs estáveis devem permanecer com suas mães e ser transportados ao alojamento conjunto. Caso haja a necessidade de transporte do RN para outra unidade neonatal, ele sempre deve ser mostrado à mãe novamente, antes do transporte. Cuidados de rotina após a estabilização clínica do RN na sala de parto Quando as condições clínicas do RN forem satisfatórias, os seguintes procedimentos devem ser realizados em sequência: N o e m i B o r ge s A n d r a d e P R O B .1 3 • Laqueadura do cordão umbilical. Fixar o clamp à distância de 2 a 3cm do anel umbilical, envolvendo o coto com gaze embebida em álcool etílico 70% ou clorexidina alcoólica 0,5%.11 Em RN de extremo baixo peso utiliza-se soro fisiológico. Verificar a presença de duas artérias e de uma veia umbilical, pois a existência de artéria umbilical única pode associar-se a anomalias congênitas. • Prevenção da oftalmia gonocócica pelo método de Credé. Retirar o vérnix da região ocular com gaze seca ou umedecida com água, sendo contraindicado o uso de soro fisiológico ou qualquer outra solução salina. Afastar as pálpebras e instilar uma gota de nitrato de prata a 1% no fundo do saco lacrimal inferior de cada olho. A seguir, massagear suavemente as pálpebras deslizando-as sobre o globo ocular para fazer com que o nitrato de prata banhe toda a conjuntiva. Se o nitrato cair fora do globo ocular ou se houver dúvida, repetir o procedimento. Limpar com gaze seca o excesso que ficar na pele das pálpebras. A profilaxia deve ser realizada na primeira hora após o nascimento, tanto no parto vaginal quanto cesáreo. • Antropometria. Realizar exame físico simplificado, incluindo peso, comprimento e os perímetros cefálico, torácico e abdominal.• Prevenção do sangramento por deficiência de vitamina K. Administrar 1mg de vitamina K1por via intramuscular ou subcutânea ao nascimento. • Detecção de incompatibilidade sanguínea materno-fetal. Coletar sangue da mãe e do cordão umbilical para determinar os antígenos dos sistemas ABO e Rh. Não é necessário realizar o teste de Coombs direto de rotina. No caso de mãe Rh negativo, deve-se realizar pesquisa de anticorpos anti-D por meio do Coombs indireto na mãe e Coombs direto no sangue do cordão umbilical. • Realização da sorologia para sífilis e HIV. Coletar sangue materno para determinar a sorologia para sífilis. Caso a gestante não tenha realizado sorologia para HIV no último trimestre da gravidez ou o resultado não estiver disponível no dia do parto, deve- se fazer o teste rápido para anti-HIV o mais breve possível, e administrar a zidovudina profilática antes do parto, caso o teste seja positivo. • Identificação do RN: O Estatuto da Criança e do Adolescente (artigo 10 do capítulo 1) regulamenta a identificação do RN mediante o registro de sua impressão plantar e digital e da impressão digital da mãe. Essa identificação é feita no prontuário. Pulseiras devem ser colocadas na mãe e no RN, contendo o nome da mãe, o registro hospitalar, a data e hora do nascimento e o sexo do RN. Os RNs estáveis devem permanecer com suas mães e ser transportados ao alojamento conjunto. Caso haja a necessidade de transporte do RN para outra unidade neonatal, ele sempre deve ser mostrado à mãe novamente, antes do transporte. Assistência ao RN com necessidade de reanimação 1-PASSOS INICIAIS: deve ser realizadas no máximo 30 segundos • Prover calor. • Posicionar a cabeça em leve extensão. • Aspirar vias aéreas, se houver excesso de secreções. • Secar e desprezar os campos úmidos (se RN >1.500g). • Reposicionar a cabeça, se necessário. Critérios e Princípios de Alojamento Conjunto e os Teste de Triagem Conceito: é um sistema hospitalar em que o RN sadio, logo após o nascimento, N o e m i B o r ge s A n d r a d e P R O B .1 4 permanece ao lado da mãe 24 horas por dia, no mesmo ambiente até a alta hospitalar. Objetivo: consiste na assistência hospitalar prestada à puérpera e ao recém- nascido juntos, simultaneamente, colocados lado a lado no pós parto. A mãe é estimulada a amamentar e cuidar de sua criança tão logo quanto possível com o objetivo principal de proporcionar e fortalecer o vínculo mãe-filho e favorecer o aleitamento materno. Vantagens: ■ Incentivar e facilitar o Aleitamento Materno; ■ Estimular o vínculo afetivo mãe-filho; ■ Reduzir a ansiedade da mãe ou pai; ■ Favorecer as orientações sobre os cuidados com recém-nascido e aleitamento materno; ■ Diminuir o risco de infecção hospitalar; ■ Manter intercâmbio biopsicossocial entre a mãe, a criança e os demais membros da família; ■ Favorecer e estimular a interação da equipe interdisciplinar de saúde nos seus diferentes níveis; ■ Facilitar o encontro da mãe com pediatras por ocasião das visitas médicas para o exame do recém-nascido possibilitando a troca de informações entre ■ ambos; ■ Estimular a participação do pai no cuidado com recémnascido; ■ Permite a observação constante do recém-nascido pela mãe. Recursos Necessários: Os Hospitais são obrigados a manter Alojamento Conjunto, possibilitando ao neonato a permanência junto à mãe. Os recursos para implantação são: 1. Recursos Humanos A equipe multiprofissional que vai prestar cuidados ao binômio mãe-filho, de rotina e de plantão, respeitando o nível de complexidade, deve ser composta de: a. Médicos, pediatras e obstetras; b. Enfermeiros; c. Técnicos e Auxiliares de Enfermagem; d. Assistente Social, psicólogo, fonoaudiólogo e nutricionistas, entre outros. 2. Recursos Físicos Os quartos e/ou enfermarias devem obedecer a certo padrão, com tamanho adequado para acomodar a dupla mãe- filho, sendo a área convencionalmente estabelecida de 5 metros para cada conjunto leito materno/berço. 3. Recursos Materiais Na área destinada a cada binômio mãe-filho serão disponibilizados: cama, mesinha de cabeceira, berços, cadeiras e material de asseio. Para cada enfermaria são necessários: a. 01 lavatório; b. 01 recipiente com tampa para recolhimento de roupas usadas. Critérios: - De INCLUSÃO: 1. Em relação à mãe: deve haver ausência de patologia que contra indique ou impossibilite o contato com o recém- nascido. A mãe deve ser orientada sobre Alojamento Conjunto durante o Pré-natal. 2. Em relação ao recém-nascido: deve haver boa vitalidade, capacidade de sucção, controle térmico ou a critério de um elemento da equipe de saúde. Considera-se com boa vitalidade o recém-nascido com mais de 2.000 Kg, mais de 35 semanas de gestação e Índice de Apgar igual ou superior a 7 no primeiro minuto de vida. - De EXCLUSÃO: ■ Apgar abaixo de 7 no primeiro e quinto minuto de vida; ■ Recém-nato com peso acima de percentil 90 ou abaixo de percentil para a idade gestacional; ■ Malformação que impeça a amamentação; ■ Recém-nato de mãe diabética; ■ Icterícias precoces; ■ Patologias diagnosticadas ao exame imediato. N o e m i B o r ge s A n d r a d e P R O B .1 5 Plano de Cuidados: 1.Norma: O recém-nascido sadio deverá permanecer em Alojamento Conjunto desde o nascimento, independente da via do parto. 2. Norma: Devem permanecer no Alojamento Conjunto os recém-nascidos em boas condições de sugar e de serem cuidados por suas mães. Em situação de Parto Normal: a. No 1º momento, a enfermagem faz os cuidados e orienta a mãe e o pai sobre os cuidados para o recém-nascido e aleitamento materno; b. No 2º momento, a mãe faz os cuidados sob supervisão da enfermagem e são reforçadas as orientações sobre aleitamento materno, descida do leite e cuidados com o recém-nascido. Em caso de Parto Cesárea: a. No 1º momento, a enfermagem faz os cuidados e orienta a mãe e pai; b. No 2º momento, a enfermagem ajuda a mãe a fazer os cuidados e reforça as orientações de cuidados com o recém- nascido e aleitamento materno; c. No 3º momento, a mãe faz os cuidados sob a supervisão da enfermagem e são reforçadas as orientações sobre os cuidados com o recém-nascido, aleitamento materno e descida do leite. O enfermeiro do setor fica responsável pela administração do nitrato de prata a 10% em cada olho tanto nos partos vaginais como cesáreas e pela aplicação da Vitamina K 0,1ml via intramuscular no vasto lateral da coxa esquerda para todos os partos. 3. Norma: O “Alojamento Conjunto” não é um método de assistência utilizado para economizar pessoal de enfermagem, pois tem um alto conteúdo educativo que deve ser considerado prioritário. 5. Norma: a pesagem do recém-nascido deve ser diária. 6. Norma: O exame clínico do recém- nascido deve ser feito em seu próprio berço ou no leito materno. Procedimentos mais complexos deverão ser feitos na sala de apoio. 7. Pais não são considerados como visitas, são estimulados a permanecer com o binômio e participar do sistema de Alojamento Conjunto. Assim como o pai deve participar, permitir a entrada dos filhos da puérpera, acima de 1 ano de idade. Casos excepcionais devem ser tratados com especificidade, devendo receber uma orientação personalizada para visita ao serviço. 8. As atribuições da equipe de saúde deverão ser enfatizadas, facilitadas e cobradas. São elas: Preparar a gestante no pré-natal para o sistema de Alojamento Conjunto; Encorajar o Aleitamento Materno sobre livre demanda; Não dar ao recém-nascido nenhum outro alimento ou bebida além do aleitamento materno; Não dar bicos artificiais ou chupetas às crianças amamentadas ao seio;e. Proibir que mães amamentem outros recém-nascidos que não os seus (amamentação cruzada); Realizar visitas diárias às puérperas, esclarecendo e dando segurança à mãe quanto ao seu estado e ao de seu filho; 9. Norma: As altas preferencialmente não deverão ser dadas antes de 48 horas, considerando o alto teor educativo inerente ao sistema de “Alojamento Conjunto “, e ser este um período importante na detecção de patologias neonatais. Realizar as triagens neonatais obrigatórias antes da alta. 10. A colocação do recém-nascido junto à mãe de forma descontínua não oferece as vantagens citadas e não é, por definição, considerada como “Alojamento Conjunto”. Testes de Triagem: São os chamados exames da triagem neonatal: N o e m i B o r ge s A n d r a d e P R O B .1 6 TESTE DO PEZINHO Esse procedimento é uma das principais formas de diagnosticar várias doenças que, quanto mais cedo forem identificadas, melhores são as chances de tratamento. No SUS são diagnosticadas seis doenças: fenilcetonúria, hipotireoidismo congênito, doença falciforme e outras hemoglobinopatias, fibrose cística, deficiência de biotinidase e hiperplasia adrenal congênita. É preciso estar atento ao prazo ideal para a realização do Teste do Pezinho. A família deve levar o recém-nascido a uma unidade básica de saúde, preferencialmente, entre o 3° e o 5° dia de vida. O SUS ainda garante o atendimento com médicos especialistas para todos os pacientes triados TESTE DO OLHINHO O nome técnico para este procedimento é Teste do Reflexo Vermelho, mas ele é conhecido também como Teste do Olhinho. É um teste simples, rápido e indolor, que consiste na identificação de um reflexo vermelho que aparece quando um feixe de luz ilumina o olho do bebê. O fenômeno é semelhante ao observado nas fotografias. O Teste do Olhinho pode detectar qualquer alteração que cause obstrução no eixo visual, como catarata, glaucoma congênito e outros problemas. O diagnóstico precoce pode possibilitar o tratamento no tempo certo e garantir o desenvolvimento normal da visão. A recomendação é que o Teste do Olhinho seja feito pelo médico logo que o bebê nasce. Se isso não acontecer, o teste deve ser feito logo na primeira semana de vida do bebê, na consulta de acompanhamento médico. Depois disso, continua sendo importante nas consultas regulares de avaliação da criança, pelo menos duas a três vezes ao ano, nos três primeiros anos de vida. Se o pediatra encontrar algum problema, vai encaminhar a criança para avaliação do oftalmologista TESTE DA ORELHINHA Entre os procedimentos realizados ainda na maternidade, logo após o nascimento do bebê, está a Triagem Neonatal Auditiva ou Teste da Orelhinha. O teste é feito, preferencialmente, entre 24h e 48h de vida do bebê e identifica possíveis problemas auditivos no recém-nascido. O teste deve ser feito nas maternidades. Se não for realizado na maternidade, a criança deverá ser encaminhada para a Unidade Básica de Saúde e, posteriormente, encaminhada à atenção especializada em saúde auditiva para a realização do diagnóstico, exames, concessão do aparelho auditivo, reabilitação e acompanhamento. Desde 2010 é determinado por lei que nenhuma criança saia da maternidade sem ter feito o teste, que é gratuito. As crianças nascidas fora do ambiente hospitalar devem fazê-lo antes de completarem 3 meses de vida. O Teste da Orelhinha é realizado com o bebê dormindo, em sono natural, é indolor e não machuca, não precisa de picadas ou sangue do bebê, não tem contraindicações e dura em torno de 10 minutos. TESTE DO CORAÇÃOZINHO O Teste do Coraçãozinho consiste em medir a oxigenação do sangue do recém-nascido com o auxílio de um oxímetro - espécie de pulseirinha, na mão e no pé do bebê. Caso algum problema seja detectado, o bebê é encaminhado para fazer um ecocardiograma. Se o resultado apresentar alterações, o bebê é encaminhado para um centro de referência em cardiopatia para tratamento. Problemas no coração são a terceira maior causa de morte em recém-nascidos. Por isso, quanto mais cedo for diagnosticado, melhores são as chances do tratamento. Todo bebê tem direito de realizar o Teste de Coraçãozinho ainda na maternidade, entre 24h e 48h após o nascimento. O teste é simples, gratuito e indolor N o e m i B o r ge s A n d r a d e P R O B .1 7 ESCALAS DE AVALIAÇÃO DE VITALIDADE NEONATAL (APGAR) DE IDADE GESTACIONAL (BALLARD, NEW BALLARD E CAPURRO ESCALA APGAR: O escore de Apgar, também chamado de índice ou escala de Apgar, é um dos métodos mais utilizados para a avaliação imediata do recém-nascido (RN), sendo realizado, principalmente, no primeiro e no quinto minutos de vida. O teste foi desenvolvido pela Dra. Virginia Apgar, médica norte-americana, responsável pela criação do que viria a ser a neonatologia, para avaliar 5 sinais objetivos do recém-nascido, sendo atribuído, a cada sinal, uma pontuação de 0 a 2. SINAIS: Os sinais avaliados são: coloração da pele, pulso, irritabilidade reflexa, esforço respiratório, tônus muscular, conforme mostra a tabela. O somatório da pontuação (no mínimo 0 e no máximo 10) resultará no Escore de Apgar. Interpretação: de 0 a 3 – Asfixia grave de 4 a 6 – Asfixia moderada de 7 a 10 – Boa vitalidade, boa adaptação O resultado do primeiro minuto geralmente está relacionado com o pH do cordão umbilical e traduz asfixia intraparto. Já o Apgar do quinto minuto se relaciona com eventuais sequelas neurológicas. Além disso, escore menor que 7 é indicativo de asfixia perinatal. O escore deixou de ser usado com o objetivo de determinar a reanimação neonatal e passou a ser usado para avaliar a resposta do RN às manobras realizadas. ESCALA DE CAPURRO: Realizado após o nascimento da criança, o método ou escore de Capurro avalia o desenvolvimento de cinco fatores para determinar a idade gestacional do recém- nascido, são eles: textura da pele, pregas plantares, glândulas mamárias, formação do mamilo e formação da orelha. Para a formação da orelha, o parâmetro auricular, ele avalia em uma escala de 0, 8,16 e 24. 0. Quando ela é totalmente plana. 8. Quando a metade do borde superior está curva. 16. Quando está curva em todo o borde superior 24. Quando toda a orelha já está curvada. Para o tamanho da glândula mamaria, vai avaliar em uma escala de 0, 5, 10 e 15. 0. Quando não palpa nada de glândula mamaria. 5. Quando é palpável e menor que 5 mm. 10. Quando tem entre 5 e 10 mm. 15. Quando é maior que 10 mm. Para a formação do mamilo. Avalia em uma escala de 0, 5, 10 e 15. 0. Quando é apenas visível, mas não tem nada de relevo. N o e m i B o r ge s A n d r a d e P R O B .1 8 5. Quando percebe aréola lisa, aréola pigmentada e com diâmetro menor que 75 mm. 10. Quando percebe aréola pigmentada, pontiaguda, com diâmetro menor que 75 mm e borda não elevada. 15. Quando percebe a borda elevada, diâmetro maior que 75 mm. Para avaliar a textura da pele, é utilizada uma escala de 0, 5, 10, 15 e 20. 0. Quando é muito fina. 5. Quando a pele é fina e lida 10. Quando ela é mais grossa e tem uma discreta descamação superficial. 15. Quando a pele já está mais grossa e a descamação já está mais gradual e aparecendo em mãos e pés. 20. Quando a pele está mais grossa e com descamação, fissuras e rugas profundas . Para avaliar pregas plantares e pé, é utilizada uma escala de 0, 5, 10, 15 e 20. 0. Planta lisa 5. Quando há marcas mal definidas sobre a parte anterior. A planta e sulco do pé pouco definida. 10. Marcas bem definidas e sulcos 1/3 definidos. 15. Sulcos definidos na metade anterior da planta. 20. Sulcos definidos em mais da metade de planta.Ao avaliar, essas escalas são somadas e o total delas é somado com 204. Esse valor é dividido por 7 e aí estará a IG. Se a Idade gestacional der: Menor que 32 semanas, é prematuro extremo. De 32 a 34 semanas, prematuro médio 35 a 36 semanas, prematuro leve ou moderado. 37 a 41 semanas, a termo Maior de 42 semanas, pós termo. MÉTODO DE BALLARD Utilizam-se 6 parâmetros somáticos e 6 neurológicos. Esse método é simples, consome pouco tempo na sua execução e é aplicável em todos os recémnascidos, inclusive nos que estão em terapia intensiva. METODO DE NEW BALLARD: O New Ballard Score é um método rápido, aplicável e preciso de avaliação da Idade Gestacional de recém-nascido, sendo um preditor significativo de sobrevivência e para isso disponibiliza uma ferramenta precisa para avaliação da idade gestacional em recém-nascidos de muito baixo peso ao nascer. ICTERÍCIA NEONATAL É o acúmulo de pigmento bilirrubínico não- conjugado, a direta que é lipossolúvel. E por esse motivo de ser lipossolúvel ela pode entrar no sist. nervoso central e levar a encefalopatia bilierrubínica. Leva a coloração amarelada a pele e mucosas. EPIDEMIOLOGIA -60% dos RN a termo possuem icterícia neonatal -80% RN prematuro tardios -100% RN prematuros IG<35 semanas N o e m i B o r ge s A n d r a d e P R O B .1 9 -Icterícia persistente em 10% dos RN em aleitamento materno exclusivo, dura mais de uma ou duas semanas de vida. FISIOPATOLOGIA O que acontece com esse RN, é que ele sofre uma adaptação do metabolismo da bilirrubina. Durante o período fetal, ele produz a bilirrubina indireta, que por ser lipossolúvel era liberada pela placenta. A bilirrubina indireta é neurotóxica. Maior risco de lesão do neurônio nos quadros associados de asfixia, prematuridade, infecção. Quando ele nasce, se torna obrigado a produzir bilirrubina direta, que é hidrossolúvel para ser eliminada pelo sistema biliar e pelo trato gastro-intestinal. A bilirrubina direta elevada não é neurotóxica, porém é sinal de doença grave ( hepatite, atresia biliar, erro inato, fibrose cística) E é nessa adaptação que leva a icterícia neonatal. METABOLISMO DA BILIRRUBINA A bilirrubina é um pigmento que deriva do heme (originário da hemiglobina dos eritrócitos). Com isso o metabolismo da bilirrubina pode ser subdividido em captação, armazenamento, conjugação e secreção hepática, na qual se encontram enzimas cujas atividades podem ser alteradas causando processos patogênicos. Muitas hemácias se autodestroem no baço. Com a ruptura das hemácias e liberação da hemoglibina, esta é captada por macrófagos que a transformam em biliverdina, monóxido de carbono e ferro. A biliverdina ao ser convertida em bilirrubina livre pela biliverdina-redutase passa a ser liberada gradualmente dos macrófagos para o plasma, tal molécula é lipossolúvel, atravessa a barreira hematoencefálica. A afinidade da bilirrubina pelo tecido nervoso não conjugada concomitante às concentrações elevadas no sangue em recém-nascidos pode impregnar os gânglios da base, causando kernicterus. Para ser transportada no plasma esta bilirrubina liga-se à albumina, sendo chamada também de bilirrubina não conjugada ou indireta. Ao chegar no fígado, a mesma é captada por proteínas, chamadas ligandinas, até os hepatócitos onde em seguida são levadas ao retículo endoplasmático no qual são conjugadas pela ação da enzima UDP glicuroniltansferase formando um composto polar e hidrossolúvel que é a bilirrubina direta ou conjugada. A excreção desta ocorre através do polo biliar dos hepatócitos para então chegar ao intestino onde é desconjugada pela ação das glicuronidases bacterianas para formar o urobilinogênio que é excretado nas fezes, pequena porção é eliminada pela urina e , outra parte, volta par o fígado pelo sistema porta, constituindo o ciclo enterro-hepático da bilirrubina. No RN tanto a captação quanto a conjugação mostram-se ineficientes devido à imaturidade da ação tanto das ligadinhas como UDO glicuroniltransferase, a qual só atinge níveis similares aos do adulto entre a 6 e 14 semana de vida. Inclusive, a quantidade desta enzima aumenta quanto mais aumenta a maturidade fetal, o que faz com que após 40 semnas de idade gestacional seu valor seja 10 x maios do que em fetos com idades mais precoces. Além disso, a maior concentraão de hemoglobina e menor meia vida dos eritrócitos leva o RN a ter uma quantidade de bilirrubina duas vezes maios que o adulto. Outro fator que contribui para a maior quantidade de BI é o aumento da circulação enterro-hepática, decorrente de um trato gastrointestinal estéril, ou seja, com meno glicuronidases bacterianas e N o e m i B o r ge s A n d r a d e P R O B .1 10 também, devido a maior quantidade de beta-glicuronidase presente no leite materno. A bilirrubina advém do catabolismo das proteínas do heme. A fonte mais signifi cativa é a hemoglobina . Setenta e cinco por cento da bilirrubina no RN resultam da destruição dos glóbulos vermelhos senescentes em circulação, no sistema retículo-endotelial do fígado e baço. Um grama de hemoglobina produz 35 mg de bilirrubina. A bilirrubina não conjugada, não ionizada, lipofílica, ao atravessar as membranas celulares é tóxica, nomeadamente para as células do sistema nervoso central. Vinte e cinco por cento da bilirrubina resulta do catabolismo do heme livre, do heme tecidular e da eritropoiese inefi caz. No sistema reticulo-endotelial a bilirrubina é libertada para a circulação, onde se liga reversivelmente mas fortemente à albumina. Em condições fi siológicas só pequenas quantidades de bilirrubina circula livre. A bilirrubina é captada pelo hepatócito, transportada activamente para o sistema retículo-endotelial, onde é conjugada com o ácido glucorónico, tornando-se hidrossolúvel – bilirrubina conjugada, não tóxica para as células e sufi cientemente polar para ser excretada pelas vias biliares ou fi ltrada pelo rim. A bilirrubina conjugada uma vez no intestino não é absorvida e é eliminada como estercobilina e urobilinogéneo produzidos pelas bactérias intestinais. A escassa fl ora intestinal do RN deixa a bilirrubina conjugada disponível para a β- glucoronidase, enzima da bordadura em escova da parede intestinal, que a desconjuga, permitindo o retorno ao hepatócito (aumento da circulação entero- hepática). ICTERÍCIA A icterícia constitui-se em um dos problemas mais frequentes no período neonatal e corresponde à expressão clínica da hiperbilirrubinemia. Hiperbilirrubinemia é definida como a concentração sérica de bilirrubina indireta (BI) maior que 1,5mg/dL ou de bilirrubina direta (BD) maior que 1,5mg/dL, desde que esta represente mais que 10% do valor de bilirrubina total (BT). ICTERICIA FISIOLÓGICA Como dito, a icterícia que ocorre após as 24h de vida costuma estar mais relacionada com aqueles mecanismos ligados à imaturidade dos hepatócitos e todos aqueles outros fatores que naturalmente contribuem para hiperbilirrubinemia e, consequentemente a icterícia no RN. Tal icterícia nos RN a termo tem seu pico entre 3o-5o dia e desaparece até o 12o dia de vida, enquanto que nos pré-termo o pico é entre 5o-7o dia, desaparecendo em geral no 14o dia. N o e m i B o r ge s A n d r a d e P R O B .1 11 A avaliação por meio das zonas de Kramer permite estabelecer quanto está intensa a icterícia bem como sua correlação com os níveis de bilirrubina. Porém, alguns fatores de risco estão associados a maiores níveis de bilirrubina e devem ser levados em consideração tais como: descendência asiática, mãe com diabetes, hipóxia, coleções sanguíneas, clampeamento tardio de cordão. -A hiperbilirrubinemiaestá presente em cerca de 97% dos RNs de termo mas só 67% deles ficam ictéricos, isto é, acima de 5 mg/dl. Define-se como hiperbilirrubinemia fisiológica: 1) No RN de termo: aumento de bilirrubina nos primeiros 3 dias até 6-8 mg/dl, estando dentro dos limites fisiológicos se inferior a 12 mg/dl; 2) No RN PT: o valor máximo de bilirrubina pode ser de 10-12 mg/dl no 5º dia, podendo atingir 15 mg/dl sem nenhuma anomalia no metabolismo. A principal causa de hiperbilirrubinemia é o aumento da quantidade de bilirrubina que chega ao hepatócito. Outros factores importantes que contribuem para a icterícia fisiológica são a deficiente captação; deficiente conjugação, deficiente excreção biliar; presença de β-glucoronidase na bordadura em escova da parede intestinal contribuindo para o aumento da circulação entero-hepática. Os fatores genéticos também têm o seu papel. Os asiáticos e nativos americanos têm valores mais elevados de bilirrubina e concomitantemente maior incidência de Kernicterus. Por motivos desconhecidos o sexo masculino tem valores mais elevados de bilirrubina. Retirado do artigo: Em RNs de termo, sem factores de risco para hemólise, podemos encontrar hiperbilirrubinemia significativa (bilirrubina total é superior a 17 mg/dl), na primeira semana de vida pós-natal e manifestações neurológicas de kernicterus. Kernicterus define a alteração anatomopatológica do cérebro, com morte neuronal por deposição de pigmento de bilirrubina em áreas específicas, especialmente gânglios da base e cerebelo. Estruturas profundas, tais como os núcleos subtalâmicos, hipocampo e tronco cerebral, também podem ser afectados. Encefalopatia bilirrubínica define-se coma as manifestações clínicas da lesão do sistema nervoso central provocada pela bilirrubina. Abrange as manifestações precoces, ligeiras e reversíveis (letargia e alteração do tonus muscular) até às manifestações graves de lesão pela bilirrubina (opistótonus, convulsões e morte). Aleitamento materno Tal icterícia costuma acontecer na 1ª semana de vida associada a perda de peso no 3o dia de vida 5% maior do que dos outros neonatos em aleitamento materno, decorrente da ingestão inadequada do leite materno o que leva ao aumento da circulação enterro-hepática de bilirrubina e, consequentemente, maior aporte desta para a circulação sanguínea. Isso pode acontecer tanto por uma dificuldade na sucção pelo RN, como pouca oferta do leite pela mãe, vale ressaltar que, esse contexto leva tanto a perda de peso quanto desidratação do neonato. A icterícia chegar a ser bastante intensa, assim como os níveis de bilirrubina podem levar ao desenvolvimento da encefalopatia bilirrubínica. O leite materno passa a agir como modificador ambiental para genótipos que atuam tanto na captação, quanto na N o e m i B o r ge s A n d r a d e P R O B .1 12 conjugação da bilirrubina elevando o risco em até 22 vezes de chegar a valores de BT > 20mg/dl. O quadro clínico difere do anterior, pois neste caso há uma icterícia persistente desde a 1a semana de vida que se prolonga por 2-3 semanas, mas o RN não chega a perder peso ou desidratar, ao contrário, está em bom estado geral e com adequado ganho pondero-estrutural. O diagnóstico costuma ser feito por exclusão após afastar as causas patológicas de aumento de BI. Existe evidência recente que os RN com aleitamento materno exclusivo apresentam valores mais elevados de bilirrubina do que os RNs com leite de fórmula e portanto com risco aumentado de hiperbilirrubunemia significativa e Kernicterus. Numa revisão de 8000 RNs, os alimentados com leite materno têm um risco de 6 vezes superior de hiperbilirrubinemia superior a 15 mg/ dl em relação aos que são alimentados com leite de fórmula. A hiperbilirrubinemia nos RNs que fazem exclusivamente leite materno atinge o sue pico ao quinto dia e pode persistir por semanas a meses. Têm sido descritas duas identidades associadas ao aleitamento materno, baseadas na idade de aparecimento. Uma de início precoce, na 1ªsemana – Icterícia do aleitamento, com uma incidência de 12,9%. Outra de início depois da 1ªsemana e que persiste à terceira semana em 2-4 % dos RNs – Icterícia do leite materno.Se estas duas entidades são distintas ou a continuação do mesmo processo continua por esclarecer. A primeira está associada ao défice de aporte. O aleitamento materno está associado no início a um défice de aporte, à inibição da excreção hepática de bilirrubina e ao aumento da circulação entero-hepática. O défice de aporte aumenta a reabsorção intestinal de bilirrubina. Nos primeiros 3 a 5 dias o RN amamentado tem um aporte total de calorias que varia de 12 kcal/kg no 1ºdia até 66 kcal/kg às 72 horas. Há estudos que demonstram uma correlação positiva entre valores de bilirrubina >12,9 mg/dl e a perda de peso. Os estudos falharam na demonstração de factores de inibição presentes no leite materno, com consequente diminuição da conjugação e excreção hepática de bilirrubina. O aumento da circulação entero-hepática facilitada pelaβ- glucoronidase e o atraso na eliminação de mecónio nestes RNs são também causa da hiperbilirrubinemia do leite materno. No sentido de aumentodo aporte calórico e diminuição da circulação entero-hepática, as recomendações da Academia Americana de Pediatria para suplementação dos RNs amamentados é com leite de fórmula. A água ou glicose não diminuem os níveis de bilirrubina. A β-glucoronidase é uma enzima presente em várias células de tecidos e fluidos. O leite materno tem grandes quantidades desta enzima (7-8 vezes mais que os níveis séricos maternos). O leite de fórmula possui escassa quantidade. Os hidrolisados de caseína não a possuem e têm presente um inibidor da mesma – ácido L-aspártico. A associação dos casos de kernicterus e o aleitamento materno como fator de risco importante (dos casos registados até 25/01/02 no Registo de Kernicterus dos Estados Unidos da América, 98% eram amamentados), devem orientar os nossos esforços para a mãe que amamenta e o RN com aleitamento materno. INVESTIGAÇÃO DIAGNÓSTICA DA ICTERÍCIA A icterícia neonatal apresenta progressão cefalo caudal sendo possível avalia-la por meio das zonas de Kramer em que áreas ictéricas do corpo do neonato, avaliadas sob luz natural, são correlacionadas com valores médios de bilirrubina N o e m i B o r ge s A n d r a d e P R O B .1 13 No entanto, a avaliação por meio das zonas de Kramer não permite predizer a gravidade da elevação dos níveis de bilirrubina, assim como a análise pode variar muito a depender do tom de pele do RN. Com isso, têm sido desenvolvidos mecanismos de avaliar os níveis de BT de modo não invasivo como é o caso das medidas de bilirrubina transcutânea. Apesar de possuir o benefício de realizar uma boa verificação da BT independente da etnia, tal técnica ainda é muito onerosa para o sistema de saúde e, alguns estudos mostram que valores de BT > 13-15 mg/dL devem ser investigados por meio de bilirrubina sérica. Outra forma de avaliar os valores de bilirrubina é pelo método invasivo de coleta por meio do sangue do RN. Deste modo pode-se prever quais RN têm risco de desenvolver valores elevados na 1a semana de vida. Para avaliação deste risco um nomograma, conhecido como Nomograma de Buthani, foi construído baseados nos percentis 40, 75 e 95 com os valores de BT séricas colhidas do RN. FOTOTERAPIA: O sucesso da fototerapia depende da transformação fotoquímica da bilirrubina nas áreas expostas à luz. Essas reações alteram a estrutura da molécula de bilirrubina e permitem que os fotoprodutos sejam eliminados pelos rins ou pelo fígado sem sofrerem modificaçõesmetabólicas. Portanto, o mecanismo e a ação básica da fototerapia é a utilização de energia luminosa na transformação da bilirrubina em produtos mais hidrossolúveis. A bilirrubina absorve luz na região de 400 a 500 nm. A luz emitida nessa faixa penetra na epiderme e atinge o tecido subcutâneo. Dessa forma, somente a bilirrubina que está próxima à superfície da pele (até 2 mm) será afetada diretamenteO sucesso da fototerapia depende da transformação fotoquímica da bilirrubina nas áreas expostas à luz. Essas reações alteram a estrutura da molécula de bilirrubina e permitem que os fotoprodutos sejam eliminados pelos rins ou pelo fígado sem sofrerem modificações metabólicas. Portanto, o mecanismo e a ação básica da fototerapia é a utilização de energia luminosa na transformação da bilirrubina em produtos mais hidrossolúveis. A bilirrubina absorve luz na região de 400 a 500 nm. A luz emitida nessa faixa penetra na epiderme e atinge o tecido subcutâneo. Dessa forma, somente a bilirrubina que está próxima à superfície da pele (até 2 mm) será afetada diretamente. Dois mecanismos têm sido propostos para explicar a ação da fototerapia na redução dos níveis séricos de bilirrubina: a fotoisomerização e a fotooxidação Fotoisomerização Uma vez irradiada pela luz, a molécula de bilirrubina dá origem a dois tipos de isômeros: o geométrico ou configuracional e o estrutural ou lumirrubina. O isômero geométrico forma-se rapidamente e é reversível à molécula de bilirrubina que lhe deu origem. Contudo, sua excreção é extremamente lenta em RNs. A formação do isômero estrutural é mais lenta do que a do isômero geométrico; no entanto, esta reação, ao contrário daquela, é irreversível. A lumirrubina, por ser solúvel em água, é rapidamente excretada pela bile e - principalmente - pela urina do RN ictérico N o e m i B o r ge s A n d r a d e P R O B .1 14 em fototerapia sem a necessidade de conjugação. Fotooxidação Em ambiente aeróbico, uma pequena parte da molécula ativa de bilirrubina sofre processo de oxidação, levando à produção de complexos pirólicos solúveis em água e excretados na urina. A contribuição quantitativa da fotooxidação para a diminuição dos níveis séricos de bilirrubina - que parece ser pequena - ainda não está totalmente determinada. RESUMO: 1. Aumento da produção: • Hemólise – IMF (Rh e ABO) 2.Diminuição da conjugação e excreção: • Def. de Glucuronil transferase (UGT) • Imaturidade hepática • Asfixia • Icterícia pelo leite materno • Icterícia fisiológica 2. Aumento da circulação entero- hepática: • Retardo na eliminação de mecônio • Obstrução intestinal • Jejum prolongado AS ALTERAÇÕES DE PELE MAIS COMUNS NOS RECÉM-NASCIDOS: As lesões transitórias da pele do recém- nascido constituem grupo de alterações que evoluem em tempo menor de dois anos (geralmente em um mês). A incidência de cada uma delas se vincula às características da pele do neonato e às particularidades raciais e ambientais. Algumas das lesões transitórias têm, por si mesmas, alterações da barreira cutânea e estas são as que mais interessam neste trabalho. Lesões transitórias: 1-Vernix caseosa (substituto da barreira cutânea) É uma barreira mecânica para a colonização bacteriana. O material da matriz lipídica do vernix é não-laminar e a análise de seu componente lipídico revela a presença de ésteres de cera e colesterol, ceramidas, escaleno, triglicérides e fosfolipídios. As ceramidas encontradas no vernix são supostamente produtos do desenvolvimento do estrato córneo, enquanto o escualeno é um produto de origem sebácea. Apesar de que a sensação do vernix ser oleosa, sua composição contém apenas 10% de lipídios, enquanto que 80% é formada por água localizada em seu compartimento celular. Existe uma hipótese do funcionamento do vernix caseosa em que os fatores liberados da corticotrofina (CRF) desde a placenta ou do hipotálamo atuam para liberar hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) desde a glândula pituitária. A estimulação do córtex suprarrenal provocada pelo ACTH promove síntese e libertação de esteroides androgênicos (DHEA), que posteriormente se convertem em andrógenos ativos dentro da glândula sebácea. A produção do filme lipídico superficial (sebo), ao redor do folículo piloso, muda o gradiente transepidérmico de água, que facilita a cornificação da epiderme subjacente. A descamação dos corneócitos dentro da matriz lipídica superposta produz formação de vernix nativo verdadeiro. Durante o último trimestre da gravidez, a produção de vernix aumenta e associase com incremento da turbidez do líquido N o e m i B o r ge s A n d r a d e P R O B .1 15 amniótico ao se aproximar do termo gestacional. Observou-se associação entre a presença de turbidez do líquido amniótico e o amadurecimento fetal. Em estudos recentes, demonstrou-se in vitro que o surfactante pulmonar produz efeito de emulsificação e desprendimento do vernix. Estes achados apoiam a existência de mecanismo que opera in utero pelo qual interagem o amadurecimento pulmonar e o cutâneo dentro do ambiente fetal. O feto engole o líquido amniótico que contém o vernix em suspensão. A glutamina constitui mais de 20% do conteúdo de aminoácidos do vernix. A glutamina é um dos aminoácidos mais abundantes, tanto no plasma como no leite materno. É conhecido fator trófico para o desenvolvimento intestinal, sendo requerido geralmente pelas células de proliferação rápida, como as do epitélio intestinal e linfócitos 2-Eritema tóxico alérgico (Eritema neonatorum) Dermatose de origem desconhecida, mais frequente no recém-nascido a termo (50%), ocorre a partir do 1º ao 4º dia de vida, com máculas eritematosas de poucos milímetros a vários centímetros de diâmetro, com ou sem pequenas pápulas cor-de-rosa pálido ou amareladas (70% dos casos), e/ou vésicopústula de 1-2 mm rodeadas por halo eritematoso (30%), sobretudo no tronco superior. As lesões são assintomáticas, com duração de 2-3 dias, portanto, não necessitando tratamento. O diagnóstico é clínico; em caso de dúvida, pode-se realizar biópsia de pele, encontrando-se ao exame anatomopatológico infiltrado com eosinófilos e em outras ocasiões eosinofilia periférica. Confunde-se com melanose pustulosa neonatal transitória (anatomopatológico com neutrófilos), com candidíase e infecções virais. 3- Melanose pustulosa Causa desconhecida, apresenta-se desde o nascimento, na face e tronco com pústulas pequenas, flácidas e superficiais, que se rompem facilmente e formam crosta e colarete de escamas, deixam máculas hiperpigmentadas acastanhadas residuais. Dentre os principais diagnósticos diferenciais temos candidíase, eritema tóxico neonatal, escabiose, herpes. Persiste durante meses e não existe tratamento. 4-Miliária rubra Desenvolve-se quando os canais estreitos que transportam o suor para a superfície da pele ficam obstruídos. O suor retido provoca inflamação, que causa irritação (ardor), coceira e erupção cutânea caracterizada por pequenas saliências ou bolhas. Ocasionalmente, as bolhas podem causar dor. As brotoejas são mais comuns em climas quentes e úmidos e em pessoas que transpiram mais. N o e m i B o r ge s A n d r a d e P R O B .1 16 Observa-se a partir da segunda semana de vida, com pequenas vesículas superficiais. Dermatose ocasionada por obstrução dos condutos sudoríparos, por imaturidade das glândulas sudoríparas do neonato. Mais comum na época de calor ou após fototerapia. Ao melhorar, deixam descamação residual. Existem 3 tipos: cristalina, rubra e profunda. A forma cristalina ou sudamina ocorre em nível intracórneo ousubcórneo, com vesículas pequenas, transparentes, superficiais, sem halo inflamatório na frente e pele recoberta por pelos finos. Início 6-7 dias de vida. A forma rubra é decorrente da ruptura intraepidérmica do conduto, manifesta-se como pequenas pápulas eritematosas ou pápulo-vesículas. Às vezes, as vesículas transformam-se em pústulas (miliária pustulosa). As principais localizações são as áreas intertriginosas, mas também são observadas na face, couro cabeludo e ombros. O controle envolve evitar o calor, uso de roupas em excesso, banhos refrescantes e adicionar compressas de camomila. A miliária profunda ou pustulosa situa-se mais profundamente por obstrução (subdermo-epidérmico) do conduto sudoríparo e é muito rara no neonato. O diagnóstico diferencial se faz com eritema tóxico neonatal e herpes neonatal. 5-Impetigo Neonatal As lesões são pústulas e bolhas flácidas que aparecem principalmente ao redor do umbigo, área da fralda e dobras do pescoço e axila. Ocorre nas primeiras 2 semanas de vida, usualmente assintomáticas. Os estafilococos do grupo fagos II 3a, 3b, 55 e 71 são os mais associados a este quadro. O foco de infecção localiza-se distante (conjuntivite, onfalite) de onde se libera a exotoxina, que atua à distância produzindo descolamento da capa granulosa da epiderme por efeito direto sobre os desmossomas (toxina esfoliativa). O tratamento é à base de medidas gerais, como limpeza diária com água e sabão, antibióticos tópicos (mupirocina, ácido fusídico ou clioquinol 1-2% ). Em formas extensas, recomendase tratamento sistêmico, preferencialmente com dicloxacilina 50 mg/kg/dia. 6-Mancha Mongolica Mancha mongólica ocorre sobretudo em RN de raça negra e corresponde a agregados de melanócitos na derme, que se manifestam como máculas ou manchas azul acinzentadas geralmente localizadas nas nádegas ou na região sagrada. Quando se situam em outras localizações são denominadas de manchas mongólicas ectópicas. A patogénese é desconhecida embora pareça residir num defeito na migração das células pigmentadas da crista neural. As melanoses dérmicas podem também estar patentes nos nevos de Ito e de Ota, mas nestes casos não têm resolução espontânea. 7.Miliem Sebáceo Milium sebáceo são pequenos pontos brancos (menor que 1mm), localizados na base do nariz, queixo e fronte, devido à distensão e obstrução das glândulas sebáceas, decorrentes da ação do N o e m i B o r ge s A n d r a d e P R O B .1 17 estrógeno materno; desaparecem em poucas semanas. O milium se desenvolve quando minúsculos flocos de pele ficam presos em pequenas bolsas perto da superfície da pele. Embora possa se desenvolver em qualquer idade, é mais comum entre os recém-nascidos. Os pequenos caroços brancos aparecem mais comumente no nariz, no queixo ou nas bochechas do bebê. Em pessoas idosas, também ocorrem principalmente no rosto, mas podem surgir em qualquer lugar. Geralmente, o milium desaparece por conta própria dentro de algumas semanas em recém-nascidos, mas pode persistir em crianças mais velhas e adultos. Raramente, precisa ser removido. 8-Nevos Telangiectásicos Embora exista uma ampla variedade de nevos vasculares, é possível distinguir dois tipos: os angiomas planos, que se manifestam simplesmente como manchas na pele, e os angiomas protuberantes, que se evidenciam enquanto tumores proeminentes. Angiomas planos. Igualmente denominados nevos telangiectásicos, são originados por uma dilatação excessiva de alguns vasos sanguíneos superficiais, que provoca um aumento localizado do fluxo circulatório, o que proporciona o aparecimento de uma zona vermelha na pele. Normalmente, estão presentes desde o nascimento e, salvo raras excepções, não desaparecem com o passar do tempo. Embora existam vários tipos de angiomas planos, alguns são mais frequentes que outros. As denominadas manchas salmão são muito comuns, já que estão presentes em praticamente metade dos recém-nascidos e evidenciam-se através de manchas rosadas de forma irregular, com um tamanho que oscila entre poucos milímetros e alguns centímetros de diâmetro. Embora possam localizar-se em várias zonas do corpo, normalmente evidenciam-se na nuca e, com menor frequência, na fronte ou sobre as pálpebras. Costumam perder cor com o passar do tempo e podem chegar a desaparecer, sobretudo quando se situam na fronte. As que se evidenciam na nuca são mais persistentes e, ainda que possam perder cor ou reduzir de tamanho, são raros os casos em que desaparecem por completo. As denominadas manchas vinho do Porto, igualmente frequentes, mas não tanto como as anteriores, já estão presentes desde o nascimento. São manchas de cor mais escura e de tamanho variável, normalmente localizadas na face, pescoço ou membros. Embora estas manchas tenham a tendência para aumentar de tamanho durante algum tempo, mais cedo ou mais tarde, acabam por estabilizar, sem que a sua cor ou tamanho diminua ao longo da vida. 9- Impregnação de mecônio A Síndrome da Aspiração Meconial (SAM) possui alta taxa de morbimortalidade, sendo considerada uma das principais doenças respiratórias acometidas em neonatos a termo. Os recém-nascidos portadores da SAM irão apresentar impregnação meconial na pele, unhas e cordão umbilical. Podendo se apresentar de forma assintomática ou com sinais de desconforto respiratório, taquipnéia, retrações intercostais, cianose discreta, acidose respiratória ou metabólica, hipertensão pulmonar, encefalopatia hipóxico-isquêmica, ausência de vérnix e pele seca. 10- Equimoses São manchas comuns em recém-nascidos prematuros, relacionando-se a algum trauma sofrido durante o parto. N o e m i B o r ge s A n d r a d e P R O B .1 18 A ADAPTAÇÃO FISIOLÓGICA DA CIRCULAÇÃO CARDIOPULMONAR AO NASCIMENTO Circulação Sanguínea Neonatal: Com o nascimento, a expansão pulmonar associada ao aumento da pressão arterial de oxigênio leva uma dilatação do leito vascular pulmonar reduzindo bruscamente a resistência ao fluxo sanguíneo em um processo que se completa em torno de uma semana. Ao mesmo tempo, a retirada do lado placentário promove um aumento da resistência sistêmica: agora todo fluxo de VD é praticamente lançado no pulmão Á medida que a respiração é iniciada, a PO2 das pequenas arteríolas pulmonares aumenta, resultando em uma diminuição na resistência vascular pulmonar. A tensão de oxigênio aumentada, a distensão rítmica do pulmão e a produção de óxido nítrico, bem de prostaglandinas, têm um papel importante na queda da resistência vascular pulmonar ao nascer. A resistência vascular pulmonar cai abaixo da resistência do circuito sistêmico, resultando em uma inversão na direção do fluxo sanguíneo pelo ducto arterial e acentuado aumento no fluxo sanguíneo pulmonar. O fechamento funcional do ducto arterial começa logo após o nascimento. O ducto arterial geralmente permanece patente por 1 a 5 dias. Durante a primeira hora após o nascimento, há um pequeno shunt bidirecional, com a direção esquerda- direita predominando. Na maioria dos casos, o shunt direita-esquerda desaparece completamente em 8horas. Em paciente com hipóxia grave (ex: na sindrome de hipertensão pulmonar persistente do RN), a resistência vascular pulmonar permanece elevada, resultando na manutenção do shunt direita-esquerda. Embora o fluxo pelo ducto arterial em geral desapareça em torno do quinto dia de vida, o vaso não se fecha anatomicamente até o 7 a 14 dia de vida. Na vida fetal, o forame oval serve como uma valva unidirecional, desviando o sangue da veia cava inferior do átrio direito para o esquerdo. Ao nascer, devido as alterações na resistência vascular pulmonar e sistêmica e ao aumento na quantidade desangue que retorna pelas veias pulmonares para o átrio esquerdo, a pressão atrial eleva esquerda eleva-se acima da pressão do átrio direito. Isso fecha funcionalmente a membrana do forame oval, impedindo o fluxo de sangue através do septo. O forame oval permanece patente á passagem de um cateter em 10- 15% dos adultos, porém sem fluxo identificável. A hipertensão pulmonar persistente do RN é uma síndrome clínica que ocorre no RN a termo. O RN desenvolve taquipneia, cianose e hipertensão pulmonar durante as primeiras 8horas após nascimento. Esses bebês têm um shunt intenso direita- esquerda através do ducto arterial e ou forame oral por 3 a 7 dias devido á elevada resistência vascular pulmonar. A hipóxia e acidose progressivas irão levar á morte precocemente, a não ser que a resistência pulmonar passa ser reduzida. Os achados post mortem incluem aumento da espessura da camada média das arteríolas N o e m i B o r ge s A n d r a d e P R O B .1 19 pulmonares. O aumento da PaO2 alveolar com hiperventilação, alcalose, paralisia, administração de surfactante, ventilação de alta frequêncoa e inotrópicos cardíacos podem reverter processo. O óxido nítrico inalado dilata seletivamente a vasculatura pulmonar, produz uma melhora sustentada na oxigenação e tem resultado em melhores desfechos. No RN normal, a resistência vascular pulmonar e a pressão d artéria pulmonar continuam a cair durante as primeiras semanas de vida como resultado da desmusculrização das arteríolas pulmonares. Normalmente, são atingidos níveis adultos de resistência e pressão pulmonar em torno da 4 ate a 6 semana de via. Este é o momento em que tipicamente aparecem sinal de hiper circulação pulmonar associada a lesões com shunt esquerda-direita(defeito do septo ventricular ou defeito do septo atrioventricular). Adaptação Circulatória no RN Circulação fetal -> Circulação tipo adulto ● Fim do fluxo sanguíneo pela circulação placentária e vasos umbilicais ●Fechamento do ducto arterial, forame oval e ducto venoso ●Aumento da circulação pulmonar ●Aumento da resistência vascular sistêmica pela diminuição da circulação de baixa resistência EXPLANAR A FISIOPATOLOGIA DOS PRINCIPAIS FATORES QUE LEVAM À ASFIXIA PERINATAL Conceito: É uma injuria sofrida pelo feto ou pelo RN devida à má oxigenação (hipoxia) e/ou má perfusão (isquemia) de múltiplos órgãos. Associa-se a acidose láctica e, na presença de hipoventilação, a hipercapnia. Realizar um diagnóstico de asfixia perinatal bem fundamentado é de extrema importância. A Academia Americana de Pediatria reserva o termo asfixia para pacientes que apresentam os seguintes fatores associados: 1. Acidemia metabólica ou mista profunda (pH<7,0) em sangue arterial de cordão umbilical; 2. escore de Apgar de 0-3 por mais de 5 minutos; 3. manifestações neurológicas neonatais (ex: convulsões, coma ou hipotonia); 4. Disfunção orgânica multisistêmica Incidência: Varia em torno de 1-1,5% em vários centros e está correlacionada diretamente com a idade gestacional e o peso ao nascer. Acontece em 9% dos RN <36 semanas e em 0,5% dos > 36 semanas. Maior em RN a termo de mães diabéticas ou toxémicas. Independendo da idade gestacional, o RCIU e a apresentação pélvica aumentam a incidência de asfixia. Os RN pós-termo também são de alto risco. -Etiologia: Asfixia pode acontecer antes, durante ou após o parto; 90% dos casos ocorrem no período ante ou intraparto como consequência de uma insuficiência placentária. Fisiopatologia: Durante o trabalho de parto normal as contrações uterinas produzem diminuição do fluxo sanguíneo para a placenta num momento em que o consumo de oxigênio N o e m i B o r ge s A n d r a d e P R O B .1 20 da mãe e do feto está desenvolvido. A desidratação e a alcalose respiratória por hiperventilação, frequentes neste período, podem também propiciar diminuição do fluxo sanguíneo placentário. A convergência destes fatores considerados normais leva a uma queda da saturação fetal de oxigênio, porém o feto saudável resiste bem a este stress. Desacelerações tardias começam a acontecer quando a paO2 e a saturação fetal caem abaixo de 20mmHg e 31% respetivamente. Alterações ocorrentes neste período crítico, podem levar à asfixia fundamentalmente via quatro mecanismos: 1) Alterações da oxigenação materna 2) Diminuição do fluxo materno-placentário ou placento-fetal. 3) Alterações na troca gasosa a nível placentário ou a nível tecidual fetal. 4) Incremento nos requerimentos fetais de oxigênio. Na vigência de hipoxemia e isquemia o feto e o RN reagem inicialmente produzindo uma centralização do fluxo sanguíneo visando priorizar o aporte sanguíneo para o cérebro, o coração e as suprarrenais, em detrimento dos pulmões, intestino, fígado, rins, baço, osso, músculo esquelético e pele. Se o insulto persiste, cessam os movimentos respiratórios, acontece uma queda da frequência cardíaca e um leve aumento na pressão arterial para manter a perfusão cerebral. Este período se conhece como apneia primária. A administração de oxigênio suplementar e o estímulo tátil durante este período, levam ao reinício da respiração espontânea na maioria dos pacientes. Persistindo a asfixia, o RN desenvolve movimentos respiratórios profundos, semelhantes a suspiros (gasping), a frequência cardíaca continua a diminuir, a pressão arterial cai e o paciente se torna quase flácido. Os movimentos respiratórios tornam-se cada vez mais fracos, até o último suspiro, quando o RN entra em um período de apneia chamado de apneia secundária. Neste período a fc, a pressão arterial e a paO2 continuam a cair cada vez mais. Nesta fase o RN não responde à estimulação tátil e não reinicia a respiração espontânea. Quanto mais tempo ficar nesta fase maior o risco de lesão cerebral. Este período culmina com o óbito, a menos que a reanimação efetiva seja iniciada imediatamente. As sequelas mais frequentemente neurológicas, mas existe acometimento multiorgânico Acometimento Multiorgânico da Asfixia Perinatal Encefalopatia hipóxico-isquêmica É uma síndrome neurológica resultante da asfixia perinatal, por alteração de trocas gasosas placentárias ou alterações pulmonares pós-natais. Na situação de hipóxia, o feto inicialmente desvia sangue para cérebro, miocárdio e adrenais, diminuindo-o dos rins, pulmões, intestino e músculos. À medida que a hipóxia progride, a metabolização anaeróbica da glicose origina acidose, com queda da FC e PA e redução do fluxo sanguíneo cerebral. A hipóxia e a isquemia, por mecanismos citotóxicos que incluem glicólise anaeróbica, diminuição de ATP, entrada de sódio e cálcio na célula e liberação de glutamato e liberação de radicais livres e enzimas, levam à necrose celular. Aparelho cardiovascular ●Isquemia miocárdica transitória é freqüente, com sinais de insuficiência cardíaca predominantemente direita e insuficiência tricúspide (sopro de regurgitação). N o e m i B o r ge s A n d r a d e P R O B .1 21 ●Choque cardiogênico: decorrente de isquemia miocárdica global ou de necrose e ruptura dos músculos papilares. Clinicamente vemos sinais de choque com pulsos débeis, bulhas hipofonéticas, enchimento capilar pobre, dificuldade de acesso venoso, taquicardia ou bradicardia, etc. Aparelho respiratório : Os efeitos pulmonares incluem redução da síntese de surfactante, hemorragia pulmonar e, como causa importante de óbito, a hipertensão pulmonar persistente (diagnóstico diferencial com cardiopatia congênita cianótica). Aparelho urinário : Insuficiência renal por necrose tubular aguda devida a hipoperfusão e hipóxiarenal. Oligúria, anúria ou ainda hematúria. Pode haver bexiga neurogênica. Embora de origem central, cabe considerar também aqui a síndrome de secreção inadequado de hormônio antidiurético (SIHAD). Gastrintestinais : A isquemia e/ou hipoxemia da região mesentérica podem levar a distensão gástrica, resíduo gástrico bilioso ou sanguinolento, intolerância à alimentação, melena ou enterorragia. A complicação principal é a enterocolite necrosante. Pode acontecer insuficiência hepática de grau variável. Hematológicas: Coagulação intravascular disseminada que ocorre por lesão do endotélio dos vasos sangüíneos, diminuição da produção de fatores da coagulação por acometimento hepático e por plaquetopenia decorrente de isquemia da medula óssea. Pele :A pele é a primeira a ser comprometida na hipoperfusão por redistribuição de fluxo e às vezes ajuda no diagnóstico já na sala de parto. Pode apresentar palidez intensa, frialdade, enchimento capilar diminuído, áreas rosas de reperfusão enquanto outras áreas permanecem pálidas ou cianóticas. Metabólicas : -Hiperglicemia devida à descarga adrenérgica ou hipoglicemia por depleção das reservas de glicogênio durante o processo de asfixia com glicólise anaeróbia. -Hipocalcemia: Provavelmente decorrente do aumento da carga de fosfato endógeno secundário à lesão celular hipóxica. Manuseio do Paciente com Asfixia Perinatal: ●Identificação dos fatores de risco mediante cuidadosa história clínica antes do parto. ●Conhecer os métodos obstétricos de detecção do sofrimento fetal: retardo do crescimento, perfil biofísico fetal, eco- Doppler dos vasos do feto e da placenta, monitorização da freqüência cardíaca fetal nas contrações uterinas, pH fetal, etc. Isto tem por finalidade estar capacitados para participar ativamente das discussões com os obstetras. ●Reanimação na sala de parto seguindo as diretrizes do Capítulo Assistência ao RN na Sala de Parto ●Colocar em incubadora ou berço de calor radiante ●Cabeceira elevada (edema cerebral) , evitar a manipulação da cabeça (não acessar veias do couro cabeludo). Manter a cabeça na linha média, sem lateralizações forçadas que podem diminuir o retorno venoso unilateralmente. ●Oferecer um ambiente calmo, com o menor barulho possível. Embora poucas vezes considerado, o stress sonoro produz taquicardia, hipertensão e queda da saturação. ●Evitar a manipulação desnecessária. ●Acesso venoso central que permita medir a PVC se necessário. O cateterismo de artéria umbilical pode aumentar o risco de enterocolite necrosante, principalmente se história de feto centralizado. *Dieta zero por 48-72 horas devido ao risco de enterocolite necrosante. Iniciar alimentação via oral apenas com o quadro N o e m i B o r ge s A n d r a d e P R O B .1 22 cardiopulmonar estabilizado e quando o paciente tiver eliminado mecônio, estiver com ruídos hidroaéreos presentes e na ausência de distensão abdominal. ●Restrição hídrica criteriosa devido ao risco da síndrome de secreção inapropriada do hormônio antidiurético. Iniciar com taxa hídrica de 60 ml/Kg/dia ●Monitorizar frequência cardíaca, pressão venosa central, , pressão arterial, temperatura corpórea, oxímetro de pulso, diurese de horário, densidade urinária. Peso diário ou duas vezes por dia. ●Na vigência de oligúria sem hipovolemia, a dopamina em doses delta (0,5-2 microgramas/Kg/minuto) pode melhorar a perfusão renal e o filtrado glomerular. ●Levar registro da pressão arterial média (PAM) . ●Manter uma adequada perfusão cerebral: Lembrar que a pressão de perfusão cerebral (PPC) é igual à diferença entre a pressão arterial média e a pressão intracraniana (PIC): PPC = PAM - PIC; portanto se a PIC estiver elevada devido ao edema cerebral, a pressão arterial média deve ser mantida (com drogas vasoativas) um pouco acima dos valores normais para atingir uma boa PPC.
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