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DIREITO PROCESSUAL PENAL III HABEAS CORPUS (Dr Sergio Gomes)

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H A B E A S C O R P U S
DIREITO PROCESSUAL PENAL III
HABEAS CORPUS
1. LIBERATÓRIO
2. PREVENTIVO
1. Conceito de Habeas Corpus:
Trata-se de ação de natureza constitucional, destinada a coibir qualquer ilegalidade ou abuso de poder voltado à constrição da liberdade de locomoção. Encontra-se previsto no art. LXVIII, da Constituição, e regulado neste capítulo do Código de Processo Penal. Não se trata de recurso, como faz crer a sua inserção na lei processual penal, mas sim, de autêntica garantia humana fundamental, cuja utilização se dá por meio de ação autônoma, podendo, inclusive ser proposto contra decisão que já transitou em julgado. 
2. Origem no Brasil:
A Constituição do Império não o consagrou. Somente em 1832, o habeas corpus foi previsto no Código de Processo Criminal. Entretanto, no texto constitucional do Império, consignou-se que “ninguém poderá ser preso sem culpa formada, exceto nos casos declarados na lei; e nestes dentro de 24 horas contadas da entrada na prisão, sendo em cidades, vilas ou outras povoações próximas aos lugares da residência do Juiz e nos lugares remotos dentro de um prazo razoável, que a lei marcará, atenta a extensão do território, o Juiz por uma nota por ele assinada, fará constar ao réu o motivo da prisão, os nomes do seu acusador, e os das testemunhas, havendo-as” (art. 179, § 8º, inciso VIII). O direito de evitar a prisão ilegal já se encontrava previsto, mas o remédio foi instituído em 1832. Foi estendido aos estrangeiros pela Lei 2.033, de 1891 e em todas as demais a partir daí editadas. Está previsto, igualmente, em documentos internacionais de proteção aos direitos humanos.
3. Ampliação do Seu Alcance:
Se, orIginalmente, o habeas corpus era utilizado para fazer cessar a prisão considerada ilegal – e mesmo no Brasil essa concepção perdurou por um largo período –, atualmente seu alcance tem sido estendido para abranger qualquer ato constritivo direta ou indiretamente à liberdade, ainda que se refira a decisões jurisdicionais não referentes à decretação da prisão. Note-se o que ocorre com a utilização do habeas corpus para trancar o inquérito policial ou a ação penal, quando inexista justa causa para o seu trâmite, bem como quando se utiliza esse instrumento constitucional para impedir o indiciamento injustificado, entre outras medidas. Nada mais lógico, pois são atos ou medidas proferidas em processos (ou procedimentos) criminais, que possuem clara repercussão na liberdade do indivíduo, mesmo que de modo indireto. Afinal, o ajuizamento de ação penal contra alguém provoca constrangimento natural, havendo registro em sua folha de antecedentes, bem como servindo de base para, a qualquer momento, o Juiz decretar medida restritiva da liberdade, em caráter cautelar.
4. Natureza Jurídica:
Trata-se de ação de conhecimento. Aliás, note-se o disposto no art. 5°, LXXVII, da Constituição, que a ela se refere expressamente como ação e não como recurso. Como bem esclarecem Ada, Magalhães, pode objetivar um provimento meramente declaratório (extinção de punibilidade), constitutivo (anulação de ato jurisdicional) ou condenatório (condenação nas custas da autoridade que agiu de má-fé). 
5. Espécies de Habeas Corpus:
Pode ser liberatório, quando a ordem dada tem por finalidade a cessação de determinada ilegalidade já praticada, ou preventivo, quando a ordem concedida visa a assegurar que a ilegalidade ameaçada não chegue a se consumar.
6. Gratuidade Assegurada:
Prevê o art. 5°, LXXVII, da Constituição Federal, que “são gratuitas as ações de habeas corpus, e, na forma da lei, os atos necessários ao exercício da cidadania”. Aliás, o mesmo vem disposto no Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal (art. 61, §1°, I).
7. Restrições Constitucionais à Sua Utilização:
Expressamente, prevê o art. 142, §2°,da CF, que “não caberá habeas corpus em relação a punições disciplinares militares” (Forças Armadas e Polícia Militar). Ver notas 16 e 17 ao art. 647. Além disso, é preciso anotar que, durante o estado de defesa (art. 136, CF) e ao longo do estado de sítio (art. 137, CF), muitos direitos e garantias individuais são suspensos, razão pela qual várias ordens e medidas podem resultar em constrições à liberdade, que terminaram por afastar, na prática, a utilização do habeas corpus, por serem consideradas, durante a vigência da época excepcional, legítimas.
Art. 647. Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar na iminência de sofrer violência ou coação ilegal na sua liberdade de ir e vir, salvo nos casos de punição disciplinar.
8. Iminência:
O estado de iminência representa algo muito próximo, que está em vias de acontecer, não sendo termo condizente com o alargamento da utilização do habeas corpus para fazer cessar ilegalidades, que estão por ocorrer. Assim, deve-se estender o seu significado para envolver qualquer tipo de constrangimento ainda não praticado, mesmo que seja mais distante do que a iminência propriamente dita faz supor. Note-se que o art. 5°, LXVIII, da Constituição não o utilizou para caracterizar a ameaça de sofrimento de violência ou coação à liberdade, de modo que não cabe à lei restringir o direito constitucionalmente assegurado. 
9. Exigência de Direito Líquido e Certo:
Embora nem a lei nem a Constituição prevejam expressamente que a utilização do habeas corpus demande a existência de direito líquido e certo, tal postura restou consagrada doutrinária e jurisprudencialmente, não admitida, como regra, qualquer dilação probatória (ver nota 72 ao art. 660). Conferir em Pontes de Miranda: “ Direito liquido e certo é aquele que não desperta dúvidas, que está isento de obscuridades, que não precisa ser aclarado com o exame de provas em dilações, que é de si mesmo concludente e inconcusso”.
10. Habeas Corpus e Exame de Mérito:
Incompatibilidade. A ação de impugnação (habeas corpus) não se destina a analisar o mérito de uma condenação ou a empreender um exame acurado e minucioso das provas constantes dos autos. É medida urgente, para fazer cessar uma coação ou abuso à liberdade de ir, vir e ficar. Nesse sentido: STJ: “A alegação de legitima defesa invocada em favor do paciente exige acurado exame das circunstancias da conduta delitiva e demanda dilação probatória, o que é vedado na via exígua do habeas corpus”. 
11. Punição Disciplinar Militar:
Não cabe habeas corpus, quando não envolver a liberdade de ir e vir (caso envolva, em algumas situações, torna-se viável, conforme exposto na nota 16 infra). Há necessidade, primeiramente, de ser esgotada a instância administrativa. É o disposto no art. 142, §2°, da Constituição Federal. Depois disso, se deve ou não ser mantida a sanção aplicada, trata-se de matéria administrativa comum a ser julgada pelo órgão jurisdicional competente, que é a Justiça Militar (art. 125, §§4° e 5°, CF). Registre-se a posição da jurisprudência no prisma de não caber habeas corpus pra discutir o mérito da aplicação de sanção disciplinar militar. A competência para o julgamento do writ contra o ato praticado por autoridade do Exército Brasileiro é da Justiça Federal, nos termos do inc. VII do art. 109, da Constituição Federal de 1988, porquanto à Justiça Militar incumbe “processar e julgar os crimes militares definidos em lei”.
12. Prisão Disciplinar Militar:
Trata-se de uma das hipóteses de punição disciplinar. Logo, quando se tratar de punição não relacionada à prisão processual, é natural que o habeas corpus não seja meio adequado para impugná-la. Mas, ainda que haja restrição à liberdade de ir e vir, como regra, ele não deve ser o caminho indicado para a soltura do detido, devendo este ingressar na esfera administrativa com o recurso cabível. Entretanto, é de ser admitido o habeas corpus, em situações excepcionais. Sobre o tema, expressa-se Antonio Magalhães Gomes Filho: “Esse único caso de impossibilidade do pedido de habeas corpus é justificado pelos princípios de hierarquia e disciplina inseparáveis das organizações militares, evitando que as punições aplicadas pelos superiorespossam ser objeto de impugnação e discussão pelos subordinados”. Mas ressalta que a proibição não é absoluta, devendo ser admitido habeas corpus nos seguintes casos: incompetência da autoridade, falta de previsão legal para a punição, inobservância das formalidades legais ou excesso de prazo de duração da medida restritiva da liberdade. E argumenta ainda que não poderia haver proibição no capítulo reservado às Forças Armadas, pois seria uma limitação à proteção de um direito fundamental (liberdade de locomoção). Os direitos e garantias fundamentais têm hierarquia diferenciada, até porque tem a garantia de eternidade.
13. Revisão dos Atos Administrativos Disciplinares Contra Militares:
Deve haver ação própria na Justiça Militar, Estadual ou Federal, conforme o caso (art. 125, §§4° e 5°, CF). Confira-se na Lei 6.880/80, art. 51, §3° “O militar que se julgar prejudicado ou ofendido por qualquer ato administrativo ou disciplinar de superior hierárquico poderá recorrer ou interpor pedido de reconsideração, queixa ou representação, segundo regulamentação específica de cada Força Armada. (...) §3°. O militar só poderá recorrer ao Judiciário após esgotados todos os recursos administrativos e deverá participar esta iniciativa, antecipadamente, à autoridade à qual estiver subordinado”. Não há nenhuma ofensa a direito individual, quando se impõe o prévio esgotamento da via administrativa: TRF, 1° Região: “Estando o militar sujeito à disciplina e à hierarquia, comprometido estará este vínculo se, antes da possibilidade de reexame de seu pleito por seus superiores, de logo buscar a decisão judicial, a pretexto de uma açodada proteção e direito supostamente violado, que pode servir à desmoralização do comando”. Não cabe habeas corpus contra decisão condenatória a pena de multa, ou relativo a processo em curso por infração penal a que a pena pecuniária seja a única cominada.
Art. 648. A coação considerar-se-á ilegal:
I – quando não houver justa causa;
II – quando alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei;
III – quando quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo;
IV – quando houver cessado o motivo que autorizou a coação;
V – quando não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos em que a lei a autoriza;
VI – quando o processo for manifestamente nulo;
VII – quando extinta a punibilidade. 
14. Ausência de Justa Causa:
Desdobra-se a questão em dois aspectos: a) justa causa para a ordem proferida, que resultou em coação contra alguém; b) justa causa para a existência de processo ou investigação contra alguém, sem que haja lastro probatório suficiente. Na primeira situação, a falta de justa causa baseia-se na inexistência de provas ou de requisitos legais para que alguém seja detido ou submetido a constrangimento (ex.: decreta-se a preventiva sem que os motivos do art. 312 do CPP estejam nitidamente demonstrados nos autos). Na segunda hipótese, a ausência de justa causa concentra-se na carência de provas a sustentar a existência e manutenção da investigação policial ou do processo criminal. Se a falta de justa causa envolver apenas uma decisão, contra esta será concedida a ordem de habeas corpus. Caso diga respeito à ação ou investigação em si, concede-se a ordem para o trancamento do processo ou procedimento investigatório que normalmente, é o inquérito policial. 
15. Excepcionalidade do Trancamento:
O deferimento de habeas corpus para trancar ação penal (ou investigação policial) é medida excepcional. Somente deve o Juiz ou tribunal conceder a ordem quando manifestamente indevida a investigação ou o ajuizamento da ação. A falta de tipicidade, por exemplo, é fonte de trancamento. Verifique-se na jurisprudência: STF: “O trancamento da ação penal, em habeas corpus, constitui medida excepcional que só deve ser aplicada quando evidente a ausência de justa causa. 
16. Excesso de Prazo na Privação da Liberdade:
O investimento ou o réu, quando preso, deve ter o procedimento acelerado, de modo que não fique detido por mais tempo do que o razoável. Há de se verificar tal hipótese no caso concreto. Assim, na fase policial, se uma prisão temporária é decretada por cinco dias, é esse o prazo para a conclusão da detenção, haja ou não a colheita das provas suficientes. O máximo que se admite é a prorrogação da temporária por outros cinco dias, ao final dos quais deve cessar a constrição. O prazo é fixado em lei (art. 2°, caput, Lei 7.960/89). Não ocorrendo a soltura, configura-se o constrangimento ilegal. 
17. Extinção da Punibilidade:
Não havendo, para o Estado, direito de punir ou de executar a pena, é incabível manter-se alguém detido. Logo, caso não seja reconhecida a extinção da punibilidade do réu ou do condenado, pelo Juiz do processo de conhecimento ou da execução criminal, estando ele preso, cabe a impetração do habeas corpus.
Art. 649. O Juiz ou o tribunal, dentro dos limites da sua jurisdição, fará passar imediatamente a ordem impetrada, nos casos em que tenha cabimento, seja qual for a autoridade coatora. 
Art. 650. Competirá conhecer, originariamente, do pedido de habeas corpus:
I – ao Supremo Tribunal Federal, nos casos previstos no art. 101, I, g, da Constituição [refere-se à CF de 1946];
II – aos Tribunais de Apelação, sempre que os atos de violência ou coação forem atribuídos aos governadores ou interventores dos Estados ou Territórios e ao prefeito do Distrito Federal, ou a seus secretários, ou aos chefes de Polícia.
§ 1° A competência do Juiz cessará sempre que a violência ou coação provier de autoridade judiciária de igual ou superior jurisdição.
§ 2° Não cabe o habeas corpus contra a prisão administrativa, atual ou iminente, dos responsáveis por dinheiro ou valor pertencente à Fazenda Pública, alcançados ou omissos em fazer o seu recolhimento nos prazos legais, salvo se o pedido for acompanhado de prova de quitação ou de depósito do alcance verificado, ou se a prisão exceder o prazo legal.
18. Competência Constitucional do Supremo Tribunal Federal:
Atualmente, cabe ao STJ julgar, originariamente, o habeas corpus, sendo paciente o Presidente da República, o Vice-Presidente, os membros do Congresso Nacional, seus próprios Ministros, o Procurador-Geral da República, os Ministros de Estado, os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, os membros de Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da União e os chefes de missão diplomática de caráter permanente (art. 102, I, d, CF), bem como o habeas corpus, quando o coator ou o paciente for autoridade ou funcionário cujos atos estejam sujeitos diretamente à jurisdição do Supremo Tribunal Federal, ou se tratando de crime sujeito à mesma jurisdição em uma única instância (art. 102, I, i, CF). 
19. Competência Constitucional do Superior Tribunal de Justiça:
Cabe ao STJ julgar, originariamente, o habeas corpus, quando o coautor ou paciente for o Governador de Estado ou do Distrito Federal, os desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal, os membros dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, os dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho, os membros dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios e do ministério Público da União, que oficiem perante tribunais, bem como quando o coautor for tribunal sujeito à sua jurisdição, Ministro de Estado ou Comandante da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral (art. 105,I, c, CF). Lembremos que o Tribunal de Justiça Militar, componente da Justiça Estadual, especializado em julgar policiais militares e integrantes do Corpo de Bombeiros Militares, está sujeito à jurisdição do STJ e não do STM (Superior Tribunal Militar). Este é apenas o órgão de segundo grau da Justiça Militar Federal e não o órgão de cúpula de toda a Justiça Militar no Brasil. Nesse sentido: STF: CC 7.346, rel. Celso de Mello, 07.12.2006.
20. Competência Constitucional do Tribunal Regional Federal:
Cabe-lhe julgar, originariamente, o habeas corpus quando aautoridade coatora for Juiz Federal (art. 108, I, d, CF). Aos Juízes Federais compete julgar o habeas corpus em matéria criminal de sua competência ou quando o constrangimento tiver origem em ato de autoridade não sujeita diretamente a outra jurisdição (art. 109, VII, CF).
 
21. Competência Constitucional do Tribunal do Estado:
Estipula o art. 125, § 1°, da Constituição Federal que “a competência dos tribunais será definida na Constituição do Estado, sendo a lei de organização judiciária de iniciativa do Tribunal de Justiça”. Estabelece a Constituição Estadual de são Paulo que cabe ao Tribunal de Justiça julgar, originariamente, o habeas corpus, nos processos cujos recursos forem de sua competência ou quando o coator ou paciente for autoridade diretamente sujeita a sua jurisdição, ressalvada a competência da Justiça Militar (art. 74, IV). Assim, cabe-lhe julgar habeas corpus cujo coator ou paciente for o Vice-Governador, os Secretários de Estado, os Deputados Estaduais, o Procurador-Geral de Justiça, o Procurador-Geral do Estado, o Defensor Público Geral e os Prefeitos Municipais.
22. Promotor de Justiça como Autoridade Coatora:
A competência originária é do Tribunal de Justiça. 
23. Procurador da República e Promotor de Justiça do Distrito Federal:
Cabe o julgamento do habeas corpus contra seus atos ao Tribunal Federal da região onde atuem. No caso do Promotor, tem-se entendido estar ele ligado ao Ministério Público Federal. Conferir: STF: “Compete ao TRF, da 1° Região, com base no art. 108, I, a, da CF, processar e julgar, originariamente, os membros do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios que atuem em primeira instância. 
24. Competência da Turma Recursal:
Entendemos que o habeas corpus, contra decisão que gere constrangimento ilegal proferida por magistrado atuando no Juizado Especial Criminal, deve ser conhecido e julgado pela Turma Recursal. Afinal, é o órgão de 2° grau no âmbito das infrações de menor potencial ofensivo. 
25. Cabimento de Habeas Corpus Contra Prisão Administrativa:
Essa modalidade de prisão tem a finalidade de compelir alguém a fazer alguma coisa ou visa acautelar interesse administrativo, razão pela qual a lei buscou proibir a concessão de habeas corpus. Não há mais possibilidade de ser a prisão administrativa decretada por outra autoridade que não seja o Juiz de direito. Embora exista essa previsão proibitiva no Código de Processo Penal, cremos poder ser impetrado o habeas corpus, caso haja alguma ilegalidade. Afinal, a Constituição Federal, que garante o uso do habeas corpus, só excepcionou o seu uso no caso ó excepcionou o seu uso no caso de punição disciplinar militar (art. 142, § 2°).
Art. 651. A concessão do habeas corpus não obstará, nem porá termo ao processo, desde que este não esteja em conflito com os fundamentos daquela. 
Art.652. Se o habeas corpus for concedido em virtude de nulidade do processo, este será renovado. 
Art. 653. Ordenada a soltura do paciente em virtude de habeas corpus, será condenada nas custas a autoridade que, por má-fé ou evidente abuso de poder, tiver determinado a coação.
Parágrafo único. Neste caso, será remetida ao Ministério Público cópia das peças necessárias para ser promovida a responsabilidade da autoridade. 
Art. 654. O habeas corpus poderá ser impetrado por qualquer pessoa, em seu favor ou de outrem, bem como pelo Ministério Público.
§ 1° A petição de habeas corpus conterá:
a) O nome da pessoa que sofre ou está ameaçada de sofrer violência ou coação e o de quem exercer a violência, coação ou ameaça; 
b) A declaração da espécie de constrangimento ou, em caso de simples ameaça de coação, as razões em que funda o seu temor;
c) A assinatura do impetrante, ou de alguém a seu rogo, quando não souber ou não puder escrever, e a designação das respectivas residências.
§ 2° Os Juízes e os tribunais têm competência para expedir de ofício ordem de habeas corpus, quando no curso de processo verificarem que alguém sofre ou está na iminência de sofrer coação ilegal.
26. Legitimidade Ativa:
Qualquer pessoa, física ou jurídica, nacional ou estrangeira, pode impetrar habeas corpus, seja em seu próprio benefício, seja em favor de outrem, independentemente de possuir habilitação técnica para tanto. Denomina-se impetrante aquele que ajuíza a ação de habeas corpus e paciente, a pessoa em favor de quem a ordem é solicitada, nada impedindo que ambos se concentrem no mesmo indivíduo.
27. Dispensabilidade do Advogado:
Para impetrar habeas corpus, não é necessário o patrocínio da causa por advogado. Aliás, o próprio Estatuto da Advocacia (Lei 8.906/94), reconhecendo a importância desse remédio constitucional, estabelece que “não se inclui na atividade privativa de advocacia a impetração de habeas corpus em qualquer instância ou Tribunal”.
28. Relevância da Ampla Defesa:
Sendo o habeas corpus um instrumento constitucional de defesa de direitos individuais fundamentais, em especial o direito à liberdade, indisponível por natureza, o ideal é que, como impetrante, atue sempre um advogado. Obviamente que a sua falta não prejudique o conhecimento do pedido, mas pode enfraquecê-lo, tornando mais débeis os argumentos. Justamente por isso é que os Regimentos Internos do Supremo Tribunal Federal (art. 191, I) e do Superior Tribunal de Justiça (art. 201, I) conferem ao relator a faculdade de nomear advogado para acompanhar e defender oralmente o habeas corpus impetrado por pessoa que não seja bacharel em Direito.
29. Paciente Residente ou Domiciliado no Estrangeiro:
Há possibilidade de se impetrar habeas corpus em seu favor, até porque existe a ordem preventiva (salvo-conduto), destinado a prevenir a ocorrência de coação ilegal. Pensam assim: Bento de Fria (Código de Processo Penal, v. 2, p. 382), ressaltando que o pedido deve ter por objetivo assegurar a entrada do sujeito no país; Espínola Filho (Código de Processo Penal brasileiro anotado, v. VII, p. 216).
30. Legitimidade Passiva do Particular:
Acrescente-se, ainda, que a Constituição Federal não distingue, no polo passivo, a autoridade do particular, de modo que é possível impetrar habeas corpus contra qualquer pessoa que constranja a liberdade de locomoção de outrem. É o meio indiscutivelmente mais seguro e rápido de solucionar o impasse. Imagine-se a prostituta presa em algum lugar pelo rufião. Mais célere pode ser a impetração do habeas corpus do que ser a polícia acionada para agir, libertando a vítima. O mesmo se diga dos inúmeros casos de internação irregular em hospitais psiquiátricos ou mesmo da vedação de saída a determinados pacientes que não liquidam seus débitos no nosocômio. 
31. Legitimidade do Ministério Público:
O promotor, que funcione em primeiro grau, acompanhando o desenrolar da investigação criminal ou do processo, tem legitimidade para impetrar habeas corpus em favor do indiciado ou acusado. É preciso, no entanto, que ele demonstre efetivo interesse em beneficiar o réu e não simplesmente em prejudicá-lo por via indireta. Do mesmo modo que se sustentou anteriormente, caso haja defesa constituída, é preciso consultá-la, a fim de saber se é interessante ao paciente o julgamento do habeas corpus. Naturalmente, na qualidade de qualquer do povo, pode impetrar habeas corpus em favor de quem queira sem qualquer limitação territorial. No mesmo sentido, Celso Delmanto, Da impetração de habeas corpus por Juízes, promotores e delegados.
32. Legitimidade do Juiz como Cidadão e não como Condutor da Causa:
Não pode o magistrado que fiscaliza o inquérito ou que preside a instrução impetrar habeas corpus em favor do indiciado ou réu. Certamente, o Juiz, como cidadão, em procedimento alheio à sua jurisdição, pode impetrar habeas corpus em favor de terceiro. No mesmo sentido, Celso Delmanto, Da impetração de habeas corpus por Juízes, promotores e delegados, p. 287.
33. Legitimidade do Delegado como Cidadão e não como Presidente do Inquérito:
Não há sentido algum em se permitir ao delegado, quando atuando como condutor de investigação criminal, impetrarhabeas corpus em favor da pessoa que ele mesmo indiciou ou mesmo em favor do réu, cujo inquérito que ele presidiu deu margem à instauração da ação penal. Mas, como cidadão, desvinculado do caso, é natural que possa exercer seu direito constitucional de impetrar habeas corpus.
34. Requisitos da Petição:
São os estabelecidos neste artigo, ressaltando-se que a peça deve ser feita em português, embora o habeas corpus possa ser impetrado por estrangeiro.
35. Paciente e Autoridade Coatora:
É fundamental que a pessoa a ser beneficiada pela ordem seja apontada (paciente), podendo-se aceitar a identificação por qualquer meio, ainda que não se disponha do nome da autoriddade coatora. Deve ser indicada, ainda, a autoridade coatora, que exerce a violência, coação ou ameaça, ou dá a ordem para que isso seja feito. Quando não possuir o impetrante o seu nome, indica-se somente o cargo que exerce, o que é suficiente para ser buscada a sua identificação.
36. Fundamento do Habeas Corpus:
É o corpo da petição, uma vez que expõe ao órgão julgador as razoes pelas quais teria havido – ou estaria para ocorrer – um abuso, consistente em coação à liberdade de locomoção de alguém.
37. Identificação do Impetrante:
Exige-se não somente a sua assinatura, mas também a indicação de sua residência, para quem não é advogado, que pode simplesmente apontar o seu número de inscrição na OAB e o endereço do escritório. Não se aceita impetração anônima, devendo ser indeferida in limine. Nada impede, no entanto, conforme a gravidade do relato que a petição contiver, que o magistrado ou tribunal verifique de ofício se o constrangimento, realmente, está ocorrendo. Afinal, não se pode olvidar que o órgão jurisdicional pode conceder habeas corpus de ofício (ver o § 2° deste artigo).
38. Habeas Corpus de Ofício:
É admissível que, tomando conhecimento da existência de uma coação à liberdade de ir e vir de alguém, o Juiz ou o tribunal determine a expedição de ordem de habeas corpus em favor do coato. Trata-se de providência harmoniosa com o princípio da indisponibilidade da liberdade, sendo dever do magistrado zelar pela sua manutenção. Ex.: pode chegar ao conhecimento do magistrado que uma testemunha de processo seu foi irregularmente detida pela autoridade policial, para complementar suas declarações a respeito do caso. Pode expedir, de ofício, ordem de habeas corpus para liberar o sujeito. Dessa decisão, recorrerá de ofício (art. 574. Quando ao tribunal, pode também, conceder a ordem sem qualquer provocação, não havendo necessidade, por ausência de previsão de legal, de recorrer a órgão jurisdicional superior.
Art. 655. O carcereiro ou o diretor da prisão, o escrivão, o oficial de justiça ou a autoridade judiciária ou policial que embaraçar ou procrastinar a expedição de ordem de habeas corpus, as informações sobre a causa da prisão, a condução e apresentação do paciente, ou a sua soltura, será multado na quantia de duzentos mil-réis a um conto de réis, sem prejuízo das penas em que incorrer. As multas serão impostas pelo Juiz do tribunal que julgar o habeas corpus, salvo quando se tratar de autoridade judiciária, caso em que caberá ao Supremo Tribunal Federal ou ao Tribunal de Apelação impor as multas.
 Art. 656. Recebida a petição de habeas corpus, o Juiz, se julgar necessário, e estiver preso o paciente, mandará que este lhe seja imediatamente apresentado em dia e hora que designar.
Parágrafo único. Em caso de desobediência, será expedido mandado de prisão contra o detentor, que será processado na forma da lei, e o Juiz providenciará para que o paciente sea tirado da prisão e apresentado em juízo. 
39. Liminar em Habeas Corpus:
É admissível que o Juiz ou tribunal – no caso deste, incumbe a análise à autoridade indicada no Regimento Interno, que, no Tribunal de Justiça de São Paulo, seria o Presidente da Seção Criminal –, conceda, se entender necessário, liminar para fazer cessar de imediato a coação.
40. Apresentação Imediata do Paciente ao Juiz:
Trata-se de providência possível, mas totalmente inviável e em desuso. Quando a coação ilegal for evidente, basta ao magistrado, de que grau for, conceder medida liminar para a cessão do constrangimento. No caso de ser incabível a liminar, requisita-se as informações. Determinar a apresentação do preso acarreta enorme movimentação da máquina judiciária e traz pouquíssimos benefícios.
41. Não Apresentação do Paciente Requisitado:
Na hipótese do magistrado determinar a sua apresentação, não o fazendo o encarregado dessa tarefa, desde que haja dolo, é possível a sua prisão em flagrante pelo delito de desobediência, providenciando-se outros meios de fazer o paciente chegar ao lugar designado pela autoridade judiciária.
42. Impropriedade do Termo Mandado de Prisão:
Na realidade, o disposto no parágrafo único tem sentido diverso do que aparenta. O Juiz expedirá mandado de apresentação (ordem, portanto) do paciente. Se o detentor desobedecer esta ordem, deverá ser, como já exposto na nota anterior, preso em flagrante de desobediência e processado na forma da lei.
Art. 657. Se o paciente estiver preso, nenhum motivo escusará a sua apresentação, salvo:
I – grave enfermidade do paciente;
II – não estar ele sob a guarda da pessoa a quem se atribui a detenção;
III – se o comparecimento não tiver sido determinado pelo Juiz ou pelo tribunal.
Parágrafo único. O Juiz poderá ir ao local em que o paciente se encntrar, se este não puder ser apresentado por motivo de doença.
43. Paciente Preso, não Apresentado:
Havendo a requisição para a apresentação do preso em dia e hora previamente designados pelo Juiz, escusam o cumprimento da ordem as hipóteses previstas neste artigo: enfermidade grave do paciente, equivoco no encaminhamento da ordem ou determinação do comparecimento feito por autoridade incompetente.
Art. 658. O detentor declarará à ordem de quem o paciente estiver preso.
44. Detentor:
É a pessoa que mantiver preso, sob sua custódia, o paciente. Assim, o coator pode ser o Juiz, que determinou a prisão, enquanto o detentor será o delegado que estiver com o preso no distrito, ou mesmo o diretor do presídio, onde está o paciente recolhido. Eventualmente, o coator é também o detentor. Tal pode se dar quando o delegado, sem mandado judicial, prende alguém para averiguação, mantendo-o no distrito policial.
Art. 659. Se o Juiz ou o tribunal verificar que já cessou a violência ou coação ilegal, julgará prejudicado o pedido.
45. Cessação do Interesse de Agir:
Em se tratando de ação, é preciso que exista interesse do impetrante em conseguir o provimento jurisdicional para fazer cessar o constrangimento ilegal, já consumado ou em vias de ocorrer. Por isso, caso não mais subsista a violência ou coação, é natural que uma das condições da ação tenha desaparecido, dando ensejo ao não conhecimento do habeas corpus. Ex.: reclama o impetrante contra a prisão ilegal de um paciente, por excesso de prazo na conclusão da instrução. Enviando as informações, o magistrado demonstra que não somente findou a colheita da prova, como também já foi proferida decisão condenatória, contra a qual o réu interpôs apelação. Logo, inexiste interesse para o julgamento do writ.
Art. 660. Efetuadas as diligências, e interrogado o paciente, o Juiz decidirá, fundamentadamente, dentro de 24 (vinte e quatro) horas.
§ 1° Se a decisão for favorável ao paciente, será logo posto em liberdade, salvo se por outro motivo dever ser mantido na prisão.
§ 2° Se os documentos que instruírem a petição evidenciarem a ilegalidade da coação, o Juiz ou o tribunal ordenará que cesse imediatamente o constrangimento.
§ 3° Se a ilegalidade decorrer do fato de não ter sido o paciente admitido a prestar fiança, o Juiz arbitrará o valor desta, que poderá ser prestada perante ele, remetendo, neste caso, à autoridade os respectivos autos, para serem anexados aos do inquérito policial ou aos do processo judicial.
§ 4° Se a ordem de habeas corpus for concedida para evitar ameaça de violência ou coação ilegal, dar-se-á ao paciente salvo-condutoassinado pelo Juiz.
§ 5° Será incontinente enviada cópia da decisão à autoridade que tiver ordenado a prisão ou tiver o paciente à sua disposição, a fim de juntar-se aos autos do processo.
§ 6° Quando o paciente estiver preso em lugar que não seja o da sede do juízo ou do tribunal que conceder a ordem, o alvará de soltura será expedido pelo telégrafo, se houver, observadas as formalidades estabelecidas no art. 289, parágrafo único, in fine, ou por via postal.
46. Rápida Solução para o Habeas Corpus e oitiva do Ministério Público de Primeiro Grau:
Impõe-se celeridade no trâmite processual do habeas corpus, devendo o magistrado proferir sua decisão, em 24 horas, tão logo receba as informações da autoridade apontada como coatora. Note-se que a lei fala em interrogatório do paciente, o que somente ocorreria caso o Juiz tivesse determinado a apresentação, algo que não mais tem havido. Por outro lado, não se ouve o Ministério Público de primeiro grau, quando o habeas corpus é impetrado ao Juiz de direito, por falta de previsão legal. Da decisão tomada pelo magistrado deve ser o órgão ministerial cientificado, pois é parte legitima para apresentar recurso ou mesmo impetrar habeas corpus contra decisão denegatória do Juiz. Além disso, cabe-lhe providenciar a apuração da responsabilidade da autoria coatora, quando a ordem for concedida e tiver havido abuso de autoridade.
47. Assistente de Acusação:
Não toma parte no habeas corpus, pois nenhum interesse pode ter a vítima nessa ação constitucional, voltada a fustigar ato constritivo à liberdade de outrem.
48. Alvará de Soltura Clausulado:
Expede-se a ordem de soltura, em caso de concessão da ordem de habeas corpus, condicionada à não existência de outras causas que possam, legalmente, manter o paciente no cárcere. Aliás, toda vez que um Juiz determinar a liberação de um indiciado ou réu, o alvará será clausulado.
49. Restrição à Produção de Prova no Habeas Corpus:
Não se produz prova, como regra, no procedimento do habeas corpus, devendo o impetrante apresentar, com a inicial, toda a documentação necessária para instruir o pedido. Pode, porventura, o magistrado ou o tribunal, conforme o caso, requisitar da autoridade coatora, além das informações, outros documentos imprescindíveis à formação do seu convencimento.
50. Falta de Fixação da Fiança:
Sendo a infração afiançável e não tendo a autoridade policial, após a lavratura do flagrante, fixado o seu valor, permitindo que o indiciado seja solto, evidencia-se um constrangimento ilegal. Entretanto, desnecessário, nesse caso, o habeas corpus, bastando uma petição, dirigida ao Juiz competente, solicitando o estabelecimento da fiança.
51. Habeas Corpus Preventivo e Salvo-Conduto:
No caso da coação estar em vias de se consumar, cabe habeas corpus preventivo, solicitando-se ao Juiz uma ordem denominada salvo-conduto, consistente em uma garantia para que o paciente não seja vitimado pela iminente violência à sua liberdade de locomoção. A título de exemplo, pode-se mencionar ordem preventiva concedida à prostituta, que não mais aceita a prisão para averiguação, imposta periodicamente por determinada autoridade policial, tendo em vista que sua atividade de comércio do próprio corpo não constitui infração penal. Passa a carregar consigo um salvo-conduto, não mais podendo ser molestada pela polícia.
52. Comunicação à Autoridade Coatora:
A concessão de ordem de habeas corpus deve ser, sempre, comunicada à autoridade coatora, para que conste no processo ou no inquérito. Constitui verdadeira garantia de que a situação considerada ilegal, contra a qual foi concedida a ordem, não tornará a ocorrer.
Art. 661. Em caso de competência originária do Tribunal de Apelação, a petição de habeas corpus será apresentada ao secretário, que a enviará imediatamente ao presidente do tribunal, ou da câmara criminal, ou da turma, que estiver reunida, ou primeiro tiver de reunir-se.
Art. 662. Se a petição contiver os requisitos do art. 654, § 1°, o presidente, se necessário, requisitará da autoridade indicada como coatora informações por escrito. Faltando, porém, qualquer daqueles requisitos, o presidente mandará preenche-lo, logo que lhe for apresentada a petição. 
53. Regras Regimentais:
Cada tribunal deve prever, no seu Regimento Interno, a autoridade judiciária competente para despachar a inicial, analisar eventual pedido de liminar, bem como requisitar informações à autoridade coatora.
Art. 663. As diligências do artigo anterior não serão ordenadas, se o presidente entender que o habeas corpus deva ser indeferido in limine. Nesse caso, levará a petição ao tribunal, câmara ou turma, para que delibere a respeito.
54. Indeferimento Liminar:
É cabível, desde que não estejam preenchidas as condições da ação: possibilidade jurídica do pedido, interesse de agir ou legitimidade de parte. Pode haver, ainda, equívocos formais na petição inicial, tornando incompreensível o pedido.
55. Deliberação Final do Colegiado e Recurso de Ofício:
Como afirmado em nota anterior, depende do Regimento Interno de cada Tribunal. Pode ser o relator ou o presidente da Seção Criminal, em lugar do presidente da Corte, a apreciar a liminar. A decisão final, entretanto, deve ser sempre de órgão colegiado.
Art. 664. Recebidas as informações, ou dispensadas, o habeas corpus será julgado na primeira sessão, podendo, entretanto, adiar-se o julgamento para a sessão seguinte.
Parágrafo único. A decisão será tomada por maioria de votos. Havendo empate, se o presidente não tiver tomado parte na votação, proferirá voto de desempate; no caso contrário, prevalecerá a decisão mais favorável ao paciente.
Art. 665. O secretário do tribunal lavrará a ordem que, assinada pelo presidente do tribunal, câmara ou turma, será dirigida, por ofício ou telegrama, ao detentor, ao carcereiro ou autoridade que exercer ou ameaçar exercer o constrangimento.
Parágrafo único. A ordem transmitida por telegrama obedecerá ao disposto no art. 289, parágrafo único, in fine [a redação do art. 289 foi alterada pela Lei 12.403/2011].
56. Julgamento Célere:
Impõe-se rapidez no julgamento dos pedidos de habeas corpus, podendo o tribunal incluir o feito na pauta, independentemente de prévia publicação, com ciência ao impetrante. A urgência se sobrepõe, nesse caso, à publicidade do ato, pois o defensor pode não ficar ciente. Conferir Súmula 431 do Supremo Tribunal Federal: “É nulo o julgamento de recurso criminal, na segunda instância, sem prévia intimação, ou publicação da pauta, salvo em habeas corpus”.
Art. 666. Os regimentos dos Tribunais de Apelação estabelecerão as normas complementares para o processo e julgamento do pedido de habeas corpus de sua competência originária. 
57. Tribunais de Apelação:
Não há mais essa denominação para os tribunais de segundo grau no País, devendo ser corrigida para adaptação, conforme o caso: Tribunal de Justiça, Tribunal Regional Federal, Tribunal de Justiça Militar, entre outros.
Art. 667. No processo e julgamento do habeas corpus de competência originária do Supremo Tribunal Federal, bem como nos de recurso das decisões de última ou única instância, denegatórias de habeas corpus, observar-se-á, no que lhes for aplicável, o regimento interno do tribunal estabelecer as regras complementares.
Recursos e Ações de Impugnação no Processo Penal
Recursos
1- Recurso em sentido estrito: arts.581 a 592
2- Apelação: arts.593 a 603
3- Embargo de declaração: arts.619 a 620
4- Embargos infringentes e de nulidade: art. 609, parágrafo único
5- Carta testemunhável: arts.639 a 646
6- Correição parcial: art. 6°, I, Lei 5.010/66; arts.93 a 96 do Dec.-lei complementar estadual de São Paulo 3/96
7- Reclamação: art. 13, Lei 8.038/90
8- Agravo em execução: art. 197, Lei de Execução Penal
9- Agravo regimental: art. 39, Lei 8.038/90 e Regimento Interno dos Tribunais
10- Recurso extraordinário: art. 102, III, CF
11- Recurso especial: art. 105, III,CF
12- Recurso ordinário constitucional – ver arts.102, III e 105, II, CF
13- Embargos de divergência– ver arts.330 a 332, RISTF: arts.266 e 267.
Ações de Impugnação 1- Revisão criminal:arts.621 a 631
 2- Habeas Corpus: arts.547 a 667 e art. 5°, LXVIII,CF.
 3-Mandado de segurança: Lei 12.016/2009 e art. 5°, LXIX,CF
 4- Unificação de penas: art. 66, III, A,Lei de Execução Penal
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