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DIREITO PROCESSUAL PENAL III DA SENTENÇA (Dr Sergio Gomes)

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DIREITO PROCESSUAL PENAL III
Prof. Sergio de Carvalho Gomes
---------------------------------------------------------------------------- 
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
1. SENTENÇA PENAL
2. NULIDADES
3. DOS RECURSOS EM GERAL
4. HABEAS CORPUS
5. EXECUÇÃO PENAL
---------------------------------------------------------------------------------------------------------- 
Da Sentença
1. Conceito de Sentença:
É a decisão terminativa do processo e definitiva quanto ao mérito, abordando a questão relativa à pretensão punitiva do Estado, para julgar procedente ou improcedente a imputação. É a autêntica sentença, tal como consta do art. 381 do Código de Processo Penal, vale dizer, o conceito estrito de sentença. Pode ser condenatória, quando julga procedente a acusação, impondo pena, ou absolutória, quando a considera improcedente. 
Dentre as absolutórias, existem as denominadas impróprias, que, apesar de não considerarem o réu um criminoso, porque inimputável, impõe a ele medida de segurança, uma sanção penal constritiva à liberdade, mas no interesse da sua recuperação e cura. 
Outros Atos Jurisdicionais:
Além da sentença, que é o ápice da atividade jurisdicional, há outros atos que merecem destaque: 
a) despachos, que são decisões do magistrado, sem abordar questão controvertida, com finalidade de dar andamento ao processo (ex.: designação de audiência, determinação da intimação das partes, determinação da juntada de documentos, entre outras); 
b) decisões interlocutórias, que são soluções dadas pelo Juiz, acerca de qualquer questão controversa, envolvendo contraposição de interesses das partes, podendo ou não colocar fim ao processo. São chamadas interlocutórias simples as decisões que dirimem uma controvérsia, sem colocar fim ao processo ou a um estágio do procedimento (ex.: decretação da preventiva, quebra do sigilo telefônico ou fiscal, determinação de busca e apreensão, recebimento de denúncia ou queixa, entre outras). 
São denominadas interlocutórias mistas (ou decisões com força de definitiva) as decisões que resolvem uma controvérsia, colocando fim ao processo ou uma fase dele (ex.: pronúncia, impronúncia.); 
c) Juiz colocando fim ao processo, julgando o mérito em sentido lato, ou seja, decidindo acerca da pretensão punitiva do Estado, mas sem avaliar a procedência ou improcedência da imputação. Nessas hipóteses, somente chegam a afastar a pretensão punitiva estatal, por reconhecerem presente alguma causa extintiva da punibilidade (ex.: decisão que reconhece a existência da prescrição). 
Diferem das interlocutórias mistas, pois estas, embora coloquem fim ao processo ou a uma fase do mesmo, não avaliam a pretensão punitiva do Estado.
2. Natureza Jurídica da sentença:
Pode ser condenatória, quando julga procedente a pretensão punitiva do Estado, fixando exatamente a sanção penal devida, até então abstratamente prevista, a ser exigida do acusado. 
Pode, ainda, ser declaratória, quando absolver ou julgar extinta a punibilidade. No caso da absolvição, consagra o estado de inocência, inerente a todo ser humano, desde o nascimento. Portanto, nada constitui, nenhum direito gera ou cria, mas apenas declara o natural, ainda que fundamentado em diversas razões. 
Há, também, as sentenças constitutivas, mais raras no processo penal, mas possíveis, como ocorre com a concessão de reabilitação, quando o Estado revê a situação do condenado, restituindo-lhe direitos perdidos. Pela força da condenação definitiva. 
Registremos, por fim, as sentenças mandamentais, que contêm uma ordem judicial, a ser imediatamente cumprida, sob pena de desobediência (Maria da Penha – proibição de se aproximar 300m).
3. Impossibilidade de Aplicação da Suspensão Condicional do Processo após Sentença:
É inviável conceder a suspensão condicional do processo, por ocasião da sentença, porque houve desclassificação para infração que comportaria o benefício. Afinal cuida-se de suspensão do processo. Se este já tramitou, alcançando-se a fase da sentença, parece-nos incabível tornar ao início, como se nada tivesse ocorrido. A suspensão condicional do processo é uma medida de política criminal para evitar o curso processual. Ora, não tendo sido possível, profere-se a decisão e o julgador fixa os benefícios que forem cabíveis para o cumprimento da pena. Não vemos sentido em retornar à fase primeira, fazendo-se “desaparecer” tanto a sentença quanto a instrução. Nesse sentido: TJSP: “A proposta se suspensão do processo prevista no art. 89 da Lei Federal 9.099/95 apresenta-se viável, exclusivamente, no momento do oferecimento da denúncia, não podendo sobreviver ao ensejo da sentença, ainda que esta tenha o teor desclassificatório” (Correição Parcial 347.301-3, Piracicaba, 2° C., rel. Canguçu de Almeida, 04.06.2001, v.u., JUBI 60/01). Entretanto, em posição contrária, encontra-se a Súmula 337 do Superior Tribunal de Justiça: “É cabível a suspensão condicional do processo na desclassificação do crime e na procedência parcial da pretensão punitiva”.
Art. 381. A sentença conterá:
I – os nomes das partes ou, quando não possível, as indicações necessárias para identificá-las;
II – a exposição sucinta da acusação e da defesa;
III – a indicação dos motivos de fato e de direito em que se fundar a decisão;
IV – a indicação dos artigos de lei aplicados;
V – o dispositivo;
VI – a data e a assinatura do Juiz.
4. Conteúdo Obrigatório da Sentença:
Estipula o Código de Processo Penal os requisitos intrínsecos da sentença – aplicando-se o mesmo aos acórdãos, que são decisões tomadas por órgãos colegiados de instância superior – sem os quais se pode considerar o julgado viciado, passível de anulação.
5. Identificação das Partes:
Da mesma forma que se exige na denúncia ou na queixa a qualificação do acusado ou dados que possam identificá-lo (art. 41, CPP), para que a ação penal seja movida contra pessoa certa, também na sentença demanda-se do magistrado que especifiquem quais são as partes envolvidas na relação processual.
6. Relatório:
Deve a sentença conter um relatório, que é descrição sucinta do alegado pela acusação, abrangendo desde a imputação inicial (denúncia ou queixa), até o exposto nas alegações finais, bem como o afirmado pela defesa, envolvendo a defesa prévia e as alegações finais. É um fator de segurança, demonstrativo de que o magistrado tomou conhecimento dos autos, além de representar, para quem lê a sentença, um parâmetro para saber do que se trata a decisão jurisdicional.
A Lei 9.099/95, que buscou desburocratizar a Justiça, garantindo a economia processual, dispensou o magistrado do relatório: “A sentença, dispensado o relatório, mencionará os elementos de convicção do Juiz” (art.81, § 3°). Logo, o relatório, segundo nos parece, deveria ser considerado pela lei facultativo. Atualmente, no entanto, continua sendo componente obrigatório.
7. Fundamentação:
É o cerne, a alma ou a parte essencial da sentença. Trata-se da motivação do Juiz para aplicar o direito ao caso concreto da maneira como fez, acolhendo ou rejeitando a pretensão de punir do Estado. É preciso que constem os motivos de fato (advindos da prova colhida) e os motivos de direito (advindos da lei, interpretada pelo Juiz), norteadores do dispositivo (conclusão). É a consagração, no processo penal, do princípio da persuasão racional ou livre convicção motivada.
8. Fundamentação com Base em Argumentos de Terceiros:
Torna nula a sentença. Com propriedade, assinala Bento de Faria que “a sentença deve expressar a opinião própria do Juiz e não a de outrem, ainda quando se trate de autoridade consagrada nas letras jurídicas. (...) Assim, não é tido por fundamentada a decisão que se reporte unicamente às razoes das partes ou a pareceres ou opiniões doutrinárias”.
9. Peculiaridade da Sentença Proferida pelo Juiz no Tribunal do Júri:
Não há necessidade de relatório ou fundamentação, pois trata-se de ato jurisdicional vinculado ao veredicto dado pelos jurados. Estes, por sua vez, em exceção constitucionalmente assimilada pelo princípio do sigilo das votações, decidem por livre convicção plena, sem fornecerqualquer motivação. Assim, descabe ao magistrado tecer comentários sobre a culpa ou inocência do acusado, bastando-lhe fixar a pena, que é justamente o dispositivo. Neste, entretanto, deve dar a fundamentação para a sanção penal escolhida e concretizada.
10. Indicação dos Artigos de Lei Aplicados:
Trata-se da referência legal dos fundamentos. O Juiz, ao eleger as normas que lastreiam o seu julgamento, deve mencioná-las na decisão, aprimorando a visualização dos fundamentos eleitos para guiá-lo.
11. Dispositivo (Conclusão):
É a conclusão alcançada pelo Juiz, após ter elaborado raciocínio exposto e fundamentado, para julgar procedente ou improcedente a ação e, consequentemente, presente ou ausente o direito de punir do Estado. É no dispositivo (conclusão) que irá fixar a sanção ou, simplesmente, declarar a inocência do réu.
12. Data e Assinatura do Juiz:
Trata-se da individualização do órgão julgador, conferindo forma autêntica ao julgado, bem como estabelecendo o momento temporal em que foi proferida.
Art. 382. Qualquer das partes poderá, no prazo de 2 (dois) dias, pedir ao Juiz que declare a sentença, sempre que nela houver obscuridade, ambiguidade, contradição ou omissão.
13. Embargos de Declaração:
Sem utilizar formalmente esse nome, trata-se de autêntico recurso apresentado pela parte interessada em aclarar o conteúdo da sentença. 
Denomina a doutrina esse pedido de embarguinhos. Oferecidos os embargos de declaração, no prazo de dois dias, interrompe-se o curso do prazo de apelação, até que o magistrado possa decidi-lo, sem necessidade de ouvir a parte contrária. Utiliza-se, por analogia, uma vez que o Código de Processo Penal nada dispõe a respeito, o caput do art. 538 do Código de Processo Civil: “Os embargos de declaração interrompem o prazo para a interposição de outros recursos, por qualquer das partes”. Convém mencionar que, na Lei 9.099/95, o art. 83, § 2°, estipula que “quando opostos contra sentença, os embargos de declaração suspenderão o prazo para o recurso”. Melhor, no entanto, manter a analogia com o processo civil, onde se fala em interrupção do prazo e não em simples suspensão.
14. Obscuridade:
É o estado daquilo que é difícil de entender, gerando confusão e ininteligência, no receptor da mensagem. No julgado, evidencia atualização de frases e termos complexos e desconexos, impossibilitando ao leitor da decisão, leigo ou não, captar-lhe o sentido e o conteúdo.
15. Ambiguidade:
É o estado daquilo que possui duplo sentido, gerando equivocidade e incerteza, capaz de comprometer a segurança do afirmado. Assim, no julgado, significa a utilização, pelo magistrado, de termos com duplo sentido, que ora apresentam uma determinada orientação, ora seguem em caminho oposto, fazendo com que o leitor, seja ele leigo ou não, termine não entendendo qual o seu real conteúdo.
16. Contradição:
Trata-se de uma incoerência entre uma afirmação anterior e outra posterior, referentes ao mesmo tema e no mesmo contexto, gerando a impossibilidade de compreensão do julgado. Logo, inexiste contradição, quando a decisão – sentença ou acórdão – está em desalinho com opiniões doutrinárias, com outros acórdãos ou sentenças e mesmo com a prova dos autos. 
17. Omissão:
É a lacuna ou o esquecimento. No julgado, traduz-se pela falta de abordagem do magistrado acerca de alguma alegação ou requerimento formulado, expressamente, pela parte interessada, merecedor de apreciação.
18. Não Caracterização da Omissão:
Não se configura lacuna na decisão o fato do Juiz deixar de comentar argumento por argumento levantado pela parte, pois, no contexto geral do julgado, pode estar nítida a sua intenção de rechaçar todos eles.
Art. 383. O Juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia ou queixa, poderá atribuir-lhe definição jurídica diversa, ainda que, em consequência, tenha de aplicar pena mais grave.
§ 1° Se, em consequência de definição jurídica diversa, houver possibilidade de proposta de suspensão condicional do processo, o Juiz procederá de acordo com o disposto na lei.
§ 2° Tratando-se de infração da competência de outro juízo, a este serão encaminhados os autos.
19. Correlação entre Acusação e Sentença:
É a regra segundo a qual o fato imputado ao réu, na peça inicial acusatória, deve guardar perfeita correspondência com o fato reconhecido pelo Juiz, na sentença, sob pena de grave violação aos princípios do contraditório e da ampla defesa, consequentemente, ao devido processo legal.
20. Alterações Inadmissíveis:
A reforma trazida pela Lei 11.719/2008 tornou bem claro não poder o magistrado, ao promover a denominada emendatio libelli, modificar qualquer fato descrito na peça acusatória. Cabe-lhe atribuir nova definição jurídica ao fato, mas este é imutável, sob a prisma do julgador. São ofensivas à regra da correlação entre acusação e sentença as alterações pertinentes ao elemento subjetivo (transformação do crime de doloso para culposo ou vice-versa), as que disserem respeito ao momento consumativo (transformação de crime consumado para tentado ou vice-versa), bem como as que fizerem incluir fatos não conhecidos da defesa, ainda que possam parecer irrelevantes, como a mudança do endereço onde o delito ocorreu.
21. Alteração Admissível:
É viável a modificação da classificação, sem necessidade de abertura de vista à defesa, de latrocínio para homicídio simples, pois todos os elementos deste tipo penal estão contidos naquele. Não há modificação fática. 
22. Definição Jurídica do Fato:
É a tipicidade, ou seja, o processo pelo qual o Juiz subsumi o fato ocorrido ao modelo legal abstrato de conduta proibida. Assim, dar a definição jurídica do fato significa transformar o fato ocorrido em juridicamente relevante. Quando A agride B, visando a matá-lo, sem conseguir o seu intento, dá-se a definição jurídica de “tentativa de homicídio”. A partir disso, surge a classificação do crime, que é o resultado desse processo mental. No exemplo apresentado, temos o réu como incurso no art. 121, caput, c/c o art. 14, II, do Código Penal.
23. Regra Aplicável ao Julgamento Proferido pelo Tribunal:
Da mesma forma, pode o Tribunal, ao julgar um recurso do réu, aplicar pena mais grave, desde que o fato esteja devidamente descrito na denúncia ou queixa. Nesse sentido: STJ: “O acusado defende-se dos fatos narrados na denúncia, e não de sua capitulação. Assim, é permitido ao Tribunal dar o fato definição jurídica diversa daquela apontada na denúncia, ainda que, em consequência, tenha que aplicar pena mais grave”.
24. Violação da Regra da Correlação entre Acusação e Sentença:
É causa de nulidade absoluta, pois ofende os princípios do contraditório e da ampla defesa, consequentemente, o devido processo legal.
25. Confronto entre a Alteração da Definição Jurídica do fato e os Princípios do Contraditório e da Ampla Defesa:
Atualmente, não são poucos os processualistas que passaram a sustentar a obrigatoriedade de se dar vista às partes, quando houver a possibilidade de modificação da classificação do crime, pois a defesa também estaria pautando sua tese e sua atuação conforme o tipo penal envolvido na peça inaugural. Por todos, diz Badaró: “Desde que os fatos imputados permaneçam inalterados, pode o Juiz dar-lhes definição jurídica diversa da constante da denúncia ou da queixa, mesmo sem aditamento dessas peças. Porém, antes de sentenciar, em respeito ao contraditório, deve o Juiz convidar as partes a se manifestarem sobre a possibilidade de uma nova classificação jurídica dos fatos, evitando que sejam surpreendidas com a nova capitulação, sem que tenham tido oportunidade de debatê-la. O certo é que o tipo penal exerce influência decisiva na condução da defesa, de forma que sua alteração poderia surpreendê-la”.
Art. 384. Encerrada a instrução probatória, se entender cabível nova definição jurídica do fato, em consequência de prova existente nos autos de elemento ou circunstância da infração penal não contida na acusação, o Ministério Público deverá aditar a denúncia ou queixa, no prazo de 5 (cinco) dias, se em virtude destahouver sido instaurado o processo em crime de ação pública, reduzindo-se a termo o adiantamento, quando feito oralmente. 
§ 1° Não procedendo o órgão do Ministério Público ao aditamento, aplica-se o art. 28 deste Código.
§ 2° Ouvido o defensor do acusado no prazo de 5 (cinco) dias e admitido o aditamento, o Juiz, a requerimento de qualquer das partes, designará dia e hora para continuação da audiência, com inquirição de testemunhas, novo interrogatório do acusado, realização de debates e julgamento.
§3° Aplicam-se as disposições dos §§ 1° e 2° do art. 383 ao caput deste artigo.
§4° Havendo aditamento, cada parte poderá arrolar até 3 (três) testemunhas, no prazo de 5 (cinco) dias, ficando o Juiz, na sentença, adstrito aos termos do aditamento.
§5° Não recebido o aditamento, o processo prosseguirá.
26. Aditamento Obrigatório pelo Ministério Público:
Corrige-se outro ponto interessante à ampla defesa envolvendo o antigo art. 384. Qualquer alteração do conteúdo da acusação, não contida na denúncia ou queixa, depende de participação ativa do Ministério Público.
27. Conversão do Julgamento em Diligência:
O magistrado deve baixar o processo em despacho prolatado em termos sóbrios, sem qualquer tipo de prejulgamento ou frases taxativas, que possam indicar o rumo a ser tomado quanto ao mérito. Ex.: “Vislumbrando a possibilidade de definir o fato narrado na denúncia não como roubo, mas como extorsão, segundo a prova produzida, abra-se vista ao Ministério Público para eventual aditamento”.
28. Exclusividade dos Crimes de Ação Pública:
Veda a lei que o Juiz tome qualquer iniciativa para aditamento de queixa, em ação exclusivamente privada, pois a iniciativa é sempre da parte ofendida.
29. Oitava Prévia da Defesa:
Antes de receber o aditamento, deve o magistrado ouvir o defensor, no prazo de cinco dias, o que é medida correta, a privilegiar o princípio constitucional da ampla defesa. Apresentados os argumentos defensivos, o Juiz decide pelo recebimento ou rejeição do aditamento. Rejeitando, cabe a interposição de recurso em sentido estrito (ver a nota 15 ao art. 581). Acolhendo, admite-se a interposição de habeas corpus, pois significaria um constrangimento ilegal (se for infundado o recebimento).
Art. 385. Nos crimes de ação pública, o Juiz poderá proferir sentença condenatória, ainda que o Ministério Público tenha opinado pela absolvição, bem como reconhecer agravantes, embora nenhuma tenha sido alegada.
30. Independência do Juiz para Julgar:
Do mesmo modo que está o promotor livre para pedir a absolvição, demonstrando o seu convencimento, fruto da sua independência funcional, outra não poderia ser a postura do magistrado.
Art. 386. O Juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que reconheça:
I – estar provada a inexistência do fato;
II – não haver prova da existência do fato;
III – não constituir o fato infração penal;
IV – estar provado que o réu não concorreu para a infração penal;
V – não existir prova de ter o réu concorreu para a infração penal;
VI – existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu de pena (arts. 20, 21, 22, 23,26 e §1° do art. 28, todos do Código Penal), ou mesmo se houver fundada dúvida sobre a existência;
VII – não existir prova suficiente para a condição.
Parágrafo único. Na sentença absolutória, o Juiz:
I – mandará, se for o caso, pôr o réu em liberdade;
II – ordenará a cessação das medidas cautelares e provisoriamente aplicadas;
III – aplicará medida de segurança, se cabível.
31. Inexistência do Fato:
É hipótese das mais seguras para a absolvição, pois a prova colhida está a demonstrar não ter ocorrido o fato sobre o qual se baseia a imputação feita pela acusação.
32. Inexistência de Prova da Ocorrência do Fato:
Não com a mesma intensidade e determinação do primeiro caso (estar provada a inexistência do fato), neste caso falecem provas suficientes e seguras de que o fato tenha, efetivamente, ocorrido.
33. Inexistência de Infração Penal:
Nesta situação, o fato efetivamente ocorreu, mas não é típico. Assim, o Juiz profere que há impossibilidade de condenação por ausência de uma das elementares do crime.
34. Prova Insuficiente para Condenação:
É outra consagração do princípio da prevalência do interesse do réu – in dubio pro reo. Se o Juiz não possui provas sólidas para a formação do seu convencimento, sem poder indicá-las na fundamentação da sua sentença, o melhor caminho é a absolvição.
35. Liberdade do Réu:
É sempre uma providencia necessária, em decorrência da sentença absolutória. Não mais vige qualquer hipótese de segurar no cárcere o réu considerado inocente por sentença absolutória.
Art. 387. O Juiz, ao proferir sentença condenatória:
I – mencionará as circunstâncias agravantes ou atenuantes definidas no Código Penal, e cuja existência reconhecer;
II – mencionará as outras circunstâncias apuradas e tudo o mais que deva ser levado em conta na aplicação da pena, de acordo com o disposto nos arts. 59 e 60 do Decreto-lei 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal;
III – aplicará as penas de acordo com essas conclusões;
IV – fixará valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido;
V – atenderá, quanto à aplicação provisória de interdições de direitos e medidas de segurança, ao disposto no Título XI deste Livro;
VI – determinará se a sentença deverá ser publicada na íntegra ou em resumo e designará o jornal em que será feita a publicação (art. 73, §1°, do Código Penal).
Parágrafo único. O Juiz decidirá, fundamente, sobre a manutenção ou, se for o caso, imposição de prisão preventiva ou de outra medida cautelar, sem prejuízo do conhecimento da apelação que vier a ser interposta.
36. Prisão em Face da Condenação:
A principal medida é certamente a determinação da prisão, que passa a ser rígida, no âmbito geral do processo penal, pelo disposto no art. 312 do CPP. Havendo motivo justo, deve o réu ser recolhido ao cárcere, antes do trânsito em julgado da sentença condenatória. Inexistindo razão, ficará em liberdade, aguardando o resultado final.
37. Recurso de Apelação em Crimes Hediondos e Equiparados:
A regra, para os casos de condenação por crimes hediondos, cujo regime de cumprimento da pena é inicialmente fechado (a progressão de regime foi autorizada pela Lei 11.464/2007, que deu nova redação ao art. 2°, II, da Lei 8.072/90) e cujas penas são elevadas, é o recolhimento à prisão para poder recorrer. Apesar disso, não se deve olvidar que o Juiz precisa fundamentar as razões que o levam a decretar a prisão ou mesmo quando deixe de fazê-lo, não sendo viável uma imposição de segregação cautelar imotivada, ou baseando-se em citação singela de texto legal. Saliente-se, ainda, que a Lei 8.072/90 preceitua poder o Juiz, fundamentando convenientemente, permitir o recurso em liberdade (art. 2°, § 3°).
38. Fixação do Regime Semiaberto e Incompatibilidade com a Prisão Cautelar:
Se o magistrado fixar o regime semiaberto para início do cumprimento da pena, torna-se incompatível a manutenção ou decretação da prisão cautelar para a fase recursal.
Art. 388. A sentença poderá ser datilografada e neste caso o Juiz a rubricará em todas as folhas.
39. Possibilidade de Datilografia:
Atualmente, não somente pode se datilografada, como impressa por qualquer outro meio, em especial por computador.
40. Rubrica em Todas as Folhas:
É a autenticação das páginas que compõem a sentença feita pelo próprio prolator, para garantir que o Juiz as leu, aprovando o resultado final.
Art. 389. A sentença será publicada em mão do escrivão, que lavrará nos autos o respectivo termo, registrando-a em livro especialmente destinado a esse fim.
Art. 390. O escrivão, dentro de 3 (três) dias após a publicação, e sob pena de suspensão de 5 (cinco) dias, dará conhecimento da sentença ao órgão do Ministério Público.
Art. 391. O querelante ou o assistente será intimado da sentença, pessoalmente ou na pessoa de seu advogado. Se nenhum deles for encontrado no lugar da sede do juízo, a intimação será feitamediante edital com o prazo de 10 (dez) dias, afixado no lugar de costume.
Art. 392. A intimação da sentença será feita:
I – ao réu, pessoalmente, se estiver preso;
II – ao réu, pessoalmente, ao defensor por ele constituído, quando se livrar solto, ou, sendo afiançável a infração, tiver prestado fiança;
III – ao defensor constituído pelo réu, se este, afiançável, ou não, a infração, expedido o mandado de prisão, não tiver sido encontrado, e assim o certificar o oficial de justiça;
IV – mediante edital, nos casos do n. II, se o réu e o defensor que houver constituído não forem encontrados, e assim o certificar o oficial de justiça;
V – mediante edital, nos casos do n. III, se o defensor que o réu houver constituído também não for encontrado, e assim o certificar o oficial de justiça;
VI – mediante edital, se o réu, não tendo constituído defensor, não for encontrado, e assim o certificar o oficial de justiça;
§ 1° O prazo do edital será de 90 (noventa) dias, se tiver sido imposta pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a 1 (um) ano, e de 60 (sessenta) dias, nos outros casos.
§ 2° O prazo para apelação correrá após o término do fixado no edital, salvo se, no curso deste, for feita a intimação por qualquer das outras formas estabelecidas neste artigo.
41. Contagem do Prazo para Recurso:
Estruturava-se na jurisprudência, acolhendo a tese vigorante no processo civil, a contagem do prazo a partir da juntada do mandado de intimação ou da precatória, conforme o caso. Segundo nos parece, seria, de fato, a posição mais segura e cautelosa. Entretanto, recentemente, o Supremo Tribunal Federal editou a Súmula 710 (“No processo penal, contam-se os prazos da data da intimação, e não da juntada aos autos do mandado ou da carta precatória ou de ordem”), alterando esse entendimento.
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