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HÉRNIA EPIGÁSTRICA Ocorrem em locais onde a aponeurose e fáscia não são cobertas por músculo estriado entre o processo xifóide e o umbigo Prevalência de 3-5% da população Mais frequente nos homens (3:1), entre os 20 e 50 anos Cerca de 80% localizam-se na linha média e, em 20% dos casos são múltiplas Hérnias verdadeira: revestido pelo peritônio, habitualmente contém omento e, mais raramente, intestino delgado Hérnias falsas: contém gordura pré-peritoneal Anatomia: Musculatura: A musculatura lateral é composta de 3 camadas, cada um desses músculos com suas aponeuroses que, projetadas medialmente, encontram as bainhas posterior e anterior do reto e inserem-se na linha alba Inervação: Parede abdominal: nervos intercostais torácicos e lombares. T7-L2. Irrigação: - Músculos laterais: Art. intercostais inferiores, Art. ilíaca circunflexa profunda, Art. lombares - Músculo reto abdominal: suprimento sanguíneo mais complexo. Artérias intercostais inferiores, Artéria epigástrica superior (r. mamária interna), Artéria epigástrica inferior (r. ilíaca externa) + vasos perfurantes Inervação abdome: Figura 1: Do 7º ao 12º ramos torácicos, anteriormente,abandonam as costelas para invadir o abdome, inervando assim, os músculos e a cútis até um plano que medeie o umbigo e sínfise púbica. O nervo subcostal (T12) dá um ramo anastomótico p/ o plexo lombar, e por outro lado, algumas de suas fibras sensitivas vão até a região glútea e face lateral da coxa. Figura 2: Projeção de nervo espinhal torácico típico Etiologia: Adultos (adquiridas) – multifatorial e relacionado ao aumento da PIA. Idade avançada, tabagismo, realização de treinamento físico extenuante, pacientes acometidos por doenças pulmonares (tosse exacerbada), obesidade, uso crônico de esteróides, diabetes mellitus. Exame Clínico: 1) Identificação: Idade, sexo e profissão/atividade (geralmente: 20-50 anos, masculino e demanda esforço) 2) Comorbidades: História gestacional e cirurgias prévias. 3) Hábitos de vida: Tabagismo, atividade física. 4) História e evolução da doença: Tumefação. Evolução: insidiosa ou aguda (desencadeada por um esforço muscular vigoroso) Aumento do volume com aumento da PIA Redução espontânea com decúbito ou por pressão manual * Alarme: Distensão abdominal, dor, alterações do trânsito intestinal, vômitos, oclusão intestinal. 5) Exame físico: em posição ortostática e decúbito dorsal Inspeção: Localização e forma da tumefação; passiva e ativa (Manobra de Valsalva/impulso a tosse); Sinais inflamatórios; Presença de cicatrizes. Ausculta e percussão: Avaliação do conteúdo do saco herniário; Avaliação dos sinais de oclusão intestinal. Palpação: Tamanho, consistência, limites; Palpação do orifício herniário; Manobra de Valsalva/Impulso com a tosse; Redutibilidade; Mobilidade entre planos profundos e a pele; Sensibilidade dolorosa do saco herniário. Foco em detectar a localização e tamanho da hérnia. Exames de imagem podem ter valor na complementação diagnóstica da parede abdominal. As modalidades de imagem podem servir de auxílio na caracterização da lesão e anatomia da parede abdominal em: Hérnias grandes, múltiplas, incomuns e exame físico de duvidoso. Queixa habitual: percepção de um pequeno abaulamento ligeiramente desconfortável entre o umbigo e o processo xifóide. Os sintomas variam entre dor epigástrica ligeira e dor profunda com irradiação para o dorso, acompanhada de distensão abdominal, náuseas e vômitos. Exemplo: Paciente JCC, 40 anos, busca PS com queixa de dor abdominal durante esforço físico enquanto realizava “mudança” no final de semana. Diagnóstico diferencial: Úlcera péptica, patologia da vesícula biliar, hérnia de hiato, pancreatite, diátese dos retos Complicações: Na hérnia epigástrica, o estrangulamento é incomum; As hérnias pequenas apresentam maior risco de encarceramento e estrangulamento. Maior atenção a chance de múltiplas hérnias (20%). 10-20% de recorrência após a cirurgia (muitas vezes devido ao não reconhecimento de múltiplas hérnias) USG de parde abdominal Achados de hérnia epigástrica contendo gordura pré- peritoneal e líquido intraperitoneal. Achados de hérnia epigástrica contendo gordura préperitoneal e líquido intraperitoneal. Não há imagem sugestiva de presença de alça intestinal em saco herniário. Conduta/tratamento: Tratamento operatório/cirúrgico 1) Defeitos pequenos: Reparo/fechamento primário 2) Defeitos de tamanho superior a 1cm: Tela Técnica de fechamento primário 1) Separa-se o saco herniário do umbigo sobrejacente e da fáscia circundante / excisão da gordura pré-peritoneal encarcerada. 2) Devolver o conteúdo herniário para o abdome; 3) Sutura aponeurótica primária. Escolha do material (tela) Posicionamento e risco de infecção Posicionamento pré-aponeurótico (extraperitoneal): Macroporosa: Poliprolipeno (Tela de Marlex) Alguns exemplos de materiais das telas: ● Sintéticos: Macroporosa: Poliprolipeno - Melhor integração e respondem melhor a contaminação. Microporosas ditas inertes: poligalactina 910, poliglecaprone. - Menor chance de recidiva (17% versus 7%) - Tela microporosa anti-aderente: Politetrafluoretileno expandido (PTFEe) - Podem ser dispostas intra-peritonealmente. - Hidrofóbica, lenta integração e maior risco de infecções. ● Biológicos: Derme humana, suína e bovina. Benefícios em casos infectados/contaminados Outros posicionamentos de tela: Retro-retal: Baseado na técnica proposta por Rives-Stoppa, o objetivo é reconstruir a linha média aproximando os músculos retos do abdome e posicionar uma tela no loja retromuscular por videocirurgia, evitando-se grandes descolamentos em pacientes obesos Pré-peritoneal: Abordagem videolaparoscópica com uso de tela composta (PTFE- Polipropileno). Risco de aderências, herniações, erosões intestinais.Fístulas entero-cutâneas e migração da tela para luz intestinal. Risco de herniação intestinal através da borda da prótese Risco de aderências, herniações, erosões intestinais. Fístulas entero-cutâneas e migração da tela para luz intestinal. Risco de herniação intestinal através da borda da prótese Complicações pós-operatórias: Precoces/Agudas: Infecção local, hematoma, seroma, deiscência de pele, pexia de alça intestinal Tardias/Crônicas: Infecção crônica de sítio operatório, recidiva, extrusão da tela, cicatriz hipertrófica, sinéquia de pele, dor crônica Caso clínico: Paciente de 32 anos, cientista da computação, durante prática de atividade física em academia, a qual pratica diariamente exceto aos domingos, sentiu súbito desconforto em região abdominal supraumbilical durante sua prática halterofilista. Percebeu, associado, abaulamento localizado naquela região a qual, comprimindo, fez desaparecer com alívio da dor. 1) Cite a hipótese diagnóstica 2) Cite 3 fatores de risco, predisponentes ou causais relacionados. 3) Cite 3 diagnósticos diferenciais 4) Qual seria seu objetivo ao exame físico? 5) Solicitaria um exame complementar subsequente? Qual? 6) Qual sua conduta?
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