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PARASITOLOGIA APLICADA Aula nº4 Dia 10/03/2020 MFernanda Beirão 2019/2020 Curso de BIOANÁLISE E CONTROLO Plasmodium vivax • O P. vivax é seletivo, uma vez que só invade eritrócitos jovens e imaturos. • Nas infeções causadas por P. vivax, os eritrócitos infetados estão, normalmente, com o tamanho aumentado e, contêm numerosos grânulos rosados chamadas de granulações de Schüffner. • As granulações de Schüffner são de menor dimensões que as encontradas no P. ovale. • O trofozoíto possui uma forma em anel, porém de aspeto amebóide. • Verifica-se a presença de trofozoítos mais maduros e Esquizontes eritrocíticos maduros (denominados por Rosácea) contendo 8 a 24 merozoítos. • Os gametócitos são redondos. • É muito semelhante ao P. ovale. • Cor do eritrócito parasasitado policrómatófilo. http://www.dpd.cdc.gov/dpdx/images/ParasiteImages/M-R/Malaria/vivax/Pv_troph_thinE.jpg Plasmodium ovale • P. ovale assemelha-se ao P. vivax em muitos aspetos, incluindo a seletividade para eritrócitos jovens e flexíveis. Como consequência a célula hospedeira aumenta e sofre deformação, adquirindo uma forma oval. • As granulações de Schüffner são mais volumosas e aparecem como grânulos rosa-pálido • A borda da célula é frequentemente fimbriada ou áspera. • O número de merozoítos é baixo. - O esquizonte do P. ovale, quando maduro, contém cerca de metade do número de merozoítos visualizados no P. vivax. • Encontram-se todos os elementos parasitários no sangue. • Cor do eritrócito parasitado policromatófilo. http://www.dpd.cdc.gov/dpdx/images/ParasiteImages/M-R/Malaria/ovale/Po_schizont_thinA.jpg P. ovale Epidemiologia: Distribuição geográfica de P. ovale - Primariamente na: -- África tropical, onde é quase sempre mais prevalecente do que o P. vivax. -- Também encontrado na Ásia e -- América do Sul. • Origina um quadro clínico denominado por malária ovale ou terçã benigna e que é semelhante ao verificado com o P. vivax. • As infeções não tratadas duram cerca de um ano, em vez dos vários anos como acontece no P. vivax. • Tanto a fase de recidiva como a de recrudescência são semelhantes às do P. vivax. Plasmodium malariae • Em contraste com P. vivax e P. ovale, P. malariae só é capaz de infetar eritrócitos maduros com membranas celulares relativamente rígidas - Não se verifica aumento ou deformação do eritrócito, conforme se observa na parasitose por P. vivax e P. ovale. • Os gametócitos são redondos menores do que os de P. vivax. • Aparece uma forma típica que é a de esquizonte em banda equatorial. • A rosácea ou esquizonte maduro tem um numero baixo de merozoítos (6 a 8). • Cor do eritrócito parasitado - normocrómico. Rosácea Esquizonte em banda equatorial de P. malariae Plasmodium falciparum • O P. falciparum não demonstra nenhuma seletividade nos eritrócitos do hospedeiro, invadindo qualquer eritrócito em qualquer estágio de existência • O eritrócito encontra-se frequentemente bi e triparasitado (com 2 ou 3 trofozoitos). • Cor do eritrócito parasitado – normocrómico. • É frequente encontrar trofozoitos binucleados. Mas estas duas caracteristicas não são exclusivas do P. falciparum embora sejam mais frequentes. • O P. falciparum é, usualmente, visualizado nas células do hospedeiro na borda ou períferia da membrana celular, sendo este aspeto designado por formas accolée. • Os estágios de trofozoito em crescimento esquizonte de P. falciparum são raramente observadas em esfregaços sanguíneos, visto que as suas formas são excretadas no fígado e baço. Apenas nas infeções muito maciças são encontrados na circulação periférica. Formas accolée Plasmodium falciparum • Assim, os esfregaços de sangue periférico de doentes com malária por P. falciparum contêm tipicamente apenas formas jovens em anel e, em certas ocasiões, gametócitos. • O encontro de gametócitos em crescimento típico faz o diagnóstico da espécie. • Os eritrócitos infetados não sofrem aumento nem distorção como acontece com os infetados por P. vivax e P. ovale. • Em certas ocasiões podem ser observados grânulos avermelhados em P. falciparum, conhecidos como granulações de Maurer. • Como em P. malariae também P. falciparum, não produz hipnozoítos no fígado. Não ocorrem recidivas hepáticas. http://images.google.pt/imgres?imgurl=http://embryology.med.unsw.edu.au/Defect/images/Malaria_plasmodium_falciparum.jpg&imgrefurl=http://www.lookfordiagnosis.com/mesh_info.php%3Fterm%3DMal%25C3%25A1ria%2BFalciparum%26lang%3D3&usg=__ENhsR25HtJhsKmwtCbggPsElH38=&h=355&w=400&sz=14&hl=pt-PT&start=1&um=1&tbnid=NvhBO5Rv_PseVM:&tbnh=110&tbnw=124&prev=/images%3Fq%3Dparoxismos%2Bna%2Bmal%25C3%25A1ria%26hl%3Dpt-PT%26lr%3Dlang_pt%26sa%3DN%26um%3D1 Profilaxia - (Antes de viajar fazer sempre a consulta do Viajante) - Uso de roupa apropriada (impregnada com substâncias à base de permetrina ou deltrametrina) - Nas zonas do corpo expostas usar repelentes (dose p/ criança e p/ adulto) - Alojamento em quartos com ar condicionado ou que disponham de redes mosquiteiras - Medicação profilática - Erradicação do mosquito - Controlar a proliferação dos mosquitos com inseticidas e drenagem de água parada, onde eles depositam os seus ovos. PALUDISMO - DIAGNÓSTICO LABORATORIAL • Colheita da amostra: • Sangue capilar ou periférico. • Não se pode fazer com sangue venoso porque há maior tendência para o parasita vir para a periferia. O parasita tem grande preferência pelos capilares cerebrais, têm tendência a ficarem aderentes. • O sangue pode ser colhido a qualquer momento durante a evolução da infeção: no entanto o melhor momento é o ponto médio entre os paroxismos de calafrios e febre, quando ocorre o maior numero de organismos intracelulares. • Pode ser necessário realizar esfregaços repetidos com intervalos de 4 a 16 horas. Inquérito feito ao doente tendo como fim: • Viagens antigas ou recentes com ou sem profilaxia • Situações raras como: paludismo pós-transfusional, paludismo dos aeroportos, paludismo pós enxerto hepático, da gestante para o filho antes ou durante o parto (malária congénita) • Usar anticoagulantes como citrato de sódio ou heparina. PALUDISMO - DIAGNÓSTICO LABORATORIAL Exame microscópico: • podemos fazer um esfregaço grosso (concentração dos elementos parasitários) e um esfregaço fino (tendo como fim visualizar a forma). • Coloração de Giemsa em: esfregaço de sangue, gota espessa ou esfregaço após método do tubo capilar. Nota: deve utilizar-se coloração de Giemsa porque as granulações de Schüffner coram mal pelo corante de Wright. Gota espessa: • Quando os parasitas não são evidenciados pelos métodos preparação de sangue fresco sem coloração ou esfregaço de sangue corado, recorre-se à técnica da gota espessa. • É um método que consiste em concentrar sobre uma superfície reduzida os hematozoários contidos num determinado volume de sangue. Gota espessa: Técnica: • Dispor uma gota de sangue sobre uma lâmina. • Espalha-se em forma circular com auxilio de uma ansa de platina, até se conseguir uma camada uniforme. • Deixar secar por exposição ao ar ou levar à estufa a 37 ºC. • De seguida, hemolisar com água destilada, a qual destrói os eritrócitos, deixando intactos os leucócitos e os parasitas. • Secar novamente e corar pelos métodos usuais. • Examinar com objetiva de imersão Coloração de Giemsa: • Colocar a lâmina na placa de Petri ou no suporte e proceder à coloração. • Fixar o esfregaço com XX gotas de álcool metílico, durante 3 a 5 min. • Escorrer o álcool metilico e, sem lavar recobrir o esfregaço com a solução diluída de Giemsa (5 gotas para 5 ml de água destilada). • Deixar atuar durante 15 min. • Lavar em água corrente e deixar secar espontaneamente, colocando a lâmina em posição vertical. • Examinar com objetiva de imersão. Toxoplasma gondii • A toxoplasmose é uma zoonose que infeta o gato e numerosas espécies de outros vertebrados de sangue quente. É originada por Toxoplasma gondii (esporozoário que desenvolve parasitismo intracelularobrigatório). Ocorre com muita frequência na espécie humana sob a forma de infeção crónica assintomática - Nos indivíduos adultos é capaz de originar um quadro clínico com febre e linfadenopatia. - Nas crianças uma forma sub-aguda de encefalomielite e coriorretinite. Formas graves - A forma congénita é particularmente grave - Imunossuprimidos - Aborto; Nado morto; Doença grave: -- Calcificações intracranianas -- Hidrocefalia, -- Atraso mental -- Cegueira, … Estrutura do Toxoplasma • O Toxoplasma gondii apresenta uma forma encurvada em arco, com uma das extremidades mais atenuada do que a outra. • O núcleo está situado no meio do corpo corando de vermelho pelo método de Giemsa e o citoplasma corado de azul. • Ao M.E. apresenta-se constituído por 2 membranas, uma externa simples e uma interna dupla. No pólo anterior do seu corpo alongado, possui umas estruturas celulares especiais formando o complexo apical – destinado à fixação e penetração nas células dos organismos hospedeiros. Estrutura do Toxoplasma • Quando bem desenvolvido, o complexo apical apresenta estruturas em forma de anéis (anéis do conóide) situados no pólo anterior do parasita, sob a membrana celular, centrados em redor de uma pequena depressão onde vêm terminar algumas organelas alongadas denominadas de roptrias e outras por micronemas. Estas organelas contêm material necessário à invasão dos locais a parasitar pelo T. gondii. • Sob os anéis polares há outra organela chamada de conóide de onde partem um conjunto de microtúbulos que se mantêm aderidos à membrana celular mantendo a forma do parasita (Microtúbulos do conóide) Toxoplasma gondii: Ciclo de vida Tubo digestivo do gato • O gato contamina-se a partir da ingestão de ratos infetados com toxoplasma levando ao aparecimento nas suas fezes, alguns dias após, de oocistos imaturos (o mesmo acontece se lhe administrarmos por via oral tecidos triturados de animal infetado). - A eliminação pode durar 1 mês, desaparecendo em seguida; embora o isolamento de toxoplasmas do intestino dos gatos infetados pode ser positivo mesmo 1 ano após infeção. • Os parasitas que penetram nas células do intestino do gato arredondam-se e começam a multiplicar-se assexuadamente (por endodiogenia) podendo repetir o ciclo muitas vezes. • Mas de imediato alguns deles diferenciam-se em gâmetas, levando à produção de micro e macrogâmetas, os quais, vão copular originando o ovo ou zigoto, que segrega uma membrana cística formando o oocisto – Fecha o ciclo sexuado (gametogónico) • Os oocistos formados abandonam as células epiteliais antes de completarem o seu desenvolvimento saindo conjuntamente com as fezes para o exterior. • Os oocistos no exterior e em presença de O2 amadurecem (2 a 5 dias). No seu interior contêm 2 esporocistos, cada qual com 4 esporozoítos e uma massa de citoplasma residual. Quando maduros passam a ser infetantes. A- Oocisto não esporulado; B- Oocisto esporulado contendo dois esporocistos,onde em um deles 4 esporozoítos de Toxoplasma gondii podem ser vistos. (Dubey et al., 1998) Toxoplasma gondii: Ciclo de vida Tubo digestivo do gato Toxoplasma gondii: Ciclo de Vida • O parasita T. gondii desenvolve um ciclo sexuado e assexuado nos hospedeiros definitivos e um ciclo assexuado nos hospedeiros intermediários. - Nos H. definitivos o T. gondii realiza os dois ciclos. -- O gato é um dos hospedeiros definitivos, entre muito poucas espécies, onde o T. gondii pode completar todo o seu duplo ciclo vital Ciclo nos tecidos do hospedeiro Multiplicação do parasita (endodiogenia) • Nas proximidades do pólo anterior do núcleo formam-se duas estruturas membranosas, as quais, se desenvolvem para formar dois conóides –filhos. • O núcleo adquire a forma de ferradura com as pontas crescendo em direção aos conóides. À medida que se vão formando os dois núcleos filhos independentes, a membrana vai crescendo para trás, indo envolver cada um dos núcleos e englobando outras organelas celulares. • Formam-se assim os toxoplasmas – filhos, e, logo a célula mãe degenera de imediato. Este processo é designado por endodiogenia ou endogenia. • Em hospedeiros não imunes, com infeção aguda, a multiplicação dos toxoplasmas faz-se dentro das células parasitadas num espaço limitado por uma membrana, o qual é denominado por vacúolo parasitóforo. Isto leva à formação de Pseudocistos, os quais quando atingem certas dimensões rebentam e libertam taquizoítos (forma invasiva do parasita) capazes de invadir novas células Ciclo nos tecidos do hospedeiro Multiplicação do parasita (endodiogenia) - Continuação • Nas formas crónicas da infeção, em hospedeiros imunes, os toxoplasmas reproduzem-se também por endogenia (porém muito lentamente) e dão origem a grandes aglomerados parasitários (cistos) revestidos por uma parede quística. • Os cistos (formas de resistência e de persistência nos hospedeiros intermediários) com forma alongada ou arredondada contêm no seu interior centenas de parasitas denominados de bradizoítos. Formas infetantes • Oocistos (eliminados pelos gatos e amadurecidos no meio exterior) • Taquizoítos (encontrados no interior dos pseudocistos) • Bradizoítos (encontrados no interior dos cistos ou livres nos tecidos dos animais hospedeiros) Toxoplasma gondii: Formas infetantes (continuação) • Oocistos maduros (esporozoitos) - vegetais e legumes verdes crús - frutos - oocistos maduros nas fezes dos gatos (após 2 a 5 dias de emissão) • Ingestão de quistos/cistos teciduais (bradizoitos) - carnes cruas ou mal passadas - enchidos (chouriços, presunto, etc.) • Taquizoítos - por via oral só são infetantes se houver algum golpe na boca Vias de transmissão/contaminação (Resumo) • Por via oral (fecal - oral) ------- oocistos (carne crua/mal passada) ------------- cistos ou de pseudocistos tecidulares • Transfusão de produtos sanguíneos; Transplante de órgãos ou tecidos e por manipulação laboratorial • Por via transplacentária (inf. primária materna) http://images.google.pt/imgres?imgurl=http://webpendrive.files.wordpress.com/2009/04/transplante.jpg&imgrefurl=http://webpendrive.wordpress.com/2009/04/13/transplante-de-orgaos-e-tecidos/&usg=__ZOTp7MtHyRKpDlQ2AAHGGgjeEDk=&h=460&w=345&sz=43&hl=pt-PT&start=17&um=1&itbs=1&tbnid=5wiIEEunuAeduM:&tbnh=128&tbnw=96&prev=/images%3Fq%3DTransplante%2Bde%2B%25C3%25B3rg%25C3%25A3os%26um%3D1%26hl%3Dpt-PT%26sa%3DG%26tbs%3Disch:1 Ciclo de vida: Toxoplasma gondii (resumo) Diagnóstico • O diagnóstico biológico correto da toxoplasmose permite: - datar a primoinfeção materna, bem como, - uma deteção precoce, pré-natal, da toxoplasmose congénita. Técnicas de diagnóstico serológico • Permitem afirmar: - imunidade/proteção, - seroconversão, - infeção recente - toxoplasmose congénita. Dye –Teste (Técnica de execução delicada) ou teste de Sabin-Feldman. Método de referência. -- Deteta ac específicos do tipo IgG e IgM. IFI (pouco prática) ELISA EIA Técnicas de aglutinação passiva (hemaglutinação, látex, etc.) usadas frequentemente, mas, com desvantagens porque dão: falsos (+) e (-) Diagnóstico • Avidez das IgG • Técnica de ADS (Aglutinação Direta Sensibilizada) deteta apenas IgG específica. Apresenta elevada sensibilidade e especificidade (de fácil execução). • Técnicas de imunocaptura (ISAgA) • Técnicas de competição EIA específicas de um único epítopo (P30) – têm sido propostas Resultados: Só podemos chegar a alguma conclusão com o estudo em simultâneo de vários soros correspondentes ao mesmo doente, executados pela mesma técnica; e efetuados no mesmo laboratório. É aconselhável o uso de 2 técnicas: - deteção das IgM específicas - quantificação das IgG Profilaxia • Evitar o contacto com gatos, bem como, o manusear das suas areias. • Dada a resistência dos oocistos aos agentes químicos, os legumes devem se lavados sistematicamente de modo a assegurar a eliminação mecânica dos mesmos. • Manusear a terra com luvas (jardinagem) • Os quistos teciduais são sensíveis: - aocalor (56°C durante 15mn) - à congelação (-20°C) - à ação do microondas - às radiações ionizantes
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