Buscar

REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL: LEGALIDADE E DIVERGÊNCIAS NO CONTEXTO ATUAL

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 58 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 58 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 58 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

LUCIEL GOULART CHAVES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL: LEGALIDADE E 
DIVERGÊNCIAS NO CONTEXTO ATUAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UNIVERSIDADE CATÓLICA DOM BOSCO 
CURSO DE DIREITO 
CAMPO GRANDE - MS 
2010
 
 
 
 
 
 
 
LUCIEL GOULART CHAVES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL: LEGALIDADE E 
DIVERGÊNCIAS NO CONTEXTO ATUAL 
 
 
 
 
Monografia apresentada à Universidade 
Católica Dom Bosco, como conclusão do 
curso de graduação em Direito, sob a 
orientação do Prof. Esp. Wedney 
Rodolpho de Oliveira. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAMPO GRANDE - MS 
2010 
 
 
 
 
 
 
FOLHA DE APROVAÇÃO 
 
 
Este documento corresponde à versão final da monografia intitulada 
REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL: LEGALIDADE E DIVERGÊNCIAS NO 
CONTEXTO ATUAL e apresentada por LUCIEL GOULART CHAVES à Banca 
Examinadora do curso de Direito da Universidade Católica Dom Bosco, tendo sido 
considerado aprovado. 
 
 
 
 
 
 
_________________________________ 
Prof. Wedney Rodolpho de Oliveira. 
Orientador 
 
 
___________________________________ 
 Profª(º) ......................................................... 
Examinador(a) 
 
 
 
__________________________________________ 
 Profª(º) ......................................................... 
Examinador(a) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O Senhor é o meu Pastor, Nada me 
faltará. Caminhar me faz por verdes 
pastos. 
Guia-me mansamente a águas 
tranquilas. 
Refrigera a minha alma. 
Guia–me pelas veredas da justiça, 
por amor do Seu nome. 
Salmo 23 (Bíblia Sagrada) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico a presente monografia aos 
meus familiares que sempre me 
fortaleceram e contribuíram nesta 
jornada e a Deus que em sua infinita 
bondade 
Concedeu-me forças para a esta 
concretização. 
 
 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Primeiramente agradeço a Deus detentor de todo poder, pelo sustento e 
auxílio, e por me conceder capacidade ao longo desta jornada, pois sem sua graça 
eu não seria absolutamente nada, “tudo posso naquele que me fortalece”. 
Agradeço também a minha querida família em especial a Maria minha 
mãe, Julio meu pai, Elaine minha esposa, Luciney e Leandro meus irmãos e Edivani 
minha cunhada que sempre de tão perto presenciaram todos os momentos, e os 
mais difíceis deste curso, foram eles essenciais nestas horas, e sem a sua presença 
a dificuldade seria imensa. Tenho certeza que o Deus que me supriu e recompensou 
o fará o mesmo por vós, muito obrigado. 
Agradeço também, a todos meus professores, que muito influenciaram na 
minha formação, além de fazerem parte desta jornada, compartilhando seu saber e 
experiência, pela presença em vários momentos onde gentilmente deixaram um 
pouco de si através desta tão bela e peculiar função. Muito Obrigado, por tudo! 
Ao professor Wedney Rodolpho de Oliveira, por ser exemplo de 
dedicação, de dignidade pessoal e, sobretudo sua amizade e disponibilidade. 
Pessoa de caráter ilibado, que pode, além de transmitir seus conhecimentos, expor 
suas ricas experiências. Sou muito grato e admirador da sua ética e sua conduta 
profissional, me atento em frisar o seu exemplo de profissionalismo e competência. 
Muito obrigado, por tudo! 
Finalmente, agradeço meus colegas de classe, pelo companheirismo e 
singularidade nas grandes amizades que foram formadas no decorrer do curso. 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABREVIATURAS 
 
 
CC Código Civil 
CCJ Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania 
CD Câmara dos Deputados 
CE Código Eleitoral 
CF Constituição Federativa 
CN Congresso Nacional 
CNH Carteira Nacional de Habilitação 
CP Código Penal 
CPP Código de Processo Penal 
DP Direito Penal 
EC Emenda Constitucional 
ECA Estatuto da Criança e do Adolescente 
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
OAB Ordem dos Advogados do Brasil 
ONG Organização Não-Governamental 
ONU Organização das Nações Unidas 
PEC Proposta de Emenda Constitucional 
SF Senado Federal 
STF Supremo Tribunal Federal 
 
 
 
 
 
 
CHAVES, Luciel Goulart. Redução da maioridade penal: legalidade e 
divergências no contexto atual, e apresentada por resumo. 57f. 2010. 
Monografia. Curso de Direito. Universidade Católica Dom Bosco. 
 
RESUMO 
 
 
O objetivo geral do presente trabalho é elucidar com clareza a necessidade de redução 
da maioridade penal, esta que é estabelecida aos dezoito para os dezesseis anos de 
idade, desta forma visando salientar a problemática inserida no presente contexto, bem 
como trazer ao entendimento razões pelas quais enxerga-se a referida necessidade. 
Sabe-se que as legislações conferidas por meio dos diplomas legais, sendo eles a 
Constituição Federal e o Estatuto da Criança e do Adolescente, que, entretanto é 
pertinente em tutelar os menores de dezoito anos no que cerne a conduta delituosa, 
considerando o presente aspecto propostas de medidas que tendem a reduzir a 
maioridade penal de acordo com o processo evolutivo da sociedade, considerando a 
abrangência de todos os seus aspectos, principalmente os que tangem nessa retórica. O 
atual trabalho monográfico propõe-se a equação destas vertentes e na tentativa de 
conceituar características que embora são de grande relevância fundamentais ao 
contexto proposto não são levadas em consideração no consoante do problema. Faz-se 
uma análise contextual nos inequívocos preceitos de que se ressalta o processo de 
evolução, observa-se então uma formalidade considerável de adequação ao 
ordenamento jurídico com vistas à necessidade apresentada, sendo que este processo 
atravessa cunhos políticos, religiosos, intelectuais e sociais e a partir desta perspectiva 
não se admite a conduta aplicada atualmente. As ideias propostas são apresentadas 
como essenciais para a redução da maioridade penal, consciente de que este enfoque 
traz a tona um severo debate com opiniões contundentes sendo no posicionamento a 
favor ou contra, entende-se ainda que para reorganizar o ordenamento jurídico brasileiro 
atual não foram apresentadas alternativas na tangente desta proposta. Analisando a 
problemática e focando a necessidade de então diminuir-se a idade penal, a presente 
monografia tem em sua abrangência, além de ideias, fatos que são deveras relevantes à 
prática dentro do ordenamento jurídico, na esfera cível e eleitoral, que preconiza e se 
entende que o indivíduo de dezesseis anos é dotado de capacidade para condutas 
inerentes ao contexto jurídico formalizado e inserido mediante os diplomas legais e 
pertinentes. 
 
PALAVRAS-CHAVE: 1. Redução da maioridade penal; 2. Aspecto social; 3. 
Criminalidade juvenil; 4. Ordenamento jurídico; 5. Estatuto da criança e do 
adolescente; e 6. Menor infrator. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO .................................................................................................. 11 
1 INTRODUÇÃO A MENORIDADE ................................................................. 14 
1.1 CONTEXTUALIZANDO O TERMO NA ETIMOLOGIA E SEU CONCEITO 14 
1.2 O MENOR SEGUNDO O CÓDIGO PENAL BRASILEIRO E O 
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE .......................................... 
 
15 
1.3 INIMPUTABILIDADE E IMPUTABILIDADE ................................................ 18 
1.4 CRIMES PRATICADOS POR MENORES E SUAS RELAÇÕES ............... 21 
2 REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL ......................................................... 25 
2.1 CORRENTE DOUTRINÁRIA ...................................................................... 25 
2.2 REDUÇÃO NO ÂMBITO DA SOCIEDADE E REFLEXO NO PODER 
JUDICIÁRIO ...................................................................................................... 
 
31 
2.3 CONFLITO: DIREITO E OPINIÃO PÚBLICA ............................................. 33 
2.4 O SENTIDO OBRIGACIONAL DO ESTADO DE DIREITO ........................35 
2.5 A SOCIEDADE INCLUÍDA NO CONTEXTO .............................................. 37 
3 VIABILIDADE DA REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL ........................... 39 
3.1 ESTATÍSTICAS CRIMINAIS COM PARTICIPAÇÃO DE MENORES ........ 40 
3.2 CONCEITOS NO INTUITO DE REDUZIR A MAIORIDADE PENAL E 
ALTERNATIVAS PARA MODIFICAÇÃO .......................................................... 
41 
3.3 CONCEITOS FAVORÁVEIS E DESFAVORÁVEIS A RESPEITO DA 
REDUÇÃO ........................................................................................................ 
43 
3.3.1 Opiniões desfavoráveis .................................................................. 43 
3.3.2 Opiniões favoráveis ....................................................................... 44 
4 CORRENTE DEFENDIDA ............................................................................. 48 
5 JUSTIFICATIVA DA DEFESA ...................................................................... 51 
CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 54 
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 56 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
Quando são abordados temas relacionados à violência e criminalidade, 
logo verifica-se em muitos casos ligados a estes o envolvimento de jovens com 
idade inferior aos dezoito anos, várias são as especulações e divergências de 
opiniões apresentadas pela sociedade em geral, bem como introduzidas pela 
mídia entre outros meios, tornando-se aguerridos debates entre os mais variados 
segmentos da sociedade. 
A presente monografia visa elucidar e apresentar uma solução no 
tocante ao problema da violência, especificamente às praticadas por jovens, 
considerando a idade em questão que segue em tutela do Estatuto da Criança e 
do Adolescente referente aos menores de dezoito anos. 
Parte-se aqui da idéia precípua e alentada aos argumentos que vêem 
conduzidos à luz da ciência jurídica e seus doutrinadores, com ênfase na 
dimensão de sua legalidade e necessidade no contexto atual e com suas 
divergências. 
A redução da maioridade penal aqui proposta e apresentada, quando 
questionada, gera muitos conflitos e polêmicas no contexto jurídico penal, vê 
então uma questão de grande relevância na necessidade de atermos a severas 
reformas no Código Penal. 
No Brasil os adolescentes, que embora tenham para si outorgado os 
direitos contidos e constituídos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, com 
vistas à tutela e proteção, acarretam certa impunidade quando delitos são 
praticados por estes adolescentes, considerando que o referido estatuto não 
concede alternativas e nem tem a conclusão na solução tais delitos. 
 12
Para abranger o assunto referente à redução da maioridade penal, 
sabe-se, que temos neste enfoque o envolvimento da opinião pública, bem como 
a opinião de estudiosos e cientistas do direito, sem falar na aplicabilidade do 
nosso sistema carcerário que não pode ser descartado numa possível mudança. 
O sistema prisional brasileiro tem apresentado severas falhas, claro 
que existe a necessidade de mudanças, para que possa propiciar a 
ressocialização, como também o bem estar do detento e por consequência da 
população. 
A maioridade penal a qual referimos é definida e contextualizada 
diretamente através da Constituição Federal de 1988, de contra partida regula 
inimputáveis os que estão abaixo deste faixa etária, na esfera penal. Surge então 
uma tentativa de responsabilizar os jovens menores de 18 anos, com a aplicação 
definida e direcionada ao embate dos atos infracionais, conforme rege o Estatuto 
da Criança e do Adolescente que por sua vez não considera impunidade, e do 
contrário, enxerga com outro aspecto concernente aos dispositivos legais 
punitivos aos menores infratores. 
A pesquisa proposta pretende responder questões que circundam na 
aplicabilidade e insuficiência do Estatuto da Criança e do Adolescente, onde 
necessariamente é o ponto vital desta problemática. 
Considerando seu caráter protecionista no tocante aos menores 
infratores, temos como idéia principal trazer soluções no tocante a estes 
questionamentos, sendo eles: a importância da redução da maioridade penal; a 
sua necessidade; qual a relevância que a redução da maioridade penal refletiria 
na sociedade, e o limite de idade para se fixar a referida redução. 
Conforme exposto em tela, este introdutório refere-se e induz como o 
objetivo da pesquisa a proposta da redução da maioridade penal no ordenamento 
jurídico brasileiro, com vistas a corroborar com esta idéia trazemos a luz 
entendimento de doutrinadores renomados de nossa esfera jurídica brasileira. 
 13
Na presente monografia a metodologia a ser utilizada, atem se através 
do método dedutivo, sendo que as premissas ao tema serão abordadas por 
tendência de pesquisas com referências bibliográficas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO A MENORIDADE 
A menoridade faz referência à palavra menor, contextualizada trata-se 
tão somente de um indivíduo que não tem idade suficiente para praticar atos 
ligados e inerentes à vida civil, e, por conseguinte encontra-se no oposto 
protegido na esfera penal. 
O capítulo apresenta o intuito do esclarecimento do termo nos 
seguintes tópicos abordados: dentro da sua etimologia, conceituado através dos 
diplomas legais no qual está inserido, desta feita tem se a expor o caráter 
associado à inimputabilidade e por fim no que tange ao aspecto penal, atento 
para correlacionar os delitos praticados pelos indivíduos dentro deste contexto. 
 
1.1 CONTEXTUALIZANDO O TERMO NA ETIMOLOGIA E SEU CONCEITO 
O vocábulo etimologicamente é derivado e originário do latim, o termo 
correspondente ao qual usamos em nosso idioma se refere à minor, que é 
comparativo de pequeno, minúsculo. 
Ao trazer à luz do entendimento jurídico, e, portanto ao qualificarmos 
como substantivo denota o indivíduo que não atingiu a maioridade, logo, não pode 
ser considerado maior e enfaticamente sem aptidão para a capacidade ativa para 
corresponder ao completo discernimento, pois não apresenta idade suficiente e 
legal, definida para a referida maioridade. 
 Conceituando, a partir desta forma considera-se o indivíduo menor, 
totalmente incapaz, e nesta tangente sem correspondência com o aspecto de 
responsabilidade para praticar atos que são regulados ao princípio do 
 15
ordenamento jurídico brasileiro, e principalmente inserido nesse ordenamento 
temos o âmbito relacionado com o Direito Penal (DP). 
Mas precisamente a menoridade é positivada e imposta através dos 
diplomas dentro de nosso ordenamento jurídico os quais veremos a seguir. 
 
1.2 O MENOR SEGUNDO O CÓDIGO PENAL BRASILEIRO E O ESTATUTO DA 
CRIANÇA E DO ADOLESCENTE 
A regulamentação na qual está inserida a idade penal é positivada em 
três Diplomas Legais os quais são: 
Artigo 27 do Código Penal; 
1
 
Artigo 104 “caput” do Estatuto da Criança e do Adolescente;
2
 
Artigo 228 da Constituição Federal.
3
 
A maioridade penal definida pelo consoante do artigo 228 da 
Constituição da República Federativa do Brasil (CF) constitui na fixação de 18 
(dezoito) anos,
4
 desta forma tem-se definido previamente como limitação para que 
em face da lei, o jovem passe a responder efetivamente por seus atos praticados 
em desconformidade com o ordenamento jurídico, via de regra esta é considerada 
a idade-limite para que alguém responda juridicamente na qualidade de adulto, 
descaracterizando a partir deste ponto a menoridade. 
O Decreto-Lei n.º 2.848/40, que dispõe o Código Penal (CP), tem em 
sua finalidade principal a regulamentação das condutas que no seu ato 
configurem dano ao interesse social, no presente diploma temos a efetiva 
positivação o poder punitivo do Estado de Direito, no intuito de proteger 
respectivamente a sociedadee sua ordem, vem a auferir proteção que tende a 
ser a tutela legalmente positivada pelos meios de punição, sendo: penas 
 
1
 BRASIL. Decreto-Lei N. 2.848/90, Código Penal. Título III, Da Imputabilidade Penal. 
2
 BRASIL. Lei Federal Nº 8.069 de 13.07.1990, Estatuto da Criança e do Adolescente.Título III, Da 
Prática de Ato Infracional, Capítulo I. 
3
 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, Capitulo IV, Da Família, Da Criança do 
Adolescente e do Idoso. 
4
 Idem. 
 16
privativas de liberdade
5
, restritivas de direito
6
, logo denominados como os delitos 
penais, dispondo para tais atos sanções legais, que asseguradas de poder de 
coerção culminam para regular o convívio social, assegurando desta maneira a 
paz e a consolidação da justiça. 
O artigo 27 do Código Penal tem inserido junto ao seu dispositivo o 
seguinte teor, este de caráter incisivo que apregoa a seguinte redação: 
 Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, 
ficando sujeitos às normas estabelecidas na legislação especial.
7
 
Segundo o artigo exposto em acima, considera-se menor toda a 
pessoa que não apresenta idade igual ou superior aos 18 (dezoito) anos, desta 
forma incapaz de responder por todos os atos ilícitos que praticou ou venha a 
praticar até completar a referida idade. Logo o menor não pode ser 
responsabilizado nem imputado pelos delitos que venha a cometer, porém, é 
inimputável antes dos 18 (dezoito) anos em conduta antijurídica. 
Analisando o dispositivo do Art. 26 do Código Penal Brasileiro que nos 
apresenta a isenção de pena aos referidos agentes, refletimos asseguradamente 
que o menor infrator é aqui inserido por não possuir capacidade de entender o 
caráter delituoso de suas atitudes: 
 É isento de pena o agente que, por doença mental ou 
desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era o tempo da 
ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter 
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse 
entendimento. 
8
 
A Lei Federal nº. 8.069/90, o Estatuto da Criança e do Adolescente 
(ECA), regulamenta em seus fundamentos, direitos concernentes aos 
adolescentes e crianças de nosso país, esta lei é motivada na proteção e garantia 
inviolável a esta população infanto-juvenil. 
 
5
 BRASIL. Decreto-Lei N. 2.848/90, Código Penal Código Penal, Título V Das Penas, Art.32, I. 
6
 Idem. Título V Das Penas, Art.32, II. 
7
 BRASIL. Decreto-Lei N. 2.848/90, Código Penal. Parte Geral, Título III, SP, Saraiva, 37ª et., 
1999. 
8
 Idem. 
 17
O Estatuto da Criança e do Adolescente teve como orientação e 
embasamento formalizado através da Convenção sobre o Direito da Criança, esta 
foi aprovada pela Assembleia-Geral das Nações Unidas (ONU) em 20.11.89, e 
após pelo Congresso Nacional Brasileiro (CN) em 14.09.90, através do Decreto 
Legislativo 28. A ratificação ocorreu com a publicação do Decreto n.º 9.710, em 
21.11.90, neste ato o Sr. Fernando Collor de Mello, então Presidente da 
República promulgou a Convenção, transformando-a em lei interna. O referido 
Estatuto entrou em vigor, abrangendo e adotando a doutrina da proteção integral, 
que em sua vigência afortuna vários fatos típicos cometidos por menores com 
penas protecionistas aos mesmos. 
No seu protecionismo a que se refere o estatuto, considera no artigo 
104 o seguinte preceito: 
São penalmente inimputáveis os menores de 18 (dezoito) anos, 
sujeitos às medidas previstas nesta Lei. 
9
 
Para corroborar este protecionismo reporta no parágrafo único do 
referido artigo a seguinte redação: 
Para os efeitos desta Lei, deve ser considerada a idade do 
adolescente à data do fato.
10
 
O estatuto prioriza em seus conceitos e princípios e alude a mencionar 
que o menor é uma pessoa totalmente incapacitada em discernir o caráter ilícito 
de seus atos e dos fatos, portanto se tem caracterizada a impossibilidade do 
menor delinquente a considerar e entender de acordo com seu desenvolvimento 
cognitivo e psíquico a compreensão do caráter criminoso de seus atos. 
Correlacionando o desfecho ao conceito, segundo nos remete o ECA, 
toda pessoa que comete um ato delituoso com idade inferior aos 18 (dezoito) 
anos é inimputável. 
 
9
 BRASIL. Lei n.º 8.069 de 13/07/90, Estatuto da Criança e do Adolescente. Livro II, Título III, Cap. 
I. 
10
 Idem. 
 18
Frente a esta alusão positivada no ECA, entende-se a inimputabilidade 
como regra associada e inserida num diploma legal, e contida em nosso 
ordenamento jurídico, indo a encontro desta vertente aplicabilidade inserida no 
ECA, a que se refere e é instruída a considerar a capacidade de compreensão 
do agente frente a ilicitude de seus atos, e desta forma sendo contumaz na efetiva 
imputação ao delito penal temos as palavras do renomado e ilustre doutrinador 
Julio Fabbrini Mirabete, em sua rica obra (1999 p. 208) a seguinte a explanação 
concernente ao caráter de imputabilidade: 
(...) Há imputabilidade quando o sujeito é capaz de compreender a 
ilicitude de sua conduta e de agir de acordo com esse 
entendimento, ensejando assim, a imputação penal mediante sua 
conduta ilícita e antijurídica. 
11
 
 
1.3 INIMPUTABILIDADE E IMPUTABILIDADE 
O termo inimputável ao que se refere o conteúdo descrito no dicionário 
da língua portuguesa é o seguinte: “que não se pode imputar” já o vocábulo 
inimputabilidade “é o caráter ou a qualidade de pessoa inimputável” destarte não 
sendo punível. 
Para Damásio Evangelista de Jesus, concernente ao substantivo 
“imputar” temos a seguinte definição: 
Imputar é atribuir a alguém responsabilidade de alguma coisa. A 
imputabilidade penal consiste no conjunto de condições pessoais 
que dão ao agente capacidade para lhe ser juridicamente 
imputada a prática de um fato punível. 
12
 
Analisando as palavras do conceituado mestre, temos a imputabilidade 
em consoante à função de proteger a sociedade, haja vista a ocorrência de 
conduta delituosa, sendo assim a punição visa proteger a coletividade de uma 
maneira geral dos fatos ocorridos e praticados em desconformidade com o 
conceito de proteção, e na tentativa de inserir o praticante de volta ao seio social, 
 
11
 MIRABETE, Julio Fabbrini, Manual de Direito Penal, Parte Geral, SP: Editora Atlas, 11. ed., 
1999, p. 208.( v. 1). 
12
 JESUS, Damásio Evangelista de. Curso de Direito Penal. 1º volume – Parte Geral. 26. Ed. 
São Paulo: Editora Saraiva, 2003. 
 19
do qual ele tem a sua origem e devido a sua agressão fora colocado a margem 
desta sociedade. 
O CP no seu artigo 27 dispõe que os menores de 18 (dezoito) anos de 
idade são penalmente inimputáveis,
13
 logo a menoridade penal é condicionada e 
imposta ao legislador e, por conseguinte exclui a imputabilidade desses jovens, 
colocando-os em posição favorável a prática de delitos, sem dizer na 
possibilidade de retirada do receio e provocando o desrespeito ao cumprimento 
das normas. 
A menoridade penal tem em seu critério o caráter biológico, onde se 
considera tão somente a idade do autor no tocante relacionado à prática do fato 
ilícito, logo descaracterizando totalmente o seu desenvolvimento social, cognitivo, 
psíquico e mental, mesmo quando ele pode discernir o caráter ilícito de seus atos, 
o autor do delito de contrapartida não é responsabilizado penalmente, e nem ser 
inserido no contexto penal. Vejamos o caráter biológico aqui apresentado, se o 
indivíduo quando estiver efetivamente praticando o fato criminoso e lhe faltar 
somente um dia apenas para completar dezoito anos o seu discernimento será 
alterado somente em apenas vinte quatro horas, ou sua capacidade será auferida 
e contada somente a partir desse pequeno espaço de tempo. 
O CP entende a adota a absoluta presunção de conceito de 
inimputabilidade, concomitantecom esta vertente não admite de que ao menor ao 
tempo do delito praticado, seja comparado a uma pessoa dotada de capacidade, 
compreensão, discernimento e entendimento do caráter ilícito de seus atos. 
Suas práticas não sendo tipificadas junto ao Código Penal, são 
consideradas infrações penais, porém não são reguladas pelo CP, e sim 
submetidas à lei especial o Estatuto da Criança e do Adolescente
14
, o que nos 
leva a crer na insignificância das penas atribuídas. 
Colocada esta disposição pode-se enfatizar que, em nosso 
ordenamento jurídico, ocorre a inimputabilidade aos menores de 18 (dezoito) anos 
 
13
 BRASIL. Decreto-Lei N. 2.848/90, Código Penal. Art. 27. 
14
 Idem. 
 20
a se contemplar a esfera criminal, isso por conta que sua conduta é 
regulamentada pelo ECA. 
A imputabilidade consiste na sua ação “imputar”, uma atitude que vem 
de encontro a um ato praticado. Sendo este na esfera criminal corresponde a um 
determinado tipo de punição, logo se entende como punição a aplicabilidade de 
pena as quais elencadas são: privativas de liberdade, restritivas de direito
15
, estas 
com definida reserva no ordenamento jurídico brasileiro. 
Conforme salienta o mestre Damásio, a pena apresenta três finalidades 
com atenção voltadas à defesa integral da sociedade, tendo em seu critério 
precípuo o caráter de natureza retributiva, ressocialização e enfim a amplitude de 
proporcionar um conteúdo humano, as quais seguem expostas: 
Não é exclusivamente de natureza retributiva, visando também a 
tutelar os membros da sociedade; 
É imposta para a ressocialização do criminoso; 
A máquina judiciária criminal deve ter em mira o homem, no 
sentido de que a execução da pena tenha um conteúdo humano.
16
 
Analisando a primeira finalidade, a pena e a sua imputação visa 
proteger a sociedade e logo descaracteriza o caráter retributivo, destarte o seu 
foco é tão somente formalizado nesta efetiva proteção social, portanto no aspecto 
da outra finalidade ela deve ser imposta a fim de reinserir o criminoso nesta 
mesma sociedade que ele afligiu. 
Todo esse aspecto tratado na esfera punitiva ainda tem o seu fator 
voltado somente aos maiores de 18 (anos), considerando que o menor infrator 
pode discernir o caráter delituoso de seus atos, como roubar, matar, logo sabendo 
o que é certo ou errado, devem ser condenados pelo crime que tenha cometido. 
Prontamente a redução da maioridade tenderia a reduzir a violência, e, por 
conseguinte o jovem estaria recebendo punição apregoada com principio de 
justiça, a pena seria correspondente ao tipo penal praticado, considerando a 
correspondência aludida criar-se-ia um meio para minimizar a criminalidade 
juvenil. 
 
15
 BRASIL. Decreto-Lei N. 2.848/90, Código Penal. Art 32, I e II. 
16
 JESUS, Damásio Evangelista de. O novo sistema penal. São Paulo: Saraiva 1977. p. 34. 
 21
Sabendo que o ECA não visualiza a partir desta maneira, mesmo que 
tenha o seu caráter punitivo estabelecido nos âmbito de seus artigos, esta ainda 
não é a saída, a sua temática em abrandar a punição ao delito, confere ao infrator 
uma punição que ainda não tem conferido a sociedade uma resposta, ao 
considerar a gravidade e periculosidade dos crimes, destarte em suma vemos que 
a sua aplicabilidade não corresponde a tamanha necessidade. 
Nota-se a falência do sistema carcerário, muitas são as indagações se 
este sistema teria condições de funcionabilidade na atenção a esses menores, 
mas se pensarmos somente como fazer, nada será feito. Os mecanismos devem 
ser criados, entretanto no que se refere à redução da maioridade e a 
compatibilização com a devida punição ao menor, entraríamos na discussão para 
após esta prerrogativa tomar providências para fornecer esta aplicabilidade. 
Claramente nos faz entender que as penas as quais venham a ser 
impostas pelo ordenamento, devam por conseguinte serem efetivamente 
cumpridas em estabelecimento diferenciado do sistema prisional, mas aqui não 
trata- se do local e sim o meio da punição. 
 
1.4 CRIMES PRATICADOS POR MENORES E SUAS RELAÇÕES 
Quando o agente comete um fato tipificado nos termos da lei, ele é 
penalizado conforme as penas previstas para o referido delito, se este agente 
apresentar idade inferior aos 18 (dezoito) anos quando vir a praticar o fato típico, 
a denominação do seu ato passa muito longe do substantivo “crime”, ou seja, ele 
se quer comete algum crime. 
Considerando a presente tangencia o crime aqui é inexistente, porém, 
a taxativa aqui atribuída é o tratamento conceituado a partir de um ato infracional. 
Dessa forma em correlação a este referido ato, ele não é submetido à 
pena prevista e descrita em conformidade com a lei, e a qual deve via de regra 
deva ser imputada ao crime, porém nesta tangente lhe é imputado apenas a 
 22
medida sócio-educativa, que por sua vez está estabelecidas no corpo do texto e 
elencadas no ECA, as quais são: 
advertência; 
obrigação de reparar o dano; 
prestação de serviços à comunidade; 
liberdade assistida; 
inserção em regime de semiliberdade; 
internação em estabelecimento educacional. 
17
 
As medidas apresentadas remetem sua previsão legal no Art. 112, da 
Lei especial e inseridas no Capítulo IV, das medidas sócio-educativas, lembrando 
que estas medidas só poderão de alguma forma, serem aplicadas através de um 
procedimento junto à vara de infância e juventude. 
Ressalta-se que o tratamento destinado aos menores infratores é de 
certa forma diferenciado no que concerne à prática de delitos tipificados no 
Código Penal, logo um crime de homicídio, este praticado contra o bem principal 
inerente ao direito, a saber, o bem da vida com a devida aplicação de penas 
sugestivas, quando praticado por um menor sua pena corresponde à alínea “f” do 
Estatuto da Criança e do Adolescente, internação em estabelecimento 
educacional, cominada com a averiguação contida no § 3º, do Art. 121 que versa: 
 Em nenhuma hipótese o período máximo de internação excederá 
a três anos. 
18
 
As penas impostas aos crimes foram conceituadas e estudadas com a 
finalidade de proporcionar aos que venham a cometê-los, um determinado tempo 
de reclusão onde conceda ao indivíduo possibilidade de ser ressocializado. Além 
disso, a sociedade sente como certo dever obrigacional imposto pelo Estado ao 
cumprimento criminoso como forma de responder aos seus atos acometidos e 
que tendem por ferir o bem estar social. 
Tais penas são conhecidas como privativas de liberdade, a obtenção 
destas penas versam através de medidas reguladas pelo Código de Processo 
Penal, onde dele emanam orientações às quais devem ser respeitadas no seu 
 
17
 BRASIL. Lei n.º 8.069 de 13/07/90, Estatuto da Criança e do Adolescente. Art. 112. 
18
 BRASIL. Lei n.º 8.069 de 13/07/90, Estatuto da Criança e do Adolescente. Art. 121, § 3º. 
 23
devido processo legal, estas orientações visam à obtenção de uma pena justa e 
eficaz, sendo definida por trâmites que em suma tendem a conferir e nortear todo 
o procedimento. 
O procedimento conferido no CPP traduz em suma um valor criterioso 
na aplicação contumaz da pena, onde o seu processo é definido norteado por 
ritos e só após todos os quesitos estabelecidos pode se obter pena a qual será 
submetido o autor, nesses quesitos são levados em consideração além da pena 
imposta critérios atenuantes e agravantes para a totalidade de sua aplicação. 
Entende-se o valor protecionista formalizado através do Estatuto da 
Criança e do Adolescente (ECA), mas é vista a divergência no tocante a sua 
aplicação e ao que concerne a obtenção de crime por tão somente o ato 
infracional, conforme o artigo descrito no estatuto: 
Artigo 103: considera-se ato infracional a conduta descrita como 
crime ou contravenção penal.
19
 
Mesmo se tratando de uma lei especial,ela de certa forma está 
contrariando o CP que impõe penas severas a prática de atos delituosos, pois 
aqui, o critério e o teor do crime devem ser aludidos e não quem o pratica, uma 
vez que praticou por quê? Vejamos um homicídio como exemplo, será que o 
jovem de 16 anos realmente desconhece que não deveria matar? Matou por quê? 
Partindo deste princípio e ao analisar, defini-se acertadamente que 
esta forma é a banalização mais contundente do fato, visto que se trata de um 
homicídio conceituando se trata categoricamente em “tirar a vida de alguém”, o 
que podemos dizer de outros crimes que também são banalizados e 
pormenorizados e para tanto se vê tratados como ato infracional, simplesmente 
porque o agente que cometeu, não tem capacidade e não pode discernimento do 
caráter ilícito do seu ato. 
 
19
 BRASIL. Lei n.º 8.069 de 13/07/90, Estatuto da Criança e do Adolescente. Título III, Da Prática 
de Ato Infracional, Capítulo I, Art. 103. 
 24
Seguem relacionados alguns fatos codificados dentro do campo de 
abrangência do CP, bem como as respectivas penas a que são submetidas tais 
delitos: 
Homicídio, Art. 121, pena de 06 a 20 anos de reclusão; 
Roubo, Art. 157, pena de 04 a 10 anos de reclusão; 
Estupro, Art. 213, pena de 06 a 10 anos de reclusão. 
Latrocínio, Art. 157, § 3º, pena de 20 a 30 anos de reclusão.
20
 
Salientando a regulamentação inserida no citado código, lembro que na 
sua maioria esses crimes têm em seu critério os fatores potenciais acometidos e 
praticados por menores, logo jovens com idade inferior aos dezoito anos. 
Conforme acima exposto os fatos típicos bem como suas referidas 
penas nos faz entender que a troca de crime ou contravenção penal por 
simplesmente ato infracional, com vistas à sua prática estar correlacionada a um 
menor, a que se refere o Estatuto da Criança e do Adolescente. 
Verificando a aplicação das penas no que tange em conformidade com 
o Artigo 103 da lei especial
21
, trata-se de uma enorme incoerência, pois, os delitos 
não deixam de serem delitos, as consequências não são pormenorizadas, logo a 
fatalidade de seus acontecimentos e o ofendido também não terão seu resultado 
reduzido, porque trataremos desta forma o ato delituoso e a devida aplicação 
efetiva de sua pena como um fato isolado do contexto penal, e desta forma ainda 
mais com o intuito de pormenorizá-lo na esfera social, devido somente a 
caracterização da idade biológica do agente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
20
 BRASIL. Decreto-Lei N. 2.848/90, Código Penal. Arts. 121,157, 213 e 159. 
21
 BRASIL. Lei n.º 8.069 de 13/07/90, Estatuto da Criança e do Adolescente. 
 
 
 
2 REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL 
O tema no qual se refere este capítulo, tende a abordar dentro das 
inúmeras fontes doutrinárias expostas e a propor concisamente redução da 
maioridade penal dentro no tocante a sua aplicabilidade e inserida no contexto 
jurídico penal, com vistas aos ilustres juristas que defendem esta teoria. 
A redução da maioridade é exacerbada mediante as orientações 
geridas e conceituadas por célebres e renomados operadores do direito que em 
suma não visam somente à devida inserção da redução no contexto jurídico, mas 
também é apresentada nesta proposta a possibilidade desta nova 
regulamentação a qual atenta ao processo de evolução social em todos os 
aspectos. 
 
2.1 CORRENTE DOUTRINÁRIA 
Pela legislação adotada e positivada no Brasil, um menor infrator não 
pode ficar mais de 03 (três) anos internado em instituição de reeducação
22
, surge 
aqui uma das questões que tendem a ser mais polemizadas no que diz respeito a 
considerar o aspecto da maioridade penal. Embora no presente contexto 
tenhamos as penalidades aplicadas que no seu caráter e intuito são meramente 
chamadas de “medidas sócio-educativas” podendo receber punições como 
advertência, obrigação de reparar o dano, prestação de serviços à comunidade, 
liberdade assistida, inserção em regime de semiliberdade ou internação em 
estabelecimento educacional estas medidas encontram-se dispostas no Art. 112 
 
22
 BRASIL. Lei n.º 8.069 de 13/07/90. Estatuto da Criança e do Adolescente. Art. 121, § 3º. 
 26
(ECA)
23
 e em caráter obrigatoriamente o infrator não poderá em nenhuma 
hipótese que venha a ser fundada ser inserido junto ao sistema penitenciário. 
A legislação brasileira entende que o menor infrator a cometer um 
delito deverá receber tratamento com vistas a ser diferenciado daquele que é 
aplicado ao adulto, pois versa no teor do artigo 27 do CP que: 
Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, 
ficando sujeitos às normas estabelecidas na legislação especial.
24
 
Desta maneira tende a considerar que o indivíduo menor de 18 
(dezoito) anos não possui desenvolvimento mental completo que o possibilite a 
compreensão o caráter ilícito de seus atos e adota o sistema biológico, em que é 
considerada somente a idade do jovem, desconsiderando de maneira absurda a 
sua capacidade psíquica. A contrapartida o legislador constituinte concede a este 
menor capacidade eleitoral, ou seja, confere-lhes através do artigo 14, § 1º, inciso 
II, alínea c, aptidão para o voto popular, sendo assim com discernimento para 
tomar decisões consoantes em escolher até o próprio Presidente da República. 
Constituição Federal dispõe no Art. 14, § 1º, inciso II, alínea c:- O 
alistamento eleitoral e o voto são: II - facultativos para: c) os 
maiores de dezesseis e menores de dezoito anos”.
25
 
Analisando este pressuposto do referido artigo vemos que os maiores 
de dezesseis anos e menores de dezoito tem capacidade eleitoral ativa. 
Considerando esta capacidade o professor Miguel Reale, faz comentário 
concernente e que propicia debate entre o artigo da CF e o Código Eleitoral 
(CE).
26
 
No Brasil, especialmente, há um outro motivo determinante, que é 
a extensão do direito ao voto, embora facultativo aos menores 
entre dezesseis e dezoito anos, como decidiu a Assembléia 
Nacional Constituinte para gáudio de ilustre senador que sempre 
cultiva o seu ‘progressismo’... Aliás, não se compreende que 
 
23
BRASIL. Lei n.º 8.069 de 13/07/90. Estatuto da Criança e do Adolescente. Título III, Capítulo IV, 
Seção I, Art. 112. 
24
 BRASIL. Decreto-Lei N. 2.848/90, Código Penal. Parte Geral, Título III, SP, Saraiva, 37ª et., 
1999. 
25
 BRASIL. Constituição Da República Federativa do Brasil. Art. 14, § 1º, inciso II, alínea c 
26
 BRASIL. Lei n.º 4.737, de 15.07.1965, Código Eleitoral. 
 27
possa exercer o direito de voto quem, nos termos da lei vigente, 
não seria imputável pela prática de delito eleitoral. 
27
 
Em países como Estados Unidos e Inglaterra não existe parâmetros 
conferidos para se estabelecer idade mínima para então ser definida a aplicação 
de penas. Nesses países é levada em conta a índole do criminoso, seja ele maior 
ou menor o critério da idade é irrelevante, logo ele é submetido aos meios de 
punição tenha a idade que tiver, sendo esta sem caráter nenhum de grau de 
discernimento ou algo parecido, entretanto o método de punição vê se bastante 
perspicaz no tocante a sua consciência e por tratar correspondência o respeito da 
materialidade adicionada à gravidade do ato que cometeu. 
Nesta linha de raciocínio se coloca oportunamente o artigo do 
magistrado Jorge Eder do estado de Goiás, frente à inserção da referida redução 
da maioridade penal, que traduz em sua total essência palavras conceituadoras 
que instruem na possibilidade do menor infrator possuir e demonstrar 
desenvolvimento capaz para a inteira compreensão de seus atos, logo seria 
tangível no que se pode dizer desta compreensão determiná-lo como responsável 
pelos seus atos: 
(...) O Código Penal de 1969 (Decreto-lei nº 1.004/69), que não 
chegou a viger,embora já estivesse em período de vacatio legis, 
possibilitava à imposição de sanção penal a menor entre 16 e 18 
anos, se este revelasse suficiente desenvolvimento psíquico, 
bastante para entender o caráter ilícito do fato e de determinar-se 
de acordo com esse entendimento.
28
 
Continuando com seu contundente pensamento, o magistrado frisa o 
advento do ECA, que em sua vigência fora instruído e apto para regulamentar 
esta propriedade, porém não sendo eficaz: 
Adveio o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/90), 
substituindo o antigo Código de Menores. Pensava-se ser esta Lei 
capaz de coibir a prática de condutas criminosas por menores de 
18 anos. Tal, entretanto, igualmente não se verificou. 
29
 
 
27
REALE, Miguel. In Nova Fase do Direito Moderno, Ed. Saraiva São Paulo, 1990, p 161. 
28
 JORGE, Éder. Redução da maioridade penal. Jus Navigandi, Teresina, ano 7, n. 60, nov. 2002. 
Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=3374>. Acesso em: 28 fev. 2010. 
29
 Idem. 
 28
Considerando as palavras do douto magistrado, enxergamos uma 
importante tendência nesta matéria, no que tange ao embate junto ao ECA. 
Seguimos suas palavras neste referido artigo, que traduz tão somente a 
necessidade desta redução com base a ser pautada e definida a partir da 
comparação do jovem de hoje com o jovem que viveu no século decorrido, e 
através da enorme evolução que ocorreu na sociedade dentre os mais variados 
segmentos ao longo deste tempo, destarte ocorre esta inserção de acordo com a 
referência que segue: 
Surge, então, novamente, o debate sobre a questão da redução 
da maioridade penal. É inolvidável, o jovem deste novo milênio 
não é aquele ingênuo de meados do Século XX. Nos últimos 
cinqüenta anos, assistiu-se a evolução jamais vista em outro 
período da humanidade. As transformações foram de ordem 
política, tecno-científica, social e econômica. 
30
 
Suas palavras continuam e nos faz refletir e a avaliarmos o atual 
crescimento tecnológico sabe-se que as informações atualmente são repassadas 
numa velocidade tão grande a qual não se via no século passado: 
Atualmente, o acesso à informação é quase compulsivo. Novas 
tecnologias fazem parte do dia-a-dia das pessoas, inclusive dos 
jovens (telefone celular, internet, correio eletrônico, rádio, TV 
aberta e fechada, etc.). São tantos os canais de comunicação, que 
se torna impossível manter-se ilhado, alheio aos acontecimentos. 
Não há espaço para a ingenuidade, e com maior razão no que 
concerne aos adolescentes. Aliás, estes estão mais afetos a 
essas inovações. Em algumas situações, há inversão da ordem 
natural. É comum, por exemplo, filhos orientarem os pais sobre 
informática. 
31
 
Considerando esta forma há de ressaltar que, na totalidade de sua 
abrangência atinge uma gama muito maior da sociedade em esfera global, e 
caracterizada também além de sua proporção ágil a facilidade encontrada nos 
diversos fundamentos e conhecimento de fatos que outrora estavam alheios a 
compreensão atual, logo principalmente aos mais jovens através da rede mundial 
de computadores denominada “internet”, entre outros meios disponíveis de 
comunicação e informação. 
 
30
 JORGE, Éder. Redução da maioridade penal. Jus Navigandi, Teresina, ano 7, n. 60, nov. 2002. 
Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=3374>. Acesso em: 28 fev. 2010. 
31
 Idem. 
 29
Considerando o presente contexto é necessário que o jovem seja visto 
como uma pessoa capaz de discernir seus atos, e a desproporcionalidade além 
de tamanha é também errônea em tratar o jovem que vemos atualmente em 
equiparação com o jovem do século passado. 
Consoante com todos os parâmetros já elucidados nesta perspectiva, 
que versam e que tendem a propor sanções na esfera penal com base a ser 
considerada a partir da premissa avaliada na proporção do seu completo 
discernimento, neste conceito salienta as sábias palavras do ilustre magistrado 
citado: 
O menor entre 16 e 18 anos precisa ser encarado como pessoa 
capaz de entender as conseqüências de seus atos, vale dizer, 
deve se submeter às sanções de ordem penal. Como exposto, o 
jovem nessa faixa etária possui plena capacidade de 
discernimento. Sabe e consegue determinar-se de acordo com 
esse entendimento. 
32
 
Reforçando o apelo exposto em tela temos como menção as palavras 
do ilustre doutrinador Julio Fabbrini Mirabete: 
Ninguém pode negar que o jovem de 16 a 17 anos, de qualquer 
meio social, tem hoje amplo conhecimento do mundo e condições 
de discernimento sobre a ilicitude de seus atos. 
33
 
E ainda reitera contundente em apoio à questão abordada no tocante a 
esta evolução que se tem inserido em nossos tempos através dos meios de 
comunicação a seguinte explanação: 
No passado podia ser tida como verossímil, na atualidade já não é 
mais. Com a evolução da sociedade, da educação, dos meios de 
comunicação e informação, o maior de 16 anos já não pode mais 
ser visto como "inocente", ingênuo, bobo, tolo, que vive a jogar 
vídeo game e brincar de "playmobil". Ora, se já possui maturidade 
suficiente para votar, escolhendo seus representantes em todas 
as esferas, do Presidente da República ao Vereador do seu 
Município, se já pode constituir economia própria, se já pode 
casar, se já pode ter filhos, e não são raros os casos de pais 
adolescentes, por que será que ainda se acredita que ditos 
 
32
 JORGE, Éder. Redução da maioridade penal. Jus Navigandi, Teresina, ano 7, n. 60, nov. 2002. 
Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=3374>. Acesso em: 28 fev. 2010. 
33
 MIRABETE, Julio Fabbrini. Manual de Direito Penal, op. Cit., p. 217. 
 30
indivíduos não têm consciência que matar, estuprar, roubar, 
seqüestrar é errado? 
34
 
Colaborando com o entendimento do advogado no Rio Grande do 
Norte o doutor Kleber Martins de Araújo este acima citado, corroborando na 
mesma linha de raciocínio que tende a favor da redução da maioridade penal e 
fortalecendo ainda mais a necessidade da referida questão, friso o contundente 
comentário do mestre Miguel Reale, que muito se atem nesta perspectiva : 
Tendo o agente ciência de sua impunidade, está dando justo 
motivo à imperiosa mudança na idade limite da imputabilidade 
penal, que deve efetivamente começar aos dezesseis anos, 
inclusive, devido à precocidade da consciência delitual resultante 
dos acelerados processos de comunicação que caracterizam 
nosso tempo. 
35
 
Considerando o rico e vasto aprendizado na disciplina de Introdução ao 
Estudo do Direito, que tem vinculado a si o fator social e está ligado aos fatos 
sociais – econômicos, artísticos, culturais, esportivos, intelectuais, conceitua de 
que o direito em sua rica variedade de interpretação é também considerado uma 
ciência. 
Contextualizado como ciência o direito visa à finalidade de estudar as 
normas necessárias e a sua aplicabilidade para num determinado contexto 
regular a manutenção do convívio em sociedade. 
Em suma, são regras que visam viabilizar e nortear todo o fundamento 
jurídico, bem como proibir atitudes que põem em risco o convívio social, há de se 
salientar que a sociedade ao longo dos tempos evoluiu e continuam a evoluir logo 
nossas regras não podem ser as mesmas, elas precisam ser atualizadas sempre 
que necessário, pois sua reformulação se dá ao constante processo de evolução 
que é associada ao ser humano e a coletividade social, chegando em tese a 
sociedade em geral. 
 
 
34
 ARAÚJO, Kleber Martins de. Pela redução da maioridade penal para os 16 anos. Jus 
Navigandi, Teresina, ano 8, n. 162, 15 dez. 2003. Disponível em: 
<http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=4578>. Acesso em: 29 mar. 2010. 
35
 REALE, Miguel. In Nova Fase do Direito Moderno, Ed. Saraiva, São Paulo,1990, p 161. 
 31
2.2 REDUÇÃO NO ÂMBITO DA SOCIEDADE E REFLEXO NO PODER 
JUDICIÁRIO 
O tema sugerido na redução etária não vem considerar e realizar uma 
repressão desenfreada, mas sim visa proteger uma sociedade que ao longo dos 
anos vem sofrendo com a criminalidade praticada por infratores juvenis, e que a 
contrapartida o Estado não lhes aplica uma punição que lhes remeta receio de 
cometer delitos contra a sociedade e contra o referido Estado de Direito, e por 
consequência desses delitos tende a sufocar a sociedade de uma forma geral. 
A redução no seu teor tenta concretizar a segurança e a ordem social, 
diante dos altos índices de criminalidade, que atualmente em ações onde vemos 
o menor de 18 anos munido de um grande potencial ofensivo a integridade social, 
a família. 
O reflexo no contexto social paira nas raias do incompreensível, 
quando a prática de delitos cometidos por esses menores vem à tona na 
sociedade elencada através dos mais variados meios de comunicação. 
Considerando entre eles, os que em sua aplicação tem a efetividade de maior 
repercussão e violência tem ao menos a participação de um menor infrator, sem 
falar nos vários crimes dos quais nem temos conhecimento, e nem são expostos 
na mídia ou em canais que veiculam o acesso a informação. 
Para tanto e com condição concernente a aludir esse preceito no que 
tange a participação de menores frente à criminalidade, segue o enfoque de uma 
reportagem publicada junto a uma das mais conceituadas revistas em circulação 
no Brasil em 16 de agosto de 2000, que nos remete os sentimentos de: horror, 
pavor, incompreensão entre outros mais, dos quais além de nos confrontar com a 
realidade vivida atualmente, e nos leva a enxergar a real circunstância iminente e 
bem próxima e por dizer frequente no cotidiano brasileiro, em suma a seguinte 
reportagem prova o fator crucial no desespero de encontra solução frente a este 
dilema que é a criminalidade juvenil. 
Bandidos mirins: Aumenta, assustadoramente, a participação dos 
menores de 18 anos na criminalidade. Na semana passada, a 
polícia prendeu uma quadrilha que praticava seqüestros 
relâmpagos em bairros de classe média alta de São Paulo. Um 
 32
dado chamou a atenção das autoridades: dos nove integrantes 
detidos, quatro eram menores de idade. Entre eles, uma menina 
de apenas 13 anos. A participação dos menores não era apenas 
decorativa, mas fundamental na organização do grupo.
36
 
Avaliando o desfecho da citação acima que traduz criteriosamente a 
relevância no tocante à participação efetiva e criminosa dos adolescentes a qual é 
relatada e repetida na íntegra: [...] a participação dos menores não era apenas 
decorativa, mas fundamental na organização do grupo. 
37
 
Atribuí a comentários como este que acertadamente encontramos 
respaldo no tocante a redução da maioridade penal, logo sabendo que a sua 
implantação muito colaborará para uma reorganização jurídica no contexto social 
no qual estamos vivendo. 
Ao inserir a redução da maioridade penal no efetivo cumprimento de 
nosso ordenamento jurídico, é necessário atermos ao reflexo que acarretaria junto 
ao judiciário. 
É notável que a estrutura organizacional na qual atualmente encontra-
se inserida o sistema carcerário e o ordenamento jurídico brasileiro, 
acertadamente necessitaria de uma profunda reestruturação, logo o aumento de 
casos seriam um tanto quanto excessivos, considerando que a criminalidade 
nesta faixa etária tem acrescido demasiadamente, logo o sistema teria que se 
mostrar mais ágil e todos que estarão diretamente ligados, tende-se a adaptar a 
este novo conceito. 
Mudanças deveriam ser direcionadas na vara de infância, visto que é a 
instituição designada com competência para cuidar dos assuntos conferidos no 
que cerne o tema, com a redução da maioridade e a tutela de crimes cometidos 
por menores deixariam de ser regulamentados pelo ECA e passariam para a 
esfera penal propriamente dita, mudanças ocorreriam também no CP e no CPP. 
 
36
 VEJA on Line, edição 1662 de 16/08/2000, p.62. Disponível em: 
http://veja.abril.com.br/160800/p_062.html. Acesso em: 10.02.2010. 
37
 Idem. 
 33
O sistema judiciário sofreria consideráveis mudanças frente às 
transformações que este novo processo insurgiria para a atual conjuntura e além 
dos inúmeros profissionais envolvidos, precisariam conferir novos parâmetros e 
conceitos doutrinários e por que não jurisprudenciais frente a esta inserção. 
 
2.3 CONFLITO: DIREITO E OPINIÃO PÚBLICA 
Quando o direito surge normatizando o convívio social, na busca 
incessante de tutelar o bem da vida, a sociedade que é leiga no assunto, os 
doutrinadores em geral divergem sobre um ponto e outro, o que esperar da 
opinião pública que na grande maioria, não tem acesso ao mero conhecimento 
das leis. 
Vale ressaltar que a opinião pública nos seus argumentos e 
conhecimentos sobre o sistema jurídico não podem ser considerados referências 
no assunto, pois se trata de uma ciência muito complexa. 
O contexto jurídico no que tange a sua interpretação, em todas as suas 
esferas necessita de um profundo e criterioso conhecimento, neste conceito se 
tem a importante menção de Ana Lucia Sabadell, que orienta e ressalva: 
A maior parte dos cidadãos possui uma imagem parcial e 
incompleta sobre o sistema jurídico e, dessa forma, as respostas 
não refletem um conhecimento ou uma realidade do direito, mas 
somente uma opinião confusa e ideológica. (...)
38
 
A concepção popular se atem quando a mídia expõe determinada 
prática de um crime, seja ele bárbaro ou hediondo, logo são propostas sanções 
severas e memoráveis aos criminosos, quando ocorre o julgamento e 
consequentemente o veredicto, sempre discordam das penas impostas. 
Considerando o sentimento de justiça aflorado no meio dos populares, 
sobre os diversos comportamentos desaprovados pela norma jurídica, embora 
 
38
 SABADELL, Ana Lúcia. Manual de Sociologia Jurídica: introdução a uma leitura externa do 
direito. 2. Ed. São Paulo: RT, 2002. 
 
 
 34
seu conhecimento em face ao contexto normativo jurisdicional não seja o mais 
sensato, vale ressaltar que a população é motivada a padronizar o senso de 
justiça comum, e estabelecer um convívio razoável na organização social. Desta 
forma os legisladores poderiam levar em consideração, e partindo da premissa 
vinculada aos anseios da opinião pública, na inserção das normas que regulam o 
convívio social e na tentativa de garantir e produzir a eficácia do direito e sua 
aplicabilidade, com vistas a uma possível compatibilização entre a regra 
normatizadora e os anseios do povo. 
Com o passar do tempo, especificamente ponderando o século em que 
vivemos, fica muito explícito a ideia de que os jovens de hoje tem a possibilidade 
de consciência de seus atos, e por tratar-se desta ordem precisam responder 
pelos seus atos ou infrações que venham a cometer. 
A opinião pública, ainda reivindica a redução da maioridade penal, 
fundada na ineficácia do combate à criminalidade. A postura popular carrega em 
sua opinião um sério desabafo junto aos legisladores, porém ela se vê fora e 
preterida nas discussões estabelecidas no cunho desse enfoque. 
O debate público visa um proceder eficaz e necessário para a 
contenção da violência, neste sentido surge inerente um forte apelo por este fim. 
A doutrina e parte da esfera que corresponde aos doutrinadores, são 
conceituados pelo texto da lei, logo aos aplicadores que defendem a redução 
relacionam a falência da aplicação do ECA que até hoje não pode ser visto 
grandes resultados no tratamento aos delitos praticados. 
Cansada de ver seus pares acometidos cada vez mais por crimes que 
na sua essência são carregados de extrema violência e crueldade, e que não 
deveriam ser praticados por “crianças”, mas infelizmente são, estas mesmas quenão discernem os seus atos, a opinião pública aparece noutro pólo, horrorizada e 
impotente frente a estes fatos. 
E por dizer na efetiva aplicação do Estatuto da Criança e do 
Adolescente, quando um menor infrator é realmente condenado, são apenas 03 
 35
(três) anos o período vê deve ser recolhido, no que podemos ver conferindo o 
texto da lei: 
Art. 121, § 3º: (ECA) Em nenhuma hipótese o período máximo de 
internação excederá a três anos.” 
39
 
Logo após este período se ele cometeu um homicídio com pena 
privativa de liberdade conforme dispositivo do CP de 12 a 20 anos de reclusão, 
ele é livre, solto após o efetivo cumprimento dos três anos conforme prevê o 
artigo citado acima, e concomitante com esta prerrogativa tem se aludido o 
seguinte no parágrafo 4º: 
Atingido o limite estabelecido no parágrafo anterior o adolescente 
deverá ser liberado, colocado em regime se semiliberdade ou de 
liberdade assistida, 
40
 
Conflitando em muitos casos ele nem completou 18 anos, ou seja, 
ainda é menor, caso as medidas sócio-educativas após o seu cumprimento não 
venham a ser necessária a sua precípua ressocialização e, por conseguinte 
novamente inseri-lo na sociedade, este menor após solto pode voltar a cometer 
outros crimes, porém via de regra estabelecida ele ainda é menor. 
 
2.4 O SENTIDO OBRIGACIONAL DO ESTADO DE DIREITO 
A incumbência imposta ao Estado de Direito tange na possibilidade de 
regular e estabelecer a convivência social em aspecto de harmonia, para este fim 
são colocadas à disposição através das leis e regras impostas e as quais devem 
ser aplicadas com teor da regulamentação, desta forma é conferido ao Estado à 
atividade punitiva, logo lhe é conferido também o poder de coerção. 
Visando o aspecto da coletividade, em suma esta é a grande razão 
conferida ao Estado de Direito, com seu poder regulador constituídos em sua 
essência e finalidade. 
 
39
 BRASIL. Lei n.º 8.069 de 13/07/90. Estatuto da Criança e do Adolescente. Capítulo IV – Das 
Medidas Sócio-Educativas, Seção VII – Art. 121, § 3º. 
40
 BRASIL. Lei n.º 8.069 de 13/07/90. Estatuto da Criança e do Adolescente. Capítulo IV – Das 
Medidas Sócio-Educativas, Seção VII – Art. 121, § 4º. 
 36
Considerando a aplicabilidade do ECA, e sabendo que sua importância 
trata-se de um marco desde sua implantação, mas esquecemos que a sua 
abrangência quando versam sobre o aspecto penal, suas aplicabilidade de penas 
são muito brandas, podemos ressaltar que nesta esfera ele chegar a ser 
insuficiente e insatisfatório, no combate em questão. 
O referido estatuto tem em seu teor objetivado a proteção e a tutela à 
criança e o adolescente, mas quando este adolescente já age como adulto isso 
sendo o resultado devido ao seu aspecto cognitivo-intelectual, que hoje com toda 
informação ao conhecimento de todos encontra-se disponível e acessível, e 
principalmente ao acesso dos jovens, mesmo os que residem na periferia. 
No tocante a sua participação em práticas de crimes cruéis, e bárbaros 
quem então aparece com poder para coibir tal ação, haja vista a fraca atuação do 
ECA. 
Considerando esta falência vemos então a necessidade da inserção do 
menor no contexto do ordenamento jurídico penal brasileiro, mas precisamente 
com seus atos regulados pelo Código Penal e não vinculados à lei especial o 
Estatuto da Criança Adolescente, como é atualmente. 
A obrigação do Estado de Direito como já foi exposto é regular, logo 
atualmente a redução da menoridade penal deve ser instituída no ordenamento 
jurídico e, por conseguinte a se tornar um regimento a ser inserido e regulado 
também pelo Estado de Direito dentro da esfera penal. 
Nesta atitude a intenção se fundamenta numa função do Estado de 
Direito com uma abrangente atitude com punições mais severas, considerando 
que o convívio social sofre alterações e mudanças ao longo do tempo no âmbito 
social, intelectual, por que não se vê ainda estas mudanças no ordenamento 
jurídico, desta forma atingindo o dever precípuo do estado em reorganizar e 
reestruturar esse novo comportamento social, que deveras necessita uma ação 
em caráter de brevidade. 
 
 37
2.5 A SOCIEDADE INCLUÍDA NO CONTEXTO 
A sociedade em sua grande maioria tem por base os princípios 
fundamentais para viver em coletividade, sendo educação, religião, aspectos 
familiares. 
Neste contexto, onde os delitos que tem na sua prática a efetiva 
participação de menores provocam medo e impotência no seio familiar, é notado 
que a sociedade faz parte da parcela que mais sofre com o aumento dos índices 
de criminalidade, antes o medo era na possibilidade de um adulto cometer um 
crime contra seu patrimônio, sua família, ou o seu bem principal o bem da vida, 
hoje esse medo é até do colega de seu filho, ele mesmo, aquele adolescente 
problemático da escola, ou o vizinho que joga “vídeo game” na sua casa. 
Não se pode descaracterizar a influência que estes adolescentes tem 
trazido para sua vida, temos medo de parar no semáforo quando um menor se 
aproxima para pedir um “trocado”, não se sabe qual é a sua verdadeira intenção, 
em muitos casos eles vem a cometer um pequeno furto, e talvez com um fim 
catastrófico, um disparo e após até uma vida ceifada. 
Atualmente o menor acomete esse medo como se fosse um adulto, sua 
violência e crueldade, associadas aos seus atos é exatamente “coisa de gente 
grande”, não existem motivos para desassociar essa violência e nem 
pormenorizá-la, pois o que é mostrado nos canais de comunicação são 
adolescentes com atitudes sérias e duras e não mais atitudes simplórias de uma 
criança. 
A inserção do menor na criminalidade é tão intensa, que hoje o menor 
com apenas 14 (quatorze) anos é gerente de tráfico nos morros, os “aviõezinhos” 
são ainda mais crianças, lembrando que o intuito proposto não é voltado para elas 
e sim à redução da maioridade com vistas à punição dos adolescentes, logo o 
enfoque gira em torno da adolescência. 
A sociedade está diretamente incluída neste contexto, pois se trata da 
parte que é a mais afligida, seja padecendo com os crimes ou ainda sendo 
 38
responsáveis por esses menores, nesta consequência a sociedade tem os seus 
lares dilacerados por conta desses acontecimentos, tanto na ação e ou omissão. 
Logo, a sociedade que já se encontra incluída deste contexto, deve 
promover sua postura na cobrança dos legisladores uma maior atenção e 
prioridade nesta toante. Da mesma forma a aplicação da lei com mais veemência 
deve ser mais aludida, como o Estado de Direito visa regular o convívio social, 
não podemos esquecer que hoje esses delitos e seus infratores têm ameaçado o 
bem estar social, deste modo à aplicabilidade das leis existentes não tem surtindo 
tanto efeito, pode-se afirmar que esta é a hora do Estado de Direito participar 
ativamente e efetuar seu papel, e a cobrança a partir da sociedade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 VIABILIDADE DA REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL 
Neste capítulo de encerramento da referida pesquisa, vem trazer a 
efetividade da proposta no tocante a redução da maioridade, em correspondência 
com a referida proposta se tem a exposição no aspecto principal para a defesa da 
redução. 
A elucidação das posições contrárias e favoráveis em debates nos 
quais vem realmente definir e embasar a justificativa da defesa, ao entendimento 
da viabilização da redução segue o enfoque dentro do conteúdo o acréscimo de 
crimes juvenis, além de conceitos dirigidos com a finalidade real da pesquisa e 
até na proposta de alternativas para instruir uma gradativa modificação quanto a 
maioridade penal. 
Presente neste capítulo tem se o enfoque do debate de opiniões 
divergentes dentro do conteúdo abordado e no desfecho a tese é concluída com a 
corrente propriamente defendida e a justificativa da defesa, com temas que 
rebuscados e focados no único intuito de proceder na resoluçãoda redução da 
maioridade penal para os dezesseis anos. 
Sendo esta problemática abordada de maneira clara e voltada no 
aspecto que visa à proteção da sociedade em geral e descartando o critério de 
punir somente para satisfação da sociedade em geral. 
O fator que direciona e busca a possibilidade de reduzir a maioridade, 
tem seus fundamentos e preceitos pautados na possibilidade de ressocialização 
do menor infrator, no caráter educativo e coercitivo na intenção de provocar o 
receio e inibir a voluntariedade no ato de cometer crimes contra o bem estar e o 
convívio da coletividade social, o ordenamento jurídico e contra a ordem e paz da 
sociedade em geral. 
 40
3.1 ESTATÍSTICAS CRIMINAIS COM PARTICIPAÇÃO DE MENORES 
Com o intuito de demonstrar o alto índice da participação de menores 
delinquentes em crimes, nota-se com os dados informados que dentre os mais 
praticados estão entre eles crimes com grande potencial ofensivo e 
periculosidade, logo não são crimes simplórios e sim muito pelo contrário, crimes 
que na sua efetividade muitas vezes ocorrem requintes cruéis e barbárie. 
Os dados são referentes à faixa etária de adolescentes de 12 a 18 
anos, nesta pesquisa foram coletados os dados comparativos no período 
correspondente aos anos de 1999 a 2000, neste caso os informes são de 
adolescentes que foram efetivamente retidos, claro que quando é descrito retido, 
estão sobre a tutela do ECA, a legislação especial que trata todos os fatos 
relacionados à criança e o adolescente. 
Conferindo a estatística disponibilizada temos os seguintes tipos penais 
praticados, com a aferição do quantitativo que lhes foram atribuídas, bem como o 
percentual de acréscimo com base do ano de 1999 para o ano de 2000: 
Assalto – de 300 para 1520, acréscimo de 400%; 
Tentativa de homicídio – de 105 para 400, acréscimo de 280%; 
Homicídio – de 2400 para 2900, acréscimo de 21%; 
Latrocínio – de 870 para 1040, acréscimo de 20%
41
. 
O levantamento ainda contém outro tipo penal muito executado que é o 
assalto a mão armada, neste o índice é assustador, são exatos 500% de 
acréscimo sendo que no ano de 1999 foram 300 adolescentes retidos e já no 
primeiro semestre de 2000 o número aumentou para 1500 adolescentes. 
Considerando o aumento na prática de crimes conforme exposto em 
tela, é visível que aos menores o ECA não lhes impõe medo ou receio para coibi-
los a prática de tais delitos. 
 
41
 Números referentes somente ao período de janeiro a julho de 2000. Fonte: Departamento da 
Criança e do Adolescente Ministério da Justiça. Disponível em Veja on-line Edição 1674 de 
08/11/2000. 
 41
Nesta perspectiva tem-se o enfoque do redator da revista Veja que 
apresenta uma razão agravante para o crescimento no tocante a criminalidade 
juvenil: 
A razão mais forte para o fenômeno é a relativa impunidade de 
que gozam os menores no Brasil, graças a uma legislação que 
contempla mais a sociologia do que a criminologia – o Estatuto da 
Criança e do Adolescente. Quando um jovem desses é preso por 
ter cometido um delito pesado, já sabe que dificilmente 
permanecerá mais do que três anos detido. Aliás, o termo "preso" 
a rigor nem poderia ser utilizado.
42
 
Neste mesmo levantamento realizado pelo Ministério da Justiça, temos 
ainda apresentado o quantitativo de adolescentes retidos por práticas de delitos 
penais nos estados da federação, estes números foram computados 
considerando estimativa para cada 100 mil habitantes e que cumprem penas 
sócio-educativas, entre todos os estado foram destacados em ordem os dez 
primeiros: Distrito Federal 98; Santa Catarina 90; São Paulo e Amapá 46; Acre 42; 
Roraima 34; Amazonas 23; Maranhão 18; Rondônia 15 e Ceará 14.
43
 
 
3.2 CONCEITOS NO INTUITO DE REDUZIR A MAIORIDADE PENAL E 
ALTERNATIVAS PARA MODIFICAÇÃO 
O ECA trata os menores de forma tolerante, como já foi apresentado 
anteriormente, logo nem os considera como criminosos, porém os denomina de 
infratores, e o referido estatuto não dispõe em sua essência e aplicabilidade 
caráter ou meios disponíveis para intimidar e coibir aos menores de 18 (dezoito) 
anos a prática de delitos. 
A lei especial
44
 ainda alenta aos menores de 18 anos a falta de 
capacidade no discernimento de seus atos, esta regra vem sendo conferida ao 
longo dos últimos vinte anos, observando que em conformidade o CC colocado a 
ao regulamento e disposição a partir de 2002, já trouxe incorporado ao seu 
 
42
 Robson Luquêsi. Veja On line, edição 1674 de 08/11/200, p. 98. 
43
 Fonte: Departamento da Criança e do Adolescente Ministério da Justiça e (IBGE). Disponível 
em Veja on-line Edição 1674 de 08/11/2000, p. 98. 
44
 BRASIL. Lei Federal Nº 8.069 de 13.07.1990 – Estatuto da Criança e do Adolescente. 
 42
regramento o oferecimento da oportunidade de emancipação ao jovem de 
dezesseis anos isso de acordo com Art. 5º, parágrafo único, inciso I, assim o 
legislador civil coloca o jovem com capacidade de discernimento intelectual pleno. 
A incoerência do ECA continua e propõe em conflito também com o 
CE, pois outorga poder de escolha aos maiores de 16 anos para seus 
representantes políticos
45
, mas os restringe de aplicabilidade penal e os remete a 
uma esfera diferenciada. 
A redução da maioridade penal entra em conflito com dispositivo 
inserido na CF, no artigo 228, logo seria necessário uma Emenda Constitucional 
EC para a referida alteração, desta forma a EC seria o único mecanismo capaz de 
possibilitar a redução da maioridade. 
Sabendo que a promulgação de uma EC, para alterar a CF o seu 
processo é caracterizado pela constituição de vários requisitos formais, sendo 
eles: só pode ser proposta por no mínimo 1/3 dos membros da Câmara dos 
Deputados (CD), ou do Senado Federal, ou então pelo próprio Presidente da 
República, e no seu processo é votada no congresso nacional em dois turnos e 
após sua devida aprovação será promulgada pelas mesas das câmara dos 
deputados e do Senado Federal.
46
 
Posteriormente o processo exposto em tela que será discutido e 
apreciado por muitas pessoas, vem à ocorrência da alteração de se reduzir a 
maioridade penal, considerando ao presente aspecto a necessidade de que o teor 
de uma provável Emenda Constitucional, fundada na idéia de reduzir a 
maioridade penal, tende a provocar muitos debates e controvérsias, pois o tema 
se refere a um assunto muito polêmico. 
Como alternativa poderia proceder a realização de um plebiscito, o 
vocábulo é originário do latim plebiscitu conhecido como (decreto dos plebeus), 
hoje se trata da convocação de cidadãos que por meio de voto, aprovam ou 
rejeitam questão que visa nortear e de grande relevância para o país, logo se 
 
45
 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Art. 14, § 1º, inciso II, alínea c 
46
 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Art. 60, I, II e III. 
 43
trata de uma consulta popular, antes da promulgação de uma lei o difere do 
referendo que é consulta para verificar a aceitação após a promulgação da lei. 
 Considerando o caráter polêmico pode se apresentar uma mudança 
gradativa, começaria com o tempo de internação proposto pelo ECA, seria 
acrescido alguns anos e de tão somente 3 anos
47
 passaria a 10 anos o período de 
internação. 
A redução cairia regressivamente de 18 anos por um espaço de tempo 
estabelecido até chegar ao limite de 16 anos de idade, nesse período até esta 
definição, se aplicaria imediatamente o caráter de efetiva punição aos 16 anos 
quando o crime for praticado vir a ser considerado como de caráter hediondo e 
inserir métodos para avaliação da idade psicológica do agente e não biológica, 
nos casos desta idade psicológica for igual ou superior aos 18 anos prontamente 
o agente seria inserido na aplicação do CP e prontamente deixaria de serassistido pela lei especial ECA. 
 
3.3 CONCEITOS FAVORÁVEIS E DESFAVORÁVEIS A RESPEITO DA 
REDUÇÃO 
 
3.3.1 Opiniões desfavoráveis 
Em muitos aspectos diversas opiniões tendem a mudanças nas penas 
sócio-educativas aplicadas pelo ECA, e não necessariamente voltados a definir a 
redução da maioridade penal, seus argumentos são pontuados em que a redução 
em nada seria proveitosa e não provocaria resultados na tentativa de diminuição 
da violência social. 
Afirmam teorias vertentes desfavoráveis à redução, que o menor 
delinquente em nenhum momento deixa de ser punido, pois a aplicabilidade do 
 
47
 BRASIL. Lei n.º 8.069 de 13/07/90. Estatuto da Criança e do Adolescente, Art. 121, § 3º. 
 44
ECA no que diz respeito às medidas cabíveis propõe um critério punitivo, logo não 
há de se considerar inimputabilidade. 
A questão soa também no debate passando pelo aspecto eleitoral onde 
o menor de 18 anos pode votar, mas haja vista ele não pode ser votado, esta 
teoria visa combater esse argumento. Pessoas ligadas aos Direitos Humanos e a 
ordem que trata os menores entre inúmeros profissionais relatam que o menor 
tem o seu discernimento ainda por se completar, logo atribui-se que o jovem, não 
o tem ainda plenamente formado, logo sua personalidade ainda está sendo 
construída. 
O contexto da redução da maioridade penal atravessa o campo jurídico 
e encontra apoio nos movimentos cristãos, sociais, entre outros, a Igreja Católica 
combate veemente a redução da maioridade penal, outros grupos que se aliam e 
se posicionam contra a redução é o político e até o poder judiciário, mas no meio 
político existem opiniões divergentes que tendem a diminuir a maioridade, as 
quais veremos adiante. A ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) a 
ministra Ellen Gracie relaciona que a melhor solução estaria na adequação de 
uma justiça penal mais ágil e rápida, órgãos como a Ordem dos Advogados do 
Brasil (OAB) afirmam que a redução não é viável no atual contexto. 
 
3.3.2 Opiniões favoráveis 
Em tese a favor da redução da maioridade penal um aspecto muito 
eloquente é o fato do acesso à informação colocada a disposição dos jovens e 
que resultam numa formação que lapidam e aceleram o discernimento e por 
consequência se vê correlacionada as suas atitudes, destarte não se pode dizer 
que o jovem, neste caso o agente do ato ilícito é um inocente ou deva ser 
somente por falta de discernimento seja ele psíquico, cognitivo, intelectual, etc. 
O menor no tocante ao voto nos faz entender que, sim existe a real 
possibilidade dele participar do pleito eleitoral, todavia não podendo ser votado 
como prevê claramente a lei eleitoral, porém a questão aqui apresentada não se 
restringe a ele se encontrar dentro ou fora do pleito, mas isso logo são uma 
 45
determinação e imposição do CE, uma vez que em nada aflige ou denota falta de 
discernimento. O critério apresentado é de caráter específico para a referência da 
idade para a prática política e não penal. Na ocorrência de eleições o menor de 
18 anos que fosse votar numa seção eleitoral, cometesse um crime político 
vejamos a seguir no consoante do artigo 229 Código Eleitoral: 
Dar, oferecer, prometer, solicitar ou receber, para si ou para 
outrem, dinheiro, dádiva ou qualquer outra vantagem, para obter 
ou dar voto e para conseguir ou prometer abstenção, ainda que a 
oferta não seja aceita” Pena: reclusão de até 4 (quatro) anos e 
pagamento de 5 (cinco) a 15 (quinze) dias-multa.
48
 
Aqui aparece à incoerência ele pode votar, mas sequer pode ser 
punido talvez pela prática de crime eleitoral que supostamente ele venha a 
cometer, analisando também que o referido artigo traz a pena de quatro anos, 
superior ao período imposto pelo ECA nas condutas ilícitas que possa cometer, 
além de considerar que a pena sugerida no dispositivo do artigo 229, CE não se 
trata de penas meramente sócio-educativas e sim do contrário com outra 
determinação a de sanção. 
Vendo o fator que o menor não deixa de ser punido e de contrapartida 
conforme prevê o ECA é submetido à punição, entende-se que esta aplicabilidade 
tende a serem muito branda e deveras passiva, logo as sanções geridas como 
sócio-educativas e posta a aplicabilidade aos menores fazem a sociedade 
desacreditar nesta imputação, pois o menor não pode ficar internado por mais de 
três anos, um jovem de 16 anos dependo o ilícito que venha a cometer pode ser 
readmitido na sociedade ainda sendo menor, talvez com 17 anos, haja vista se 
ele reincidir criminalmente ele cumprirá como menor e sua ficha estará limpa 
mesmo próximo da maioridade. 
Ainda a favor da redução da maioridade penal temos outro aspecto 
concomitante e um tanto quanto relevante, ressaltamos a questão do direito se 
apresentar como ciência, e sendo ciência tende a evoluir de acordo com o meio 
em que ele é aplicado. Sabendo que ao direito tem vinculado a si o fator social e 
correlacionado com os fatos sociais, sendo eles econômicos, artísticos, culturais. 
 
48
 BRASIL. Lei n.º 4.737 de 15 de julho de 1995, Código Eleitoral. Capítulo II – Dos Crimes 
Eleitorais. Art. 229. 
 46
O direito como ciência estuda as normas necessárias e a sua 
aplicabilidade para regular a manutenção equilibrada do convívio social, em suma 
há de salientar que ao longo dos tempos a sociedade atravessa constante 
processo de evolução e ainda está por evoluir, portanto nossas regras não podem 
ser as mesmas, precisam constantemente ser reavaliadas e reformuladas devido 
ao processo constante de evolução da nossa sociedade num aspecto geral. 
Fatos consolidados na esfera civil aparecem com uma forte tendência 
na concepção do discernimento do jovem menor de 18 anos, pois o Código Civil 
oferece a oportunidade da emancipação a este jovem.
49
 Vemos aí que o CC 
analogicamente entende que o jovem pode ter capacidade a contrair para si 
deveres e obrigações, logo o seu discernimento não é tão reduzido considerando 
aqui em suma o caráter intelectual do indivíduo. 
A referida emancipação pode ser constituída através de escritura 
pública concedida pelos pais, nesse aspecto o jovem com 16 anos pode sagrar-se 
“chefe de família”, ser gerente numa empresa quiçá até administrador, inclusive 
respondendo por obrigações de um individuo maior de 18 anos. Desta forma 
vemos o jovem com condições necessárias para contrair obrigações na esfera 
correspondente ao CC, mas o legislador penal ainda conceitua que o mesmo 
jovem o qual o CC, enxerga esta capacidade, não apresenta caráter mental, 
intelectual, cognitivo, para compreender a conduta ilícita de seus atos, sendo 
assim como nos exsurge. 
Em nossa esfera executiva desta forma dentro do contexto do cenário 
político temos governadores como: Sergio Cabral Filho (PMDB-RJ) com a 
seguinte afirmação: 
Já fui muito contra, mas na medida em que a gente está 
encontrando mais menores de idade na prática cotidiana do crime, 
talvez a redução da maioridade possa aumentar a longevidade 
desse menores que estão morrendo. Teremos um instrumento 
para poder afastá-los do crime.
50
 
 
49
 BRASIL. Lei nº 10.406, de 10/01/2002.Código Civil, Art. 5º, parágrafo único, inciso I. 
50
 Entrevista a UOL.com.br. HTTP://noticias.uol.com.br/ulnot/reuters/2007/02/09/ult27u60067.jhtm. 
 47
 Aécio Neves (PSDB-MG) 
51
 que propõem ao CN alteração da 
legislação no consoante a redução da maioridade penal. Atualmente existem seis 
propostas para reduzir a maioridade que tramitam na CCJ Comissão de 
Constituição, Justiça e Cidadania do Senado, destas quatro reduzem a 
maioridade dos 18 anos para os 16 anos de idade, além de elaborada proposta 
de emenda constitucional PEC do senador Papaléo Paes (PSDB-AP) que relata 
na sua íntegra a seguinte ementa ao artigo 228 da CF que determina a imputação 
penal

Outros materiais