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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUÍZ DE DIREITO DA VARA CRIMINAL DA COMARCA DE XXXXXXXXXXXX-XX
	
Processo: 00000000000000
Autor: Ministério Público de XXXXX
Josué Almozerovisky, profissão XXXXXXXX, RG XXXXXXXXX, SSPXXXXX, CPF XXXXXXXXX, res. Na Rua XXXXXXXX nº. XXXX,, CEP XXXXXXX, XXXXXXXXX/SP, por suas advogadas infra-assinadas, vem a Vossa Excelência, nos autos desta ação penal, apresentar sua
  
	RESPOSTA À ACUSAÇÃO
 
com fundamento no artigo 396 caput e 396-A todos do Código de Processo Penal, pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos:
1. DOS FATOS:
O MP ofereceu denúncia contra o Réu, acusando-o de ter praticado os crimes previstos no art. 171, caput do Código Penal, pela seguinte conduta alegada na denúncia: 
“Entre os dias 07/01/2014 e 19/01/2014, o denunciado fazendo uso de cartão de telefone falsificado, efetuou 72 ligações telefônicas para Londres, na Grã Bretanha, para conversar com sua namorada que mora naquele país, onde faz estágio. Dessa forma, causou prejuízo financeiro no valor de R$ 1.500,00 na empresa de telefonia, em proveito próprio, por não ter pagado o valor das ligações. Tal prejuízo foi causado com o uso de artifício (cartão falso) com o qual se induziu a erro a empresa telefônica.” 
Na denúncia há a especificação de cada uma das ligações, o tempo de duração, o valor e o dia em que foi efetuada. 
No depoimento no inquérito, o réu negou os fatos, afirmando que foi confundido pelas testemunhas, que não tem namorada na Inglaterra e que no dia 08 e 09 (dias em que também teria efetuado ligações) estava em Jundiaí, na casa de seu irmão Glauco Pexéu Almozerovisky. Devidamente citado, na data de ontem.
2. PRELIMINARES
I – DA INÉPCIA DA DENÚNCIA
A denúncia é inepta por não atender os dizeres do artigo 395, I, do Código de Processo Penal.
A peça inicial do processo penal descreve fatos genéricos os imputa ao réu sem qualquer nexo causal entre a suposta conduta e o confuso resultado e, sem qualquer respaldo fático não viabilizando a defesa do Réu.
Devemos ressaltar que a partir de uma leitura da inicial, verifica-se que o Ministério Público não descreveu todas as elementares e circunstâncias. 
Nesse sentido, a doutrina nos ensina o seguinte:
“A queixa ou a denúncia deve fazer a exposição do crime, descrevendo o fato principal em seus vários episódios, com referência ao tempo e lugar em que ocorreu e todas as circunstâncias que o cercaram, de modo a tornar possível a reconstrução de todos os acontecimentos que se desenrolaram”. MENDES, JOÃO. Processo criminal brasileiro, 1911, vol. II, p. 166.
 É pacífico o entendimento de que a conduta típica descrita na denúncia não narra com precisão o delito supostamente imputado ao Réu, além de não conter no inquérito a REPRESENTAÇÃO DA VITIMA, devendo ele ser absolvido sumariamente por ausência de justa causa para a ação penal.
A Lei nº. 13.964/19 alterou o art. 171 do CP, acrescentando-lhe o § 5º., para estabelecer que, em tais delitos, doravante, a ação penal somente se procede mediante representação, salvo se a vítima for a Administração Pública (direta ou indireta), criança, adolescente, pessoa com deficiência mental, maior de 70 anos ou incapaz.
 
Portanto, hoje, a regra é que o crime de estelionato é de ação penal pública condicionada à representação, nem sequer podendo ser instaurado inquérito policial sem esta “condição de procedibilidade”, conforme exige o art. 5º., § 4º., do CPP; não pode ser instaurado de ofício, muito menos por requisição do MP, salvo, neste último caso, se a requisição estiver acompanhada da representação da vítima (ou de seu representante legal, ou sucessores).
A jurisprudência é pacificada:
DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. CRIME DE ESTELIONATO. LEI N. 13.964/2019. PACOTE ANTICRIME. AÇÃO PENAL CONDICIONADA A REPRESENTAÇÃO. ALEGAÇÃO DE AUSÊNCIA DE REPRESENTAÇÃO DA VÍTIMA. INEXISTÊNCIA DE RIGOR FORMAL. REGISTRO DE OCORRÊNCIA POLICIAL. PRECEDENTES DO STF E STJ.
1. Com o advento da Lei n. 13.964/19 (Pacote Anticrime), o crime de estelionato, antes processado mediante ação penal pública incondicionada, passará a ter o seu processamento mediante ação pública condicionada à representação.
2. A representação da vítima para a investigação ou deflagração de ação penal prescinde de qualquer rigor formal, bastando a demonstração inequívoca de que a vítima tem interesse na persecução penal, o que ocorreu na hipótese dos autos, visto que a vítima foi à delegacia registrar ocorrência, narrou os fatos e apontou o paciente como autor do estelionato. (0704278-36.2020.8.07.0000 – TJ/DFT)
	
3. DO DIREITO
Devemos salientar que o réu estava, à época dos fatos pelos quais é acusado, em Jundiaí, na casa de seu irmão Glauco Pexéu Almozerovisky. 
Ainda ressalta-se que conforme inquérito, o réu não possui namorada em Londres.
Estando o réu na cidade de Jundiaí à época do crime a ele indevidamente atribuído, ora Excelência, seria impossível que o Réu realizasse as ligações fraudulentas, tendo em vista sua impossibilidade de praticar tais atos, o que reforça a tese da inexistência de quaisquer indícios de autoria em desfavor do Réu, que deve ter sua denúncia rejeitada, nos termos do art. 395, inciso III do Código de Processo Penal que diz:
Art. 395. a denúncia ou queixa será rejeitada quando:
III – faltar justa causa para o exercício da ação penal. (incluído pela lei nº 11.719, de 2008).
Caso ainda assim a denúncia seja recebida, deve o réu ser absolvido pelo fato acima alegado, conforme versa o inciso IV do artigo 386 do Código de Processo Penal o qual dispõe:
Art. 386.
III. “o juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que reconheça: estar provado que o réu não concorreu para a infração penal;”
4. DO PEDIDO
Por fim, mediante aos fatos aqui expostos, requer-se:
a) a absolvição sumária do réu com base no art 171, § 5º.
b) seja reconsiderado o recebimento da Denúncia, para rejeitar liminarmente a inicial com base no inciso III do art. 395, do Código de Processo Penal;
c) no caso do recebimento da denúncia seja o réu absolvido, haja vista a impossibilidade de ter praticado o crime por estar na cidade de Jundiaí à época dos fatos a ele atribuídos, na forma no inciso IV do artigo 386 do Código de Processo Penal.
Nestes termos
Pede deferimento.
São Paulo 30 de março de 2020
ADVOGADO
OAB Nº

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