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Competência II-1

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Processo Penal I 
Aula. Competência II 
(continuação) 
1.3 COMPETÊNCIA RATIONE PERSONAE ou RATIONE FUNCIONAE ( ART. 69, VII, CPP) 
Determinadas pessoas em razão da função que desempenham, têm direito ao julgamento por 
órgão de maior graduação. Permitindo-se assim, enaltecer a função desempenhada e evitar as 
pressões indiretas que poderiam surgir se pelos juízes de primeiro grau. 
O foro privilegiado está diluído na Constituição Federal e nas Constituições Estaduais. 
Obs: em caso de conflito de prerrogativa prevista na Constituição Estadual que confronte com 
regra de competência prevista na Constituição Federal, restará afastada a prerrogativa. 
1.3.1. prerrogativa de função e manutenção do cargo ou mandato 
Sumula 394 STF: as infrações cometidas durante o exercício funcional, permaneceriam sob a 
égide da competência especial por prerrogativa de função, ainda que o inquérito ou a ação 
penal fossem iniciados após a cessação daquele exercício. SÚMULA CANCELADA EM 1999. 
Decidiu o STF que, uma vez terminado o cargo ou mandato, encerrava-se o foro privilegiado, e 
eventuais processos existentes seriam imediatamente remetidos ao juízo de primeiro grau, 
sem prejuízos dos atos processuais já praticados. 
Em 2002, com a lei 10.628, que trouxe ao art. 84, parágrafos 1º e 2º, do CPP: a competência 
especial por prerrogativa de função, relativa a atos administrativos do agente, permanece 
ainda que o inquérito ou ação judicial sejam iniciados após a cessação do exercício da função 
pública. ISSO REPRESENTA UMA AFRONTA À CONSTITUIÇÃO FEDERAL! 
Obs: com o julgamento das ADIN’s (AÇÃO DECLARATORIA DE INCONSTITUCIONALIDADE), pelo 
STF, foram declarados inconstitucionais os parágrafos 1º e 2º, do código de processo penal. 
Assim, não há mais que se falar em foro por prerrogativa de função, uma vez encerrado o 
cargo ou mandato, nem muito menos em prerrogativa de função as ações de improbidade 
administrativas. 
SÚMULAS APLICÁVEIS: 
Sumula 451 STF: A competência especial por prerrogativa de função não se estende ao crime 
cometido após a cessação definitiva do exercício funcional. 
Súmula 704 STF: Não viola as garantias do juiz natural, da ampla defesa e do devido processo 
legal a atração por continência ou conexão do processo do co-réu ao foro por prerrogativa de 
função de um dos denunciados. 
A importância do foro por prerrogativa de função é tamanha, que chega a excepcionar a 
competência do tribunal do júri. Ex: prefeito Municipal que vem a praticar um homicídio no 
curso do mandato será julgado pelo Tribunal de Justiça de seu Estado, e não pelo Tribunal do 
Júri. CUIDADO! Essa regra não se aplica se o foro por prerrogativa de função foi previsto 
apenas na Constituição Estadual. É o entendimento da súmula 721 STF. 
Sumula 721 STF: A competência constitucional do Tribunal do Júri prevalece sobre o foro por 
prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela Constituição Estadual. 
1.3.2. antes do exercício de função com prerrogativa de foro 
 Se a infração penal tiver sido praticada antes do exercício de função, o processo criminal deve 
ser remetido para o órgão competente para julgar o agente. É a regra da atualidade do 
exercício do cargo que prevalece. 
1.3.3. durante o exercício de função com prerrogativa de foro 
Regra da contemporaneidade: a competência era definida pela data do cometimento da 
infração penal. Ou seja, se a infração era cometida durante o exercício do cargo, o foro de 
julgamento do agente o estabelecido em razão da função (foro). Caso terminasse o exercício 
do cargo, a prerrogativa não cessava. Essa regra não mais se aplica, tivemos o cancelamento 
da súmula 394 do STF. 
1.3.4. prerrogativa x Tribunal do Júri 
As autoridades com foro privilegiado estatuído na Constituição Federal não irão a Júri por 
crimes dolosos contra a vida, serão julgados no respectivo tribunal. Já aqueles com foro 
previsto na Constituição Estadual (vice-governadores e defensores públicos), caso venham a 
cometer crimes dolosos contra a vida, irão a júri. 
1.3.5. prerrogativa funcional de prefeito 
Os prefeitos serão julgados perante o Tribunal de Justiça (art. 29, X, CF). 
Súmula 702 STF: a competência do TJ para julgar prefeitos restringe-se aos crimes de 
competência da justiça comum estadual; nos demais casos, a competência originaria caberá ao 
respectivo tribunal de segundo grau. 
 
COMPETÊNCIA POR PREVENÇÃO 
Prevenção significa antecipação, e concorrendo dois ou mais juízes igualmente competentes, 
prevalente é aquele que primeiro pratica atos do processo ainda que anteriores ao 
oferecimento da denúncia ou da queixa. 
Conforme o CPP, temos hipóteses de competência por prevenção: 
a) Art. 70, parágrafo 3º: incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições, e a 
infração foi praticada em suas divisas. 
b) Crime continuado e crime permanente, que se estenda pelo território de duas ou mais 
jurisdição. 
c) Não sendo conhecido o local de consumação do delito, a competência é firmada pelo 
domicilio da réu (art. 72); Ou se o réu tem mais de uma residência, ou não possui 
residência, ou é desconhecido o seu paradeiro (art. 72, parágrafos 1º e 2º). 
COMPETÊNCIA POR DISTRIBUIÇÃO 
A pluralidade de magistrados na mesma comarca, em iguais condições, permite por meio da 
distribuição, adoção de critério equitativo para fixar a competência. 
 Art. 75. A precedência da distribuição fixará a competência quando, na mesma circunscrição 
judiciária, houver mais de um juiz igualmente competente. 
Parágrafo único. A distribuição realizada para o efeito da concessão de fiança ou da 
decretação de prisão preventiva ou de qualquer diligência anterior à denúncia ou queixa 
prevenirá a da ação penal. 
 
COMPETÊNCIA POR CONEXÃO OU CONTINÊNCIA 
COMPETENCIA PRO CONEXÃO (ART.76) 
Art. 76. A competência será determinada pela conexão: 
I - se, ocorrendo duas ou mais infrações, houverem sido praticadas, ao mesmo tempo, por 
várias pessoas reunidas, ou por várias pessoas em concurso, embora diverso o tempo e o 
lugar, ou por várias pessoas, umas contra as outras; 
II - se, no mesmo caso, houverem sido umas praticadas para facilitar ou ocultar as outras, ou 
para conseguir impunidade ou vantagem em relação a qualquer delas; 
III - quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas circunstâncias elementares influir 
na prova de outra infração. 
A conexão e continência são critérios de modificação de competência, e não de definição de 
competência propriamente dita, atraindo para determinado juízo crimes e/ou infratores que 
poderiam ser julgados separadamente. 
CONEXÃO 
É a interligação entre duas ou mais infrações, levando a que sejam apreciadas no mesmo órgão 
julgador. São infrações interligadas que terão processos únicos. 
a) Conexão intersubjetiva: (art. 76, I), duas ou mais infrações interligadas praticadas por 
duas ou mais pessoas. 
Elas se dividem em: 
 a.1) Simultaneidade: várias infrações praticadas ao mesmo tempo por várias pessoas 
reunidas, o vínculo existente é nas infrações. Não há necessidade de prévio acordo 
entre os infratores. Ex. vários crimes de dano 
a.2) Concursal: várias pessoas previamente acordadas, praticam varias infrações, 
embora diverso o tempo e o lugar. Ex: gangue que pratica vários crimes pela cidade, 
em bairros diferentes. 
 a.3) Reciprocidade: várias infrações são praticadas por diversas pessoas umas contra 
as outras. Reciprocidade na violação de bens jurídicos; ex: duelo. Atenção! O crime de 
rixa não pode ser citado aqui, pois o crime de rixa é crime único. Na reciprocidade 
deve existir duas ou mais infrações. 
b) Conexão objetiva, teleológica, material ou finalista: (art. 76, II), infração cometida para 
facilitar ou ocultar a outra, ou, para conseguir impunidade ou vantagem. 
c) Conexão instrumental (art. 76, III, CPP). Quando a prova de uma infração ou seus 
elementos influir na prova de outra. 
d) Conexão na fase preliminar investigatória: reunião de processos, não existindodisciplina que determine a reunião quanto à questão das investigações policiais. A 
priori não haverá reunião de inquéritos policias.

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