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DP proteção penal ao individuo - mod 1 ao 4

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ART. 121 – HOMICÍDIO
a) Conceito: destruição da vida humana alheia por outrem.
b) Objeto Jurídico: vida humana, independente de sexo, idade, raça ou condição social do indivíduo.
- Direito subjetivo fundamental, garantido pelo artigo 5o, caput, da C.F.
Obs.: O consentimento é irrelevante.
c) Sujeito Ativo: qualquer pessoa (crime comum); d) Sujeito passivo: ser humano com vida.
· Obs.: 1ª.) Destruição de vida intra-uterina configura aborto (art. 124 do C.P.)
· 2ª.) Limite mínimo do homicídio: começo do nascimento, com contrações expulsivas ou pela intervenção cirúrgica.
· 3ª.) Limite máximo do homicídio: possível até a morte da pessoa.
e) Conduta típica: matar alguém, por qualquer meio.
- Meios:
· Diretos: de que se vale o agente para atingir diretamente a vítima (ex. disparo de arma de fogo; esganadura; etc.)
· Indiretos: conduzem à morte de forma mediata (Ex. ataque com animal bravio).
· Materiais: mecânico; químico; patológico.
· Morais: susto; violenta emoção; medo; etc. (com pessoas portadoras de distúrbios cardíacos).
f) Elemento subjetivo: dolo, vontade livre e consciente de realizar conduta dirigida à morte da vítima.
g) Objeto material: o próprio ser humano com vida.
h) Consumação: consuma-se com a morte (crime material).
· Obs.: 1ª.) Delito instantâneo de efeitos permanentes – necessário exame de corpo de delito – art. 158 do C.P.P.
· 2ª.) Homicídio por omissão: possível (crime omissivo impróprio ou comissivo por omissão) – conhecimento de situação típica, não realização de ação dirigida de modo a evitar o resultado, sendo o autor garantidor do bem jurídico (Ex. mãe que deixa de alimentar recém nascido; salva-vidas que deixa de socorrer o banhista que se afoga).
i) Tentativa: admissível. Quando iniciada a execução o resultado morte não ocorre por circunstâncias alheias à vontade do agente (art. 14, II, do C.P.).
j) § 1º: Homicídio privilegiado.
- Causa especial de diminuição de pena.
- Espécies: 1. agente impelido por relevante valor social ou valor moral: Exposição de motivos – aquele que em si mesmo é aprovado pela moral prática, como a compaixão pelo sofrimento da vítima (eutanásia) ou a indignação contra um traidor da pátria.
* Valor social: interesses coletivos ou da sociedade;
* Valor moral: orientado por princípios éticos; nobres; altruístas.
2. violenta emoção, após injusta provocação da vítima: 
- emoção: sentimento intenso e passageiro que altera o estado psicológico, provocando alterações fisiológicas (Ex. medo; angústia; tristeza);
- paixão: emoção-sentimento – ideia permanente ou crônica por algo (ex. amor, ódio, ciúme).
- Emoção (paixão) violenta: resultante de severo desequilíbrio psíquico, capaz de eliminar capacidade de reflexão e autocontrole.
- Provocação: atitude desafiadora; com ofensas diretas ou indiretas, insinuações, expressões de desprezo, etc.
* Necessidade da imediatidade da reação, impedindo reflexão.
* Redução de pena obrigatória, se prevalecem estas circunstâncias como reconhecidas pelo Júri, competente para seu julgamento, cabendo ao juízo apenas o arbitramento do quantum da redução.
* Circunstância que beneficia apenas o “caput” do art. 121, não podendo ser aplicada ao homicídio qualificado (§ 2o.) – Divergência da jurisprudência: STF – RT 541/466 : Incompatível com as qualificadoras subjetivas (motivo fútil ou torpe, etc.), mas compatível com as qualificadoras objetivas (fogo, veneno, meio cruel, etc.)
l) § 2o. Homicídio Qualificado
1. Conceituação: impulsionado por certos motivos ou praticado com o recurso a meios cruéis ou insidiosos ou perigo comum; ou de forma a tornar impossível a defesa da vítima; ou, ainda, se realizado com o fim de atingir objetivos reprováveis (execução, ocultação, impunidade ou vantagem em outro crime).
2. Qualificação por motivos determinantes: - Incisos I e II – Motivo fútil ou torpe
. Fútil: insignificante, desproporcional ou inadequado.
. Torpe: indigno, desprezível, repugnante, ausência de sensibilidade moral.
* Mediante paga ou promessa de recompensa: motivo torpe. 
- Jurisprudência determina que deve prevalecer conteúdo econômico na promessa ou no pagamento.
- Não se exige que o agente receba o pagamento
- Qualificadora aplicável apenas ao autor (executor) e não ao partícipe (quem oferece recompensa), visto que pode fazê-lo, inclusive, por motivo justo ou nobre.
3 – Qualificação por meios e modos de execução – incisos III e IV do § 2o., do art. 121, do C.P.
* Inciso III: meios de execução.
- Meio insidioso: dissimulado em sua eficiência maléfica;
- Meio cruel: aumenta inutilmente o sofrimento da vítima, ou revela brutalidade fora do comum, sem piedade.
- Perigo comum: capaz de afetar número indeterminado de pessoas (fogo, desabamento, explosivo, etc.).
- Meios que podem ser empregados:
. Veneno: substância mineral, vegetal ou animal que, ingerida, inoculada ou introduzida no organismo, provoque lesão ou perigo de lesão à saúde ou à vida. 
- Para configurar seu uso, necessária a ausência de conhecimento da vítima; seu emprego com violência pode configurar meio cruel.
. Asfixia: mecânica, enforcamento ou estrangulamento, ou tóxica, consistente em bloquear a função respiratória.
. Tortura: como meio de prática de homicídio, com utilização de mal desnecessário, com o intuito de provocar dor, angústia e grave sofrimento físico à vítima (não deve ser visto aqui como delito autônomo – art. 1o., da Lei nº 9455/97).
* Inciso IV: modos de execução que garantem o delito e afastam eventual defesa da vítima.
. Traição: deslealdade.
. Emboscada: correspondente ao ocultamento do agente, como intuito de surpreender a vitima.
. Dissimulação: encobrir os próprios objetivos.
4 – Qualificação pela conexão – assegurar a execução, ocultação, impunidade ou vantagem de outro crime – Inciso V, do § 2o., do art. 121, do C.P.
- Pressupõe a existência de dois crimes, entre os quais ocorra conexão.
5 – Duas ou mais qualificadoras:
 - Homicídio mediante emboscada e uso de explosivo:
. Emboscada: homicídio qualificado – (art. 121, § 2o., IV, do C.P.)
. Explosivo: agravante genérica (art. 61, II, d, do C.P.).
m) § 3o. Homicídio Culposo
- O agente não observou o cuidado objetivamente devido, ou as diligências indispensáveis que exigirem as circunstâncias do caso em concreto, por consequência, produzindo o resultado morte, não querido pelo autor.
- Causado por imprudência, negligência ou imperícia – art. 18, II, do C.P.
n) § 4o. Aumento de pena em Homicídio Culposo
- Causas especiais:
· 1 - Inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício: deliberadamente desatende às regras técnicas (não se confunde com a imperícia, onde o agente não tem capacidade ou conhecimento técnico necessário ao caso).
· 2 – Omissão de socorro imediato à vítima: (crime autônomo – art. 135 do C.P.) – conduta culposa antecedente, sem ocorrência de morte instantânea, tornando viável o socorro.
· 3 – Abster-se de comportamento que diminua as consequências dos atos do agente: abarcada pela omissão de socorro.
· 4 – Fuga do agente para evitar a prisão em flagrante: evasão à aplicação da lei penal.
o) § 4o. – Segunda parte: Acrescentada pela Lei nº 8.069/90 – ECA – aumento de 1/3 na pena de homicídio doloso, praticado contra menor de 14 anos.
p) § 5o. – Perdão Judicial: arts. 107, IX e 120 do C.P.- Extinção de punibilidade
- Homicídio Culposo
- Morte de pessoas estreitamente ligadas ao agente (parentesco ou afinidade) ou incapacidade do agente para o trabalho.
* Posição divergente na doutrina a respeito do perdão judicial:
· Não se aplica ao homicídio culposo em acidente de trânsito – art. 302, da Lei 9.503/97 – pois o art. 291 da Lei indica que não cabe aplicação analógica de normas penais não incriminadoras, tendo em vista que as disposições a respeito do perdão judicial para homicídio e lesão corporal culposa, estão na parte especial do Código Penal, e o artigo 291, do CTB, só permite a aplicação de normas da parte geral do Código Penal e, apesar da previsão no artigo 107, IX, do C.P., este se refere aos casos previstos em lei e, como o Código de Trânsito revogou esta previsão,anteriormente contida no artigo 300 (revogado), é certo que não mais existe previsão legal específica, bem como o legislador não desejou a interpretação favorável ao réu. (Rui Stoco).
· Cabe a aplicação do perdão judicial, como interpretação benéfica ao réu, visto que apesar da disposição do artigo 291, do CTB, é o artigo 107, inciso IX, do Código Penal, constante da parte geral, que prevê a aplicação do perdão judicial, nos casos previstos na lei.
q) Ação Penal: Pública Incondicionada.
r) Crimes hediondos
- São considerados na forma consumada ou tentada, de acordo com o art. 1o., I, da Lei 8.072/90:
. Homicídio Simples: mesmo que praticado por um único agente, mas em atividade típica de grupo de extermínio.
. Homicídio Qualificado: art. 121, § 2o.
ART. 122. - INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU AUXÍLIO A SUICÍDIO
a) Conceito: Suicídio: "é a deliberada destruição da própria vida" Euclides Custódio da Silveira.
Obs.: por razões que se prendem à impossibilidade de punição do suicídio e à política criminal (impossibilidade da dissuasão) não se incrimina a prática do suicídio. Mas é ilícito, pois atinge um bem indisponível.
Então a lei pune quem age induzindo, instigando ou auxiliando outrem a suicidar-se.
b) Objeto jurídico: a vida humana (art. 5o., caput, da CF).
c) Sujeitos: ativo: qualquer pessoa (crime comum); passivo: qualquer pessoa, não obstante dever se tratar de pessoa determinada, não perfazendo o delito o induzimento genérico. A pessoa deverá ter discernimento, senão o crime poderá ser homicídio - o sujeito passivo deve agir voluntaria e conscientemente.
d) Tipo objetivo: Conduta típica: Induzir ou instigar (concurso moral) alguém ao suicídio ou prestar-lhe auxílio (concurso físico).
· Induzir: significa inspirar, incutir, sugerir, persuadir. Fazer brotar no espírito de outrem a ideia suicida. Ex. A é doente terminal. B o induz a se matar. A ideia primeira é de A, que induz.
· Instigar: é estimular, incitar, acoroçoar alguém ao suicídio. A ideia suicida preexiste. Ex. A está doente e indeciso entre a luta contra a doença e a morte. B o instiga a se matar.
· Prestar auxílio: o agente colabora fornecendo os meios necessários para que a vítima alcance o propósito de matar-se. Ex. empréstimo de arma, de veneno, de corda, etc. Ou Conselhos de como se matar. Ex. dose de veneno.
· Omissão: é discutida a possibilidade da prática deste crime por omissão.
	Parte da doutrina entende possível, por aquele que conscientemente omite ação a que estava obrigado em razão da posição de garante (art. 13, § 2º., CP).
e) Tipo subjetivo: dolo - consciência e vontade de induzir, instigar ou auxiliar outrem ao suicídio, podendo fazer de forma espontânea ou a pedido da vítima. Pode ser direto, querer, ou eventual, assumir conscientemente o risco do evento danoso.
	Para alguns há o dolo específico - elemento subjetivo do tipo ou do injusto = desejo de que a vítima morra. José Frederico Marques e Euclides Custódio da Silveira. Contra: Júlio Fabbrini Mirabete, Damásio de Jesus, Luis Regis Prado.
f) Consumação: duas correntes:
	1) consuma-se com a instigação, o induzimento ou o auxílio (delito instantâneo e de mera conduta). A aplicação da pena, todavia, está sujeita à superveniência do evento morte ou lesão corporal grave. Condição objetiva de punibilidade. Aníbal Bruno, Nelson Hungria, Galdino Siqueira.
	2) consuma-se com o resultado natural (morte ou lesão corporal da natureza grave). O resultado não é condição objetiva de punibilidade, mas elemento do tipo. Júlio Fabbrini Mirabete, Magalhães Noronha, José Frederico Marques, Damásio de Jesus, Heleno Fragoso, Euclides Custódio da Silveira.
g) Tentativa: inadmissível - não havendo o resultado morte ou lesão corporal de natureza grave o fato é atípico. Ocorrendo qualquer dos dois o delito consumou-se.
h) Formas qualificadas - PARÁGRAFO ÚNICO
I. se o crime é cometido por motivo egoístico, que desvela desprezo pela vida alheia. Exs.: instiga ou ajuda, para recebimento der herança ou de seguro ou visa eliminar um rival.
II. se a vítima for menor ou tem diminuída, por qualquer causa a capacidade de resistência.
i) Suicídio conjunto:
· pacto de morte: duas pessoas combinam se matar - caso ambos colaborem para o evento morte (abrindo a torneira de gás, vedando o ambiente) e sobrevivem = homicídio tentado; se apenas uma delas sobrevive = homicídio consumado. Se apenas uma colabora para o evento morte - se a que colaborou sobrevive = homicídio consumado (ex.: um atira no outro e depois tenta se matar, mas não morre); se a outra sobrevive = instigação (ex.: um atira no outro, que não morre, e depois, acreditando na morte do primeiro, se mata).
· b) roleta russa: arma com um só projétil, rolando o tambor. O sobrevivente comete o crime do art. 122.
· c) duelo americano: uma arma carregada, outra não. O sobrevivente comete o crime do art. 122.
· d) fraude: homicídio. Ex.: afirmar falsamente que a arma está descarregada.
· e) falta de discernimento da vítima: homicídio (induzir um louco a se matar).
j) Pena
· tipo simples (art. 122, caput) - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, se a vítima morre; 
· reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, se a vítima sofre lesão corporal de natureza grave. 
· Tipo qualificado (parágrafo único) - a pena do caput aplicada em dobro.
l) Ação penal: pública incondicionada.
ART. 123. - INFANTICÍDIO
a) Conceito: é a morte dada pela mãe ao próprio filho, durante o parto ou logo após, sob a influência do estado puerperal. Três sistemas:
· sistema psicológico: fundado no motivo honra, que é o temor à vergonha da maternidade ilegítima;
· sistema fisiopsicológico ou fisiopsíquico: apoiado no estado puerperal. O Código Penal atual adota esse sistema.
· misto (ou composto): agrega os dois sistemas - Anteprojeto Hungria 1963.
b) Objeto jurídico: a vida humana (art. 5o., caput, da CF).
c) Sujeitos:
	1) ativo: crime próprio - a mãe, que mata o próprio filho durante o parto ou logo após, sob a influência do estado puerperal.
	Puerpério: "(de puer e parere) é o período que vai da dequitação (isto é, do deslocamento e expulsão da placenta) à volta do organismo às condições pré-gravídicas" (R. Briquet) - A. Almeida Jr. e J. B. O. Costa Jr.. Sua duração é, pois, de seis a oito semanas (Lee), "conquanto alguns limitem o uso da expressão puerpério ao prazo de seis a oito dias". Obs.: o estado puerperal gera uma simples influência psíquica. Além disso = doença mental (art. 26, "caput) ou perturbação da saúde mental (art. 26, p. ú.).
A melhor solução é deixar a conceituação da elementar "logo após" para análise do caso concreto, entendendo-se que há delito de infanticídio enquanto perdurar a influência do estado puerperal.
Concurso de pessoas: discutível
I. não há: porque o estado puerperal é circunstância pessoal, insuscetível de extensão aos co-autores ou partícipes - o terceiro responderia por homicídio.
II. há: regra do art. 30 do CP. O estado puerperal é elementar do tipo infanticídio, essencial a sua configuração.
III. posição mista: punição por homicídio se o terceiro pratica ato executório consumativo, e por infanticídio se apenas é partícipe do ato da mãe.
	2) passivo: é o ser humano nascente - na etapa de transição da vida uterina para a extra-uterina - ou recém-nascido (elemento normativo do tipo).
d) Tipo objetivo: Matar: de qualquer maneira - delito de forma livre. A conduta típica pode ser cometida por ação (sufocação, estrangulamento) ou omissão (mãe que deixa de fazer a ligadura do cordão umbilical).
· Durante o parto ou logo após são elementos normativos do tipo, que exigem um juízo cognotivo para sua exata compreensão.
· Parto - é o conjunto de processos fisiológicos, mecânicos e psicológicos através dos quais o feto separa-se do organismo materno. Seu início é marcado pelo período de dilatação do colo do útero e seu término pela completa separação da criança do organismo materno, com a expulsão da placenta e o corte do cordão umbilical.
· Logo após - Bento de Faria se refere ao prazo de oito dias, em que ocorre a queda do cordão umbilical. Flamínio Fávero se inclinapara a orientação de deixar ao julgador a apreciação do conceito do termo. Damásio de Jesus estende o prazo até enquanto perdurar a influência do estado puerperal. O prazo se estende durante o estado transitório de desnormalização psíquica (RT 442/409).
Obs.: não basta que a conduta tenha lugar durante o parto ou logo após: é preciso, demais disso, a existência de um vínculo causal entre a morte da criança dada naquele lapso temporal e o estado puerperal.
Cabe à perícia determinar se a conduta delituosa foi realmente impulsionada pelas perturbações físicas e psíquicas decorrentes do parto.
e) Tipo subjetivo: Dolo - vontade livre e consciente de matar o nascente ou recém-nascido durante o parto ou logo após (dolo direito), como assumir conscientemente o risco do êxito letal (eventual).
Não existe a modalidade culposa.	
f) Consumação: delito material - consuma-se com a morte do nascente ou recém-nascido.
g) Tentativa: crime plurissubsistente - admite a tentativa.
h) Pena: detenção, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
i) Ação penal: pública incondicionada, competindo ao Júri o seu julgamento.
ARTS. 124-8. – ABORTO
a) Conceito: é a interrupção do processo de gravidez, com a morte do feto. Há seis figuras:
1. 1ª.) aborto provocado pela própria gestante ou auto-aborto (art. 124, 1a. parte);
2. 2ª.) consentimento da gestante a que outrem lhe provoque o abortamento (art. 124, 2a. parte);
3. 3ª.) aborto provocado por terceiro sem o consentimento da gestante (art. 125);
4. 4ª.) idem, mas com o consentimento da gestante, ou aborto consensual (art. 126);
5. 5ª.) aborto qualificado (art. 127);
6. 6ª.) aborto legal (art. 128).
b) Objeto jurídico:
A vida humana (art. 5o., caput, da CF). A vida do ser humano em formação = vida intra-uterina. No aborto provocado por terceiro tutela-se também a vida e a incolumidade física e psíquica da mulher grávida.
O objeto material do delito é o embrião ou o feto humano vivo, implantado no útero materno.
c) Sujeitos: ativo: I - no auto-aborto é a própria mãe (crime próprio); II - nos demais casos (consentido ou não), qualquer pessoa (crime comum); passivo: é o ser humano em formação (óvulo = até 3 semanas; embrião = de 3 semanas a 3 meses; feto = após 3 meses). Obs.: caso sejam vários os fetos, a morte dada a eles conduz ao concurso de delitos.
d) Tipo objetivo: Provocar (dar causa a, originar, promover, ocasionar) aborto (é a morte dada ao nascituro intra uterum ou pela provocação de sua expulsão) - elemento normativo do tipo, de valoração extra-jurídica.
· - O ato de provocar pode ser praticado por qualquer meio (delito de forma livre) - por ação (ministrar remédio abortivo - citotec), ou por omissão (médico que, dolosamente, não toma medidas para evitar o aborto espontâneo ou acidental uma vez que tem o dever jurídico de impedir esse resultado).
· - O delito pressupõe gravidez em curso, sendo indispensável a prova de que o ser em gestação se encontrava vivo quando da intervenção abortiva e de que sua morte foi decorrência precisa da mesma.
· - O estágio da evolução do ser humano em formação não importa a caracterização do delito de aborto. O termo inicial para a prática do delito é o começo da gravidez: duas correntes:
I - do ponto de vista biológico - é marcada pela fecundação;
II - do ponto de vista jurídico - com a implantação do óvulo fecundado no endométrio, ou seja, com sua fixação no útero materno (nidação). Assim, o aborto tem como limite mínimo para sua existência a nidação, que ocorre cerca de catorze dias após a concepção. O termo final é o início do parto.
	Obs.: a gravidez interrompida deve ser a normal, e não a patológica - como a extra-uterina (quando a gravidez se desenvolve fora do útero, como na parede uterina (intersticial), na trompa (tubária), no ovário (ovárica) ou entre o ovário e a trompa (tubo-ovárica). Ou molar, que consiste em uma formação neoplasmática - produto conceptivo degenerado, inapto a produzir uma vida nova.
· - O momento da morte do feto não importa para a caracterização do crime de aborto: pode o feto morrer no útero materno, ou ser expulso ainda vivo e morrer em decorrência das manobras abortivas ou porque o estágio de sua evolução não tenha possibilitado a continuidade dos processos vitais.
· - Os processos abortivos podem ser químicos, físicos ou psíquicos: químicos - provocam a intoxicação do organismo (fósforo, chumbo, mercúrio, arsênico, quinina, estricnina, ópio, etc.); físicos - são mecânicos (traumatismo do ovo por punção, dilatação do colo do útero, curetagem, bolsas de água quente, escalda-pés, choque elétricos por máquina estática, etc.); psíquicos ou morais (sugestão, susto, terror, choque moral, etc.).
e) Tipo subjetivo: dolo - vontade livre e consciente de produzir a morte do feto. Admite-se o dolo direito (traumatismo do ovo por punção), como o eventual (agredir mulher sabendo do estado de gravidez).
	Não há a figura culposa. Porém, o terceiro que, culposamente, causa o aborto, responde por lesão corporal culposa.
f) Consumação: com a morte do ovo, do embrião ou do feto (crime material e instantâneo).
g) Tentativa: é admitida. P. ex.: se das manobras abortivas sobrevem a aceleração do parto, mas o feto sobrevive, ou não interrompem a gravidez.
	Se expulso o feto com vida e sua morte é provocada por nova conduta, haverá concurso material de delitos (aborto tentado e homicídio ou infanticídio, consumados).
h) Espécies de aborto:
I - auto-aborto: art. 124, 1a. parte - "provocar aborto em si mesma". Crime próprio: é sujeito ativo apenas a mulher grávida.; aborto consentido: art. 124, 2a. parte - ocorre quando a gestante consente que outrem lhe provoque o aborto. A gestante não provoca o aborto em si mesma, mas consente que outro o faça. Este incorrerá no delito do art. 126, CP.
	Assim, o art. 124 não admite co-autoria. O terceiro que realiza o aborto consentido pela gestante é autor de delito autônomo, o do art. 126. Porém admite-se a participação (Luiz Regis Prado, Damásio, Mirabete). Conforme Damásio explica: "De ver-se que ela (gestante) consente na provocação; o terceiro provoca. Os verbos do tipo são consentir (art. 124, 2a. parte) e provocar (art. 126). se o sujeito intervém na conduta de a gestante consentir, aconselhando, v. g., deve responder como partícipe do crime do art. 124. Agora, se, de qualquer modo, concorrer no fato do terceiro provocador, responderá como partícipe do crime do artigo 126 do CP.
II - Aborto provocado por terceiro
1) sem o consentimento da gestante (art. 125): o agente emprega força física, a ameaça ou a fraude para a realização das manobras abortivas. Ex, o agente ministra à mulher grávida substância abortiva ou nela realiza intervenção cirúrgica para a extração do feto sem o seu conhecimento.
O não consentimento ocorre também quando: a gestante ase mostra contrária; desconhece a gravidez ou o processo abortivo.
2) com o consentimento da gestante (art. 126). Porém, aplica-se a pena do art. 125 (par. único do art. 126) se:
2.1) a gestante não for maior de catorze anos:
2.2) a gestante for alienada ou débil mental; ou
2.3) o consentimento for obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência.
	Nas duas primeiras hipóteses presume-se a ausência do consentimento. Na última, a não-concordância é real. Exs. fraude: induz-se a gestante a acreditar que sua vida corre risco grave em razão da gravidez. A violência, neste caso, refere-se àquela empregada para a obtenção do consentimento.
	- É indispensável, para a ocorrência do aborto consensual, o consentimento da gestante do início ao fim da conduta. Se a gestante desiste e o terceiro continua, caracteriza-se o crime do art. 125.
III - Aborto qualificado pelo resultado
	- as penas dos arts. 125 e 126 são aumentadas de 1/3 se, em conseqüência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevem a morte.
· O resultado mais grave é imputado a título de culpa (art. 19, CP). Havendo dolo (direto ou eventual) ocorrerá concurso formal.
· - Não ocorrendoa morte do feto, mas a lesão corporal grave ou a morte da gestante, o agente responde pela tentativa de aborto qualificado.
· - Não ocorre a qualificadora quando houver lesão grave necessária p/ o aborto (lesão do útero, p. ex.). Nesses casos é ela conseqüência normal do fato.
IV) Aborto necessário
	Havendo conflitos de interesses da mãe e do feto, em alguns casos, devem prevalecer os da mãe. São casos excludentes de criminalidade, as quais tornam lícita a prática do aborto.
Art. 128:
	i) se não há outro meio de salvar a vida da gestante.
	- tem natureza terapêutica - o aborto necessário (ou terapêutico) consiste na intervenção cirúrgica realizada com o propósito de salvar a vida da gestante. Baseia-se no estado de necessidade, excludente da ilicitude da conduta, quando não houver outro meio apto a afastar o risco de morte. Ex. riscos advindos de anemias profundas, diabete grave, leucemia, cardiopatias, etc.
	ii) se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.
	- aborto sentimental (ético ou humanitário) - "significa o reconhecimento claro do direito da mulher a uma maternidade consciente". Jimenez de Asúa.
	- Para a realização do aborto pelo médico não é preciso sentença condenatória e tampouco autorização judicial, bastando que a intervenção se encontre calcada em elementos sérios de convicção. Exs.: BO, declarações, etc.
	- Se a gravidez resulta de atentado violento ao pudor, aplica-se o dispositivo, isentando o agente, pela aplicação da analogia in bonan partem. Assim, Mirabete e Damásio. Luiz Regis Prado entende que não, porque a norma em questão é não-incriminadora excepcional.
i) Penas:
1) para o auto-aborto e aborto consentido: detenção, de 1 a 3 (art. 124).
2) para o aborto sem o consentimento: reclusão, de 3 a 10 (art. 125).
3) para o aborto com o consentimento: reclusão, de 1 a 4 (art. 126).
4) para o aborto qualificado - com ou sem o consentimento: penas dos arts. 125 e 125, aumentadas de 1/3, se a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e duplicadas, se sobrevém a morte (art. 127).
j) Ação penal: pública incondicionada. Tribunal do Júri.
ART. 129 – LESÃO CORPORAL
1 - Conceito: ofensa à integridade corporal ou à saúde.
2 - Objetividade Jurídica: a integridade física ou psíquica do ser humano. Obs.: O consentimento é irrelevante. Bem indisponível.
3 – Sujeitos: a) Ativo: qualquer pessoa (crime comum); b) Sujeito passivo: qualquer ser humano vivo, a partir do momento em que se tem por iniciado o parto.
4 - Tipo Objetivo: Conduta típica: ofender a integridade corporal ou a saúde física ou mental de outrem.
5 - Tipo subjetivo: dolo = vontade livre e consciente de ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem (animus vulnerandi ou laedendi). Pode ser direito ou eventual.
6 - Consumação/Tentativa: a) Consumação: crime material - quando resulta uma lesão à integridade física ou psíquica da vítima; b) Tentativa: quando o agente pretendendo causar um ferimento ou dano à saúde, não consegue por circunstâncias alheias a sua vontade.
7 - Lesão corporal leve: O conceito de lesão leve é dado por exclusão. O art. 129, §1o. = lesões graves; o §2o. = lesões gravíssimas; e o §3o. = lesões seguidas de morte. Então no caput do art. 129 está descrita as lesões corporais leves.
8 - Lesão corporal grave - §1o.- É tipo penal derivado (qualificado), nos quais é conferido maior relevo ao desvalor do resultado (lesão corporal ou perigo concreto de lesão ao bem jurídico protegido). Se resultam:
a) Inciso I - incapacidade para ocupações habituais, por mais de trinta dias.
b) Inciso II - perigo de vida.
c) Inciso III - debilidade permanente de 
ART. 133 – ABANDONO DE INCAPAZ
1 - Conceito: "Art. 133 - Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou autoridade, e, por qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes do abandono".
2 - Objetividade Jurídica: a saúde da pessoa humana.
3 – Sujeitos: a) Ativo: é aquele que possua uma especial relação de assistência para com a vítima, que se encontra sob seu cuidado, guarda, vigilância, ou imediata autoridade. Crime Próprio. 
Posição de garantidor, que deve ser anterior à conduta e pode advir de:
a.1. lei: Código Civil; Estatuto da Criança e do Adolescente; Estatuo do Idoso, etc;
a.2. contrato ou convenção: enfermeiros, médicos, amas, babás, diretores de colégios, etc.
a.3. qualquer fato lícito ou ilícito: recolhimento de pessoa abandonada, condução de incapaz em viagem, caçada, etc.) .
b) Sujeito passivo: é o incapaz, sob a guarda ou assistência do agente.
4 - Tipo Objetivo:
 - Conduta típica: abandonar = deixar sem assistência, desamparar.
- Indispensável é que a vítima fique em situação de perigo concreto, não se podendo presumir a ocorrência do risco. É necessária uma separação física entre os sujeitos.
5 - Tipo subjetivo: Dolo: vontade livre e consciente de expor a perigo concreto a vida ou a saúde do sujeito passivo através do abandono. Necessária a ciência do agente de que é responsável e do perigo que pode ocorrer. Pode o dolo ser direto ou eventual. 
6 - Consumação/Tentativa: a) Consumação: crime de perigo concreto - consuma-se com o efetivo risco corrido pelo ofendido; b) Tentativa: admissível.
7 - Figuras qualificadas - §§ 1o. e 2o.
"§ 1º - Se do abandono resulta lesão corporal de natureza grave" e
"§ 2º - Se resulta a morte". Figuras preterdolosas ou preterintencionais.
8 - Caso de aumento da pena - § 3o. 
"§ 3º - As penas cominadas neste artigo aumentam-se de um terço:
I - se o abandono ocorre em lugar ermo;
II - se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, irmão, tutor ou curador da vítima.".
9 - Pena e ação penal
- Penas:
a) art. 133, caput = detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos.
b) se resulta lesão corporal de natureza grave (§ 1o.) - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos.
c) se resulta morte (§ 2o.) - reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos.
d) casos de aumento - aumenta-se a pena em 1/3.
	A ação penal é pública incondicionada.
ART. 134 – EXPOSIÇÃO OU ABANDONO DE RECÉM-NASCIDO
1 - Conceito: Em íntima afinidade com o delito de abandono de incapaz, do qual é uma espécie privilegiada autônoma, em razão do motivo que impulsiona o sujeito ativo à prática do crime: a ocultação da desonra própria. O crime de exposição ou abandono de recém-nascido é definido no art. 134:
"Expor ou abandonar recém-nascido, para ocultar desonra própria".
2 - Objetividade Jurídica: a vida e a saúde do recém-nascido.
3 – Sujeitos: a) Ativo: Crime próprio, podendo ser praticado não só pela mãe na gravidez extra matrimonium, como pelo pai, em caso de filho adulterino ou incestuoso; b) Sujeito passivo: é o recém-nascido.
4 - Tipo Objetivo:
 - Conduta típica: expor ou abandonar recém-nascido, para ocultar desonra própria (tipo misto alternativo).
- É indispensável para a caracterização do delito em tela a existência - ainda que momentânea - de perigo concreto. Deve ser este efetivamente demonstrado.
5 - Tipo subjetivo: 
 	Dolo: vontade livre e consciente de abandonar o recém-nascido, ciente o sujeito de que está ocasionando o perigo. Exige-se, porém, o elemento subjetivo do injusto que é o fim de ocultar a própria desonra (dolo específico).
6 - Consumação/Tentativa:
 a) Consumação: com a efetiva exposição ou abandono, condicionados, porém, à superveniência de perigo concreto à vida ou à saúde do neonato. É delito instantâneo.
b) Tentativa: é admissível. 
7 - Figuras qualificadas - §§ 1o. e 2o.
- Se do ato resulta lesão corporal de natureza grave ou morte.
8 - Pena e ação penal
- Penas:
a) art. 134, caput = detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.;
b) se resulta lesão corporal (§ 1o.) - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos;
c) se resulta morte (§2o.) - detenção, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
	A ação penal é pública incondicionada.
ART. 135 – OMISSÃO DE SOCORRO
1 - Conceito: "Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou emgrave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública".
2 - Objetividade Jurídica: a vida e a saúde da pessoa humana. 
3 - Sujeitos
a) Ativo: Crime Comum - qualquer pessoa. O dever de agir é imposto pelo próprio ordenamento jurídico, diante de certo caso concreto por ele mesmo previsto, não decorrendo de uma particular relação entre o agente e a vítima, ou entre o agente e a fonte geradora do perigo. Existindo essa relação, que impõe um dever jurídico de proteção, poderá ocorrer crime mais grave.
b) Sujeito passivo: a criança abandonada ou extraviada, a pessoa inválida ou ferida, ao desamparo, ou qualquer pessoa em grave e iminente perigo.
4 - Tipo Objetivo:
Trata-se de crime omissivo próprio ou puro. Pune-se a não-realização de uma ação que o autor podia realizar na situação concreta em que se encontrava. O agente infringe uma norma mandamental, isto é, transgride um imperativo, uma ordem ou comando de atuar. Ou seja, é preciso a existência de uma situação típica (criança abandonada ou extraviada, pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perito), a não-realização de uma ação cumpridora do mandado (o agente deixa de prestar assistência ou não pede socorro da autoridade pública) e a capacidade concreta da ação (conhecimento da situação típica e do meios ou formas de realização da conduta devida).
 - Condutas típicas: a) não prestar assistência (toda forma de auxílio ou socorro adequado) à vítima (criança abandonada ou extraviada, pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou pessoa em grave e iminente perigo). O dever de assistência é limitado pela possibilidade e capacidade individual determinando-se estas diante das circunstâncias do caso concreto.; b) não pedir o socorro da autoridade pública: o socorro é supletivo ou subsidiário, ou seja, é cabível quando se revelar capaz de arrostar tempestivamente o perigo ou quando a assistência direta oferecer riscos à incolumidade do agente. A autoridade pública a que faz referência o dispositivo é aquela apta a prestar assistência à vítima.
	No caso de omissão a prestar auxílio à criança extraviada ou abandonada, ou a pessoa inválida ou ferida, ao desamparo, o perigo é abstrato. Já no caso da pessoa em grave e iminente perigo, é indispensável sua efetiva demonstração (perigo concreto) 
5 - Tipo subjetivo: Dolo (direto ou eventual): vontade livre e consciente de não prestar assistência, podendo fazê-lo sem risco pessoal, ou, na impossibilidade, de não pedir auxílio.
6 - Consumação/Tentativa:
 a) Consumação: crime instantâneo - consuma-se o delito quando o sujeito ativo não presta o socorro, ainda que outro o tenha feito posteriormente e, de conseqüência, impedido a efetiva lesão da vida ou da saúde da vítima.
b) Tentativa: crime omissivo puro - a tentativa é inadmissível. Se o agente se omite, o crime consumou-se; se não se omite, realiza o que lhe foi mandado.
7 - Figura qualificada - § único
"Parágrafo único. A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte."
	Na verdade, a lesão grave ou a morte não resultam da omissão, mas para que se configure o crime qualificado é preciso que se comprove que o sujeito ativo, se atuasse, poderia evitar esses resultados.
8 - Qualificação doutrinária: delito omissivo próprio; crime de perigo; crime subsidiário; e crime instantâneo.
9 - Pena e ação penal
- Penas:
a) art. 135, caput = detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa.
b) forma qualificada (§ único): b.1) se resulta lesão corporal de natureza grave - a pena é aumentada da metade; b.2) se resulta a morte - a pena é triplicada.
- A ação penal é pública incondicionada.
ART. 136 – MAUS-TRATOS
1 - Conceito: "Art. 136. Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de correção ou disciplina".
2 - Objetividade Jurídica: a incolumidade da pessoa humana, reprimindo-se com o dispositivo os abusos correcionais e disciplinares que a expõem a perigo.
3 - Sujeitos
a) Ativo: Crime próprio. Apenas a pessoa que tenha a vítima sob sua guarda, vigilância ou autoridade, para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia. 
b) Sujeito passivo: é aquele que estiver sob a autoridade, guarda ou vigilância do sujeito ativo, para fins de educação, ensino, tratamento ou custódia (filhos, pupilos, curatelados, discípulos, aprendizes, enfermos, presos, etc.).
4 - Tipo Objetivo:
 - Conduta típica: expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, por:
a) privação da vítima dos alimentos necessários. Modalidade de conteúdo omissivo. É suficiente a privação parcial - com redução da qualidade ou quantidade;
b) privação dos cuidados indispensáveis. Esses cuidados significam o mínimo imprescindível para a garantia da incolumidade física ou psíquica da vítima. Modalidade de conteúdo omissivo;
c) sujeitar a vítima a trabalhos excessivos ou inadequados: trabalho excessivo: é o que produz fadiga extraordinária ou não pode ser suportado sem grande esforço; trabalho inadequado: é o impróprio ou inconveniente ao trabalhador;
d) abuso dos meios de correção ou disciplina. O poder disciplinar pode ser exercido por quem tem o encargo legal ou convencional de educar, tratar, custodiar, etc., mas é vedado o abuso que pode causar dano à vida ou saúde.
5 - Tipo subjetivo: dolo (direto ou eventual): vontade livre e consciente de expor a perigo concreto a vida ou a saúde da vítima.
6 - Consumação/Tentativa:
 a) Consumação: consuma-se o delito com a criação do perigo; b) Tentativa: é admissível nas condutas comissivas.
7 - Figuras qualificadas - §§ 1o. e 2o.
§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave;
§ 2º - Se resulta a morte.
8 - Causa especial de aumento da pena - § 3o.
§ 3º - Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (catorze) anos.
- § Acrescentado pela Lei nº 8.069, de 13.07.1990 - ECA.
9 - Pena e ação penal
- Penas:
a) art. 136, caput = Pena - detenção, de 2 (dois) meses a 1 (um) ano, ou multa.
b) se resulta lesão corporal de natureza grave (§ 1o.) - Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos;
c) se resulta morte (§ 2o.) - Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos;
d) se o crime é praticado contra > de 14 anos (§ 3o.) - Aumenta-se a pena de um terço
- A ação penal é pública incondicionada.
ART. 137 – RIXA 
1 - Conceito: "Art. 137 - Participar de rixa, salvo para separar os contendores:" 
2 - Objetividade Jurídica: a incolumidade da pessoa humana, e de modo secundário a preservação da tranquilidade pública, perturbada pelo ambiente de algazarra e confusão gerado pela rixa. 
3 - Sujeitos
a) Ativo: Pode ser qualquer pessoa, sem qualquer restrição (crime comum). 
- É delito plurissubjetivo ou coletivo, que somente se configura com o concurso de três ou mais pessoas. A conduta plural é tipicamente obrigatória: + de 3 pessoas. Sendo que são, ao mesmo tempo, sujeitos ativos e passivos, uns em relação aos outros.
b) Sujeito passivo: é o próprio rixoso, em relação a conduta dos demais, e estes em relação a conduta dos outros.
4 - Tipo Objetivo:
 - Conduta típica: participar de rixa.
Participar = concorrer, tomar parte, contribuir para o desencadeamento ou empenhar-se par a continuidade da rixa.
Rixa = é o embate violento travado entre três ou mais pessoas. É indispensável a violência física, constituída por, no mínimo, vias de fato.
5 - Tipo subjetivo: Dolo: vontade livre e consciente de participar da rixa (animus rixandi). Não existe a forma culposa. 
6 - Consumação/Tentativa:
 a) Consumação: consuma-se o delito com a prática de vias de fato ou violências recíprocas, instante em que há a produção do resultado, que é o perigo abstrato de dano.
b) Tentativa: duas posições:
b.1) admitem a tentativa aqueles que entendemser possível a rixa preordenada (ex proposito); b.2) para aqueles que o reconhecem o imprevisto como elemento da rixa, a tentativa é impossível, porque a conduta e o evento se exaurem simultaneamente. 
7 - Rixa qualificada - § ún.: "Se ocorre morte ou lesão corporal de natureza grave, aplica-se, pelo fato da participação na rixa, a pena de detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos."
8 - Pena e ação penal
- Pena: detenção, de 15 (quinze) dias a 2 (dois) meses, ou multa.
Parágrafo único. Se ocorre morte ou lesão corporal de natureza grave, aplica-se, pelo fato da participação na rixa, a pena de detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
- A ação penal é pública incondicionada.

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