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Afecções do sistema locomotor de bovinos 1

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Afecções do sistema locomotor de bovinos
Introdução
As afecções do aparelho locomotor somente são superadas pelas alterações reprodutivas e pela mamite como causa de descarte nos rebanhos leiteiros nos países desenvolvidos. Os prejuízos econômicos são altos devido ao descarte prematuro de animais, diminuição da produção de leite, perda de peso, infertilidade, custos veterinários, além das alterações de manejo que são introduzidas para se tratar desses animais. 
A busca pelo aumento da produtividade e o incremento de sistemas intensivos de produção fazem com que as doenças digitais tenham se tornado importantes também nos países em desenvolvimento, aonde a convivência de sistemas rudimentares com sistemas intensivos de produção de carne e de leite, que se aproximam da produtividade dos países mais desenvolvidos, é uma realidade. 
A evolução rápida das doenças digitais faz com que ao menor sinal de claudicação o animal deva ser examinado e tratado, minimizando as perdas com tratamento e descarte dos animais.
A incidência de doença digital em bovinos leiteiros depende do sistema de manejo, ambiente e da raça. As raças taurinas, especialmente a holandesa, a raça leiteira mais difundida no mundo ocidental, são bem mais sensíveis que as raças zebuínas. 
Nas criações intensivas, a incidência de doença digital é alta, com maior prevalência de pododermatite circunscrita, doença da linha branca, erosão de talão, pododermatite asséptica difusa, pododermatite séptica e dermatite digital. 
Nas criações semi-intensivas, a incidência vai depender do tempo que o animal fica preso no estábulo. Quando ultrapassa 10-12 horas por dia, presos em canzis ou por correntes ("tie stall") sem que haja cama suficiente, obrigando o animal a ficar muito tempo em estação, as doenças são semelhantes as observadas no sistema de confinamento, também com alta incidência. 
Quando o tempo em que o animal fica estabulado não é longo, vai depender muito da topografia da pastagem. Normalmente esses animais tendem a ter doenças infecciosas da pele digital (dermatite interdigital e flegmão interdigital) dos membros posteriores devido ao contato com fezes e urina. Nesse sistema se observa raramente a pododermatite circunscrita e esporadicamente a pododermatite asséptica difusa.
Nas propriedades com pastagens úmidas os animais apresentam comumente a sola plana, fina e lisa, predispondo à contusão da sola (pododermatite asséptica localizada) e perfurações por pedras, vidro, prego e outros corpos estranhos, com alta incidência de pododermatite séptica. Nesse mesmo ambiente é freqüente se observar doença da linha branca e erosão de talão.
Quando a topografia das pastagens é íngreme, diminui bastante a incidência de doenças correlacionadas com a presença de umidade, com incidência mais alta de hiperplasia interdigital.
Fisiopatologia
O dígito do bovino consiste de um estojo córneo (epiderme) que envolve o cório (derme), tecido sensitivo que contém vasos e nervos e supre a camada germinativa da epiderme, o coxim palmar ou plantar (subcutâneo) e a falange, no caso especialmente a terceira falange ou falange distal e parte da segunda falange. 
O estojo córneo é formado a partir dos estratos basal e espinhoso da epiderme. O período de diferenciação das células epidérmicas vivas é chamada de queratinização e a morte destas células durante a diferenciação final é denominada de cornificação. As células queratinizadas são semelhantes a “tijolos” e existe uma substância que atua como se fosse um “cimento”, o material de revestimento da membrana (MRM), formado por uma glicoproteína atuando como uma cola e lipídeos que agem regulando a hidratação do tecido córneo. Se o “tijolo” e o “cimento” são de boa qualidade a parede é boa, se não forem, a parede é de má qualidade, tornando-se quebradiça e sujeitando o tecido córneo a inúmeras doenças.
A qualidade do tecido córneo depende de fatores intrínsecos e extrínsecos. O principal fator intrínseco é a nutrição. Os sais minerais, energia, aminoácidos, vitaminas e ácidos graxos têm importância neste processo. Recentemente a biotina tem sido objeto de estudos por ser um importante fator na qualidade do casco. A acidose ruminal é outro fator nutricional importante por promover alterações circulatórias locais (laminite asséptica) que levam a uma anóxia ou hipóxia local com falta de nutrição do cório e inúmeras seqüelas (deformação ungular, úlcera de sola, doença da linha branca, etc.).
Os fatores extrínsecos mais importantes são a contaminação ambiental (lama, fezes e urina), a umidade, o piso (principalmente de concreto) e as vias internas da propriedade (cascalho).
Doenças
Deformações Ungulares
HIPERCRESCIMENTO 
Deformação que aparece quando o crescimento do casco excede o desgaste. Observado em bovinos leiteiros estabulados ou colocados em locais em que existe pouco desgaste, como piquetes com excesso de lama ou areia. Geralmente é seqüela de laminite asséptica. Nos bovinos de corte confinados é comum encontrar animais com hipercrescimento, sugerindo que seja falta de desgaste e não laminite asséptica.
UNHA EM SACA-ROLHA 
Rotação da pinça para cima e para dentro, tornando a sola oblíqua e o peso fica apoiado sobre a parede lateral. Ocorre principalmente nas unhas posteriores laterais. É um dos defeitos ungulares mais freqüentes, principalmente em vacas da raça holandesa. Suspeita de ser um problema hereditário. Ocorre provavelmente por uma fraqueza do dos ligamentos colaterais abaxiais e uma exostose óssea ao redor da cápsula articular na superfície abaxial do dígito. O osso anormal causa pressão no cório coronário resultando em maior produção de tecido córneo. As alterações são irreversíveis necessitando de casqueamento em intervalos curtos (4/4-6/6 meses). 
ACHINELAMENTO
Unhas anormalmente longas, pinça e paredes mais largas que o normal. Presença de vários sulcos de crescimento. É uma seqüela comum da laminite asséptica crônica.
CASCO EM TESOURA
Cruzamento das pinças, pelo crescimento excessivo, com concavidade na parede axial. Seqüela de laminite asséptica crônica
UNHAS ABERTAS
Espaço interdigital anormalmente aberto na pinça com exposição acentuada da pele interdigital. Fraqueza do ligamento cruzado, podendo ser hereditário ou também devido a falta de exercício na criação de bezerras. A falta de exercício, além das "unhas abertas", torna o ângulo do boleto menor, fazendo com que o animal quase alcance o piso com os paradígitos. 
Dermatite Digital
Verruga dos cascos, papilomatose digital. 
- DEFINIÇÃO
É uma inflamação superficial da epiderme acima da coroa junto ao talão, em alguns casos pode se apresentar também no espaço interdigital. Apresenta duas formas clínicas: reativa/erosiva com aspecto de morango e a proliferativa que é papilomatosa. Existem regiões em que uma forma aparece em maior proporção do que a outra. 
- INCIDÊNCIA
É alta em locais de produção intensiva de leite, podendo atingir todas as idades e raças, mas é mais comum em novilhas quando são introduzidas no lote em lactação demonstrando que pode ter um componente imunológico envolvido. Quando a doença é introduzida na propriedade normalmente aparece em forma de surto depois se perpetua com diminuição do número de casos. Nos zebus ela também tem sido observada, mas com prevalência mais baixa. 
- FATORES PREDISPONENTES
O confinamento com superpopulação parece ser o principal fator predisponente, principalmente quando a higiene não é ideal. As novilhas apresentam maior susceptibilidade indicando que talvez haja envolvimento de fatores imunológicos. 
- ETIOLOGIA
A causa da doença parece ser multifatorial, sendo influenciada pelo ambiente, idade e nível de imunidade dos animais. Vários agentes têm sido isolados: bactérias, espiroquetas e fungos. Acredita-se também que um vírus possa estar envolvido. A espiroqueta tem sido observada nos dígitos de bovinos em propriedades com e sem a doença. Pode ser que muitos animais apresentem a infecção sem manifestar doença. Ela seria desencadeada em situação de estresseou pela presença de algum componente ambiental.
- SINAIS FíSICOS
A lesão inicial é exsudativa, circunscrita com cerca de 1-2 cm de diâmetro, com odor fétido, sensível ao toque, levando os animais a apresentarem claudicações de grau variado. A lesão ocorre na maioria dos casos acima da coroa, junto ao talão, com uma erosão vermelho viva (aspecto de "morango") com borda esbranquiçada, podendo se estender para toda a quartela, até ao redor dos paradígitos. Os pêlos no início estão eriçados e depois caem. À medida que se torna crônica há o crescimento de papilas, com 1-2 cm de comprimento, insensíveis ao toque (dermatite verrucosa). Nos casos com claudicação severa os animais pisam com as pinças, perdem peso e tem queda na produção de leite, podendo afetar a fertilidade também. As complicações da dermatite digital são semelhantes às da dermatite interdigital, com erosão de talão, hipercrescimento das unhas e úlcera de sola.
- TRATAMENTO
Diversos tratamentos têm sido recomendados, com sucesso variável. A utilização de cada um deles vai depender do número de animais doentes e do custo. Recomenda-se a prévia limpeza da ferida. O maior problema no tratamento é a penetração profunda do medicamento na lesão conseguindo atingir a bactéria. Muitas vezes há recidivas ou a contaminação torna-se permanente na propriedade por causa de animais que têm melhora aparente e não estão definitivamente curados. Essas bactérias são sensíveis ao pH ácido, podendo se utilizar certos ácidos no tratamento e profilaxia (ácido hipocloroso) devendo-se ter cuidado com as queimaduras químicas. Outros tratamentos têm sido recomendados, como aspersão local de tetraciclina ou formalina 10% e a utilização local de ácido metacresolsulfonico em solução 20%. O pedilúvio com hipoclorito de sódio tem sido muito utilizado pela eficiência e baixo custo além de não apresentar problemas ambientais.A forma verrucosa necessita freqüentemente de retirada cirúrgica.
- CONTROLE
O uso de pedilúvio ou aspersão direta com formol, hipoclorito de sódio, sulfto de cobre ou tetraciclina nos dígitos têm sido as formas mais eficazes de controle. No caso do pedilúvio deve-se ter cuidado especial, pois a passagem de grande número de animais pode tornar o pedilúvio um fator de contaminação. Existem vacinas comerciais mas não apresentam bons resultados. 
O uso de cobre no pedilúvio tem sido muito difundido mas apresenta problemas ambientais que pode inviabilizar o seu uso em futuro próximo devido ao aumento das quantidades de cobre no solo e nas forragens, podendo chegar em breve a níveis tóxicos.
Dermatite interdifital
frieira
- DEFINIÇÃO
Inflamação da epiderme interdigital de origem infecciosa, caracterizada por leve erosão, com localização mais freqüente entre os talões, podendo se estender até a parte anterior do espaço interdigital. A inflamação pode ter caráter agudo, subagudo ou crônico. Freqüentemente é confundida com a dermatite digital, podendo ser que apresentem a mesma etiologia.
- INCIDÊNCIA
Pode ser alta em bovinos semiestabulados presos em correntes ou canzis por longos períodos e em bovinos criados em locais úmidos e com excesso de detritos. Na época de chuvas a incidência é mais alta, principalmente quando os animais ficam longos períodos em locais com excesso de lama, nos currais ou no acesso ao estábulo. Nos animais semiestabulados, os membros posteriores são mais atingidos, pelo contato prolongado com urina e fezes.
- FATORES PREDISPONENTES
A umidade e a falta de higiene são os principais fatores. O ambiente úmido e quente fragiliza a pele interdigital facilitando a penetração de bactérias. A superpopulação também predispõe pelo acúmulo de material orgânico com alta contaminação ambiental. Estábulos com teto baixo, em que não há penetração dos raios solares a incidência é mais alta. 
- FATORES DETERMINANTES
O Dichelobacter (Bacteroides) nodosus tem sido incriminado como o principal agente etiológico da dermatite interdigital. O Fusobacterium necrophorum está quase sempre presente, mas parece estar relacionado principalmente com o desenvolvimento da necrose, que muitas vezes complica o quadro. As espiroquetas são observadas tanto em animais doentes quanto sãos não se sabendo ainda qual a sua importância no aparecimento da dermatite interdigital, mas parece que facilita a penetração de certas bactérias na pele. 
- SINAIS FÍSICOS
Inflamação úmida do espaço interdigital com pequenas erosões superficiais, muitas vezes com presença de crosta escura circundando a lesão. As complicações mais freqüentes são a miíase e a necrose, em menor grau o flegmão interdigital. Raramente há presença de claudicação. 
Nos casos mais complexos as complicações podem ser severas, tais como erosão de talão, supercrescimento do casco com presença de úlcera de sola. Quando houver casos crônicos com graves complicações é importante que se recorra ao casqueamento preventivo. O supercrescimento é resultado da lesão da epiderme com conseqüente ativação do cório, mecanismo semelhante ocorre em vacas com dermatite causada por febre aftosa.
- TRATAMENTO 
Curetagem e colocação de antimicrobiano tópico com sulfato de cobre. Fazer bandagem em seguida, trocando-a a cada 5 a 7 dias, se houver necessidade. Nos casos brandos a passagem em pedilúvio com formol ou sulfato de cobre apresenta ótimos resultados principalmente quando existem vários animais doentes. 
- CONTROLE
Manter as vias e estábulos limpos, sem lama e dejetos, procurando sempre manter os dígitos limpos. Casqueamento preventivo para evitar complicações e uso de pedilúvio.
Hiperplasia interdigital
 Gabarro, limax, pododermatite vegetante, fibroma, tiloma ou granuloma interdigital.
- DEFINIÇÃO
É uma reação proliferativa da pele do espaço interdigital com crescimento de pequena tumoração.
- INCIDÊNCIA
É a doença digital mais freqüente em bovinos mestiços (Bos taurus x Bos indicus) criados em pastagens íngremes e secas. Ocorre geralmente em fêmeas com mais de três anos de idade. Atinge principalmente os membros posteriores, sendo bilateral em cerca de 12% dos casos.
- FATORES PREDISPONENTES
A predisposição hereditária parece existir somente numa pequena percentagem de casos, quando ocorre de forma bilateral. Os animais predispostos geralmente apresentam unhas abertas ("splay toes" em inglês, "Spreizklauen" em alemão) ou excesso de gordura interdigital, especialmente os animais da raça Gir e Indubrasil e seus mestiços. Casos adquiridos ocorrem em animais em pastagens íngremes, aonde o capim seco causa traumatismo crônico do espaço interdigital posterior, devido à abertura das unhas quando ele impulsiona o corpo durante a subida. O esterco seco também é um fator traumatizante. As fezes e urina causam irritação química. Infecção crônica pelo F. necrophorum também pode predispor à doença. 
- SINAIS FÍSICOS
Na fase inicial, quando a hiperplasia é pequena, normalmente não há claudicação. À medida que a hiperplasia cresce poderá haver claudicação, principalmente pela presença de complicações que ocorrem em cerca de 50% dos casos. As principais complicações são a necrose da tumoração, as miíases e a deformação ungular, causada pela dor que o animal sente, principalmente nos casos crônicos, quando adota atitude alterada durante a marcha, sem que haja desgaste correto do casco. 
- TRATAMENTO
Em primeiro lugar, deve-se proceder à correção do defeito ungular. Em seguida é feita a retirada cirúrgica da tumoração sem atingir a gordura interdigital, para que não haja o risco de contaminação (celulite). Todo o tecido córneo axial descolado e o cório necrosado devem ser retirados. Após a retirada aplicar antimicrobiano tópico com sulfato de cobre e colocar bandagem durante 5 dias. Se for necessário, deve-se colocar nova bandagem, principalmente nos casos complicados em que a recuperação é mais lenta. Deve-se tomar cuidado com miíases após a alta sem que haja completo restabelecimento do animal. Não é recomendado o uso de ferro quente para cauterização da ferida em gado de leite ou de melhor valorcomercial, pois o índice de recidivas e complicações é alto, principalmente a formação de úlceras e erosões junto à coroa da muralha axial, de difícil cicatrização. A cauterização com ferro quente é recomendada somente nos casos de gado de corte ou de leite em pastagens extensivas em que o acompanhamento pós-operatório é difícil de ser realizado. 
- CONTROLE
Utilização de linhagens não predispostas à hiperplasia interdigital, uso de pedilúvio para combater as infecções crônicas.
Pododermatite asséptica difusa
- DEFINIÇÃO
Inflamação asséptica aguda, subaguda ou crônica do cório (pododerma) atingindo geralmente mais de um membro e com envolvimento sistêmico. 
- INCIDÊNCIA
A incidência da pododermatite asséptica crônica é alta em bovinos de leite criados em sistemas intensivos de produção. Ela é a principal causa de pododermatite circunscrita e doença da linha branca. 
- FATORES PREDISPONENTES
Diversas condições estão relacionadas com o aparecimento da enfermidade, como doenças sistêmicas (por exemplo, metrite e mastite com endotoxemia), alimentação inadequada (excesso de carboidratos solúveis e pobre em fibras), predisposição racial (holandesa), traumatismo mecânico do piso de cimento, pisos ásperos, falta de conforto, defeitos de aprumo e a falta de exercício.
A acidose ruminal crônica devido à alimentação rica em carboidrato solúvel e pobre em fibra é o principal fator predisponente. 
- SINAIS FÍSICOS
A forma aguda da doença não é muito freqüente. Nestes casos, o animal apresenta dorso arqueado e os membros unidos sob o corpo, podendo às vezes cruzar os membros anteriores e separar os membros posteriores. O animal alterna o membro de apoio ao peso corpóreo ("sapateia") e reluta em andar. Pode não se levantar devido à dor. A marcha torna-se extremamente dolorosa e lenta. As freqüências cardíaca e respiratória estão aumentadas e o apetite está reduzido ou ausente. A pulsação da artéria volar externa se torna palpável e visível, enquanto as veias logo acima do jarrete apresentam-se ingurgitadas. A coroa do casco geralmente está avermelhada e edemaciada. As unhas têm forma normal mas estão quentes e sensíveis à palpação manual ou com a pinça de casco. Nos casos mais graves o casco pode se descolar apresentando exsudato ou transudato hemorrágicos. Observa-se hemorragia junto à pinça, linha branca e junção sola/talão. Esses sinais locais podem ser vistos durante um ou dois meses associados à úlcera de sola, doença da linha branca e descolamento da sola. As unhas posteriores laterais são as mais atingidas. A muralha apresenta anéis de crescimento, sendo que nos casos mais graves pode apresentar fissuras horizontais. A deformidade do casco perdura por longo período sendo que há uma fraqueza interna devido às cicatrizes no pododerma, fazendo que esses animais fiquem mais suscetíveis a relapsos nas lactações subseqüentes. A rotação da terceira falange não é comum como no cavalo. O efeito imediato da forma aguda da doença é a alteração do crescimento normal do casco causando amolecimento da sola e deformidades. A parede dorsal se torna côncava resultando em alterações na área de suporte de peso, fazendo com que ele seja desviado para o talão.
A forma crônica da doença é mais freqüente, sendo diagnosticada principalmente através das alterações das unhas. A sola se torna plana, macia e amarelada. Há presença de hemorragia na sola, parede e linha branca. Ocorrem apenas sinais locais, alterando o formato e a textura do tecido córneo. O angulo dorsal é reduzido de 55 graus (normal) para 35 a 45 graus e a parede dorsal se torna côncava. A faixa coronária pode apresentar-se descamada e avermelhada. Há presença de anéis de crescimento paralelos à coroa. A sola tende a estar plana, aumentando a possibilidade de abrasão. As áreas de hemorragia se tornam escuras com o tempo e as áreas mais vermelhas indicam serem mais frescas. A linha branca abaxial e em menor extensão a axial estão alargadas. O casco apresenta supercrescimento.
Quando se faz o casqueamento de um animal acometido, observam-se pequenos pontos de hemorragia ou hemorragias que acompanham o crescimento do tecido córneo e desaparecem com a sua retirada, demonstrando ter ocorrido há um certo tempo. Pode aparecer também, durante o casqueamento, a desintegração do tecido córneo da sola, apresentando-se como se fosse talco. As principais seqüelas da doença são a úlcera de sola, a erosão de talão e a doença da linha branca.
- DIAGNÓSTICO
A doença pode ser um problema sério em certas propriedades, atingindo vários animais de diferentes idades, mas com maior ocorrência até três meses pós-parto. Normalmente as propriedades com altos índices da enfermidade apresentam também altos índices de doenças digestivas (deslocamento do abomaso, dilatação do ceco, acidose ruminal, indigestões e esteatose hepática), doenças uterinas (retenção de placenta e metrite puerperal) e doenças do úbere (edema e mastite puerperal, em especial por coliformes). Geralmente observam-se vacas secas obesas, pouca forragem de boa qualidade, pisos muito ásperos, cama inadequada ou cubículos desconfortáveis fazendo com que os animais fiquem muito tempo em estação, intensa disputa social, principalmente quando o espaço para alimentação com feno é pequeno. É importante observar se após a alimentação os animais ruminam com intensidade normal. No diagnóstico é muito importante também a observação das deformações crônicas dos cascos e sinais que as acompanham.
- TRATAMENTO
O tratamento somente é realizado nos casos agudos e baseia-se principalmente no uso de antiinflamatórios não esteróides. Os corticóides têm utilidade nas primeiras 24 horas, podendo apresentar efeitos adversos após esse período. O prognóstico, porém, é sempre reservado porque muitos animais não se recuperam. Nos casos crônicos o objetivo é minimizar o desconforto do animal com casqueamento, evitando sobrecargas sobre o talão e a sola, cama farta para encorajar o animal a se deitar e ração bem balanceada com a utilização de feno longo.
-CONTROLE
Utilização de ração balanceada com 28-32% da matéria seca em fibras detergentes neutras (FDN). Forragem com fibras de 4-8 cm para estimular motilidade ruminal, a ruminação e produção de saliva e, formar um emaranhado de fibras no rúmen que segure o grão no rúmen até que ele seja todo processado, diminuindo sua velocidade de passagem. 
Minimizar o estresse traumático, desconforto do estábulo e a disputa social.
Pododermatite circunscrita 
- DEFINIÇÃO
Perda circunscrita do tecido córneo da sola com exposição do cório. A lesão se localiza entre a junção sola/talão, mais para o lado axial, principalmente nas unhas posteriores laterais e quando nas anteriores, na unha medial. Freqüentemente é bilateral.
- INCIDÊNCIA
É alta em bovinos leiteiros confinados, principalmente quatro meses após o parto, estando intimamente relacionada com a laminite asséptica e o estresse traumático causado pelo piso de cimento. Nos animais semiestabulados ainda não é problema, a não ser quando o período de estabulação ultrapassa oito a dez horas e as vacas ficam presas a correntes ou canzis sem a possibilidade de se deitarem.
- FATORES PREDISPONENTES
O local da lesão apresenta certos fatores anatômicos que o torna especialmente vulnerável à pressão que a terceira falange exerce sobre o cório, principalmente quando há supercrescimento do casco. Animais muito pesados são mais susceptíveis. Também estão mais sensíveis animais com tecido córneo de má qualidade, que ocorre nos casos de laminite crônica, dermatites interdigital e digital crônicas e higiene deficiente, e quando o tecido córneo sofre o efeito de maceração da umidade e dos dejetos. Todos esses fatores levam à formação de um tecido córneo macio, com a sola plana, estando mais sujeito ao efeito de abrasão do cimento. Erros de manejo também podem criar condições favoráveis ao aparecimento da doença. Novilhas introduzidas em lotes de vacas mais velhas são dominadas e permanecem muito tempo em estação. O mesmo ocorre com estábulos mal construídosou ausência de cama nos cubículos, que não estimulem o animal a se deitar. Por fim, defeitos de aprumo, por fatores hereditários ou pela falta de exercício, e falta de casqueamento com hipercrescimento do casco também estão associados ao quadro.
- FATOR DETERMINANTE
Ela é causada pela compressão do cório pela tuberosidade flexora da terceira falange na altura da junção sola-talão. Nos animais que apresentam hipercrescimento da unha, principalmente da unha posterior lateral, é bem aceita a hipótese de que há um desvio do eixo de suporte do peso, se concentrando na tuberosidade flexora da terceira falange e comprimindo o cório com isquemia. O fator que determina o maior crescimento da unha posterior lateral ainda não foi bem esclarecido. É provável que o úbere no início da lactação possa ter alguma influência, por alterar o aprumo do animal. Este hipercrescimento do casco é observado principalmente em novilhas após serem retiradas do pasto e colocadas no cimento. As unhas (principalmente as posteriores laterais) passam a sofrer uma carga de peso maior irritando o cório (laminite mecânica) e o tecido germinativo acelerando o processo de formação de tecido córneo, com conseqüente hipercrescimento. Neste momento a única alternativa é o casqueamento corretivo.
No tecido subcutâneo envolvido pelo talão, existem três coxins: axial, abaxial e central que protegem o cório de uma eventual compressão da terceira falange. Animais com laminite podem apresentar queda da terceira falange por lesão do aparelho suspensório (grupo de tendões), comprimindo o coxim e o cório. A conseqüente exostose da tuberosidade flexora tem sido fator importante na gênese e no processo de recuperação da úlcera de sola. 
- SINAIS FÍSICOS
Há perda de tecido córneo, com aspecto arredondado, lembrando uma úlcera, entre a junção da sola com o talão. O cório pode granular sobrepassando (protusão) o tecido córneo da sola e impedindo a sua cicatrização. Muitas vezes há a presença de fístula no centro da lesão atingindo tecidos mais profundos, tendo como principal complicação o rompimento do tendão flexor digital e/ou infecção local (artrite, bursite do sesamóide, abscesso retroarticular, tendinite e flegmão generalizado). A presença de dor varia com a extensão da lesão secundária, podendo ter de claudicação leve a severa. Normalmente o animal, para se proteger da dor, adota uma atitude típica com as pernas abertas e para trás, procurando desviar o peso para as unhas mediais. É comum o animal apresentar supercrescimento dos cascos.
- TRATAMENTO
O principal objetivo do tratamento é desviar o peso sobre a unha doente, através da colocação de um tamanco de madeira ou de plástico ("Easy Bloc" ou "Slip Cow") na unha sã. O uso de botas plásticas ("cattle shoof") também é recomendado com o mesmo objetivo. Deve-se proceder à retirada cirúrgica do tecido de granulação e necrosado com colocação de antimicrobiano tópico, sulfato de cobre e bandagem. A necessidade da cirurgia e do uso da bandagem varia conforme a gravidade da lesão, o ambiente que o animal vive e o nível do pessoal da propriedade, pois muitas vezes não estão preparados para acompanhar o pós-operatório. Há autores que são contra o uso de bandagem. Nos casos mais graves deve-se utilizar antibiótico parenteral.
Casos sem que haja envolvimento dos tecidos profundos se curam espontaneamente quando se solta o animal no pasto. 
- CONTROLE
Casqueamento corretivo é o melhor meio de prevenção além das medidas profiláticas para laminite asséptica.

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