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CURSO DE DIREITO: 1º Semestre COMPONENTE CURRICULAR: Fundamentos Históricos e Introdução ao Estudo do Direito DOCENTE: Luiz Castro Freaza Filho DICENTES: Analice, Daniel, Daniele, Leonardo, Luciana e Sandila TRABALHO AVALIATIVO DIREITO FEUDAL E A MAGNA CARTA Santo Antônio de Jesus – BA 2020 https://mysignature.io/?utm_source=logo freaz Máquina de escrever EXCELENTE TRABALHO! NOTA: 1.250 PTS 1. Explicar como era o Direito Feudal O Direito Feudal é um sistema jurídico, podendo ser referido como um dos principais fatos históricos da idade média, criado para possibilitar o desenvolvimento de unidades auto-suficientes, que compunham o sistema feudal basicamente costumeiro e com restrição nas relações entre os senhores feudais e os servos. A sociedade era organizada conforme a propriedade de terras e a função exercida por uma pessoa onde, o senhor feudal era o dono da terra e do servo, era detentor do poder militar, político e do judiciário e em equivalência o servo apreendia a posse útil da terra, direito que era protegido pelo senhor feudal, onde o feudo era unidade autônoma no sentido político, jurídico e econômico. Pode-se dizer que o Direito Feudal foi o conjunto de costumes que regulavam as relações internas dentro de um feudo e que variavam de região para região suas características específicas. Para Fiusa (2007, p. 67), surgindo a partir do século VIII e como de costume oral de cada feudo nas questões fundiárias, por quatro séculos sem legislação escrita significativa, ensino ou saber jurídico, dependendo dos costumes e da intervenção dos suseranos inovadores. Consequentemente a economia passou a ser mercantilizada, privilegiando as trocas comerciais em detrimento da agropecuária de subsistência, ocorrendo desenvolvimento industrial, comercial, bancário e urbanização elevando o nível cultural com o aparecimento de universidades. Dessa forma, não haviam escritos jurídicos específicos e nem houve desenvolvimento de princípios gerais ou doutrinas que permitissem um estudo específico do pensamento. Segundo Caenegem (2000, p. 28), era um sistema original de direito sem qualquer ligação a nação em particular, criado na Idade Média independente do direito romano ou dos direitos nacionais germânicos, tendo como características gerais mais germânicas do que romanas onde enfatiza a importância das relações pessoais e da propriedade fundiária, a ausência de qualquer concepção abstrata do Estado e a falta de legislação escrita e formal. Mesmo não existindo leis aplicáveis a todo um reino e não tendo muita aplicação prática, as poucas leis escritas foram as capilares contendo algumas https://mysignature.io/?utm_source=logo regras de direito feudal, normas de direito processual e penal, além de serem editadas pelos reis e o apoio de um consenso na experiência de organizar a sociedade e de unificação jurídica. O Direito Feudal apenas se desenvolveu por meio de seus fundamentos costumeiros e orais onde o soberano raramente legislava, este por sua vez, intervinha como legislador resolvendo questões particulares e regulamentava questões de detalhes. Contudo, tendo características a presença da valorização das relações pessoais e da propriedade fundiária através das retratadas noções importantes de boa-fé, legalidade e fidelidade. Com isso, mesmo o Estado estando ausente, o feudo era unidade autônoma e independente, no sentido político, jurídico e econômico. 2. Falar sobre o Contrato Feudal (suserano e vassalo) – aspectos jurídicos obrigacionais No sistema feudal, devido às terras representarem um respeitável instrumento para aquisição de poder e construção de relações sociais. O rei outorgava propriedades a grandes senhores ou estes senhores adquiriam tais propriedades por meio do direito de herança, entretanto para que a extensão das propriedades não fosse desarticulada, muitos senhores feudais destinavam parte de suas terras para seu filho mais velho ou outros doavam terras a senhores denominados cavalheiros – senhores menos poderosos. A partir desta apropriação de terras, surgiu o regime de servidão a cerimônia de vassalagem ou contrato de vassalagem. O vassalo, também conhecido como o que faz o juramento o que recebe parte do feudo (terra), prestava homenagem ao suserano que corresponde ao senhor, doador de terras com obrigações mutuas. Para que o laço entre o suserano e o vassalo ocorresse era organizada uma reunião solene sob a presença de uma Bíblia Sagrada ou uma relíquia religiosa, seguindo uma série de liturgias com uma entrega de um objeto que representasse o feudo, os nobres se obrigavam a dar proteção jurídica e militar ao vassalo e este por sua vez jurava prestar-lhe auxílio militar, ou seja, estipulavam uma série de obrigações mútuas. https://mysignature.io/?utm_source=logo Caso houvesse necessidade, o suserano poderia promover esse mesmo compromisso com outros vassalos e da mesma forma que um vassalo também poderia se tornar suserano de um outro nobre que não detinha propriedade de terra. Os aspectos jurídicos no feudo e suas normas não eram únicas, estas mudavam e variavam de feudo para feudo. Em decorrência da igreja, em que se conectava e eram espelhados os direitos que seriam aplicados nos sistemas feudais, sendo assim, o direito e suas jurisdições adivinha de costumes e tradições. O contrato feudal baseava-se na vassalagem e na suserania as quais fundamentavam-se nas propriedades de terras que as pessoas obtinham, duas bases importantes para a sustentação do sistema feudal e de seus aspectos jurídicos. A relação de poder entre o nobre e seu vassalo, o vassalo que jurava fidelidade e assim que cumprisse suas obrigações eram recompensados pelos suseranos, como por exemplo, a sua proteção (vassalo) e de seus herdeiros, assim surgia esse sistema de poder baseado na fidelidade. Um homem se colocava em proteção ao outro. Vassalo sob a proteção do suserano e o suserano sobre a proteção de outro suserano com uma maior concentração de poder, surgindo a expressão "suserano dos suseranos". Na idade média, as aplicações jurídicas variavam de locais, não havia uma formação sólida na área da jurisdição para efetuar uma norma nos sistemas feudais, as leis, punições e até as normas de convivência eram baseadas nos costumes e no que se entendia como ética naquele determinado lugar. O senhor feudal tinha poder sobre o vassalo, os casos eram abertos ao público, e a influência dos poderes Divino persuadia nas decisões, como a "prova de Deus". Dessa forma a administração dos poderes e a forma correta de executar as leis eram de responsabilidade desses senhores. 3. Falar sobre a Magna Carta (quem protegia, quais direitos garantia). A Magna Carta é um dos mais importantes documentos jurídicos da história, foi escrita em 1215, na Inglaterra, em Latim, idioma politicamente dominante à época. A Magna Carta (ou Grande Carta) tem sido referida como um dos primeiros documentos constitucionais registrados na história européia, cujo valor simbólico resistiu ao tempo e atravessou oceanos e fronteiras. Das 63 cláusulas presentes no documento, a maioria fazia referência aos direitos de propriedade de barões e outros https://mysignature.io/?utm_source=logo membros da alta sociedade, sugerindo as reais intenções que os idealizadores da carta tinham para aquele momento. De fato, boa parte das clausulas beneficiaram durante muito tempo somente a parcela socioeconomicamente privilegiada daquela sociedade, ao passo que uma grande parte de cidadãos ingleses, caracterizados pelo pertencimento de uma classe social menos proeminente, ainda não poderiam participar dos processos normativos e decisórios da nação. Com o passar do tempo, no entanto, alguns pensadores notaram que uma parte dos seus artigos limitava os poderes da monarquiada época. Naquele ano, após o Rei britânico João ter violado diversas leis antigas e costumes pelos quais o povo inglês havia sido governado, os seus súditos, mais especificamente os burgueses, pressionaram o monarca a assinar a Carta Magna, que trazia em seu bojo diversos princípios os quais, mais tarde, vieram a ser considerados como balizadores dos direitos humanos. De acordo com o que a carta preconizava, os ocupantes do trono deveriam atentar e considerar as regras impostas por aquele dispositivo legal em seus atos régios, do mesmo modo no que se referia ao reconhecimento que o poder monárquico ficaria sujeito àquelas leis. Não obstante, no século XVII, dois atos legislativos da nação inglesa - a Petição de Direito (1628) e a Lei do Habeas Corpus (1679) – tomaram como referência a Cláusula 39 da Magna Carta, que preconizava que “nenhum homem livre deve ser… preso ou despojado... a não ser pelo julgamento legal de seus pares ou pela lei da terra.” A cláusula 40 (“a ninguém venderemos, a ninguém negaremos ou atrasaremos o direito ou a justiça”) também repercutiu positivamente nos futuros sistemas jurídicos do Reino Unido e da América. Em 1776, os colonos americanos rebeldes evocaram a Magna Carta como um fundamento para suas exigências de liberdade ante a coroa inglesa, nas vésperas da Revolução Americana. Os seus desdobramentos é facilmente reconhecível na Declaração de Direitos e na Constituição americana, especialmente na Cláusula 39 (“Nenhuma pessoa será privada da vida, liberdade ou propriedade sem o devido processo legal”), referenciada na quinta Emenda constitucional dos Estados Unidos. https://mysignature.io/?utm_source=logo Ademais, é importante ressaltar que Magna Carta é citada na agenda contemporânea como precursora do processo de constitucionalismo moderno do qual decorrem as constituições nacionais hodiernas, que tem reverberado a percepção da descentralização do poder, os princípios conceituais de cidadania bem como garantias de direito aos indivíduos, tornando-se, portanto, um sólido registro histórico através do qual se origina um paradigma para dirimir os diversos conflitos entre os interesses do Estado e da sociedade. 4. Apontar se existem aspectos da Magna Carta herdados pelo Direito Moderno Brasileiro .A Magna Carta ou no original em Latim Magna Charta Libertatum, seu Concordiam inter regem Johannen at barones pro concessione libertatum ecclesiae et regni angliae (Grande Carta das liberdades, ou concórdia entre o rei João e os barões para a outorga das liberdades da Igreja e do rei Inglês)1, se refere a um documento histórico muito significativo para as Ciências Jurídicas, pois estabeleceu um marco na história dos direitos e garantias fundamentais das Pessoas. No contexto de uma sociedade insatisfeita com o poder centralizado, personificado na figura do Rei, a Magna Carta expressou a necessidade de rompimento com a monarquia e o início de reivindicações de direitos básicos. O rompimento com o Estado autoritário e a participação de pessoas que não faziam parte da corte na construção e elaboração de normas que conduziriam aquela sociedade abriu caminhos para o que hoje é conhecido como Estado de Direito. É a partir da Magna Carta que se vislumbra a noção de separação dos poderes e a institucionalização de um poder moderador. Ainda que de forma precursora os princípios presentes nos Artigos 39 daquele documento também amoldurava o conceito de cidadania presentes nos princípios constitucionais dos Estados Democráticos de Direito contemporâneos. Naturalmente, existem sugestões de que a Magna Carta é responsável pela evolução dos conceitos modernos de constitucionalismo. É possível reconhecer as 1 Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Magna_Carta. Acesso em 09/04/2020. https://mysignature.io/?utm_source=logo https://pt.wikipedia.org/wiki/Magna_Carta reverberações que os princípios presentes na Magna Carta produziram no ordenamento jurídico brasileiro. Com efeito, há quem defenda que a Magna Carta foi recorrentemente referenciada nos debates que abordam os processos de desenvolvimento constitucional da nação brasileira. A Tabela1, elaborada pelo Cientista Político Zachary Elkins apresenta o número de menções à Magna Carta e vários outros textos simbólicos nas seis assembléias constituintes brasileiras desde a independência do país. Tabela 1 – Menções aos textos simbólicos selecionados durante Debates da Assembléia Constituinte Brasileira2 Texto simbólico Assembléia Constituinte Brasileira 1823 1890-91 1933-34 1946 1966-67 1987-88 Magna Carta 0.01 0.06 1.27 2.11 8.24 6.94 Bíblia 0.01 0.03 0.05 0.06 0.13 0.60 DUDH -- -- -- -- 0.18 0.47 Constituição dos EUA 0.13 2.23 3.68 4.51 6.18 6.70 Constituição Francesa 0.24 0.81 2.61 2.23 3.82 4.69 Constituição Portuguesa 2.28 0.51 1.24 2.65 2.34 6.10 Number of Days 149 70 165 167 38 306 Nota: As células representam o número de vezes por dia em que cada texto foi mencionado. (Tradução nossa). A tabela evidencia que a Magna Carta não apenas possui grande influência simbólica, mas que esta influência simbólica pode ter aumentado ao longo do tempo. No início da era constitucional moderna, as constituições nos Estados Unidos, França e Portugal eram os textos mais referenciados; a Magna Carta mal foi mencionada. No entanto, com o tempo, as menções à Magna Carta tornaram-se mais prevalentes e, 2 Extraída e adaptada a partir de Informações de Zachary Elkins, “Magna Carta Abroad,” presentation at the National Archives in Washington D.C. on 17 February 2012. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/303559493_On_the_influence_of_Magna_Carta_and_other_c ultural_relics. Acesso em 09/04/2020. https://mysignature.io/?utm_source=logo https://www.researchgate.net/publication/303559493_On_the_influence_of_Magna_Carta_and_other_cultural_relics.%20Acesso%20em%2009/04/2020 https://www.researchgate.net/publication/303559493_On_the_influence_of_Magna_Carta_and_other_cultural_relics.%20Acesso%20em%2009/04/2020 com a redação das constituições de 1967 e 1988, a Grande Carta foi mencionada mais do que qualquer outro documento listado. Uma leitura mais aprofundada das referências ao legado moderno da Magna Carta sugere que ela foi citada pelos constituintes brasileiros como abreviação de "constituição" ou "carta patente", que de certa forma se apropria do poder simbólico do documento. Assim, pelo menos no Brasil, a Magna Carta tornou-se um epônimo, uma vez que a Constituição Brasileira de 1988, que ainda hoje vigora no território nacional, é também conhecida como “Carta Magna”. A partir desse olhar histórico é possível encontrar alguns dos princípios essenciais do documento de 1215 expressos por analogias nas 06 Constituições brasileiras, bem como os desdobramentos desses princípios nos respectivos códigos normativos que ainda estão vigendo no país, tais como o devido processo legal, a garantia de direitos humanos, o habeas-corpus, tribunal do júri, a liberdade religiosa, a institucionalização de um poder moderador, etc. A presença desses princípios nas diversas fases do constitucionalismo no Brasil evidencia a amplitude das repercussões que a Magna Carta produziu no Ordenamento jurídico deste país. https://mysignature.io/?utm_source=logo 5. Referências Bibliográficas AZEVEDO, Luiz Carlos de. Introdução à história do direito. 2. ed. rev., São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007. CRIVELARO D. L. A. ET AL. O Legado Jurídico da Magna Carta de 1215. Disponível em: http://intertemas.toledoprudente.edu.br/index.php/ETIC/article/view/1251. Acesso em 08/04/2020. Direito.net, Lucas Tadeu Lourencette. Artigo Magna charta libertatum 29/OUT/2007. ELKINS,Z. On the influence of Magna Carta and other cultural relics. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/303559493_On_the_influence_of_Magna_Carta _and_other_cultural_relics. Acesso em 09/04/2020. FIUZA, César. Direito civil: curso completo. 10. ed., Belo Horizonte: Del Rey, 2007. HAZELL, R. and MELTON J. Magna Carta and its Modern Legacy. New York: Cambridge University Press, 2015. SILVEIRA, M. C. D. Direito feudal o que é isso? Disponível em: https://jus.com.br/artigos/6229/direito-feudal. Acesso: 08/04/2020. Magna Carta. Disponível em: https://www.history.com/topics/british-history/magna- carta. Acesso em 09/04/2020. Magna Carta – Its Role In The Making Of The English Constitution 1300–1629. University of Minnesota Press. Faith Thompson (1948), pp 9–10. VAN CAENEGEM, R.C. Uma introdução histórica ao direito privado. São Paulo: Martins Fontes, 2000. https://mysignature.io/?utm_source=logo http://intertemas.toledoprudente.edu.br/index.php/ETIC/article/view/1251.%20Acesso%20em%2008/04/2020 http://intertemas.toledoprudente.edu.br/index.php/ETIC/article/view/1251.%20Acesso%20em%2008/04/2020 https://www.researchgate.net/publication/303559493_On_the_influence_of_Magna_Carta_and_other_cultural_relics.%20%20Acesso%20em%2009/04/2020 https://www.researchgate.net/publication/303559493_On_the_influence_of_Magna_Carta_and_other_cultural_relics.%20%20Acesso%20em%2009/04/2020 http://www.cambridge.org/9781107112773 https://jus.com.br/artigos/6229/direito-feudal https://www.history.com/topics/british-history/magna-carta.%20Acesso%20em%2009/04/2020 https://www.history.com/topics/british-history/magna-carta.%20Acesso%20em%2009/04/2020
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