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Concurso de Agentes

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CONCURSO DE AGENTES 
Maria Rafaela Faria
Universidade do Oeste Paulista – UNOESTE. Curso de Direito, Presidente Prudente – SP. 
Direito Penal - Danielle Yurie Moura da Silva
1. Resumo
O presente artigo tem como objetivo estudar e entender o concurso de agentes, por meio de uma análise das teorias que compõem esse conceito. Segundo a doutrina o concurso de agentes se caracteriza pela reunião de duas ou mais pessoas de forma consciente e voluntária, concorrendo ou colaborando para o cometimento de certa infração penal. Esse conceito é composto por teorias, modalidades e espécies, as quais serão analisadas neste artigo.
Palavras-chave: código penal – concurso de agentes 
2. Introdução
	O concurso de agentes (também chamado de concurso de pessoas) pode ser definido como a concorrência de duas ou mais pessoas para o cometimento de um ilícito penal. O Código Penal Brasileiro, em seu artigo 29, não define especificamente o concurso de pessoas, porém, afirma que “quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade”.
	Artigo 29 do Código Penal:
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade.
§ 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço.
§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave.
3. Requisitos
	Para que o concurso de agentes seja caracterizado são necessários alguns requisitos cumulativos, ou seja, é necessário preencher todos os requisitos para que a conduta seja caracterizada.
3.1 Pluralidade de agentes e condutas culpáveis
	Neste requisito todas as condutas devem ser culpáveis, não podem conter nenhuma excludente. É necessário que cada um dos agentes realize ao menos uma conduta, devendo todos os envolvidos terem juízo de culpabilidade.
3.2 Relevância causal das condutas
	Essa relevância é o nexo causal, todos devem concorrer de alguma forma para o crime, ou seja, todos devem contribuir para que a conduta ilícita ocorra.
3.3 Liame subjetivo
	Todos devem atuar com intenção de contribuir para o crime, ou seja, um precisa saber e aderir à conduta do outro.
3.4 Identidade do crime
	Todos devem querer praticar o mesmo crime
4. Teorias
	Existem três teorias que caracterizam o concurso de agentes, No Direito Penal Brasileiro, são duas as principais teorias adotadas no concurso de pessoas: a teoria monista como regra e a dualista como exceção. 
4.1 Teoria pluralista
	Para esta teoria haverá tantas infrações penais quanto fossem o numero de agentes. Na lição de Cezar Bittencourt:
“A cada participante corresponde uma conduta própria, um elemento psicológico próprio e um resultado igualmente particular. À pluralidade de agentes corresponde a pluralidade de crimes. Existem tantos crimes quantos forem os participantes do fato delituoso”.
4.2 Teoria dualista
	Esta teoria distingue os crimes praticados pelo autor e pelo participe. Nessa teoria cada um responderá por um crime diferente.
4.3 Teoria monista
	Esta é a teoria que o Código Penal brasileiro adotou. Nessa teoria todos respondem como sendo um crime, tanto o autor como o participe, sejam quantos forem.
5. Autoria
No Direito Penal é considerado o autor aquele que executa a ação expressa no tipo penal. É dominante o entendimento doutrinário de que a autoria não se restringe somente a quem pratica diretamente o delito. No que se refere a concurso de agentes há algumas teorias que caracterizam a autoria.
5.1 Autor
Será autor o sujeito que pratica diretamente a conduta típica (autoria imediata) ou aquele que, sem realiza-la, possui domínio do fato e exerce atividade indispensável no plano global, abarcando, assim, a autoria mediata ou indireta.
5.2 Partícipe
Participe é aquele que auxilia na prática do delito, porém faz isso sem executar o verbo do tipo penal.
5.3 Teoria unitária
	Para essa teoria não existe diferença entre autor e participe, ou seja, todos aqueles que participaram do crime serão considerados autores e receberão a mesma pena.
5.4 Teoria extensiva 
	Nesta teoria também não há diferença entre autor e partícipe porem cada autor será penalizado conforme a sua participação, ou seja, ela admite penas maiores ou menores conforme a relevância da colaboração.
5.5 Teoria restritiva
	Essa é a teoria que o Código Penal brasileiro adotou como regra. Nessa teoria há diferença entre autor e participe, para ela autor é aquele que pratica a conduta descrita no núcleo do tipo, já o participe é por exclusão, ou seja, é aquele que não realiza o ato executório, contudo contribui para que o criem ocorra.
5.6 Teoria do domínio do fato
	Essa é a teoria que o Código Penal brasileiro adotou como exceção. Nessa teoria também há distinção entre autor e participe, contudo o conceito de autoria é bem, mais amplo, uma vez que o autor do crime não é apenas quem realiza a conduta típica, mas também aquele que tem o controle pleno.
6. Modalidades de concurso de agentes
6.1 Coautoria
Dá-se quando duas ou mais pessoas realizam a conduta do núcleo do tipo.
6.2 Participação
Partícipe é aquele que não realiza, contudo deve haver relevância na sua conduta.
6.2.1 Espécies de participação
A) Moral
	Caracteriza-se quando o agente atua induzindo ou instigando o outro a cometer o crime, visando convencê-lo.
B) Material
	Caracteriza-se quando o agente auxilia colaborando de alguma forma com a execução sem, contudo realizar algum ato executório.
6.2.2 Participação menor que importância
	Tipificado no artigo 29 do Código Penal Brasileiro, a participação de menor importância ocorre quando o agente contribui para a produção do resultado.
6.2.2.1 Requisitos
A) Participação mínima
	Ocorre quando a participação não teve muita relevância no fato. Nesse caso não cabe coautoria.
6.2.3 Participação impunível
	Ocorre quando o participe contribui, mas o autor não inicia o crime. É causa se exclusão de tipicidade.
6.3 Autoria mediata
	Consistem em uma espécie de autoria, mas sem concurso de pessoas, ou seja, há presença de mais de um sujeito, contudo quem executa o crime é uma pessoa inculpável, funcionando como mero instrumento.
7. Diferença entre concurso de agentes e crimes plurissubjetivos.
	O concurso de agentes é um crime unissubjetivo, ou seja, pode ser cometido por um único agente ou por vários.
	Nos crimes plurissubjetivos o concurso de agentes é obrigatório. Exemplo: associação criminosa.
8. Autoria colateral
	Ocorre quando duas pessoas tem a intenção de obter o mesmo resultado, contudo um desconhece a vontade do outro.
Exemplo: Quando duas pessoas atiram em alguém, porém só uma acerta o tiro, neste caso a outra pessoa responde apenas por tentativa de homicídio.
9. Autoria incerta
	Esta decorre da autoria colateral, mas neste caso não se sabe qual deles provocou o resultado. Sendo assim ambos respondem por tentativa em decorrência do principio in dubio pro reo.
10. Comunicação de circunstancia crime
10.1 Elementares e circunstância
A) Elementares
Segundo os conhecimentos de Professor Damásio de Jesus, o qual quanto às condições e elementares dispõe:
“Circunstancias são dados acessórios (acidentais) que, agregados ao crime, tem função de aumentas ou diminuir a pena, não interferem na qualidade do crime, mas sim afetam a sua gravidade (quantitas dlicti). Não se consideram circunstâncias as causas de exclusão da antijuricidade e da culpabilidade
 São os dados fundamentais do crime, ou seja, são os fatores que integram a definição básica de uma infração penal. Elas se comunicam entre si.
Exemplo: infanticídio e peculato
B) Circunstâncias
	São os fatores que se agregam ao tipo penal com a finalidade de aumentar ou diminuir a pena. Para saber o que é circunstancia basta tirar do crime e se o mesmo permanecer típico então é circunstância, se o crime se tornar atípico (deixar de existir) então é elementar.
10.2 espécies
O ilustre Dr. Fernando Capez, dispõe:
“a)As Circunstâncias subjetivas ou de caráter pessoal jamais se comunicam, sendo irrelevante se o co-autor ou participe delas tinha conhecimento (...) b) As circunstâncias objetivas comunicam-se, mas desde que o co-autor ou participe delas tenha conhecimento (...) c) As elementares, sejam objetivas, sejam subjetivas, se comunicam, mas desde que o co-autor ou participe delas tenha conhecimento” (CAPEZ, 2004, p. 336).”
A) Caráter pessoal
	São aquelas características subjetivas do sujeito. São as que se relaciona, à pessoa do agente e não ao fato por ele praticado.
B) Caráter real
	São aquelas que dizem respeito ao fato, e não ao agente
	Exemplo: “violência ou grave ameaça” – Diz respeito ao fato e não a pessoa.
10.3 Condições
	São as qualidades ou aspectos subjetivos inerentes a determinado sujeito. Sempre serão de caráter pessoal, não se comunicam.
Exemplo: reincidência.
10.4 Regras para a aplicação do artigo 30
Artigo 30 Código Penal: 
Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime
A redação do artigo 30 do Código Penal quer impedir que circunstâncias e condições de caráter pessoal de um dos autores ou partícipes sirva para beneficiar ou prejudicar os demais. Admite, contudo, uma comunicabilidade delas a todos, se ditas condições for em elementares do tipo penal.
Um exemplo corrente é o de coautoria no crime de peculato. Para efeitos penais, a circunstância de o autor ser funcionário público se comunica ao particular que concorreu para a prática do delito, que também responderá pelo crime do artigo 312 do Código Penal. Se, hipoteticamente, o tipo penal não contivesse a condição de funcionário público como elementar, ela seria uma condição pessoal que não se comunicaria aos demais, na hipótese de concurso de agentes.
A) Circunstância ou condição de caráter pessoal
	Nunca se comunicam.
B) Circunstância caráter real
	Sempre se comunicam.
C) Elementares. 
	Sempre se comunicam.
14. Conclusão
Fazendo uma análise dos fatos mencionados acima entende-se que, o conceito de crime é o início da compreensão dos principais institutos do Direito Penal. Embora aparentemente simples, a sua definição completa e pormenorizada apresenta questões complexas que acarretam consequências diversas. Sendo assim se faz necessário analisar cada caso em especifico para que se possa saber em qual espécie o delito se encaixa.
15. Referências bibliográficas
OLIVEIRA, Larissa Gomes. Concurso de Pessoas: conceito, teoria e requisitos caracterizadores. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/38444/concurso-de-pessoas-conceito-teoria-e-requisitos-caracterizadores Acesso em 17.11.2019.
MOURA, Amanda. Diferença entre autor e partícipe. Disponível em: https://jus.com.br/pareceres/76980/diferenca-entre-autor-e-participe Acesso em: 17.11.2019
ABDALLA, Gabriel Mendes. O concurso de agentes e a autoria. Disponível em: https://gabrielabdalla.jusbrasil.com.br/artigos/140774182/o-concurso-de-agentes-e-a-autoria Acesso em: 1711.2019
LIMA, Bruna Marcela Nóbrega Barbosa. Concurso de pessoas: Breves apontamentos doutrinários. Disponível em: https://emporiododireito.com.br/leitura/concurso-de-pessoas-breves-apontamentos-doutrinarios Acesso em: 17.11.2019
MONTEIRO, Lucas. Comunicabilidade das Elementares e Circunstâncias no Código Penal. Disponível em: https://lmonteiro.jusbrasil.com.br/artigos/178091440/comunicabilidade-das-elementares-e-circunstancias-no-codigo-penal Acesso em: 17.11.2019
MEDEIROS, Lenoar B. Art. 30 Circunstancias incomunicáveis. Disponível em: https://penalemresumo.blogspot.com/2010/06/art-30-circunstancias-incomunicaveis.html Acesso e: 17.11.2019
Art. 30 do Código Penal - Decreto Lei 2848/40. Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10636793/artigo-30-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940. Acesso em: 17.11.2019

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