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Direito Cambiário - 1º GQ - Aula 02

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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO
Elaborado pelos Novinhos do Direito com base nas aulas dos professores da UNICAP
Disciplina: Direito Cambiário 12 de Agosto de 2017
Cód. Transcrição: 36 Aula 02 - 1º GQ
TEORIA GERAL DOS TÍTULOS DE CRÉDITO (TC)
Imaginem o seguinte, eu preciso, antes de valer o meu direito garantido, de que
você cumpra com a sua obrigação, isso no âmbito jurídico, porém, se você não
cumprir sua obrigação, eu tenho o direito de partir para a negociação ou jurisdição. Se
for por meio de NEGOCIAÇÃO vai haver uma SOLUÇÃO AUTOCOMPOSITIVA,
entretanto, se for por meio da JURISDIÇÃO HETEROCOMPOSITIVA, e ai você vai ter
um procedimento judicial conjunta a uma decisão, se favorável, ao final você terá uma
execução sob uma quantia certa.
Isso que eu estou abordando, EXECUÇÃO, é bem mais para frente do que
você estão estudando em processo civil II, pois o processo é formado conforme segue
abaixo:
FASE DE CONHECIMENTO FASE DE EXECUÇÃO
I__________________________________I__________________________________I
Só resta o cumprimento da FASE DE EXECUÇÃO, quando a fase de
conhecimento já foi resolvida. Então, o que acontece, chegou na fase de execução,
pois foi decidido pela jurisdição que o direito x é do Autor e não do Réu, ou vice e
versa. Visto de quem é o direito, se inicia fase de execução, isso significa que eu vou
está acionando a jurisdição novamente no mesmo processo para que a obrigação
proferida na sentença seja cumprida. Sendo esta fase, portanto, um tipo de
COBRANÇA, Sendo assim um TÍTULO EXECUTIVO JUDICIAL.
Esquecendo um pouco a matéria processual, a fase de execução é um tipo de
cobrança sim! Mas para que você tenha essa cobrança a seu favor é necessário ter
algo que obrigue a outra parte a pagar, como no caso da solução autocompositiva em
que se chegou a um consenso de pagar uma certa quantia ou no caso de uma solução
heterocompositiva, que através de um terceiro (juiz/arbitro) foi designada uma quantia
para pagar, onde nesses tipos de soluções após ser levadas em juízo, formalizam a
cobrança.
É importante frisar, que grandes empresas ou qualquer atividade comercial não
dispõe de tempo para esperar que um conflito se solucione por meio judicial, pois
imaginem se todo conflito que tivesse em uma empresa fosse solucionado dessa
forma? Com tamanha morosidade? Os meios de circulação do dinheiro que a empresa
dispões ficariam inviáveis.
Para que eu tenha uma FORMA EFICAZ DE COBRANÇA, pois no mundo
empresarial perder tempo é perder dinheiro, criou-se uma figura que pudesse
aglutinar melhor toda essa força de cobrança, esse INSTRUMENTO é chamado
de TÍTULO DE CRÉDITO.
Título de crédito é muito pertinente no mundo empresarial. Os títulos de crédito
foram, são e ainda serão muito importante, enquanto houver riqueza. Agora, a forma
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como iremos trabalhar esse instituto é que está se modificando, que é natural,
pois em qualquer situação a sociedade se transforma e ao se transformar é o
instrumento que deve se adaptar ao direito. Não é a toa que o processo civil foi
modificado a pouco, pois ele é um instrumento do direito e em virtude do nosso direito
material ter se modificado tanto, houve a necessidade da mudança, para que se
adaptasse as novas realidades.
Neste caso, criou-se o título de crédito a décadas atrás, como uma
FERRAMENTA dentro de um contexto formal, mas a sua ESSÊNCIA sempre será
a mesma que é ter FORÇA DE COBRANÇA. O contexto em que está inserido esse
instrumento pode modificar, mas a sua essência sempre permanecerá. Pois não faria
sentido toda vez que ocorresse um conflito ter que recorrer a justiça, tendo um
instrumento tão útil válido, que pode minimizar o tempo. Como o Direito Empresarial
é característico pela CIRCULAÇÃO DE RIQUEZAS, é essencial esse tipo de
instrumento nas relações cotidianas de grandes empresas e comércio.
TÍTULO EXECUTIVO JUDICIAL X EXTRA JUDICIAL
TÍTULO DE CRÉDITO GERA O INSTRUMENTO DE COBRANÇA DENOMINADO DE
TÍTULO EXECUTIVO EXTRA JUDICIAL, porque não vem de uma decisão judicial
que impõe você a pagar, quer seja obrigação de fazer / obrigação de não fazer.
Ex. Como é o caso de uma casa que ao lado há um bar que usa músicas altas, e em
todo município há um código de silêncio, onde está estipulado que só pode fazer
barulho da hora X a hora Y e até tantos dB (decibéis), portanto, a proprietária da casa
poderá ingressar na justiça e obter uma decisão favorável com um TÍTULO
EXECUTIVO DE COBRANÇA (JUDICIAL) onde irá conter “NÃO FAÇA ISSO...”
(obrigação de não fazer) ou a proprietária poderá requer essa solução
extrajudicialmente, dessa forma, ela também possuirá um título executivo, mas esse
será denominado de TÍTULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL, que hoje já é
reconhecido pelo ordenamento jurídico.
Após essas considerações inicias sobre título de crédito, pontuasse que o
CRÉDITO é um elemento muito importante, visto que ele é o responsável pela
circulação de riquezas, por que seria impossível a economia se basear nos
pagamentos a vista, tendo em vista que as empresas tem um aporte inicial, sendo este
uma expectativa que o empresário se baseará em um respectivo retorno. O mercado
não é algo exato, sempre há uma estimativa de mercado, dessa forma, o empresário
tem os insumos, produz e põe no mercado para só então começar a ter uma
estimativa dos lucros/percas. Dessa forma, observasse motivo do instituto do crédito
ser tão fundamental para o mercado e para a circulação de mercadorias, pois o
empresário não poderia jamais ficar sem crédito.
O que se tem por crédito? Para que ele serve? Uma obrigação atual de pagar
para um necessidade futura, ou é a possibilidade de uso do dinheiro alheio. É sempre
algo que eu penso agora para cobrir no futuro, ou seja, a utilização de um dinheiro que
não é meu para pagar no futuro.
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Uma definição simples: é preciso ter crédito, mas para ter crédito é preciso de
instrumento forte o suficiente para cobrança, por isso que existem os títulos de
crédito, para que aconteça de uma forma rápida e segura. O CRÉDITO é algo
abstrato e o TÍTULO é a materialização do crédito – “Eu preciso do crédito, mas
para materializa-lo (um documento) é necessário um instrumento forte, seguro e
rápido”.
O que a doutrina fala é o seguinte: o crédito é abstrato, surge do latim
“creditum” – confiança/certeza - algo emprestado, objeto passado em confiança de
outrem. A etimologia da palavra confiança, sob o ponto de vista de mercado, significa
de forma objetiva que a pessoa tem o nome nos órgãos que fiscalizam a inadimplência,
ou seja, a partir da verificação no instrumento de confiança, como é o caso do
SPC/SERASA etc. Já a palavra certeza no âmbito empresarial significa a pessoa
deverá oferecer um bem como garantia para poder constituir o crédito, só assim o
mercado terá certeza sob o crédito. CONFIANÇA está ligado as ações que uma
pessoa venha a ter, já a CERTEZA esta ligada ao patrimônio.
O CRÉDITO pode ser PRIVADO ou pode ser PÚBLICO, o crédito público é
quando o Estado mesmo se faz valer de um agente do comércio que capta recurso do
particular, onde o Estado é o agente, o Estado busca recursos fora e dessa forma ele
passa a ser um agente passivo, tanto de pessoas jurídicas internas (particulares),
como detentor do crédito, mesmo indiretamente ele participante dessas ações. Por
isso que as vezes ouvidos dizer que “o Brasil caiu 2 pontos na escala tal” ou quando
vocês ouvirem falar também “é a confiança e a certeza que o Estado tem de pedir
dinheiro”, isso está levando em conta o Estado Brasileiro como agente participante das
negociações de crédito e a sua confiabilidade e certeza que estão em jogo.
Por isso que muitas pessoas questionam, o que tem haver “diminuir as
despesas internas”, “cortar gastos” ou “o Brasil não está dentro da meta fiscal para
esse ano”, comtoda essa relação de crédito? O que tem a ver são as ações, pois só
haverá o empréstimo do dinheiro quando avaliar o histórico de pagamento/crédito, pois
é primordial e a confiança e certeza para fazer empréstimo, a exemplo: FMI com o
Brasil.
Aluna: Então, pode-se colocar que o Estado por si só não tem uma autogarantia? Pois
fala-se em ter confiança e garantia, mas o Estado por si só já não traria garantias por
ser detentor de poder e soberania?
Professor: É arriscado pensar assim, pois imagine um país como a Grécia, que vive
uma instabilidade constante? Qual a segurança e certeza que esse país passaria para
conseguir um crédito? Nenhuma!
Aluna: Além da promessa (confiança), qual a garantia que um Estado pode dá?
Professor: Garantias patrimoniais, o patrimônio público será afetado, pois todos nos
somos proprietário. Faz-se isso por meio de um procedimento administrativo legal, que
irá permitir a alienação após o objeto ser afetado.
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A questão do crédito público é interessante, tomando como exemplo, toda vez
que o Estado tiver que pagar alguma coisa a você (privado) internamente, ele só irá
fazer isso por meio de PRECATÓRIO, por meio de processo que você garante o
contraditório a ampla defesa e etc. Pois como o bem é de todos (público), o meio pelo
qual ocorrerá essa transferência de poder também deve ser público e acessível a
todos. O funcionamento do precatório atualmente, dependendo da sua dívida o
Estado poderá pagar em até 10 anos. Além disso o precatório deve ser feito por
ordem cronológica. Há uma PEC para mudar o precatório:
PEC nº 212/2016 - Inteiro teor - Proposta de Emenda à Constituição
Situação: Aguardando Instalação de Comissão Temporária; Aguardando Parecer do Relator
na Comissão Especial destinada a proferir parecer à Proposta de Emenda à Constituição nº
212-A, de 2016, do Senado Federal, que "acrescenta art. 101 ao Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias para instituir novo regime especial de pagamento de
precatórios" (PEC21216) - Origem: PEC 152/2015.
REQUISITOS DOS TÍTULOS DE CRÉDITOS
Voltando para os títulos de créditos, há alguns requisitos que são válidos salientar:
• No título não existe NADA ALÉM DA DEFINIÇÃO DO CRÉDITO, ou seja,
você não pode pegar esse título e discutir nenhuma outra definição que não a
do crédito (nada pode ser discutido);
Ex: Eu tenho um título extrajudicial previstos no código, mas um contrato de aluguel,
cujo eu coloco lá “se você não cumprir as clausulas eu irei executar esse título
imediatamente através da lei de despejo”. A doutrina considera que isso é um TÍTULO
DE CRÉDITO ATÍPICO, não está no artigo 784 CPC, mas ele é um título de crédito,
pois ele é uma garantia. Ainda não está muito pacífico na doutrina, por que se
questiona que o título de crédito poderá discutir outras clausulas que não o crédito?
Sim. Se eu estou dizendo que você só discute as questões creditícias, não se
consideraria contrato de aluguel como título de crédito. Então, a doutrina para
flexibilizar isso coloca, como é o caso de um cheque que é um título de crédito previsto
no Art. 784 CPC (CRÉDITO TÍPICO), já o contrato de aluguel não é um título de
crédito típico, ele é atípico que significa que ele não está tipificado, mas continua
sendo como um título de crédito extrajudicial.
• FACILIDADE DE COBRANÇA, pois esse título proporciona a facilidade de
cobrar, por ser um título executivo, ele não precisa passar pela fase de
conhecimento. Embora há a facilidade do título auto executável, isso não
afasta de você a possibilidade de da entranha com um processo de
conhecimento em virtude do título pleiteado.
• NEGOCIABILIDADE, se eu tenho um documento que ele não é negociável,
não da para ser título de crédito, porque a vantagem do título de crédito é
circular riqueza, então deve existir a facilidade de passar adiante. A maioria
dos títulos de crédito podem ser ENDOSSADOS (passar à frente).
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