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Roteiro IED parte 1

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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO 
 
ROTEIRO DE AULA 
 
Finalidades De Nossa Disciplina 
- Fornecer uma visão global do direito (visão panorâmica e unitária das disciplinas jurídicas); 
- Demonstrar a complementaridade das disciplinas jurídicas, embora haja autonomia 
doutrinária; (ou o sentido sistemático da unidade do fenômeno jurídico); 
- Estabelecer o sentido dos vocábulos jurídicos, traçando as fronteiras das realidades e das 
palavras; (onde quer que exista uma ciência, existe uma linguagem correspondente); 
- Existem vocábulos com sentido técnico, como “codicilo”, que significa pequeno testamento. 
Existem também aqueles com sentido técnico e grafia idêntica a outro de uso corriqueiro. Ex: 
“competência”. 
- Localizar o direito no mundo da cultura, no universo do saber humano. 
- A Introdução ao Estudo do Direito é o elo entre a cultura geral e a jurídica. 
- Fornecer as noções básicas do “método jurídico”. Mas, o que vem a ser um método? 
 
Acepções da Palavra Direito 
Significado da palavra direito: norma, faculdade, expressão do justo, ciência, fato 
social, tributo, reto, certo, correto, oposto a esquerdo... 
 
Estudar Direito é estudar um ramo do conhecimento humano, que ocupa um lugar 
distinto nos domínios das ciências sociais, ao lado da História, da Sociologia, da Economia, 
da Antropologia etc. 
“Direito” significa, por conseguinte, tanto o ordenamento jurídico, ou seja, o sistema de 
normas ou regras jurídicas que traça aos homens determinadas formas de comportamento, 
conferindo-lhes possibilidades de agir, como o tipo de ciência que o estuda, a Ciência do 
Direito ou Jurisprudência. 
 
Direito em sentido axiológico, como sinônimo de Justiça. 
“Direito” é uma palavra polissêmica. 
Um primeiro significado, de extrema importância, da palavra direito é conforme a 
justiça ou devido por justiça, expressão do justo. 
O segundo significado diz respeito à legislação, norma ou conjunto de normas 
jurídicas. Nestes casos, a expressão deve ser utilizada com a primeira inicial maiúscula 
(Direito). 
O terceiro significado da palavra direito são “poder” ou “faculdade”. 
O quarto significado da palavra direito é o científico. O Direito como uma ciência cujo 
objeto de estudo é o fenômeno jurídico. Esta ciência busca sistematizar o conhecimento sobre 
o direito como um fenômeno jurídico. Esta ciência busca sistematizar o conhecimento sobre o 
direito como um fenômeno jurídico, para que se possa compreendê-lo e utilizá-lo. 
Estes sentidos aqui expostos não acabam com as possibilidades de definições da 
palavra direito, senão vejamos: pode significar “reto” (segmento direito), “certeza aritmética” 
(cálculo direito), “correção moral” (homem direito) ou então, um dos lados de qualquer 
objeto (lado direito, oposto ao esquerdo). 
Como resposta clássica, tem-se que direito é o que é justo, conforme a lei. 
Também pode ser a capacidade de praticar ou não praticar um ato, ou uma 
prerrogativa que se tem de exigir de outrem, em proveito próprio, a prática ou abstenção de 
algum ato. 
E, do mesmo modo, direito é conjunto de normas jurídicas vigentes num país. 
Mas os conceitos básicos de Direito mudaram. Eles mudam de acordo com os padrões 
individuais e sociais de cada época vivida. 
Assim, hoje: [...] O direito é uma ordem da conduta humana. Uma "ordem" é um 
sistema de regras. O Direito não é, como às vezes se diz, uma regra. É um conjunto de regras 
que possui o tipo de unidade que entendemos por sistema. 
É impossível conhecermos a natureza do Direito se restringirmos nossa atenção a uma 
regra isolada. As relações que concatenam as regras específicas de uma ordem jurídica 
também são essenciais à natureza do Direito. 
"Apenas com base numa compreensão clara das relações que constituem a ordem 
jurídica é que a natureza do Direito pode ser plenamente entendida". 
 
DIREITO como sinônimo de justiça 
Justiça = consiste em dar a cada um o que lhe pertence. "Significa nunca ninguém pretender 
alguma coisa senão seja sua, nem que não possa ser legitimamente adquirida." - São Tomás 
de Aquino 
 
DIREITO como sinônimo de faculdade 
Direito = lei? 
Direito = justiça? Portanto = lei, e às vezes, justiça. 
Apesar do que vem escrito no inciso II do artigo 5º da constituição federal "ninguém 
será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtudes de lei", nem todas as leis 
tem o caráter da obrigatoriedade, existe lei que apenas conceituam determinadas situações, 
também existem leis que não nos obrigam a qualquer coisa limitando-nos a permitir 
determinado comportamento, estas leis são chamadas “permissivas”, eis que teremos uma 
situação de direito significando faculdade, opção possibilidade de escolha quando a palavra 
direito for assim empregada. 
 
DIREITO como um fato social - "O fato social direito é a fonte principal das normas que 
regulam nosso comportamento enquanto vivendo em sociedade." 
- Fato: qualquer acontecimento. 
- Fato jurídico: qualquer acontecimento regulado pelo direito (LEI) é um acontecimento 
especial, porque o direito regulou aquele acontecimento. 
- Ato -> ação: fazer alguma coisa 
 -> omissão: deixar de fazer alguma coisa 
- Ato: qualquer acontecimento originado da vontade humana. Ex.: namoro 
(juridicamente irrelevante, não implica em consequências jurídicas) 
- Ato jurídico: qualquer acontecimento originado de nossa vontade humana e 
regulado pelo direito. Ex.: casamento 
 
 
 
DIREITO como lei 
É uma norma, uma regra de comportamento ou ainda um conjunto de regras que tem 
por objetivo regular o comportamento das pessoas que vivem em sociedade essas regras são 
elaboradas pela própria sociedade através de seus representantes que quando prontas são 
entregues ao governo para que cuide de sua aplicação e é feita de forma coercitiva. 
Constituição Federal, artigo 5º 
Inciso II: "ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa se não em virtude de lei". 
Inciso XLVI: "O Direito Brasileiro não admite a pena de morte em tempo de paz." 
 
DIREITO como ciência - "O estudo do direito requer métodos próprios." 
 
Método 
É o caminho que deve ser percorrido para a aquisição da verdade, ou, por outras 
palavras, de um resultado exato ou rigorosamente verificado. Sem método não há ciência. 
Cada ciência tem a sua forma de verificação, que não é apenas o modelo físico-
matemático. 
O conhecimento popular não tem método, por isso ele é inseguro, isolado, fortuito, sem nexo 
com os demais. 
 
 Mandamentos do advogado - Eduardo Couture 
"Advogado, o teu dever é lutar pelo direito, mas no dia que encontrares o direito em 
conflito com a justiça, luta pela justiça."(neste caso direito é lei). 
 3 Preceitos Fundamentais do Direito Romano: Honeste vivere, 
neminem laedere, suum cuique tribuere (viver honestamente, não prejudicar 
ninguém, atribuir a cada um o que lhe pertence) 
 
A Sociedade e o Direito – Relação de Dependência 
“Ubi societas, ibi jus” (Onde está a sociedade, está o direito) 
O Direito tem como finalidade prevenir o surgimento de conflitos sociais, e solucionar 
tais conflitos, quando os mesmos ocorrerem. 
Uma das finalidades do Direito é promover o bem comum, que significa o conjunto de 
condições sociais que permitam aos cidadãos o desenvolvimento ativo e pleno de si próprios. 
A finalidade do Estado de Direito, é manter pacífica a convivência social, através de 
"regras de conduta" capazes e eficazes de sustentar e manter a solidez social. E, quando 
vamos além, e falamos em Estado Democrático de Direito, estamos nos referindo a um 
Estado de participação ampla, a ponto de fornecer ao indivíduo mecanismos de defesa, de 
preservação de direitos, de respeito às garantias e liberdades, passíveis de serem invocados 
até mesmo contra o próprio Estado. 
E, de tal forma, a sociedade é, pois, um sistema único que integraliza as relações 
humanas, dirigido à satisfação de suas necessidades.Aos olhos do homem comum, o Direito é lei e ordem, isto é, um conjunto de regras 
obrigatórias que garante a convivência social graças ao estabelecimento de limites à ação de 
cada um de seus membros. 
Sendo assim, só podemos falar de “experiência jurídica”, em verdade, onde e quando 
se formam relações entre os homens, por isso denominadas relações intersubjetivas, por 
envolverem sempre dois ou mais sujeitos. 
O Direito é, por conseguinte, um fato ou fenômeno social; não existe senão na 
sociedade e não pode ser concebido fora dela. Uma das características da realidade jurídica é, 
como se vê, a sua socialidade, a sua qualidade de ser social. 
Há, portanto, em cada comportamento humano, a presença, embora indireta, do 
fenômeno jurídico: o Direito está pelo menos pressuposto em cada ação do homem que se 
relacione com outro homem. 
O Direito é, sob certo prisma, um manto protetor de organização e de direção dos 
comportamentos sociais. Todas as infinitas possibilidades de ação se condicionam à 
existência primordial do fenômeno jurídico. 
 
Direito como fenômeno social e como Ciência: 
O ser humano é um ser gregário e político, vivendo em grupos, em sociedade, e em 
razão disso, existe o surgimento de alguns conflitos sociais. 
Neste sentido o Direito desempenha dois papeis: Socialização e controle social. 
Por meio da Socialização o indivíduo aprende os papéis que assumirá na sociedade. 
Tais papéis implicam no desempenho de várias obrigações que necessitam de um controle 
social. 
O Controle Social visa cuidar que não se deixe de cumprir o necessário para a 
manutenção do equilíbrio da organização social. O Direito é o modo mais formal do controle 
social. 
O Direito é um desses instrumentos, cujo objetivo é o estabelecimento de normas de 
conduta visando prevenir o conflito e viabilizar a existência em sociedade, trazendo paz, 
segurança e justiça. 
Nesse sentido, as principais funções do Direito seriam solucionar conflitos e 
regulamentar e orientar a vida em sociedade assim como, legitimar o poder político e 
jurídico. 
O Direito atua para solucionar conflitos de interesses ou restaurar o estado anterior, 
sendo, então, um instrumento de integração e de equilíbrio, oferecendo ou impondo regras 
de comportamento para decisão que o caso sugere. 
O Direito apresenta ainda, a tarefa de organizar o poder da autoridade que decide os 
conflitos, legitimando os órgãos e as pessoas com o poder de decisão e estabelecendo normas 
de competência e de procedimento. 
 
Função Social do Direito: 
 Função preventiva: Disciplinando a sociedade, estabelecendo regras de 
conduta, direitos e deveres. 
 Função de controle social: socializador em última instância. Só é necessário 
quando a conduta humana já se apartou da tradição cultural aprendida pela 
educação, pela moral e religião e alcançou o nível do lícito, ou do crime. 
 Função compositiva: o conflito por vezes é inevitável e necessário se faz 
solucioná-lo. E aí está outra função social do direito: compor conflitos. 
 
O direito existe, em tese, muito mais para prevenir do que para corrigir, muito mais 
para evitar que os conflitos ocorram, do que para compô-los. 
 
Funções e finalidades específicas que competem ao Direito: controle social; 
prevenção e composição de conflitos de interesses; promoção de ordem e segurança; 
resolução dos conflitos de interesse; repressão e penalização dos comportamentos 
socialmente inadequados; organização da produção e uma justa distribuição de bens e 
serviços; institucionalização dos poderes do Estado e da Administração Pública; realização 
da justiça e do respeito aos direitos humanos. 
 
Natureza do Estudo do Direito 
Introdução ao Estudo do Direito é um sistema de conhecimentos, recebidos de 
múltiplas fontes de informação, destinado a oferecer os elementos essenciais ao estudo do 
Direito, em termos de linguagem e de método, com uma visão preliminar das partes que o 
compõem e de sua complementaridade, bem como de sua situação na história da cultura. 
A Ciência do Direito abrange um conjunto de disciplinas ou sistemas de normas que 
exigem dos homens determinadas formas de conduta. 
A Ciência do Direito tem como objeto o fenômeno jurídico tal como ele se encontra 
historicamente realizado. Estuda o fenômeno jurídico tal como ele se concretiza no espaço e 
no tempo, enquanto que a Filosofia do Direito indaga das condições mediante as quais essa 
concretização é possível. 
Não há, em suma, Ciência do Direito em abstrato, isto é, sem referência direta a um 
campo de experiência social. 
 
Noção de Teoria Geral do Direito 
“Teoria”, do grego theoresis, significa a conversão de um assunto em problema, sujeito 
a indagação e pesquisa, a fim de superar a particularidade dos casos isolados, para englobá-
los numa forma de compreensão, que correlacione entre si as partes e o todo. 
É a Introdução ao Estudo do Direito que cabe, a nosso ver, dar uma noção geral de 
cada disciplina jurídica, mas sem pretensão de realizar uma síntese das respectivas questões 
fundamentais. 
 
Conteúdo e importância da disciplina Introdução ao Direito 
As disciplinas jurídicas representam e refletem um fenômeno jurídico unitário que 
precisa ser examinado. 
Um dos primeiros objetivos da Introdução ao Estudo do Direito é a visão panorâmica e 
unitária das disciplinas jurídicas 
A segunda finalidade da Introdução ao Estudo do Direito é determinar, por 
conseguinte, a complementaridade das disciplinas jurídicas, ou o sentido sistemático da 
unidade do fenômeno jurídico, além de adaptar e incorporar a linguagem jurídica. 
Sendo assim, o estudo de Introdução ao Direito: 
 Apresenta os conceitos jurídicos, do ponto de vista sistêmico da área jurídica do 
saber; 
 Leva a compreender a linguagem e o método próprios da Ciência Jurídica; 
 Analisa as funções sociais do Direito, sua interpretação e aplicação; 
 Ajuda a compreender o fenômeno jurídico como forma de expressão normativa, 
social, cultural e histórica da sociedade ocidental; 
 Elenca as principais categorias jurídicas decorrentes das relações jurídicas; 
 Possibilita o estudo das diferentes disciplinas que compõem o Curso de Direito; 
 Sedimenta a construção de uma consciência jurídica e familiariza o estudante com a 
Ciência do Direito. 
 
 
Direito e as ciências afins: Várias ciências auxiliam o Direito em sua interpretação e 
aplicação na prática do dia a dia forense, como a Economia, a História, a Antropologia, a 
Psicologia, a Psiquiatria, a Informática, a Assistência Social, sem contar com outras áreas 
cujos profissionais são requisitados como peritos (engenheiros, contadores, médicos legistas, 
entre outros). De modo que, na prática, elas influenciam e auxiliam no aprimoramento e 
aplicação das normas. 
 
 Filosofia do Direito: investiga os princípios fundamentais do direito, como norma, 
poder, realidade, valor ou conhecimento e proporciona condições para que o direito 
seja analisado de forma diversa da apresentada pelos Códigos e doutrinas, não se 
restringindo à ordem lógica ou técnica do Direito, mas também aos valores éticos, 
históricos e sociais. O que interessa à Filosofia são os fundamentos, a razão de ser das 
leis. Estuda o “poder ser”. 
 Sociologia Jurídica: estuda o fato social em sua estrutura e funcionalidade, 
procurando saber como os grupos humanos se organizam, se relacionam e 
desenvolvem, em razão dos inúmeros fatores que atuam sobre as formas de 
convivência. O que interessa é a eficácia das leis. “Estuda o “ser”. A Sociologia não tem 
por objetivo traçar normas ou regras para o viver coletivo, mas antes verificar como a 
vida social comporta diversos tipos de regras, como reage em relação a elas, nestas ou 
naquelas circunstâncias. A Sociologia Jurídica apresenta-se, hodiernamente, como uma 
ciência positiva que procura se valer de rigorosos dados estatísticos para compreender 
como as normas jurídicasse apresentam efetivamente, isto é, como experiência 
humana, com resultados que não raro se mostram bem diversos dos que eram 
esperados pelo legislador. Como será observado, oportunamente, a Sociologia Jurídica 
não visa à norma jurídica como tal, mas sim à sua eficácia ou efetividade, no plano do 
fato social. 
 Ciência do Direito: Também chamada de Dogmática Jurídica estuda a norma jurídica 
e sua aplicação aos casos particulares, como foi concebida e equacionada pelo 
legislador, em determinada sociedade, e as questões referentes à sua interpretação e 
aplicação, tal como ela está historicamente realizada. Estuda o “poder ser”. 
 História do Direito: Busca compreender o pensamento jurídico e o ordenamento 
jurídico vigentes, como produtos de progressivas construções no tempo, tendo como 
referência o encontro de visões de mundo que se constroem a partir das realidades 
política, social, mental, cultural e econômica das sociedades que, em cada tempo, 
colaboraram para sua produção. 
 Psicologia Jurídica: estuda os fenômenos mentais que são juridicamente relevantes, 
estabelecendo um ligamento facilitador do trabalho do legislador e dos intérpretes do 
Direito. 
 Economia: O que nos cabe analisar é apenas a relação entre o fenômeno jurídico e o 
econômico, inclusive dado o significado da concepção marxista da história na 
civilização contemporânea. Segundo o chamado “materialismo histórico”, o Direito 
não seria senão uma superestrutura, de caráter ideológico, condicionada pela 
infraestrutura econômica. Em palavras pobres, quem comanda as forças econômicas, 
através delas plasma o Estado e o Direito, apresentando suas volições em roupagens 
ideológicas destinadas as disfarçar a realidade dos fatos. Há uma interação dialética 
entre o fenômeno econômico e o jurídico, não sendo possível reduzir essa relação a 
nexos causais, nem tampouco a uma relação entre forma e conteúdo. Cabe, outrossim, 
ponderar que, assim como o fator econômico atua sobre o Direito, este resulta também 
de elementos outros, de natureza religiosa, ética, demográfica, geográfica etc., o que 
demonstra a unilateralidade e a inconsistência de todas as teorias que, como a 
marxista, enxergam no homem apenas uma de suas múltiplas dimensões. 
 
O Direito e a Moral 
O Direito manifesta-se mediante um conjunto de normas que definem a dimensão da 
conduta humana exigida, que especificam a fórmula do agir. 
A moral pode ser conceituada como o conjunto de práticas, costumes e padrões de 
conduta, formadores da ambiência ética. 
A Moral se preocupa pela vida interior das pessoas, como a consciência, julgando os 
atos exteriores apenas como meio de aferir a intencionalidade, enquanto que o Direito cuida 
das ações humanas em primeiro plano e, em função destas, quando necessário, investiga o 
animus (intenção) do agente. 
O dever moral não é exigível por ninguém, reduzindo-se a dever de consciência, 
enquanto o dever jurídico deve ser observado sob pena de sofrer o devedor os efeitos da 
sanção organizada, aplicável pelos órgãos especializados da sociedade. Assim, no direito, o 
dever é exigível, enquanto na moral, não. 
O direito, apesar de acolher alguns preceitos morais fundamentais, garantidos com 
sanções eficazes, aplicáveis por órgãos institucionais, tem campo mais vasto que a moral, 
pois disciplina também matéria técnica e econômica indiferente à moral, muitas vezes com 
ela incompatíveis, como por exemplo, alguns princípios orientadores do direito contratual, 
fundados no individualismo e no liberalismo, inconciliáveis com a moral cristã e, portanto, 
com a moral ocidental. Mas, apesar disso, o jurídico não está excluído de julgamentos éticos. 
 
Ética e moral em Kant 
Kant, na Fundamentação da Metafísica dos Costumes, reconheceu, pela primeira vez 
em uma ética filosófica, que todo ser racional possui um valor absoluto. Mesmo 
considerando-o como um ser finito e limitado, Kant ressalvou que o ser humano possui o 
privilégio de reger-se por leis assumidas livremente por sua própria razão. 
O certo é que toda norma enuncia algo que deve ser, em virtude de ter sido 
reconhecido um valor como razão determinante de um comportamento declarado 
obrigatório. 
Há pois em toda regra um juízo de valor, cuja estrutura mister é esclarecer, mesmo por 
que ele está no cerne da atividade do juiz ou do advogado. 
Ocorre algo de diverso nos domínios da Ética, notadamente no que se refere à Moral e 
ao Direito, onde juízos de valor assumem uma feição diversa em virtude do caráter de 
obrigatoriedade conferido ao valor que se quer preservar ou efetivar. 
O legislador não se limita a descrever um fato tal como ele é, à maneira do sociólogo, 
mas, baseando-se naquilo que é, determina que algo deva ser, com a previsão de diversas 
consequências, caso se verifique a ação ou a omissão, a obediência à norma ou a sua violação. 
Toda norma ética expressa um juízo de valor, ao qual se liga uma sanção, isto é, uma 
forma de garantir-se a conduta que, em função daquele juízo, é declarada permitida, 
determinada ou proibida. 
A norma ética estrutura-se, pois, como um juízo de dever ser, mas isto significa que ela 
estabelece, não apenas uma direção a ser seguida, mas também a medida da conduta 
considerada lícita ou ilícita. 
A regra representa, assim, um módulo ou medida da conduta. Cada regra nos diz até 
que ponto podemos ir, dentro de que limites podemos situar a nossa pessoa e a nossa 
atividade. 
 
Direito e moral – semelhanças e diferenças 
A moral varia no tempo e no espaço. Assim sendo, cada povo possui sua moral, que 
evolui no curso da história, consagrando novos modos de agir e pensar. 
No direito, o dever é exigível, enquanto na moral não. 
As normas de Direito valem objetivamente, independentemente da opinião e do querer 
dos obrigados. 
A moral é autônoma, é de foro íntimo, cada um tem seus próprios valores morais e 
que, não necessariamente, são iguais aos dos demais indivíduos. 
A moral é autônoma e o Direito é hetorônomo. 
O Direito manifesta-se mediante um conjunto de normas que definem a dimensão da 
conduta humana exigida, que especificam a fórmula do agir. 
A Moral estabelece uma diretiva mais geral, sem particularizações. 
O Direito se caracteriza pela exterioridade, enquanto que a Moral, pela interioridade. 
Enquanto a Moral se preocupa pela vida interior das pessoas, como a consciência, 
julgando os atos exteriores apenas como meio de aferir a intencionalidade, o Direito cuida 
das ações humanas em primeiro plano e, em função destas, quando necessário investiga o 
animus (intenção) do agente. 
Apenas o Direito é coercível. Ou seja, o certo é que todos cumpram a lei 
espontaneamente. Mas, se isso não acontecer, a coação se faz necessária, essencial à 
efetividade da norma. O termo coercível diz respeito à capacidade de acionar a força 
organizada do Estado, para garantir o respeito aos seus preceitos. 
Imoral – o que vai contra a moral 
Amoral – aquilo que não possui um senso moral, que não contém aspecto moral. 
Pela força do ordenamento jurídico, para todos os efeitos, considera-se justa aquela 
norma que seja ao mesmo tempo jurídica e moral. 
A principal diferença entre o Moral e o Direito está objetivamente na sanção (punição). 
A moral dirige-se ao momento interno, psíquico, volitivo, à intenção que determina o 
ato, ao passo que o direito se dirige ao momento externo, físico, isto é, ao ato exterior. 
 
Teoria do mínimo ético 
Consiste em dizer que o Direito representa apenas o mínimo de Moral declarado 
obrigatório para que a sociedade possa sobreviver. 
A Moral, em regra, dizem os adeptos dessa doutrina, é cumprida de maneira 
espontânea, mas como as violações são inevitáveis, é indispensável que se impeça, com mais 
vigor e rigor, a transgressão dos dispositivos que a comunidade considerar indispensável à 
paz social. 
Assim sendo, o Direito não é algo de diverso da Moral, mas é uma partedesta, armada 
de garantias específicas. 
 
Principais Escolas do Pensamento Jurídico 
A expressão “escolas do pensamento jurídico” designa formas específicas de 
abordagem do Direito (fenômeno jurídico) circunscritas a determinados períodos do tempo e 
do espaço, ora com maior, ora com menor abrangência. Embora as apresentemos em uma 
perspectiva mais ou menos estanque (quer dizer, estudando, metodicamente, uma escola de 
cada vez), as concepções acerca do Direito construídas em determinados períodos históricos 
acabam influenciando aquelas desenvolvidas em períodos posteriores, o mesmo valendo 
para a influência de um país, região ou continente sobre outro. 
 
Direito Natural ou Jusnaturalismo 
O Jusnaturalismo é a escola de pensamento jurídico que compreende que, 
independentemente de um fenômeno forma de expressão legislativa, existe um Direito, que 
lhe é superior (Direito Natural ou “lei natural”) 
O Direito Natural se fundamenta na natureza humana, derivando de um conjunto de 
concepções de ordem moral, que se sucedem e se modificam ao longo dos séculos. De acordo 
com a visão jusnaturalista, o legislador deve ser, ao mesmo tempo, um observador dos fatos 
sociais e um analista da natureza humana. 
Considerado expressão da natureza humana ou deduzível dos princípios da razão, o 
direito natural sempre foi tido, pelos defensores desta teoria, como superior ao direito 
positivo, como sendo absoluto e universal por corresponder à natureza humana. Antes de 
Cristo, seja em Atenas, seja em Roma, com Cícero (De res publica) assim era concebido. 
 
3 Concepções básica sobre o Direito Natural ao longo da História 
 Concepção teológica do Direito Natural: parte do pressuposto de que existe uma 
ordem sobrenatural ou transcendente que condiciona o mundo físico e o próprio agir 
das pessoas, sendo em realidade os deuses os responsáveis pela criação das regras de 
conduta, que irão disciplinar a vida em sociedade, sendo as autoridades humanas 
meras porta-vozes desta vontade superior. 
 Concepção cosmológica do direito natural: transição das culturas míticas, para as 
visões laicas sobre a realidade, segundo as quais uma ordem moral superior deve 
orientar as ações humanas. A realidade não é mais vista como uma mera emanação da 
vontade divina e sim como um resultado de uma racionalidade observada no 
funcionamento da própria natureza. 
 Concepção racionalista do Direito Natural: parte da existência de uma lei natural 
associada à própria existência humana. 
 
Toda visão jusnaturalista do direito tem como pressuposto uma leitura moral a 
respeito do direito, com base em valores previamente estabelecidos, ou seja, fonte universal e 
imutável na revelação, na natureza, ou na razão. 
Seja na visão teológica, na universalista propriamente dita ou na racional 
individualista, em todas elas o Direito Natural é orientado por um conjunto de princípios 
expressos por valores supremos, que darão sistematicidade e coesão ao conjunto de regras e 
diretrizes de ordem moral estabelecidas pelo modelo de Direito Natural respectivo. Há uma 
hierarquia entre a lei natural e a lei positiva. 
O Direito Natural revela ao legislador os princípios fundamentais de proteção ao ser 
humano, que deverão ser consagrados pela legislação, para que se tenha um ordenamento 
jurídico justo. Para a corrente denominada jusnaturalismo (jus = direito), além do direito 
escrito (positivo), há uma ordem superior que é a do direito justo. Tradicionalmente os 
autores indicam três características do direito natural: ser eterno, imutável e; universal. Isto 
porque, sendo a natureza humana a grande fonte desses direitos, ela é, fundamentalmente, a 
mesma em todos os tempos e lugares. 
O Direito Natural não é escrito, não é criado pela sociedade, nem é formulado pelo 
Estado. (...) É um Direito espontâneo, que se origina da própria natureza social do homem e 
que é revelado pela conjugação de experiência e razão. É constituído por um conjunto de 
princípios, e não de regras, de caráter universal, eterno e imutável. (NADER, 2014). 
O pensamento predominante na atualidade é o de que o Direito natural se fundamenta 
na natureza humana. 
 
Características do Direito Natural 
Universalidade – próprio a todos os povos 
Imutabilidade – tal qual a natureza humana, o direito natural não se modifica. 
Indelebilidade – significa que não podem os direitos naturais ser olvidados pelo 
coração e consciência dos serem humanos. 
Obrigatoriedade – deve ser obedecido por todos. 
Validez – Seus princípios são sempre válidos e podem ser impostos aos homens em 
qualquer situação em que se encontrem. 
Perpetuidade – Válido em todas as épocas 
Indispensabilidade – Direito irrenunciável 
Unidade – Sempre o mesmo para todos 
Necessidade – Nenhum grupo social pode viver sem o direito natural. 
 
O Declínio do Direito Natural: No Século XIX deu-se, pela primeira vez uma 
separação rigorosa entre o Direito e a Moral. Com as revoluções burguesas da segunda 
metade do Século XVIII, principalmente a Revolução Francesa de 1789, afirmaram-se 
princípios jurídicos como legalidade, separação de poderes e isonomia. 
 
O positivismo jurídico 
O Positivismo Jurídico (ou Escola do Direito Positivo) procura afastar a Ciência do 
Direito de valores morais, políticos, religiosos, filosóficos (como o relativo à justiça), bem 
como do Direito Natural, defendendo a neutralidade do conteúdo do Direito, o qual passa a 
ser visto como o conjunto de normas (sistema normativo, ordenamento jurídico), cabendo à 
ciência do Direito o conhecimento e a descrição das normas jurídicas. 
Surge na idade moderna, a partir de uma preocupação em investir na sistematização e 
na racionalização do direito, negando a importância das fontes casuísticas e imprecisas do 
direito, a começar pela ideia do Direito natural, que seria impregnado de considerações de 
ordem moral, que impossibilitavam a criação de um direito impessoal e igual para todos. 
Para os cultores do positivismo jurídico, fora da experiência jurídica, do fato ou do 
Direito Positivo, isto é, do direito reconhecido pelo Estado e em suas leis, não há direito. 
O Direito Positivo é assim denominado porque é o que provém diretamente do Estado 
(do latim jus positum: imposto, que se impõe), vem a ser também, a base da unidade do 
sistema jurídico nacional. É o ordenamento jurídico em vigor num determinado país e numa 
determinada época. 
Para o positivismo jurídico só existe uma ordem jurídica: a comandada pelo Estado e 
que é soberana. Para os positivistas: Não há mais Direito que o Direito Positivo. Para o 
positivista a lei é em si o único valor. 
 
Teoria Pura do Direito (Hans Kelsen) 
Com base na Teoria Geral do Estado para desenvolver uma teoria sobre o ordenamento 
jurídico, Kelsen partiu da premissa de que o Direito representa uma expressão formal da 
soberania estatal, não sendo um produto da natureza ou de fatos e sim um resultado da 
vontade política do Estado. 
Desse modo, o foco do jurista deveria estar na norma jurídica e na sua relação com as 
demais normas, que formam uma estrutura lógico-sistemática denominada de ordenamento 
jurídico. 
Kelsen era um adversário sistemático daqueles que querem reduzir a Ciência Jurídica a 
um capítulo da Sociologia, da Economia, da História ou da Geografia. Para ele, a Ciência 
Jurídica é ciência autônoma, que deve operar com métodos próprios e com absoluta 
fidelidade a seus prismas de observação. 
Partindo desta colocação metodológica, Hans Kelsen sustenta que a Ciência do Direito 
é uma pura ciência de normas e proposições normativas. O Direito não é senão um conjunto 
de regras jurídicas organizadas de maneira escalonada, desde a regra suprema da “primeira 
Constituição”, até as regras jurídicas subordinadas que se exprimem nas sentenças ou 
decisões judiciais, ou então, nas cláusulas de um contrato. 
As regras jurídicas dispõem-se, desse modo, escalonadamente, sendoumas 
subordinantes e outras subordinadas, inseridas todas num sistema que haure a sua validade 
do pressuposto lógico fundamental do respeito devido à norma constitucional originária. 
Kelsen priorizava o aspecto estrutural do ordenamento jurídico e a correlação entre 
suas normas, independentemente de concepções ideológicas e de regimes políticos. Pregava 
a pureza metodológica de uma Ciência “Pura” do Direito. 
Na Ciência “Pura” do Direito a análise do direito leva em consideração apenas os seus 
aspectos normativos, descontaminando-o em relação aos aspectos políticos, sociológicos, 
históricos, que eram à base do pensamento das escolas factualistas do final do Século XIX, 
início do Século XX. 
Norma Fundamental é a matriz do ordenamento jurídico, o pressuposto de validade de 
todas as normas do ordenamento. Não é norma jurídica, no sentido próprio do termo, uma 
vez que está acima da pirâmide. 
A Constituição é um documento jurídico que espelha a Norma Fundamental, mas não 
se confunde com ela, que é uma concepção ideal e representa o ponto de contato entre a 
estrutura do ordenamento jurídico e a experiência histórica do direito, que será a responsável 
pelo conteúdo do direito que vigora em um determinado Estado. 
Segundo Kelsen, não compete ao jurista questionar o conteúdo da Norma 
Fundamental, exatamente por se tratar de uma reflexão que escapa ao campo da Ciência do 
Direito, cuja preocupação central deveria ser a inserção da norma no contexto do 
ordenamento jurídico, independentemente do seu conteúdo. 
Nesta concepção do direito estratificado em pisos, a validade de uma norma depende 
de ela estar inserida em uma ordem jurídica válida, e nada mais. A validade das normas de 
grau imediatamente inferior decorre da validade da norma de plano imediatamente 
superior, e assim, sucessivamente, até à Norma Fundamental, que opera como pressuposto 
lógico de todas as demais normas. 
Na estrutura do ordenamento jurídico kelseniano, a norma jurídica impõe-se em 
decorrência de uma vontade política, expressa pela figura do Estado e não por valores que se 
afirmam a partir da convivência social. Exatamente por causa disso, a Ciência Pura do 
Direito não se preocupa com parâmetros morais que fundam o ordenamento e sim com o 
mecanismo de funcionamento interno da ordem jurídica. As normas seriam válidas pela 
forma de produção e não pelo conteúdo. 
A aferição (medição) da validade da norma jurídica não se deveria à prescrição nela 
contida, mas sim à sua posição topográfica na estrutura do ordenamento jurídico e a sua 
harmonia com as demais normas. 
A questão do conteúdo da norma somente tem relevo na Teoria Pura do Direito para 
fins de aferição de validade normativa, em função de um parâmetro de autoridade 
hierárquica das normas: o conteúdo das normas superiores no ordenamento é determinante 
do conteúdo das normas inferiores. 
Segundo Kelsen a interpretação da norma deve ser fundada no caráter hierárquico e de 
autorreprodução do Direito, a concepção kelseniana sobre a interpretação do direito segue a 
premissa da pureza metodológica, presente em toda a sua Teoria. 
A Teoria Pura do Direito de Kelsen teve uma aplicação distorcida, passando a servir de 
base para um afastamento do direito de parâmetros éticos, algo nunca defendido pelo 
próprio Kelsen. 
 
Quadro comparativo 
DIREITO POSITIVO DIREITO NATURAL 
Temporal Atemporal 
Existe em determinada época 
Vigência Independe de vigência 
Observância pela sociedade e aplicação pelo 
Estado 
 
Formal Informal 
Depende de formalidades para sua 
existência 
 
Hierárquico Não hierárquico 
Ordem de importância 
Dimensão espacial Independe de local 
Vigência em local definido 
Criado pelo homem Emerge espontaneamente da sociedade 
Fruto da vontade do homem 
Escrito Não escrito 
Códigos, Leis, jurisprudência 
Mutável Imutável 
Mediante a vontade humana 
 
A Teoria Tridimensional de Miguel Reale 
É tida como a melhor sistematização da visão culturalista sobre o Direito. Para Reale, 
toda experiência jurídica pressupõe a correlação entre esses três elementos: fato, valor e 
norma. 
3 aspectos básicos, discerníveis em todo e qualquer momento da vida jurídica: um 
aspecto normativo (o Direito como ordenamento e sua respectiva ciência); um aspecto fático 
(o Direito como fato, ou em sua efetividade social e histórica) e um aspecto axiológico (o 
Direito como valor de Justiça). 
Onde quer que haja um fenômeno jurídico, há, sempre e necessariamente, um fato 
subjacente (fato econômico, geográfico, demográfico, de ordem técnica etc.); um valor, que 
confere determinada significação a esse fato, inclinando ou determinando a ação dos homens 
no sentido de atingir ou preservar certa finalidade ou objetivo; e, finalmente, uma regra ou 
norma, que representa a relação ou medida que integra um daqueles elementos ao outro, o 
fato ao valor. 
 
 
Classificações 
 
- Direito Substantivo (Material): O conjunto das regras criadas pelo Estado que normatiza a 
vida em sociedade definindo relações jurídicas. 
- Direito Adjetivo (Processual): consiste nas regras de direito processual que regulam a 
existência dos processos, bem como o modo destes se iniciarem, se desenvolverem e 
terminarem. 
 
- Direito Objetivo: é um conjunto de normas que regem o comportamento humano, 
prescrevendo uma sanção (punição) em caso de sua violação. É expresso por modelos 
abstratos de conduta (Códigos, Leis, Consolidações etc.). São modelos normativos genéricos 
que não individualizam as pessoas neles envolvidas. 
- Direito Subjetivo - É o poder de ação assegurado legalmente a todas as pessoas para defesa 
e proteção de toda e qualquer espécie de bens materiais ou imateriais, do qual decorre a 
faculdade de exigir a prestação ou abstenção de atos, ou o cumprimento da obrigação, a que 
outrem esteja sujeito. É o poder de exigir uma determinada conduta de outrem, conferido 
pelo direito objetivo, pela norma jurídica. 
 
Direito Público e Privado 
Os romanos utilizaram o critério da utilidade. Quando o objeto do Direito era voltado 
para o interesse da coletividade este era tido como Direito Público, se o interesse era do 
particular este seria Direito Privado. 
Crítica a esta divisão: Publicização do Direito - A publicização deve ser entendida 
como um processo de intervenção legislativa infraconstitucional, diferente de outro 
fenômeno conhecido como constitucionalização que tem por fito submeter o direito positivo 
aos fundamentos de validade constitucionais. 
Não existe um critério único e adotado de forma exclusiva para a diferenciação entre 
Direito Público e Privado 
Um dos critérios é o denominado critério do conteúdo ou objeto da relação jurídica. 
Neste critério, quando prevalece o interesse geral o direito é público, quando prevalece o 
particular o direito é privado. 
O outro confere maior destaque à forma da relação jurídica, ou Teoria da Natureza da 
Relação Jurídica. Assim, se a relação é de coordenação, trata-se, em regra, de Direito Privado, 
se a relação é de subordinação, trata-se, em regra de Direito Público. 
Direito Privado - autonomia da vontade e da licitude ampla. Direitos Civil, 
Empresarial. 
Direito Público - supremacia do interesse público e da estrita legalidade. Direitos 
Constitucional, Financeiro, Tributário, Internacional Privado, Administrativo, Processual, 
Ambiental, Penal etc. 
 
Teorias Monistas A existência de somente um Direito. 
Existência exclusiva do Direito Privado 
(Rosmini e Ravà). Sempre foi o único 
durante séculos e seu nível de 
aperfeiçoamento não foi atingido ainda pelo 
Direito Público. 
Teorias Dualistas A existência de dois Direitos. 
Teoria do interesse em Jogo - teoria Clássica 
ou teoria Romana 
O direito será público ou privado de acordo 
com a predominância dos interesses. 
Teoria do Fim Quando a finalidade do direito for o estado, 
teremos o Direito Público, quando for o 
indivíduo,teremos o Direito Privado. 
Teoria do Titular da Ação Quando a iniciativa da ação for do estado, 
teremos o Direito Público, quando for do 
particular, teremos o Direito Privado. 
Teorias Trialistas Além do Direito Público e Privado, admitem 
alguns estudiosos um terceiro gênero, 
chamado por alguns de Direito Misto e por 
outros de Direito Social Misto. 
 
Superação da Dicotomia - se dá pela tendência hoje de alguns ramos do Direito que 
têm pontos de Direito Público e o Privado, resultando no avanço da sociedade, com relações 
cada vez mais complexas. 
Na atualidade, com a positivação de novos direitos surgidos nas sociedades de massa, 
como o Direito Ambiental e o Direito do Consumidor, por exemplo, a ideia de que há 
Direitos Transindividuais que vinculam as esferas pública e privada, resultou na 
classificação dos Direitos Difusos e Coletivos que trataremos adiante. 
 
Direito Interno e Internacional 
Teoria Dualista - Os dualistas defendem que o Direito Internacional e o Direito interno 
são concepções distintas, à medida que se encontram baseados em duas ordens: a interna e a 
externa. 
Teoria Monista - o Direito internacional e o Direito interno são noções de uma só 
ordem jurídica e, neste caso, havendo um só ordenamento, haveria uma norma 
hierarquicamente superior a todas as demais regulando este único ordenamento. Esta teoria, 
ainda, apresenta duas versões: a que defende a preferência do Direito interno, e, outra, a 
precedência do Direito internacional. 
 
Ramos do Direito 
Direito Positivo Interno 
- Privado: Civil e Empresarial; 
- Público: Constitucional, Administrativo, Financeiro e Tributário, Processual, Penal, 
Eleitoral, Militar. 
- Novos Direitos: Trabalho, Previdenciário, Econômico, Consumidor, Ambiental. 
 
Direito Privado 
Direito Civil: O objeto do Direito Civil abrange não apenas as relações sociais de 
caráter patrimonial, mas também relações pessoais com certo conteúdo patrimonial, como os 
direitos de autor, e mesmo relações pessoais puras, como os direitos ao nome e à imagem. 
Empresarial: relaciona-se ao regramento da atividade econômica habitualmente 
destinada à circulação das riquezas, mediante bens ou serviços, implicando em uma 
estrutura de natureza empresarial. 
 
 
Direito Público: 
Constitucional - tem por objeto o sistema de regras referente à organização do Estado, 
no tocante à distribuição das esferas de competência do poder político, assim como no 
concernente aos direitos fundamentais dos indivíduos para com o Estado, ou como membros 
da comunidade política. 
Administrativo - tem por objeto o sistema de princípios e regras, relativos à realização 
de serviços públicos, destinados à satisfação de um interesse que, de maneira direta e 
prevalecente, é do próprio Estado. 
O Direito Financeiro e Tributário é uma disciplina que tem por objeto toda a atividade 
financeira do Estado concernente à realização da receita e despesa necessárias à execução do 
interesse da coletividade. 
O Direito Processual objetiva o sistema de princípios e regras; mediante os quais se 
obtém e se realiza a prestação jurisdicional do Estado necessária à solução dos conflitos de 
interesses surgidos entre particulares, ou entre estes e o próprio Estado. 
O Direito Penal é o sistema de princípios e regras mediante os quais se tipificam as 
formas de conduta consideradas criminosas, para as quais são cominadas, de maneira 
precisa e prévia, penas ou medidas de segurança. 
O Direito Eleitoral disciplina a escolha dos membros dos Poderes Executivo e 
Legislativo. Suas normas regulam critérios para as candidaturas, para as eleições, apurações 
etc. 
O Direito Militar regula as normas aplicáveis aos militares. 
O Direito do Trabalho é composto por normas jurídicas que regulam as relações 
individuais entre empregado e empregador, bem como, por normas de Direito Coletivo do 
Trabalho, que engloba os acordos coletivos de trabalho, o direito de greve e as relações 
sindicais. 
O Direito Previdenciário é parte dos Direitos da Seguridade Social garantidos na 
Constituição, que englobam além da Previdência Social, a Assistência Social e a Saúde. É um 
ramo da maior relevância porque afeta diretamente todos os cidadãos do País. 
O Direito Econômico é composto por normas jurídicas que regulam a produção e 
circulação de produtos e serviços com foco no desenvolvimento do País e no controle do 
mercado, visando impedir a concorrência desleal, regular monopólios e oligopólios. 
O Direito do Consumidor, positivado na Lei 8078/90, regula as relações entre 
consumidores e fornecedores de produtos e serviços. 
Os Direitos Difusos e Coletivos são objeto de tutela jurídica específica que garante o 
direito de ação não só individual, como também coletiva, que pode ser proposta pelo 
Ministério Público, por associações que representem determinada categoria e por outros 
titulares previstos em Lei. 
O Direito Ambiental é um ramo, relativamente novo do Direito, mas da maior 
relevância em todo o planeta na atualidade. A Constituição Brasileira de 1988 consagrou a 
proteção dos valores ambientais, tendo como base o artigo 225. 
 
Direito Positivo Externo – Direito Internacional Público e Privado. 
O Direito Internacional Público é composto dos tratados internacionais, convenções, 
pactos, convênios ou acordos, além dos costumes internacionais. 
O Direito Internacional Privado é regido por normas que regulam as relações 
privadas em âmbito internacional. Trata de definir qual a norma a ser aplicada em razão do 
domicílio, ou da nacionalidade da pessoa, do lugar em que foi realizado o ato, do local em 
que se situa o objeto do Direito. 
 
Capítulo 4 - Teoria da Norma Jurídica 
A norma jurídica é um comando, um imperativo dirigido às ações dos indivíduos e das 
pessoas jurídicas e demais entes. É uma regra de conduta social; sua finalidade é regular as 
atividades dos sujeitos em suas relações sociais. A norma jurídica imputa certa ação ou 
comportamento a alguém, que é seu destinatário. 
Ao se dirigir ao destinatário, a norma jurídica proíbe e obriga, onde aquele que deve 
cumprir estará diante de uma proibição (“É proibido fumar neste estabelecimento”) ou de 
uma obrigação (“É obrigatório o uso de crachá de identificação para a entrada neste setor”). 
Segundo o Direito Positivo, a norma jurídica é o padrão de conduta social imposto pelo 
Estado, para que seja possível a convivência entre os homens. Paulo Nader conceitua como 
sendo a conduta exigida ou o modelo imposto de organização social. 
Segundo Orlando Secco, trata-se das regras imperativas pelas quais o Direito se 
manifesta, e que estabelecem as maneiras de agir ou de organizar, impostas coercitivamente 
aos indivíduos, destinando-se ao estabelecimento da harmonia, ordem e da segurança da 
sociedade. 
A palavra norma ou regras jurídicas são sinônimas, apesar de alguns autores 
utilizarem a denominação regra para o setor da técnica e outros, para o mundo natural. 
Existe distinção entre norma jurídica e lei. Esta é apenas uma das formas de expressão 
das normas, que se manifestam também pelo direito costumeiro e, em alguns países pela 
jurisprudência. 
O que efetivamente caracteriza uma norma jurídica, de qualquer espécie, é o fato de ser 
uma estrutura proposicional enunciativa de uma forma de organização ou de conduta, que 
deve ser seguida de maneira objetiva e obrigatória. 
 
Características: 
 Generalidade: Temos que a norma jurídica é preceito de ordem geral, que obriga a 
todos que se acham em igual situação jurídica. Da generalidade da norma deduzimos o 
princípio da isonomia da lei, segundo o qual todos são iguais perante a lei. 
 Abstratividade. As normas jurídicas visam estabelecer uma fórmula padrão de 
conduta aplicável a qualquer membro da sociedade. Regulam casos como ocorrem, via de 
regra, no seu denominador comum. Se abandonassem a abstratividade para regular os fatos 
em sua casuística, os códigosseriam muito mais extensos e o legislador não lograria seu 
objetivo, já que a vida em sociedade é mais rica que a imaginação do homem. 
 Bilateralidade: o direito existe sempre vinculando duas ou mais pessoas, conferindo 
poder a uma parte e impondo dever à outra. Bilateralidade expressa o fato da norma possuir 
dois lados: um representado pelo direito subjetivo e o outro pelo dever jurídico, de tal modo 
que um não pode existir sem o outro, pois regula a conduta de um ou mais sujeitos em 
relação à conduta de outro(s) sujeito(s) (relação de alteridade). 
Sujeito ativo (portador do Direito Subjetivo) 
Sujeito passivo (possuidor do dever jurídico) 
 Imperatividade: revela a missão de disciplinar as maneiras de agir em sociedade, 
pois o direito deve representar o mínimo de exigências, de determinações necessárias. Assim, 
para garantir efetivamente a ordem social, o direito se manifesta através de normas que 
possuem caráter imperativo. Tal caráter significa imposição de vontade e não simples 
aconselhamento. 
 Coercibilidade: Quer dizer possibilidade de uso de coação. Essa possui dois 
elementos: psicológico e material. O primeiro exerce a intimidação, através das penalidades 
previstas para as hipóteses de violações das normas jurídicas. O elemento material é a força 
propriamente, que é acionada quando o destinatário da regra não a cumpre 
espontaneamente. As noções de coação e sanção não se confundem. 
Coação é uma reserva de força a serviço do Direito, enquanto a sanção é considerada, 
geralmente, medida punitiva para a hipótese de violação de normas. 
 Atributividade (ou autorizamento): Esse é, aliás, o elemento distintivo por excelência 
entre a norma jurídica e as demais normas de conduta: a aptidão para atribuir ao lesado a 
faculdade de exigir o seu cumprimento forçado. Então, a essência específica da norma 
jurídica é a atributividade (ou autorizamento), porque o que lhe compete é autorizar ou não 
o uso das faculdades humanas. Assim, a norma jurídica é atributiva por atribuir às partes de 
uma relação jurídica, direitos e deveres recíprocos. Ou seja, atribui à outra parte o Direito de 
exigir o seu cumprimento. 
 
Diversas Classificações 
a) Normas de conduta: Tais normas têm as pessoas como destinatárias e estabelecem 
um padrão de agir social segundo uma estrutura lógica, na qual a norma prevê uma 
hipótese, correspondente a um fato do mundo da vida e uma consequência jurídica para a 
ocorrência concreta do fato hipotético. Estrutura da norma = hipótese (fato) + dispositivo 
(sanção). 
b) Normas de organização: fixam competências e atribuições no âmbito do Estado, algo 
indispensável no Estado do Direito, no qual prevalece o império da lei, estando as 
autoridades públicas subordinadas a um princípio de legalidade estrita, segundo o qual as 
suas ações somente podem ocorrer nos limites fixados pela lei. Em regra não possuem uma 
sanção específica, sendo o efeito do descumprimento deste tipo de norma a nulidade do ato 
praticado. 
 
a) Normas codificadas: são aquelas que constituem um corpo orgânico sobre certo ramo 
do direito, como o Código Civil. 
b) Normas consolidadas: são as que formam uma reunião sistematizada de todas as leis 
existentes e relativas a uma matéria; a consolidação distingue-se da codificação porque sua 
principal função é a de reunir as leis existentes e não a de criar leis novas, como num Código. 
Ex: CLT. 
c) Normas extravagantes ou esparsas: são todas as leis que não estão incorporadas às 
Codificações ou Consolidações: são as leis que vagam fora; são as editadas isoladamente 
para tratar de temas específicos. Ex.: Lei de FGTS, Lei do Inquilinato etc. 
 
Classificações da norma: 
 Norma Imperativa ou Cogente (preceptiva): É aquela que exige de seu destinatário 
uma conduta positiva ou uma ação, sendo antijurídica qualquer atitude diferente da 
prescrita na lei ou a omissão. 
 Obs.: Miguel Reale entende que as normas preceptivas são as que determinam que se 
faça alguma coisa, as que estabelecem um status, as que reconhecem ou identificam 
outras normas como pertencentes ao sistema vigente. 
 Norma Proibitiva: são as que negam a alguém a prática de certos atos. Neste caso, a 
postura juridicamente admitida pressupõe uma omissão por parte do destinatário da prática 
da conduta prevista pela norma. 
 Norma Supletiva (permissiva): Este tipo de norma compreende aquelas situações em 
que a ordem jurídica cria um padrão de agir, mas permite ao destinatário optar por uma 
atuação diferente, de acordo com o princípio da autonomia privada. 
 Obs.: Miguel Reale entende que as normas permissivas são as que facultam fazer ou 
omitir algo. 
 Obs. 2: Miguel Reale professa que as normas supletivas são espécie de regras 
dispositivas, pois elas se destinam a suprir o vazio deixado pela livre disposição das 
partes. 
 
Critério da extensão territorial 
- Normas Federais, Estaduais e Municipais: 
As normas jurídicas são classificadas desta forma em razão da esfera do Poder Público 
de que emanam, pois todo território de um Estado acha-se sob a proteção e garantia e um 
sistema de Direito. 
Assim, as normas jurídicas são federais, estaduais ou municipais, na medida em que 
sejam instituídas respectivamente pela União, pelos Estados-Membros e pelos Municípios. 
Para sabermos se existe hierarquia entre estas normas, faz-se necessário a distinção da 
competência legislativa da União, dos Estados-Membros e dos Municípios. 
Segundo Miguel Reale, não há, pois, uma hierarquia absoluta entre leis federias, 
estaduais e municipais, porquanto esse escalonamento somente prevalece quanto houver 
possibilidade de concorrência entre as diferentes esferas de ação. A rigor, as únicas normas 
jurídicas que primam no sistema do Direito brasileiro são as de Direito Constitucional. 
 
Critério da Sanção 
 Normas perfeitas: estabelecem a sanção na exata proporção do ato praticado. 
Invalidam quaisquer atos quando resultantes de transgressões a dispositivos legais. Ex.: Art. 
1548, CC. 
 Normas mais que perfeitas: estabelecem sanções, além de invalidar o ato praticado. 
A sanção é mais intensa do que a transgressão. Ex.: Art. 939 do CC. 
 Normas menos que perfeitas: não invalidam o ato, mas impõem uma sanção ao 
agente transgressor. Ex.: Art. 1254, CC 
 Normas imperfeitas: Representam um caso muito especial. Nem invalidam o ato 
nem estabelecem sanção ao transgressor. Tal procedimento se justifica por razões relevantes 
de natureza social e, sobretudo, ética. Ex.: Art. 1551 do CC 
 
Quanto à Amplitude: se refere ao alcance fático da hipótese contida na norma 
 Norma Genérica: A hipótese nela prevista tem conteúdo aberto, sendo aplicável a 
uma infinidade de situações. Obrigam, indiscriminadamente, a quantos venham a se situar 
sob sua incidência, em função dos pressupostos que elas enunciam (a maioria das leis e 
regulamentos e certas normas costumeiras e jurisprudenciais). 
 Norma específica: Disciplina certas situações de modo pontual, buscando um 
regramento detalhado do direito em questão ou simplesmente trata de uma matéria muito 
especializada. 
 Norma Individualizada: Tem aplicação a uma situação determinada, perfeitamente 
identificável no tempo e no espaço, havendo casos em que sua disciplina jurídica se exaure 
na incidência sobre um fato específico ou perdura durante reduzido período de tempo. 
Pontuam ou certificam, in concreto, as disposições anteriores, como se dá numa sentença 
judicial, ou numa provisão ou resolução administrativa. Ex. Decreto de Nomeação ou 
Tombamento. 
 Miguel Reale entende que as normas particulares vinculam determinadas pessoas, 
como as que compõem um negócio jurídico, um contrato; ou as de uma lei que 
expressamente contenha disposições só aplicáveis a casos particulares. 
 
Quanto ao elemento espacial 
 Norma de Direito Internacional: As relações entre os Estados na ordem internacional 
contam com normas estabelecidascom base em tratados, convenções e costumes 
internacionais, cujo fundamento se encontra no princípio da “autolimitação da soberania”, 
segundo o qual, os Estados se submetem voluntariamente às regras de direito internacional, 
a elas aderindo e recepcionando no direito interno, de acordo com os procedimentos 
previstos na legislação de cada país. 
 Norma de Direito Interno (Federal, Estadual e Municipal): De modo geral, a norma 
jurídica é associada à norma de direito interno, que é criada pelo Estado, no exercício do seu 
poder soberano, e que se impõe a todos que se encontram em seu território. 
 
Quanto ao elemento temporal: 
 Permanente: O usual é que uma norma ao entrar em vigor, assim permaneça até que 
outra norma a revogue, salvo se ela própria criar algum tratamento específico para a sua 
incidência temporária (art. 2º, LINDB) 
 Temporária: Situação excepcional no direito que se traduz por uma norma cuja 
vigência é limitada no tempo por disposição expressa daquele que a criou ou pelo 
exaurimento das hipóteses concretas por ela alcançadas. 
 
Quantos aos efeitos sobre o fato 
 Norma de efeito prospectivo: princípio da irretroatividade da lei, em regra a 
mudança legislativa operará apenas em relação aos fatos ocorridos após a entrada em vigor 
das novas normas. Ex nunc. 
 Norma de efeito retroativo: normalmente estar-se-á falando de normas de conteúdo 
benéfico, que concedem algum benefício aos seus destinatários. Ex tunc. 
 
Plano da vigência, Validade e Eficácia da Norma 
Da vigência: 
Ao preencher os mecanismos de reconhecimento criados pela ordem jurídica, uma 
norma pode ser dita como vigente. Os pressupostos para a vigência de uma norma decorrem 
de ser o órgão responsável pela sua edição não apenas competente para criar normas 
jurídicas naquele sistema jurídico, mas também dotado de legitimidade para a edição 
daquela modalidade de norma. 
Miguel Reale – “Vigência ou validade formal é a executoriedade compulsória de uma regra de 
direito, por haver preenchido os requisitos essenciais à sua feitura ou elaboração.” 
 
Da validade: 
O campo da validade da norma jurídica situa-se em uma posição média entre a questão 
formal e material do direito. 
Segundo Miguel Reale são 3 os aspectos essenciais da validade do Direito, 3 os 
requisitos para que uma regra jurídica seja legitimamente obrigatória: o fundamento, a 
vigência, e a eficácia, que correspondem, respectivamente, validade ética, validade formal 
ou técnico-jurídica e validade social. 
Fácil é perceber que a apreciação ora feita sobre vigência, eficácia e fundamento vem 
comprovar a já assinalada estrutura tridimensional do Direito, pois a vigência se refere à 
norma; a eficácia se reporta ao fato, e o fundamento expressa sempre a exigência de um 
valor. 
Podemos dizer que a validade decorre, invariavelmente, de o ato haver sido executado 
com a satisfação de todas as exigências legais. Uma norma jurídica, para que seja obrigatória, 
não deve estar apenas estruturada logicamente segundo um juízo categórico ou hipotético, 
pois é indispensável que apresente certos requisitos de validade. 
Na lição de Miguel Reale, a validade de uma norma jurídica pode ser vista sob três 
aspectos: 
1) técnico-formal = vigência 
2) social = eficácia 
3) ético = fundamento 
 
a) Validade formal (Vigência) vem a ser "a executoriedade compulsória de uma norma 
jurídica, por haver preenchido os requisitos essenciais à sua feitura ou elaboração" Desta forma, a 
norma jurídica tem vigência quando pode ser executada compulsoriamente pelo fato de ter 
sido elaborada com observância aos requisitos essenciais exigidos, quais sejam: 1) emanada 
de órgão competente, 2) com obediência aos trâmites legais, 3) e cuja matéria seja da 
competência do órgão elaborador 
 
b) Validade Social ou Eficácia. Sob o prisma técnico-formal, uma norma jurídica pode 
ter validade e vigência, ainda que seu conteúdo não seja cumprido; mesmo descumprida, ela 
vale formalmente. Porém, o Direito autêntico é aquele que também é reconhecido e vivido 
pela sociedade, como algo que se incorpora ao seu comportamento. Assim, a regra do Direito 
deve ser não só formalmente válida, mas também socialmente eficaz. Eficácia vem a ser o 
reconhecimento e vivência do Direito pela sociedade, “é a regra jurídica enquanto monumento 
da conduta humana” - MR. 
Desta forma, quando as normas jurídicas são acatadas nas relações intersubjetivas e 
aplicadas pelas autoridades administrativas ou judiciárias, há eficácia. Como esclarece Maria 
Helena Diniz, “vigência não se confunde com eficácia; logo, nada obsta que uma norma seja vigente 
sem ser eficaz, ou que seja eficaz sem estar vigorando.” Pode ser que determinadas normas 
jurídicas, por estarem em choque com a tradição e valores da comunidade, não encontrem 
condições fáticas para atuar, não seja adequadas à realidade. Todavia, o fato é que não existe 
norma sem o mínimo de eficácia, de execução ou aplicação na sociedade a que se destina. 
Daí a relevância da valoração do fato social, para que a norma seja eficaz. Sobre a matéria, 
temos ainda a contribuição de Paulo Nader, ao se referir às causas do desuso, dizendo que 
elas estão em certos defeitos das leis, e em função disso as classifica em: "anacrônicas", isto é, 
as que envelheceram enquanto a vida evoluía, havendo uma defasagem entre as mudanças 
sociais e a lei; leis artificiais, ou seja, fruto apenas do pensamento, mera criação teórica e 
abstrata, estão distanciadas da realidade que vão governar; “leis injustas”, ou seja, aquelas 
que, traindo a mais significativa das missões do direito que a de espargir justiça, nega ao 
homem aquilo que lhe é devido; leis defectivas, que são as que, por não terem sido 
planejadas com suficiência, revelam-se na prática, sem condições de aplicabilidade, não 
fornecendo todos os recursos técnicos para a sua aplicação (por exemplo: quando prescreve 
uso de certa máquina pelo operário, mas que não existe no mercado). 
 
c) Validade Ética ou Fundamento. Toda a norma jurídica além da validade formal 
(vigência) e validade social (eficácia), deve possuir ainda validade ética ou fundamento. O 
fundamento é na verdade o valor ou o fim visado pela norma jurídica. De fato, toda a norma 
jurídica deve ser sempre uma tentativa de realização de valores necessários ao homem e a 
sociedade. Se ela visa atingir um valor ou afastar um desvalor, ela é um meio de realização 
desse fim valioso, encontrando nele a sua razão de ser ou o seu fundamento. As regras que 
protegem, por exemplo, as liberdades, são consideradas como tendo fundamento, porque 
buscam um valor considerado essencial ao ser humano. Realmente, é o valor que legitima 
uma norma jurídica que lhe dá uma legitimidade; daí a distinção entre legal (que possui 
validade formal) e legítimo (que possui validade ética). Podemos dizer que o valor que dá a 
razão última da obrigatoriedade da norma. Ela obriga porque contém preceito capaz de 
realizar o valor; em última análise, esta é a fonte primordial da obrigatoriedade de uma regra 
de direito (imperatividade em termos axiológicos). Ter que é a coerção ou a coação que 
asseguram a obrigatoriedade do Direito é atitude que resulta no amesquinhamento da 
natureza humana. Nem a coação-ato, nem a coerção-potência podem substituir 
satisfatoriamente o sentimento jurídico; só o entendimento do Direito sob o prisma de valor 
dignifica a condição do ser humano. 
 
Da eficácia: Refere-se à efetiva aplicação ou execução da norma jurídica. Este representa o 
plano em que a norma jurídica repercute na vida das pessoas, disciplinando concretamente 
as relações sociais. 
 
O desuso das leis e as leis anacrônicas: situações excepcionais, em que uma norma 
jurídica é vigente, formalmente válida, mas não é socialmente aceita ou simplesmente não é 
aplicada no dia a dia. Ex. Lei que torna obrigatório o uso do cinto de segurança. 
 
Capítulo5 - Teoria do Ordenamento Jurídico 
O Direito objetivo/positivo, como conjunto de normas jurídicas constitui no seu todo 
um sistema global que se denomina ordenamento jurídico. De fato, o Direito se apresenta 
concretamente, em qualquer país, sobre a estrutura de um ordenamento: as normas jurídicas 
não existem isoladas, não atuam de forma solitária, porém se correlacionam e se implicam, 
formando um todo uniforme e harmônico. 
Os autores apresentam diversas definições no que respeita a definição do ordenamento 
jurídico. Paulo Nader leciona que o ordenamento jurídico compreende “o sistema de 
legalidade do Estado, formado pela totalidade das normas vigentes, que se localizam em 
diversas fontes”. 
Conforme Miguel Reale, ordenamento jurídico “é o sistema de normas jurídicas in 
facto, compreendendo as fontes de direito e todos os seus conteúdos e projeções: é, pois, os 
sistemas das normas em sua concreta realização, abrangendo tanto as regras explícitas como 
as elaboradas para suprir as lacunas do sistema, bem como as que cobrem as liberalidades 
deixadas ao poder discricionário dos indivíduos (normas negociais).” 
Aspecto relevante sobre o ordenamento jurídico é a questão da plenitude. Assim, o 
ordenamento jurídico não pode deixar a descoberto, sem dar solução, qualquer litígio ou 
conflito capaz de abalar o equilíbrio, a ordem e a segurança da sociedade. Por isso, ele 
contém, a possibilidade de solução para todas as questões que surgirem na vida de relação 
social, suprindo as lacunas deixadas pelas fontes do direito. É o princípio da plenitude do 
ordenamento jurídico. 
Se ele não fosse sem lacunas e autossuficiente, não poderia cumprir precisamente sua 
missão. Os elementos do ordenamento jurídico brasileiro estão estruturados na forma de 
atenderem à obediência aos ditames da Constituição Federal. 
Todo o nosso direito positivo para ter validade deriva-se dos princípios 
constitucionais. Estando na República Federativa do Brasil, os Estados, via de consequência, 
têm poderes para se organizar e reger-se pelas constituições e leis que venham adotar. A 
autonomia dos Estados é condicionada, isto é, tem poderes explícitos e implícitos que não lhe 
são vedados pela Constituição Federal. 
Os Municípios também tem autonomia condicionada. A legislação municipal deve 
seguir os ditames da Constituição Estadual e por consequência da Constituição Federal. Em 
outras palavras, o que não for de competência da União ou do Estado, será do Município. 
Não existe uma hierarquia, cada um vai agir de acordo com a sua competência. 
A reflexão a respeito da estrutura do ordenamento jurídico passa pelo estudo da sua 
caracterização como um sistema de normas e por uma análise dos modelos de 
sistematicidade jurídica existentes, como pressuposto de validação das normas jurídicas. 
De modo geral, um sistema representa um conjunto dotado de uma estrutura e 
organização determinados, que obedece a algumas características básicas, a saber: 
 
 Pluralidade de elementos: Todo sistema tem como pressuposto a existência de mais 
de um elemento. Caso se esteja tratando de apenas um elemento não há que falar de sistema. 
 Interação entre os elementos: Para que exista um sistema, não basta a existência de 
diferentes elementos, sendo indispensável que exista uma correlação entre eles, para que se 
integrem de algum modo. 
 Harmonia entre os elementos: Além de se relacionarem, os elementos formadores de 
um sistema deve fazê-lo de modo harmônico. O atrito entre os componentes do sistema 
acaba por comprometer a sua própria estabilidade, podendo levar até o seu perecimento. 
 
Diante de tal fato, pode-se concluir que o ordenamento jurídico é formado por 
diversas normas, que vigoram em um mesmo Estado, havendo entre elas uma 
interdependência, servindo uma de fundamento de validade para a outra, o que logicamente 
pressupõe a inexistência de contradições entre elas. 
No curso da História do Pensamento Jurídico, são observadas duas concepções 
sistemáticas, a saber: 
Sistema estático: A validade da norma é determinada pelo seu conteúdo, pelos valores nela 
contidos. A validade de cada norma é aferida individualmente e não de forma relacional. A 
norma é válida, se justa ou de acordo com a concepção de Direito Natural cultuada em um 
determinado momento histórico: universalista, teológica ou racional. 
Sistema dinâmico: A validade da norma é determinada por critérios formais, não 
sendo determinada pelo seu conteúdo e sim pelo grau de autoridade de quem a elabora. 
Sistema verticalizado em que a norma decorre da sua compatibilidade com as normas 
hierarquicamente superiores no ordenamento, sendo o conteúdo da norma utilizado apenas 
como parâmetro relacional, a fim de verificar eventual incoerência entre as prescrições 
contidas em normas do mesmo sistema, situação em que prevalecerá o comando contido na 
norma de maior hierarquia. 
 
O professor Canotilho, fornece-nos a explicitação da ideia de que o sistema jurídico 
deve ser visto como um sistema normativo aberto de regras e princípios: 
(1) é um sistema jurídico porque é um sistema dinâmico de normas; 
(2) é um sistema aberto porque tem uma estrutura dialógica {Caliess} traduzida na 
disponibilidade e “capacidade de aprendizagem” das normas constitucionais para captarem 
a mudança da realidade e estarem abertas s concepções cambiantes da “verdade” e da 
“justiça”; 
(3) é um sistema normativo, porque a estruturação das expectativas referentes a 
valores, programas, funções e pessoas, é feita através de normas; 
(4) é um sistema de regras e de princípios, pois as normas do sistema tanto podem 
revelar-se sob a forma de princípios como sob a sua forma de regras. 
 
Por sua vez, Ronald Dworkin mostra que, nos chamados casos-limites ou hard cases, 
quando os juristas debatem e decidem em termos de direitos e obrigações jurídicas, eles 
utilizam standards que não funcionam como regras, mas, trabalham com princípios, política e 
outros gêneros de standards. 
Princípios (principles) são, segundo este autor, exigências de justiça, de equidade ou de 
qualquer outra dimensão da moral, e que junto com as regras compõem o sistema jurídico. 
Assim, ao afirmar que os juristas empregam, em determinados casos, princípios e não regras 
o autor reconhece serem duas espécies distintas do gênero norma, habitando o sistema 
jurídico, cuja diferença trataremos de esboçar adiante. 
O prof. Luiz Flávio Gomes, a partir do pressuposto pelo qual o Direito se expressa por 
meio de normas, assim se manifesta: As normas se exprimem por meio de regras ou 
princípios. 
As regras disciplinam uma determinada situação; quando ocorre essa situação, a 
norma tem incidência; quando não ocorre, não tem incidência. Para as regras vale a lógica do 
tudo ou nada (Dworkin). Quando duas regras colidem, fala-se em "conflito"; ao caso concreto 
uma só será aplicável (uma afasta a aplicação da outra). 
O conflito entre regras deve ser resolvido pelos meios clássicos de interpretação: a lei 
especial derroga a lei geral, a lei posterior afasta a anterior etc. 
Princípios são as diretrizes gerais de um ordenamento jurídico (ou de parte dele). Seu 
espectro de incidência é muito mais amplo que o das regras. Entre eles pode haver "colisão", 
não conflito. Quando colidem, não se excluem. Como "mandados de otimização" que são 
(Robert Alexy), sempre podem ter incidência em casos concretos (às vezes, 
concomitantemente dois ou mais deles). 
A diferença marcante entre as regras e os princípios, portanto, reside no seguinte: a 
regra cuida de casos concretos. Exemplo: o inquérito policial destina-se a apurar a infração 
penal e sua autoria - CPP, art. 4º. 
Os princípios norteiam uma multiplicidade de situações. O princípio da presunção de 
inocência, por exemplo, cuida da forma de tratamento do acusado bem como de uma série 
de regras probatórias (o ônus da prova cabe a quem faz a alegação, a responsabilidadedo 
acusado só pode ser comprovada constitucional, legal e judicialmente etc.). 
Os princípios desempenham funções estratégicas, a saber: fundamentadora, 
interpretativa e supletiva ou integradora: por força da função fundamentadora dos 
princípios, é certo que outras normas jurídicas neles encontram o seu fundamento de 
validade. 
O artigo 261 do CPP (que assegura a necessidade de defensor ao acusado) tem por 
fundamento os princípios constitucionais da ampla defesa, do contraditório, da igualdade 
etc. 
Os princípios, ademais, não só orientam a interpretação de todo o ordenamento 
jurídico, senão também cumprem o papel de suprir eventual lacuna do sistema (função 
supletiva ou integradora). No momento da decisão o juiz pode valer-se da interpretação 
extensiva, da aplicação analógica bem como do suplemento dos princípios gerais de direito 
(CPP, art. 3º). Considerando-se que a lei processual penal admite "interpretação extensiva, 
aplicação analógica bem como o suplemento dos princípios gerais de direito" (CPP, art. 3º), 
não havendo regra específica regente do caso torna-se possível solucioná-lo só com a 
invocação de um princípio. 
 
A validade do ordenamento jurídico 
O ordenamento jurídico apresenta-se como a expressão formal do poder soberano do 
Estado. 
A soberania estatal em termos políticos pressupõe a supremacia do poder do Estado 
em relação a todos os demais poderes existentes na sociedade e uma atuação em 
coordenação com os demais Estados na ordem internacional. 
 Juridicamente falando, a soberania do Estado se traduz pelo monopólio da criação e 
aplicação do direito, de forma que serão válidas apenas as normas jurídicas chanceladas pelo 
Estado e, do mesmo modo, somente poderão aplicar tais normas os tribunais dotados de 
autoridade reconhecida pelo Estado (Jurisdição). 
A sistematicidade do ordenamento jurídico pressupõe a coerência entre as suas 
normas, a fim de não gerar insegurança em relação ao direito aplicável. Ocorre que, por 
vezes, sobretudo em sistemas jurídicos mais complexos, vigoram normas contendo 
comandos incompatíveis entre si, gerando as chamadas antinomias jurídicas, que deverão 
ser solucionadas, de modo a preservar a coerência do ordenamento. 
Contudo, algumas situações do mundo da vida escapam à previsão legislativa, dando 
origem ao fenômeno das lacunas normativas, que também comprometem a estabilidade do 
ordenamento jurídico e demandam o desenvolvimento de procedimentos técnicos para o seu 
preenchimento. 
 
Hierarquia e constitucionalidade das leis 
A Hierarquia normativa 
O primeiro doutrinador a lecionar que o sistema jurídico era composto por normas 
superiores e inferiores interligadas e estruturadas entre si foi Merkel. Porém, a estrutura 
hierárquica das normas jurídicas ganhou ênfase através de Hans Kelsen. 
As normas não estão todas num mesmo plano de análise. Existem normas superiores e 
inferiores. As inferiores são subordinadas às normas superiores, e este escalonamento 
garante unidade ao sistema. 
Já nas páginas precedentes por várias vezes se fez notar a particularidade que possui o 
Direito de regular a sua própria criação. Isso pode operar-se de forma a que uma norma 
apenas determina o processo por que outra norma é produzida. 
Mas também é possível que seja determinado ainda - em certa medida - o conteúdo da 
norma a produzir. 
Assim, dado o caráter dinâmico do Direito, uma norma somente é válida porque e na 
medida em que foi produzida por outra norma que representa o fundamento imediato de 
validade daquela. 
A relação entre a norma que regula a produção de uma e outra norma assim 
regularmente produzida pode ser figurada pela imagem da supra-infra-ordenação. A norma 
que regula a produção é a norma superior, a norma produzida segundo as determinações 
daquela norma é a inferior. 
A ordem jurídica não é um sistema de normas jurídicas ordenadas no mesmo plano, 
situadas umas ao lado das outras, mas é uma construção escalonada de diferentes camadas 
ou níveis de normas jurídicas. 
Com base nisto é possível afirmar que as normas de diferente hierarquia possuem 
características distintas, notadamente quanto a sua criação. Uma norma de uma determinada 
hierarquia somente pode ser editada ou revogada inovando a ordem jurídica por outra 
norma quando a segunda for editada pelo mesmo órgão e seguir o mesmo procedimento 
fixado pela Constituição, ou ainda, quando editada e instituída por órgão superior. 
As normas inferiores dependem das superiores. Subindo das normas inferiores até 
aquelas que se encontram mais acima na estrutura do ordenamento, chega-se enfim a uma 
norma suprema, que não depende de nenhuma outra norma superior, e sobre a qual repousa 
a unidade do ordenamento: a Norma Fundamental. 
Todo ordenamento possui uma Norma Fundamental que dá unidade a todas as outras 
normas; isto é, faz de normas esparsas um todo unitário, que se pode chamar de 
ordenamento jurídico. 
A Teoria do Ordenamento Jurídico como um todo se organiza em torno de uma 
premissa de autoridade política estatal, que terá uma projeção formal na correlação 
hierarquizada entre as normas jurídicas, havendo normas de maior peso, situadas 
topograficamente nos estratos mais elevados da alegoria piramidal de Hans Kelsen, e outras 
a elas subordinadas, que se encontram mais próximas da base. 
Na mecânica de funcionamento da ordem jurídica, tal diferença em termos de 
autoridade normativa será expressa pelo que se chama de relação de produção e execução 
entre as normas. 
Em uma estrutura hierárquica, como o ordenamento jurídico, os termos execução e 
produção são relativos, porque a mesma norma pode ser considerada, ao mesmo tempo, 
executiva e produtiva. 
São exemplos de normas com caráter apenas de produção: decisões judiciais, atos 
jurídicos etc. 
Os limites com os quais o poder superior restringe e regula o poder inferior são 
relativos ao conteúdo e relativos à forma, chamados de limites materiais e de limites formais, 
respectivamente. 
O limites materiais se referem ao conteúdo em si. Se o conteúdo, o comando, o teor da 
lei respeita e está de acordo com limites da lei hierarquicamente superior. 
Os limites formais se referem a todas aquelas normas da Constituição contidas no 
capítulo sobre processo legislativo, que prescrevem o modo ou procedimento pelo qual as 
normas de hierarquia inferior podem ser editadas pelos órgãos legislativos, no que se refere 
à iniciativa do processo legislativo, tramitação de projetos e quórum de aprovação, 
competência para legislar sobre determinada matéria, entre outras questões. 
Na hermenêutica constitucional contemporânea, a Constituição é considerada como 
um conjunto normativo formado por regras e por princípios jurídicos. 
A visão integrada das normas do ordenamento jurídico pressupõe que a supremacia 
hierárquica da Constituição não seja base apenas para a aferição de uma compatibilidade 
vertical entre as normas, com a exclusão do sistema daquelas contrárias ao texto 
constitucional, mas também abra a possibilidade da utilização da interpretação das normas 
infraconstitucionais à luz dos princípios constitucionais como um mecanismo de 
harmonização não apenas formal das normas do ordenamento jurídico, mas também de uma 
integração, sob a ótica de sua finalidade, que é extraída dos princípios implícita e 
explicitamente presentes na Constituição. 
A problemática das lacunas surge exatamente quando as normas em vigor não são 
capazes de dar conta de todas as situações criadas pela realidade social, o que leva a uma 
insegurança jurídica. 
O art. 126 do Código de Processo Civil diz que “o juiz não se exime de sentenciar ou 
despachar alegando lacuna ou obscuridade da lei.” No julgamento da lide caber-lhe-á aplicar as 
normas legais; não as havendo, recorrerá à analogia, aos costumes e aos princípios gerais de 
direito. Comando que é complementado pelo artigo 127 que determina que “o juiz

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