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Conflito Aparente de Normas O conflito aparente de normas são os casos em que uma mesma conduta ou fato podem ser, aparentemente, aplicadas mais uma norma penal. (Bitencourt, 2017, p.264) Alguns pensadores chamam de concurso de normas ou leis. Existe o conflito, pois mais de uma norma pretende regular o fato, mas é aparente, porque, apenas uma norma é aplicada à hipótese. Alguns elementos são necessários para se caracterizar a existência de conflitos de normas: a) unidade do fato: há somente uma infração penal; b) pluralidade de normas: duas ou mais normas, aparentemente, identificam o mesmo fato; c) aparente aplicação de todas as normas à espécie: a incidência de todas as normas é apenas aparente; d)efetiva aplicação de apenas uma delas: somente uma norma é aplicável, por isso o conflito é aparente. A solução do conflito aparente de normas, devem ser encontrados através da interpretação, pressupondo, a unidade de conduta ou de fato, pluralidade de normas coexistentes e relação de hierarquia ou de dependência entre essas normas. O Direito Penal, constitui um sistema, ordenado e harmônico, onde suas normas apresentam entre si uma relação de dependência e hierarquia, permitindo a aplicação de uma só lei ao caso concreto, excluindo ou absorvendo as demais. (Bitencourt, 2017, p.264) A doutrina majoritária apresenta princípios para solucionar o conflito. São eles: o princípio da especialidade, subsidiariedade, consunção e alternatividade, este, porém não há conflito aparente. 1. Princípio da Especialidade Considera-se especial uma norma penal, em relação a outra geral, quando reúne todos os elementos desta, acrescidos de mais alguns, denominados especializantes. A norma especial, tem a finalidade excluir a lei geral, e por isso deve precede-la (lex specialis derogat lex generalis). O princípio da especialidade evita o bis in idem, determinando a prevalência da norma especial em comparação com a geral. Exemplo: furtos qualificados e privilegiados (norma especial), Furto simples (norma geral). A primeira prevalece sobre a segunda, diante do princípio da especialidade. 2. Princípio da Subsidiariedade A norma subsidiária, também chamado de soldado de reserva, descreve um grau menor de violação de um mesmo bem jurídico, ou seja, um fato menos amplo e menos grave, que definido como delito autônomo é também compreendido como parte da fase normal de execução de crimes mais grave. Assim, sendo cometido o fato mais amplo, duas normas incidirão, a que define o fato e a que descreve apenas parte dele. A norma primária, que descreve o ‘todo’, absorverá a menos ampla (a subsidiária), tendo em vista que, esta ‘cabe’ dentro da primeira. Sempre há uma relação de subsidiariedade entre um crime e outro. Relação de gravidade, se não entra no crime mais grave entra no mais leve. Exemplo: crime de extorsão (mais grave) constrangimento ilegal (grave) crime de ameaça (menos grave). A subsidiariedade pode ser tácita ou expressa. a) Expressa: quando a norma em seu próprio texto condiciona a sua aplicação a não aplicação de outra norma mais grave. Exemplo: crime do art.132 do CP, que o legislador de forma explícita diz se o fato não constituir crime mais grave. b) Tácita: quando determina figura típica funcionar como elemento constitutivo, majorante ou meio prático de execução de outra figura mais grave. Exemplo: o crime de dano art.163 do CP é subsidiário do furto com destruição ou rompimento de obstáculo. 3. Princípio da Consunção A norma definidora de um crime constitui meio necessário ou fase normal de preparação ou execução de outro crime. Há consunção quando o fato previsto em determinada norma é compreendido outra, mais abrangente, aplicando-se somente esta. Na consunção os fatos não se apresentam em relação de gênero e espécie, mas de minus e plus, de todo e parte. É um crime meio um pro outro necessário e frequente de uma conduta mais grave. Exemplo: furto o agente pula o muro e viola o domicílio de alguém e leva os bens deste. O agente não cometeu dois crimes (crimes de invasão domiciliar e de furto). Portanto, é preciso haver a violação de domicílio para ocorrer o furto. Para a absolvição: Deve-se considerar absorvido pela figura principal tudo aquilo que, enquanto ação, anterior ou posterior, seja concebido como necessário, assim como tudo o que dentro do sentido de uma figura constitua o que normalmente acontece (quod plerumque accidit). a) Antefactum impunível: quando o fato precedente (que não constitui meio necessário para a realização do delito maior, ou seja, que não constitui crime de passagem obrigatória) se coloca na linha de desdobramento da ofensa (principal) do bem jurídico. Exemplo: falsificação do cheque para a obtenção da vantagem indevida no crime de estelionato. b) Postfactum impunível: esse episódio ocorre com atos que são adequados ao exaurimento do crime consumado, que são previstos como crimes autônomos. Com efeito, a punição daquele, absorve a destes. Exemplo: venda que o ladrão faz do produto do furto a terceiro de boa-fé. c) Crime progressivo: quer cometer o crime mais grave. Exemplo: entrar na casa da pessoa já querendo cometer o crime de latrocínio. Começa pelo crime mais leve querendo atingir o mais grave. d) Progressão criminosa: quer cometer o crime mais leve. Exemplo: o agente gostaria de cometer só o crime de furto, mas a vítima do domicílio ao acordar, reage e vai pra cima do agente o qual lhe acerta vários socos, nisso começa o crime de roubo (furto + agressão). A vítima consegue se livrar dos socos e pega sua arma, o agente consegue tomar a arma e atira na vítima, o qual comete o crime de latrocínio. e) Crime complexo: é a reunião de dois crimes, ou seja, dois crimes em um só. Exemplo: Latrocínio Roubo e Morte. Junta os dois crimes e se torna um só. 4. Princípio da Alternatividade Crimes de ação múltipla ou tipo misto alternativo, também chamado de tipo de conduta variada. No tipo penal tem vários verbos e com vírgula. Se cometer vários verbos é um crime só. Verbos no mesmo artigo não é conflito. Exemplo: Lei nº 11.343 de 23 de Agosto de 2006 – Lei de tóxicos Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar: https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/95503/Lei-no-11343-de-23-de-Agosto-de-2006#art-33
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