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Normas Fundamentais do Processo Civil A norma é fundamental, porque estrutura o modelo do processo civil brasileiro e serve de norte para a compreensão de todas as demais normas jurídicas processuais civis. Essas normas processuais ora são princípios (como o devido processo legal), ora são regras (como a proibição do uso de provas ilícitas). O Direito Processual Fundamental não é composto somente por princípios. Uma parte das normas fundamentais decorre diretamente da Constituição Federal, o que chamamos de Direito Processual Fundamental Constitucional. Outra parte decorre da legislação infraconstitucional, mais especificamente do CPC, que dedica um capítulo inteiro a essas normas (artigos 1 a 12, CPC). Nos casos de mera repetição do texto constitucional, o conteúdo normativo será, sempre, constitucional, não infraconstitucional. Há outras normas fundamentais do processo civil brasileiro que não estão consagradas expressamente nos doze primeiros artigos do CPC. Princípios e Normas Fundamentais 1. Princípio do devido processo legal Confere a todo sujeito de direito, no Brasil, o direito fundamental a um processo devido (justo, equitativo, célere etc.). Esse princípio significa a possibilidade efetiva de a parte ter acesso à Justiça, deduzindo pretensão ou se defendendo do modo mais amplo possível. Sua fundamentação está no inciso LIV do ar.t 5° da CF e determina que “ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal”. A sua importância e tão grande que os demais princípios constitucionais são derivados dele. 2. Princípio da Isonomia ou Igualdade Garante que todas as partes no processo tenham igualdade subjetiva perante a lei. Isto é, tratam os iguais, igualmente e os desiguais, desigualmente. Esse princípio permite que todos os envolvidos em determinada demanda processual tenham igualdade de direitos e deveres. O juiz deve conduzir o processo de maneira que garanta a igualdade das partes, dando-lhes as mesmas oportunidades de manifestação. Previsto no: Art.7° do CPC é assegurada as partes paridade de tratamento em relação ao exercício de direitos e faculdades processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres e a aplicação de sanções processuais, competindo ao juiz zelar pelo efetivo contraditório. Art.5°, caput, da CF é a fonte normativa do princípio da igualdade processual. 3. Princípio do Contraditório e da ampla defesa É garantido o direito de defesa para todas as pessoas, físicas ou jurídicas, envolvidas em processos judiciais. Confere proteção aos direitos das partes, ao longo dos tramites processuais. O contraditório exige que se de ciência ao réu da existência do processo, e as partes, dos atos que nele são praticados. As partes tem o direito de ser ouvidas e de expor ao julgamento sua argumentação. Previstos no: Art.9° do CPC não proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida. Art.10° do CPC o Juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado as partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício. Art.5° da CF, inciso LV aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes. 4. Princípio da Publicidade Determina que todos os atos processuais devem ser informados aos envolvidos e aos seus respectivos procuradores. Pode-se dizer que ele é um complemento ao princípio do contraditório e da ampla defesa, na medida que as partes precisam ter conhecimento dos atos processuais para apresentarem as suas defesas. A publicidade é necessária para que a sociedade possa fiscalizar seus juízes. Preserva-se com isso o direito a informação. Quando houver interesse público envolvido ou quando a divulgação possa trazer danos as partes, justifica-se a imposição de restrições a publicidade, que não se aplicam as partes do processo e a seus procuradores. Previsto no: Art.8° do CPC ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e as exigências do bem comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência. Art.11° do CPC todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade. Art.5°, inciso LX da CF a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem. 5. Princípio do Direito de Ação Pode ser chamado também de princípio de acesso à justiça ou de inafastabilidade do controle jurisdicional. A Inafastabilidade do controle jurisdicional, proíbe a lei de excluir da apreciação do Judiciário lesão ou ameaça a direito. Garante a todos o acesso à justiça para postular e defender seus interesses por meio do exercício do direito de ação, obtendo pronunciamento judicial. Previsto no: Art.3° do CPC não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito. Art.5° inciso XXXV da CF a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito. 6. Princípio da inadmissão da prova ilícita Proíbe a apresentação, no processo, de provas obtidas por meios ilícitos. Nesse caso, a prova ilícita apresentada não anula o processo, apenas a prova em si. Previsto no: Art.5° inciso LVI são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos. 7. Princípio do duplo grau da jurisdição O duplo grau de jurisdição é decorrente da possibilidade conferida as partes pela Constituição, de propor recurso ao discordarem de determinada decisão. Esse princípio decorre da própria estrutura do judiciário brasileiro. Nele, as ações são ajuizadas em primeira instancia, enquanto os recursos são propostos em segunda instancia. Não há na CF exigência expressa do duplo grau de jurisdição. 8. Princípio do Juiz natural O princípio do juiz natural veta o juízo ou tribunal de exceção, que por sua vez é aquele criado especificamente para julgar determinada demanda. As partes tem a segurança de que terão as suas ações julgadas por órgãos preexistentes e por seus respectivos membros, devidamente investidos nessa função. 9. Princípio da fundamentação das decisões judiciais Esse princípio determina que todas as decisões judiciais devem ser fundamentadas, sob pena de nulidade. Isso significa que, na decisão proferida pelo Judiciário, devem estar explicitados todos os fatos e os fundamentos que a motivaram. 10. Princípio da Celeridade Pretende-se chegar ao resultado, com o menor número de atos possíveis. Ademais, a realização do processo célere não é voltada tão somente para a certificação do direito, ou seja, para a sentença, mas para a efetivação e satisfação do direito reconhecido de forma que se fala expressamente em “solução integral de mérito” em tempo razoável. Registre-se que celeridade não indica rapidez, mas a efetiva sucessão de atos processuais no tempo devido. Previsto no: Art.5° inciso LXXVIII da CF a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. 11. Princípio da Efetividade A efetividade é definida como a capacidade de produzir efeitos. Logo, o princípio que leva esse nome estimula o Judiciário a proferir decisões que sejam efetivas às partes. 12. Princípio da Inércia da Jurisdição (Impulso oficial) Após o ajuizamento da ação, cabe ao juiz dar continuidade ao procedimento, em cada uma de suas etapas, até aconclusão. Assim, temos um sistema processual misto, com destaque para o princípio dispositivo, na medida em que o Juiz poderá atuar apenas para produção de provas no processo e para conduzi-lo ao final, ou seja, à decisão final de mérito e à satisfação do direito Previsto no: Art.2° do CPC começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial. 13. Princípio da Boa-fé processual A boa-fé está associada à lealdade processual e à necessidade de respeito a todos aqueles que participam do processo. Previsto no: Art.5° do CPC aquele que de qualquer forma participa do processo deve comportar-se de acordo com a boa-fé. 14. Princípio da Cooperação Postula por um equilíbrio, sem preponderância das partes ou do magistrado. Na realidade todos os envolvidos no processo (partes, juiz, testemunhas, peritos, servidores, advogados) devem atuar de forma cooperativa, em respeito às regras de lealdade. Previsto no: Art.6° do CPC todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva. 15. Princípio da Primazia da decisão de mérito Além do princípio da duração razoável, pode-se construir do texto normativo também o princípio da primazia do julgamento do mérito, valendo dizer que as regras processuais que regem o processo civil brasileiro devem balizar-se pela preferência, pela precedência, pela prioridade, pelo primado da análise ou do julgamento do mérito. O juiz deve, sempre que possível, superar os vícios, estimulando, viabilizando e permitindo sua correção ou sanação, a fim de que possa efetivamente examinar o mérito e resolver o conflito posto pelas partes. O princípio da primazia do exame do mérito abrange a instrumentalidade das formas, estimulando a correção ou sanação de vícios, bem como o aproveitamento dos atos processuais, com a colaboração mútua das partes e do juiz para que se viabilize a apreciação do mérito. Previsto no: Art.4° do CPC As partes tem o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a atividade satisfativa.
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