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Investigação da etiologia da diminuição do consumo de alimentos PANCs nas comunidades rurais de Cruz das Almas- BA

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TÍTULO: Discussão e investigação da etiologia da diminuição do consumo de alimentos 
PANC’s nas comunidades rurais de Cruz das Almas- BA 
AUTORES: Djavan Oiteiro; Gabriele Vieira; Monique Santos e Thaiane Almeida. 
PROBLEMA: 
As plantas comestíveis amplamente conhecidas e que estamos mais habituados são denominadas 
plantas alimentícias convencionais. As plantas comestíveis que a maioria das pessoas não 
conhecem, não produzem ou consomem são denominadas Plantas Alimentícias Não 
Convencionais, ou PANC. De todas as plantas comestíveis que existem, conhecemos e 
produzimos apenas uma pequena parcela. O interesse em conhecer, usar e cultivar as espécies de 
PANC´s tem se perdido, partindo de um tempo em que eram muito consumidas e valorizadas 
para o tempo presente em que são tratadas com desdenho pela maior parte da população e 
principalmente pelos mais jovens que muita das vezes nunca consumiu ou consume de forma 
esporádica. 
Nessas últimas décadas um fenômeno constatado é a falta de diversidades de plantas alimentícias 
nos estabelecimentos comerciais, em que existe uma desvalorização das plantas não 
convencionais (PANC´s) e nativas e um domínio das plantas convencionais e estrangeiras. 
Nestes estabelecimentos também acontece uma padronização de plantas alimentícias 
convencionais, em que praticamente os mesmos alimentos se repetem em todos estabelecimentos 
comercias, deixando a população com pouca escolha, tornando a dieta cada vez mais restrita e 
pobre, nutricionalmente. Segundo as Organizações das Nações Unidas para Agricultura e 
Alimentação (FAO, na sigla em inglês), apenas 15 espécies cultivadas respondem atualmente 
por 90% da alimentação mundial, com apenas três delas (arroz, milho e trigo) representando dois 
terços do total (PETERSEN, 2016). 
Este é um grave problema atual, no qual o conhecimento o cultivo e o uso das PANC´s vêm 
sendo ameaçados de serem esquecidos. Sendo assim, o estudo se trata de uma crítica ao novo 
estilo de vida alimentar das pessoas, em que a desvalorização das PANC´s fez com que as 
pessoas deixassem os hábitos alimentares saudáveis em troca de uma alimentação mais restritiva 
e de poucos nutrientes. 
JUSTIFICATIVA: 
Segundo a FAO, até o ano de 2050 a população mundial será de 9,1 bilhões de pessoas. Espera-
se que até a metade desse século a produção alimentícia tenha que aumentar 70% para dar 
resposta ao previsível aumento da procura por alimentos. No entanto, segundo o relatório, o 
aumento da produção alimentícia não será suficiente para à segurança alimentar caso não haja 
outras intervenções como o combate à pobreza. No entanto, esta publicação cita que as 
maximizações de alimentos diferentes podem contribuir para diversificação alimentar 
(DUARTE, 2017). 
Previsto esse aumento da população mundial, seria lógico pensar que ao aumentar a quantidade 
de pessoas deve-se também aumentar a produção de alimentos, porém é uma teoria um tanto que 
equivocada achar que o problema será solucionado apenas com o aumento da produção 
alimentar, em que varias outras problemáticas podem surgir com esse aumento de produção, 
como o aumento do desmatamento, o aumento da utilização de agrotóxicos, dentre outros 
fatores. A fome não é justificada apenas pela falta de alimento ou má distribuição e sim à 
deficiência do conhecimento sobre as espécies e seus potenciais de uso (DUARTE, 2017). 
Para o combate a fome uma das propostas é diversificar os alimentos. Para muitos, os insetos 
não são uma opção, sobretudo por questões culturais e pela sua aparência e textura, por isso uma 
das propostas plausíveis para solucionar esse problema seria difundir melhor o conhecimento 
sobre as PANC´s, tal como o seu uso, cultivo e seus valores nutricionais. A introdução de 
plantas alimentícias não convencionais nos cardápios seria uma ótima forma de autonomia e 
segurança alimentar, visto que são plantas que nascem e propagam-se em qualquer ambiente sem 
a necessidade de cultivo, possuem baixo custo ou custo zero, e não necessitam de nenhuma 
forma de cuidados especiais para se desenvolverem, plantas essas que apresentam elevado valor 
nutricional e de sabores exóticos e agradáveis. 
Muitas PANC´s estão sendo esquecidas e já não são mais vistas como alimentos, de modo que 
voltar a consumi-las e debater a respeito é uma forma de evitar que desapareçam do nosso 
cotidiano, ajudando a valorizar as culturas alimentares nas quais essas plantas estão presentes. 
As PANC´s possuem um elevado valor nutricional, que pode contribuir para o combate à fome, 
no entanto precisam de uma melhor divulgação, a nossa pesquisa surge como uma ferramenta 
educativa para informar e promover a obtenção de novos hábitos alimentares e saudáveis. 
As PANC´s são essenciais para a soberania, a segurança alimentar e nutricional dos povos. 
Fomentar o cultivo das espécies PANC´s é de grande serventia ecológica, econômica, nutricional 
e cultural. As PANC´s causam menor impacto ambiental e têm alto poder nutritivo, contendo 
altas taxas de proteínas, além de ser algo de fácil acesso e não ocupam grandes espaços para 
produção. Muitas PANC´s, podendo ocupar espaços onde há pouca insolação, cujo solo não seja 
tão fértil, ou úmido ou seco demais para as culturas convencionais. As PANC, quando cultivadas 
pelos agricultores, ajudam a aproveitar áreas antes improdutivas; por possuírem exigências 
sazonais distintas, trazem uma oferta maior de alimentos ao longo do ano. São espécies mais 
resistentes, são menos afetadas por excesso de chuvas ou por ondas de calor ou frio. 
As PANC devem estar relacionadas com aquilo que o ambiente local pode proporcionar em que 
o interesse não é importar alimentos de longe, e sim maximizar aquilo que pode ser oferecido em 
torno de um certo local, valorizando e preservando a nossa biodiversidade (RANIERI, 2017). 
Variar o cardápio significa, antes de tudo, provar coisas novas. Esse surpreender com os sabores 
deliciosos que estavam se perdendo. Utilizar as plantas não convencionais amplia nosso 
repertório de gustação e ajuda a criar receitas novas. Uma alimentação diversa e variada traz 
todos os nutrientes que nosso organismo precisa e as PANC são um ótimo caminho para uma 
alimentação adequada, saudável e responsável. 
Se alimentar das PANC´s significa reconhecer espécies nativas cujo uso está desaparecendo e 
valorizar a nossa biodiversidade. Muitas plantas não convencionais, por sua resistência e 
produção variada, garantem um alimento saudável, disponível o ano todo e sem grande custo. 
OBJETIVOS: 
O presente trabalho tem como objetivo geral investigar a etiologia da diminuição do consumo de 
alimentos PANC’s e sua consequente desvalorização, em decorrência da substituição desses por 
alimentos convencionais, resultando em cardápios cada vez mais pobres nutricionalmente, além 
de promover uma discussão sobre a importância das PANC’s na variabilidade do cardápio 
alimentar, bem como suas aplicações nutricionais. 
Constituem-se como objetivos específicos: 
 Verificar a origem dos alimentos utilizados pelos moradores das comunidades: Vila 
Guaxinim, Comunidade da Linha e Sapucaia. 
 Realizar um levantamento de quais tipos de plantas alimentícias não convencionais 
eram/são utilizadas pelos moradores das comunidades de Cruz das Almas-BA; 
 Proporcionar conhecimentos sobre as aplicações nutricionais das PANCs; 
 Proporcionar uma reflexão sobre hábitos alimentares mais saudáveis; 
 Despertar o interesse pelo cultivo de plantas alimentícias não convencionais; 
 Apresentar os conhecimentos fundamentais sobre as PANCs. 
METODOLOGIA: 
Para elaboração deste trabalho, realizamos uma pesquisa de campo, na qual foram 
levantadas informações junto a alguns moradores das comunidades rurais da Sapucaia, 
Vila Guaxinim e Comunidade da Linha, localizadas na cidade de Cruz das Almas-BA e 
situadas no entorno da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB). Ressalta-
se que ascomunidades da Linha e Vila Guaxinim caracterizadas como remanescentes de 
quilombo. As entrevistas foram realizadas entre maio e junho de 2019. Os locais 
selecionados contêm pequenos agricultores que comercializam seus produtos na feira 
livre de Cruz das Almas-BA. O intuito de realizar as entrevistas com os moradores das 
comunidades rurais relaciona-se com os seus hábitos de vida, em que o maior contato 
com a terra e a produção agrícola faz com que detenham um conhecimento mais amplo 
sobre plantas do que os moradores da zona urbana. 
 
Entrevista 
Para o levantamento das informações utilizamos a técnica de amostragem, com 
aplicação de um questionário com perguntas pré-elaboradas na forma de entrevista. A 
escolha dos entrevistados se deu de forma aleatória. 
O questionário é composto por oito questões subjetivas e foi dividido em duas partes. A 
primeira parte é composta por quatro questões investigativas a fim de conhecer o 
cardápio alimentar dos entrevistados nas principais refeições diárias, buscando averiguar 
a origem desses alimentos. A segunda parte do questionário é composta por quatro 
questões, as quais: 1. Refere-se ao conhecimento sobre os alimentos PANC’s; 2. Dispõe 
de uma tabela com alguns tipos de plantas (PANCs) com nome popular, no intuito de 
identificar os alimentos PANC’s que já foram ou são consumidos nas comunidades; 3. 
Relatar como esses alimentos eram consumidos; 4. Explicar o motivo pelo qual parou 
de consumir esses alimentos. 
A entrevista foi baseada em um dialogo informal com os moradores o qual foi gravado 
com um aparelho celular. 
 
Analise dos dados 
Os dados obtidos nas entrevistas foram analisados e passados ao programa Excel, a fim 
de serem tabulados e apresentados em forma de gráficos e tabelas para melhor 
compreensão. 
RESULTADO E DISCUSSÃO: 
Foram entrevistados 15 moradores nativos das comunidades citadas, sendo 7 residentes na 
comunidade rural Sapucaia e os demais (8) distribuídos nas comunidades quilombolas: Linha e 
Vila Guaxinim. A faixa etária variou entre 28 e 71 anos de idade, sendo a maioria (53%) 
composta por idosos acima de 60 anos. 
A primeira parte do questionário foi para averiguar a possível existência de alimentos PANC’s no 
cotidiano dessas pessoas. 
Foi constatado que todos os entrevistados têm uma alimentação básica baseada em alimentos 
convencionais, porém com cardápios que aparentam ser saudáveis e nutritivos, principalmente os 
referentes a almoço. De acordo com o MEC (Brasil, 2009), para um cardápio ser considerado 
saudável também é levado em conta o princípio da variedade de alimentos nas refeições diárias, o 
qual pode ser observado nas falas: 
- arroz, feijão, legumes, frutas. No café da manhã frutas, depois 
completo com pão e café. De noite as vezes a gente janta, as vezes 
toma café. (Entrevistado número 11) 
-só bebo um café de manhã... aqui em casa come pão ou bolacha. 
No almoço a gente come arroz e feijão, verdura, que eu gosto de 
todas...todas as folhas eu gosto, e carne, eu como de tudo. 
(Entrevistado número 15) 
Pode-se perceber que todos os entrevistados descrevem o mesmo hábito alimentar nas refeições 
diárias, assemelhando-se também aos hábitos alimentares das pessoas que moram na cidade, e os 
alimentos citados são comuns em supermercados. Isso explica o fato de 73% responderem que 
nenhum dos alimentos consumidos, cotidianamente, seja diferente do que as pessoas da cidade 
geralmente comem, ou seja, para eles não há alimentação diferenciada entre a zona rural e a zona 
urbana (Figura 1). 
Apenas 27% dos entrevistados responderam que alguns alimentos que eles consomem são 
diferentes em comparação com a alimentação das pessoas da cidade. Desses, 50% citaram 
alimentos PANC’s como sendo alimentos diferenciados, entre eles caxixe e folha de batata doce. 
Ao citar alimentos PANC’s, os entrevistados relataram que a maioria das pessoas atualmente não 
consome esses alimentos e que as pessoas que residem na zona urbana não gostam. Os demais 
(50%) citaram produtos orgânicos que são cultivados no quintal como frutas, hortaliças e 
legumes, que apesar de serem alimentos que as pessoas da cidade também tem acesso, são livres 
de agrotóxicos, diferente dos produtos alimentícios vendidos em supermercados que, segundo 
Oliveira (2014), têm apresentado índices cada vez maiores de agrotóxicos, inclusive acima da 
quantidade permitida. 
 
 
Figura 1. Questão 2: “Há algum alimento que é consumido cotidianamente e você acha diferente 
das pessoas da cidade?” 
 
Dos alimentos citados, observa-se que a maioria pode ser encontrada facilmente nos 
supermercados, dessa forma, quando questionados sobre a dificuldade de encontrar algum dos 
alimentos que consomem costumeiramente, 73% responderam que não tem essa dificuldade, pois 
tudo o que consomem provém de supermercados, inclusive produtos orgânicos. Segundo Guivant 
(2003) à medida que a produção e o mercado de alimentos orgânicos foram se expandindo, os 
supermercados passaram a ter um papel dominante de comercialização e as feiras e lojas de 
produtos naturais assumiram papel secundário. 
A excelência na decoração e formas de exposição nas sessões de hortifrúti também são pontos 
chaves para atrair os consumidores (GUINVANT, 2003), todavia, os estudos de Sposito & Abreu 
(2017) mostram que dentre os canais de comercialização de produtos considerados orgânicos, o 
supermercado é o que apresenta menor diversidade (34 itens) e as feiras livre o mais diversificado 
(210 itens). Dos 27% que apontaram dificuldades para encontrar alimentos consumidos 
diariamente em supermercados, 75% citaram alimentos PANC’s, sendo a maioria partes 
alimentícias não convencionais, ou seja, partes comestíveis pouco conhecidas de plantas comuns 
no mercado, como folha de batata doce e folha de abóbora. Segundo Narcisa-Oliveira et al. 
(2018) os alimentos PANC’s são vegetais marginalizados pelo comércio e pela agroindústria, 
sendo dificilmente encontrados em redes de supermercados. 
 
 
Figura 2. Questão 4: “Tem dificuldade de encontrar algum dos alimentos consumidos 
diariamente no supermercado?” 
 
Entre os moradores da zona rural, ao serem questionados sobre o cultivo de seus próprios 
alimentos era esperado que a maioria dos entrevistados responderiam “sim”, o que foi constatado 
na pesquisa, em que 60% dos entrevistados responderam que se alimenta de algo que planta. 
 
 
Figura 3. Questão 4: “Você se alimenta de algo que planta?” 
 
Dos entrevistados, 40 % disseram que não se alimentam do seu plantio. Na verdade, em suas falas 
relataram que não cultivam mais nenhum alimento, mas que já cultivaram antes. Podemos 
perceber então a diminuição do plantio de seus próprios alimentos. Quando questionados dos 
motivos pelos quais pararam de plantar, as falas mais mencionadas foram referentes à idade, pois 
se tratavam de pessoas idosas, e ao surgimento de doenças, as quais comprometeram o trabalho 
no campo. 
A segunda parte do questionário procurou verificar o conhecimento sobre as PANC’s e investigar 
o motivo da diminuição do seu consumo. 
Segundo Assis et al. (2016), a sigla PANC ainda é pouco reconhecida pela maioria das pessoas, 
causando grande estranheza, sobretudo em função de sua sonoridade um tanto peculiar e por isso 
é preciso pronunciar o nome completo: Plantas Alimentícias Não Convencionais. Essa 
informação explica os dados extraídos da pesquisa que mostram que 100% dos entrevistados não 
tem conhecimento pela sigla de alimentos PANC’s. Essa informação pode ser resultado da falta 
de políticas públicas para a inserção destes alimentos na dieta da população (NARCISA-
OLIVEIRA et al., 2018). 
 
Figura 4. Questão 5: “Você sabe o que significa alimentos PANC’s?” 
 
Para dar seguimento ao trabalho foi necessário que houvesse uma explicação do significado da 
sigla PANC. Segundo a conceituação do biólogo, professor e fundador do termo em 2008 
ValdelyFerreira Kinupp, PANC refere-se a todas as plantas ou partes de plantas comestíveis, 
sendo elas espontâneas ou cultivadas, nativas ou exóticas, que não estão incluídas em nosso 
cardápio cotidiano e são dificilmente encontradas no mercado (KELEN et al., 2015). O termo, 
contudo, depende de com quem você está dialogando e se essa planta é ou não convencional para 
ela, pois o que é não convencional para uns pode ser corriqueiro para outros (ASSIS, 2016). 
As PANC’s devem estar relacionadas com aquilo que o ambiente local pode proporcionar 
(RANIERI, 2017). À vista disso, para verificar as plantas alimentícias não convencionais que são 
ou eram consumidas nas comunidades foram feitas pesquisas em sites e artigos da internet de 
algumas PANC’s mais consumidas na região do Recôncavo Baiano, que foram listadas e 
dispostas em uma tabela. A tabela continha apenas os nomes populares das plantas conhecidas na 
região e os dados extraídos estão dispostos a seguir (Tabela 1): 
 
Tabela 1. Alimentos PANC’s do Recôncavo Baiano a relação com seu respectivo consumo. 
PANC’s Consome Já consumiu 
Nunca 
consumiu Total 
Língua de vaca 20% 40% 40% 100% 
Bredo 20% 40% 40% 100% 
Taioba 0% 40% 60% 100% 
Folha de mostarda 13% 27% 47% 100% 
Coentro da índia 67% 27% 7% 100% 
Araruta 27% 13% 60% 100% 
Feijão fava 13% 67% 20% 100% 
Forrageira 0% 0% 100% 100% 
Beldroega 7% 20% 73% 100% 
Palma 7% 40% 53% 100% 
Caxixi 20% 20% 60% 100% 
Folha de umbu-cajá 13% 13% 73% 100% 
Hibisco 20% 13% 67% 100% 
Ora-pro-nobis 0% 0% 100% 100% 
Folha de batata doce 20% 27% 53% 100% 
Mastruz 33% 47% 20% 100% 
Mangalô 47% 47% 7% 100% 
Andu 73% 27% 0% 100% 
FONTE: Autores, 2019. 
 
Os dados coletados mostram que entre os alimentos PANC’s mais consumidos atualmente estão 
as sementes crioulas Mangalô e Andu, 47% e 73% respectivamente. A semente crioula é uma 
variedade desenvolvida e produzida por agricultores familiares, firmados da reforma agraria, 
quilombolas ou indígenas, que são preservadas em bancos de sementes protegidas pelos 
guardiões e são passadas de geração para geração (KIRCHOFF et al., 2017). O Mangalô e o 
Andu são conhecidos como um tipo de feijão e são cultivados por muitas pessoas das 
comunidades. Essas sementes são resistentes e dependem de poucos insumos para sua produção, 
além disso, possuem alto valor nutricional. 
Com um dos valores mais altos, 67% dos entrevistados relatam que ainda consomem Coentro-da-
índia. O Coentro-da-índia é uma especiaria muito usada em temperos e para preparo de pratos, 
principalmente peixes, mas também pode ser servida em chás. A hortaliça tem sido considerada 
como PANC, pois ainda é pouco conhecida e poucas pessoas sabem do seu poder para a saúde. 
As demais plantas mais consumidas atualmente, Mastruz (33%); Araruta (27%); Língua de vaca 
(20%); Bredo (20%) e Hibisco (20%) são plantas espontâneas da região, sendo a maioria PANC’s 
espontâneas. As plantas espontâneas são uma pequena parte de todas PANC’s (RANIERI, 2017). 
20 %, ainda, relataram a ingestão de Caxixi, ou caxi, um legume de sabor característico que por 
não ser uma planta típica da região seu consumo é limitado, pois as pessoas que relataram seu 
consumo compram em outros lugares. 
A Folha da batata doce (20%) é bem conhecida por todos, porém muitos não sabem da sua 
ingestão e sabor. É considerada uma parte alimentícia não convencional, pois o tubérculo dessa 
planta é bastante consumido em diversas regiões do Brasil. A batata-doce possui folhas 
comestíveis, saborosas e amplamente consumidas na Ásia, que podem ser consumidas na salada 
ou refogadas e por seus inúmeros benefícios tem sido alvo de várias receitas na internet 
(RANIERI, 2017). 
Os alimentos “Já consumidos” englobam aqueles que as pessoas consumiram no mínimo uma 
vez, mas que não consomem há algum tempo. Entre esses, o Feijão fava é o mais marcado como 
“já consumi, mas não consumo mais” com 67%. O Feijão-fava faz parte da culinária e da cultura 
brasileira, e é um dos produtos de maior importância para a agricultura e a economia do Brasil, é 
rico em proteínas e além dos humanos também é usado como alimento para animais (UFPI, 
2018). 
Entre as PANC’s já consumidas pelos entrevistados, mas que não consomem atualmente também 
se encontra a Palma (40%), uma cactácea comestível muito utilizada para alimentar gado, porém 
pesquisas estão sendo feitas para que essa planta esteja cada vez mais presente na alimentação 
humana, pois é rica em vitaminas e minerais e devido à adaptação a climas semiáridos pode servir 
como um poderoso alimento para tempos de seca. 
O Mangalô e o Mastruz, ambos com 47%, também estão saindo dos cardápios dos entrevistados. 
O Mastruz é uma planta espontânea muito utilizada na medicina popular, pois suas folhas contêm 
óleos essenciais com propriedades vermífugas, antibióticas, antifúngicas, digestivas, 
antioxidantes, anti-inflamatórias e cicatrizantes (TUA SAÚDE, 2019). 
As plantas espontâneas, Língua de vaca, Taioba e Bredo, ambas com 40%, também ocupam um 
lugar importante nesse dado. Essas plantas vegetam em ambientes pouco adequados para 
hortaliças comuns, são resistentes e conhecidas por muitas pessoas como “mato”. Apesar de não 
estarem muito destacadas nos dados foram as mais mencionadas nas falas dos entrevistados, são 
plantas que todos tinham conhecimento e relatadas muitas vezes como pratos típicos de épocas 
passadas. Antigamente existiam muitos cardápios em que essas plantas eram servidas como 
pratos principais, contudo foram substituídas por plantas convencionais, por exemplo, o caruru 
que é uma comida típica baiana na qual se utilizava Bredo, hoje é preparado usando quiabo em 
seu lugar (ASSIS, 2016). Língua de vaca e Bredo são as plantas mais vistas nos quintais dos 
entrevistados e nos entornos. Ao comparar na Tabela 1 as linhas “consome” e “já consumi” 
observamos uma redução acentuada do consumo dessas plantas. Esses dados são agravantes, uma 
vez que se trata de pessoas que vivem no campo, em comunidades que são destaque na 
agricultura familiar da cidade, e convivem com essas plantas diariamente em seus quintais. 
É possível ver, então, uma diminuição do consumo de alimentos PANC’s pelos moradores das 
comunidades. Segundo Almeida (2017), a saúde da população foi comprometida devido à 
redução do consumo de diferentes espécies de frutas, legumes, verduras, tubérculos e raízes, que 
foram substituídos por alimentos ultraprocessados e excessivamente calóricos. 
Na Tabela 1 é possível observar que há valores bem altos na opção “Nunca Consumiu”, pois 
algumas plantas não eram conhecidas pelos entrevistados. Esse aspecto deve-se a ampla 
variedade de espécies no Recôncavo Baiano, pois esse engloba 33 cidades de climas e solos 
diferentes, sendo assim a biodiversidade de plantas em cada cidade, incluindo as não 
convencionais, é distinta. Dessa forma, várias plantas que foram dispostas na tabela não eram 
nativas da região, portanto eram desconhecidas, explicando o fato de algumas das plantas nunca 
serem consumidas pelos entrevistados. 
A maioria dos alimentos PANC’s são ou eram consumidos cozidos com uma proteína animal 
(carne, frango ou peixe) ou refogados com legumes. Outros, usados como temperos, na medicina 
popular ou no preparo de doces, como sinalizado na Tabela 2. 
 
Tabela 2. Como as PANC’s eram/são consumidas pelas comunidades. 
Modo de consumo das PANC's 
Lingua de vaca Cozido, refogado, legumes e carne 
Bredo Cozido, refogado, legume; caruru 
Taioba Cozido, refogado, legumes; caruru 
Folha de mostarda Cozido, refogado, legumes e carne 
Coentro da índia Tempero para peixes e legumes 
Araruta Mingual da farinha 
Feijão fava Cozido com carne e legumes 
Beldroega Refogado 
Palma Doce 
Caxixe Cozido 
Folha de batata doce Refogado 
Mastruz Medicinal 
Mangalô Cozido, refogado, legumes e carne 
Andú Cozido, refogado, legumes e carne 
FONTE: Autores, 2019. 
 
Podemos observar umavariação na utilização dessas plantas. Para Luz (2015) “não existe muito 
segredo na preparação de receitas com as PANC’s, para começar a incluí-las na alimentação, 
basta achar um substituto para ingredientes da culinária tradicional”. Por exemplo, todas as 
receitas comuns feitas com ingredientes convencionais como espinafre e rúcula podem ser feitas 
com bredo, urtigas. Bolos e pudins podem ser feitos com diversas frutas, raízes ou caules 
tuberosos como se faz com cenoura ou aipim, como recomenda Kinupp. 
Segundo Ranieri (2017), “variar o cardápio significa, antes de tudo, provar coisas novas e se 
surpreender com os sabores deliciosos que estavam se perdendo. Utilizar as plantas não 
convencionais amplia nosso repertório de gustação e ajuda a criar receitas novas”. Uma 
alimentação diversa e variada traz todos os nutrientes que nosso organismo precisa, e as PANC 
são um ótimo caminho para uma alimentação adequada, saudável e responsável (RANIERI, 
2017). 
Além das plantas listadas presentes na tabela, alguns dos entrevistados apontaram outras PANC’s 
como: alfavaca, guaco, begônia, e também partes não convencionais como: brotos e folhas de 
chuchu e abóbora e folhas de quiabo, cenoura e tomate. Ranieri (2017), afirma que os brotos do 
chuchu e da abóbora são usados como hortaliças na Europa, sendo considerada uma iguaria 
também na cozinha caipira, além de serem ricos em vitaminas A, C e E. 
Os moradores relatam que essas PANC’s eram muito consumidas antigamente, mas hoje optam 
por comprar alimentos tradicionais em supermercados ou em feiras. Vemos então a necessidade 
de investigar a etiologia da redução do consumo de alimentos PANC’s pelos moradores das 
comunidades participantes da pesquisa. Os dados extraídos estão expostos na tabela a seguir 
(Tabela 3): 
 
Tabela 3. Motivos da redução do consumo de PANC’s descritos pelos entrevistados 
Motivo pelo qual não consome mais esses alimentos Total 
Encontra tudo que consome no supermercado 6% 
Mudanças nas condições financeiras 12% 
Dificuldade em conciliar afazeres domésticos e, trabalho e plantio 6% 
Tem animais no terreno 6% 
As crianças não gostam 9% 
Os jovens não tem vontade de cuidar da roça 12% 
Dificuldade de encontrar 21% 
Acredita que fazem mal a saúde 3% 
Não planta 6% 
Não sente vontade de comer 6% 
Quem plantava era as gerações anteriores 12% 
FONTE: Autores, 2019. 
 
Com uma porcentagem de 21% a “dificuldade de encontrar” os alimentos PANC’s é o principal 
motivo da diminuição do seu consumo, corroborando com a pesquisa de Narcisa-Oliveira et al. 
(2018), onde mostra que esses alimentos são dificilmente encontrados em redes de supermercados 
e pelo comércio local. “A ausência desses produtos se deve à baixa procura acarretada pelo 
desconhecimento da sociedade sobre o uso alimentar desses vegetais e de seus potenciais 
nutricionais e farmacológicos”, afirma Narcisa-Oliveira et al. (2018). Porém, considerando que 
essas pessoas vivem na zona rural, rodeadas de terras e plantio de pequenos agricultores outros 
motivos devem ser considerados. 
12% das falas mencionam as “mudanças nas condições financeiras” como um motivo para a 
redução da ingestão desses alimentos, segundo elas “antigamente as pessoas não tinham acesso 
aos alimentos, pois não tinham recurso financeiro para comprar comida no mercado, sendo assim 
as pessoas comiam o que tinham”. A falta de condições financeiras conduzia as pessoas a comer 
o que possuíam em seus quintais, quando não achavam frutos comiam as folhas, os caules e 
raízes dessas plantas, todo o recurso que conseguiam era usado para matar a fome. 
No passado, não tão distante, o Brasil tinha altos índices de pobreza extrema e a região Nordeste 
era a mais atingida pela fome e pela seca. Segundo Freitas (2003), “embora o Brasil não seja mais 
considerado um ‘país pobre’, infelizmente, ainda figura dentre aqueles com os maiores índices de 
pobreza e de famintos, sobretudo nos estados do Nordeste”. Na segunda metade do século XX, o 
Brasil teve períodos de grande crescimento econômico, isto não resultou em uma transformação 
na condição financeira das populações mais pobres do país (PINTO, 2005). A melhoria na 
condição de vida e diminuição da pobreza possibilitou o acesso a alimentos vendidos em 
supermercados. Segundo os entrevistados essa mudança de vida começou a acontecer após a 
eleição do Presidente Luiz Inácio (Lula) em 2003. Segundo os autores Tomazini e Leite (2015), 
“a posse representou um ponto de inflexão nas políticas sociais ao colocar a questão do combate à 
pobreza e à fome no Brasil no centro da agenda governamental”. 
Os moradores relatam que “com o advento do Programa Bolsa Família conseguiram sair da 
pobreza extrema e começaram a ter uma vida nova e comer ‘melhor’”. O Programa Bolsa Família 
foi criado com objetivo principal de combater a pobreza no curto prazo, via transferência direta 
de renda, e de aumentar o incentivo à acumulação de capital humano no longo prazo (LEÃO; 
MOREIRA E CUNHA, 2016). De certa maneira o programa contribuiu para a redução tanto da 
pobreza como da desigualdade da distribuição de renda brasileira, como nos estudos de Soares et 
al. (2010). Segundo Abreu & Castanheira, “com o aumento do poder aquisitivo, através do 
Programa do Governo Federal Bolsa Família, famílias de baixa renda passaram pela transição 
nutricional, onde deixam o consumo de alimentos orgânicos para preferir os alimentos 
industrializados ricos em açúcares, químicos e gordura, substituindo o quadro de desnutrição para 
o de obesidade e doenças crônicas não transmissíveis”. 
Percebemos, então, que as mudanças nas condições financeiras provocaram uma mudança 
abrupta no hábito alimentar desses indivíduos, que com a melhoria da renda optaram por 
alimentos convencionais e industrializados vendidos em supermercados, deixando de lado o 
consumo e cultivo das PANC’s, pois essas eram consumidas apenas por falta de opção. 
Outro motivo muito apontado pelos entrevistados foi com relação a indisposição dos jovens em 
cuidar do campo e das plantações (12%), revelando um possível desinteresse da juventude pelo 
meio rural. Conforme Costa & Ralisch (2013) a possibilidade de uma crise na agricultura familiar 
se mostra preocupante na medida em alguns jovens abandonam o campo por não poder ou não 
querer exercer a profissão de agricultor. 
Dos entrevistados, 12% destacaram que o habito de plantar as PANC’s era de gerações anteriores, 
seus antecessores, 6% que encontram tudo que consomem no supermercado e outros 9%, ainda, 
informaram que não preparam esses alimentos porque as crianças não gostam de comer. Esses 
dados evidenciam novamente a desvalorização cultural desses recursos alimentares em 
detrimento do consumo de alimentos convencionais. A desvalorização das culturas alimentícias 
passadas foi apresentada por Kinupp & Lorenzini (2014), como um dos principais motivos para 
não utilização das plantas nativas na alimentação. 
Durante as entrevistas foi possível perceber também que há pouca ou nenhuma comercialização 
das plantas não convencionais pela agricultura familiar, pois algumas falas evidenciam a 
dificuldade de encontrar esses alimentos, além dos supermercados, na feira livre da cidade. A 
baixa procura pode deixar os agricultores receosos quanto ao cultivo e comercialização desses 
alimentos, podendo ser vistos como um atraso. Contudo, conforme destaca Proença et al. (2018) a 
produção e consumo de PANC’s pode ser estratégica para manter a diversidade alimentar, além 
de assumir um papel social de fortalecer a soberania alimentar tanto dos agricultores como dos 
consumidores. Além disso, a utilização plantas alimentícias não convencionais possibilita as 
famílias agricultoras qualidade de vida e geração de renda extra (PROENÇA et al., 2018). 
PROPOSTA INTERVENTIVA: 
Tendo em vista a diminuição do consumo das plantas alimentícias não convencionais e perda do 
interesse emconhecer, cultivar e utilizar estas espécies de plantas na alimentação a nossa 
proposta interventiva vem com o objetivo de incentivar o cultivo e a retomada do consumo das 
mesmas além de debater a respeito para evitar o desaparecimento das PANC’s do nosso 
cotidiano, contribuindo para a valorização da cultura alimentar e aumentar a diversidades de 
plantas alimentícias no cardápio. Uma vez que, o cultivo das espécies PANC´s causam poucos 
impactos ambientais, trazendo benefícios para o meio ambiente, melhorando a economia e 
cultura além de conter altas taxas nutricionais. Para isso, dividiremos a proposta interventiva em 
3 etapas: 1ª etapa será uma intervenção escolar; a 2ª etapa contará com uma exposição 
explicativa na feira livre de Cruz das Almas; a 3ª etapa e última etapa será uma ação no 
restaurante Universitário da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. 
 
1ª etapa: Intervenção na escola 
Observando a falta de conhecimento dos mais jovens acerca das PANC’s, a primeira etapa de 
nossa proposta interventiva consiste em desenvolver atividades dentro da escola para trazer o 
conhecimento a cercar das PANC’s aos estudantes. Sabendo que, as PANC’s possuem diversos 
benefícios para a saúde humana e para o desenvolvimento sustentável do planeta, como: 
contribuir no enriquecimento da alimentação humana tornando-a mais saudável; a não 
necessidade da utilização de agrotóxicos em seu cultivo, que causam diversos problemas a 
saúde; a facilidade de crescerem naturalmente e se desenvolverem em solos com pouco 
nutrientes podendo até ajudar a controlar os problemas de fome no mundo, realizaremos 
propostas em uma escola localizada na cidade de Cruz das Almas - Bahia para proporcionar 
conhecimentos aos estudantes acerca das PANC’s. 
● Primeiro encontro: No primeiro encontro com os estudantes ocorrerá uma conversa 
informal, perguntaremos a eles exemplos de vegetais; quais eles mais consomem e aplicaremos 
um questionário (APÊNDICE A). Após, começaremos a introdução da nossa intervenção através 
de oficinas expondo imagens de PANC’s nativas do nordeste brasileiro e levantaremos 
indagações a respeito do conhecimento ou não das espécies apresentadas e se caso já 
consumiram algumas daquelas espécies. 
● Segundo encontro: O próximo passo contará com a conceituação de PANC’s além de 
demonstrar através de exposições as diferentes espécies existentes no Nordeste que podem estar 
presentes em seus quintais e que muitas vezes são descartadas ao lixo no momento da capinação 
do terreno, pois são vistas como “inútil” ou somente um “matinho”. O intuito deste passo é de 
valorizar o cultivo das PANC’s através da retomada da identidade cultural, ampliando a 
diversidade alimentar uma vez que, as mesmas podem ser utilizadas nos cardápios servidos pela 
escola, oferecendo uma vasta diversidade de nutrientes benéficos a saúde humana. Para tal, 
construiremos uma horta com plantas alimentícias não convencionais na escola, juntamente com 
os discentes a fim de incentivá-los ao plantio das mesmas em suas residências. Todas as plantas 
colhidas serão destinadas ao refeitório escolar e serão utilizadas no preparo de receitas. 
Esta proposta de educação ambiental tem o objetivo de possibilitar ao estudante maior contato 
com a natureza e a proteção da biodiversidade, que se encontra ameaçada com a expansão 
existente na agricultura tradicional, além de resgatar princípios culturais acerca do consumo das 
PANC’s. 
 
2° etapa: Exposição de plantas alimentícias não convencionais 
Segundo Silva et al. (2014) as feiras livres são um complexo de relações sociais e econômicas 
que ocorrem dentro de um determinado espaço público. Dessa forma, montaremos um stand na 
feira livre da cidade de Cruz das Almas – Bahia localizada na Praça do Lavrador. Para a 
confecção desta atividade escolheremos um dia de sábado, pois ente dia é caracterizado por 
intenso movimento de pessoas tanto da zona urbana quanto da zona rural, assim, as pessoas que 
forem a feira livre, serão convidadas a visitarem a nossa barraca, para conhecerem mais sobre as 
PANC’s. Na barraca conterão espécies de plantas alimentícias não convencionais, dando foco as 
plantas que mais foram citadas pelos entrevistados. 
No momento da visitação, iremos distribuir panfletos informativos (APÊNCIDE B) 
confeccionados pela equipe contendo informações importantes sobre as PANC’s 
● Valores nutricionais; 
● Seus benefícios a saúde humana; 
● Os benefícios para o meio ambiente; 
● Exemplos de receitas que utilizam as PANC’s em seu preparo. 
O intuito desta proposta é reavivar e levar conhecimento as pessoas que não conhecem as 
PANC’s incentivando o consumo em geral. A utilização de plantas alimentícias, em particular as 
PANCs, é parte da cultura, identidade e práticas agrícolas em muitas regiões do planeta 
(Voggesser et al., 2013). Dessa forma, é pretendido resgatar a cultura do consumo, bem como a 
prática do cultivo das mesmas. A Universidade ocupa um papel muito importante na mediação 
entre a sociedade e o conhecimento científico produzido. Nos últimos tempos, além do papel de 
ensinar e pesquisar, acrescentou-se às instituições universitárias a função de fazer ações de 
extensão, como sendo uma forma de abertura mais ampla à sociedade (SILVA, 2003). 
Espera-se com esta proposta que dezenas de pessoas tomem conhecimento sobre as PANC’s 
bem como os benefícios de seu consumo, incentivando tanto seu cultivo quanto sua inserção na 
alimentação diária. 
 
3ª etapa: Restaurante Universitário da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia – Campus 
Cruz das Almas 
Tendo em vista que a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia – Campus Cruz das Almas 
conta com estudantes que residirem em diversas áreas da cidade de Cruz das Almas – Bahia e 
também com discentes de cidades circunvizinhas, esta proposta pretende levar os discentes a 
refletirem suas práticas alimentares através da utilização de que vídeos passados no televisor do 
Restaurante Universitário (RU) do campus. 
Iremos ao RU durante uma semana entregar panfletos informativos acerca das PANC’s tanto 
para os estudantes presentes, quanto para os funcionários em geral da Universidade. 
Além disso, contribuir para a conscientização de funcionários que trabalham no restaurante 
universitário. Sugerindo a implementação de PANC’s nos cardápios em um dia da semana. Um 
mês após a inserção, será disponibilizada aos estudantes uma ficha de avaliação correspondente 
ao novo prato do cardápio para que possamos perceber a opinião dos descestes. 
Portanto, este trabalho surge na perspectiva de discutir a importância da educação ambiental em 
diferentes meios, na comunidade externa, na educação básica e na educação superior. Sendo 
assim, o conjunto de ações aqui propostas, visam melhorar a aprendizagem dos alunos sobre o 
tema impactos ambientais, de uma forma mais prática, contextualizada com a realidade em que 
estão inseridos, percebendo, ao mesmo tempo, que fazem parte de um todo inter-relacionado 
(BOFF, 2012). 
CONCLUSÃO: 
Não há uma solução simples para alimentar de forma sustentável mais de 9 bilhões de pessoas 
há, entretanto, alternativas sustentáveis (DUARTE, 2017). As Plantas Alimentícias Não 
Convencionais (PANC’s) são encontradas com facilidade e estão relacionadas com aquilo que o 
ambiente local pode proporcionar. A introdução alimentar dessas plantas nas refeições é uma 
forma de assegurar a autonomia e a segurança alimentar dos povos, visto que são nutritivas, 
oferecem custo reduzido e podem ser consideradas como uma estratégia plausível e sustentável 
para o combate a fome. 
Analisando os resultados obtidos com os entrevistados das comunidades rurais: Sapucaia, Linha 
e Vila Guaxinim foi possível observar uma diminuição gradativa do consumo de Plantas 
Alimentícias Não Convencionais ao longo dos anos, além disso, percebemos que os hábitos 
alimentares dos moradores das comunidades rurais estãose assimilando aos hábitos dos 
moradores da zona urbana, ou seja, uma dieta baseada em alimentos convencionais, industriais, 
processados, transgênicos e importados. 
Ao investigar a etiologia da redução do consumo de alimentos PANC’s pelos moradores das 
comunidades participantes, percebemos que diversos fatores estão envolvidos nesse fenômeno, 
desses citamos com os maiores índices: a dificuldade de encontrar as PANC’s em 
supermercados e em feiras livres; a melhoria nas condições financeiras que possibilitou o acesso 
dessas pessoas a alimentos vendidos em supermercados; a redução do plantio desses alimentos, 
caracterizando a desvalorização das culturas alimentícias passadas; e a falta de interesse dos 
jovens de cuidar da terra. 
 Com esse estudo, percebemos que o conhecimento, o cultivo e o uso das PANC´s vêm sendo 
esquecidos em virtude do abandono dos saberes tradicionais, culturais e locais associados ao 
crescimento da agroindústria e dos processos artificias de produção em grande quantidade, 
causando uma redução da diversidade de plantas que são empregadas na dieta alimentar. 
Devido ao desconhecimento da população sobre as PANC’s notado na pesquisa de campo e a 
dificuldade de encontrar trabalhos na área, sugerimos pesquisas futuras sobre o tema que possam 
oportunizar a expansão do conhecimento, objetivando o resgate da sua valorização. 
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APÊNDICES: 
 
APÊNDICE A – Questionário destinado aos alunos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
APÊNDICE B – Panfleto informativo sobre Plantas Alimentícias Não Convencionais. 
QUESTIONÁRIO 
1. Você sabe o que significa PANC’s? 
( ) SIM ( ) NÃO 
2. Você consome PANC’s? 
( ) SIM ( ) NÃO 
3. Você já consumiu PANC’s e deixou de 
consumir? 
( ) SIM ( ) NÃO 
4. Assinale com um x as plantas que você 
conhece? 
( ) Taioba ( ) Bredo ( ) Beldroega 
( ) Língua de Vaca ( ) Moringa 
( ) Caruru ( ) Mastruz 
5. Qual destas plantas você já consumiu? 
Cite. 
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