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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE RIBEIRÃO PRETO DEPARTAMENTO DE MATERIAIS DENTÁRIOS E PRÓTESE APOSTILA PRÓTESE PARCIAL REMOVÍVEL Prof. Dr. Ricardo Faria Ribeiro (Responsável) Profa. Dra. Maria da Gloria Chiarello de Mattos Profa. Dra. Valéria Oliveira Pagnano de Souza Profa. Dra. Renata Cristina Silveira Rodrigues Ferracioli RIBEIRÃO PRETO 2006 Prótese Parcial Removível – Prof. Dr. Ricardo Faria Ribeiro 1 INTRODUÇÃO À PRÓTESE PARCIAL REMOVÍVEL As Próteses Parciais Removíveis (PPR) são dispositivos protéticos odontológicos que, como o próprio nome diz, podem e devem ser removidos pelos pacientes sempre que estes o desejarem sem sofrer deformações e sem causar problemas aos tecidos orais com os quais se relacionam. Sua finalidade é reabilitar funcional e esteticamente arcadas parcialmente desdentadas. Este tipo de prótese tem enorme alcance social devido ao custo bem inferior em relação às próteses fixas. Assim, constitui dispositivo protético muito utilizado para casos de pacientes parcialmente desdentados, mesmo havendo condição técnica favorável à construção de próteses fixas e/ou implantossuportadas. Podem ser bastante efetivas na recuperação de arcos parcialmente desdentados se planejadas corretamente, mas também podem ter atuação bastante desastrosa em relação ao intuito com o qual foram concebidas quando não são obedecidos os princípios que regem sua indicação e desenho, levando em consideração o envolvimento biológico e mecânico das estruturas que lhe darão suporte quando em uso. Desse modo, o cirurgião-dentista deve ter bons conhecimentos básicos que fundamentem um diagnóstico preciso antes que se proponha a planejar e executar uma PPR. É necessário ressaltar a grande responsabilidade do dentista pelo planejamento e desenho da PPR, pois é ele quem possui condições de avaliar o envolvimento biológico das estruturas que darão suporte ou que se relacionarão intimamente com a prótese. Ao técnico de laboratório cabe realizar, com maestria, as fases laboratoriais em conformidade com o pedido enviado pelo dentista. Prótese Parcial Removível – Prof. Dr. Ricardo Faria Ribeiro 2 Ao reabilitar uma arcada parcialmente desdentada fazendo uso de PPR, os objetivos básicos são: a recuperação da função e da estética perdidas. No entanto, para que tais objetivos sejam realmente alcançados, deve-se ter como objetivo maior a preservação das estruturas orais remanescentes. Se isto não for possível, deixar o paciente sem qualquer tratamento pode ser alternativa menos prejudicial, tornando-se primordial a indicação de profissional com melhores condições de atendimento. O que se deve ter em mente, sempre, é que o principal objetivo a ser alcançado é a preservação dos dentes e tecidos remanescentes da cavidade bucal dos pacientes. Não menos importantes, existem outros objetivos, como: restaurar a função mastigatória, distribuir a carga mastigatória, melhorar a fonética, prover restaurações confortáveis e esteticamente adequadas e, por conseqüência, melhorar a saúde e o bem-estar dos pacientes. - INDICAÇÕES e CONTRA-INDICAÇÕES Na indicação de um determinado tipo de prótese vários fatores devem ser levados em consideração, tais como: saúde geral do paciente, idade, condição específica de saúde oral, situação econômica e aspectos psicológicos. Evidentemente, uma condição fundamental é o conhecimento e a habilidade do profissional na execução do tratamento proposto. De modo geral as PPR estão indicadas nas seguintes situações: 1) em extremidades livres; 2) em casos de espaços protéticos amplos; 3) quando fatores biológicos, técnicos e/ou econômicos impedem a indicação de outras modalidades protéticas. Prótese Parcial Removível – Prof. Dr. Ricardo Faria Ribeiro 3 Outro aspecto a ser considerado para a indicação de uma PPR diz respeito à durabilidade do tratamento quando dentes com prognóstico periodontal duvidoso estão envolvidos. Nesta condição, a PPF, mais cara, está contra-indicada. Embora alguns autores estabeleçam como critério de indicação das PPR a facilidade de higienização que proporcionam, consideramos que tal fato, inegável, não deve ser utilizado como fator de indicação desses dispositivos, haja vista que em qualquer tratamento odontológico a higiene é condição primordial para que se possa estabelecer bom prognóstico, estando fadados ao insucesso todos os tratamentos, por melhores que tenham sido planejados e executados, quando instalados em bocas de higiene precária. Assim, as PPRs constituem o tratamento de escolha nas seguintes situações: 1. extremidades livres uni ou bilaterais; 2. espaços protéticos amplos; 3. dentes com sustentação periodontal reduzida; 4. perda excessiva de tecido ósseo; 5. reposição imediata de dentes anteriores perdidos; 6. como auxiliares nas contenções de fraturas maxilares; 7. para pequenas movimentações ortodônticas; 8. pacientes física e emocionalmente abalados; 9. como próteses provisórias; 10. para proteção durante a osseointegração de implantes; 11. pacientes jovens; 12. por condições econômicas. De modo geral as PPR não têm contra-indicações, mas devem ser usadas com muito cuidado e critério nas seguintes situações: Prótese Parcial Removível – Prof. Dr. Ricardo Faria Ribeiro 4 1. pacientes com problemas motores (artrite reumatóide, p. ex.); 2. pacientes com debilidade mental; 3. pacientes com higiene bucal deficiente; 4. pacientes que têm crises convulsivas (epilépticos, p. ex.). Justificam-se as duas primeiras contra-indicações pela dificuldade em inserir e remover a prótese. Além disso, estas situações potencializam o risco da terceira contra- indicação, talvez a mais importante. Deve-se ter cuidado na indicação de PPRs para pacientes epilépticos, ou que tenham crises convulsivas de qualquer natureza, pois correm risco maior de deglutição da prótese, que pode se soltar do sistema de suporte durante as convulsões. No entanto, se o paciente estiver medicado e sob controle médico adequado, esta pode ser uma situação contornável. - CLASSIFICAÇÃO DAS ARCADAS PARCIALMENTE DESDENTADAS Da simples observação clínica podemos constatar a existência de enorme variação quanto ao aspecto topográfico das arcadas parcialmente desdentadas. Isto trouxe a necessidade de um tipo de classificação dessas ocorrências, facilitando a comunicação entre profissionais da Odontologia (dentista-dentista e dentista-técnico). Vários métodos de classificação foram estabelecidos e, dentre estes, o método de classificação de KENNEDY, complementado pelas regras sugeridas por APPLEGATE, constitui o mais utilizado. A classificação de KENNEDY divide as arcadas parcialmente desdentadas em quatro CLASSES fundamentais que, por sua vez, são divididas por Applegate em subclasses chamadas MODIFICAÇÕES. As classes são representadas por algarismos romanos e as modificações por algarismos arábicos. Prótese Parcial Removível – Prof. Dr. Ricardo Faria Ribeiro 5 Classe I Desdentamento bilateral posterior Classe II Desdentamento unilateral posterior Classe III Desdentamento unilateral com pilar posterior Classe IV Desdentamento anterior cruzando a linha média As regras de Applegate, em número de oito, foram propostas com a finalidade de metodizar a utilização da classificação de Kennedy, evitando o surgimento de situações de classificação duvidosa. São elas: 1) a classificação deve ser realizada após o planejamento do caso, levando em consideração a realização de extrações; 2) se verificamos a ausência de um terceiro molar não levamos em consideração esta área anodôntica, haja vista que está contra-indicada a reposição protética deste dente; 3) o terceiro molar somente é levado em consideração na classificação da arcada quando estápresente e será utilizado como dente pilar; 4) quando o segundo molar estiver ausente e não for prevista a sua reposição, o espaço protético gerado não é considerado para fins de classificação; 5) quando na mesma arcada existirem várias áreas desdentadas, a mais posterior prevalece para efeito de classificação; Prótese Parcial Removível – Prof. Dr. Ricardo Faria Ribeiro 6 6) áreas anodônticas adicionais àquelas que determinam a classificação constituem as chamadas modificações de classe e são indicadas de acordo com o seu número (1, 2, 3, etc.); 7) para a determinação das modificações de uma classe importa o número e não a extensão das áreas anodônticas; 8) a Classe IV não aceita modificações. Qualquer área anodôntica extra constituiria área posterior, portanto, determinante da classificação, passando a área anterior a figurar como uma modificação de classe. Apresentamos, a seguir, exemplos esquemáticos de arcadas parcialmente desdentadas, segundo a classificação de Kennedy/Applegate. Classe I modificações 1 e 2 Classe I modificações 3 e 4 Classe II modificações 1 e 2 Classe II modificações 3 e 4 Classe III modificações 1 e 2 A Classe IV não aceita modificações Prótese Parcial Removível – Prof. Dr. Ricardo Faria Ribeiro 7 Classe III modificações 3 e 4 - ELEMENTOS CONSTITUINTES DAS PPR Didaticamente o estudo da PPR pode ser dividido nos seguintes sistemas: - SISTEMA DE SUPORTE - SISTEMA DE RETENÇÃO - SISTEMA DE CONEXÃO - SISTEMA DE SELA E DENTES ARTIFICIAIS - SISTEMA DE ESTABILIZAÇÃO. A seguir cada um dos sistemas serão abordados individualmente, muito embora devamos ressaltar que devem sempre ser considerados como um conjunto único, INDIVISÍVEL, para o bom funcionamento da reabilitação. SISTEMA DE SUPORTE Constitui a base de sustentação biológica da PPR, ou seja, o conjunto de todas as superfícies, dentadas e/ou desdentadas, sobre as quais a PPR vai estar apoiada. Em função do sistema de suporte as PPR podem ser classificadas em: - DENTOSSUPORTADAS: quando a força é transmitida ao osso alveolar unicamente pelos dentes pilares (Fig. 5); - DENTOMUCOSSUPORTADAS: quando a força é transmitida ao osso alveolar através dos dentes pilares e da região desdentada (Fig. 6). Há autores que admitem uma outra classificação, determinando as PPR MUCODENTOSSUPORTADAS, assim determinadas quando o suporte mucoso predomina sobre o suporte dental. Deste modo o sistema de suporte da PPR é constituído por: * DENTES PILARES * REBORDO RESIDUAL. A) DENTES PILARES É todo dente utilizado como elemento de suporte para a PPR. Devem ser estudados sob o ponto de vista anatômico da parte coronária e fisiopatológico dos periodontos. - Anatomia: Segundo SAIZAR, Prothero considera um dente como sendo constituído anatomicamente por dois cones de bases superpostas. O plano de união, que corresponde ao maior diâmetro da coroa, recebe o nome de equador dental (Fig. 7). Quando se tangencia o dente (A- A’) no seu equador (E-E’) há a formação de um ângulo que recebe o nome de ângulo morto, dentogengival ou de retenção (Fig. 8). Este ângulo determina uma área retentiva no elemento dental, situada abaixo do seu equador. Portanto, quanto mais convexa for a face do dente maior será o ângulo formado e, conseqüentemente, maior será a retenção daquela área. Portanto, para que dentes de diferente convexidade (1 e 2) tenham a mesma quantidade de retenção (X) devemos usar alturas diferentes em suas faces. De um ponto de vista protético, entretanto, o interesse maior recai sobre o equador protético que estabelece a linha de maior contorno levando em consideração a posição relativa do dente na arcada, ou seja, respeitando sua inclinação e a relação com os demais elementos de suporte. Os dentes pilares podem ser avaliados de acordo com: - seu valor qualitativo, que compreende: • a integridade; • o tamanho; • a forma; • a posição da porção coronária; e, - seu valor quantitativo, que depende: • do número e • da distribuição superficial dos dentes remanescentes. A distribuição dos dentes suporte no arco pode ser de três tipos: # PUNTIFORME: quando há apenas um dente remanescente que é aproveitado para o apoio da PPR, apesar do prognóstico desfavorável (Fig. 9); # LINEAR: quando existem dois ou mais elementos pilares distribuídos em linha reta. Esta reta pode ser unilateral (Fig. 10), quando os dentes pilares se localizam em um lado da arcada, ou bilateral (Fig. 11); # SUPERFICIAL: quando há três ou mais dentes pilares distribuídos de maneira que a formar figuras poligonais: triângulo, quadrado, pentágono, hexágono, etc. (Fig. 12). Torna o prognóstico da PPR mais favorável, pois quanto maior o número de elementos pilares e, por conseqüência, a área da figura geométrica formada, maior será a estabilidade, a retenção e o suporte oferecidos à PPR. - Fisiopatologia do periodonto: Os dentes naturais devem apresentar condições de suporte ósseo ideais para serem usados como pilares. Grande porcentagem de pacientes candidatos a tratamentos que indicam a confecção de próteses, porém, pertencem a uma faixa etária na qual as estruturas biológicas de suporte dos dentes naturais se encontram debilitadas por reabsorções, problemas periodontais, etc. Torna-se, então, imperativo que o tratamento seja orientado de maneira a, primeiramente, restaurar estas estruturas de suporte por meio de tratamento periodontal, endodôntico, restaurador, etc. Posteriormente, as próteses devem ser confeccionadas, não somente de maneira a desfrutar de um sistema de suporte saudável, mas, principalmente, contribuindo para a preservação destes elementos, mantendo a normalidade de todas as condições biológicas, biostáticas e funcionais e, conseqüentemente, reintegrando-os ao sistema mastigatório. B) REBORDO ALVEOLAR RESIDUAL É constituído pelo remanescente do processo alveolar e pela fibromucosa que o recobre, caracterizando a região desdentada da arcada. Nas próteses dento-muco- suportadas a crista do rebordo residual constitui a área principal de suporte. As vertentes vestibular (V) e lingual (L) constituem as áreas secundárias de suporte que participam, também, do sistema biológico de estabilização. A fibromucosa que reveste o rebordo residual constitui o meio de transmissão da força mastigatória ao osso alveolar residual. Deste modo, o rebordo alveolar deve ser estudado do ponto de vista da sua consistência, forma e altura. Aspecto fundamental em relação à fibromucosa é a resiliência, definida como a capacidade de sofrer retração, devida a ação de força compressiva, e voltar ao volume inicial quando a carga é removida. - Variações morfológicas do rebordo residual (RR) O relacionamento entre a crista do RR e o plano oclusal é fundamental para que a distribuição da força mastigatória seja perpendicular à sua região principal. Assim, pode ser evitada a formação de cargas laterais sobre a PPR e a decorrente transferência aos dentes pilares. Embora seja impossível eliminar totalmente a incidência de forças laterais sobre os dentes pilares diretos, o controle dos fatores determinantes da instabilidade das PPR reduz estas forças a um mínimo que, quando situado dentro do limite de tolerância fisiológica dos tecidos periodontais, não afeta a atividade biostática dos dentes, que se adaptam à nova situação. Neste aspecto, a PPR dento- suportada, por não utilizar o RR como suporte, é de confecção mais simples e dificilmente cria forças laterais sobre os dentes pilares. Assim, os diferentes tipos anatômicos de RR são estudados com maior ênfase em relação às PPR dentomucossuportadas e aos planos oclusais funcionais idealizados para os dentes artificiais. Este estudo é realizado tanto no sentido mésio-distal(M-D) como no sentido vestíbulo-lingual (V-L). - Tipos de RR quando analisados no sentido M-D: a) paralelo ao plano oclusal: quando a região principal de suporte é paralela ao plano oclusal idealizado para os dentes artificiais da prótese (Fig. 13); b) ascendente para distal: quando a região principal de suporte e o plano oclusal funcional idealizado para os dentes artificiais são convergentes para distal (Fig. 14); c) ascendente para mesial: quando a região principal de suporte e o plano oclusal funcional idealizado para os dentes artificiais são convergentes para mesial (Fig. 15); d) côncavo: quando a região principal de suporte é côncava em relação ao plano oclusal funcional dos dentes artificiais (Fig. 16). - Tipos de RR quando analisados no sentido V-L: a) normal: quando sua secção transversal (osso alveolar residual e fibromucosa) apresenta a forma de um triângulo eqüilátero (Fig. 17); b) alto: quando sua seção transversal apresenta a forma de um triângulo isósceles, em que a base do rebordo é o lado menor (Fig. 18); c) reabsorvido: quando a sua secção transversal apresenta a forma de um triângulo isósceles em que a base do rebordo corresponde ao maior lado do triângulo (Fig. 19); d) estrangulado: quando, em corte transversal, apresenta região “estrangulada” situada entre a base e o ápice (Fig. 20); e) em lâmina de faca: quando, em corte transversal, apresenta a forma de um triângulo em que o ápice. coincidente com o ápice do rebordo, é bastante agudo (Fig. 21). - FIBROMUCOSA Como citado anteriormente, a fibromucosa deve ser examinada levando- se em consideração o grau de resiliência, ou seja, o grau de compressibilidade (sem deformação tecidual) que apresenta, quando sob efeito da força mastigatória. Isto representa a possibilidade da fibromucosa sofrer compressão volumétrica, quando sujeita a forças compressivas, e de voltar à sua conformação e volume iniciais, uma vez cessada a força. Desta forma, analisando a fibromucosa de revestimento, pode-se observar os seguintes tipos de RR: a) dura: a mucosa do rebordo apresenta pouca resiliência; b) compressível: a mucosa do rebordo apresenta resiliência aumentada em relação ao tipo anterior, sem, contudo, apresentar-se facilmente compressível; c) flácida: a mucosa do rebordo apresenta um grau de resiliência bastante aumentado em relação ao compressível. 1 SISTEMA DE RETENÇÃO As PPRs necessitam de elementos que previnam o deslocamento da prótese durante a função, sem que ocorram deslocamentos verticais. Para isso tornam-se imprescindíveis os elementos de que se relacionam com os pilares e resistem aos deslocamentos que são denominados retentores diretos. Para a efetiva retenção da prótese é necessário observar rigorosos critérios de planejamento e confecção dos retentores para minimizar a transmissão de forças lesivas aos dentes pilares bem como aos tecidos de suporte. Existem dois dispositivos utilizados em PPR como retentores diretos: INTRACORONÁRIOS / EXTRACORONÁRIOS. Figura 1. Classificação dos retentores diretos (PHOENIX et al., 2007, modificado). RETENTORES DIRETOS EXTRACORONÁRIOS - GRAMPOS Os grampos são retentores bem mais simples e econômicos que os encaixes ou attachments. Desde que corretamente planejados e executados cumprem de maneira adequada a função para a qual foram propostos, ou seja, impedem o deslocamento da prótese no sentido de sua remoção da boca, ou seja, no sentido vertical. Estes elementos são posicionados externamente à coroa dos dentes pilares e atualmente são obtidos em ligas de cobalto-cromo, as quais apresentam características adequadas, permitindo a confecção de estruturas mais delicadas e de custo bastante reduzido em relação às ligas de ouro, utilizadas no passado. 2 - TIPOS Quanto à técnica de confecção podem ser classificados em: 1) fundidos: quando são obtidos a partir de um padrão de cera ou de plástico (Fig. 2a); 2) forjados: quando são preparados com fios ortodônticos (Fig. 2b); e, 3) combinados: quando são combinadas as duas técnicas anteriores, uma para cada braço do grampo (Fig. 2 - conjunto inferior). Figura 2. Grampo a. fundido b. forjado. De acordo com o desenho podem ser classificados em: 1) circular: aqueles que tem acesso à área de retenção desde uma posição acima do equador protético – (Fig. 3); Figura 3. Grampo circular. 2) barra: aqueles que tem acesso à área de retenção desde uma posição abaixo do equador protético (Fig. 4). Figura 4. Grampo em barra. 3 Equador protético (EP): linha de maior contorno da coroa dental quando considerada proteticamente, ou seja, na posição em que ela se relaciona com os demais dentes da arcada. Difere do equador anatômico, visto anteriormente, que é a linha de maior contorno do dente considerado individualmente. - ELEMENTOS CONSTITUINTES DOS GRAMPOS Para funcionar efetivamente, um braço de retenção deve ser acompanhado de outros elementos estruturais, que quando combinados formam o sistema de grampos. Um sistema de grampos planejados adequadamente possui os seguintes componentes: - BRAÇO DE RETENÇÃO Tem a função de resistir ao deslocamento vertical da prótese, mantendo-a em posição. Assim, deve atingir áreas de retenção, localizadas abaixo do equador protético. Nos grampos circulares o braço retentivo é desenhado de maneira que o terço inicial é rígido, o terço médio é semiflexível, e o terço final é flexível (Fig. 5a). Nos grampos tipo barra a flexibilidade é conferida pelo braço de acesso do grampo e não pela parte do grampo que faz contato com o dente (Fig. 5b). a. b Figura 5. Braço de retenção: a. Grampo tipo circular. B. Grampo tipo barra. (r - rígido, s - semirígido, f - flexível). 4 - BRAÇO DE RECIPROCIDADE Tem a função de se opor às forças laterais geradas, no momento da inserção e remoção da PPR, pelo braço de retenção. Assim, é colocado na face oposta àquela do braço de retenção e é desenhado de maneira a ser rígido em toda a sua extensão. Por isso, deve ser posicionado sempre sem invadir as áreas retentivas do dente pilar, estando no máximo ao nível do equador protético, Fig. 6. Este elemento contribui, quando bem planejado, de forma efetiva para a estabilidade horizontal da PPR. Figura 6. Braço de reciprocidade ou oposição (r-rígido). - APOIO Tem a função de impedir o deslocamento vertical da prótese em direção ocluso-gengival e de transmitir parte ou toda a força mastigatória que incide sobre os dentes artificiais da PPR para os dentes pilares. Contribuem para a estabilização vertical (suporte) da PPR protegendo as papilas gengivais dos dentes pilares do esmagamento, pela sela da prótese, e da impacção alimentar. Podem ser oclusais (Fig. 7), no cíngulo (Fig. 8) e incisais (Fig. 9), sendo que estes últimos são pouco indicados pelo inconveniente estético, uma vez que ficam bem aparentes na vestibular dos dentes anteriores, e porque aumentam o braço de potência da alavanca por estarem mais distantes do centro de rotação do dente, gerando, por isso, maior carga sobre o dente pilar, o que constitui grande desvantagem mecânica. Figura 7. a. Apoio oclusal. b. Nicho oclusal. a b 5 a b Figura 8. a. Apoio no cíngulo. b. Nicho no cíngulo. Figura 9. a. Apoio incisal. A. Apoio incisal. - DESENHOS BÁSICOS DE GRAMPOS - GRAMPO CIRCULAR SIMPLES OU CIRCUNFERENCIAL OU DE ACKERS É o grampo mais utilizado em PPR. Normalmente se origina da superfície proximal do dente pilar adjacente a área anodôntica. O término do braço de retenção relaciona-se com uma retenção distante do espaço desdentado. Geralmente o braço de retenção é desenhado sobre a superfície vestibular do dente pilar (Fig. 10 a), podendo também ser desenhadosobre a face lingual (Fig. 10 b colocar no texto), desde que todas as características do grampo sejam obedecidas. Esta alternativa, porém, pode comprometer a estética pela presença, na face vestibular, do grampo de reciprocidade, mais volumoso e próximo do terço oclusal. Como desvantagens tem o fato de aumentar o contorno da coroa dental e, conseqüentemente, desviar os alimentos do dente, evitando o estímulo fisiológico da gengiva marginal. Além disso, esteticamente é desfavorável para dentes mais anteriores devido à porção inicial, rígida, portanto mais espessa e posicionada acima do equador protético. a b Figura 10. Grampo circular simples ou circunferencial a. braço de retenção na vestibular do dente pilar. b. braço de retenção na lingual do dente pilar. a b 6 - GRAMPO CIRCULAR DE ACESSO INVERTIDO É um tipo de grampo utilizado, sobretudo em dentes inferiores quando o quadrante retentivo está localizado adjacente à área desdentada (Fig. 11) e, pela pouca altura ocluso- gengival do dente, não há espaço suficiente para a colocação de um grampo em forquilha ou curva invertida, a ser visto posteriormente. Está contra-indicado em pré-molares porque a porção mais espessa do grampo estaria extremamente visível, comprometendo a estética do paciente (Fig. 12). Este grampo tem as mesmas características e desenho do grampo circular simples ou circunferencial, diferindo, apenas, pelo posicionamento da extremidade retentiva em relação à área anodôntica. Em função disto os dois grampos podem, indistintamente, ser chamados de grampo circular simples ou circunferencial. Figura 11. Grampo circular de acesso invertido. Figura 12. Grampo circular de acesso invertido. Observe que o braço de retenção cruza a crista marginal mesiovestibular do dente pilar (E) e cruza a superfície vestibular de mesial para distal, buscando a retenção próxima da área anodôntica. Como resultado, o grampo circular de acesso interfere com a estética, não sendo opção de escolha para caninos e pré-molares. - GRAMPO ANELAR É utilizado principalmente nos casos de molares inferiores mesializados que apresentam área retentiva mésio-lingual. São utilizados também em molares superiores com inclinação mésio-vestibular, mas menos freqüentemente. 7 Possui apoios mesial e distal, que conferem maior estabilidade ao grampo e ao dente. A porção vestibular do grampo atua como braço de reciprocidade (Fig. 13). Devido ao comprimento do braço do grampo, um braço adicional, o braço auxiliar é localizado na face vestibular do dente pilar. (Fig. 14). No entanto, isto torna o grampo muito volumoso e cobre uma grande quantidade de estrutura dentária, dificultando a higiene oral. O grampo anelar altera o contorno funcional do dente pilar e pode interferir na eliminação de alimentos da mesa oclusal. Figura 13. Grampo anelar. Figura 14. Grampo anelar com alça auxiliar - GRAMPO EM FORQUILHA OU DE CURVA INVERTIDA Sua principal indicação está nos casos de molares inferiores inclinados mesialmente e que apresentam retenção mésio-vestibular (Fig. 15). Geralmente não é usado nos pré-molares devido ao comprometimento da estética (Fig. 16). Há que se ressaltar a necessidade de que a altura gêngivo-oclusal da coroa seja suficiente para abrigar o contorno duplo do grampo. Outro fator a ser considerado é a grande possibilidade de que ocorram interferências oclusais causadas pelo contorno superior do grampo que, sendo rígido, deve estar acima do equador protético, podendo interferir com a vertente palatina das cúspides vestibulares superiores. A mesma consideração é válida para a porção vestibular do grampo anelar, visto anteriormente. 8 Figura 15. Grampo em forquilha ou curva invertida. Figura 16. Grampo em forquilha ou curva invertida. - GRAMPO GEMINADO OU CIRCULAR DUPLO O desenho mais comum deste tipo de grampo é aquele em que se unem dois grampos circulares simples pelos apoios oclusais e por seus corpos, (Fig. 17); pode, porém, haver variação de desenho para os braços de retenção. É mais freqüentemente utilizado no lado da arcada em que não existe espaço anodôntico. É indicado com freqüência em casos de Classe III e IV de Kennedy, quando não se utilizam retentores nos dentes anteriores, devido a problemas estéticos. Dado o fato de que os dois grampos vão partir de uma região única, interdental, é necessário que além dos nichos oclusais, haja o preparo de canaletas oclusais, tanto por vestibular quanto por lingual para que forneçam espaço necessário para que os apoios oclusais possam ser corretamente posicionados, com espessura suficiente, sem comprometer a resistência do grampo e nem criar interferências oclusais. Figura 17. Grampo geminado Figura 18. Nicho para grampo geminado 9 - GRAMPO HALF-HALF OU MEIO A MEIO É indicado para molares e pré-molares isolados entre dois espaços protéticos intercalares. É constituído por dois conectores, que mantém contato com as proximais do dente pilar, dois apoios oclusais (mesial e distal) e dois braços circulares, um de retenção e outro de reciprocidade, que caminham em sentido opostos (um no sentido mesio-distal e o outro disto- mesial), Fig. 19. a b Figura 19. Grampo “half-half” ou meio a meio em pré molar inferior. A. Vista vestibular. B. Vista oclusal. - GRAMPO TIPO BARRA OU DE ROACH Os mais utilizados são aqueles em forma de T (Fig. 20), 1/2 T ou 7 (Fig. 21), 7 invertido (Fig. 22) e I (Fig. 23). Caracterizam-se por atingirem a área de retenção desde a posição gengival. São mais utilizados, à exceção do grampo em forma de I, em casos de extremidades livres. Esteticamente está indicado para a arcada inferior onde, normalmente, o braço de acesso fica fora da linha do sorriso do paciente. No intuito de melhorar ainda mais a estética pode-se distalizar o braço de acesso do grampo aproveitando a própria convexidade mésio-distal da face vestibular para ocultá-lo. Este posicionamento permite, ainda, evitar áreas de interferência óssea, em função da reabsorção do osso alveolar da área desdentada. Freqüentemente estão contra-indicados em pré-molares superiores, devido ao comprometimento estético gerado pelo braço de acesso, geralmente visível arcada superior. GRAMPO EM BARRA TIPO “T” A denominação está relacionada à forma como o braço de do grampo de retenção, posicionado na vestibular do dente pilar se une ao braço de acesso do grampo. Esta indicado nos casos de Classe I e II de Kennedy quando a retenção é adjacente ao espaço anodôntico. O braço de acesso origina-se a partir de um conector (da rede de retenção para a resina acrílica 10 localizada na região anodôntica). O grampo de reciprocidade ou oposição origina-se do apoio e está localizado na face lingual do dente pilar acima do equador protético (Fig. 20). a b Figura 20. Grampo em barra tipo “T”. a. Observe que o braço de acesso do grampo de retenção sai da rede de retenção se projeta horizontalmente aos tecidos moles, gira verticalmente para cruzar a margem gengival em 90º e toca o pilar no equador protético. O componente retentivo do grampo passa abaixo do equador protético e se encaixa na retenção determinada. b. Vista oclusal em que se observa o sistema de grampo: retenção por vestibular e reciprocidade por lingual, que é igual para todos os grampos tipo barra. GRAMPO EM BARRA TIPO “1/2 T OU 7” E 7 INVERTIDO A mecânica do grampo em barra tipo “T” modificados é bastante similar à do grampo em “T” convencional. Sendo assim, são também indicados para Classe I e II de Kennedy. Para o grampo “1/2 T”, o braço de acesso assume uma posição distal em relação ao componente retentivo do grampo, Fig. 21. Figura 21. Grampo em barra tipo ½ T ou “7”. Para o grampo “7 invertido”, o braço deacesso assume uma posição mesial em relação ao componente retentivo do grampo, Fig. 22. Figura 22. Grampo em barra tipo “7 invertido”. 11 GRAMPO EM BARRA TIPO “I” Assim como os grampos em “T” e “T” modificados, o grampo “I” tem seu nome derivado de sua forma (Fig. 23). O grampo tipo I está contra-indicado nos casos de extremidade livre porque, devido à falta de circunscrição, não confere estabilidade horizontal (no sentido mésio- distal) à prótese. Figura 23. Grampo em barra tipo “I”. Os grampos tipo barra devem ser evitados quando tiver que passar por área de tecidos moles muito retentivas muito apical ao dente pilar devido à possibilidade de acúmulo de resíduos alimentares sob seu braço de acesso, além de causar grande desconforto ao paciente (Fig. 24). Podem ser utilizados também em molares. Figura 24. Área de interferência mucosa interfere com o posicionamento do braço de acesso do grampo de retenção criando zona de acúmulo de alimento e de desconforto ao paciente. - SISTEMA DE GRAMPO EM BARRA TIPO “RPI” Este sistema de grampo é constituído por um apoio mesial no dente pilar (Rest), uma placa proximal estabilizadora (Plate) posicionada na distal do dente pilar num plano guia longo, que se estende até a junção dente/mucosa e um grampo em barra tipo “I” (I), (Fig. 25). Para que o sistema funcione adequadamente é imperativo que todos os componentes do grampo sejam adequadamente planejados e elaborados. Sendo assim, os apoios para os dentes anteriores devem estar alojados em nichos corretamente preparados no cíngulo para que a 12 direção das forças próximas ao centro de rotação do dente pilar para proporcionar a máxima estabilização. Para os dentes posteriores, os apoios devem direcionar as forças no sentido do longo eixo dos dentes pilares. Deste modo, os nichos devem ter uma superfície arredondada para permitir uma articulação universal entre o apoio e o dente. As placas proximais devem cobrir os planos guia da crista marginal à junção do dente/mucosa estendendo-se sobre a gengiva inserida por 2mm. O grampo em barra tipo “I” é longo, afilado. A ponta do grampo localiza-se numa área de retenção ligeiramente mesial, o que permite que a ponta do grampo mova-se passivamente, em direção apical quando uma carga oclusal é aplicada à base da prótese. As vantagens deste grampo: minimizar o acúmulo de alimento em torno do dente; a ponta do dente se move apicalmente sob uma carga oclusal aplicada na base da prótese de extremidade livre; e, devido ao fato do grampo de retenção não tocar o dente pilar, as forças laterais são minimizadas. Por outro lado, algumas desvantagens estão presentes, tais como proporcionar menor estabilidade horizontal que os outros sistemas de grampos; e menor retenção. Figura 25. Grampo RPI. - SISTEMA DE GRAMPO EM BARRA TIPO “RPA” Este grampo é uma modificação do RPI em seu grampo de retenção, pela substituição do grampo em barra tipo “I” por circular simples ou de Ackers (A), Figs. 26 e 27. Indicado quando a área retentiva estiver no terço gengival e distante do espaço da extremidade livre ou quando estiver presente alguma interferência em tecido mole na região apical do dente pilar que impeça o posicionamento correto do braço de acesso do grampo em barra tipo “I”. 13 Figura 26. Grampo RPA. Vista oclusal. Figura 27. Grampo RPA. Vista vestibular. -GRAMPOS ESPECIAIS E/OU MODIFICADOS GRAMPO MDL É indicado para dentes pilares anteriores, também conhecido como em “Y”. Parte de um apoio incisal mesial, contorna a palatina do dente, bem próximo da cervical e termina num apoio incisal distal. Pode estar associado a um apoio no cíngulo, contornando da mesma forma a palatina do dente pilar sem contudo comprometer a estética. Fig. Figura 28. Grampo MDL GRAMPO MDL MODIFICADO É um grampo muito estético, que atua como retenção e reciprocidade ao mesmo tempo. Como o anterior, é indicado para pilar anterior, vizinho a espaços protéticos intercalados. Parte de um apoio incisal (mesial ou distal) contorna a face lingual do dente pilar, bem próximo à cervical, e, ao atingir a outra face proximal, lança um prolongamento rumo a área TODESCAN, 1996 TODESCAN, 1996 14 retentiva do dente pilar, localizada no terço cervical da face vestibular. A porção lingual ou palatina do grampo tem espessura uniforme o que confere rigidez,e atua como braço de reciprocidade. Já o prolongamento vestibular, tem seu diâmetro afilado gradativamente, conferindo flexibilidade e atua como braço de retenção, Fig. Figura 29. Grampo MDL modificado. Vista lingual e vestibular. - CARACTERÍSTICAS DO GRAMPO DESENHADO ADEQUADAMENTE - RETENÇÃO É a propriedade que os grampos devem ter de manter a prótese em posição impedindo que ela saia verticalmente do sistema de suporte durante a função mastigatória, ou seja resistir as forças que atuam para deslocar os componentes em direção oposta aos tecidos de suporte. Nenhum componente do grampo funciona isoladamente. Todos são responsáveis pela retenção da PPR. Sendo assim, deve-se entender que a retenção é dependente de um conjunto de fatores, tais como: a. Flexibilidade do grampo de retenção; b. tipo de grampo; c. convergência axial da superfície do dente abaixo do equador protético Como regra geral, a quantidade de retenção deve ser sempre mínima necessária para resistir razoavelmente às forças de deslocamento de intensidade moderada. Um grampo de retenção rígido, ao se flexionar para ultrapassar o equador protético, gera forças lesivas a um dente pilar durante a inserção e remoção da PPR bem como durante a função, o que leva a falência do sistema de suporte. Conseqüentemente, as características de cada sistema de grampo devem ser adequadamente desenhadas durante a fase do planejamento da PPR. A flexibilidade é condição indispensável do grampo (na extremidade para os grampos circulares e no braço de acesso para os grampos tipo barra) para promover a retenção da PPR, permitindo que o grampo atinja as áreas retentivas dos dentes. 15 É influenciada pelos seguintes fatores: 1) comprimento: quanto maior o comprimento do grampo maior a flexibilidade;. 2) diâmetro: quanto maior o diâmetro do grampo menor a flexibilidade; 3) afilamento: o grampo deve ter afilamento uniforme (tanto o grampo circular como o braço de acesso do grampo tipo barra); 4) forma da secção transversal: os grampos fundidos, de secção transversal em meia cana, têm flexibilidade num só plano, enquanto os forjados, de secção transversal circular, tem flexibilidade em qualquer plano; 5) material: as propriedades metalúrgicas das ligas metálicas odontológicas influenciam a flexibilidade do grampo, de tal modo que ligas com alto módulo de elasticidade possuem maior rigidez, como por ex. as de cobalto-cromo que têm maior módulo de elasticidade que as ligas áuricas, razão pela qual os grampos produzidos com este material são menos flexíveis. - RECIPROCIDADE É a capacidade do grampo de se opor às forças laterais geradas pelo braço de retenção quando de sua passagem pelo equador protético do dente pilar no momento da instalação e da remoção da PPR. 16 Para que haja retenção efetiva, o grampo de retenção deve flexionar-se ao cruzar o equador protético, gerando uma força lateral nociva ao dente pilar. Para anular esta força é imperativo o posicionamento de um componente do sistema do grampo, que seja rígido para resistir à movimentação lateral do dente pilar. Este elemento é denominado reciprocidade. Para que seja efetiva deve haver, no mínimo, contato simultâneo dos braços de retenção e reciprocidade com o dente pilar durante a inserção da prótese no sistema de suporte.- ESTABILIZAÇÃO É a propriedade do sistema de grampo de resistir ao deslocamento da prótese em direção horizontal. Todos os componentes da estrutura que são rígidos e tocam tecidos duros e moles e orientados verticalmente contribuem, à exceção das porções flexíveis do grampo de retenção, Fig. 34. Atam como elementos de estabilização: braço de reciprocidade, ombros do grampo circunferencial e de conectores menores. Grampo circular simples. A e b mostram as partes rígidas que contribuem para a estabilização. - SUPORTE É a propriedade de resistir ao deslocamento da prótese verticalmente no sentido ocluso- gengival (apical). É conferido pelos apoios. Para que o suporte seja efetivo, um apoio deve tocar o dente pilar com o qual se relaciona em uma superfície adequadamente preparada, denominada nicho. 17 - CIRCUNSCRIÇÃO O grampo em seu conjunto (apoio e braços) deve circundar pelo menos 180 o da coroa dental, de modo que não possa ser deslocado do dente quando da incidência de forças. Este abraçamento impede o movimento do dente pilar para fora do sistema de grampo. O abraçamento inadequado pode permitir o movimento ou o escape do dente pilar do sistema de grampos durante o movimento funcional da prótese, gerando força lateral lesiva ao dente. - PASSIVIDADE É a capacidade do sistema de grampo que previne a transmissão de forças lesivas ao dente pilar quando a prótese esta assentada por completo no sistema de suporte (dental e mucoso), momento em que o sistema de grampo deve ser passivo. Ou seja, é a propriedade que garante a inatividade dos elementos do grampo, especialmente do braço de retenção, quando a prótese está instalada e assentada completamente; resulta, pois, que o grampo não exerce função de mola, ficando passivo sobre o dente e só produz carga quando se opõe à saída da prótese do sistema de suporte. - FATORES QUE INFLUENCIAM A ESCOLHA DOS GRAMPOS Vários fatores devem ser levados em consideração para a seleção do grampo a ser utilizado para determinado dente pilar. São eles: APOIO 18 1) o dente sobre o qual ele vai ser instalado (tamanho da coroa, relacionamento oclusal, p. ex.); 2) a face do dente, vestibular ou lingual; 3) a constatação de um periodonto de sustentação reduzido; 4) a estética; 5) o traçado do equador protético, que ao determinar o quadrante de melhor retenção, constitui o fator mais significante a ser considerado no desenho do grampo. Basicamente a face do dente sobre a qual vão ser colocados os grampos pode ser dividida em quatro quadrantes: dois oclusais e dois gengivais, mesiais e distais (Fig. 37). Para a colocação dos grampos os quadrantes oclusais são descartados porque geralmente não oferecem retenção e, mesmo que a apresentassem, comprometeriam enormemente a estética. Figura 37. Face do dente dividida pelo equador protético (Azul –expulsiva, verde – retentiva) Grampos de retenção posicionados em áreas retentivas. - ENCAIXES São retentores constituídos por um sistema macho-fêmea, tipo colchete, que necessita da associação PPR-PPF. Assim, parte do encaixe é colocada na PPR e outra na PPF, sendo que a retenção é obtida pela fricção ou pelo encaixe entre macho e fêmea (Fig. 38). Este tipo de retentor dispensa o uso de grampos, o que confere maior estética às próteses que o utilizam, especialmente quando há dentes anteriores envolvidos. 19 São denominados encaixes de precisão ou attachments quando pré-fabricados, condição em que existe a perfeita justaposição entre macho e fêmea (Figs. 39 a 52); ou encaixes fresados ou de semi-precisão quando produzidos artesanalmente nos laboratórios de prótese. A forma, o tamanho e a mecânica funcional dos encaixes pré-fabricados dependem do fornecedor (há vários tipos) e da aplicação para a qual foram idealizados. Podem ser rígidos, quando não permitem a liberdade de movimentos da PPR, estando indicados para as PPR dento-suportadas; ou semi-rígidos, quando permitem uma liberdade controlada de movimentos para a PPR, estando indicados para PPR dento-muco ou muco- dento-suportadas ( quando o suporte da PPR é predominantemente mucoso ). Uma desvantagem do uso dos encaixes reside no fato da necessidade do emprego de técnicas clínico-laboratoriais mais sofisticadas e de custo elevado, o que, por certo, limita em grande parte a sua indicação. Em razão dessas técnicas mais apuradas sua utilização não constitui um procedimento de execução cotidiana do clínico-geral, sendo necessários treinamento e conhecimentos específicos. Assim, não serão abordados em detalhes nesta etapa do ensino. Figura 38. Encaixe intracoronário de precisão Figura 39. porção fêmea posicionada na PPF Figura 40. Porção macho do encaixe na PPR. 20 Figura 41. Encaixe em ação. SISTEMA DE CONEXÃO Como o próprio nome indica é um sistema destinado à conexão dos diversos elementos estruturais que constituem a PPR. Podendo ser divididos em: - CONECTORES MAIORES - CONECTORES MENORES. - CONECTORES MAIORES Embora a principal função dos conectores maiores seja a de conectar os diversos elementos constituintes da PPR e, por conseqüência, a distribuição de forças, existem diferenças quando se trata de conectores maxilares e mandibulares. Por exemplo: os conectores maiores maxilares podem contribuir também para o suporte da PPR, enquanto os conectores mandibulares não; por outro lado os conectores maiores mandibulares podem contribuir para a retenção indireta da PPR, enquanto os superiores geralmente não. Sendo assim, estudaremos separadamente os conectores superiores e inferiores. A principal característica dos conectores maiores em relação à distribuição de forças é sua rigidez, sem a qual haverá sobrecarga em alguma parte da PPR. - Conectores maiores maxilares - Tipos Normalmente os conectores maiores mais utilizados são: - barra palatina (Fig. 53) - barra palatina dupla ou ântero-posterior (Figs. 54 a 57) - barra palatina em forma de U (Fig. 58) - conector palatino completo (Figs. 59 a 62) - barra suspensa. Há alguns detalhes fundamentais para o correto desenho dos conectores maiores maxilares: 1) a borda do conector deve estar localizada a pelo menos 6 mm da margem gengival; 2) todos os componentes que cruzarem o palato devem fazê-lo em ângulo reto com a linha média; 3) a borda anterior deve estar colocada nos vales entre as rugosidades palatinas; e, 4) todas as bordas devem ser arredondadas. - BARRA PALATINA É o conector maior superior mais utilizado, apresentando uma enorme possibilidade de variação quanto ao seu desenho. Pode ser feito bem estreito, no caso de espaços desdentados pequenos e dento-suportados, ou bem largo, naqueles casos de espaços desdentados mais amplos e que precisam de maior suporte. Portanto a barra será tão larga quanto a área desdentada limitada pelos apoios principais da PPR de modo que tenha, no mínimo, 8 mm de largura. Geralmente é bem aceito pelo paciente e dificilmente interfere com a fonética. Está indicado nas seguintes situações: - para a substituição de apenas um ou dois dentes de cada lado da arcada; - para espaços desdentados limitados por dentes; - quando não há necessidade de suporte mucoso. Ressalte-se que não há limite claro para diferenciar uma barra palatina ampla de um conector palatino completo. Estruturalmente a barra palatina deve ser ampla e delgada a fim de que mantenha a rigidez necessária e que seja confortável ao paciente. A superfície a ser coberta dependerá da extensão do(s) espaço(s) desdentado(s). Os bordos anterior e posterior devem ser arredondados, mantendo contato íntimo com a mucosa sem,no entanto, pressionar estruturas rígidas, como por exemplo: torus palatino ou rafe mediana proeminente. - BARRA PALATINA DUPLA OU ÂNTERO-POSTERIOR É um tipo de conector maior palatino que pouco contribui ao suporte da PPR. Como o próprio nome diz é constituído por uma barra anterior e uma posterior, unidas nas porções laterais. Estruturalmente a barra anterior pode ser ampla e plana, devendo ter de 6 a 8 mm de largura, com seus bordos colocados nas depressões entre as rugas palatinas e não sobre as cristas. As rugosidades devem ser cruzadas sempre que possível em ângulos retos, diminuindo sua cobertura e propiciando o adelgaçamento da estrutura metálica. A barra posterior pode ser colocada o mais posteriormente possível no limite palato duro-palato mole, aumentando o conforto do paciente. Todos os bordos devem ser arredondados para manter íntimo contato com a mucosa, evitando acúmulo de alimentos e a percepção pelo contato com a língua. Para que a abertura na região palatina proporcione realmente um benefício para os tecidos subjacentes, deve ter dimensão de pelo menos 15 mm no sentido antero-posterior. Se esta abertura tiver que ser menor, devemos utilizar uma barra palatina larga ou uma placa palatina. Está indicada: 1) quando os dentes pilares estão muito afastados e não se indica o conector palatino completo; 2) quando há a presença de torus palatino volumoso e inoperável; 3) quando o paciente se recusa a ter cobertura palatina total. Como já foi dito anteriormente é um tipo de conector maior que pouco contribui para o suporte da PPR. - BARRA SUSPENSA A barra suspensa nada mais é do que uma barra antero-posterior modificada, ou seja: a barra anterior é colocada sobre a superfície palatina dos dentes remanescentes correspondentes à sua posição, de modo a evitar a cobertura de tecido mucoso, oferecendo maior conforto ao paciente. É, portanto, imprescindível que os dentes remanescentes tenham altura de coroa clínica compatível, permitindo que a barra tenha largura adequada para que mantenha a necessária rigidez. Da mesma forma é extremamente importante que a higiene do paciente, tanto dos dentes remanescentes como da PPR, seja muito boa. Do contrário, devido à maior intimidade entre a estrutura da PPR com os dentes, o risco de cárie será aumentado enormemente. - BARRA PALATINA EM FORMA DE U O conector maior em forma de U (Fig. 58) geralmente é problemático em relação à rigidez, podendo ser distorcido com certa facilidade pelo paciente quando da higienização da prótese, ou fletir durante o ato mastigatório. Para que isto não venha a ocorrer o conector deve ser o mais amplo (largura mínima de 8 mm em toda a sua extensão) e o menos espesso possível, garantindo assim a característica de rigidez e mantendo o conforto. Os bordos devem ser arredondados e manter íntimo contato com a mucosa palatina. Quando da estabilização de dentes anteriores, deve ser apoiado em nichos devidamente preparados e aliviado da gengiva marginal. Tem as seguintes indicações: - quando há a perda de dentes anteriores; - quando existe um torus palatino que, por sua extensão, impeça a colocação de uma barra na região posterior; - quando os dentes anteriores têm comprometimento periodontal (embora menos freqüentemente). - CONECTOR PALATINO COMPLETO OU PLACA PALATINA É o conector maior superior de escolha quando há a necessidade de maior suporte para a prótese. Deve ser delgado, reproduzindo, no metal, a região das rugosidades palatinas. Pode, também, ser desenhado com alças metálicas na região posterior que servirão como meio de retenção (Figs. 59 e 61) para a resina acrílica a ser adicionada para completá-lo. A utilização desses conectores completos mistos (resina-metal) tem a finalidade de permitir que a prótese possa ser periodicamente reembasada, mantendo satisfatória sua relação com a mucosa palatina, preservando a função de suporte. - Critérios para a seleção: Vários fatores são levados em consideração quando da escolha do conector maior superior ideal para uma PPR, porém o mais importante é a necessidade de suporte. À medida que diminuem os remanescentes dentais ou, mais precisamente, aqueles que podem ser usados como pilares da PPR, maior será a necessidade de utilização do tecido mucoso para o suporte adequado da prótese. Por outro lado, quanto menor a cobertura de tecido mucoso palatino, maior o conforto para o paciente. Como critério básico deve-se sempre prescrever o conector palatino mais simples para o caso em questão, de maneira que se cumpram todos os requisitos necessários, sem tornar a estrutura desconfortável ao paciente. Outros fatores a considerar quando da indicação do conector maior superior são: - Presença de torus palatino Se o torus presente tem pequeno volume, não apresenta retenções ou não é lobulado pode, em alguns casos, ser cobertos pelo conector maior sem problemas. No caso de um torus grande e inoperável, o conector maior deve ser desenhado de maneira que o contorne. - Necessidade de substituição de dentes anteriores Se há a necessidade de substituição de dentes anteriores o conector maior terá que ser desenhado de forma a atingir esta região do sistema de suporte sendo, portanto, diferente daquele usado em uma prótese que só substitui dentes posteriores (Figs, 52 e 53). - Necessidade de retenção indireta Em relação à arcada superior dificilmente o conector maior será utilizado com esta finalidade porque geralmente os elementos de retenção indireta são colocados na região anterior e, neste caso, o espaço disponível, restrito em função das guias anteriores, quase sempre inviabiliza sua colocação. - Necessidade de estabilização de dentes com envolvimento periodontal Nos casos em que estejam presentes dentes com envolvimento periodontal, às vezes é possível alterar o desenho do conector maior de maneira que, pelo contato com os dentes, seja possível estabilizá-los, melhorando o prognóstico da reabilitação. - Fonética Deve-se evitar, sempre que possível, a cobertura da região anterior do palato (rugosidades palatinas), muito importante para a fonética. Se houver necessidade dessa cobertura ela deve ser a mais delgada possível. - Atitude do paciente Pacientes que já usam PPR com pouca cobertura palatina e que agora necessitam de nova prótese com maior área de cobertura, quase sempre devido à necessidade de melhorar o suporte, devem ser devidamente orientados da real necessidade dessa modificação, de maneira a não interferir com a aceitação da nova condição. - CONECTORES MAIORES MANDIBULARES Diferentemente dos conectores maiores superiores, os inferiores não contribuem para o suporte da PPR. Como já foi dito, porém, a maioria dos conectores inferiores desempenha o papel fundamental de retentor indireto. - Tipos: Os conectores maiores mandibulares são: - barra lingual (Figs. 63 a 65) - barra lingual dupla ou de Kennedy (Fig. 64) - placa lingual (Figs. 67 e 68) - placa dental - barra sublingual (Fig. 69) -swinglock. - BARRA LINGUAL Mantendo a conduta anterior de utilizar, sempre que possível, o conector mais simples, a barra lingual assume importância fundamental para a PPR, sendo utilizada na maioria dos casos para arcadas inferiores. É indicada sempre quando não há obstáculo à sua colocação em posição adequada, desempenhando, basicamente, a função de distribuição de forças, não contribuindo para a retenção indireta. Estruturalmente é confeccionada com secção transversal em 1/2 pera. Deve ter pelo menos 4 mm de largura, o bordo superior deve estar afastado da gengiva marginal em 2-3 mm e o bordo inferior não deve interferir com o freio lingual. Portanto, este conector está indicado quando a distância entre a margemgengival e o assoalho da boca é de, pelo menos, 7-8 mm. Em todo o seu contorno é realizado um alívio para que não ocorra o contato com a mucosa, extremamente fina nesta região e sujeita a danos com facilidade. Se isso não for observado, ocorrem lesões extremamente desconfortáveis ao paciente (dor intensa) e, à continuidade do contato, pode haver reabsorção óssea com conseqüente perda dentária. - BARRA LINGUAL DUPLA OU DE KENNEDY É o conector maior de escolha quando imperiosa a necessidade de retenção indireta. Contribui bastante para a estabilidade horizontal da prótese e, por fazer contato com um maior número de dentes, também para a distribuição de forças. Um fator complicador para o seu uso é o grau de apinhamento dos dentes anteriores inferiores, que pode dificultar o seu ajuste perfeito às superfícies linguais. É formada por uma barra lingual convencional mais uma barra superior que percorre o terço médio da face lingual dos dentes anteriores (região dos cíngulos), devendo esta ser suportada em suas extremidades por apoios localizados em nichos definidos. Isto ireduz a possibilidade de geração de cargas indesejáveis sobre os dentes anteriores que poderiam, até, causar uma vestíbulo-versão desses dentes. Estruturalmente a barra lingual é idêntica à barra lingual simples. A barra superior pode ser contínua ou descontínua, naqueles casos onde existem diastemas. - PLACA LINGUAL É uma placa metálica que se extende superiormente acima do cíngulo, mas não mais alto do que o terço médio do dente. Está indicada basicamente nas mesmas situações em que se indica uma barra lingual dupla, apenas diferindo no aspecto de que, pela presença de torus mandibular inoperável, pela existência de inserção de freio lingual muito alta ou por comprometimento periodontal, não haja espaço suficiente para a colocação adequada da barra lingual; isto resulta num espaço muito pequeno entre as barras, e que causa grande desconforto ao paciente devido à retenção de resíduos alimentares. Nos casos de dentes com prognóstico duvidoso, é o conector de escolha porque facilita a adição de retenções que permitam a colocação de dentes artificiais quando há perda de algum elemento dental após a confecção da prótese. Alguns autores fazem restrição quanto ao uso da placa lingual alegando que ela impede o estímulo fisiológico da gengiva marginal e a ação de auto-limpeza promovida pela língua sobre a face lingual dos dentes anteriores. Assim, recomenda-se ao paciente que mantenha boa higiene oral e que retire a prótese da boca por algum período do dia para permitir este estímulo natural. Como para a barra superior da barra lingual dupla, é indispensável o preparo de nichos para apoiar as extremidades da placa. O bordo superior também deve estar posicionado sobre o terço médio da face lingual dos dentes anteriores inferiores e perfeitamente ajustados a estas faces. Recomenda-se, ainda, que no metal se simule o contorno lingual dos dentes, recobertos pela placa, para favorecer a adaptação do paciente. Internamente deve haver um alívio para impedir o contato com a gengiva marginal. Pode ser contínua ou descontínua, quando houver diastemas entre os dentes. - Placa dental É uma modificação da barra dupla de Kennedy onde a espessura e altura da barra deverá ser menor do que as duas partes da barra dupla. Este conector está indicado quando há um espaço reduzido para a colocação de uma barra lingual devido a: - altura do assoalho da boca; - posição do freio lingual; e, - presença de torus mandibular. Por estar localizado na região dos cíngulos dentais este conector exige um mínimo de 4 mm de altura e uma espessura de 2,5 mm, garantindo assim sua rigidez. Existem alguns fatores que limitam a indicação deste conector: - coroas clínicas curtas; - espaços interdentais grandes; - apinhamento dental; - inclinação lingual dos dentes. - Barra sublingual Constitui uma variação da barra lingual, sendo largamente utilizada na Europa. Estruturalmente é similar à barra lingual, apenas sendo colocada em posição inferior. Assim, tem a vantagem de evitar a cobertura das superfícies linguais dos dentes anteriores e estruturas contíguas. É importante para que se possa posicioná-la adequadamente a obtenção de uma moldagem funcional do sulco lingual. Geralmente é bem tolerada pelos pacientes. Bem posicionada e corretamente desenhada proporciona um máximo de rigidez. Está contraindicada quando o sulco lingual é raso. - SWINGLOCK É uma variação do desenho da placa lingual, incorporando uma barra vestibular articulada ligada ao conector maior através de uma dobradiça de um lado e de um fecho (trinco) do outro. O suporte é conseguido por meio do preparo de nichos sobre os dentes naturais remanescentes. A estabilidade e a reciprocidade são efetivadas pela placa lingual. A retenção é proporcionada pelos grampos tipo barra colocados na face vestibular dos dentes remanescentes. É importante ressaltar que numa PPR swinglock não há incidência de forças sobre os dentes quando da inserção ou remoção da prótese, situações nas quais a barra vestibular está sempre aberta. Está indicada nas seguintes situações: - ausência de suportes chaves; - contorno dental desfavorável; - contorno desfavorável dos tecidos moles; - dentes com prognóstico duvidoso. - Critérios para a seleção Como já foi mencionado anteriormente o conector maior mandibular, devido à própria diferença anatômica entre a maxila e a mandíbula, contribui muito pouco com o suporte da PPR. Assim, para garantir a estabilidade da prótese é extremamente importante a utilização da retenção indireta, sendo este o fator fundamental para a seleção do conector maior mandibular. Outros fatores que devem ser considerados para a escolha do conector maior mandibular são: estabilidade horizontal e distribuição de forças, considerações anatômicas, aparência, planejamento preventivo e preferência do paciente. - Retenção indireta Quando se traça uma linha imaginária unindo os pilares mais posteriores de uma PPR forma-se o que chamamos de linha de fulcro, ou seja, um eixo em torno do qual a prótese, quando em função, pode girar, ficando instável. Isto é verificado de maneira evidente quando existem extremidades livres (Classe I e II de Kennedy). - Estabilidade horizontal e distribuição de forças Quanto maior o contato entre o conector e os dentes remanescentes maior será a estabilidade e a distribuição de forças obtida, diminuindo a carga imposta aos dentes pilares. - Considerações anatômicas A presença de um torus mandibular inoperável, a presença de um freio lingual com inserção muito alta ou a falta de espaço para a colocação de uma barra lingual podem levar à necessidade da alteração do desenho do conector maior. - Estética Se existem diastemas entre os dentes anteriores é necessário que se faça a escolha de um conector maior que possa ser ocultado, favorecendo a estética. - Planejamento preventivo Se existem dentes anteriores inferiores com prognóstico duvidoso a indicação de determinado conector maior pode facilitar a substituição deste elemento natural por outro artificial sem a perda da prótese. - Preferência do paciente A preferência do paciente deve ser levada em conta naqueles casos onde se está substituindo uma prótese antiga. Se a prótese antiga, em relação ao conector maior estava satisfazendo ao paciente, é melhor não promover alterações de desenho, a menos que isto seja importante para o resultado do tratamento reabilitador. Se assim for decidido deve-se explicar previamente ao paciente os motivos da necessidade da alteração. - CONECTORES MENORES São componentes rígidos que unem o conector maior às demais partes da estrutura metálica da PPR (apoios, grampos, bases), Fig.70. Para que possam ser rígidos devem ter espessura suficiente sem, no entanto, ter volume que seja desconfortável. Além dessa função básica de ligação com o conector maior desempenham uma função extremamente importante: - transferência de forças funcionais aos dentes e ao restante da estrutura da PPR: todas as forças aplicadas à prótese devem ser distribuídas ao máximo para que cada estrutura seja exigida ao mínimo possível. Assim, a força primariamente aplicada aos dentes artificiais da PPR é dirigida ao dentes pilar mais próximo do local de incidência através do apoio oclusal. Em seguida, através do conector menor que une o apoio ao conector maior, é distribuída ao demais elementos que sustentam a prótese (demais pilares e/ou rebordo alveolar). Da mesma maneira que para os conectores maiores existem regras de desenho que devem ser seguidas para os conectores menores: • não devem ser posicionados contra superfícies convexas dos dentes e sim estar localizados na região de ameias, onde ficarão menos perceptíveis à língua; • devem ter sua região mais larga próximo da união com o conector maior, afilando-se em direção ao contato dental; • quando posicionados entre dois dentes adjacentes devem ser desenhados de maneira que não causam um efeito de cunha ( há a necessidade de um alívio em cera na região mais profunda da ameia ); • entre dois conectores menores adjacentes deve existir um espaço mínimo de 5 mm, prevenindo a impacção alimentar; • devem sempre contactar a superfície dos planos guia auxiliando na individualização da trajetória de inserção da PPR e, pelo atrito com estas paredes axiais dos dentes, melhorar a retenção. Dada a característica de rigidez que apresentam contribuem de maneira inequívoca para a estabilidade da prótese; • devem cruzar os tecidos gengivais sempre em ângulo reto, possibilitando o menor recobrimento possível. Como já foi dito anteriormente, também as redes de retenção das bases da PPR são conectores menores e ficarão totalmente envolvidos pela resina que constituirá a sela. Quando do preparo do modelo para o enceramento da estrutura metálica da PPR, na região correspondente a estas redes, é feito um alívio de cera que, depois, permitirá a prensagem da resina acrílica da sela. Nas PPR de extremidade livre, na área imediatamente posterior ao alívio para a colocação da rede de retenção é confeccionado o que se denomina top tissular. Este top é que vai garantir a posição da rede quando da prensagem da sela, garantindo seu total envolvimento pelo acrílico. Nas regiões em que a sela de acrílico se une ao conector maior devem ser preparadas as chamadas linhas de término que permitirão um acabamento bem definido entre metal e resina, mantendo o volume adequado de resina. onde: 1, 2 e 3- conectores menores para apoios; 4- conector menor para a resina da sela; 5- top tissular; e, - linha de término. O planejamento da utilização de próteses parciais removíveis (PPRs) para a reabilitação oral de um paciente determina, por princípio, a necessidade de que o dispositivo protético seja inserido e removido de sua posição sobre o sistema de suporte, sem que sofra ou cause a esse sistema prejuízos de qualquer ordem. Também, que quando solicitado em função, possa ser mantido em posição e estável, garantindo o sucesso funcional da reabilitação, além de oferecer boa estética. Para chegar a esse resultado satisfatório algumas questões básicas precisam ser compreendidas: - o que é delineamento? Segundo vários autores é o conjunto de procedimentos de diagnóstico que visa obter informações a respeito do padrão, da forma e do contorno dos dentes pilares e tecidos adjacentes. Como procedimento de diagnóstico e fundamental para a PPR é de responsabilidade do cirurgião-dentista, pois constitui uma das etapas do exame do paciente (análise dos modelos de estudo); - por que delinear? Há enorme variação das possíveis combinações de desdentamento parcial. Tal variação acarreta a ocorrência, por várias razões, de dentes remanescentes assimétricos e desiguais, além de rebordos alveolares residuais de anatomia também bastante diversa. Se o objetivo da reabilitação com PPR é devolver ao paciente função e estética, preservando as estruturas remanescentes como condição inquestionável, é fundamental que tais estruturas, dentais ou não, sejam estudadas para possibilitar o melhor desenho à futura prótese; - com que delinear? Para o processo de delineamento é utilizado um instrumento denominado delineador, paralelômetro, tangenciômetro, paralelímetro ou paralelígrafo, responsável pela identificação do paralelismo relativo entre duas ou mais superfícies, dentais ou de estruturas adjacentes. Na construção de uma PPR é utilizado desde as fases mais FO R P -U S P Prótese Parcial Removível – Delineamento – Prof. Dr. Ricardo Faria Ribeiro 2 iniciais (exame e diagnóstico), precedendo o planejamento da prótese, até as fases mais posteriores e complexas, como nos procedimentos de fresagem, posicionamento de encaixes, etc. Sua importância para a PPR pode ser comparada à do articulador semi-ajustável para a Prótese Fixa. O delineador tem sua concepção baseada no princípio geométrico de que todas as perpendiculares a um mesmo plano são paralelas entre si. Há vários tipos de delineador, dos mais simples aos mais complexos, sendo que os mais utilizados são semelhantes ao da Ney Co., dos Estados Unidos. São construídos da seguinte forma: a) delineador propriamente dito => tem uma base plana, da qual parte uma haste vertical fixa. Dessa haste vertical parte um braço horizontal, que pode ser fixo ou móvel, inteiriço ou articulado, em ângulo reto (90º) e que sustenta, na extremidade, uma outra haste FO R P -U S P Prótese Parcial Removível – Delineamento – Prof. Dr. Ricardo Faria Ribeiro 3 vertical, móvel, chamada de haste analisadora. Esta haste vertical móvel é que possibilita a identificação do paralelismo, sendo construída perfeitamente perpendicular à base do delineador e podendo ser movimentada verticalmente até assuma melhor posicionamento em relação às estruturas a serem analisadas. b) Na extremidade inferior desta haste há um mandril ao qual são presas as pontas acessórias, de uso específico: 1) pontas recortadoras de cera: em forma de facas ou cinzéis, são usadas para identificar a melhor trajetória de inserção e remoção da PPR e permitem a realização de alívios que bloquearão áreas retentivas não utilizadas na confecção da PPR, mantendo a trajetória de inserção e remoção definida; 2) porta grafites ou cera: em forma de bainha, expondo apenas um lado da ponta utilizada para marcar o maior contorno dos dentes e outras estruturas; 3) pontas calibradoras de retenção: usadas para identificar e quantificar áreas retentivas para o correto posicionamento das partes responsáveis pela retenção da prótese. São em número de três (03), correspondendo às medidas de retenção horizontal de 0,25mm (0,01”), 0,50mm (0,02”) e 0,75mm (0,03”). FO R P -U S P Prótese Parcial Removível – Delineamento – Prof. Dr. Ricardo Faria Ribeiro 4 c) platina ou mesa porta-modelos: na qual é posicionado o modelo a ser analisado. É constituída basicamente de duas partes: a base e o suporte de modelos, unidas entre si por uma articulação do tipo esferóide ou junta universal, que permite a inclinação do suporte, e conseqüentemente do modelo, para qualquer posição antero-posterior e/ou látero-lateral em relação à haste vertical do delineador. Considerando PPR convencional, é sabido que o posicionamento dos braços de retenção dos grampos em áreas retentivas é que garante a manutenção da prótese em posição sobre o sistema desuporte, quando em função. Também, que conectando estes elementos de retenção há partes da estrutura metálica que são rígidas, não podendo, portanto, ser colocadas em áreas retentivas. Para permitir o correto posicionamento de cada componente da estrutura metálica, durante o processo de delineamento é identificado o traçado do equador protético, definido como a linha de maior contorno do dente pilar quando considerado proteticamente, FO R P -U S P Prótese Parcial Removível – Delineamento – Prof. Dr. Ricardo Faria Ribeiro 5 ou seja, em relação aos demais dentes remanescentes e/ou estruturas adjacentes, e que difere do equador anatômico, que considera cada dente individualmente. O equador divide o dente em duas áreas, uma retentiva, cervical ao traçado, e outra não retentiva ou expulsiva, oclusal ao mesmo traçado. Este traçado do equador protético é obtido pelo tangenciamento das paredes axiais dos dentes pilares com a ponta de grafite ou cera, presas à haste vertical do delineador. Deve-se, sempre, ter o cuidado de posicionar a extremidade da ponta traçadora no nível da região cervical do dente pilar, permitindo o contato apenas de sua lateral contra o dente. Para entender o traçado do equador protético pode-se usar o seguinte raciocínio: a inclinação acentuada de um modelo para o seu lado direito propicia a obtenção de um traçado bem próximo à face oclusal, na face vestibular, e bem próximo à cervical, na face lingual/palatina do dente pilar deste lado. Invertendo a inclinação do modelo para seu lado esquerdo e realizando novo traçado, verifica-se que, na face vestibular, o traçado inicialmente Equador Equador protético FO R P -U S P Prótese Parcial Removível – Delineamento – Prof. Dr. Ricardo Faria Ribeiro 6 oclusal passa a ser cervical, e que na face lingual/palatina, o traçado assume posição próxima à oclusal. Conclui-se, assim, que o traçado do equador protético é resultante da inclinação assumida pelo modelo. FO R P -U S P Prótese Parcial Removível – Delineamento – Prof. Dr. Ricardo Faria Ribeiro 7 O mesmo exercício descrito acima, se analisado com objetivos clínicos permite compreender, com facilidade, que inclinações excessivas do modelo não são satisfatórias devido às grandes discrepâncias observadas de um lado em relação ao outro. Assim, se a cada inclinação do modelo varia o traçado do equador protético obtido, pode-se afirmar que o equador protético somente deve ser identificado quando a trajetória de inserção e remoção for definitiva para o caso em questão, passando a ser, então, o objetivo final do processo de delineamento do modelo de estudo. Se para cada inclinação for feito um traçado, em pouco tempo teremos vários equadores definidos e fica mais difícil identificar o que está efetivamente sendo utilizado. FO R P -U S P Prótese Parcial Removível – Delineamento – Prof. Dr. Ricardo Faria Ribeiro 8 A trajetória de inserção da PPR é a trajetória seguida pela prótese desde o contato inicial da estrutura metálica com os dentes até o assentamento final sobre o sistema de suporte. Com mesma direção, mas em sentido contrário, tem-se a trajetória de remoção. Durante o processo de delineamento a movimentação da haste vertical do delineador representa a trajetória de inserção/remoção dada à prótese. Desse modo, a cada inclinação do modelo também corresponde uma trajetória diferente. Conclui-se, portanto, que o objetivo do processo de delineamento é a definição da trajetória de inserção/remoção para o caso analisado e, por conseqüência, a obtenção do traçado do equador protético. Pergunta-se, então, como definir esta melhor trajetória de inserção/remoção? Recordando a análise experimental citada anteriormente, na qual foram determinadas inclinações acentuadas do modelo de estudo, ora para o lado direito, ora para o lado esquerdo, é possível imaginar que uma determinada inclinação intermediária poderia equalizar o traçado do equador protético obtido. Esta posição intermediária é a que mantém o plano oclusal do modelo perpendicular à haste vertical do delineador. Fica determinada, assim, uma trajetória de inserção perpendicular ao plano oclusal, ou de inclinação zero (em relação ao plano oclusal). Para a determinação do plano oclusal do modelo o método mais utilizado é o de Roach ou dos 3 pontos. Sobre o modelo são determinados, e marcados com uma lapiseira de FO R P -U S P Prótese Parcial Removível – Delineamento – Prof. Dr. Ricardo Faria Ribeiro 9 pontas finas, 3 pontos: um anterior e dois posteriores, distribuídos de forma a determinar um triângulo eqüilátero ou o mais próximo disto. O ponto anterior é determinado na intersecção dos terços incisal e médio dos incisivos centrais superiores e na borda incisal dos incisivos centrais inferiores. Os pontos posteriores, preferencialmente simétricos, podem ser a ponta da cúspide mésio-vestibular do 2º molar, por exemplo. Caso haja a falta de dentes para a determinação dos pontos, esta pode ser feita com base em planos de cera, determinando pontos virtuais que representam o plano protético para a arcada em questão. A orientação deste plano oclusal perpendicular à haste do delineador é obtida quando a ponta analisadora, numa mesma altura, toca os 3 pontos escolhidos, e é feita por tentativa e erro. FO R P -U S P Prótese Parcial Removível – Delineamento – Prof. Dr. Ricardo Faria Ribeiro 10 Imaginando outra situação, na qual houvesse a inclinação no sentido anterior dos dentes remanescentes, o traçado do equador protético obtido sobre os dentes anteriores para uma trajetória de inserção perpendicular ao plano oclusal estaria posicionado próximo à face oclusal/incisal. O posicionamento de elementos retentivos em áreas de retenção adequadamente dosadas, portanto não tão distantes do equador protético, cria um transtorno estético importante. Para contornar este problema estético fica determinado o posicionamento mais cervical do elemento de retenção, o que pode comprometer a função do retentor por superar FO R P -U S P Prótese Parcial Removível – Delineamento – Prof. Dr. Ricardo Faria Ribeiro 11 sua capacidade de flexão, ou mesmo por gerar grande interferência ao assentamento da prótese, já que o conjunto do grampo é passivo. Desse modo, acompanhar a inclinação dos dentes, ou seja, inclinar o modelo para trás, determinando uma trajetória de inserção/remoção inclinada em relação ao plano oclusal, constitui solução mais favorável. A retenção final, determinada pelo posicionamento mais cervical dos retentores, seria até maior que a necessária para manter a prótese em posição. FO R P -U S P Prótese Parcial Removível – Delineamento – Prof. Dr. Ricardo Faria Ribeiro 12 Pode-se determinar, portanto, que a observação de dentes remanescentes com inclinações normais em relação ao plano oclusal favorece a utilização da trajetória de inserção/remoção perpendicular ao plano oclusal ou de inclinação zero. Se os dentes remanescentes tiverem outra disposição, novas trajetórias devem ser analisadas até que se localize a ideal. Outro fator, importantíssimo, a ser considerado, é a existência da chamada trajetória potencial de deslocamento (TPD), sempre perpendicular ao plano oclusal, qualquer que seja a trajetória de inserção/remoção definida para a prótese. Esta trajetória potencial de deslocamento é ativada exatamente no início do movimento de abertura da boca,
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