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Disciplina: Altas Habilidades ou Superdotação Autores: Esp. Paula Maria Ferreira de Faria Revisão de Conteúdos: Esp. Marcelo Alvino da Silva / D.ra Maria Tereza Costa Revisão Ortográfica: Jacqueline Morissugui Cardoso Ano: 2016 Altas Habilidades ou Superdotação ANO 2016 PALAVRA DA INSTITUIÇÃO Caro(a) aluno(a), Seja bem-vindo(a) à Faculdade São Braz! Nossa faculdade está localizada em Curitiba, na Rua Cláudio Chatagnier, nº 112, no Bairro Bacacheri, criada e credenciada pela Portaria nº 299 de 27 de dezembro 2012, oferece cursos de Graduação, Pós-Graduação e Extensão Universitária. A Faculdade assume o compromisso com seus alunos, professores e comunidade de estar sempre sintonizada no objetivo de participar do desenvolvimento do País e de formar não somente bons profissionais, mas também brasileiros conscientes de sua cidadania. Nossos cursos são desenvolvidos por uma equipe multidisciplinar comprometida com a qualidade do conteúdo oferecido, bem como com as ferramentas de aprendizagem: interatividades pedagógicas, avaliações, plantão de dúvidas via telefone, atendimento via internet, emprego de redes sociais e grupos de estudos o que proporciona excelente integração entre professores e estudantes. Bons estudos e conte sempre conosco! Faculdade São Braz Apresentação da disciplina Esta disciplina é parte componente do Curso de Especialização em Educação Especial. Visa apresentar fundamentos e características das Altas Habilidades ou Superdotação (AHSD), que permitam ao profissional da educação identificar, atuar e contribuir com o processo de aprendizagem significativa desse alunado e fornecer importantes subsídios para a identificação e o atendimento a alunos com AHSD. Por isso seu entendimento é fundamental ao profissional da área da Educação, para que possa atuar de forma comprometida e efetiva junto a essa clientela diferenciada que se insere no contexto das instituições escolares. Aula 1 – Altas Habilidades ou Superdotação: Conceito e Características Apresentação da Aula 1 Nesta aula, será abordado o entendimento das Altas Habilidades ou Superdotação (AHSD) conforme a Legislação Brasileira. Serão estudados o conceito de AHSD, bem como as características cognitivas, afetivas e sociais do estudante com AHSD. 1. Altas Habilidades ou Superdotação: Conceito e Características Quando se fala sobre Altas Habilidades ou Superdotação (AHSD), muitas questões emergem: para alguns, o superdotado é um gênio, com desempenho fantástico em uma área específica. Para outros, é um inventor que revoluciona o mudo com suas criações. Pode ser tido como o aluno “perfeito”, destacando- se em tudo, ou uma criança precoce, autodidata que surpreende agindo como um adulto. Em todas essas definições, utilizadas pelo senso comum, percebe- se a presença de um desempenho ou talento que se destaca da média. No entanto a superdotação ainda é vista como um fenômeno raro e desconhecido da maioria, mantendo estereótipos que prejudicam o atendimento e o pleno desenvolvimento da pessoa com Altas Habilidades ou Superdotação no país. 1.1 Conceito e Características O Ministério da Educação (1995) define como portadores de altas habilidades ou superdotação os educandos que apresentam notável desempenho e elevada potencialidade em qualquer um dos seguintes aspectos, isolados ou combinados: capacidade intelectual geral; aptidão acadêmica especifica; pensamento criativo ou produtivo; capacidade de liderança; talento especial para artes; capacidade psicomotora. Dessa forma, nota-se que Superdotados ou pessoas com Altas Habilidades são as pessoas que apresentam um grau de habilidade significativamente maior do que a maioria da população. Em geral, pessoas com Altas Habilidades ou Superdotação (AHSD) apresentam muita facilidade e rapidez para aprender, possuem um elevado grau de criatividade, são muito curiosos, possuem grande capacidade para analisar e resolver problemas, além de possuírem um senso crítico bastante elevado. Para Refletir A terminologia “superdotado” muitas vezes dificulta a inserção da pessoa com AHSD na sociedade, pois o prefixo “super” pode gerar a falsa ideia de que a pessoa possui um padrão de habilidades excepcionais inato. Além disso, gera a comparação com seu oposto, o “não-dotado”, o que estimula ainda mais a segregação. Qual o conceito implícito que o senso comum percebe na expressão “superdotado”? Muitos especialistas têm preferido a utilização de outros termos, sem o termo “superdotados”, evitando assim toda a carga que o prefixo “super” pode impor, definindo-os como pessoas com: altas habilidades; aptidões superiores; alto potencial; talentos especiais. O aluno com AHSD, pode apresentar alto potencial em algumas disciplinas e dificuldade em outras. Atualmente, o Ministério da Educação afirma que os “educandos com Altas Habilidades ou Superdotação são aqueles que apresentam grande facilidade de aprendizagem, que os auxilia ao domínio rápido de conceitos, procedimentos e atitudes” (BRASIL, 2001, S/p.). As altas habilidades podem se apresentar predominantemente em diversas áreas diferentes, considerando as diferentes inteligências do ser humano. De forma ampla afirma-se que a superdotação implica em ser diferente. Segundo Virgolim (1997), a superdotação pode ocorrer em diversas áreas do conhecimento humano em pessoas com diferentes graus de talento, motivação e conhecimento. Algumas pessoas demonstram potencial muito superior em relação à média da população geral em algum campo do conhecimento. Outras demonstram um talento menor, mas o suficiente para destacá-las ao serem comparadas com a população geral. Por isso pode-se dizer que há uma heterogeneidade dentro da área das AHSD, o que muitas vezes dificulta a sua correta identificação (sobretudo às pessoas que não tem conhecimento específico sobre o tema). Sendo assim, pode-se afirmar que AHSD não é apenas aquele indivíduo que acerta todas as atividades na escola; pode ser também o aluno que nem sempre tira a nota máxima, mas que apresenta muita facilidade para desenvolver atividades específicas com qualidade e facilidade acima da maioria das pessoas, em qualquer área. Amplie Seus Estudos SUGESTÃO DE LEITURA Leia o artigo A Criança Superdotada e a Questão da Diferença: um Olhar Sobre Suas Necessidades Emocionais, Sociais e Cognitivas, de autoria de Ângela Magda Rodrigues Virgolim. Disponível no acesso: Fonte: periodicos.unb.br/index.php/linhascriticas/article/download/64 41/5213 Dentre as características gerais mais comumente encontradas em pessoas superdotadas (ALENCAR e FLEITH, 2001, apud BRASIL, 2006, p. 14- 15), destacam-se: Grande curiosidade a respeito de objetos, situações ou eventos, com envolvimento em muitos tipos de atividades exploratórias; Autoiniciativa (tendência a começar sozinho as atividades, a perseguir interesses individuais e a procurar direção própria); Originalidade de expressão oral e escrita, com produção constante de respostas diferentes e ideias não estereotipadas; Talento incomum para expressão em artes, como música, dança, teatro, desenho e outras; Habilidade para apresentar alternativas de soluções, com flexibilidade de pensamento; Abertura para realidade, busca de se manter a par do que o cerca, sagacidade e capacidade de observação; Capacidade de enriquecimento com situações-problema, de seleção de respostas, de busca de soluções para problemas difíceis ou complexos; Capacidade para usar o conhecimento e as informações,na busca de novas associações, combinando elementos, ideias e experiências de forma peculiar; Capacidade de julgamento e avaliação superiores, ponderação e busca de respostas lógicas, percepção de implicações e consequências, facilidade de decisão; Produção de ideias e respostas variadas, gosto pelo aperfeiçoamento das soluções encontradas; Riqueza de expressão verbal (elaboração e fluência de ideias); Habilidade em ver relações entre fatos, informações ou conceitos aparentemente não relacionados; Aprendizado rápido, fácil e eficiente, especialmente no campo de sua habilidade e interesse. Entre as características comportamentais dos alunos com altas habilidades ou superdotação, pode-se ainda ser notado, em alguns casos (ALENCAR e FLEITH, 2001, apud BRASIL, 2006, p. 14-15): Necessidade de definição própria; Capacidade de desenvolver interesses ou habilidades específicas; Interesse no convívio com pessoas de nível intelectual similar; Resolução rápida de dificuldades pessoais; Aborrecimento fácil com a rotina; Busca de originalidade e autenticidade; Capacidade de redefinição e de extrapolação; Espírito crítico, capacidade de análise e síntese; Desejo pelo aperfeiçoamento pessoal, não aceitação de imperfeição no trabalho; Interesse constante por temáticas específicas, com obstinação pela pesquisa; Baixa necessidade de motivação externa para realizar trabalhos que considere estimulantes; Responsabilidade; Fraco interesse por regulamentos e normas; Senso de humor altamente desenvolvido; Alto grau de exigência consigo mesmo; Persistência em satisfazer seus interesses e questões; Sensibilidade às injustiças, tanto em nível pessoal como social; Gosto pela investigação e pela proposição de muitas perguntas; Descuido na escrita, deficiência na ortografia; Impaciência com detalhes e com aprendizagem que requer treinamento; Descuido no completar ou entregar tarefas quando desinteressado. A análise das características das pessoas com AHSD permite afirmar que se trata de um grupo heterogêneo, sendo importante levar em consideração que nem todos os alunos vão apresentar as características listadas anteriormente, sendo algumas mais típicas de uma área do que de outras. 1.2 Definições Legais A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) atual, Lei n.º 9.394 de 20 de dezembro de 1996, apresenta diretrizes acerca do atendimento a crianças e jovens com necessidades educacionais especiais, em especial os alunos com Altas Habilidades ou Superdotação. Apresenta-se, a seguir, uma seleção dos principais trechos onde a LDB se refere à educação de alunos com AHSD. LEI Nº 9.394, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1996 Estabelece as Diretrizes e Bases da educação nacional. Art. 4. O dever do Estado com educação escolar pública será efetivado mediante a garantia de: [...] III - atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, transversal a todos os níveis, etapas e modalidades, preferencialmente na rede regular de ensino; IV - acesso público e gratuito aos ensinos fundamental e médio para todos os que não os concluíram na idade própria (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013). [...] Art. 24. A educação básica, nos níveis fundamental e médio, será organizada de acordo com as seguintes regras comuns: [...] V - a verificação do rendimento escolar observará os seguintes critérios: [...] c) possibilidade de avanço nos cursos e nas séries mediante verificação do aprendizado. [...] Art. 47. Na educação superior, o ano letivo regular, independente do ano civil, tem, no mínimo, duzentos dias de trabalho acadêmico efetivo, excluído o tempo reservado aos exames finais, quando houver. [...] § 2º Os alunos que tenham extraordinário aproveitamento nos estudos, demonstrado por meio de provas e outros instrumentos de avaliação específicos, aplicados por banca examinadora especial, poderão ter abreviada a duração dos seus cursos, de acordo com as normas dos sistemas de ensino. [...] Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. [...] Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação: I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos, para atender às suas necessidades; II - terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar para os superdotados; III - professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns; IV - educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração na vida em sociedade, inclusive condições adequadas para os que não revelarem capacidade de inserção no trabalho competitivo, mediante articulação com os órgãos oficiais afins, bem como para aqueles que apresentam uma habilidade superior nas áreas artística, intelectual ou psicomotora; V - acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais suplementares disponíveis para o respectivo nível do ensino regular. [...] Disponível na integra no acesso: http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/leis/L9394.htm A Lei nº 9394/96 evidencia o dever do Estado de ofertar educação escolar pública para o atendimento aos educandos com Altas Habilidades ou Superdotação, preferencialmente na rede regular de ensino. Refere-se também à possibilidade de avanço nos cursos e nas séries mediante verificação do aprendizado. Ou seja, após a verificação da aprendizagem do conteúdo proposto e avaliação por uma banca especial, o aluno que apresente extraordinário aproveitamento nos estudos pode avançar etapas e séries de ensino. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional determina que a educação especial deve ser oferecida preferencialmente na rede regular de ensino inclusive quando se tratar de alunos com AHSD. Indica o apoio especializado para atender as necessidades específicas dos alunos A Lei n.º 12.796, promulgada em 04 de abril de 2013, trouxe importantes alterações à LDB. Os artigos 4, 58 e 59 referem-se às AHSD. LEI Nº 12.796, DE 04 DE ABRIL DE 2013 Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para dispor sobre a formação dos profissionais da educação e dá outras providências. A PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: [...] Art. 4º O dever do Estado com educação escolar pública será efetivado mediante a garantia de: [...] III - atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, transversal a todos os níveis, etapas e modalidades, preferencialmente na rede regular de ensino; CAPÍTULO I Do Ensino de 1º e 2º graus Art. 9º Os alunos que apresentem deficiências físicas ou mentais, os que se encontrem em atraso considerável quanto à idade regular de matrícula e os superdotados deverão receber tratamento especial, de acordo com as normas fixadas pelos competentes Conselhos de Educação. Disponível na integra no acesso: http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/leis/L5692.htmImportante Uma das alterações evidenciada é a nomenclatura, que passa a incluir o termo “ou”, e os profissionais que atuam na área devem ficar atentos à nova grafia: Altas Habilidades ou Superdotação. Grande parte dos profissionais de educação ainda acredita que a superdotação só pode ser identificada quando o aluno se destaca em uma ou várias áreas, e tem desempenho muito elevado em atividades curriculares; quando apresenta adequação e ajustamento socioemocional, habilidade psicomotora especialmente desenvolvida e um estilo de grande realizador. No entanto esse perfil, embora possa ser encontrado, não representa todo o universo da superdotação. Frequentemente são encontrados alunos curiosos, ativos em procurar respostas para suas dúvidas e questionamentos, que apresentam expressões originais, que evidenciam um desempenho superior em uma ou algumas áreas de conhecimento e possivelmente um desenvolvimento atípico para sua faixa etária. Saiba Mais Para ser considerada superdotada, a criança deve passar por uma avaliação multidisciplinar, que identifica se ela tem habilidade acima do considerado “normal” em uma ou mais áreas de conhecimento (acadêmica, corporal ou criativa/artística). A superdotação deveria ser identificada primeiramente na escola, no entanto, muitas vezes isso não acontece. Não é tão fácil quanto parece identificar uma criança com altas habilidades, pois ela normalmente tem problemas na escola, como falta de interesse, agressividade, arrogância, impaciência, hiperatividade e excesso de autocrítica, explica. Justamente por isso, a capacitação de professores é tão essencial, pois permite quebrar o mito de que o aluno superdotado é aquele que presta atenção em todas as aulas e que só têm notas altas (RIBEIRO, 2006, S/p.). No contexto da sala de aula, o professor tem condições de conviver com muitos alunos, em um ambiente que permite a observação sistemática, prolongada e qualitativa das expressões de habilidades, desempenhos e aptidões. Assim, a partir desse contato cotidiano com os alunos o olhar do professor deve ser capaz de notar as diferenças, que muitas vezes são sutis. Winner (1998), afirma que: Estudantes com uma combinação de dons e dificuldades sofrem na escola, porque são mantidos fora dos programas para superdotados, mas considerados demasiado inteligentes para frequentarem aulas de apoio. Por vezes os professores julgam-nos desmotivados, visto que se distinguem em determinadas aptidões. Este gênero de estudante é, também, suficientemente inteligente, de modo a conseguir que os seus problemas passem frequentemente despercebidos (WINNER, 1998, p.61). Importante Embora essas pessoas possuam grandes vantagens nos processos que abrangem o lado intelectual, como no desempenho em provas escolares, vestibulares e na capacidade criativa, os superdotados podem encontrar algumas dificuldades sociais e de convivência. Muitas crianças superdotadas procuram a companhia de pessoas mais velhas, na tentativa de encontrar parceiros com o mesmo nível intelectual. Além disso, podem ocorrer nestas pessoas, o desencadeamento do medo da não-aceitação social, sintomas de ansiedade, solidão e até mesmo de depressão (DANTAS, 2016, S/p.). Assim, pode-se perceber que muitas vezes os alunos com AHSD passam despercebidos pelos professores, sob uma gama diversa de rótulos (desinteressado, alheio, disperso, etc.), quadro gerado pelo despreparo dos profissionais da educação em reconhecer e atender as reais necessidades desses alunos na escola, posteriormente aproveitá-los no mercado de trabalho. Cabe destacar que o potencial dos alunos com AHSD deve ser estimulado pois são capazes de trazer importantes contribuições não somente ao mundo do trabalho, mas à sociedade como um todo, através de seu notável potencial nas diferentes áreas. Amplie Seus Estudos SUGESTÃO DE LEITUTA Amplie seus conhecimentos lendo Saberes e práticas da inclusão: desenvolvendo competências para o atendimento às necessidades educacionais especiais de alunos com Altas Habilidades/Superdotação, material elaborado pelo MEC, Secretaria de Educação Especial, 2006. Disponível no acesso: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/altashabilidades.pdf . 1.3 Identificação e Avaliação Existem vários tipos de habilidades, as quais classificam as pessoas com Altas Habilidades ou Superdotação. As habilidades podem estar relacionadas com: a área acadêmica (o aluno tira notas altas e possui enorme facilidade em assimilar o conteúdo); a área artística (apresenta grande talento em expressar suas emoções através da música, pintura ou teatro, por exemplo); a área psicomotora (revela alto desempenho em esportes e atividades que requeiram coordenação corporal). Importante Para afirmar que o aluno apresenta AHSD e não é apenas um estudante inteligente e dedicado, é necessário realizar uma avaliação específica de potencial, preferencialmente desenvolvida por uma equipe multidisciplinar, para que se possa ter um panorama abrangente e completo de suas habilidades. É importante destacar que a avaliação realizada não pode mais se restringir aos testes de QI (Quociente de Inteligência), pois somente pessoas com características predominantemente acadêmicas podem ser identificadas através desses instrumentos específicos. Dessa forma, as pessoas que possuem habilidades excepcionais em outas áreas (arte, expressão corporal, musical, etc.), não são identificadas. Por isso, o ideal é que a avaliação seja mais abrangente e envolva não apenas os testes formais, mas também avaliações informais que proporcionem a observação individualizada e específica das diferentes formas de inteligências, em uma avaliação multidisciplinar, que abranja: entrevista inicial com pais ou responsáveis; inventário de interesses; fichas escolares; pesquisa familiar; observação de estilos de aprendizagem e do desenvolvimento demonstrado nos encontros; testes psicológicos (somente pelo psicólogo). Para realizar a avaliação, é necessário inicialmente a identificação, na maioria das vezes realizada na escola, que consiste em perceber nos alunos características específicas condizentes com as AHSD. É fundamental que o professor esteja atento e sensível para que possa reconhecer boas ideias, boa produção, comentários aprofundados e interessantes e complementações ao tema tratado com coerência e conhecimento, elementos que podem revelar um aluno com Altas Habilidades ou Superdotação. Cabe ressaltar que o aluno com AHSD apresenta características funcionais particulares. Não se trata de saber tudo ou aprender sem qualquer mediação, mas sim de uma aprendizagem diferenciada e muitas vezes em menor tempo. Segundo Sabatella (2012), a superdotação não implica em ser melhor ou pior que as demais pessoas; significa apenas ser diferente. Ví deo Assista o filme Lances Inocentes (Searching for Bob Fischer), dirigido por Steven Zaillian, no qual o protagonista do filme revela algumas características de alguns superdotados como: aprender com grande facilidade e apenas com a observação, apresentar um comportamento intenso (brinca e joga ao mesmo tempo), facilidade em relacionar-se com pessoas de diferentes idades. Pode-se notar que, apesar da pouca idade, ele apresenta uma grande integridade, e um olhar profundo e diferenciado da realidade. Link do trailler: https://www.youtube.com/watch?v=M3euqlXooDU Ao perceber características específicas nos alunos, o professor deve observar com atenção e, em caso de suspeita de AHSD, é essencial que seja realizado o encaminhamento para uma avaliação de potencial com equipe multidisciplinar para que possa receber primeiro um diagnóstico adequado e, posteriormente, possa ter atendimento específico dentro de suas potencialidadese área(s) de habilidade. Após o encaminhamento e o diagnóstico, os profissionais que atuam junto às AHSD devem compreender que esses alunos são reconhecidos pela legislação brasileira (LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - 9394/96 revisada pela lei nº12.796, de 2013) como pessoas com necessidades educacionais especiais e, apesar de muitos apresentarem um excelente desempenho escolar, transmitindo a ideia errônea de que “já tem tudo o que precisam”, eles precisam e têm o direito de ser assistidos em suas necessidades específicas. Resumo da Aula 1 Nesta aula definiram-se os conceitos de Altas Habilidades ou Superdotação, conforme determinado pela legislação brasileira. Também foram apresentadas e discutidas as características mais comumente encontradas em pessoas com AHSD, tanto no contexto geral como no ambiente escolar. Atividade de Aprendizagem Cite e explique três características das Altas Habilidades ou Superdotação (AHSD). Aula 2 – Conceito de Inteligência Conforme as Teorias de Sternberg, Gardner e Renzulli Apresentação Aula 2 Nesta aula serão vistas as concepções dos teóricos mais relevantes à área das Altas Habilidades ou Superdotação, estudando as teorias de dois psicólogos que questionaram a conceituação de inteligência e sua forma de medição, trazendo importantes contribuições à definição atual do conceito de inteligência (Howard Gardner, em Harvard, com a Teoria das Inteligências Múltiplas no ano de 1983, e Robert Sternberg, em Yale, autor da Teoria Triárquica da Inteligência no ano de 1984). Posteriormente serão analisadas as teorias propostas pelo psicólogo norteametricano Joseph Renzulli, cuja contribuição é mundialmente reconhecida na área das Altas Habilidades ou Superdotação. 2. Conceito de Inteligência Conforme as Teorias de Sternberg, Gardner e Renzulli Para iniciar a aula, é importante conhecer o conceito de inteligência conforme definição do psicólogo Robert Sternberg. 2.1 Conceito de Inteligência Conforme a Teoria de Robert Sternberg Para Sternberg, as teorias sobre a inteligência não eram capazes de explicar satisfatoriamente a interação entre o indivíduo e o mundo real. Assim como Gardner, ele condena a classificação da inteligência através unicamente de testes de QI, desvinculados da realidade vivenciada pelo sujeito examinado. Sternberg desenvolveu a Teoria Triárquica da Inteligência, que é composta por três processos: criativo, analítico e prático. O pensamento analítico é a capacidade de pensamento convergente, necessária para analisar e avaliar soluções possíveis; ou seja, refere-se ao uso do raciocínio e da lógica na avaliação de problemas e em sua resolução. O pensamento analítico permite à pessoa encontrar a melhor solução, após analisar diversas possibilidades. O pensamento analítico pode ser exemplificado através de um aluno que se destaca nos aspectos acadêmicos e muitas vezes aprende sozinho ou com pouca instrução, porém com alguma dificuldade para lidar com situações que abalem sua rotina, exigindo respostas diferentes de seu cotidiano. O pensamento criativo é a habilidade de utilizar ideias diferenciadas para solucionar problemas. Essas ideias surgem a partir de uma reflexão sobre o problema e suas possibilidades sob diferentes ângulos, chegando assim a uma solução viável. O pensamento criativo pode ser notado em uma pessoa que apresente muita imaginação e criatividade, porém que nem sempre tem as melhores notas escolares, não se destacando no contexto acadêmico. O pensamento prático permite que as ideias sejam analisadas e utilizadas eficazmente no cotidiano, através da adaptação e da aplicação do conhecimento prévio à realidade atual para solucionar os problemas. O pensamento prático evidencia pessoas que facilmente se destacam no ambiente profissional, adaptando-se facilmente devido à sua habilidade de identificar as necessidades e executar tarefas com agilidade e precisão. Dessa forma, um comportamento inteligente envolve o processamento da informação (pensamento analítico), a experiência com uma situação ou tarefa (pensamento criativo) e a habilidade de modificar o comportamento de modo a adaptar-se ao ambiente e atender suas demandas eficazmente (pensamento prático). Sternberg defende a importância da habilidade em lidar com resolução de problemas e situações originais; segundo ele, pessoas mais inteligentes obtêm maior sucesso nas tarefas, através de soluções originais e criativas. Fonte: Elaborado pelo autor (2016). CRIATIVO “criar” “inventar” “planear” TEORIA TRIÁRQUICA DA INTELIGÊNCIA (TTI) PRÁTICO “aplicar” “usar” “utilizar” ANALÍTICO “analisar” “comparar” “avaliar” A Teoria Triárquica da Inteligência demonstra como os três tipos de pensamento (ou três inteligências diferenciadas) devem ser integrados, através das experiências (internas e externas) vivenciadas pelo indivíduo. O equilíbrio na utilização das três modalidades de pensamento permite que a pessoa se adapte a seu meio. Sternberg compreende a inteligência de forma integrada, discordando de Gardner que postula a existência de diversas inteligências que, segundo Sternberg, na verdade são talentos individuais. Saiba Mais Robert Sternberg (nascido em 08 de dezembro de 1949), formou-se em Psicologia pela Yale University e PhD da Stanford University. Possui nove títulos de doutor honoris causa, sendo um de uma universidade sul-americana e oito de universidades europeias. É professor honorário da Universidade de Heidelberg na Alemanha. Robert Sternberg iniciou sua carreira movido por situações extremamente pessoais e negativas. Ele fracassou em testes de QI, sendo considerado “embotado” e de baixo rendimento nos primeiros anos na escola. Obteve baixas notas na universidade de Psicologia que o fizeram desistir do curso e optar por realizar Matemática. Sua trajetória mudou quando uma nova professora demonstrou grandes expectativas a seu respeito e ele respondeu positivamente. Com o encorajamento da professora ele desistiu da Matemática e retornou à Psicologia, terminando a Universidade de Yale com louvor. 2.2 Conceito de Inteligência Conforme a Teoria de Howard Gardner Gardner questionou a tradicional visão de inteligência medida pelos testes de QI, demonstrando que a inteligência humana não pode ser adequadamente medida apenas por respostas curtas contidas em testes convencionais. Depois de muitos anos de pesquisas com a inteligência humana, o psicólogo concluiu que o cérebro humano possui 8 tipos de inteligência, desenvolvendo assim, a Teoria das Inteligências Múltiplas, apresentadas a seguir (GARDNER, 2000): Inteligência Linguística: Envolve sensibilidade para a língua falada e escrita, a habilidade de aprender línguas e a capacidade de usar a língua para atingir certos objetivos. Inteligência Lógico-Matemática: Envolve a capacidade de analisar problemas com lógica, de realizar operações matemáticas e investigar questões cientificamente. Inteligência Espacial: Tem o potencial de reconhecer e manipular os padrões do espaço, bem como os padrões de áreas mais confinadas (como os que são importantes para escultores, cirurgiões, jogadores de xadrez, artistas gráficos e arquitetos). Inteligência Corporal Cinestésica: Acarreta o potencial de se usar o corpo para resolver problemas ou fabricar produtos. Inteligência Musical: Acarreta habilidade na atuação, na composição e na apreciação de padrões musicais. Inteligência Naturalista: Envolve a capacidade de observar padrões na natureza, identificando e classificando objetos e compreendendo os sistemas naturais e aqueles criados pelo homem. Inteligência Interpessoal: Denota a capacidade de entender as intenções, as motivaçõese os desejos do próximo e, consequentemente, de trabalhar de modo eficiente com terceiros. Inteligência Intrapessoal: Facilidade em compreender e identificar e lidar com as próprias emoções para atingir seus objetivos pessoais. Segundo Gardner (2000), as oito inteligências são independentes, tem sua origem e processos cognitivos próprios, mas é raro que funcionem isoladamente, apresentando-se geralmente através de uma combinação de diversas inteligências. Para ele a maior parte das pessoas apresenta destaque somente em uma ou duas inteligências, o que justifica o fato de que mesmo pessoas que se destaquem em uma área apresentem dificuldades em outras áreas. É importante ressaltar que essa teoria permanece em construção, e atualmente estão sendo aventadas outras inteligências, como a Espiritual (conjunto de inteligências relacionadas ao espírito) e a Existencial (significado da vida e da morte). Gardner (2000) ainda afirma que estas inteligências se apresentam de duas formas. Algumas pessoas já nascem com determinadas inteligências, ou seja, a genética contribui. Porém, as experiências vividas também contribuem para o desenvolvimento de determinadas inteligências. Para Gardner as crianças com AHSD “prometem”, ou seja, apresentam uma promessa de desenvolvimento superior (por isso seu potencial deve ser trabalhado e desenvolvido). Dessa forma, pode-se concluir que a grande contribuição de Gardner foi a compreensão de que a inteligência não é uma estrutura única, estanque, e sim modular. Assim, diferentes inteligências podem ser estimuladas e trabalhadas através de atividades específicas. A identificação das Altas Habilidades ou Superdotação, sob a perspectiva das Inteligências Múltiplas considera todas as áreas do conhecimento e capacidades, diferenciando-se dessa forma da maioria das identificações propostas que se baseiam em testes de inteligência e listas de comportamentos indicativos. As informações provenientes da identificação das diversas inteligências apresentadas pelo aluno com AHSD auxiliam na escolha de estratégias pedagógicas mais efetivas para o aluno, podendo atuar como um guia para os tipos de atividades que podem favorecer e fomentar o desenvolvimento de seu potencial. Saiba Mais Howard Gardner (nascido em 11 de julho de 1943), formou-se em Psicologia pela Universidade de Harvard. Trabalha como professor de cognição e educação na Universidade de Harvard e também como professor adjunto de neurologia na universidade de Boston. Importante A Teoria Triárquica de Sternberg, assim como a Teoria das Inteligências Múltiplas de Gardner pressupõe a correlação direta entre os processos emocionais e cognitivos. Conforme visto, para Gardner as inteligências correspondem a diferentes conteúdos da cognição (linguística, musical, espacial, etc.), enquanto Sternberg define que o comportamento inteligente se baseia em três diferentes processos (analítico, criativo e prático). Dessa forma, os princípios de pensamento de Sternberg podem ser aplicados a cada uma das inteligências de Gardner, permitindo não somente a identificação de potenciais diferenciados como também a criação de estratégias que permitam e estimulem seu desenvolvimento. 2.3 Conceito de Inteligência Conforme a Teoria dos Três Anéis de Renzulli A teoria de Renzulli, denominada Teoria dos Três Anéis, descreve que o superdotado funciona na intersecção de três variáveis, representados por três anéis que se entrelaçam, dispostos em uma base, que representa a interação entre fatores ambientais e de personalidade que favorecem o aparecimento da superdotação. A área exterior aos três anéis os aspectos ambientais (família, escola, amigos, colegas) e de personalidade que servem de suporte à manifestação da superdotação. Na representação gráfica, as AHSD revelam-se na intersecção dos três anéis, que apresentam o tripé da superdotação: capacidade acima da média, criatividade e comprometimento com a tarefa. Dessa forma, ressalta-se a importância da presença dos três aspectos, de forma combinada, para que haja as AHSD. Fonte: Renzulli & Reis (1986). A habilidade acima da média refere-se ao potencial de desempenho representativamente superior, em qualquer campo do saber ou do fazer. A capacidade acima da média pode ser geral ou específica. A habilidade geral é a capacidade de processar as informações, integrando-as às experiências anteriores, de modo a encontrar uma resposta satisfatória à situação-problema atual através do pensamento abstrato. Em geral é a habilidade mais valorizada nas escolas (exemplo: raciocínio verbal, relações espaciais e memória). A habilidade específica é a capacidade de adquirir e aplicar as habilidades gerais em atividades específicas (exemplo: composição musical, escultura, fotografia, atletismo, liderança). O envolvimento com a tarefa consiste na aplicação da energia na realização de uma atividade específica. Pode ser compreendida como autoconfiança, paciência, perseverança, etc., através das quais a pessoa desenvolve um padrão de excelência e qualidade em relação ao trabalho desenvolvido por si e pelos demais. A criatividade pode ser entendida como a capacidade de pensar em algo diferente, vislumbrando novos significados e implicações. Ela se evidencia através de diferentes linguagens (exemplo: gestual, plástica, teatral, matemática, falada, etc.). A criatividade se relaciona diretamente à flexibilidade e à originalidade de pensamento, denotando uma imaginação produtiva. Para Renzulli não basta apenas a presença de uma habilidade; é necessário que a pessoa se envolva com ela para que as AHSD sejam validadas. No entanto é preciso cuidado, pois muitas pessoas com AHSD, por diversas razões (físicas, emocionais ou sociais), não estão empenhadas em demonstrar suas potencialidades, e podem ser prejudicadas por esse molde de avaliação. Por isso, não se pode considerar somente esse aspecto, sob o risco de descartar um número grande de pessoas talentosas que não se destacam tanto na área cognitiva (ou seja, acadêmica ou escolar). Apesar disso, esse sistema é eficiente e muito utilizado para a identificação de superdotados, ressaltando o desempenho demonstrado nas salas de aula por muitos superdotados. Saiba Mais Joseph S. Renzulli (nascido em 07 de julho de 1936), é um psicólogo norteamericano, o qual tem desenvolvido as mais relevantes pesquisas teóricas acerca das Altas Habilidades ou Superdotação. A sua investigação tem-se centrado na identificação e no desenvolvimento da criatividade e talento em novos e modelos organizacionais e estratégias curriculares para melhoria global da escola. Um foco de seu trabalho tem vindo a implementar estratégias educacionais para alunos com altas habilidades. Renzulli afirma que nem sempre a criança apresenta esse conjunto de traços igualmente desenvolvido, mas poderá desenvolver todo seu potencial se lhe forem dadas oportunidades. Para o autor nenhum traço é mais importante que o outro, todos merecem a mesma atenção, e as características das Altas Habilidades ou Superdotação podem aparecer de forma isolada ou combinada (duas ou mais características simultaneamente). Saiba Mais Renzulli discute a importância de se entender a superdotação como um comportamento que pode ser desenvolvido em algumas pessoas (naquelas que apresentam alguma habilidade superior à média da população), em certas ocasiões e sob certas circunstâncias (e não em todas as circunstâncias da vida de uma pessoa) [Renzulli & Reis, 1997]. Esta diferenciação é importante, pois este autor, ao considerar a superdotação como um comportamento a ser desenvolvido, retira a discussão da questão, muitas vezes estéril, de se rotular uma criança como superdotada ou não,para enfocá-la na necessidade de se oferecer oportunidades educacionais fundamentais e variadas para que um número maior de crianças possa desenvolver e apresentar comportamentos de superdotação. Desse ponto de vista, segue-se que tais comportamentos podem e devem ser desenvolvidos naquelas pessoas que não são, necessariamente, as que tiram as melhores notas ou apresentam maiores resultados em testes de QI. Disponível na integra no acesso: http://conbrasd.org/wp/?page_id=4188 2.4 Tipos de Superdotação: Renzulli Renzulli propôs duas categorias que permitiriam a identificação das Altas Habilidades ou Superdotação: o tipo acadêmico e o tipo produtivo-criativo. O Tipo Acadêmico relaciona-se aos conteúdos de currículo escolares. É identificado quantitativamente através de testes, notas escolares e da classificação dos professores. O Tipo Produtivo-Criativo refere-se ao desenvolvimento de ideias, produtos, expressões artísticas originais e áreas do conhecimento. É identificado subjetivamente, sendo necessária uma contextualização espaçotemporal. Para Renzulli, ambos os tipos são importantes, e em geral se correlacionam. Pesquise A análise da biografia de grandes cientistas, pesquisadores e inventores que mudaram a história do mundo demonstra que essas pessoas apresentaram indicadores e características dos dois tipos de superdotação constantes na teoria dos Três Anéis do Renzulli. Entre os expoentes, exemplifica-se a personalidade de Leonardo da Vinci. Pesquise a vida e a obra de Leonardo da Vinci e identifique em quais áreas de inteligência ele se destacou. 2.5 Tipos de Superdotação: MEC A classificação atual utilizada para descrever os tipos de superdotados no Brasil considera os seguintes tipos de superdotação (BRASIL, 2006, p. 14-15): - Tipo Intelectual: apresentam flexibilidade, fluência, agilidade de raciocínio e associações, compreensão e memória elevadas, produção ideativa, capacidade de encontrar soluções com criatividade e facilidade para os problemas. - Tipo Acadêmico: aquele que geralmente é identificado com muita facilidade nos ambientes escolares, por apresentarem atenção e concentração e rapidez na aprendizagem de conceitos desenvolvidos na escola. Com boa memória, gosto e empenho na execução e desenvolvimento das tarefas escolares, apresenta habilidade para avaliar, sintetizar, organizar e produzir o conhecimento acadêmico. - Tipo Criativo: desempenha as atividades com muita criatividade, originalidade, imaginação e encontra soluções inusitadas para resolver situações e problemas de seu cotidiano. Sensível e muito flexível, podendo reagir de maneira extravagante. - Tipo Social: demonstra capacidade de interagir e liderar com muita facilidade por possuir atitude cooperativa e interpessoal. Apresenta habilidade no trato com pessoas e coordenação de grupos e trabalhos. - Tipo Talento Especial: destaca-se na área das artes plásticas, dramática, musical, literária ou cênica, deixando muito evidente seu talento. - Tipo Psicomotor: seu desempenho e extrema habilidade em utilizar a força, velocidade, agilidade e destreza no controle de sua coordenação corporal evidenciam sua capacidade diferenciada. As pessoas com AHSD são um grupo bastante heterogêneo, apresentando muitas particularidades nas diferentes formas de manifestação do quadro de Altas Habilidades ou Superdotação. É importante ressaltar que os diferentes tipos de Superdotação podem aparecer de forma combinada, no mesmo indivíduo. Mesmo que um dos tipos prevaleça, outros podem ser revelados em situações emocionais e sociais distintas. A Lei nº 12.796, de 04 de abril de 2013, fez alterações na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996). Uma das alterações refere-se à nomenclatura das Altas habilidades. A terminologia definida é Altas Habilidades ou Superdotação, e a sigla correta passa a ser AHSD. Uma educação para todos, sob a perspectiva inclusiva, precisa considerar as diferenças individuais, ofertando oportunidades de aprendizagem particularizadas conforme as habilidades, os interesses, estilos de aprendizagem e potencialidades dos alunos. Alunos com Altas Habilidades ou Superdotação tem o direito legal e merecem ter acesso e ser beneficiados por práticas pedagógicas capazes de atender suas necessidades, possibilitando o pleno desenvolvimento de seu potencial. A escola deve estimular todos os alunos, não só aqueles que possuem um alto QI ou que tiram as melhores notas no contexto acadêmico. É preciso que as instituições escolares desenvolvam atividades e práticas diferenciadas que atender às demandas de todos os estudantes. Dessa forma toda sala de aula (regular ou não) é responsável por desenvolver um currículo adequado e inclusivo (ou seja, concepções, práticas, conteúdos e avaliações), atendendo todos os alunos, inclusive os que apresentam Altas Habilidades ou Superdotação. Para Refletir As pessoas que marcaram a história por suas contribuições ao conhecimento e à cultura não são lembradas pelas notas que obtiveram na escola ou pela quantidade de informações que conseguiram memorizar, mas sim pela qualidade de suas produções criativas expressas em concertos, ensaios, filmes, descobertas científicas, etc. Reflita: Será que esse é o único, ou o principal, critério que devemos levar em conta em nossas salas de aula? Por que é tão valorizado assim? Uma educação democrática deve levar em consideração as diferenças individuais e, portanto, oferecer oportunidades de aprendizagem conforme as habilidades, interesses, estilos de aprendizagem e potencialidades dos alunos. Nesse sentido, alunos com altas habilidades ou superdotados merecem ter acesso a práticas educacionais que atendam às suas necessidades, possibilitando um melhor desenvolvimento de suas habilidades. Segundo Renzulli (1986), o propósito da educação dos indivíduos superdotados é “fornecer aos jovens, oportunidades máximas de autorrealização por meio do desenvolvimento e expressão de uma ou mais áreas de desempenho onde o potencial superior esteja presente” (p. 5). Várias são as razões para justificar a necessidade de uma atenção diferenciada ao superdotado. Uma delas é por ser o potencial superior um dos recursos naturais mais preciosos, responsável pelas contribuições mais significativas ao desenvolvimento de uma civilização. Ví deo Assista o filme Mentes que brilham (Little Man Tate), dirigido por Jodie Foster, narra a história de Fred Tate, que aos sete anos demonstra ter talentos extremamente precoces, destacando-se em áreas distintas como matemática e artes, e o seu maior medo é que seja visto como alguém anormal, devido aos seus talentos. Link do trailer: https://www.youtube.com/watch?v=IqxDqUaUkaY Resumo da Aula 2 Nesta aula evidenciaram-se as definições de inteligência segundo Renzulli, Sternberg e Gardner, compreendendo as intersecções entre as três teorias. Estudou-se ainda os tipos de Altas Habilidades ou Superdotação para Renzulli e para o Ministério da Educação, percebendo-se a importância do trabalho educativo direcionado ao desenvolvimento do potencial dos alunos com AHSD, conforme a prevalência das características de inteligência de cada aluno. Atividade de Aprendizagem Com base no conteúdo estudado nessa aula, discorra sobre uma das inteligências descritas por Gardner, desenvolvendo uma proposta de estimulação dessa área para alunos com Altas Habilidades ou Superdotação. Aula 3 – AHSD: Atendimento e Intervenção Pedagógica Apresentação da Aula 3 Nesta aula serão apresentadas as metodologias e estratégias para o atendimento pedagógico de alunos com Altas Habilidades ou Superdotação, evidenciando a atuação do professor e o processo avaliativo. 3. AHSD: Atendimentoe Intervenção Pedagógica 3.1 Metodologia e Estratégias de Atendimento Pedagógico Os alunos com AHSD (Altas Habilidades ou Superdotação) necessitam de serviços educacionais diferenciados, através dos quais possam desenvolver seu potencial acadêmico, artístico, psicomotor e social. Para isso, seu potencial precisa ser identificado, acompanhado e enriquecido através de adequações curriculares no contexto escolar, bem como métodos e estratégias de ensino diferenciadas. Os alunos devem ser preparados para se tornarem produtores de conhecimento, e não somente consumidores, contribuindo assim com seus potenciais e habilidades para o progresso e desenvolvimento da sociedade (RENZULLI e REIS, 1997). Fonte: GUBBINS, 2005, apud VIRGOLIM, 2010, p.6 Nesse sentido, a atuação do professor é fundamental, através de um olhar sensível e diferenciado, que permita identificar e também integrar os alunos com AHSD ao ambiente escolar. Por isso é importante, dentre outros fatores, que o profissional da educação não somente tenha conhecimento, mas também se mantenha sempre atualizado através de formação continuada. Ví deo Assista a entrevista na qual aborda-se a temática AHSD e as ações do Núcleo de Atendimento de Altas Habilidades ou Superdotação (NAAHS), o qual fica sediado em Londrina no Estado do Paraná. Link: http://tvg.globo.com/programas/encontro-com-fatima- bernardes/videos/t/programa/v/nucleos-de-altas-habilidades-e- superdotacao-desenvolve-potencial-de-alunos/2604817/ A legislação brasileira assegura os direitos das pessoas com necessidades educacionais, o que inclui as pessoas com Altas Habilidades ou Superdotação. A Constituição Federal, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, bem como os decretos e legislações específicas de cada estado, asseguram esses direitos. No Brasil, o Ministério da Educação elucida que educandos com Altas Habilidades ou Superdotação podem ser definidos como aqueles que “apresentam grande facilidade de aprendizagem que os levem a dominar rapidamente conceitos, procedimentos e atitudes”. Sendo assim, destaca-se que as AHSD nem sempre são acadêmicas, gerando notas excelentes ao aluno, mas se referem à grande facilidade em desenvolver atividades específicas com qualidade e facilidade superior à maioria da população. Para identificar os interesses do aluno, o professor pode usar inventários de interesse, realizar atividades exploratórias (como as de enriquecimento), desafios, entre outras. Essas atividades são úteis, pois quando o aluno nota a relevância de suas descobertas sua motivação aumenta, fazendo com que se envolva mais no processo de aprendizagem. Importante A participação da família também é fundamental na identificação das AHSD. Muitas vezes os pais notam os sinais, mas não os consideram, por já estarem habituados a esse padrão de desempenho e o considerarem normal. A família deve ser incentivadora do desenvolvimento do potencial da criança com AHSD, proporcionando também um ambiente acolhedor e confortável. A partir dos indícios levantados pela família e pela escola, deve-se partir para o diagnóstico, a ser realizado por profissional especializado, preferencialmente em equipe multidisciplinar. Porém esse processo deve ser realizado com critério, evitando o levantamento de falsas expectativas. O professor não faz diagnóstico, mas encaminha o aluno para avaliação pelo profissional especialista, em equipe multidisciplinar (psicólogo, pedagogo, psicopedagogo, especialista em AHSD). Devido à necessidade da aplicação de testes específicos, o psicólogo é o profissional habilitado para elaborar o laudo. Após o encaminhamento e o diagnóstico, os profissionais que atuam com alunos AHSD devem compreender que esses educandos são reconhecidos pela legislação brasileira (LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - 9394/96 revisado pela lei nº12.796, de 2013) como pessoas com necessidades educacionais especiais e, apesar de muitos apresentarem um excelente desempenho escolar e primor ao cumprir com suas obrigações escolares, precisam ser assistidos em suas necessidades específicas. Amplie Seus Estudos SUGESTÃO DE LEITURA Leia a reportagem, Escolas oferecem espaço para alunos superdotados, de autoria de Mariana Lioto. Disponível no acesso: http://cgn.uol.com.br/noticia/145083/escolas-oferecem- espaco-para-alunos-superdotados Muitas vezes, há necessidade de adotar adequações significativas do currículo para atender às necessidades especiais dos alunos. As estratégias adotadas devem considerar as necessidades do aluno com AHSD e a necessidade de maior complexidade curricular. O professor do ensino regular deve estar em constante contato com os coordenadores dos programas de enriquecimento ou salas de recursos, e proporcionar também registros de avaliações diferenciadas podendo assim realizar as adaptações necessárias para o aprimoramento curricular de cada aluno com AHSD. Alguns autores, como Virgolim (2016), indicam que o professor utilize um portfólio como instrumento de levantamento de dados e sistematização do nível de desempenho e áreas de aptidão dos educandos com AHSD. A autora explica a função e as características do modelo de Portfólio do Talento Total: Os autores recomendam que cada escola ou programa personalize o Portfólio, de forma que ele reflita, da melhor forma possível, as melhores informações que queremos saber de nossos alunos, tais como: Quais são seus interesses? Quais ideias os motivam? Quais são seus estilos preferenciais de aprender? Com quem eles trabalham melhor? Quais são seus objetivos? Duas questões guiam o uso deste instrumento: Quais são as melhores coisas que podemos saber sobre cada aluno de nossas escolas? O que os professores podem fazer para capitalizar os recursos do aluno a partir destas informações? O Portfólio do Talento Total (PTT) objetiva ajudar os alunos, pais e educadores a: (1) Coletar diferentes tipos de informação que sejam ilustrativas das áreas fortes do estudante e manter essas informações atualizadas com regularidade [...]; (2) Classificar a informação em categorias gerais incluindo habilidades, interesses, estilos preferenciais de aprender, produtos altamente ilustrativos e outros indicadores de talento relacionados; (3) Revisar a informação contida no Portfólio regularmente; (4) Analisar o perfil de talento particular de cada aluno, assim como suas metas educacionais, pessoais e profissionais, e (5) Decidir as opções de enriquecimento e aceleração que mais provavelmente ajudarão no desenvolvimento dos talentos e habilidades de cada pessoa. Tais decisões devem emergir após um processo compartilhado entre pais, alunos e professores (PURCELL & RENZULLI, 1998, apud VIRGOLIM, 2014, p.596). O Portfólio do Talento Total trabalha com as habilidades, os interesses e os estilos de aprendizagem dos alunos com AHSD. Outro instrumento é o Inventário de Interesses, que pode inclusive fornecer subsídios para a construção do portfólio individual do aluno. Saiba Mais Segundo Virgolim (2010): O Levantamento de Interesses (Renzulli, 1997) para crianças do Ensino Fundamental consiste em um questionário de 30 itens, com o propósito de ajudar o aluno a explorar suas áreas individuais de interesse. Exemplo de algumas atividades deste instrumento: - Imagine que uma máquina do tempo tenha sido inventada para permitir que pessoas famosas do passado viajassem através do tempo. Se você pudesse convidar algumas dessas pessoas para visitar sua escola, quem você convidaria? - Imagine que você será levado para uma estação espacial no seu próximo ano escolar. Você terá permissão para levar algumas coisas pessoais para ajudá-lo a passarseu tempo livre (por exemplo, livros, jogos, filmes, passatempos, projetos). Faça uma lista das coisas que você levaria. - Imagine que você pudesse passar uma semana acompanhando qualquer pessoa da sua escolha para investigar um pouco mais a profissão que você gostaria de ter no futuro. Liste as profissões das pessoas que você selecionaria (VIRGOLIM, 2010, p. 19-20). É importante que o Inventário seja revisto periodicamente, pois os interesses dos alunos podem se modificar no decorrer do tempo. O Inventário de Interesses permite identificar nove estratégias, segundo Virgolim (2010, p.21), “preferidas pelos alunos ao entrar em contato com o currículo ou demonstrar seus interesses em sala de aula”. As estratégias, que podem ser utilizadas para facilitar e estimular a aprendizagem de alunos com Altas Habilidades ou Superdotação, são: Palestra: é a apresentação oral de informação a um grande número de alunos. Atividades em grupo podem ser valorizadas com a apresentação realizada para o grupo. Nem sempre “palestras” devem ser destinadas ao aluno, mas ele próprio pode se expressar oralmente ao grupo, colocando suas ideias de forma adequada e oportuna. Discussão: é a interação entre professor e alunos, que visa promover o desenvolvimento do pensamento lógico através da discussão de fatos, por meio da criação de espaços para debate mediado em classe. Ensino pelos colegas: ocorre por meio da interação entre um aluno que domina uma área do conhecimento e um ou mais colegas com dificuldades em compreender um determinado conceito ou tópico, pois alguns alunos compreendem com mais facilidade a linguagem dos colegas. Jogos pedagógicos: atividades de cunho lúdico facilitam a apresentação e a sistematização dos conteúdos, além de tornar a aula mais dinâmica e agradável. Cabe destacar que alunos mais competitivos se sentirão mais estimulados com a utilização dessa modalidade de aprendizagem. Dramatização: vivências reais e simuladas oferecem condições para a compreensão dos conteúdos de forma prática e correlacionada com sua aplicação real, sobretudo para os alunos com alta habilidade interpessoal e intrapessoal. Estudos independentes: alunos que estudam sozinhos ou em pequenos grupos, de forma autônoma, para aprofundar seus conhecimentos. Projetos: desenvolver um projeto de trabalho estimula a autonomia dos alunos e envolve não somente os conteúdos escolares, mas a busca de soluções para situações corriqueiras do cotidiano. Atividades de decorar e recitar: são atividades em que o estudante demonstra a capacidade de reter e memorizar informações para responder a questões colocadas pelo professor (exemplo: gincana de tabuada). É importante criar espaços para que o aluno demonstre seus conhecimentos e compartilhe com seus colegas. Instrução programada: refere-se a tarefas nas quais o aluno possa trabalhar de forma autônoma, respondendo a questões pré- estabelecidas pelo professor, cujas respostas são reveladas ao final de cada questão. É importante que não somente o aluno responda ao Inventário de Interesses, mas também seu professor. Conforme explica Virgolim (2010): Da mesma forma, o professor é solicitado a responder ao mesmo instrumento, mas apontando a frequência com que as atividades ocorrem em sala de aula, e suas respostas são comparadas às dos alunos. Assim, o perfil que resulta deste procedimento permite comparar as preferências de aprendizagem dos alunos com o estilo de ensinar do professor, dando uma visão mais acurada do que ocorre na sala de aula. Pesquisas têm demonstrado que a combinação entre os estilos de aprender dos alunos e os de ensinar do professor não apenas produzem uma melhoria da aprendizagem do aluno, mas também uma atitude mais positiva com relação à escola [Renzulli & Reis, 1986 apud Renzulli & Smith, 1978] (VIRGOLIN, 2010, p. 22). A partir do levantamento das estratégias de aprendizagem, o professor poderá desenvolver atividades que venham ao encontro de seus interesses, facilitando assim sua aprendizagem e o aumento do vínculo com os colegas, a instituição escolar e o processo educativo como um todo. Importante “Se quiséssemos reduzir em uma única palavra a estratégia pedagógica específica para o atendimento ao aluno superdotado, poderíamos apresentar a palavra DESAFIO” (LIMA, 2008, p.22). Dessa forma, traçando um paralelo com a teoria das múltiplas inteligências de Gardner, o currículo escolar deve prever atividades que estimulem todas as inteligências, através da diversificação metodológica e da observação do professor nos resultados obtidos a cada conteúdo trabalhado. Amplie Seus Estudos SUGESTÃO DE LEITURA Acesse o site do Núcleo de Atividades de Altas Habilidades/Superdotação, da Secretaria da Educação do Estado do Paraná. Disponível no acesso: http://www.ldanaahs.seed.pr.gov.br/modules/conteudo/conteud o.php?conteudo=1 3.2 A Atuação do Professor junto aos Alunos com AHSD É fundamental que o professor desenvolva um planejamento modular, que privilegie o desenvolvimento de todas as inteligências do aluno. Apresenta-se, a seguir, um exemplo de atividade que explora as múltiplas inteligências, para o segundo ciclo do Ensino Fundamental (terceiro e quarto anos). Fonte: http://footage.framepool.com/shotimg/qf/255551204-primary-school-pupil-chalk- blackboard-classroom.jpg Saiba Mais EXEMPLO Tema: Estudo do Estado (exemplo: Paraná) Centro Linguístico: ler textos sobre a história do Paraná, respondendo na sequência a questões orais e escritas. Centro Lógico-Matemático: comparar a população das cinco maiores cidades do Paraná, identificando qual é a mais populosa, qual a diferença da população entre a 1.ª e a 2.ª, etc. Centro Musical: trabalhar com o Hino do Estado do Paraná. Centro Espacial: criar uma maquete do Estado do Paraná. Centro Corporal Cinestésico: trabalhar danças típicas das principais culturas que formaram a população paranaense. Centro Interpessoal: identificar diferenças culturais regionais (alimentos, vestimentas, vocabulário, etc.) dentro do Paraná. Centro Intrapessoal: discutir como os diferentes povos e culturas se manifestam nos hábitos cotidianos familiares do aluno. Centro Naturalista: estudar a fauna e a flora típicas do Paraná, destacando áreas críticas (risco de extinção). Percebe-se, assim, que há múltiplas formas de abordar o mesmo conteúdo, e é necessário que o professor explore as potencialidades de cada aluno, incentivando-o no processo de ensino-aprendizagem. O exemplo ilustra uma possibilidade de trabalho, que deve ser adequada à realidade da escola, à faixa etária e aos interesses dos alunos. A Educação Infantil é a fase da definição de regras, contratos, rotinas e atividades. O aluno com AHSD é bastante questionador, e o professor deve estar preparado para que o aluno compreenda e se sinta seguro diante das mudanças que passará a vivenciar no ambiente escolar (e também para flexibilizar algumas regras, quando necessário). Importante O trabalho em conjunto feito pela escola, família e demais profissionais é o que garante bons resultados. É preciso também intercalar atividades físicas com as acadêmicas e artísticas, considerando o desenvolvimento global da criança. Logo que o indivíduo com AHSD inicia o Ensino Fundamental, evidenciam-se as diferenças quanto ao ritmo de produção. Pode-se então perceber dois extremos: alunos que rapidamente finalizam as tarefas e ficam ociosos, e alunos minuciosos que demandam tempo adicional nas atividades. Nessa etapa, além das adaptações de conteúdo e estratégias pedagógicas, é importante que o professor valorize o aluno com AHSD e o auxilie na integração ao ambiente escolar (pois muitas vezes é discriminado ou rejeitado). Podem serdesenvolvidas estratégias que o permitam auxiliar os demais colegas, por exemplo, ou ainda momentos individuais com o professor, nos quais ele perceba que seu potencial é reconhecido e valorizado. Amplie Seus Estudos SUGESTÃO DE LEITURA Leia o livro Ser ou não ser? Eis Itamar de autoria de Adriane Zahreddine Wieser. A obra narra a trajetória real de um menino que possui Superdotação e só recebe o diagnóstico depois de ter enfrentado uma infância incerta e uma juventude repleta de questionamentos. É preciso ficar alerta para o subdesempenho que pode ser apresentado por alunos AHSD. O rendimento abaixo do esperado, nesse caso, se deve a questões emocionais e baixa autoestima, e pode ser revelado, dentre outras características, através da falta de planejamento e projetos para o futuro, excesso de autocrítica, ansiedade e fraco desempenho em testagens (embora apresente respostas criativas). Nesses casos, o professor deve auxiliar o aluno no processo de autovalorização, ajudando-o a estabelecer metas de aprendizagem e a avaliar o próprio trabalho. Porém, acima de tudo, deve aceitar e respeitar a criança, sem impor condições emocionais. No Ensino Médio, a fase da adolescência tem grande influência sobre diversos fatores que integram o vínculo do aluno com AHSD com a escola. Alterações hormonais e até cerebrais podem afetar seu rendimento. Pesquisas já relataram que o quociente de inteligência (QI) sofre alterações durante a adolescência, o que confirma que esse é um período que requer atenção especial. Nesse período, o acolhimento por parte do professor e da escola são fundamentais. Muitas vezes o aluno pode não gostar da obrigação de frequentar a escola, porém deve entender que esse passo é necessário em seu desenvolvimento intelectual e acadêmico para que, posteriormente, possa optar por um curso que se direcione de forma específica a seus interesses. Durante o Ensino Superior, as altas expectativas e nível de exigência que o estudante com AHSD cria para si podem acompanhá-lo na escolha profissional, levando-o à desilusão na universidade. É preciso que professores e familiares entrem como apoio, nesse momento, estimulando-o a escolher um curso criteriosamente e também o conscientizando de que, mesmo dentro do Ensino Superior, haverá assuntos que não considerará relevantes, mas que devem ser igualmente cumpridos, levando-o ao entendimento de que o importante é que o aluno faça o seu melhor, mesmo que não seja o melhor de toda a faculdade. 3.3 Avaliação da Aprendizagem de Alunos com AHSD A avaliação da aprendizagem de alunos com Altas Habilidades ou Superdotação deve considerar diversos aspectos, como a diversidade de estilos de aprendizagem, estilos de expressão e habilidades dos alunos. Diferentes estratégias de avaliação da aprendizagem devem ser utilizadas, garantindo assim o pleno desenvolvimento das potencialidades desses educandos. Além das alternativas tradicionais de avaliação, outras poderão ser utilizadas como autoavaliação, relatório de atividades e avaliação de produtos elaborados pelos alunos. Importante A estratégia ideal de avaliação para as AHSD é aquela em que o progresso do aluno é ressaltado. Isso permite que o aluno desenvolva um senso de realização acadêmica, o que leva ao sentimento interno de motivação em relação ao seu processo de aprendizagem. É importante que o professor incentive múltiplas formas de produto final. Ou seja, o aluno pode demonstrar sua proficiência através de um produto escrito (história, poesia, carta etc.), oral (dramatização, música, contar histórias, etc.), visual (desenho, colagem, mural, etc.) e/ou concreto (móbile, máscara, brinquedos, jogos, etc.), contemplando assim os diferentes estilos de expressão (e as múltiplas inteligências) dos alunos. Toda informação sobre o aluno e suas produções deve ser documentada e arquivada em um portfólio. Esse registro permite que as habilidades, interesses e estilos de aprendizagem do aluno sejam evidenciados, facilitando seu atendimento por parte do professor e da equipe escolar. A autoavaliação, uma importante estratégia avaliativa, é fundamental no contexto das AHSD, para que o aluno sinta-se seguro e confiante, (re)conhecendo e valorizando seu próprio potencial. Dessa forma, a avaliação do aluno com AHSD deve permitir identificar: O progresso do aluno em relação às suas aptidões e interesses; O desenvolvimento de suas habilidades no decorrer do programa; O alcance (parcial ou total) das metas propostas para o período ou etapa. Fonte: https://s3.yimg.com/bt/api/res/1.2/z8IU2QWNUFIEllnd1sdJBA-- /YXBwaWQ9eW5ld3M7Zmk9aW5zZXQ7aD0zNDI7cT03NTt3PTUxMg-- /http://l.yimg.com/os/publish-images/lifestyles/2014-04-10/534db4f0-c0d7-11e3-9628- db18311c167c_nerd.jpg Como todo processo de avaliação escolar, os resultados permitirão descobrir se as estratégias utilizadas estão surtindo o efeito desejado (e em que medida o fazem). Saiba Mais CRIANÇAS SUPERDOTADAS DESAFIAM ESCOLAS NA BUSCA POR MAIS ESTÍMULOS por Vanessa Fajardo Sinais podem ser confundidos com transtornos de aprendizagem. Diagnóstico final só é possível a partir de testes feitos por psicólogos Crianças com altas habilidades precisam ser estimuladas e desafiadas para que o potencial seja desenvolvido. Propor atividades ligadas ao campo de interesse no contraturno escolar é uma das maneiras. Acelerar a série é outra opção. No entanto, neste caso, especialistas alertam que é importante avaliar a maturidade do estudante. "É preciso desenvolver o potencial para a energia não ficar represada, mas não dá para exigir postura de adulto. A questão emocional tem de ser cuidada, não dá para a criança virar um mini-adulto porque tem facilidade em uma determinada área", afirma Paula Virgínia Viana Cantos, orientadora educacional do Colégio Graphein, em São Paulo. "Pular série acarreta uma dificuldade emocional, o aluno tem de ter oportunidade de viver as fases da vida. Ele é uma criança, acima de tudo, tem de ter contato com as pessoas da mesma idade." Reportagem disponível na integra no acesso: http://g1.globo.com/dia-das- criancas/2013/noticia/2013/10/criancas-superdotadas- desafiam-escolas-na-busca-por-mais-estimulos.html 3.4 Efetivação das Adaptações Curriculares Para que o sistema educacional possa atender aos alunos com AHSD de forma eficaz, é necessário desenvolver um trabalho diferenciado, que se adeque às suas reais necessidades. Ví deo Assista a reportagem Escolas se ajustam para atender alunos com altas habilidades, que aborda a preparação das escolas para o atendimento aos alunos com Altas Habilidades ou Superdotação. Link: https://www.youtube.com/watch?v=dug3P5wc2YM Ocorrem casos em que o professor percebe que o aluno conclui com rapidez uma tarefa com poucos ou nenhum erro; pode revelar insatisfação ou tédio com o ambiente escolar; ou ainda, não alcança um nível de satisfação com os conteúdos trabalhados, demonstrando indiferença e importunando os colegas na sala de aula. Por isso, são utilizadas estratégias como a aceleração escolar, prevista no artigo 59 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: II - terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar para os superdotados (BRASIL, 1996, S/p.). A aceleração de estudos consiste em uma compactação do currículo que possibilita que os alunos com Altas Habilidades ou Superdotação progridam com o conteúdo já dominado, eliminando a necessidade de exercícios repetitivos. Curiosidade Conforme a legislação brasileira, a aceleração de estudos poderá ser feita em alunos de qualquer idade comas seguintes exceções: não se pode acelerar o aluno antes do primeiro ano do Ensino Fundamental; não é possível abreviar a conclusão do Ensino Fundamental nem do Ensino Médio. Ou seja, não se pode acelerar alunos no 9º ano do Ensino Fundamental nem no 3º ano do Ensino Médio. Segundo Alencar (2001), a aceleração abrevia o estudo de conteúdos que o aluno já domina, valorizando suas necessidades educativas. A autora apresenta um roteiro para a realização da aceleração escolar: 1º Seleção de objetivos de aprendizagem relevantes em uma disciplina ou área acadêmica; 2º Seleção ou desenvolvimento de instrumentos e /ou procedimentos de avaliação prévia dos objetivos de aprendizagem; 3º Identificação dos alunos que vão se beneficiar da estratégia de compactação do currículo e que devem, portanto, ser pré testados; 4º Avaliação destes alunos com relação ao nível de domínio dos objetivos de aprendizagem selecionados anteriormente; 5º Redução de atividades, repetição curricular ou tempo instrucional para aqueles alunos que demonstrem domínio do conteúdo a ser trabalhado; 6º Instrução reduzida dos objetivos aos alunos que, apesar de ainda não dominarem totalmente os objetivos de aprendizagem, são capazes de fazê-lo mais rapidamente que seus colegas de turma; 7º Desenvolvimento de atividades de enriquecimento ou procedimentos de aceleração para aqueles alunos que tiveram o currículo compactado; 8º Registro do processo de compactação e opções instrucionais de cada aluno cujo currículo foi compactado (ALENCAR, 2001, p.132). Embora alguns profissionais aleguem que a aceleração cause fragmentação dos conteúdos e desconsidere sua maturidade emocional, a estratégia pode ser muito benéfica, facilitando inclusive a adesão ao ambiente escolar e a continuidade do desenvolvimento acadêmico do aluno. Por isso, é necessário um estudo particularizado para cada caso, o que não dispensa o acompanhamento especializado (sobretudo psicológico e psicopedagógico) como suporte de apoio ao aluno, após a realização da aceleração. É perceptível que a área das Altas Habilidades ou Superdotação requer um olhar cuidadoso e atento por parte dos profissionais, para que as estratégias e adaptações curriculares atinjam seu objetivo, atendendo às necessidades do aluno com AHSD no contexto escolar. Há também o trabalho desenvolvido no período de contraturno, na modalidade de Atendimento Educacional Especializado para os alunos com Altas Habilidades ou Superdotação, cujas especificidades serão estudadas na próxima aula. Resumo da Aula 3 Nesta aula, estudou-se que diferentes metodologias podem ser adaptadas e contextualizadas para o atendimento pedagógico de alunos com Altas Habilidades ou Superdotação, garantindo o acesso ao conhecimento e a promoção de uma aprendizagem significativa a esses alunos. Atividade de Aprendizagem Quais as possibilidades e maneiras do professor evitar o subdesempenho de alunos com AHSD? Discorra sobre o assunto. Aula 4 – O AEE e Altas Habilidades ou Superdotação Apresentação Aula 4 Nesta aula estudaremos como o Atendimento Educacional Especializado (AEE) pode contribuir para o desenvolvimento das habilidades e à promoção da aprendizagem de alunos com AHSD. Veremos também como a família pode estimular e auxiliar o desenvolvimento de seus membros com Altas Habilidades ou Superdotação. 4. O AEE e Altas Habilidades ou Superdotação 4.1 O Atendimento Educacional Especializado (AEE) Muitas pessoas se perguntam o porquê de um aluno com Altas Habilidades ou Superdotação precisa de Atendimento Educacional Especializado, uma vez que aparentemente está em um nível intelectual superior aos demais alunos. Cabe lembrar que, apesar do elevado potencial acadêmico, alunos com AHSD podem apresentar dificuldades específicas nas demais áreas, além de possíveis dificuldades emocionais e relacionais. É importante destacar que o Atendimento Educacional Especializado (AEE) não dispensa e tampouco substitui o desenvolvimento de atividades escolares direcionadas às particularidades do aluno com AHSD, conforme visto na aula anterior. Saiba Mais O que é o AEE (Atendimento Educacional Especializado) Um serviço da educação especial desenvolvido na rede regular de ensino que organiza recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem barreiras para a plena participação dos alunos, considerando as suas necessidades específicas. O AEE complementa e/ou suplementa a formação do aluno com vistas à autonomia e independência na escola e fora dela. O que faz o AEE • apoia o desenvolvimento do aluno com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação; • disponibiliza o ensino de linguagens e códigos específicos de comunicação e sinalização; • oferece Tecnologia Assistiva (TA); • adequa e produz materiais didáticos e pedagógicos, tendo em vista as necessidades especificas dos alunos; • oportuniza ampliação e suplementação curricular (para alunos com altas habilidades ou superdotação). O AEE deve se articular com a proposta da escola comum, embora suas atividades se diferenciem das realizadas em salas de aula de ensino comum. [...] Para alunos com Altas Habilidades ou Superdotação, o AEE oferece programa de ampliação e suplementação curricular, desenvolvimento de processos mentais superiores e outros. Disponível na integra no acesso: http://www.educacao.saobernardo.sp.gov.br/index.php/secretaria/e ducacao-especial/1668-atendimento-educacional-especializado O Atendimento Educacional Especializado fundamenta-se na legislação atual, através de documentos como: Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei 9394/96: no Capítulo V. Art. 58, caracteriza o público alvo da modalidade de Educação Especial: Educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação (BRASIL, 1996). Parecer 17/2001 do Conselho Nacional de Educação: define Altas Habilidades ou Superdotação como “grande facilidade de aprendizagem que os leve a dominar rapidamente os conceitos, os procedimentos e as atitudes e que, por terem condições de aprofundar e enriquecer esses conteúdos, devem receber desafios suplementares em classe comum, em sala de recursos ou em outros espaços definidos pelos Sistemas de Ensino, inclusive para concluir, em menor tempo, a série ou etapa escolar” (BRASIL, 2001, p. 18). Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva: reafirma que os alunos com Altas Habilidades ou Superdotação compõem o público alvo da Educação Especial, definindo-os como aqueles que “demonstram potencial elevado em qualquer uma das seguintes áreas, isoladas ou combinadas; intelectual, acadêmica, liderança, psicomotricidade e artes, além de apresentar grande criatividade, envolvimento na aprendizagem e realização de tarefas em áreas de seu interesse” (BRASIL, 2008, p. 9). O Ministério da Educação instituiu a Resolução nº 4, de 2 outubro de 2009, que trata sobre as diretrizes operacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica. De acordo com essa resolução, em seu artigo 13, compete ao professor do AEE: LEI Nº 7.210, DE 11 DE JULHO DE 1984 RESOLUÇÃO Nº 4, DE 02 DE OUTUBRO DE 2009. Institui Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica, modalidade Educação Especial. [...] Art. 13. São atribuições do professor do Atendimento Educacional Especializado: I – identificar, elaborar, produzir e organizar serviços, recursos pedagógicos, de acessibilidade e estratégias considerando as necessidades específicas dos alunos público- alvo da Educação Especial; II – elaborar e executar plano de Atendimento Educacional Especializado, avaliando a funcionalidade e a aplicabilidade dos recursos pedagógicos
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