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MOTORES DE COMBUSTÃO PROPRIEDADES E CARACTERÍSTICAS DE MOTORES Hugo Barbosa de Melo Felipe Pimentel Pertel Jhonatan Antunes Rodrigues Serra (ES), Abril de 2020 FREIO DE PRONY O Freio de Prony é um dispositivo utilizado para a compreensão do funcionamento de todos os dinamômetros, nos quais é possível obter os valores de torque e potência do motor. Neste dispositivo, ao apertar a cinta do freio sobre o rotor, é aplicada uma força de atrito 𝐹𝑎𝑡𝑟 sobre o mesmo, obtendo-se uma situação de equilíbrio dinâmico com 𝑊 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒. O torque 𝑇 produzido pelo motor deverá ser equilibrado pelo torque resistente produzido por 𝑟 ∗ 𝐹𝑎𝑡𝑟 FREIO DE PRONY Figura 1.0 – Freio de Prony [F] Carcaça Pendular Eixo motor/dinamômetro Cinta de frenagem Volante FREIO DE PRONY • Sendo assim: 𝑇 = 𝐹𝑎𝑡 ∗ 𝑟 • Pelo “Princípio da Ação e Reação”, a força de atrito 𝐹𝑎𝑡𝑟 transmite-se em sentido contrário ao movimento do rotor. Observe que o freio tenderia a girar no mesmo sentido do rotor, não fosse o apoio na “balança” que o mantém em equilíbrio estático. Portanto: 𝐹𝑎𝑡𝑟 ∗ 𝑟 = 𝐹 ∗ 𝑏 (2) (1) FREIO DE PRONY • Onde 𝐹 é a ação do braço 𝑏 do freio sobre o medidor de força (dinamômetro propriamente dito), que fornece a leitura da mesma. Pelas equações (1) e (2) conclui-se que: 𝑇 = 𝐹 ∗ 𝑏 • Conhecido o comprimento de 𝑏 do braço do dinamômetro e com a leitura obtida no medido de força, pode-se obter o valor do torque no eixo do motor quando a velocidade angular ⍵ é mantida constante. (3) FREIO DE PRONY • Para o cálculo da potência disponível no eixo do motor, também denominada potência efetiva ou útil, basta lembrar que: 𝑁 = ⍵ ∗ 𝑇 • Ou: 𝑁 = 2𝜋 ∗ 𝑛 ∗ 𝑇 • Utilizando na Equação (5), unidades de um sistema coerente, será obtida a potência em unidade do mesmo sistema. (4) (5) FREIO DE PRONY • Por exemplo, usando n em rps e T em N.m, obtém-se N em W (Watt) e dividindo por 1.000 em kW (quilowatt). • No entanto, podem-se usar unidades de sistemas diferentes e obter a potência na unidade desejada pela introdução dos fatores de transformação. Por exemplo, usando n em rpm e T em kgf.m, é necessário dividir por 60 para produzir N (potência) em kgm/s que, dividido por 75, fornece a potência em CV. FREIO DE PRONY • Sendo assim: 𝑁(𝐶𝑉) = 2𝜋 ∗ 𝑛 ∗ 𝑇 60 ∗ 75 = 𝑛 ∗ 𝑡 716,2 𝑛 ⇒ 𝑟𝑝𝑚 𝑇 ⇒ 𝑘𝑔𝑓 ∗ 𝑚 • Lembrando que 1 HP = 1,014CV: 𝑁(𝐶𝑉) = n ∗ T 726,2 (6) (7) FREIO DE PRONY • Por outro lado, pelas equações (3) e (5): 𝑁 = 2π ∗ n ∗ F ∗ b • Como b tem valor constante para um dado dinamômetro: 𝑁 = 𝐾 ∗ 𝐹 ∗ 𝑛 Onde: F é a leitura do medidor de força; n é a leitura de um tacômetro e K é a constante do dinamômetro dada por 2 ∗ π ∗ bx fator de transformação de unidades. (8) (9) FREIO DE PRONY • O Freio de Prony apresenta vários inconvenientes operacionais, destacando-se o fator de manter a carga constante independente da rotação empregada. Então, se a rotação cai, em virtude do motor não suportá-la, a rotação irá diminuir até a parada total do mesmo. Figura 2.0 – Freio de Prony DINAMÔMETROS HIDRÁULICOS • O Dinamômetro é constituído de uma carcaça metálica estanque apoiada em dois mancais coaxiais com os mancais do eixo. Isso permite que a carcaça fique livre para oscilar em torno de seu eixo, sendo equilibrada pelo braço que se apoia na balança ou célula de carga. Um rotor provido de uma série de conchas em ambas as suas faces laterais está montado no seu eixo. Na face interna da carcaça há uma série de conchas iguais e montadas em oposição às do rotor. As conchas do rotor estão viradas para o sentido da rotação e as da carcaça no sentido oposto. DINAMÔMETROS HIDRÁULICOS Entrada de água Duto de Alimentação Mancal de Balanço Mancal de Rotor Suporte de Montagem Saída de água Estator Rotor Eixo Principal Engrenagem de Ajuste da Abertura da Válvula e água Base Descarga de água Figura 3.0 – Dinamômetro Hidráulico [C] DINAMÔMETROS HIDRÁULICOS • O espaço interno desse freio é preenchido por água. Em funcionamento, o rotor impele a água obliquamente, com componentes nas direções do eixo de rotação do rotor e do movimento radial da água da concha do rotor. A água entra na concha da carcaça tentando arrastá-la no sentido da rotação. Como a carcaça está presa, a água entra em violento movimento turbulento, transformando a energia hidráulica parcialmente em calor e em esforço torçor. É, então, conduzida pelo formato da concha da carcaça de volta ao rotor na parte da concha mais próxima do eixo e o ciclo se repete. DINAMÔMETROS HIDRÁULICOS • Para remover o calor assim gerado, a água quente é drenada continuamente pela parte superior da carcaça e a água fria de reposição é introduzida através de pequenos orifícios nas conchas do estator. Na saída existe uma válvula de regulagem de fluxo para manter o nível de água dentro da carcaça a uma temperatura adequada desta dentro do dinamômetro. Os fabricantes recomendam não passar de 60°C. DINAMÔMETROS HIDRÁULICOS • Para remover o calor assim gerado, a água quente é drenada continuamente pela parte superior da carcaça e a água fria de reposição é introduzida através de pequenos orifícios nas conchas do estator. Na saída existe uma válvula de regulagem de fluxo para manter o nível de água dentro da carcaça a uma temperatura adequada desta dentro do dinamômetro. Os fabricantes recomendam não passar de 60°C. O Princípio de Funcionamento desse freio é similar do dinamômetro de Prony. Apenas o tipo de frenagem é diferente, já que nos Dinamômetros Hidráulicos, é utilizado o atrito cisalhante da água contra a Carcaça! DINAMÔMETROS HIDRÁULICOS Figura 4.0 – Instalação Típica de um freio hidráulico Figura 5.0 – Dinamômetro Hidráulico (Diagrama de blocos) [C] DINAMÔMETROS ELÉTRICOS • Um dos Dinamômetros Elétricos são os Dinamômetros de Correntes Parasitas (ou de correntes de Foucault). Esse tipo de dinamômetro tem o rotor em forma de uma grande engrenagem feita de material de alta permeabilidade magnética. O mesmo material é utilizado na fabricação dos dois anéis solidários com o estator e separados por um pequeno espaço livre do rotor. No centro do estator existe uma bobina que é alimentada por corrente contínua. Quando energizada, a bobina gera um campo magnético que é concentrado nos “dentes do rotor”. Quando o rotor se move, gera correntes parasitas nos anéis que, portanto, se aquecem. DINAMÔMETROS ELÉTRICOS • O calor gerado é absorvido pelo estator e removido deste pela água utilizada como fluido de resfriamento. Esse dinamômetro é bastante simples e regulado pela intensidade da corrente que passa pela bobina. Isso permite a construção de dinamômetros de grande porte. O Princípio de Funcionamento desse freio é similar ao do Dinamômetro de Prony. Apenas o tipo de frenagem é diferente, já que nos dinamômetros elétricos utilizam-se esforços gerados por campos elétricos ou magnéticos. DINAMÔMETROS ELÉTRICOS 1. Rotor 2. Eixo Principal 3. Flange de Acoplamento 4. Saída de Água 5. Bobina 6. Estator 7. Câmara de Resfriamento 7. Folga entre Rotor e Estator (gap) 8. Sensor de Rotação 9. Molas – Balanço (ação/reação) 10. Base 11. Entrada de Água 12. Articulação 13. Tubo de Descarga Figura 6.0 – Freio de Correntes Parasitas [C] DINAMÔMETROS ELÉTRICOS Os Freios de Correntes Parasitas são Máquinas que permitem: • Realização de testes: Cíclicos e rápidos. • Utilização para o desenvolvimento de motores e componentes. • Realização de testes com baixo custo de operação. Figura 7.0 – Dinamômetro de Correntes Parasitas – Instalação Típica [D] DINAMÔMETROS ELÉTRICOS Figura 8.0 – Freios de Correntes Parasitas [B] Figura 9.0 – Diagrama de Blocos (Freios de Correntes Parasitas) [B] DINAMÔMETROS ELÉTRICOS • Outro tipo de Dinamômetro Elétrico são os Dinamômetros Mistos ou de Corrente Alternada, sendo o dinamômetro mais indicado para trabalhos de pesquisa, já que,além de extremamente sensível, pode assumir configuração ativa, acionando o motor (sem a ocorrência de combustão) para estimar suas resistências passivas, que geram a denominada potência de atrito. Esse dinamômetro é uma máquina elétrica de corrente alternada que pode funcionar como motor ou como gerador. O campo desse dinamômetro é de excitação independente e, portanto, variando a alimentação entre campo e rotor, consegue-se ampla variação de velocidades e de potências absorvidas. DINAMÔMETROS ELÉTRICOS • Essas máquina quando operando como freio (gerador), permitem que a energia elétrica gerada seja devolvida à rede por meio de uma bancada de tiristores. A função de um Tirístor é de abrir e fechar circuitos com grandes cargas, como motores, electroímanes, aquecedores e etc. São dispositivos semicondutores multicamadas, que operam em regime de chaveamento. Figura 10 – Freio Misto de Corrente Alternada em Sala de Teste [B] DINAMÔMETROS ELÉTRICOS Vantagens e Desvantagens: • Pode ser utilizado como motor elétrico para medição de potência de atrito da máquina em prova; • Custo Elevado; • Sua utilização só se justifica em casos especiais, por exemplo: bancadas de boa precisão e de uso constante. POTÊNCIA EFETIVA (Ne) A Potência Efetiva (Ne) é a potência medida no eixo do motor. Observe que: 𝑁𝑒 = 𝑇 ∗ ⍵ = 𝑇 ∗ 2𝜋 ∗ 𝑛 Onde ⍵ é a velocidade angular do eixo dado, por exemplo, em rad/s e n é a rotação. Como já foi visto anteriormente em nossa apresentação: 𝑁𝑒 = 𝐾 ∗ 𝐹 ∗ 𝑛 Onde K é uma constante do dinamômetro cujo valor é função das unidades de F, de n e da unidade desejada para Ne. (1) (2) POTÊNCIA EFETIVA (Ne) As unidades mais utilizadas e suas equivalências são: 1 CV = 0,735 KW | 1 HP = 1,014 CV • Se n (rpm) e Ne (CV): 𝑁𝑒 = 2𝜋 ∗𝑇 ∗𝑛 75∗60 ⇒ 𝑁𝑒 = 𝑇∗𝑛 716,2 • Se T (N/m), n (rpm) e Ne (kW): 𝑁𝑒 = 2𝜋 ∗ 𝑇 ∗ 𝑛 60 ∗ 1.000 ⇒ 𝑁𝑒 = 𝑇 ∗ 𝑛 9.549 (3) (4) Figura 11 – Potência Efetiva (Ne) POTÊNCIA INDICADA (Ni) A Potência Indicada (Ni) é a potência desenvolvida pelo ciclo termodinâmico do fluido ativo. Essa potência pode ser medida com um indicador de pressões, que permita traçar o ciclo do fluido ativo. Figura 12 – Representação de um ciclo de um motor de combustão num diagrama p – V POTÊNCIA INDICADA (Ni) Como a potência é o trabalho por unidade de tempo, dado o trabalho, a potência pode ser obtida multiplicando-se o trabalho pela frequência com que é realizado. Sendo assim: 𝑁𝑖 = 𝑊𝑖 ∗ 𝑛 𝑥 ∗ 𝑧 Onde: n é a rotação do motor cujo ciclo é o indicado na figura 12 do slide anterior. • x = 1 ou 2, dependendo do motor ser respectivamente 2T ou 4T. • z = número de cilindros do motor. (1) POTÊNCIA DE ATRITO A Potência de Atrito é a potência consumida pelas resistências internas do motor. O impacto do atrito das partes móveis do motor é apresentado na Figura 13 (próximo slide) de forma ilustrativa e pode variar de acordo com as características construtivas. O entendimento desses atritos é fundamental no desenvolvimento de novos projetos. Diversos são os métodos de determinação da potência de atrito, neste trabalho iremos abordar sobre o “Teste de Morse”. POTÊNCIA DE ATRITO Figura 13 – Representação gráfica da distribuição de atrito entre os componentes. POTÊNCIA DE ATRITO – TESTE DE MORSE O Teste de Morse é um teste que dá um valor aproximado para as perdas por atrito por meio dos valores de potência indicada e potência do eixo de um motor de múltiplos cilindros. 𝑁𝑒 = 𝑁𝑖 − 𝑁𝑎 Nesse caso, utiliza-se um freio convencional e mede-se a potência efetiva do motor, e, ao desligar um cilindro, a potência indicada diminui de uma quantidade igual àquela desenvolvida por aquele cilindro. Assim, têm-se, z medidas, sempre na mesma rotação, graças ao uso do dinamômetro. POTÊNCIA DE ATRITO – TESTE DE MORSE Como forma exemplificativa, para um motor quatro cilindros, e admitindo atritos iguais em todos os cilindros, tem-se: 𝑁𝑒1 = 𝑁𝑖2,3,4 − 𝑁𝑎 (𝐶𝑖𝑙𝑖𝑛𝑑𝑟𝑜 1 𝑑𝑒𝑠𝑙𝑖𝑔𝑎𝑑𝑜) 𝑁𝑒2 = 𝑁𝑖1,3,4 − 𝑁𝑎 (𝐶𝑖𝑙𝑖𝑛𝑑𝑟𝑜 2 𝑑𝑒𝑠𝑙𝑖𝑔𝑎𝑑𝑜) 𝑁𝑒3 = 𝑁𝑖1,2,4 − 𝑁𝑎 (𝐶𝑖𝑙𝑖𝑛𝑑𝑟𝑜 3 𝑑𝑒𝑠𝑙𝑖𝑔𝑎𝑑𝑜) 𝑁𝑒4 = 𝑁𝑖1,2,3 − 𝑁𝑎 (𝐶𝑖𝑙𝑖𝑛𝑑𝑟𝑜 4 𝑑𝑒𝑠𝑙𝑖𝑔𝑎𝑑𝑜) POTÊNCIA DE ATRITO – TESTE DE MORSE Somando as expressões: σ𝑗=1 4 𝑁𝑒𝑗 = 3𝑁𝑖 − 4𝑁𝑎 ou σ𝑗=1 4 𝑁𝑒𝑗 = 3(𝑁𝑒+𝑁𝑎) − 4𝑁𝑎 E, portanto: 𝑁𝑎 = 3𝑁𝑒 - σ𝑗=1 4 𝑁𝑒𝑗 Generalizando, para um motor de z cilindros: 𝑁𝑎 = (z-1)𝑁𝑒 - σ𝑗=1 𝑧 𝑁𝑒𝑗 POTÊNCIA DE ATRITO – TESTE DE MORSE Este método pode ser facilitado supondo que todos os cilindros desenvolvam uma mesma potência indicada, nesse caso, desligando apenas um cilindro: 𝑁𝑎 = 𝑧 − 1 𝑁𝑒 − 𝑧𝑁´e Onde N´e é a potência efetiva do motor com um cilindro desligado. As desvantagens desse método são: No cilindro desligado não estará atuando a carga axial dos anéis; Nesse cilindro a parede estará sendo lavada pelo combustível não queimado e comprometimento do lubrificando e da vida do motor. CONSUMO ESPECÍFICO (Ce) O Consumo Específico (Ce) é a relação entre o consumo de combustível e a potência efetiva. 𝐶𝑒 = 𝑚𝑐 𝑁𝑒 (kg,CVh, kg/kWh etc.) A potência efetiva é medida no dinamômetro e o consumo de combustível é medido de diferentes maneiras, gravimétrica ou volumetricamente. (1) CONSUMO ESPECÍFICO (Ce) Na Medição Volumétrica (frasco calibrado) utiliza-se um frasco de volume calibrado. Uma válvula de três vias pode ser acionada para preencher o frasco e posteriormente alimentar o motor a partir do frasco. Registra-se o tempo necessário para consumir o combustível contido no volume calibrado. Logo: 𝑉𝑐 = 𝑉𝑐 𝑡 Sendo ⍴c=massa específica do combustível 𝑚𝑐 = ⍴𝑐 ∗ 𝑉𝑐 𝑡 Figura 14 – Medição do consumo de combustível – Volumétrica [F] (1) (2) CONSUMO ESPECÍFICO (Ce) Na Medição Gravimétrica vemos na figura 15 a forma de se efetuar a medição do tempo necessário ao consumo de uma massa conhecida combustível. A medição mássica é mais vantajosa, pois considera a variação na massa específica do combustível medido (decorrente da variação da temperatura). Dessa forma: 𝑚𝑐 = 𝑚𝑐 𝑡 Figura 15 – Medição do consumo de combustível gravimétrica [F] (1)
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