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COLOQUE A CAPA AQUI 
 
 
www.adverum.com.br Estude inteligente, estude Ad Verum 
 
 
APRESENTAÇÃO 
 
 
Caro(a) Aluno(a), 
 
 
A preparação para concursos públicos exige profissionalismo, métrica e 
inteligência. Cada minuto despendido deve ser bem gasto! Por isso, uma 
preparação direcionada, focada nos pontos com maior probabilidade de 
cobrança no seu certame, pode representar a diferença entre aprovação e 
reprovação. 
 
Ciente disso, a Ad Verum Suporte Educacional, empresa do Grupo CERS 
ONLINE, concebeu o curso INTELIGÊNCIA PDF – Promotor de Justiça, que 
tem por premissa fundamental “atacar” os pontos nucleares de cada matéria, 
com vistas a antecipação dos temas com maiores chances de cobrança em 
sua prova. 
 
Fazer isso não é tarefa fácil! É necessário um árduo esforço de pesquisa, 
levando-se em consideração fatores como banca examinadora e respectivos 
membros (sempre que possível), retrospecto do concurso, recorrência temática 
dentro de cada disciplina, importância de cada tema, momento da segurança 
pública do país, dentre tantos outros, aliados a experiência de Professores de 
projeção nacional, com larguíssima experiência na análise do perfil dos mais 
diferentes certames. 
 
Para tornar tudo isso uma realidade, a Ad Verum investiu muito em seu Método 
de Aceleração de Aprendizagem (MAVAA). Hoje, contamos com um SETOR 
DE INTELIGÊNCIA, responsável por ampla coleta de dados e informações das 
mais diferentes fontes relacionadas ao universo de cada concurso e/ou exame 
profissional, de modo a, partir do processamento dos dados coletados, oferecer 
aos seus alunos uma experiência diferenciada quando comparada a tudo que 
ele conhece em matéria de preparaçãopara carreiras públicas. 
 
Racionalizar o estudo do aluno é mais que um objetivo para Ad Verum, trata-se 
de uma obsessão. 
 
Estude inteligente, estude Ad Verum! 
 
 
 
Francisco Penante 
CEO Ad Verum Suporte Educacional 
 
 
 
 
 
 
 
 
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SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO ................................................................................................... 1 
1. DOS FATOS JURÍDICOS .............................................................................. 2 
1.1. CONCEITOS BÁSICOS ........................................................................... 2 
1.1.1. FATO JURÍDICO E ATO JURÍDICO .................................................. 2 
1.1.2. NEGÓCIO JURÍDICO E ELEMENTOS ESTRUTURAIS ................... 2 
1.1.3. DOS DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO ...................................... 4 
1.2. PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA .............................................................. 5 
2. DIREITO DAS OBRIGAÇÕES ....................................................................... 7 
2.1. CONCEITOS BÁSICOS ........................................................................... 7 
2.1.1. CONCEITO DE OBRIGAÇÃO E ELEMENTOS ................................. 8 
2.2. CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES ................................................... 8 
2.2.1. DAS OBRIGAÇÕES DE DAR COISA CERTA ................................... 8 
2.2.2. DAS OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS .................................................. 10 
2.3. ADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES (TEORIA DO PAGAMENTO) .. 11 
2.4. INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES (RESPONSABILIDADE CIVIL 
CONTRATUAL)............................................................................................. 12 
3. TEORIA GERAL DOS CONTRATOS E CONTRATOS EM ESPÉCIE ........ 14 
3.1. CONCEITO E PRINCÍPIOS ................................................................... 14 
3.1.1. PRINCÍPIOS CONTRATUAIS.......................................................... 14 
3.2. CONTRATOS EM ESPÉCIE .................................................................. 17 
3.2.1. COMPRA E VENDA (ARTS. 481 A 532 DO CC) ................................ 17 
3.2.2. DOAÇÃO (ARTS. 538 A 564 DO CC) .............................................. 19 
4. RESPOSABILIDADE CIVIL ......................................................................... 22 
4.1. CONCEITOS BÁSICOS ......................................................................... 22 
4.1.1. RESPONSABILIDADE CONTRATUAL E EXTRACONTRATUAL ... 22 
4.2. RESPONSABILIDADE EXTRACONTRATUAL OU AQUILIANA ........... 23 
4.2.1. ATO ILÍCITO E ABUSO DE DIREITO .............................................. 23 
4.2.2. ELEMENTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL .............................. 23 
4.2.3. RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA E SUBJETIVA ................. 26 
4.3. EXCLUDENTES DO DEVER DE INDENIZAR ....................................... 26 
4.3.1. EXCLUDENTES DE ILICITUDE ...................................................... 27 
4.3.2. EXCLUDENTES DE RESPONSABILIDADE ................................... 27 
5. DIREITO DAS COISAS ................................................................................ 29 
 
 
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5.1. CONCEITOS BÁSICOS ......................................................................... 29 
5.1.1. DIREITOS REAIS ............................................................................ 29 
5.2. POSSE (ART. 1.196 A 1.224 DO CC) ................................................... 30 
5.2.1. CLASSIFICAÇÃO E DESDOBRAMENTOS DA POSSE ................. 31 
5.2.2. EFEITOS DA POSSE ...................................................................... 32 
5.2.3. AQUISIÇÃO, TRANSMISSÃO E PERDA ........................................ 33 
5.3. PROPRIEDADE (ART. 1.228 A 1.368-B DO CC) .................................. 33 
5.3.1. CONCEITO E ATRIBUTOS ............................................................. 33 
5.3.2. CLASSIFICAÇÃO ............................................................................ 33 
5.3.3. EXTENSÃO E FORMAS DE AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE ...... 34 
5.3.4. PERDA DA PROPRIEDADE ................................................................. 36 
6. DIREITO DE FAMÍLIA ................................................................................. 38 
6.1. CONCEITOS BÁSICOS ......................................................................... 38 
6.1.1. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS ....................................................... 38 
6.2. CASAMENTO (ARTS. 1511 A 1590, CC) .............................................. 39 
6.2.1. ASPECTOS GERAIS DO CASAMENTO ......................................... 39 
6.2.2. REGIME DE BENS .......................................................................... 41 
6.2.4. DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE CONJUGAL (ART. 1571 a 1582, 
CC) ............................................................................................................ 43 
6.3. RELAÇÕES DE PARENTESCO (ARTS. 1591 a 1638 DO CC) ............. 44 
6.3.1. ESPÉCIES ....................................................................................... 44 
6.3.2. FILIAÇÃO (ARTS. 1596 a 1606 DO CC) ......................................... 44 
6.3.3. PODER FAMILIAR (ARTS. 1630 a 1638 DO CC) ................................. 48 
6.4. DIREITO ASSISTENCIAL DE FAMÍLIA ................................................. 51 
6.4.1. TUTELA (ARTS. 1728 a 1766 DO CC) E CURATELA (ARTS. 1767 a 
1783 DO CC) ............................................................................................. 51 
6.5. ALIMENTOS (ARTS. 1694 A 1710 DO CC) ........................................... 52 
6.5.1. CONCEITO E PRESSUPOSTOS .................................................... 52 
6.5.2. CARACTERÍSTICAS ....................................................................... 53 
6.5.3. CLASSIFICAÇÃO DOS ALIMENTOS .............................................. 54 
6.5.4. EXONERAÇÃO................................................................................ 56 
7. DIREITO DAS SUCESSÕES .......................................................................59 
7.1. CONCEITOS BÁSICOS E PRINCÍPIOS ................................................ 59 
7.1.1. MODALIDADES DE HERDEIROS ................................................... 59 
7.1.2. PRINCÍPIO DE SAISINE E VEDAÇÃO AO PACTA DE CORVINA . 59 
 
 
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7.2. ABERTURA DA SUCESSÃO ................................................................. 59 
7.2.1. VOCAÇÃO HEREDITÁRIA .............................................................. 61 
7.2.2. ACEITAÇÃO E RENÚNICA DA HERANÇA (ARTS. 1804 A 1813, 
CC) ............................................................................................................ 62 
7.3. SUCESSÃO LEGÍTIMA.......................................................................... 63 
7.3.1. SUCESSÃO DOS DESCENDENTES (ART. 1829 DO CC) ............. 63 
7.3.2. SUCESSÃO DOS ASCENDENTES (ART. 1829, II C/C 1836 DO CC)
 ................................................................................................................... 63 
7.3.3. SUCESSÃO DO CÔNJUGE SOBREVIVENTE E REGRAS DE 
CONCORRÊNCIA (ART. 1829, III C/C 1838 DO CC) ............................... 64 
7.3.4. SUCESSÃO DO COMPANHEIRO ................................................... 66 
7.3.5. SUCESSÃO DOS COLATERAIS..................................................... 66 
7.4. SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA ............................................................ 67 
7.4.1. ESPÉCIES DE TESTAMENTO........................................................ 67 
 
 
 
 
 
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INTRODUÇÃO 
 
A Lei 10.406/2002, que instituiu o Novo Código Civil, rege todas as 
relações e direitos de ordem privada. É dividido em duas partes: a parte geral, 
que trata sobre Direito das Pessoas, Bens e Fatos Jurídicos; e a parte especial, 
a qual rege Direito das Obrigações, Empresa, Direito das Coisas, Família e 
Sucessões. Especificamente no seu Livro I da Parte Geral, o Código Civil trata 
do Direito das Pessoas Naturais e Jurídicas. Nesse sentido, versa sobre a 
personalidade, capacidade, direitos da personalidade, morte, forma de 
aquisição da personalidade jurídica e sua extinção, espécies de pessoas 
jurídicas e sobre o domicílio delas. Temas importantes para você, futuro(a) 
Promotor(a) de Justiça, pois vão se relacionar diretamente, ao longo do seu 
estudo, com outros institutos civilistas, a exemplo do Direito de Família e 
Sucessões. 
 
 Em primeiro lugar, sobre as Pessoas Naturais, a capacidade pode ser 
tanto de direito ou de fato: a primeira se relaciona com a possibilidade de o 
indivíduo ser sujeito de direitos e deveres na ordem privada; e a segunda, a de 
exercer direitos, o que, juntas, acarretam o que se denomina de capacidade 
plena. Assim, o indivíduo pode ser tanto absolutamente incapaz quanto 
relativamente incapaz e, ainda, pode ter a cessação da sua capacidade de 
maneira antecipada (emancipação). Quanto a extinção da personalidade das 
Pessoas Naturais, ocorre com a morte com ou sem decretação de ausência, o 
que implica consequências de ordem prática (Princípio de Saisine). Em 
segundo lugar, sobre as Pessoas Jurídicas, o Código Civil adotou a Teoria da 
Realidade Técnica, diferenciando o ente dos seus membros, o que não ocorria 
na legislação revogada, porém, possibilita a desconsideração da personalidade 
jurídica quando houver desvio de sua finalidade ou confusão patrimonial. 
Inclusive, traz a classificação das Pessoas Jurídicas em Pessoa Jurídica de 
Direito Público Interno, Externo e em Pessoa Jurídica de Direito Privado: 
associações, sociedades, fundações, organizações religiosas, partidos políticos 
e empresas individuais de responsabilidade limitada – EIRELI. Ao contrário do 
que ocorre com as Pessoas Naturais, por ser uma ficção jurídica, as Pessoas 
Jurídicas adquirem sua personalidade mediante o registro de seus atos 
constitutivos no Cartório de Registro respectivo. 
 
 Ainda, regula sobre o Domicílio das Pessoas Naturais e Jurídicas, 
contudo, as regras de domicílio não se dão apenas conforme a vontade de 
permanecer do indivíduo, abrange também situações diversas: pluralidade de 
domicílio, domicílio aparente, alteração de domicílio, domicílio profissional, 
domicílio necessário de alguns sujeitos especiais, entre outras. Em 
contrapartida, quanto às pessoas jurídicas, o domicílio será sempre legal, não 
levando em consideração o ‘animus manendi’. Por fim, o Código Civil também 
trata sobre os Direitos da Personalidade, que são, dentre as demais 
características, intransmissíveis, irrenunciáveis e imprescritíveis. Nesse 
contexto, a legislação civil protege diversos direitos intrínsecos ao ser humano, 
como por exemplo, o direito ao nome, à reparação em âmbito moral e material, 
porém, aplicando-se, no que couber, à Pessoa Jurídica. A exemplo disso, 
pode-se citar a possibilidade de a pessoa jurídica sofrer dano moral, na esteira 
 
 
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da Súmula 227 do STJ, visto que essa espécie de dano atinge a honra objetiva 
(reputação social) do ente abstrato, o que difere do dano moral relativo às 
Pessoas Naturais, uma vez que atinge a honra subjetiva do indivíduo. 
 
 Desse modo, nota-se a importância de estudar a disciplina do Direito 
Civil, mesmo se tratando de diploma que regula situações de interesses 
privados, pois, você, como futuro(a) Promotor(a) de Justiça, vai precisar 
dominar os institutos civilistas para o exercício de suas funções após a tão 
sonhada aprovação no concurso. 
 
 Obs.: Merece registro a recente decisão do Supremo Tribunal Federal 
que reconheceu a possibilidade de transgêneros alterarem o prenome e o 
gênero diretamente no registro civil, independentemente da realização de 
cirurgia de transgenitalização ou tratamentos hormonais ou patologizantes 
(STF, ADI 4.275/DF, j. 28/2 e 1º/3/2018). 
 
1. DOS FATOS JURÍDICOS 
 
1.1. CONCEITOS BÁSICOS 
 
 Os conceitos de fato jurídico, ato jurídico e negócio jurídico são 
extremamente importantes para a compreensão de diversos institutos do 
Direito Privado, sendo necessário entendê-los de maneira integral. Vejamos. 
 
1.1.1. FATO JURÍDICO E ATO JURÍDICO 
 
 De acordo com Tartuce, conceitua-se Fato Jurídico como sendo uma 
situação que possua relevância jurídica. 
 
 Nessa perspectiva, essa situação que ocorre no dia a dia e possui 
relevância para o Direito pode ser subdividido em: a) Fato Jurídico strictu sensu 
(sentido estrito), o qual pode ser tanto ordinário (ex.: decurso do tempo) quanto 
extraordinário (ex.: catástrofe natural não esperada) e b) Fato Humano (fato 
jurígeno), que, por sua vez, pode ser tanto ato ilícito – penal, civil ou 
administrativo – quanto um ato lícito (ato jurídico lato sensu). 
 
 Do ato jurídico em sentido amplo, desdobra-se em: a) Negócio Jurídico, 
que surge quando houver uma junção de interesses de indivíduos ex.: 
contratos; e b) Ato Jurídico stricto sensu (em sentido estrito), que ocorre 
quando não houver a composição de vontades distintas e nem criação de 
instituto jurídico próprio, ou seja, quando existir a mera manifestação unilateral 
de vontade que produza efeitos legais. Ex.:reconhecimento de um filho. 
 
1.1.2. NEGÓCIO JURÍDICO E ELEMENTOS ESTRUTURAIS 
 
O estudo dos elementos estruturais do Negócio Jurídico implica estudar 
a Teoria dos Três Planos ou, conforme explica Flávio Tartuce, a Escada 
Ponteana do grande jurista Pontes de Miranda. Nesse contexto, o negócio 
jurídico apresenta três planos: a) plano da existência, o qual se relaciona com 
 
 
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os pressupostos de existência de determinado negócio jurídico, b) plano da 
validade e c) plano da eficácia, correspondendo à existência ou não de 
elementos capazes de suspender ou resolver direitos previstos pelo negócio 
jurídico.Assim, um negócio jurídico, portanto, pode existir, mas não ser válido 
e, consequentemente, não ser eficaz; ser existente, válido e não ser eficaz; ou 
ser simplesmente inexistente. 
 
Compreendido isso, vamos aprofundar o estudo de tais planos. Vamos 
juntos?! 
 
1.1.2.1. PLANO DA EXISTÊNCIA E PLANO DA VALIDADE 
 
 No plano da existência, encontra-se os elementos mínimos necessários 
para a formação e existência jurídica de um negócio jurídico: partes, a vontade, 
o objeto e a forma. Assim, não havendo qualquer um desses elementos, o 
negócio jurídico será inexistente, nem mesmo perpassando pelo âmbito 
jurídico. 
 
 Diferentemente, o plano da validade é expressamente previsto no art. 
104 do Código Civil de 2002. Dessa forma, para que um negócio jurídico possa 
ser válido no mundo jurídico, ele requer: a) Capacidade do agente – significa 
que, em se tratando de relativamente incapaz, deve ser assistido por quem a 
lei determine e, em caso de absolutamente incapaz, deve ser representado. No 
primeiro caso, não havendo a assistência, o negócio jurídico será anulável e, 
no segundo caso, será nulo. Em relação às Pessoas Jurídicas, devem ser 
representadas ativa e passivamente por seus órgãos; b) Objeto lícito, possível, 
determinado ou determinável– de ser legalmente aceito) e ser de acordo com 
os bons costumes, a ordem pública e a boa-fé, deve ser possível na ótica 
social e determinado ou determinável, quando for certo ou, pelo menos, 
possível de determinar em um futuro; c) Forma prescrita ou não defesa em lei – 
regra geral, a regra é que a forma seja livre, ou seja, não necessite de forma 
especial para sua constituição, desde que não seja proibida pela lei. Porém, há 
casos em que se faz necessário seguir determinadas solenidades, a exemplo 
do instituto do casamento. 
 
1.1.2.2. PLANO DA EFICÁCIA 
 
 Nesse plano, efeitos jurídicos são gerados pela constituição do negócio 
jurídico em relação às partes e aos terceiros. Entre tais efeitos, destacam-se a 
condição, o termo e o encargo ou modo, todos regidos pelo Código Civil dos 
arts. 121 a 137. Além disso, são considerados como elementos acidentais do 
negócio jurídico, já que são dispensáveis para produção de efeitos na ótica 
jurídica. 
 
 Vejamos suas principais características: a) Condição – vincula o negócio 
a um elemento futuro e incerto. Dentre as diversas classificações doutrinárias, 
ressalta-se a condição suspensiva (art. 125, CC), que, enquanto não se 
verificar, impede a produção de efeito do negócio jurídico e a resolutiva (art. 
127, CC), a qual, quando ocorre, resolve o direito adquirido em razão do 
negócio jurídico formulado; b) Termo – vincula o negócio jurídico a um efeito 
 
 
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futuro e certo. Assim, há o termo inicial (dies a quo), que determina o início dos 
efeitos do negócio, e o final (dies ad quem), pondo fim tais efeitos. Tais termos 
acarretam a formação de um prazo, que é justamente o lapso temporal entre o 
início e o fim dos efeitos jurídicos negociais. Ex.: doação de um carro quando 
alguém morrer. A morte é um evento futuro e certo por excelência, só não é 
possível determinar o momento de sua ocorrência; c) Encargo ou modo – 
vincula o negócio jurídico a um ônus a ser cumprido pela outra parte. Ex.: 
doação de um carro, desde que nunca aliene o bem. Dessa forma, caso não 
realize o ônus posto no negócio, ocorrerá a revogação do mesmo. 
 
 
Condiçãopuramente potestativa – depende de mero capricho, sujeitando todo 
o efeito do ato ao arbítrio exclusivo de uma das partes. Portanto, é ilícita, visto 
que secaracteriza como abuso de poder econômico e/ou desrespeito ao 
princípio da boa-fé objetiva, acarretando o desaparecimento de qualquer 
vínculo volitivo entre as partes. 
Condição simplesmente potestativa – são admitidas pois não dependem 
apenas da manifestação de vontade de uma das partes mas também de 
algum acontecimento ou circunstancia exterior que escapa ao seu controle, 
não caracterizando qualquer forma de abuso de poder. 
 
1.1.3. DOS DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO 
 
 Os defeitos, também denominados de vícios dos negócios jurídicos, 
atingem a vontade do agente, acarretando negócios passíveis de anulação ou 
nulidade. 
 
 Nesse sentido, os vícios podem ser de consentimento: a) erro (art. 138 
a 144 do CC) – falsa percepção da realidade em relação a um dos elementos 
do negócio, b) dolo (art. 145 a 150 do CC) – meio ardiloso utilizado para 
enganar alguém para benefício próprio, podendo ser essencial ou acidental, 
que não gera a anulabilidade, mas apenas perdas e danos em favor do 
prejudicado, c) coação (art. 151 a 155 do CC) – pressão física ou moral 
exercida sobre uma das partes, devendo ser relevante, com dano iminente e 
considerável em relação à parte ou alguém de sua família, d) estado de perigo 
(art. 156 do CC) – quando o negociante ou alguém de sua família estiver em 
uma situação de perigo e a outra parte se aproveita disso e realiza o negócio 
mediante uma onerosidade excessiva, como no caso em que um hospital 
vincula determinado atendimento apenas se houver a prestação de caução 
pelo indivíduo, e e) lesão (art. 157 do CC) – ocorre quando uma pessoa, por 
meio da inexperiência ou premente necessidade, obriga-se a uma prestação 
manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta; ou sociais: a) 
simulação (art. 167 do CC) - consiste em uma declaração de vontade distinta 
da vontade real, com a concordância de ambas as partes e visando, 
geralmente, a fugir de obrigações/imperativos legais e prejudicar terceiros, e b) 
fraude contra credores (art. 158 a 165 do CC) – ocorre quando há uma 
 
 
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intenção de prejudicar credores (consilium fraudis) e um evento danoso para 
eles (eventos damni). 
 
Atenção!Existe, atualmente, debate doutrinário se a Simulação ainda se 
constitui como vício social, porém, as bancas de concurso seguem o 
entendimento da doutrina majoritária, considerando esse vício do negócio 
jurídico como vício social, conforme defendem Paulo Lôbo e Flávio Tartuce. 
 
 
V 
MPE-MG| 2017 |FUNDEP: A lesão, como defeito do negócio jurídico, 
ocorre quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por 
inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional, 
admitindo-se a revisão quando oferecido o suplemento suficiente, ou se a 
parte favorecida concordar com a redução do proveito. 
 
1.1.3.1. DA INVALIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO 
 
 Nesse ponto do conteúdo, é imprescindível a leitura do art. 166 e 
seguintes do CC/02 na íntegra. Porém, importante memorizar que, em relação 
aos defeitos do negócio jurídico, a Simulação é o único vício do negócio 
jurídico que acarreta a NULIDADE do negócio jurídico, enquanto todos os 
demais acarretam a sua ANULABILIDADE. 
 
V MPE-MG| 2017 |FUNDEP: A simulação do negócio jurídico configura 
nulidade arguível pelo Ministério Público. 
 
1.2. PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA 
 
 A prescrição se apresenta como um direito subjetivo público abstrato de 
ação, que regula os prazos de pretensão de um direito. Além disso, está 
sujeito a causas impeditivas (não corre o prazo prescricional), suspensivas e 
interruptivas.No que se refere às causas suspensivas, elas retomam o prazo 
prescricional de onde parou e, em relação às causas interruptivas, elas 
retomam o prazo na sua integralidade. Quanto aos prazos, são taxativos e 
estão previstos nos arts. 205 e 206 do CC/02. Regra geral, a prescrição corre 
em 10 anos, constituindo-se como prazo ordinário, quando não existir prazo 
específico diverso. Cabe ressaltar que os prazos específicos vão de 1 ano até 
5 anos e estão previstos no art. 206.Desses prazos, é importante lembrar que 
prescreve em 2 anos as ações de prestações alimentares, em 4 anos as 
pretensões relacionadas à tutela e em 5 anos as ações relacionadas a 
cobranças de dívidas, honorários de profissionais liberaise honorários 
advocatícios sucumbenciais. Ademais, cumpre ressaltar que deve ser sempre 
conhecida de ofício pelo juiz e a parte não pode alegar a prescrição, cabendo a 
renúncia apenas pelo devedor após a sua consumação. 
 
Por sua vez, a decadência extingue o direito e não está sujeita às 
causas impeditivas, suspensivas e interruptivas. Quanto aos prazos, podem ser 
estabelecidos pela lei (decadência legal), não podendo ser renunciada e sendo 
apenas reconhecida de ofício pelo juiz, ou por convenção das partes 
(decadência convencional), hipótese esta que pode ser objeto de renúncia 
 
 
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pelas partes. Por fim, não há, pela doutrina majoritária, prazo geral de 
decadência e os prazos especiais são previstos em outros dispositivos legais e 
são em dias, meses ou anos, a depender do caso. 
 
 
F 
MPE-SC| 2016: O Código Civil veda a renúncia tácita da prescrição e 
permite-a na forma expressa. O ato da renúncia, todavia, só valerá sendo 
feito, sem prejuízo de terceiro, depois que a prescrição se consumar. 
 
 
 
QUESTÃO INÉDITA 
Julgue as seguintes assertivas: 
 
I. São negócios jurídicos anuláveis aqueles maculados por vícios, a exemplo 
da coação e simulação, bem como os praticados por pessoas com deficiência 
sem a assistência de seu curador. 
II.O prazo decadencial para que ocorra a propositura de ação anulatória para 
impugnar defeitos do negócio jurídico é de 3 anos. 
III. As condições puramentepotestativas equivalem às simplesmente 
pootestativas, sendo, portanto, ilícitas e secaracterizam abuso de poder 
econômico e/ou desrespeito ao princípio da boa-fé objetiva 
IV. Nas declarações de vontade, deve ser considerado o que literalmente foi 
declarado, pouco importando à intenção do agente. 
 
Comentário:TODOS OS ITENS SÃO INCORRETOS. 
I. A simulação é um vício social que implica a NULIDADE do negócio jurídico. 
Além disso, os atos praticados pelas pessoas com deficiência são, de acordo 
com o Estatuto da Deficiência, que alterou expressamente o Código Civil, são 
plenamente válidos, podendo ser realizado sem a assistência de curador. 
II.O prazo decadencial, nesse caso, é de 4 anos. 
III. Apenas as condições puramente potestativas se caracterizam como abuso 
de poder. 
IV. Ao contrário, nas declarações de vontade, deve ser considerada a intenção 
do agente e não o sentido literal da declaração. 
 
 
 Fato não 
jurídico 
Qualquer ocorrência cotidiana que não produza 
efeitos jurídicos. 
Fato Jurídico 
Qualquer ocorrência que tenha relevância jurídica. É 
o fato jurídico lato sensu. 
 
 
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Fato Jurídico 
StrictoSensu 
É o fato natural que pode ser tanto um fato jurídico 
ordinário (prescrição) ou extraordinário (catástrofe 
natural). 
Ato Jurídico 
É uma espécie de fato jurídico que possui elemento 
volitivo e licitude do conteúdo. 
Ato jurídico 
StrictoSensu 
É a mera realização da vontade do titular do direito, 
sem criação, extinção ou modificação de qualquer 
instituto jurídico. 
 
 
Ato Fato 
É um fato jurídico que se caracteriza através de um 
ato ou comportamento humano em que não há 
qualquer vontade, ou não fora levada em 
consideração pelo ator. Assim, a vontade não 
integra o suporte fático, apesar de produzir efeitos 
normalmente. 
Negócio Jurídico 
Espécie de ato jurídico que possui composição de 
interesses das partes com um fim determinado. 
Defeitos do 
Negócio Jurídico 
São duas espécies de vício: consentimento (erro, 
dolo, coação, estado de perigo e lesão) e social 
(simulação e fraude contra credores). 
 
 
Prescrição 
Extingue a PRETENSÃO de um direito (ação), 
prazos legais (Geral: 10 anos, Especiais: 1, 2, 3, 4 e 
5 anos – vide art. 205 c/c 206, CC), conhecimento 
ex officio, não cabe alegação pela parte, possui 
causas interruptivas, impeditivas, suspensivas. 
 
 
 
 
Decadência 
Extingue o DIREITO, prazos legais (decadência 
legal) ou por convenção das partes (decadência 
convencional). Não há causas impeditivas, 
suspensivas ou interruptivas, regra geral. 
Na decadência legal: conhecida ex officio, 
irrenunciável. Não existe, pela doutrina, prazo geral 
e os prazos especiais são estabelecidos em dias, 
meses e anos ao longo de todo o Código Civil de 
2002. 
Na decadência convencional: apenas reconhecida 
pelas partes e pode ser renunciada após a sua 
consumação. 
 
2. DIREITO DAS OBRIGAÇÕES 
 
2.1. CONCEITOS BÁSICOS 
 
 O assunto de Obrigações é, juntamente com os Contratos, um dos 
principais institutos que regulam o Direito Privado, de modo que vocês, futuros 
(as) Promotores (as) de Justiça, não poderão negligenciar os conceitos básicos 
que permeiam as relações obrigacionais. Preparados? Vamos juntos! 
 
 
 
 
 
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2.1.1. CONCEITO DE OBRIGAÇÃO E ELEMENTOS 
 
 De acordo com Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald, 
obrigação é uma “relação jurídica transitória, estabelecendo vínculos jurídicos 
entre duas diferentes partes (denominadas credor e devedor, respectivamente), 
cujo objeto é uma prestação pessoal, positiva ou negativa, garantido o 
cumprimento, sob pena de coerção judicial”. 
 
Desse modo, podemos verificar a existência de três elementos 
constitutivos da obrigação: 1) subjetivos/pessoal; 2) objetivos/material e 3) 
vínculo jurídico/imaterial, virtual ou espiritual. 
 
2.2. CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES 
 
 Dentre as classificações das obrigações, devemos destacar as 
seguintes: 
1) Relativamente à natureza:a) dar –o sujeito passivo se compromete 
a entregar alguma coisa, sendo essencial à constituição ou 
transferência do direito real sobre a coisa. A obrigação de dar pode 
ser: a.1) dar coisa certa – o seu objeto é certo e determinado, sendo 
dever do devedor entregar uma coisa individuada; ou de a.2) dar 
coisa incerta – caso em que o objeto é indicado apenas de modo 
genérico no início da relação, devendo ser determinado mediante um 
ato de escolha, por ocasião do adimplemento da obrigação; b) fazer 
– aquela que vincula o devedor à prestar um serviço ou ato, por 
terceiro (fungível) ou de maneira individual (infungível), ao próprio 
credor ou pessoa indicada por ele; c) não fazer – assume-se o 
compromisso de se abster de praticar um ato, que poderia ser 
praticado com liberdade; 
 
2) Reciprocamente consideradas: a) principal – é aquela que existe 
de per si, de forma abstrata ou concreta, sem se sujeitar a qualquer 
outra relação jurídica; e b) acessória – sua existência decorre da 
principal, sendo diretamente vinculadas. Atenção! Princípio da 
Gravitação Jurídica – trata de uma regra que o acessório segue o 
principal (acessorium sequitur principale). 
 
Nesse momento, é importante que você, futuro(a) Promotor(a) de 
Justiça, faça uma leitura integral do Código Civil, no que diz respeito às regras 
das modalidades das obrigações, pois, aqui, só iremos tratar dos aspectos 
mais importantes. Portanto, passem um pente fino na lei e vamos em frente! 
2.2.1.DAS OBRIGAÇÕES DE DAR COISA CERTA 
 
 Essa modalidade de obrigação, abrange os acessórios dela, mesmo que 
não mencionados no momento da consolidação da obrigação (lembre-se do 
Princípio da Gravitação!), salvo disposições em contrário. Para otimizar os 
estudos, vamos esquematizar algumas regras importantes: 
 
 
 
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1) Princípio da Equivalência da Prestação – o credor não é obrigado a 
receber outra coisa, ainda que mais valiosa. (art. 313 do CC c/c 
Informativo n. 465 do STJ); 
2) Transferência da titularidade – com a tradição se for bens móveis ou 
com o registro, se imóveis; 
3) Consequências do inadimplemento: 
 
OBRIGAÇÃO DE DAR 
PERDA 
SEM CULPA COM CULPA 
RESOLVE A 
OBRIGAÇÃO 
PARA AS PARTES 
VALOR 
EQUIVALENTE 
+ 
PERDAS E DANOS 
DETERIORAÇÃORESOLVER A 
OBRIGAÇÃO 
OU 
ACEITAR A COISA 
COM 
ABATIMENTO DO 
PREÇO 
VALOR 
EQUIVALENTE 
+ 
PERDAS E DANOS 
(em qualquer dos 
casos) 
OBRIGAÇÃO DE RESTITUIR 
PERDA 
SEM CULPA COM CULPA 
RESOLVE A 
OBRIGAÇÃO 
PARA AS PARTES 
VALOR 
EQUIVALENTE 
+ 
PERDAS E DANOS 
DETERIORAÇÃO 
CREDOR RECEBE 
A COISA NO 
ESTADO EM QUE 
SE ENCONTRAR 
VALOR 
EQUIVALENTE 
 
OU 
 
ACEITAR A COISA 
COM O 
ABATIMENTO DO 
PREÇO 
+ 
PERDAS E DANOS 
(em qualquer dos 
casos) 
 
4) Cômodos obrigacionais – até a tradição, tratando-se de obrigação de 
dar coisa certa, pertence ao devedor a coisa, com seus melhoramentos 
e acrescidos, podendo exigir o aumento do preço. Contudo, se o credor 
não anuir, o devedor pode resolver a obrigação. 
5) Princípio da “coisa perece para o dono” – na obrigação de restituir, 
se sobrevier melhoramento ou acréscimo à coisa, sem qualquer 
despesa ou trabalho do devedor, o credor irá lucra-las, ficando 
desobrigado do pagamento da indenização. Assim, se houve despesa 
ou trabalho, o caso será de benfeitorias de possuidor de má-fé ou boa-
 
 
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fé, a depender do caso concreto. Veda-se, nesse caso, o 
enriquecimento sem causa. Revisite a tabela acima. 
 
 
V 
MPE-PA| 2014 |FCC: Carlos obrigou-se a entregar uma bicicleta a Paulo. 
Antes da tradição, porém, Carlos se acidentou, por dirigir 
negligentemente, causando danos à bicicleta. Paulo poderá aceitar a 
bicicleta no estado em que se encontra, ou o equivalente em dinheiro, 
mais indenização por perdas e danos, em um ou em outro caso. 
 
 
OBRIGAÇÃO DE DAR COISA INCERTA - uma obrigação genérica, uma vez 
que tem como objeto uma coisa indeterminada pelo gênero ou quantidade. 
Aconcentração (escolha) cabe ao devedor, em regra e aplica-se o Princípio 
da Equivalência da Prestação, porém, poderá ocorrer a novação objetiva se 
houver o consentimento do credor. Ademais, na sua prova, você deve 
lembrar que GÊNERO NÃO PERECE (genus nunquam perit), ainda que 
ocorra caso fortuito ou força maior! Assim, apenas após a individualização da 
coisa é que poderá ocorrer a perda ou deterioração dela, pois nesse caso, 
seguirá as regras das obrigações de dar coisa certa. 
 
2.2.2.DAS OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS 
 
 As obrigações solidárias são aquelas que possuem mais de um credor 
(obrigação complexa subjetiva ativa), mais de um devedor (obrigação complexa 
subjetiva passiva), ou mista/recíproca. Vejamos as seguintes regras: 
 
1) Respondem como se fossem um só sujeito – qualquer um dos 
credores pode exigir a dívida por inteiro a qualquer um dos devedores, 
que têm o dever de pagar a dívida toda, a qualquer um dos credores, 
havendo solidariedade em ambos os polos da relação; 
2) Não presunção da solidariedade – a solidariedade só pode resultar da 
LEI (solidariedade legal) ou da AUTONOMIA DA VONTADE 
(solidariedade convencional); 
3) Pagamento integral extingue a dívida – se for realizado por qualquer 
um dos credores, extingue-se até o valor que foi pago. Assim, caso haja 
o pagamento parcial, o credor poderá cobrar o restante da dívida a 
qualquer um dos devedores, inclusive do devedor já pagante; 
4) Não transmissão da solidariedade por herança nas obrigações 
divisíveis – nesse caso, os credores/devedores que falecerem deixando 
herdeiros, cada um deles só poderá exigir e receber/pagar a quota do 
crédito correspondente ao seu quinhão hereditário. (Lembre-se que a 
legitimidade dos herdeiros está sempre ligada ao quinhão hereditário). 
Essa regra não se aplica quando se tratar de obrigação indivisível, 
pois, em se tratando de obrigação indivisível, lembre-se que não há 
como fracionar a prestação e, portanto, deve-se cumpri-la de maneira 
 
 
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integral. Ex.: a obrigação é de entregar um animal. Nesse caso, não 
pode ser dividida em relação às quotas da herança, devendo qualquer 
um deles cumprir a prestação na integralidade (entregar o animal). 
5) Conversão em perdas e danos – permanece a solidariedade para 
todos os efeitos, ao contrário das obrigações indivisíveis, que perderão 
tal característica, tornando-se divisíveis. 
6) Remissão da dívida– aquele credor que perdoou ficará responsável em 
pagar, aos demais credores, o valor de suas quotas correspondentes; e 
aquele que obteve o perdão não extingue aos demais, que deverão 
pagar o valor restante, caso o pagamento tenha sido parcial; 
7) Não oponibilidade das exceções pessoais – as defesas de mérito 
existentes contra determinado sujeito apenas vinculam a este, ou seja, 
são personalíssimas, não podendo abranger os demais. Nesse sentido, 
as exceções que podem abranger os demais são aquelas comuns a 
todos, a exemplo da prescrição da dívida; 
8) Princípio da relatividade dos efeitos contratuais - impossibilidade de 
agravar a posição dos credores/devedores sem o consentimento dos 
demais, gerando efeitos apenas inter partes; 
9) Culpa na impossibilidade de cumprimento da obrigação – subsiste 
para todos os devedores solidários o encargo de pagar o equivalente, 
mas apenas o DEVEDOR CULPADO será obrigado a pagar as perdas e 
danos; 
10) Renúncia à solidariedade – a solidariedade pode ser renunciada de 
maneira parcial, em favor de apenas um devedor, por exemplo, 
subsistindo em relação às demais; ou total, de modo a exonera-los da 
solidariedade; 
 
 
V 
MPE-RO| 2017 |FMP: A, B, C e D eram devedores solidários de E da 
quantia de R$ 120.000,00. B faleceu, deixando F e G como herdeiros, 
cada um, de 50% do seu patrimônio. E exonerou C da solidariedade. 
Assim, é correto que caso A pague R$ 90.000,00 para E, poderá cobrar 
R$ 30.000,00 de D, R$ 15.000,00 de F e R$ 15.000,00 de G. 
 
ATENÇÃO! Ao contrário do que ocorre na solidariedade, na indivisibilidade, 
apesar de cada devedor ser obrigado a realizar a prestação por inteiro. Assim, 
ocorrerá a sub-rogação no direito de credor em relação aos demais devedores. 
O pagamento integral NÃO extingue a dívida a remissão da dívida não atinge 
os demais, de modo que os credores que não perdoaram têm o direito de 
cobrar o restante do valor (não objeto de perdão) e perde a indivisibilidade com 
a conversão em perdas e danos. 
 
 
F 
MPE-SC| 2016: As condições da obrigação solidária são indivisíveis, ou 
seja, não se pode estabelecer condição, prazo ou pagamento em local 
diferente somente para um ou alguns dos co-credores ou co-devedores. 
 
2.3. ADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES (TEORIA DO PAGAMENTO) 
 
O adimplemento poderá ser divido da seguinte forma: 
 
 
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1) Pagamento direto: Quem deve pagar (solvens): a) Regra: devedor; b) 
Exceção: b.1) qualquer interessado de forma patrimonial (art. 304 do 
CC), que se sub-rogará nos direitos de credor para com o devedor. b.2) 
terceiro não interessado – se em seu próprio nome, tem direito ao 
reembolso, mas não se sub-roga nos direitos do credor. Feito por 
terceiro, com desconhecimento ou oposição do devedor, não obriga a 
reembolsar aquele que pagou, se o devedor tinha meios para ilidir a 
ação;A quem se deve pagar (accipiens): a)Regra: credor; b) Exceção: 
representante, com poderes específicos para receber o pagamento ou, 
se sem, após ratificação do credor; sucessores. 
1.1) Objeto e prova do pagamento – lembre-se, nesse ponto, do 
Princípio Equivalência da Prestação ou Identidade Física em 
relação ao objeto e, quanto à prova, da quitação total ou parcial. 
1.2) Lugar do pagamento: a) Regra: Obrigação quesível, no 
domicílio do devedor; b) Exceção: Obrigação portável ou portable, 
no domicílio do credor ou de terceiros. 
1.3) Tempo do pagamento – instantâneas, de execução diferida (de 
uma vez só, mas no futuro) e execução periódica/trato sucessivo 
2) Formas especiais de pagamento: Pagamento em consignação, 
Imputação ao pagamento, Sub-rogação, Dação em pagamento,Novação, Compensação, Confusão, Remissão. 
 
2.4. INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES (RESPONSABILIDADE CIVIL 
CONTRATUAL) 
 
 Quando uma obrigação não é satisfeita acarreta a responsabilidade civil 
contratual, nos termos dos arts. 389 e 391 do CC. Acerca da Teoria da 
Responsabilidade Civil, teremos um capítulo específico para tal, porém, nesse 
momento, é necessário que você tenha em mente a relação a seguir: 
 
Obrigação + inadimplemento = responsabilidade contratual. 
 
 Nesse sentido, o inadimplemento poderá ocorrer de forma parcial ou 
total. No primeiro caso, tem-se a MORA, cujo tratamento está disposto nos 
arts. 394 a 401 do CC e, no segundo caso, conforme o art. 389 do CC, o 
devedor ficará obrigado a responder pelo valor correspondente à prestação, 
acrescidos de perdas e danos (art. 402 a 405 do CC), juros compensatórios, 
cláusula penal – se tiver sido acordada –, atualização monetária, custas e 
honorários advocatícios. 
 
 
F 
MPE-SC | 2016 | MPE-SC:De acordo com o Código Civil, o 
inadimplemento da obrigação, positiva e líquida, no seu termo, constitui 
de pleno direito em mora o devedor, o que a doutrina classifica como 
mora ex re, mesmo não havendo fato ou omissão que lhe seja imputável. 
 
 
 
 
 
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QUESTÃO INÉDITA 
Sobre direito das obrigações, assinale a alternativa correta: 
 
a) Nas obrigações solidárias, sub-roga-se o devedor quando do pagamento da 
dívida a qualquer um dos credores. 
b) Nas obrigações de dar coisa incerta, não poderá o devedor, antes da 
escolha, alegar a perda ou deterioração da coisa, exceto se por força maior ou 
caso fortuito. 
c)Havendo acordo de entregar determinado bem a João, Maria, de forma 
negligente, causou a perda do bem objeto de prestação. Nesse caso, João 
não terá direito a nada, pois, até a tradição, a coisa perece para o credor. 
d)Caso João acorde com Maria em entregar um celular da marca X, não 
poderá entregar celular de marca Y, ainda que mais valiosa, em razão do 
Princípio da Equivalência das Prestações. 
 
Comentário: 
a) FALSO –a sub-rogação ocorrerá nas obrigações indivisíveis, assim, haverá 
a formação de uma nova relação jurídica obrigacional entre um antigo devedor 
e os demais devedores, enquanto que nas obrigações solidárias, o pagamento 
integral por um dos devedores, extingue a relação obrigacional; 
b) FALSO –gênero não perece, mesmo que em caso fortuito ou de força 
maior; 
c) FALSO –nas obrigações de dar, havendo a perda do bem, com culpa, 
caberá ao credor receber o valor equivalente do bem juntamente com as 
perdas e danos; 
d) VERDADEIRO – art. 313 do CC c/c Informativo n. 465 do STJ; 
 
 
Obrigação de Dar 
Coisa Certa 
A obrigação já foi individualizada, assim, no 
momento do pagamento, o devedor deve entregar o 
bem acordado. 
Obrigação de Dar 
Coisa Incerta 
A escolha do bem só ocorre posteriormente, assim, 
após a individualização, aplicar-se-ão as regras 
concernentes à obrigação de dar coisa certa. 
 
Obrigações 
solidárias 
Consiste na obrigação em que, na sujeição ativa, 
encontra-se mais de um credor ou, na sujeição 
passiva, mais de um devedor, ou, ainda, mais de um 
credor ou devedor ao mesmo tempo. Não é 
presumida, depende de convenção ou disposição 
legal. 
 
 
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Obrigações 
indivisíveis 
Se difere da solidariedade. Trata-se de obrigação 
em que o pagamento integral por um dos devedores 
não extingue a dívida. Na verdade, ocorre uma sub-
rogação legal. Ainda, perderá seu caráter indivisível 
com a conversão da obrigação em perdas e danos. 
Teoria do 
Adimplemento 
Em regra, quem deve pagar é o devedor; quem deve 
receber é o credor; prova-se a obrigação através da 
quitação; o local do pagamento é o domicílio do 
devedor (obrigação quesível). 
Formas especiais 
de pagamento 
Pagamento em consignação, imputação ao 
pagamento, dação em pagamento, sub-rogação, 
novação, compensação, confusão, remissão 
(perdão). 
 
 
Inadimplemento 
das obrigações 
Inadimplemento parcial – multa 
Inadimplemento total - valor correspondente à 
prestação, acrescidos de perdas e danos (art. 402 a 
405 do CC), juros compensatórios, cláusula penal – 
se tiver sido acordada –, atualização monetária, 
custas e honorários advocatícios. 
 
3. TEORIA GERAL DOS CONTRATOS E CONTRATOS EM ESPÉCIE 
 
3.1. CONCEITOE PRINCÍPIOS 
 
 De acordo com Maria Helena Diniz, contrato é o acordo de duas ou mais 
vontades em conformidade com a ordem jurídica, destinado a estabelecer uma 
regulamentação de interesses entre as partes, a fim de adquirir, modificar ou 
extinguir relações jurídicas de natureza patrimonial. 
 
3.1.1. PRINCÍPIOS CONTRATUAIS 
 
 Os princípios são regramentos básicos com aplicabilidade em um 
determinado instituto, eles são abstraídos de diversas fontes (normas, 
costumes, doutrina, jurisprudência, aspectos políticos, econômicos, sociais), 
podendo ser expressos ou implícitos. 
 
3.1.1.1. PRINCÍPIO DA AUTONOMIA PRIVADA E FUNÇÃO SOCIAL DOS 
CONTRATOS 
 
 O Princípio da Autonomia Privada explica que as partes são livres para 
contratar (sujeitos e objeto), pois o contrato, como visto, é um acordo de 
vontades. Contudo, a liberdade não é plena, ou seja, é limitado às disposições 
legais, aos interesses sociais e à boa-fé. 
 
 Em contrapartida, o Princípio da Função social dos Contratos surge para 
limitar diretamente o anterior. Assim, o contrato não interessa apenas às partes 
 
 
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contratantes, mas sim a toda a sociedade pois esse negócio jurídico possui 
repercussões em âmbito social (sociabilidade do direito). Sobre o tema, mister 
colacionar o Enunciado n. 23 do CJF/STJ, aprovado na I Jornada de Direito 
Civil: “A função social do contrato, prevista no art. 421 do novo Código Civil, 
não elimina o princípio da autonomia contratual, mas atenua ou reduz o 
alcance desse princípio, quando presentes interesses metaindividuais ou 
interesse individual relativo à dignidade da pessoa humana”. 
 
 Nesse sentido, mesmo que um determinado contrato esteja de acordo 
com todos os preceitos legais, ele pode vir a ser declarado nulo/anulável se 
repercutir negativamente para a sociedade. Desta forma, de acordo com 
Tartuce, é correto afirmar que este princípio possui dupla eficácia: interna e 
externa. 
 
 Quanto à eficácia interna (Enunciado n. 360 do CJF/STJ, IV Jornada de 
Direito Civil), o Princípio da Função Social dos Contratos objetiva: a proteção 
da vulnerabilidade contratual (ex.: direitos do consumidor); proteção contra a 
onerosidade excessiva ou desequilíbrio contratual (efeito gangorra); proteção 
da dignidade humana e direitos da personalidade; proteção contra cláusulas 
antissociais ou abusivas (ex.: Súmula 302/STJ); e conservação contratual, de 
modo que a extinção contratual deverá ser a última medida a ser tomada 
(Enunciado n. 22 do CJF/STJ, I Jornada de Direito Civil). 
 
 Por sua vez, a eficácia externa (Enunciado 21 do CJF/STJ, I Jornada de 
Direito Civil), diz respeito à proteção dos direitos difusos e coletivos (função 
socioambiental do contrato) da tutela externa do crédito, ou seja, a 
possibilidade de gerar efeitos perante terceiros ou das condutas destes 
repercutirem no contrato. 
 
 Ainda, o art. 2035, parágrafo único do CC traz uma norma de grande 
valia para compreensão desse princípio: “Art. 2.035. (…). Parágrafo único. 
Nenhuma convenção prevalecerá se contrariar preceitos de ordem pública, 
tais como os estabelecidos por este Código para assegurar a função social da 
propriedade e dos contratos”. Vamos analisar cada trecho grafado: 
a) Art. 2.035 – esse artigo está disposto nas regras transitórias do CC/02, 
desta forma, a partir de sua leitura, compreende-se que esse princípio é 
aplicável ao contrato celebrado na vigência do CC/1916 (retroatividade 
motivada ou justificada).b) ORDEM PÚBLICA–ora, se esse princípio se caracteriza como um 
preceito de ordem pública, como consequência, será imprescindível a 
intervenção do Ministério Público e do conhecimento ex officio pelo juiz. 
c) FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE – ao relacionar a função social 
dos contratos com a função social do direito de propriedade, o legislador 
acabou por fundamentar, constitucionalmente, o princípio ora estudado, 
equiparando-o ao previsto no art. 5, XXII e XXIII da CF/88. 
 
 
F 
MPE-RJ | 2012 | FUJB: O dogma da função social do contrato somente 
tem aplicabilidade aos negócios jurídicos celebrados após a edição do 
Novo Código Civil, sob pena de violar o princípio da irretroatividade; 
 
 
 
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3.1.1.2. PRINCÍPIO DA FORÇA OBRIGATÓRIA DO CONTRATO (PACTA 
SUNT SERVANDA) 
 
 Esse princípio é muito importante quando se trata de contratos. Isso 
porque preconiza que o que foi estipulado pelas partes, tem força de lei. 
Contudo, conforme já exposto acima, está limitado à função social dos 
contratos e à boa-fé, portanto, trata-se de princípio secundário nas relações de 
direito privado. Uma exceção a esse princípio é a chamada cláusula rebus sic 
stantibus (teoria da imprevisão/teoria da onerosidade excessiva) que mitiga o 
princípio ora estudado. Nesse sentido, a teoria da imprevisão emerge no 
ordenamento jurídico para RESOLVER o contrato (art. 478 do CC) se sobrevier 
fato imprevisível (superveniente que não poderia ser previsto no 
momento da celebração contratual) que acarrete o desequilíbrio contratual, 
tornando-o excessivamente oneroso para uma das partes e com extrema 
vantagem para a outra. 
 
3.1.1.3. PRINCÍPIO DA BOA-FÉ OBJETIVA 
 
 Expressamente previsto no art. 422, do CC/02, preconiza a atuação 
correta das partes, conforme um padrão normal de conduta, 
independentemente da boa-fé interior (subjetiva) que o contratante acredita ser 
correto. E quais seriam essas condutas? Bom, dentre outras hipóteses, pode-
se destacar: dever de cuidado, respeito, informação, lealdade, confiança, 
colaboração ou cooperação (expressamente constante do CPC/15), 
honestidade, razoabilidade, equidade, etc. Além disso, possui algumas 
funções importantes para regulação dos contratos: a) interpretativa (art. 113, 
CC), b) de controle (art. 187, CC) e c) integrativa (art. 422, CC), devendo 
ocorrer em TODAS as fases do contrato, inclusive, pós-contratual. 
 
 Atenção! A violação de qualquer desses deveres implicará violação 
positiva do contrato, que ensejará responsabilidade civil objetiva (sem culpa), 
conforme dispôs o Enunciado n. 24 do CJF/STJ c/c Enunciado n. 363 do 
CJF/STJ da IV Jornada de Direito Civil: “Os princípios da probidade e da 
confiança são de ordem pública, estando a parte lesada somente obrigada a 
demonstrar a existência da violação”. 
 
 
V 
MPE-RS | 2017 | MPE-RS A boa-fé objetiva deve estar presente tanto na 
conclusão como na execução do contrato, ou seja, em todas as fases do 
negócio jurídico. Na fase negocial, a proposta vincula o proponente, 
deixando de ser obrigatória, se, feita sem prazo à pessoa presente, não 
for imediatamente aceita. 
 
3.1.1.4. PRINCÍPIO DA RELATIVIDADE DOS EFEITOS CONTRATUAIS 
 
 O contrato é um instituto de direito pessoal e por isso apenas produz 
efeitos inter partes, ao contrário do que ocorre com os institutos de direitos 
reais, que produzem efeitos erga omnes. Não obstante, o próprio ordenamento 
civil traz algumas exceções a esse princípio: estipulação de um contrato em 
favor de terceiro (arts. 426 a 438 do CC), promessa de fato de terceiro (arts. 
 
 
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439 a 440 do CC), contrato com pessoa a declarar (art. 471 do CC) e a função 
social dos contratos e sua eficácia externa (art. 421 do CC). 
 
3.2. CONTRATOS EM ESPÉCIE 
 
3.2.1. COMPRA E VENDA (ARTS. 481 A 532 DO CC) 
 
 Pode-se conceituar o contrato de compra e venda, de acordo com o art. 
481 do CC, um negócio jurídico contratual pelo qual um dos contratantes se 
obriga a transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço 
em dinheiro. 
 
O STJ entende, quanto a compra e venda, que é juridicamente possível 
o pedido de alienação judicial de bem imóvel objeto de compromisso de 
compra e venda (STJ. 3a Turma. REsp 1.501.549-RS, Rel. Min. Nancy 
Andrighi, julgado em 08/05/2018). 
 
3.2.1.1. DESPESAS E RISCOS DO CONTRATO 
 
 Salvo disposição em contrário, as despesas de escritura e 
registroficarão sob a responsabilidade do COMPRADOR, e, as da tradição, a 
cargo do VENDEDOR.Em contrapartida, os riscos da coisa cabem por 
obrigação ao VENDEDOR, e, os dos preços, ao COMPRADOR. 
 
3.2.1.2. RESTRIÇÕES À AUTONOMIA PRIVADA NA COMPRA E VENDA 
 
 O Código Civil de 2002 traz algumas hipóteses em que a compra e 
venda não poderá ser realizada, sob pena de nulidade, vejamos: 
1) Venda de ascendente para descendente (art. 496, CC) – gera 
anulabilidade/nulidade relativa, pois, conservará sua realização se 
houver autorização dos demais descendentes e cônjuges. Ademais, de 
acordo com o Enunciado n. 545 do CJF/STJ da VI Jornada de Direito 
Civil: “o prazo para pleitear a anulação de venda de ascendente a 
descendente sem anuência dos demais descendentes e/ou do cônjuge 
do alienante é de 2 (dois) anos, contados da ciência do ato, que se 
presume absolutamente, em se tratando de transferência imobiliária, a 
partir da data do registro de imóveis”, portanto, afastando a incidência da 
Súmula 494 do STF. Importante lembrar, inclusive, do Princípio do 
Prejuízo que permeia a Teoria das Nulidades, assim, só ocorrerá a 
anulação se comprovado o prejuízo pela parte que a alega. (STJ, REsp 
476.557/PR; EREsp 661.858/PR, e REsp 752.149/AL). 
2) Venda entre cônjuges (art. 499, CC)–apenas se o contrato estiver 
compatível com o regime de bens adotado. Isso significa que é possível 
excluir bens da comunhão por meio do contrato de compra e venda. 
Caso seja realizada a venda de um bem comunicável, o contrato será 
nulo por impossibilidade do objeto. Sobre o regime de bens, 
estudaremos em capítulo próprio do Direito de Família. 
3) Venda de bens sob administração (art. 497, CC) – não podem ser 
comprados, ainda que por meio da hasta pública, bens: a) pelos tutores, 
 
 
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curadores, testamenteiros e administradores dos bens confiados à sua 
guarda e administração; b) pelos servidores públicos, em geral, os 
bens/direitos da pessoa jurídica a que servirem ou estiverem sob sua 
administração direta/indireta; c) pelos juízes e serventuários da justiça 
em geral, os bens em litígio no Tribunal onde servirem; d) pelos 
leiloeiros e seus prepostos, em relação aos bens cuja venda estejam 
encarregados. Nota-se, nesses casos, que se busca preservar a 
moralidade e evitar que haja a prevalência de interesses. 
4) Venda de bens em condomínio ou venda de coisa comum (art. 504, 
CC)–um condômino de coisa indivisível (condomínio pro indiviso) não 
pode vender a sua parte a estranhos, se houver outro que a queira, em 
igualdade de condições. Observa-se, portanto, que a prelação legal não 
se aplica quando se tratar de um negócio entre dois condôminos. (STJ, 
REsp 1.137.176/PR). O condômino, a quem não se der conhecimento 
da venda, poderá, depositando o preço, haver para si a parte vendida a 
estranhos, se o requerer no prazo de cento e oitenta dias, sob pena de 
decadência. 
 
 
V 
MPE-PR | 2013 | MPE-PR: É anulável a venda de ascendente para 
descendente, salvo se houver assentimento dos demais descendentes e 
do cônjuge do alienante. 
 
3.2.1.3.REGRAS ESPECIAIS DA COMPRA E VENDA E CLÁSULAS 
ESPECIAIS DA COMPRA E VENDA 
 
 São regras especiais: a) Venda por amostra (reprodução perfeita e 
corpórea), por protótipos (primeiro exemplar de uma invenção) ou por modelos 
(reprodução exemplificativada coisa) (art. 484, CC); b) Venda por medida, por 
extensão ou ad mensuram (art. 500, CC); c) Venda de coisas conjuntas (art. 
503, CC). Em contrapartida, para que sejam válidas e tenham eficácia, as 
cláusulas especiais devem constar expressamente no instrumento contratual, o 
que é fato diferencial das regras especiais da compra e venda, que são 
presumidas: 
1) Retrovenda (art. 505 a 508, CC) – é chamada de cláusula de 
resgate, que recai sobre bens imóveis, com prazo mínimo para 
retratação de 3 anos. Assim, gera o direito de o vendedor desfazer a 
venda, reavendo o bem alienado dentro do prazo legal. 
 
 
F 
MPE-MG | 2013:Na retrovenda, o direito de retrato não poderá ser 
exercido contra o terceiro adquirente. 
 
2) Venda a contento e sujeita à prova (arts. 509 a 512, CC) – a venda 
apenas se aperfeiçoa quando o comprador se declarar satisfeito com 
o bem a ser adquirido, estando, portanto, sujeita a uma condição 
suspensiva. Assim, enquanto não realizada, a compra e venda será 
considerada, na verdade, como um comodato, pertencendo ao 
vendedor. 
 
 
 
 
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Nas provas de primeira fase do seu certame, você deverá considerar a venda 
a contento (ad gustum) e sujeita à prova como uma cláusula especial da 
compra e venda. Porém, fique atento, pois, muitas vezes, ela é presumida 
em alguns contratos, a exemplo dos de vinho, perfumes, alimentos, etc. 
Assim, se não for prevista no instrumento contratual, deverá ser considerada 
como uma regra especial da compra e venda, uma vez que, todas as 
cláusulas especiais devem ser expressas. Já em provas de segunda fase, 
esse conhecimento pode ser o diferencial na atribuição de sua pontuação. 
 
3) Preempção, preferência ou prelação convencional (art. 513 a 520, 
CC) – o comprador de um bem, seja ele móvel ou imóvel, tem a 
obrigação de oferecer, através de qualquer forma de notificação, o 
bem a quem lhe vendeu, para que este usufrua do seu direito 
personalíssimo de prelação em igualdade de condições. 
 
 
V 
MPE-MG | 2013:A preempção, ou preferência, impõe ao comprador a 
obrigação de oferecer ao vendedor a coisa que aquele vai vender, ou dar 
em pagamento, para que este use de seu direito de prelação na compra, 
tanto por tanto. O prazo para exercer o direito de preferência não poderá 
exceder a cento e oitenta dias, se a coisa for móvel, ou a dois anos, se 
imóvel. 
 
4) Cláusula de venda com reserva de domínio (art. 521 a 528, CC) – 
é o pactum reservatti dominii e recai sobre bens móveis, de modo 
que o comprador possui a mera posse do bem, pois, enquanto não 
ocorrer o pagamento integral do preço ajustado, a propriedade 
(resolúvel) será do vendedor. 
5) Cláusula de venda sobre documentos (art. 529 a 532, CC) – é o 
crédito documentário ou trust receipt, cujos objetos são bens móveis. 
A tradição, nesse caso, substitui-se pela entrega do documento que 
corresponda à propriedade da coisa (título representativo de 
domínio), ou seja, ocorre uma tradição simbólica (traditio longa 
manus). 
 
3.2.2. DOAÇÃO (ARTS. 538 A 564 DO CC) 
 
 Trata-se de contrato em que o doador transfere, do seu patrimônio, bens 
ou vantagens para o donatário, sem qualquer remuneração. Portanto, a doação 
se constitui como um ato de liberalidade. 
 
 São espécies de doação trazidas pelo Código Civil: a) Pura e simples 
(art. 543, CC), b) Contemplativa (art. 540, 1ª parte, CC); c) Remuneratória 
(art. 540, 2ª parte, CC) , d) A nascituro (art. 542, CC); e) Ao absolutamente 
incapaz (art. 543, CC) , f) De ascendente a descendente ou entre cônjuges 
(art. 545, CC), g) Forma de subvenção periódica (art. 545, CC), h) Em 
 
 
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contemplação de casamento futuro (propter nuptias) (art. 546, CC), i) Com 
cláusula de reversão ou retorno (art. 547, CC), j) Universal (art. 548, CC), k) 
Inoficiosa (art. 549, CC) –ocorre quando a doação ultrapassa o quinhão 
disponível para testar. Esse tipo de doação prejudica a legítima, só podendo o 
doador dispor de 50% do patrimônio que houver. Assim, através da ação de 
redução, operar-se-á nulidade absoluta da parte que excedeu a legítima, l) 
Entre cônjuge adúltero ao seu cúmplice(art. 550, CC), m) Conjuntiva (art. 
551, CC), n) Modal ouonerosa (art. 553, CC) – o doador atribui ao donatário 
um encargo, que se torna elemento modal do negócio jurídico. O dispositivo 
legal ainda expõe que, em se tratando de encargo de interesse geral, o 
Ministério Público PODERÁ exigir a sua execução, após a morte do doador, 
se este não tiver a exigido, o) À entidade futura. 
 
3.2.2.1. REVOGAÇÃO DA DOAÇÃO (ARTS. 555 A 564 DO CC) 
 
 Trata-se de um direito potestativo a favor do doador, podendo ocorrer de 
duas formas: por ingratidão do donatário ou por inexecução do encargo/modo, 
quando o donatário incorrer em mora. A legitimidade para revogação é 
personalíssima, assim, de acordo com o art. 560 do CC, em ambos os casos 
de revogação da doação, o direito de revogar não se transferirá aos herdeiros 
do doador, porém os herdeiros poderão prosseguir na ação ora proposta, se o 
doador vier a falecer durante o processo. 
 
Em relação à primeira forma, trata-se de matéria de ordem pública e o 
art. 557 do CC traz um rol exemplificativo (Enunciado n. 33 do CJF/STJ, 
aprovado na I Jornada de Direito Civil: “o Código Civil vigente estabeleceu 
um novo sistema para a revogação da doação por ingratidão, pois o rol legal do 
art. 557 deixou de ser taxativo, admitindo outras hipóteses”): a) donatário 
atentou contra a vida do doador ou cometeu crime de homicídio doloso contra 
ele; b) ofensa física; c) injúria grave ou calúnia; d) desamparo quanto aos 
alimentos. Ademais, o art. 558 do CC também alude pode ocorrer a revogação 
por ingratidão quando ofendido for cônjuge, ascendente, descente ou irmão 
(CADI) do doador. 
 
Assim, independentemente da causa, o ato de ingratidão ser de especial 
gravidade a fim de fundamentar a revogação e consequente ineficácia da 
doação. Ainda, ocorrendo a revogação, não haverá prejuízos aos direitos 
adquiridos por terceiros, porém, deverá ser pleiteada dentro de 1 ano a partir 
da ciência do ato de ingratidão ao doador. 
 
 
 
F 
MPE-MG | 2017 | FUNDEP:É prescricional o direito de o doador revogar 
a doação por ingratidão. 
 
 
 
 
 
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QUESTÃO INÉDITA 
Julgue as seguintes assertivas: 
 
I. A função social dos contratos possui uma única eficácia, de acordo com o 
entendimento do STJ, que diz respeito à função socioambiental do contrato da 
gerando efeitos perante terceiros. 
II. É permitida a venda entre cônjuges, inclusive se o bem for bem de família, 
não acarretando qualquer prejuízo. 
III. No contrato de compra e venda, as despesas de escritura, registro e 
tradição ficarão sob a responsabilidade do vendedor. 
IV. Nas doações modais, caso o doador inclua um encargo, o Ministério 
Público terá legitimidade para requerer a execução do mesmo, 
independentemente do tipo de interesse. 
 
Comentário:TODOS OS ITENS SÃO INCORRETOS. 
I. O princípio da função social dos contratos possui DUAS eficácias, uma 
interna e outra externa. 
II. O contrato de compra e venda será NULO no caso de a venda recair sobre 
bem de família instituído de forma convencional ou voluntária. 
III. As despesas de escritura e registro ficam a cargo do comprador, enquanto 
que as da tradição, do vendedor. 
IV. O Parquet tem legitimidade apenas em caso de interesse GERAL. 
 
 
 Princípios 
contratuais 
Autonomia privada, função social dos 
contratos, pacta sunt servanda, boa-fé 
objetiva, relatividade dos efeitos contratuais. 
Formação dos contratos 
Pontuação, proposta, contrato preliminar e a 
conclusão do contrato. 
 
Extinção dos contratos 
Resilição, resolução e cessação contratual. 
Espécies de contratos 
típicos 
É uma espéciede fato jurídico que possui 
elemento volitivo e licitude do conteúdo. 
 
 
Compra e venda 
É um contrato bilateral/sinalagmático, 
oneroso, aleatório ou comutativo, 
consensual, pode ser formal ou informal, 
instantâneo ou de longa duração, paritário 
ou de adesão, a exemplo, nesse último 
 
 
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caso, dos contratos decorrentes das 
relações consumeristas. 
Restrições legais ao 
contrato de compra e 
venda 
São presumidas e, quando realizadas, 
produzem efeitos no plano da validade do 
contrato (nulidade). Art. 497,CC 
Regras especiais à 
compra e venda 
Devem estar expressas no contrato: 
retrovenda, venda a contento, venda sujeita 
a prova, preempção, venda com reserva de 
domínio e venda sobre documentos. 
Doação 
Contrato em que o doador transfere, por ato 
de liberalidade, bens/vantagens a uma 
pessoa (donatário). 
 
 
Revogação da doação 
Decorre da ingratidão do donatário (rol 
exemplificativo: a) donatário atentou contra a 
vida do doador ou cometeu crime de 
homicídio doloso contra ele; b) ofensa física; 
c) injúria grave ou calúnia; d) desamparo 
quanto aos alimentos) ou por inexecução do 
encargo/modo 
 
4. RESPOSABILIDADE CIVIL 
 
4.1. CONCEITOS BÁSICOS 
 
 A responsabilidade civil surge em razão da existência de um 
descumprimento de um dever jurídico, assim, é considerada pela doutrina 
tradicional como um dever jurídico sucessivo. 
 
4.1.1. RESPONSABILIDADE CONTRATUAL E EXTRACONTRATUAL 
 
 A responsabilidade contratual está vinculada ao inadimplemento de uma 
obrigação e se regulamenta pelo art. 389 e ss. c/c art. 395 e ss. Nesse caso, o 
ônus da prova incube ao devedor, cabendo ao credor apenas demonstrar que a 
obrigação assumida fora descumprida. Assim, caso o devedor não demonstre a 
existência de causas excludentes de ilicitude, não se eximirá do dever de 
indenizar. Por sua vez, a responsabilidade extracontratual, também chamada 
de aquiliana, está disciplinada nos arts. 186 a 188 c/c arts. 927 a 954 do CC. O 
que ocorre, nesse caso, é a violação de um dever que não está previsto em um 
contrato, decorrendo, portanto de ato ilícito (art. 186, CC), ou então, de um 
abuso de direito (art.187). 
 
JURISPRUDÊNCIA STJ 
 
“Quando se tratar de controvérsia que diga respeito à responsabilidade 
CONTRATUAL deve-se aplicar o regramento previsto no artigo 205 do CC 
(10 anos de prazo prescricional), mas quando envolver responsabilidade 
EXTRACONTRATUAL, o artigo 206, parágrafo terceiro, inciso V, do 
CC/02, com prazo de 3 anos é que deve prevalecer.” 
 
 
 
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STJ. 2 Seção. EREsp 1.280.825-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 
27/06/2018 (Info 632) 
 
 
4.2. RESPONSABILIDADE EXTRACONTRATUAL OU AQUILIANA 
 
 Vamos aprofundar os estudos referentes a esse tipo de 
responsabilidade! 
 
 
 
4.2.1. ATO ILÍCITO E ABUSO DE DIREITO 
 
 O ato ilícito, de acordo com o art. 186 do CC é “Aquele que, por ação ou 
omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar 
dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”. Assim, de 
acordo com Tartuce, é o ato praticado em desacordo com a ordem jurídica, 
violando direitos e causando prejuízos a outrem. O abuso de direito, por sua 
vez, conforme o art. 187 do CC, se caracteriza como uma espécie de ato ilícito, 
pela qual um titular de um direito, ao exercê-lo, excede manifestamente os 
limites impostos pelo seu fim econômico e social, pela boa-fé ou pelos 
bons costumes. Assim, o diploma legal consagra a Teoria do Abuso do Direito 
ou Teoria dos Atos Emulativos: o ato é praticado em exercício irregular do 
direito (Enunciado n. 413 da V Jornada de Direito Civil). 
 
4.2.2. ELEMENTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL 
 
1) Conduta humana: a) Regra: ação (conduta positiva); b) Exceção: 
omissão (conduta negativa). Trata-se de uma exceção, pois é 
necessário que haja o dever jurídico específico determinado pela lei 
(omissão genérica) ou a prova de que a conduta não fora realizada 
(omissão específica). Ademais, mister a demonstração de que o 
dano poderia ter sido evitado caso a conduta tivesse sido realizada; 
2) Culpa lato sensu:a) Dolo: há a intenção de se realizar a conduta 
para prejudicar alguém. Assim, há a voluntariedade; b) Culpa 
stricto sensu: b.1) negligência – é a conduta omissiva com a falta de 
cuidado devido (ex.: responsável que deixa a criança brincar perto da 
janela acarretando a queda de um objeto no carro de uma pessoa); 
b.2) imprudência – trata-se de conduta comissiva com a falta do 
dever de cuidado (ex.: dirigir em alta velocidade); b.3) imperícia – 
decorre da falta de habilidade técnica (ex.: pilotar avião quando não 
tem habilitação para tanto); 
 
O STJ decidiu que os danos decorrentes de acidentes de veículos 
automotores sem vítimas não caracterizam dano moral in re ipsa. Vale ressaltar 
que é possível a condenação por danos morais em casos de acidente de 
trânsito. No entanto, trata-se de situação excepcional, sendo necessário que a 
parte demonstre circunstâncias peculiares que indiquem o extrapolamento da 
esfera exclusivamente patrimonial. (STJ. 3a Turma. REsp 1.653.413-RJ, Rel. 
Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 05/06/2018). 
 
 
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3) Nexo de causalidade – é o elemento imaterial, sendo a relação de 
causa e efeito entre a conduta realizada e o dano ocorrido. O diploma 
legal, em seu art. 944 e 945 adotou a Teoria da causalidade 
adequada e, no art. 403, a Teoria do dano direto e imediato. 
a) Excludentes do nexo causal: a.1) culpa exclusiva da vítima ou 
de terceiros; a.2) caso fortuito (fato totalmente imprevisível por 
causa humana ou natural) e força maior (evento previsível, mas 
inevitável ou irresistível por causa humana ou natural), devendo-
se verificar, contudo, se o evento tem ou não relação com o risco-
proveito, ou seja, atividade desenvolvida pelo suposto 
responsável; 
4) Dano – pode ser tanto patrimonial quanto extrapatrimonial, pois, em 
regra, não há responsabilidade civil sem dano e, normalmente, deve 
ser efetivo. Sobre esse tema, vamos desenvolvê-lo em tópico 
específico a seguir. 
 
V MPE-RR | 2012 | CESPE: Segundo a jurisprudência do STJ, não é 
possível a responsabilidade civil por dano incerto. 
 
4.2.2.1. DANO 
 
 Podemos dividir o dano em dois grandes grupos: tradicionais (materiais 
e morais) e contemporâneos (estéticos, morais, coletivos, sociais e perda de 
uma chance). 
1) Danos materiais – são prejuízos (perdas e danos) que atingem o 
patrimônio de algum indivíduo, causando sua diminuição ou impedindo 
que aumente. (art. 402, CC). a) Dano emergente (danos positivos) – é 
aquilo que se efetivamente perdeu; b) Lucros cessantes (danos 
negativos) – é o que razoavelmente deixou de lucrar. 
2) Danos morais – a CF em seu art. 5º, incisos V e X, prevê a 
reparabilidade do dano moral. O dano moral se vincula a uma lesão aos 
direitos da personalidade e busca reparar uma dor ou sofrimento, por 
meio de atenuação, e não o ressarcimento do prejuízo, como ocorre nos 
danos materiais. Nesse sentido, é incorreto dizer que o dano moral visa 
acrescer patrimonialmente um sujeito, pelo contrário, na verdade, há 
apenas a natureza compensatória. Em razão dessa natureza, não é 
qualquer aborrecimento do cotidiano (mero dissabor) que implicará 
danos de ordem material. Tem, ainda, caráter reparatório + 
pedagógico, pois visa disciplinar a outra parte a não cometer o mesmo 
ato ensejador de dano. 
1.1) Coletivos (art. 6º, VI, CDC) – é a lesão extrapatrimonial aos 
direitos individuais homogêneos ou coletivos em sentido 
estrito, ou seja, de um grupo, ao menos, determinável (danos 
morais somados ou acrescidos). 
3) Danos estéticos – previsto no art. 949 do CC, decorrente de qualquer 
alteração morfológica permanente do indivíduo, abrangendodeformidades ou deformações, marcas e defeitos, ainda que mínimos. 
(Súmula 387 do STJ: “É lícita a cumulação das indenizações de dano 
estético e dano moral”). 
 
 
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4) Danos sociais – são lesões à sociedade, ou seja, de um grupo 
indeterminado, não podendo medir a quantidade de pessoas que foram 
lesionadas. Assim, ao contrário do dano coletivo, que abrange a esfera 
moral, os sociais podem repercutir tanto na ordem moral quanto 
material. Assim, trata-se de direitos difusos e a indenização é destinada 
a um fundo de proteção ou instituição de caridade; 
5) Por perda de uma chance– ocorre quando uma pessoa vê frustrada 
uma expectativa, que, dentro das condições normais, poderia ocorrer. 
Contudo, para que essa teoria seja aplicada, é necessário que a chance 
deva ser séria e real. Nesse sentido, a doutrina entende que a 
probabilidade da oportunidade deve ser superior a 50%. Julgados 
importantes sobre o tema: Informativo n. 466/11 do STJ, Programa do 
Show do Milhão STJ (REsp 788.459/BA). 
 
 
V 
MPE-SC | 2014:A responsabilidade civil pela perda de chance não se 
limita à categoria de danos extrapatrimoniais, pois, conforme as 
circunstâncias do caso concreto, a chance perdida pode apresentar 
também a natureza jurídica de dano patrimonial. 
 
JURISPRUDÊNCIA STJ 
 
“Lucro de intervenção é uma vantagem patrimonial obtida indevidamente 
com base na exploração ou aproveitamento, de forma não autorizada, de 
um direito alheio. A obrigação de restituir o lucro da intervenção é 
baseada na vedação do enriquecimento sem causa (artigo 884 do CC). 
Para a configuração do enriquecimento sem causa por intervenção não 
se faz imprescindível a existência de deslocamento patrimonial, 
bastando a demonstração de que houve enriquecimento do interventor 
(lucro patrimonial).” 
 
STJ. 3 Turma. REsp 1.698.701-RJ, Rel. Min.Ricardo Villas Bôas Cueva, 
julgado em 02/10/2018 (Info 634). 
 
 
Atenção! Súmulas do STJ importantes no estudo das diversas espécies de 
danos: 37, 227, 370, 385, 387, 388, 403, 420. 
 
 Em relação à Súmula227, vale destacar que, conforme entende o STJ 
(REsp 1.564.955-SP, 3.ª Turma, Rel. Min. Nancy Andrighi, j.06/02/2018), o 
dano moral sofrido pela pessoa jurídica não se configura in re ipsa. 
Contudo, isso não obsta que a comprovação do dano moral ocorra por meio 
de presunções e regras de experiência no julgamento desses pedidos (de 
indenização por danos morais sofridos por pessoa jurídica). 
 
 Por fim, cabe destacar que, de acordo com o entendimento do STJ, a 
Súmula 403 é inaplicável às hipóteses de divulgação de imagem vinculada a 
fato histórico de repercussão social (STJ, 3.ª Turma, REsp 1.631.329-RJ, Rel. 
Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Rel. Acd. Min. Nancy Andrighi, j. 24/10/2017). 
 
 MPE-MS | 2015 | FAPEC:Não se cumulam as indenizações por dano 
 
 
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F moral e dano material oriundos do mesmo fato. 
 
4.2.3. RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA E SUBJETIVA 
 
1) Responsabilidade subjetiva (teoria da culpa) – é a regra do 
ordenamento, sendo necessária a comprovação da culpa do agente 
para que haja a responsabilização do mesmo. Caso não se comprove o 
dolo ou a culpa em sentido estrito, não haverá dever de indenizar. 
2) Responsabilidade objetiva (teoria do risco) – de acordo com o art. 
927 do CC, haverá a responsabilização do agente independentemente 
da demonstração de sua culpa nos casos expressamente previstos 
em lei (ex.: fornecedores de produtos e serviços) e em caso de 
atividade de risco (cláusula geral de responsabilidade objetiva), ou 
seja, quando a atividade normalmente desenvolvida pelo agente implica 
ônus maior do que aos demais membros da coletividade. 
2.1) Casos legais previstos no CC/02: a) Por fato de outrem (art. 
923): são pessoas responsáveis pelos atos de terceiros 
(responsabilidade indireta), de modo que é necessário comprovar 
a culpa daqueles pelos quais são responsáveis; b) Por fato do 
animal (art. 936): o dono ou detentor do animal se 
responsabilizará por ele, exceto em caso de culpa da vítima ou 
força maior; c) Por danos causados por prédios em ruínas (art. 
937): o dono do edifício ou da construção responde pelos danos 
decorrentes da ruína, desde que provenha da falta de reparos; d) 
Por objetos jogados/coisas lançadas/defenestramento (art. 938): 
o morador de uma casa é responsável pelos danos decorrentes 
dos objetos que de lá forem lançados ou caírem, 
independentemente de líquidas ou sólidas. Em caso de 
condomínio, se não for possível identificar de qual apartamento 
foi lançada, a responsabilidade será subsidiária do condomínio 
(Teoria da pulverização dos danos). 
 
 
 
 
V 
MPE-PA | 2014 | FCC: Internada às pressas no Hospital Frei Vicente 
para tratamento de dores abdominais agudas, Eliana foi submetida a uma 
cirurgia de emergência executada pelo médico plantonista Lourenço. Dias 
depois, faleceu por infecção contraída durante a cirurgia, a qual teve 
como causa as más condições de higiene do hospital. Visando ao 
recebimento de compensação pelo falecimento da mãe, a filha de Eliana, 
menor impúbere representada pelo pai, ajuizou ação em que requereu a 
condenação do Hospital Frei Vicente e do médico Lourenço. Haverá 
responsabilidade independentemente de comprovação de culpa, no caso 
do hospital, e apenas se comprovada culpa, no caso do médico. 
 
4.3. EXCLUDENTES DO DEVER DE INDENIZAR 
 
 Se dividem em excludentes de ilicitude (art. 188 do CC) e excludentes 
de responsabilidade (arts. 929 e 930 do CC). Vejamos. 
 
 
 
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4.3.1. EXCLUDENTES DE ILICITUDE 
 
 Afastam a ilicitude da conduta, mas não o dever de indenizar: 
1) Legítima defesa (inciso I) – desde seja repelida de forma moderada 
uma injusta agressão atual e iminente, a si ou a outra pessoa. Ex.: 
legítima defesa da posse (ameaça ou turbação); 
2) Estado de necessidade (inciso II) – a deterioração ou destruição da 
coisa alheia ou lesão a uma pessoa, para remover perigo iminente, 
quando as circunstâncias não autorizarem outra conduta. Ainda, deve 
ser realizada de forma moderada, contendo excessos; 
3) Exercício regular do direito (inciso I, 2º parte) – o ato praticado no 
exercício regular de um direito reconhecido legalmente. O estrito 
cumprimento do dever legal não está previsto na lei civil, mas deve ser 
considerado como uma espécie do exercício regular do direito. 
 
4.3.2. EXCLUDENTES DE RESPONSABILIDADE 
 
 Atingem diretamente o nexo de causalidade, afastando o dever de 
indenizar. Assim: 
1) Culpa exclusiva da vítima – a culpa concorrente NÃO exclui a 
responsabilidade, havendo apenas a fixação da culpa com base na 
conduta de ambas as partes; 
2) Culpa exclusiva de terceiro; 
3) Caso fortuito ou força maior; 
4) Cláusula de não indenizar – é a cláusula de irresponsabilidade, 
possuindo aplicação bastante restrita, alcançando, apenas, a 
responsabilidade contratual, sem dolo, não pode excluir danos morais, 
nem pode incidir em relações de consumo, contratos de adesão, 
transporte e de guarda em geral (ex.: estacionamento). 
 
 
QUESTÃO INÉDITA 
 
 
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Marque a alternativa correta: 
 
a) a responsabilidade civil independe sempre da criminal e, em razão disso, 
não se pode mais questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem 
seja o seu autor, quando estas questões se acharem decididas no juízo 
criminal; 
b) a culpa concorrente exclui a responsabilidade, pois trata-se de excludente 
de ilicitude da conduta; 
c)de acordo com a Teoria da pulverização dos danos no caso de 
responsabilização por objetos jogados de condomínio, se não for possível 
identificar de qual apartamento foi lançada, a responsabilidade será subsidiária 
do daquele.

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